ITM 111EdiçãoDigital
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INOVAÇÃO
ESPECIAL
Minas-Rio
13 | CAPA
DESTAQUES DA EDIÇÃO
LEGISLAÇÃO
SUMÁRIO
DIREITO MINERÁRIO
08 Análise das decisões de
Tribunais Estaduais entre
2020 e setembro de 2024
MERCADO
TERRAS RARAS
10 Potencial de extração a
partir de argilas iônicas
ESPECIAL
INOVAÇÃO
13 Lavra: novos conceitos e
tecnologias em projetos
ESPECIAL
INOVAÇÃO
33 Processos com foco na
O Especial Inovação desta edição se divide em dois
recuperação de minério temas: Lavra e Processos. No primeiro estão projetos
recentemente implantados ou ainda em curso para
GEOLOGIA elevar a eficiência do processo de lavra na Mineração
METODOLOGIA
44 GDQM: a importância
Rio do Norte (MRN), Anglo American, Equinox Gold
da revisão do Workflow e Vale. No tema Processos, os cases referem-se
ao aperfeiçoamento das rotas de beneficiamento,
PERSONALIDADE para melhor desempenho das plantas e maior
ENTREVISTA aproveitamento do minério lavrado. São iniciativas
Uma carreira impressionante em desenvolvidas e implementadas pela Aura Minerals,
grandes mineradoras, passando pelo
Jaguar Mining, MRN, Nexa e Mosaic. Todos refletem o
Pará, com a bauxita da MRN (Mineração
Rio do Norte) e o minério de ferro e uso intensivo de aportes tecnológicos e digitais e, em
cobre da Vale, areias betuminosas da muitos casos, um longo e rigoroso estudo baseado
Shell Canadá, níquel da BHP Billiton em em trabalhos de Geologia, análises laboratoriais,
Mount Keith, na Austrália e, de volta testes em condições reais e validação dos resultados,
ao Brasil, na Mirabela Mineração, atual
resultando em novos conceitos e na quebra de
Atlantic Nickel, para ficar apenas em
alguns exemplos. Mais que por essa paradigmas historicamente consolidados
28 trajetória, nos últimos três anos ele se
tornou conhecido pela defesa incan- EDITORIAS - INTHEMINE
sável de um projeto iniciado em 2009,
com o ambicioso objetivo de encravar
na Amazônia brasileira uma mina de
potássio. Presidente da Potássio do 05 MINEPROSPECÇÃO Planta Modular para o Projeto Neves
Brasil, subsidiária da Brazil Potash,
desde 2021, Adriano Viana Espeschit 06 MINEAGENDA Expominério 2024, em Cuiabá – Mato Grosso
vem transitando por fóruns, órgãos das
três instâncias de poder, aldeias várias
e veículos da imprensa falada, escrita 06 MINEBOOK Geologia Econômica: conceitos e aplicações
e digital. Em todos eles para mostrar a
importância do projeto Autazes 06 MINEWEB IGF Mining: fórum intergovernamental de mineração
A P A L A V R A D A E D I T O R A
OS PREFEITOS E A CFEM
Indo votar no primeiro turno das eleições municipais, no último dia 06 de outubro, ocorreu-me que os candidatos a prefeito de cidades
REDAÇÃO mineradoras bem poderiam dar satisfação do destino dos repasses da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral) que
Comentários, dúvidas, sugestões, críticas recebem mensalmente, ainda que não com muita regularidade. Nenhum deles falou no assunto. Fosse nas dúzias de entrevistas que
e informações sobre o conteúdo editorial concederam durante a campanha, nos vários debates de que participaram ou nas criativas peças de propaganda veiculadas no horário
da In The Mine e mensagens para eleitoral – gratuito para eles, mas pago pelos cidadãos brasileiros.
Tenho uma lembrança vaga de discussões sobre a instituição da CFEM na Constituição de 1988, de que a contribuição comporia um
a seção MINE MAIL - [email protected].
fundo reservado a prover um futuro em que, exaurida e fechada a mina que, até então, rendera um cipoal de impostos e taxas a governos
Correspondência: Rua Pereira Stéfano, 114,
municipais, federais e estaduais, haveria que se garantir uma suplementação orçamentária, evitando uma situação falimentar dos caixas
cj 911/912 - São Paulo (SP) - 04144-070 públicos, em especial das cidades. Houve quem defendesse que os recursos da CFEM fossem aplicados na capacitação dos habitantes
Tel.: (11) 3477-6768 locais em atividades econômicas que pudessem preencher o vazio deixado pelo tráfego diário de caminhões carregados de minério.
Nenhum desses propósitos prosperou. Ao longo dos anos ampliou-se a abrangência da CFEM para municípios de passagem e embar-
ASSINATURA
que do minério (15% do valor arrecadado), além daqueles que sediam as minas e usinas (60%). Ampliaram-se também os percentuais
Serviços de Vendas por Assinaturas das alíquotas recolhidas, da ordem de R$ 5,1 bilhões entre janeiro e outubro de 2024 (dados ainda em aberto, visto que outubro segue
Tel.: (11) 3477-6768 firme e forte rumo ao Halloween abrasileirado). No primeiro semestre deste ano, 2.700 municípios foram beneficiados com o repasse do
Loja virtual: www.factoeditorial.com.br tributo. Todos tiveram eleições e nenhum prefeito que se candidatou a um novo mandato jamais falou – tampouco lhe foi perguntado - o
que fez com esse dinheiro.
PUBLICIDADE A AMIG, que já foi apenas uma associação de municípios mineradores de Minas Gerais e hoje é uma entidade nacional, poderia contri-
Para anunciar na In The Mine buir para esclarecer a questão. Aliás, desempenharia importantíssima função social e teria como justificar o novo aumento de alíquotas
[email protected]. da CFEM, já engatilhado. Fica a dica aqui!
Tels: (11) 3477-6768 Minha cidade terá segundo turno em 28 de outubro. Provavelmente o prefeito atual será reeleito. Sem tempo hábil nestes dias que
Taís Malta (gerente comercial) antecedem o pleito, terei quatro anos para perguntar ao nobre alcaide o que é feito da CFEM por estas terras paulistanas, cuja atividade
[email protected] mineradora arrecadou R$ 82 milhões nestes quase dez meses de 2024. Posso inclusive sugerir que novos repasses sejam destinados
ao enterramento de nossa rede elétrica, antes que sobrevenha um novo apagão.
LICENCIAMENTO Minha infância, na periferia da zona sul de São Paulo, foi pontuada pelos desmontes de uma mineração de agregados, que ficava a
Para licenciar o conteúdo editorial da cerca de 30 km de distância de nossa casa e deu nome ao bairro que a abrigava: Pedreira. A mineradora já fechou e, enquanto ativa,
In The Mine em qualquer mídia, ou fazer não arrecadava CFEM, ainda inexistente. Talvez isso explique a precária condição da localidade até hoje. Tivesse mineração, quanto não
reprints das páginas da revista, o e-mail é: faria com a CFEM que recebesse...
[email protected]. Saudações cidadãs,
Tébis Oliveira | Editora Executiva
Nenhum material pode ser reproduzido de
qualquer forma sem autorização por escrito.
M I N E M A I L
Senhora editora,
www.inthemine.com.br Parabéns pela entrevista realizada com Ana Sanches, CEO da Anglo
(www.inthemine.com.br) American. Tenho lido outras entrevistas com a executiva em diversos
veículos de imprensa. Mas nenhuma tratou de temas realmente
interessantes a profissionais do setor de mineração como a da revista In
A revista In The Mine - Gestão de Processos e Posts mais clicados the Mine. Nesse sentido é preciso reconhecer o valor de uma publicação
Tecnologia para Mineração, é uma • AMG inaugura 1ª planta de hidróxido de lítio da Europa especializada que sabe como fazer uma abordagem diferenciada.
• Personalidade: Ana Sanches, CEO da Anglo American Antônio Carlos Duarte, engenheiro de minas
publicação bimestral da Editoria Facto, dirigida
• Estrutura produtiva e potencialidades do cobre no Brasil
aos profissionais e empresas das áreas de
• Mineração Usiminas: programa de mentoria para jovens Caro Antônio Carlos,
Mineração, Meio Ambiente e Equipamentos. Sempre buscamos na seção Mine Personalidade destacar o enorme
• Tomra Mining recupera diamante de 2.492 quilates
Redação e Publicidade - Pereira Estéfano, 114 potencial de nossos executivos de mineração. Não foi diferente com Ana
• Inscrições abertas para programa Aprendiz da Samarco
- cj 911/912, CEP 04144-070 - São Paulo (SP). • Especial MCEs: regulação, projetos e operações
Sanches que, aliás, tem amplo domínio do tema e uma visão bastante
holística do que a Anglo American é e pretende ser. Agradeço sua
www.editorafacto.com.br • Invest Mining discute capitalização e investimentos mensagem e o interesse por nossa revista. Tendo novidades a divulgar
• Cursos de qualificação profissional no Vale do Lítio na sua área, conte conosco.
Editor e Jornalista responsável • Mina Tucano desmente ilegalidades na operação Grande abraço,
Wilson Bigarelli (MTB 20.183) • Fortescue e Liebherr assinam parceria de US$ 2,8 Bi Tébis Oliveira, editora executiva
[email protected] • Ibram mostra força política e poder de articulação
Redação Tébis Oliveira (Editora Executiva), • Exposibram 2025 será realizada em Salvador (BA) Boa tarde, Tébis. Muito obrigada por compartilhar conosco a edição
• Serra Verde: acelerando a disponibilidade de ETRs deste mês. Parabéns pelo trabalho! Vamos fazer a divulgação por aqui
Fernando Rezende e Marisa Santos da matéria especial sobre os minerais críticos e estratégicos.
[email protected] • INB: expansão produtiva e novas parcerias na produção
Grande abraço,
Fotógrafos Betho Rocha (MG) e Aryana Aragão, assessora de Comunicação da FPMin (Frente
facebook.com/inthemine Parlamentar da Mineração Sustentável)
Gildo Mendes (SP)
Ilustradores Heder e Moacyr Vasquez @intheminet Boa tarde, Aryana! Sou eu quem agradece sua atenção. A matéria
Direção de arte Ari Maia youtube.com/user/revistainthemine
também está disponível no link: https://www.inthemine.com.br/site/a-
Publicidade Taís Malta (gerente comercial) indefinicao-de-uma-politica-mineral/
linkedin.com/company/in-the-mine?trk=biz-companies-cym Grande abraço,
Circulação 10 mil exemplares
Tébis Oliveira, editora executiva
MIN EP R O S P E C Ç Ã O
Foto: Atlas Lithium/Divulgação
Î REVISÃO URGENTE
A consultoria Ernest Young (EY) divulgou pesquisa que elenca os 10 principais riscos e
oportunidades de negócios para o setor de mineração em 2025. As entrevistas foram rea-
lizadas entre junho e julho passados, de forma on-line e anônima, junto a líderes seniores
de empresas globais que atuam nos segmentos de mineração e metais e possuem uma
receita mínima anual de US$ 1 bilhão. Para atender ao aumento da demanda por minerais
resultante da transição energética, as mineradoras precisam revisar e adaptar seus mo-
delos de negócios atuais, avançando com parcerias e inovação para suprir o mercado de
forma eficiente e sustentável.
Foto: EY/Divulgação
Carregamento de componentes da planta em contêineres
Î PLANTA MODULAR
Estão em fase de pré-embarque os mais de 100 contêineres que trarão da África do Sul
para o porto de Santos, em São Paulo, os componentes da planta de beneficiamento fabri-
cada pela Vibramech para o Projeto Neves, da Atlas Lithium, localizado próximo às cidades
de Araçuaí e Itinga (MG). A planta realizará o processamento de lítio por separação de meio
denso (DMS), tecnologia já consolidada que emprega um meio líquido pesado, várias vezes
mais denso que a água, isolando o espodumênio na fração mais pesada, dos materiais
residuais contidos na fração mais leve. A versão modularizada e otimizada da instalação
reduz os custos de produção e o consumo de água no processo. No final de setembro, o
Projeto Neves recebeu parecer favorável a seu pedido de licenciamento pela Fundação
Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais (FEAM). O requerimento foi protocolado na
Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) do estado em 1º
de setembro de 2023. Comparativo 2024-2025, dos 10 principais riscos e oportunidades para empresas
de mineração e metais
Foto: Lithium Ionic/Divulgação
Î NOVAS PRIORIDADES
A Mudança do Modelo de Negócios, aliás, já era foco de atenção das empresas no ranking
publicado em 2023 com projeções para 2024, assim como o Aumento de Custos e Produ-
tividade, que se mantêm nas mesmas 9ª e 6ª posições, respectivamente. Dois riscos estra-
tégicos foram adicionados – o Esgotamento de Recursos e Reservas (4ª posição) e Novos
Projetos (8ª) – e ganham ascendência os de Capital (1ª) e Geopolíticos (3ª). Em relação ao
levantamento anterior serão menores em 2025 os riscos referentes à Gestão Ambiental
(2ª), Licença de Operação (5ª); Mudanças Climáticas (7ª) e Inovação (10ª). Outros como os
de Governança, Cibernética, Digital e Força de Trabalho deixaram de figurar entre as dez
primeiras posições na pesquisa atual. Para especialistas da consultoria é preocupante a
despriorização da Governança quando mineradoras estão implantando projetos em países
Amostras de espodumênio do Projeto Bandeira
com supervisão regulatória mais fraca, assim como da Força de Trabalho, visto os desafios
do setor em atrair e reter profissionais qualificados.
Î MAIS LÍTIO
O projeto Bandeira, da Lithium Ionic, em Itinga (MG) teve seu Relatório Final de Exploração
aprovado pela ANM (Agência Nacional de Mineração) no início de setembro. Com esse si- Î NÍQUEL VERDE
nal verde, a mineradora apresentou ao órgão o requerimento de Concessão de Mineração A australiana Wyloo Metals, produtora de níquel, fechou uma parceria com a Metalshub,
e o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) concluído em maio de 2024. O estudo de plataforma digital de metais, para criar um índice de preços para concentrados e sulfatos
viabilidade prevê uma produção de 178 mtpa de concentrado de espodumênio, contendo de níquel de baixo carbono. O objetivo é tornar essa precificação uma referência global
5,5% de Li2O, durante os 14 anos de vida útil da mina subterrânea, com custos operacio- para produtos de níquel fabricados de forma sustentável, estabelecendo novos padrões
nais (OPEX) totais de US$ 444/t. Em paralelo, a Lithium Ionic aguarda a emissão da Licença para o chamado níquel verde e contribuindo para que usuários do metal façam escolhas
Ambiental Concomitante (LAC), pela SEMAD, órgão ambiental do governo mineiro, que per- ambientalmente conscientes. Através da plataforma, as mineradoras poderão fornecer in-
mite a implantação do projeto e é pré-requisito para a outorga da Concessão de Mineração formações sobre a procedência e pegada de carbono do minério e sobre as práticas ESG
pela ANM. Além da propriedade Itinga, onde ficam os depósitos Bandeira e Outro Lado, a da operação a clientes, de forma auditável. A iniciativa também bate de frente com o níquel
empresa possui a propriedade Salinas, a cerca de 100 km de distância, localizada no norte produzido na Indonésia, cujas vendas a baixos preços têm derrubado a cotação do produto,
de Minas Gerais, próximo à cidade homônima. chegando inclusive a paralisar sua produção em várias minas.
M I N E A G E N D A M I N E B O O K
II EXPOCOBRE 2024
Conferência/Feira - Mineração
28 a 31 de outubro - Lima – Peru GEOLOGIA ECONÔMICA
expocobre.com/ Em pré-venda pela editora Oficina de Textos, a obra é
de autoria de João Carlos Biondi, geólogo, doutor em
AMAZÔNIA E NOVAS ECONOMIAS
Conferência - Sustentabilidade Vulcanologia e atualmente professor titular de Geolo-
06 a 08 de novembro - Belém – Pará gia de Depósitos Minerais da Universidade Federal do
amazoniaenovaseconomias.com.br/ Paraná (UFPR). O livro trata das condições necessárias
para a formação de depósitos minerais econômicos,
EXPOMINÉRIO 2024
Conferência/Feira - Mineração abordando processos de fusão parcial e segregação
07 a 09 de novembro - Cuiabá – Mato Grosso mantélica (que resultam na criação de depósitos de
expominerio.com.br/ diamantes, nióbio, fosfatos e elementos terras raras);
plutônicos endógenos e endomagmático aberto (sul-
SAFEMINING 2024
Conferência – Saúde/Segurança Operacional fetos de níquel e cobre); mineralizadores hidrotermal
13 a 15 de novembro - Santiago – Chile e por sub-resfriamento (lítio e berílio em pegmatitos);
gecamin.com/safemining/ hidatogênicos metamórficos (ouro e urânio em zonas de ci-
salhamento) e sedimentares (chumbo, zinco, cobre, urânio e ouro em rochas sedimen-
1º ROADMAP TO LOW CARBON
Conferência – Emissões no Brasil tares); e formadores de depósitos minerais sedimentares e supergênicos. Ao explicar
25 a 27 de novembro - Rio de Janeiro - RJ e demonstrar a aplicação prática dos conceitos de Geologia Econômica, Biondi siste-
eage.eventsair.com/ matiza conhecimentos que permitem identificar locais mais propícios à existência de
depósitos valiosos, ampliando as possibilidades de sua descoberta (ofitexto.com.br).
CONGRESSO DE GEOLOGIA PLANETÁRIA
Conferência - Geologia
07 e 08 de dezembro - São Paulo - SP
academyspace.com.br/geospace/
M I N E W E B M I N E M A R K E T
Foto: Sandvik/Divulgação
6
www.inthemine.com.br
M I N E M A R K E T
Foto: Norsk Hydro/Divulgação
Foto: ABB/Divulgação
Î ALUMÍNIO X
COBRE
A briga é antiga, mas vem
escalando na medida em
que os preços do cobre se
mantêm em patamares ele-
vados. Nesse contexto há
um interesse cada vez mais
crescente de empresas na
Fios-máquina de alumínio para cabos e fios Ásia e Europa pela substi-
de alta tensão tuição de fios de cobre por
alumínio. A afirmação foi fei-
ta por Aisling Hubert, analista da CRU, consultoria britânica especializada em
mineração, durante a London Metal Exchange Week, evento anual promovido
pela bolsa de metais de Londres (LME). O recorde das cotações do cobre
ocorreu em maio passado, superando o valor de US$ 11.100/t, perto de
quatro vezes o valor da tonelada do alumínio. Segundo Hubert, a substituição Protótipo do Robot ACD na Minexpo 2024
ainda não é genérica e o uso do cobre deve ser mantido pela China em sua
rede elétrica, por questões de segurança, assim como em cabos submarinos Î ROBÔ DE RECARGA
de alta tensão. De outro lado, países como o Japão e a Coreia já estão em- A novidade foi apresentada durante a Minexpo 2024, em Las Vegas
pregando fios de alumínio em motores de vários aparelhos eletrodomésticos. (EUA) no final de setembro, pela ABB, multinacional de automação e
eletrificação industrial, no estande da Komatsu, fabricante japonesa de
Fonte: Ero Copper/Divulgação
Î GESTOR DO FIP
Î NOVA FRENTE O consórcio formado pelas consultorias Ore Investments, de fundos
Logo após inaugurar o projeto Tucumã, de cobre, a Ero Copper anuncia a de investimento private equity em mineração, e JGP BB Asset, focada
estimativa inicial de recursos minerais do projeto Furnas, de cobre e ouro, em fundos ESG, irão responder pela gestão do Fundo de Investimen-
em Carajás, no Pará (Imagem). Segundo a empresa, o depósito contém to em Participações (FIP), para o financiamento de projetos minerais
recursos indicados de 35,2 Mt, com teor de 1,04% de cobre (364.700 necessários à transição energética, descarbonização e fertilização de
t) e 0,69 gramas/t de ouro (775.300 oz). Os recursos inferidos são da solos. O FIP foi lançado pela BNDESPAR, subsidiária do BNDES (Banco
ordem de 61,3 Mt, com teor de 1,06% de cobre (647.400 t) e 0,63 g/t Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), e pela Vale, que farão
de ouro 1.235.600 oz). Em julho de 2024, a mineradora canadense assi- uma subscrição de até R$ 250 milhões cada. Caberá à nova gestora a
nou um acordo definitivo de earn-in com a Salobo Metais, subsidiária da captação de outros R$ 500 milhões no mercado, totalizando R$ 1 bi-
Vale Base Metals, para obter 60% de participação no projeto mediante o lhão de recursos que serão investidos em cerca de 20 empresas junior
financiamento de um programa de exploração, engenharia e desenvolvi- e de médio porte com atuação em pesquisa mineral e no desenvol-
mento durante cinco anos. O programa inclui as fases I, já licenciada (28 vimento, implantação ou reativação de minas produtoras de minerais
mil m de furos), II (17 mil m) e III (45 mil m). Um Estudo de Viabilidade críticos e estratégicos. A proposta vencedora ainda passará por uma
Definitivo (DFS) será apresentado 24 meses após a conclusão da Fase II, etapa de avaliação das condições contratuais, regulamento do fundo
visando a implantação de uma mina subterrânea de larga escala. e diligências legais.
Por
William Freire 1
que dispõe o art.15 do Decreto-Lei nº 3.365/1941. O art.27 do Código de Mineração faz referência ao
Ações mal ajuizadas têm consequência nefasta, pagamento da renda e também à caução, para co-
porque geram precedentes negativos para o setor brir eventuais prejuízos causados ao superficiário.
mineral. E, ao consultar esses precedentes, o Tri- Nesse caso, como há preceito jurídico que trata
bunal, geralmente, não se atenta para o detalhe ou diretamente da recomposição da renda do super-
a exceção que provocou o julgamento negativo. ficiário, não há lacuna normativa que possa fazer
2) Depósito integral: descabimento de pa- incidir o pagamento de juros compensatórios.
gamento da renda Os juros compensatórios e a renda de que trata
Se o minerador realizar depósito integral equiva- o art.27 do Código de Mineração têm a mesma
lente ao valor venal do imóvel com suas benfei- natureza jurídica, isto é, lucros cessantes. Trata-
torias, utilidades e, eventualmente, lucros cessan- -se da necessidade de reparar o proprietário pela
tes, não caberá pagamento de renda, porque o perda da posse antecipadamente, e, como conse-
proprietário do imóvel já terá sido indenizado no quência, da possibilidade de usufruir da produti-
valor máximo do benefício econômico que sua vidade que este bem concretamente geraria, não
propriedade pode gerar. Isso porque a renda tem fosse a afetação ao empreendimento de utilidade
natureza jurídica de lucros cessantes e não de pública.
arrendamento ou aluguel. A Servidão Mineral é espécie do gênero Servi-
3) Descabimento de juros compensatórios, dões Administrativas. A regra mais especial (Có-
se houver pagamento da renda ou depósito digo de Mineração) deve prevalecer sobre a regra
integral do valor venal do imóvel mais geral (DL 3.365/41).
1
WILLIAM FREIRE. Advogado. Professor de Direito Minerário. Fundador do Instituto Brasileiro de Direito Minerário – IBDM. Diretor e coordenador do Departamento do Direito
da Mineração do Instituto dos Advogados de Minas Gerais. Árbitro da Câmara de Mediação e Arbitragem Empresarial Brasil – Camarb. Alguns livros e capítulos de livros
publicados: Comentários ao Código de Mineração. (2ª ed. 1995). Revista de Direito Minerário (1997. Vol. I – coordenador). Direito Ambiental Brasileiro (1998). Revista de Direito
Minerário (2000. Vol. II – coordenador). Recurso Especial e Extraordinário (2002 – coautor). Os recursos cíveis e seu processamento nos Tribunais (2003 – coautor). Direito
Ambiental aplicado à Mineração. Belo Horizonte: (2005). Natureza Jurídica do Consentimento para Pesquisa Mineral, do Consentimento para Lavra e do Manifesto de Mina
no Direito brasileiro (2005). Código de Mineração em Inglês (2008 – cotradutor). Dicionário de Direito Minerário. Inglês – Português. (2ª ed. 2008 – coautor). Gestão de Crises
e Negociações Ambientais (2009). Dicionário de Direito Ambiental e Vocabulário técnico de Meio Ambiente. (2ª ed. 2009 – coordenador). Mineração, Energia e Ambiente
(2010 – coordenador). Fundamentals of Mining Law (2010). Código de Mineração Anotado e Legislação complementar em vigor. (5ª ed. 2010). Aspectos controvertidos do
Direito Minerário e Ambiental (2013 – cocoordenador). The Mining Law Review. (6a. ed.). Capítulo do Brasil. London: The Mining Law Reviews (2017). Direito da Mineração.
Cocoordenador (2017). Capítulo: Avaliação judicial de rendas e danos para pesquisa mineral. Riscos Jurídicos na Mineração. Manual (2019). O mínimo que todo empresário
necessita saber sobre Direito Penal. Manual (2019 – coautor). International Comparative Legal Guides. Mining Law 2020: A practical cross-border insight into Mining Law. (7ª
ed.). London: Global Legal Group Limited (2020), capítulo Brasil, e Direito Minerário: Acesso a imóvel de terceiro para pesquisa e lavra. (2ª ed. 2020). Direito da Mineração
(Instituto dos Advogados de Minas Gerais, 2ª ed. 2023 – organizador).
2
Ana Maria Damasceno de Carvalho Faria, Doutoranda em Direito pela UFMG; Mestra em Direito pela UFOP; Graduada em Direito pela UFMG; Pós-graduada em Direito
Público pela PUC-MINAS; Especialista em Direito Minerário pelo CEDIN; Professora Universitária; Advogada e Diretora Administrativa do Instituto Brasileiro de Direito Min-
erário – IBDM. Membro do Comitê Jurídico e de Compliance do WIM Brasil. Sócia das áreas de Resolução de Disputas e Assuntos Fundiários no William Freire Advogados
Associados. E-mail: [email protected]
ANM
1. INTRODUÇÃO Com todos os resultados até agora divulgados, o Brasil entrou no mapa das argilas
A transição energética coloca o Brasil mais uma vez na rota de investimentos bilio- iônicas com forte protagonismo mundial e elevado potencial para o suprimento das
nários em mineração, com seu renovado potencial de extração das Terras Raras a cadeias produtivas de Terras Raras, com ampla vantagem na questão geopolítica (vide
partir das argilas iônicas. Temos, assim, uma janela de oportunidade com elevada em https://www.inthemine.com.br/site/geopolitica-das-terras-raras-artigo-na-integra/)
escala de produção futura, atração de investimentos e de empresas com conteúdo
tecnológico. 2. ARGILAS IÔNICAS
Os depósitos de Terras Raras podem ser ígneos, sedimentares, secundários e ou- As argilas iônicas são formadas pelo intemperismo natural de minerais portadores
tros. Quanto aos ígneos, há os Hidrotermais como Bayan Obo (China), os de Car- de ETRs, com teores entre 0,05 e 0,3% em massa. No entanto, quando comparadas
bonatitos, como Mountain Pass (EUA) e os de Araxá e Catalão, no Brasil, e os de a outros tipos de fontes de ETRs, como a bastnasita e a monazita, as argilas de
Rochas Alcalinas, como os de Poços de Caldas (MG). Já os sedimentares podem ser adsorção iônica têm um teor menor de Terras Raras, mas uma série de vantagens
os de placers, como os do Espírito Santo, enquanto os secundários são os residuais que garantem a sua viabilidade e competitividade.
e os de adsorção em argilas (argilas iônicas). Citamos as seguintes vantagens para as argilas iônicas: baixos custos de operação
A partir de 2022 foram divulgadas promissoras ocorrências para as argilas iônicas (OPEX) e investimento (CAPEX), facilidade de lavra, fluxograma de processo mais
apresentando significativos teores de Elementos de Terras Raras (ETRs), com ele- simplificado, menor impacto ambiental, menor consumo de reagentes e energia,
vado potencial de identificação de recursos e consequentemente de novas reservas baixa relação estéril/minério, baixos riscos ambientais/segurança, baixa extração de
minerais (com base para projetos de classe mundial). Destaca-se que o Brasil já materiais radioativos perigosos e elevada recuperação de ETRs pesados (Nd, Pr, Dy
detinha a terceira maior reserva do mundo desde 2012, atrás da China e quase e Tb, por exemplo).
empatado com o Vietnã, conforme quadro 01.
3. POTENCIAL DE TERRAS RARAS IDENTIFICADOS ATÉ 2013
O potencial de Elementos Terras Raras no Brasil foi inicialmente identificado em
Quadro 01- Reservas e Produção de Terras Raras no Mundo complexos alcalinos, rochas graníticas e placers marinhos e fluviais. Existe a possibi-
lidade de extração das Terras Raras como subproduto de outros minerais. Fica claro
MINE PRODUCTION que o ambiente geológico do território brasileiro tem grande potencial de depósitos
COUNTRY RESERVES9 de ETRs de todas as classes e tipologias, conforme a figura 01.
(2022) (2023) Apesar de todas as potencialidades identificadas até o momento, somente o projeto
United States 42.000 43.000 1.800,000 da Mineração Serra Verde (GO) entrou em operação no final de 2023, explorando as
argilas iônicas. A volatilidade das cotações, os riscos tecnológicos, geológicos e am-
Australia 18.000 18.000 10
5.700,000 biental dentre outros, os custos de produção e a disponibilidade de capital impactam
Brazil 80 80 21.000,000 na operacionalização de diversos projetos de ETRs.
A empresa Saint George Mining adquiriu os ativos de Terras Raras da MBAC Ferti-
Burma 12.000 38.000 NA lizantes (Araxá/MG) em 2024, por cerca de US$ 21 milhões. A Meteoric Resources
Canada - - 830,000
China 11
210.000 240.000
11
44.000,000 Figura 01- Mapa do Brasil com as principais ocorrências de ETRs
Greenland - - 1.500,000
India 2.900 2.900 6.900,000
Madagascar 960 960 NA
Malaysia 80 80 NA
Russia 2.600 2.600 10.000,000
South Africa - - 790.000
Tanzania - - 890.000
Thailand 7.100 7.100 4.500
Vietnam 1.200 600 22.000,000
World total
300.000 350.000 110.000,000
(rounded)
Fonte: USGS Fonte: SGB/CGEE (2013)
Destacamos ainda, o Projeto Regina (Rare Earth Global Industry and New Applica-
POTENCIALIDADE DE TERRAS RARAS (ETRS) tion), em cooperação com a Alemanha, e o projeto PATRIA (Processamento e Apli-
(base 2013 conforme figura 01) cações de Imãs de Terras Raras para a indústria de alta tecnologia), dos Institutos
Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT). As Federações das Indústrias de Santa
Amazonas Catarina (FIESC) e de Minas Gerais (FIEMG) e o SENAI, juntamente com o Ban-
• Brazilian Critical Minerals – Projetos Apuí e Ema (ETRs) co Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criaram o projeto
Bahia chamado MagBras – edital SENAI/FUNDEP/Programa Rota 2030/MOVER, que visa
• Brazilian Rare Earths – Projeto Monte Alto/Borborema Mineração estabelecer a cadeia produtiva completa e permanente de Terras Raras no Brasil.
(monazita/argilas iônicas)/Projeto Sulista (ETRs) A empresa Mineração Taboca também inaugurou o Laboratório de Hidrometalurgia
• Equinox Resources – Projeto Campo Grande (Jequié) do Amazonas, em parceria com o governo do estado, por meio da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam). O objetivo é capacitar os acadêmicos na
• Multiverse Mineração – Projeto Terras Raras Bahia (Itamaraju)
extração dos minerais estratégicos para a produção de ligas metálicas.
• Australian Mines – Projeto Jequié
A mineradora canadense Appia Rare Earths & Uranium planeja investir R$ 550 mi-
• Gold Mountain – Projeto Down Under
lhões em Goiás nos próximos quatro anos. Desse total, R$ 50 milhões serão desti-
• Energy Fuels – Projeto Bahia (monazita/Prado e Caravelas) nados à conclusão das pesquisas e R$ 500 milhões à implantação de uma planta
Goiás de concentrado de carbonato.
• Aclara Resources (grupo Hochschild Mining) – Módulo Carina A Viridis Mining anuncia que assinou um termo de compromisso vinculativo com
• Alvo Minerals – Projeto Iporá a Ionic Rare Earths, para comercialização da Tecnologia de Separação Seletiva, de
• Appia Rare Earths & Uranium – Projeto PCH recuperação do conjunto completo de óxidos de Terras Raras de concentrados e
• OzAurum Resources– Projeto Catalão alimentação de carbonatos, dentro de sua planta no Brasil. Essa parceria planeja
Mato Grosso construir uma refinaria e uma instalação de reciclagem de ímãs no Brasil, utilizando
• Summit Minerals - Projeto Itiquira a tecnologia de separação da Ionic.
A Brazilian Rare Earths, que responde pela Borborema Mineração, avalia a assinatu-
Minas Gerais ra de um protocolo de intenções com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico
• Meteoric Resources – Projeto Caldeira (ETR/Poços de Caldas) (SDE) da Bahia. O acordo visa a implantação de uma unidade produtiva de óxidos
• Enova Mining – Projetos Coda e Poços de Terras Raras, com investimento projetado de R$ 3,5 bilhões. A primeira fase do
• Viridis Mining and Minerals – Projeto Colossus (Poços de Caldas) projeto contempla uma unidade destinada à fabricação de concentrado mineral de
• Terra Brasil – Patos de Minas/Presidente Olegário óxidos de Terras Raras, nos municípios de Ubaíra e Jiquiriçá (BA), com investimentos
• Saint George Mining (antiga MBAC) – Projeto Araxá de R$ 500 milhões. Já a segunda fase, no Polo Industrial de Camaçari, será de uma
• Harvest – Projeto Arapuá (ETR como nova substância) planta industrial para separação de óxidos de terras raras, com investimentos de R$
• Bemisa – Projeto Bambuí 3 bilhões e capacidade inicial de produção de 15 mil t/ano.
• Axel REE – Projetos Caladão e Caldas (ETR) A Equinox Resources avalia uma parceria estratégica com a Universidade Federal da
• Equinox Resources – Projeto Mata da Corda Bahia (UFBA), nas áreas de geologia, geofísica e geoquímica. A empresa pretende
• Summit Minerals – Projetos Aratapira e T1-T2 oferecer bolsas de mestrado e doutorado para pesquisas voltadas à ampliação de
• Resouro Strategic Metals – Projeto Tiros (Titânio/Terras Raras) conhecimento geológico nas áreas de seu projeto Campo Grande, no estado.
• Perpetual Resources – Projeto Raptor
• OzAurum Resources – Projeto Salitre 7. CONCLUSÕES
Um dos grandes desafios da cadeia produtiva de Terras Raras é a busca por no-
Paraíba vos métodos de extração mineral economicamente viáveis, sem prejuízos do meio
• Summit Minerals - Projeto Santa Souza ambiente, que poderão ser bastante minimizados com o aproveitamento das ar-
Piauí gilas iônicas, e desenvolver novas fontes de fornecimento mundial, mais imunes
• Axel REE – Projeto Corrente às estratégias geopolíticas da China. As políticas de pesquisa e desenvolvimento,
Tocantins geopolítica, de proteção do mercado interno, proibição de divulgação/exportação
• Mineração Serra Verde (Jaú do Tocantins/Palmeirópolis) de tecnologias, cotas e autorizações de exportações e o amplo domínio da cadeia
produtiva são amplamente utilizadas pela China.
• Alvo Minerals - Projeto Bluebush
A demanda de alguns óxidos de Terras Raras leva à previsão da escassez de ele-
mentos como disprósio, térbio, neodímio e de európio. Desde 2012, o Brasil se
ímãs permanentes (LabFab). O projeto do governo de Minas Gerais, por meio da posiciona com significativas reservas de Terras Raras e, com o advento do aproveita-
Companhia de Desenvolvimento Econômico do estado (Codemig/Codemge), foi de- mento das argilas iônicas, tem tudo para atingir um novo patamar significativo. Esse
senvolvido pela CERTI, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina cenário pode garantir, no futuro, uma escala de produção mais elevada, viabilizando
(UFSC) e o IPT, em 2016. o desenvolvimento da cadeia produtiva de Terras Raras no Brasil.
Em 2023, a FIEMG – federação das indústrias mineiras - oficializou a aquisição do Apesar de importantes iniciativas, é fundamental o desenvolvimento de uma
LabFab da Codemge), cujos investimentos somaram R$ 35 milhões. A operação do política industrial e regulatória integrada para as Terras Raras no Brasil. O PL
LabFabITR ficará a cargo do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) do Senai, em 2.210/2021 cria a Política Nacional de Fomento ao Desenvolvimento Tecnológi-
Lagoa Santa (MG), possibilitando a sinergia com os diversos laboratórios nas áreas co da Cadeia Produtiva dos Minerais Componentes dos Elementos Terras Raras
de química, processamento mineral, metalurgia e ligas especiais e ambiental, entre (PADT), prevendo sua articulação por redes de pesquisa e de desenvolvimento
outras. O LabFabITR é o primeiro laboratório-fábrica de ligas e ímãs de Terras Raras tecnológico formadas pela União, empresas, institutos de pesquisa, universidades,
no hemisfério sul, voltado para a produção de ímãs de neodímio-ferro-boro (NdFeB), estados e municípios. O objetivo será o de “fomentar a produção de bens e serviços
utilizados em equipamentos como motores de alta eficiência, aerogeradores, equi- a partir de startups e outras formas empresariais e inovadoras”, além de agregar
pamentos de ressonância magnética e sensores, entre outros. valor no território nacional.
1
Especialistas em Recursos Minerais, da Agência Nacional de Mineração (ANM)
Nas matérias a seguir destacamos o planejamento de curto prazo da antes que os desmontes a céu aberto
projetos recentemente implanta- mina e a tomada de decisões estra- possam ser executados para a retira-
dos ou ainda em curso em minera- tégicas de blendagem, refletindo di- da do minério.
doras para elevar a eficiência do pro- retamente, através uma alimentação Na Vale, duas iniciativas podem ser
cesso de lavra de suas minas. Neles adequada, no desempenho da plan- validadas para aplicação em todas as
predomina o uso de plataformas di- ta de beneficiamento. Em outra fren- operações de ferrosos da empresa no
gitais, sejam aplicativos ou softwa- te relacionada à inovação, uma das Brasil. Uma delas é o desenvolvimen-
res, que permitem ganhos de tempo premissas do programa Mina Moder- to da metodologia Otimização Integra-
e economia de custos, além de maior na, a mineradora está investindo em da. A outra é o aprimoramento do pro-
precisão nas etapas de planejamen- tecnologias autônomas e teleopera- cesso de avaliação de amostras de
to e desenvolvimento dos trabalhos. das. Em setembro passado, chegou a QAQC (Quality Assurance and Quali-
Alguns estão disponíveis no mercado primeira das cinco perfuratrizes au- ty Control ou Garantia de Qualidade e
e são customizados para o perfil do tônomas que estarão operando na Controle de Qualidade, em português).
projeto. Outros são criados e evoluí- mina até 2025. No primeiro caso já foi constatada a
dos por equipe interna. Também é de Um dos cases mais interessantes é otimização do sequenciamento de
se citar o uso de tecnologias de pon- o da Equinox Gold, iniciado em 2021 mina e o aumento do Valor Presen-
ta, como scanners e drones. na Mineração Fazenda Brasileiro, em te Líquido (VPL) e da Taxa Interna de
Um dos exemplos é o uso do soft- Barrocas (BA). Trata-se da lavra de Retorno (TIR) nos projetos trabalha-
ware Orchestra pela Mineração Rio Crown Pillar, estrutura rochosa que dos. O projeto, a princípio realizado
do Norte – MRN, na identificação separa as operações a céu aberto com soluções já disponíveis no mer-
de gargalos de sua mina de bauxita, das subterrâneas de uma mina. Em cado, acabou exigindo a implanta-
com a proposição de medidas para Fazenda Brasileiro, o método de la- ção de uma máquina virtual que su-
sua solução. O programa também vra Sublevel Stoping, na sequência portasse a execução de modelos de
simula cenários futuros de operação Top Down, ao contrário da sequência otimização mais complexos, com
e avalia o desempenho, indicando al- Botton Up, não realiza o preenchi- processamento em nuvem. Para a in-
ternativas para otimizar o aproveita- mento dos stopes já lavrados, crian- tegração de todas as minas de ferro-
mento dos ativos disponíveis, caso do espaços vazios que complicam a sos, talvez seja necessária uma tec-
dos equipamentos móveis de lavra e lavra de Crown Pillar. Um trabalho ri- nologia complementar, específica
transporte. goroso de geologia e engenharia foi para as minas em foco. No caso do
No Complexo Minas-Rio da An- efetuado, envolvendo a qualidade do QAQC, foi criada foi criada uma pla-
glo American, a mina de minério de maciço rochoso, a geometria das es- taforma no software de Business In-
ferro em Conceição do Mato Dentro cavações subterrâneas, o dimensio- telligence Power Bi®, agregando vá-
(MG) também emprega um aplicativo namento de um Crown Pillar mínimo, rios benefícios como o fácil acesso, a
de otimização e inventário de pilhas mapeamentos por drone, sondagens transparência, agilidade e, principal-
de minério. Com ele, a empresa tem investigativas e análises numéricas mente, a não interferência e manipu-
conseguido uma gestão mais eficien- bidimensionais ou tridimensionais lação dos dados de origem, fator cru-
te de seu estoque, o que aperfeiçoou com o uso de softwares específicos, cial para a qualidade das análises.
PERFURAÇÃO AUTÔNOMA E
QUALIDADE DO MINÉRIO
Por redação ITM Fotos: Anglo American/Divulgação
Utilização do método foi iniciada em 2021 e hoje já responde por 30% da produção da
mina, além de ter aumentado sua longevidade
de lavra subterrânea, usando o Nos últimos anos, a expressi- Imagem 1: Open Pit nas áreas já escavadas
método Sublevel Stoping, na se- va valorização das cotações de Croquis do no subsolo, implicando na inte-
crown pillar
quência Top Down, atualmen- ouro, associada ao desenvol- mostra
ração com seus espaços vazios,
te a uma profundidade superior vimento de novas tecnologias interação confere maior complexidade
a 1.000 metros. Diferente da se- e aos custos elevados com o superfície- no gerenciamento do processo
quência Bottom UP, que prevê o aprofundamento da mina, via- subsolo para a mitigação dos riscos. O
enchimento dos stopes já lavra- bilizaram a reabertura das ope- crown pillar, por exemplo, pre-
dos para continuação da lavra rações a céu aberto em Fa- cisa ter um dimensionamento
nos níveis superiores, a sequên- zenda Brasileiro, em áreas Imagem 2: contínuo devido às diferenças
cia Top Down mantém as esca- com menores teores de miné- Resultados de potência/largura dos vazios,
vações abertas, estabilizando-as rio e trechos de crown pillar no do GPR com que podem variar entre 5 e 20
possíveis
por meio de pilares verticais e subsolo, de forma simultânea metros, em média.
anomalias no
horizontais, também conhecidos (Imagem 1). A lavra em banca- subsolo da Considerando essas especifici-
como rib pillar e sill pillar. das, com aprofundamento do mina dades, as equipes de Geomecâ-
cionamento correto dos furos da segurança e redução do tem- Análise Para isso, uma equipe multidis-
são adotadas as premissas de po de espera para execução das numérica ciplinar confirma a quebra do
crown pillar mínimo que definirá sondagens exploratórias confir- tridimensional crown pillar e avalia se houve o
se os furos poderão seguir com mativas. prevê cenários preenchimento parcial ou to-
de variação
inclinação de 90° ou se terão que Para compreender melhor as tal do vazio. Essa avaliação é fei-
ser perfurados fora da região a rupturas que ocorrem no entorno ta através do acompanhamento
ser investigada. do plano de perfuração, envolven- dos desmontes por drone, segui-
Dependendo do tipo e posiciona- do regiões em interação com va- do de inspeção próxima ao local
mento das escavações a serem zios, são feitas análises numéri- de varação. No caso de não ha-
investigadas, o mapeamento só cas, prevendo diferentes cenários ver evidência de rompimento do
poderá ser viabilizado com o uso de variação. Essas análises bidi- crown pillar após o desmonte,
de drones. A Fazenda Brasileiro mensionais ou tridimensionais, é definido um raio de seguran-
utiliza modelos equipados com através de softwares específicos, ça para isolar a região detonada,
a tecnologia do LIDAR Slam (al- que irão influenciar, principal- cujo entorno passa por novas in-
goritmo de localização e mape- mente, na garantia do rompimen- vestigações a fim de orientar as
amento simultâneo), que funcio- to do crown pillar, no preenchi- novas diretrizes de trabalho.
na utilizando um laser scanner. mento completo dos vazios e na As equipes operacionais seguem
Esse levantamento é realizado avaliação da condição do talude um plano detalhado de escava-
a partir do subsolo, em regiões final e da berma após a varação. ção, elaborado pelas áreas de
próximas às programadas para Após o desmonte em uma área Geomecânica, Planejamento e
serem lavradas pelo Open Pit, e a céu aberto com interação com Operação, de forma a garantir a
corresponde ao método de maior o subsolo, é preciso garantir as execução de todas as etapas da
precisão para esse tipo de cená- condições segurança antes de lavra, minimizando os riscos a
rio, contribuindo para aumento qualquer atividade operacional. ela associados.
OTIMIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO
DE MINA E QAQC ANALÍTICO
Por redação ITM Fotos: Vale/Divulgação
gridade de suas informações Página inicial multidisciplinar, que contou de alguns parâmetros para
e a robustez dos seus dados, do Power BI com profissionais das direto- todas as minas foi um dos
Analitics
constituindo um fator de ex- rias de Serviços Técnicos de grandes complicadores da
trema importância no pro- Mineração, de Geociências e nova plataforma.
cesso de tomada de decisão. de Planejamento e Progra- O projeto não implicou em
Essas práticas de gerencia- mação dos corredores Sul, qualquer ajuste na infraestru-
mento da qualidade geram Sudeste e Norte. tura das minas, mas apenas
uma cadeia de informação Os dados de controle de qua- em treinamento dos profissio-
auditável que permite, por lidade (QAQC) de todas as mi- nais envolvidos em sua cria-
exemplo, a certificação de re- nas de ferrosos da Vale no ção, para utilização do softwa-
cursos e reservas nas bolsas Brasil são destinados a um re empregado, e já apresenta
de valores”. Daí a importância Sistema de Gerenciamento resultados positivos. Do pon-
de aprimorar seu processo de de Banco de Dados Geocien- to de vista quantitativo, a agi-
avaliação”, diz Ana Scarpari, tíficos. “Nós criamos uma in- lidade das análises registrou
geóloga da Gerência de Ser- terface direta desses dados 4.000% de ganho de tempo ao
viços e Governança de Dados com o software de Business mês. “O que antes demanda-
Geológicos da Vale. Intelligence Power Bi®, a fim va 44 h para ser feito, hoje é
O projeto de QAQC Analíti- de fazer as avaliações de con- concluído em uma hora ape-
co começou a ser implanta- trole de qualidade, sem ma- nas”, compara Venissa. Em
do no final do ano de 2022, já nipulação dos dados originais termos qualitativos houve re-
utilizando dados atuais e his- e de forma rápida e intuitiva”, dução de erros, melhorias
tóricos das amostras de Cur- conta Venissa Lima, também na rastreabilidade da infor-
to e Longo Prazo de todas as geóloga da Gerência de Ser- mação, diminuição expressi-
minas de ferrosos da Vale no viços e Governança de Dados va de movimentos repetitivos
Brasil. Seu desenvolvimento Geológicos da Vale. Segun- e maior enfoque na mitigação
foi realizado por uma equipe do ela, ainda, a padronização de problemas dos dados.
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ITM: Embora o projeto Autazes seja bastante conhecido, gosta- temos uma participação mundial bastante significativa. O maior inves-
ria que você fizesse um breve descritivo do empreendimento. tidor é o CD Capital (30,7%), da Inglaterra, seguido do Sentient Equity
Espeschit: Autazes começou a partir de uma situação até um Partners (20,9%), da Austrália, ambos fundos de private equity mineral,
pouco inusitada, a partir de um processo de desinvestimento da e do Forbes & Manhattan Barbados (12,2%). O restante, cerca de 24%,
Petrobras e o grupo Forbes & Manhattan foi considerado vencedor está diluído entre 7 mil investidores minoritários, predominantemente
da venda dos ativos de Fazendinha e Arari (AM). Chegamos a pagar dos Estados Unidos.
o sinal de entrada da transação, mas ela foi descontinuada. Então,
resolvemos começar do zero, requerendo áreas livres dentro da po- ITM: Qual o valor dos investimentos até agora?
tencial bacia evaporítica do Amazonas, para realizar os estudos de Espeschit: Foram cerca de US$ 250 milhões, principalmente em explo-
exploração mineral. Foi quando se deu a criação da Potássio do ração mineral, já que cada furo de sondagem custa entre US$ 1 milhão e
Brasil, controlada pela Brazil Potash, com sede no Canadá. Come- US$ 1,8 milhão. A maioria deles, como eu já disse, teve em torno de mil
çaram as rodadas de investimento, para atrair investidores, visando metros de profundidade, mas chegamos além disso em alguns casos. E
desenvolver o alvo Autazes, selecionado a partir de informações estamos prospectando outros alvos para ampliar os recursos e reservas.
obtidas durante o processo de aquisição da área da Petrobras, que
havia realizado furos de sondagem na região na década de 1970, ITM: Qual será a produção da futura mina?
em busca de óleo e gás. Espeschit: A mina tem cerca de 23 anos de vida útil e foi projetada
para ter uma capacidade de 2,2 Mtpa de cloreto de potássio. Com esse
ITM: Quais foram as próximas etapas após a captação de volume reduziremos a dependência brasileira do produto em cerca de
investimentos? 20%, baixando as importações dos 98% atuais para perto de 80%, em
Espeschit: Nós executamos 43 furos de sondagem de mil metros um mercado que demanda aproximadamente 13 Mtpa.
de profundidade cada, fizemos estudos para a avaliação de rotas
de processos e, em 2016, a Worley Parsons, hoje só Worley, em- ITM: A implantação do projeto já foi iniciada? Qual será a gera-
presa canadense de engenharia e construção, elaborou o estudo de ção de empregos?
viabilidade. Apresentamos o Plano de Aproveitamento Econômico Espeschit: Já iniciamos algumas atividades de campo, até porque
(PAE) ao DNPM, atual ANM (Agência Nacional de Mineração) e en- precisamos resolver outras questões antes, como preparar toda da
tramos com o pedido de licenciamento ambiental. Após a obtenção documentação, discutir assuntos de engenharia com potenciais for-
da Licença Prévia (LP), fomos surpreendidos com uma ação civil necedores, esclarecer dúvidas e fazer todo o planejamento de campo
pública, movida pelo Ministério Público Federal (MPF), cobrando a para minimizar surpresas. Em termos de geração de empregos tere-
realização de consulta pública aos povos indígenas situados nas mos, no período de obras, 2.600 empregados em média, durante os
proximidades do projeto. quatro anos ou quatro anos e meio de implantação, chegando a picos
de até 4 mil empregados. Já na operação, a previsão é de 1.300 pos-
ITM: Quando foi aberta essa ação pública? tos de trabalho diretos e 15 mil indiretos. Nosso compromisso é que
Espeschit: Isso ocorreu no final de 2016 e, já em março de 2017, 80% dessa mão de obra, no mínimo, seja local e capacitada durante
assinamos um acordo com a Justiça Federal suspendendo a vali- a construção da mina.
dade da LP por seis meses a fim de deflagrarmos o processo de
consulta pública ao povo Mura. Nesse período, fizemos o desmem- ITM: Qual será o método e equipamentos empregados na lavra?
bramento dos direitos minerários para garantir que o projeto Auta- Espeschit: A mina subterrânea terá dois shafts de 930 m de profun-
zes estaria totalmente fora de Terras Indígenas, como de fato está. didade aproximadamente, um para produção e outro para ventilação. O
Também apresentamos um novo PAE, que foi aprovado pela ANM. método de lavra será o de câmaras e pilares longos e foi desenhado por
Em setembro de 2023, obtivemos mais de 90% de aprovação na uma empresa alemã especializada, a Ercosplan, que inclusive forneceu
consulta efetuada às lideranças de 36 aldeias do povo Mura no serviços para Taquari-Vassouras, no Sergipe, a única mina de potássio
município, bem acima da aprovação mínima de 60% exigida por lei. em operação no Brasil. No nosso caso, o minério está a cerca de 800
Não foi unanimidade, mas foi uma maioria significativa. m de profundidade, com variações em determinados pontos. Quanto
aos equipamentos são os modelos convencionais da mineração de sais
ITM: E durante esses sete anos, os investidores se mantiveram de potássio, como mineradoras contínuas, conhecidas por “mariettas”,
no projeto? para o desmonte, operando em 3 a 4 frentes de lavra simultâneas, con-
Espeschit: Sim, investidores que acreditaram desde o início. Alguns, forme a programação e a distância de transporte. É uma tecnologia
inclusive brasileiros, de Manaus (AM), que detêm 12% das ações. Hoje comprovada, sem nenhum risco de inovação tecnológica significativo.
setembro | outubro | inthemine 29
minepersonalidade
ITM: Quais são os principais cuidados requeridos nesse tipo de método, no nosso caso, não foi considerado adequado por não permitir
lavra? Há, por exemplo, o risco de subsidência da superfície da uma recuperação econômica ou mais econômica do minério, com o teor
mina como ocorreu com a Braskem, em Alagoas? recomendado para atender às necessidades do mercado. Quanto aos
Espeschit: É uma excelente pergunta, porque pode esclarecer essa equipamentos, teremos uma sequência de três etapas de britagem e
questão de uma forma até definitiva. Primeiramente, nosso método caldeiras ou tanques usuais de aquecimento na lixiviação.
de lavra é distinto do utilizado pela Braskem, que é o de dissolução,
sem monitoramento físico in loco. Os pilares são dimensionados para ITM: A captação de água será feita do rio Madeirinha, correto?
que não tenha subsidência. Tanto que esse fenômeno jamais ocorreu Qual ser o volume dessa captação e o percentual de reuso?
em Taquari-Vassouras. O dimensionamento precisa ser feito de for- Espeschit: Originalmente, apresentamos a alternativa de captar água
ma adequada, utilizando os fatores de segurança necessários para de poços profundos. Ou seja, de aquíferos disponíveis na região. Por su-
garantir a sustentação dos pilares. Nossa lavra será feita com tanto gestão do órgão ambiental do estado – e aqui, destaco a importância da
critério que a recuperação do minério será praticamente reduzida à interação que tivemos com os técnicos ainda na fase da Licença Prévia
metade. Isso porque o minério contido nos pilares não será lavrado. –, estudamos a viabilidade de captação do próprio rio, que não será o
Logicamente que, com a evolução da tecnologia, podemos chegar, no Madeirinha, mas o próprio Madeira. Uma opção inclusive mais cara que
futuro, inclusive a lavrar também os pilares, que é o que Taquari-Vas- a anterior, mas que a empresa decidiu acatar por ser mais viável am-
souras está fazendo atualmente para estender a vida útil da mina. O bientalmente falando. Da água nova captada, haverá uma certa perda
licenciamento técnico e ambiental que recebemos é uma garantia de por causa do aquecimento na lixiviação, uma evaporação normal. Mas,
que trabalharemos com total segurança. no resfriamento da polpa, prevemos a recuperação do volume restante,
com reutilização da ordem de 70% da água nova captada.
ITM: Qual será o volume de geração de rejeitos e sua forma de
disposição? ITM: Em relação à logística, o EIA-Rima de 2015 aponta um trá-
Espeschit: O volume de rejeitos é zero. Claro que haverá um mate- fego diário de 700 caminhões de 35 t, para o transporte do clo-
rial resultante da escavação dos shafts e do desenvolvimento da mina. reto de potássio da mina ao porto de Urucurituba e, no sentido
Esse material, não sendo sal, será estocado em uma pilha de inertes, inverso, para o transporte de equipamentos, peças, materiais e
porque ele é arenoso. Sendo sal será estocado na pilha de sal, a mesma pessoal. Quais são os programas para minimizar a emissão de
que receberá o resíduo do processo de beneficiamento. Do minério que particulados e poluentes nessa rota?
extraímos, cerca de 30% é silvinita, que gera o cloreto de potássio, e Espeschit: Em primeiro lugar, se eu tiver 700 caminhões por dia de 35
cerca de 70% é halita, ou cloreto de sódio, sal de cozinha, o resíduo t trafegando 25 dias por por mês, eu produziria 7.350.000 t de cloreto
que, uma vez separado no beneficiamento, será estocado em uma pilha potássio por ano. Como vou produzir só 2,2 Mtpa ou cerca de 200 mil
temporária. Isso porque é preciso terminar de esvaziar um painel ou t/mês, serão necessárias 200 viagens de caminhões de 35 t nesse
câmara para trazer esse material da superfície e realizar o backfill ou trajeto de 12 km. Se o número de 700 caminhões consta do nosso EIA-
preenchimento dos espaços vazios no subsolo. Por isso, aquela pilha é -Rima, deve ter ocorrido algum erro material. Além disso devemos em-
inicialmente temporária. No decorrer do tempo, esse processo se torna pregar bitrens de 70 t e vamos usar a melhor frota possível. Tínhamos
circular: esvaziando e preenchendo sucessivamente os espaços até o estudado a possibilidade caminhões movidos a gás, pela proximidade
final da vida útil da mina, de forma a não restar sequer um grama de do gasoduto. Mas, com a construção de uma nova termelétrica, o for-
resíduo na superfície. necimento do campo mais próximo de nossa mina está comprometido.
Todos os equipamentos da mina serão elétricos e vamos avaliar essa
ITM: Falando em beneficiamento, quais serão as etapas e equi- opção também para os caminhões de transporte, considerando a infra-
pamentos empregados? estrutura para o carregamento das baterias. Talvez, no nosso caso, o
Espeschit: A rota de beneficiamento é muito simples. Após a britagem, uso de biocombustíveis nesses veículos seja até melhor.
o minério é submetido a uma lixiviação a quente ou hot leaching, sem
adição de qualquer reagente. Na polpa gerada, quando resfriada, temos o ITM: Ainda em termos de meio ambiente, quais são os planos
cloreto de potássio, que cristaliza primeiro que o cloreto de sódio, e pode para reduzir as emissões na mina e na usina?
ser retirado, secado e compactado na forma de granulados. O cloreto de Espeschit: Nosso potássio será o mais verde do mundo, não apenas
sódio cristalizado não precisa ser compactado porque será estocado na pelas práticas, mas principalmente pelo posicionamento da empresa
pilha de sal. Assim como na lavra é um processo amplamente utilizado, nessa questão. Apenas por estarmos no Brasil, cuja matriz energética é
embora diferente do que existe em Taquari-Vassouras, por flotação. Esse 84% renovável, vamos reduzir as emissões em 1,2 Mt de CO2e (dióxido
de carbono equivalente) para a produção de 2,2 Mtpa de cloreto de vocês estão vendo essa situação diante da logística fluvial que
potássio, se comparado ao Canadá ou à Rússia, onde a energia provém estruturaram?
da queima de gás ou carvão. Outra questão locacional é que, por estar- Espeschit: Logicamente, esse assunto está em voga agora, devido a
mos mais perto do mercado consumidor, evitaremos a queima de diesel uma situação cíclica e momentânea. Conversei recentemente com o
para importar potássio do Canadá, da Rússia ou da Bielorrússia. Para diretor de Operações do grupo A Maggi, que me disse que é a primei-
vir de Saskatchewan, no Canadá, por exemplo o potássio viaja 2.500 ra vez que rios secaram em 25 anos. Os governos estadual e federal
km de trem até Vancouver, sendo embarcado em um navio até chegar estão atuando para minimizar esse problema. Temos a hidrovia do rio
ao Porto de Santos (SP) e, de lá, carregado em caminhões para subir Madeira, que poderá se tornar uma concessão e, dessa forma, garantir
até o Mato Grosso. a navegabilidade na região. Para isso, será preciso fazer a dragagem do
rio, como aconteceu no Mississipi (EUA). Também temos um plano B,
ITM: E no caso da Potássio do Brasil? de utilizar a BR-319 (rodovia Manaus-Porto Velho), como alternativa de
Espeschit: Nosso produto seguirá em barcaças, do Porto de Uricuritu- transporte. De toda forma, trata-se de uma situação momentânea que
ba até Porto Velho, em Rondônia, onde desce em caminhões até o Mato cria um risco com probabilidade de provocar algum impacto real no
Grosso. Com uma vantagem adicional: pega o frete de retorno do cami- projeto. Mas será mínimo.
nhão, que sobe com a soja até a barcaça para exportação, enquanto o
navio volta vazio para o Canadá. É um exemplo mínimo de ações diretas ITM: Você disse que grande parte da força de trabalho na opera-
que nos permitirão o reconhecimento, quer seja em créditos de carbono ção será local. Como será feita a capacitação dessas pessoas?
que poderemos ofertar ao nosso consumidor final, como também de Espeschit: No caso dos equipamentos temos os treinamentos técni-
nossas atitudes. Já anunciamos também que vamos recuperar uma cos que são realizados pelos próprios fornecedores. Também faremos
área 10 vezes maior do que a que ocupamos com a mina, com plantio parcerias com instituições empresariais do estado ligadas ao Sistema
de árvores e gerando atividades socioeconômicas para a comunidade. S, como o Senai (Serviço Social de Aprendizagem Industrial). Já temos
Um lote dessa área pode ser cedido para a formação de um pomar alguns pré-acordos que serão reestruturados com alguns ajustes, em
de uma determinada fruta, como o cupuaçu. Podemos industrializar função da evolução do projeto. Temos tempo suficiente para fazer isso
a produção de cupuaçu para exportação. São programas que geram e a experiência de nosso time, que já implantou projetos em regiões até
créditos de carbono. Também queremos subsidiar a agricultura familiar, mais remotas e complicadas.
fornecendo nutrientes para revitalizar o solo evitando o desmatamento
de novas áreas. São desmatamentos localizados, mas que, multiplica- ITM: Quais programas sociais para comunidades locais serão
dos pela quantidade de agricultores familiares, se tornam relevantes. implementados?
Espeschit: Não definimos comunidades específicas porque nosso
ITM: Eu gostaria de retomar a questão do controle de particu- foco é Autazes e região. Em termos de impacto, o Termo de Referência
lados e poeira. da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) considerou quatro
Espeschit: Em relação a essa questão, eu lembro que estamos na áreas nas proximidades do projeto: Paracuhuba, já homologada, Jauary,
Amazônia, um ambiente naturalmente úmido, condição que minimiza o que foi delimitada, a comunidade do Lago do Soares e a Vila de Urucu-
problema de dispersão de particulados. Mas veja como é mais uma vez rituba, todas da etnia Mura. Dessas, como se vê, somente Paracuhuba
importante a interação com não só os órgãos ambientais, mas especia- pode ser considerada Terra Indígena, segundo a definição em lei. Das
listas. Durante o processo de consulta ao povo Mura, os especialistas outras três, apenas uma está em processo de homologação, contraria-
da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), levantaram o problema mente ao que afirmam movimentos de Organizações Não Governamen-
de que a formação de particulados em Autazes poderia provocar a ocor- tais (ONGs). Lembrando que a Constituição de 1988 permite a extração
rência de chuva salobra em Manaus. Embora a predominância das cor- de bens minerais em Terras Indígenas, desde que regulamentada pelo
rentes de vento não siga nessa direção, era uma probabilidade, ainda Congresso Nacional.
que pequena. Mesmo assim decidimos instalar aspersores em nossa
pilha de sal. É isso o que queremos. Conversar com a comunidade, com ITM: O potássio é considerado um mineral crítico. Nesse sen-
os stakeholders, para poder trazer melhorias ao projeto. tido, qual sua avaliação do PL 2780/2024, de autoria da Frente
Parlamentar de Mineração Sustentável (FPMin), que institui a
ITM: Em relação ao transporte do minério em barcaças, em ou- política nacional de minerais críticos e estratégicos?
tras épocas falaríamos apenas do problema de cheia e vazante Espeschit: A classificação como minerais críticos ou estratégicos é
do rio. Agora vemos a seca completa em vários trechos. Como móvel, de forma que o mineral hoje assim considerado pode não sê-lo
BITS PARA
“Nosso processo de carbonização em ESCAVAÇÃO DE ROCHAS
Tecnologia e equipamentos de
produção líderes de mercado
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
NA ROTINA DA AURA ALMAS
Por redação ITM Fotos: Aura Minerals/Divulgação
No decorrer da implantação do
projeto houve ajustes na ope-
ração, em relação ao planeja-
mento inicial. O desenvolvimen-
to passou de uma equipe interna
para uma empresa parceira, fo-
cada na elaboração de modelos
matemáticos, que analisam di-
versas variáveis e geram dados
essenciais para a tomada de de-
cisão da equipe na sala de con-
trole. Essa colaboração trouxe
novos insights e exigiu adapta-
ções na abordagem original.
“Nosso compromisso é manter
uma jornada de inovação e me-
lhoria contínua, com um foco es-
tratégico na aplicação de tecnolo-
gias avançadas. Acreditamos que
a IA é uma tendência na indústria
eficaz antes de ser ensinado aos Sala de bancos de dados e ciberseguran- de mineração, mas adotamos
operadores da sala de contro- controle com ça e a empresa segue evoluindo uma abordagem cuidadosa para
IA em fase de
le para uso em tempo real. Uma implantação em governança e integração de sua implementação”, afirma o di-
vez que o modelo esteja pronto dados. “As novas unidades ope- retor. Para ele, antes de inovar é
para implementação em escala racionais e projetos da Aura MI- preciso ter um diagnóstico com-
industrial, serão realizados trei- nerals, como Almas (TO) e Bor- pleto do potencial ganho com a
namentos direcionados aos ope- borema (RN), já nascem digitais, aplicação de IA, de forma a ga-
radores, ensinando-os a utilizar 100% em nuvem e integradas rantir que os recursos sejam uti-
a nova ferramenta, interpretar as aos sistemas globais de gestão”, lizados de maneira eficaz.
recomendações e integrá-la em completa o diretor. “Estamos falando de um projeto
suas rotinas. O planejamento an- Entre os benefícios esperados inovador que, inclusive já foi pre-
tecipado de capacitação assegu- com o Assistente Virtual IA – miado em sua fase piloto por essa
ra que, quando o projeto for es- Sala de Controle estão a otimiza- característica. Ele exige compro-
calado, a transição será suave e ção do throughput (taxa de trans- misso com o aprendizado, con-
os colaboradores estarão prepa- ferência de dados), o aumento da sistência, olhar estratégico e,
rados para maximizar os benefí- produtividade, a redução da va- sem dúvida, a superação de de-
cios da nova tecnologia. riabilidade dos processos e a di- safios”, conta Sapucaia. Entre os
“Hoje, o DataLake, plataforma minuição no consumo de energia desafios, ele destaca a comuni-
de BI (Business Intelligence) in- e insumos. A plataforma virtu- cação de dados entre os modelos
tegrada que consolida todas as al analisará, também, variáveis matemáticos e o sistema de au-
operações e áreas de supor- críticas do moinho, auxiliando na tomação e enfatiza que os dados
te da Aura, comporta mais de 4 identificação e resolução de gar- coletados em campo sejam pre-
milhões de registros, enquan- galos em diferentes etapas da cisos e que a segurança das in-
to o AAC (Aura Analytics Center) planta, o que contribui para um formações esteja garantida, para
soma mais de 40 mil acessos ciclo contínuo de melhorias, re- proteger a integridade do sistema
mensais, enfatizando a deman- dução de custos e maior previsi- e das decisões nelas baseadas.
da por informações confiáveis bilidade. A aplicação visa agir ra- “A integridade dos dados e a se-
em tempo real”, explica Sapu- pidamente, através de pequenas gurança são fundamentais para
caia. Quase 80% dos sistemas ações, para a otimização contí- o sucesso da implementação do
e aplicações estão em nuvem, nua do processo. projeto”, conclui Sapucaia.
DA MINA À METALURGIA:
A RENOVAÇÃO DA JAGUAR
Por redação ITM Fotos: Jaguar Mining/Divulgação
O projeto de Geometalurgia foi vido à variabilidade de processa- contexto, uma equipe multidisci-
iniciado em 2020 no Comple- mento – recuperação, reologia plinar da Jaguar iniciou o projeto
xo de Mineração Caeté (CCA), de polpa, densidade relativa e de Geometalurgia, com o objetivo
da Jaguar Mining, composto efeito de sobremoagem – en- de caracterizar os corpos mine-
Planta
por duas minas subterrâneas – frentada na época. rais da mina de Pilar para com-
metalúrgica
Roça Grande (RG) e Pilar, situa- Com a suspensão temporária da da mina Roça preender seu comportamento,
das em Caeté e Santa Bárbara operação da mina RG em 2018, Grande, da desde a extração até o processo
(MG), respectivamente. A inicia- a planta metalúrgica passou por Jaguar Mining metalúrgico, fornecendo subsí-
tiva foi motivada pelo desafio de diversos problemas em função dios necessários à avaliação das
melhorar a recuperação de ouro das alterações das caraterísticas rotas de processo e possibilitan-
e garantir estabilidade operacio- do minério e da ausência de um do a otimização do rendimento
nal à planta metalúrgica RG, de- estudo representativo. “Nesse global da usina”, explica Istela-
mares Alvarenga de Barros, ge- Essa multidisciplinaridade foi im- busta para absorver as variabi-
rente de Metalurgia do CCA. portante, avalia Istelamares, para lidades de cada minério e maxi-
Em seus diferentes momentos, uma abordagem não só mais ho- mizar sua extração.
o projeto contou com a partici- lística, como também focada nos Essas readequações foram fei-
pação de profissionais das áreas detalhes de cada área, conside- tas gradativamente, lembra a
de Processos, Geologia, Labora- rando os múltiplos aspectos do gerente. Entre elas: a remo-
tórios, Operação de Planta Me- processo de mineração. ção de gargalos operacionais e
talúrgica, Mina e Manutenção. A o aumento da taxa de moagem
etapa de planejamento do estu- Mina MODIFICAÇÕES para redução da granulometria
do e desenvolvimento da caracte- subterrânea Os trabalhos de caracterização de P80 para P75 µm; estudos e
Pilar:
rização foi marcada pela atuação caraterização
indicaram que os corpos de mi- alterações dos parâmetros de
de engenheiros químicos, geólo- de corpos de nério de Pilar apresentam par- classificação em hidrociclones;
gos, analistas de processo e la- minério ticularidades para os processos e a intensificação das inspeções
boratório e profissionais da área de concentração de ouro, exi- e manutenções dos circuitos de
de melhoria contínua. Durante a gindo condições específicas de processamento físico e químico.
implantação das melhores con- processo e operação para uma No circuito de flotação foi im-
dições de processamento indus- melhor recuperação e estabi- plementada uma nova aborda-
trial, coube à equipe operacional e lidade da planta metalúrgica. gem da gestão do tratamento
de manutenção garantir a aplica- Assim, a instalação deveria ter de água cianetada e de sua reu-
bilidade dos conceitos do projeto. uma configuração flexível e ro- tilização no circuito de flotação
OPERAÇÕES INTEGRADAS
EM CENTRAL DE CONTROLE
Por redação ITM Fotos: MRN/Divulgação
Foto Divulgação
Gláucia Cuchierato 1
Por
Nas edições anteriores foram discutidas todas Gy). Dessa forma, os princípios de Transparên- racional da empresa. No caso particular, os
as etapas do módulo Validação do Acervo de cia, Materialidade e Competência estarão aten- processos em questão são aqueles referentes à
Dados Históricos da metodologia GDQM (1 - didos e demonstrados, além de, oportunamen- rotina de aquisição de dados geológicos utiliza-
Verificação da fonte dos dados; 2 - Avaliação te, reduzir-se o tempo para disponibilização do dos para as estimativas de recursos minerais.
e gestão da materialidade; 3 - Identificação e uso do dado, evitando o retrabalho sistemático Uma das interessantes ferramentas utilizadas
integração dos sistemas de gerenciamento; de verificações por parte das equipes técnicas. na gestão de negócios para a otimização dos
4 - Análise exploratória de dados; 5 - Aplicação O desenho (e sua revisão) do workflow (Process resultados das organizações é o BPM ou Bu-
dos testes de consistência; 6 - Atribuição de Design) de uma empresa, seja qual for a etapa siness Process Modelling, para a sistematiza-
confiança; e 7 - Identificação de áreas críticas). em que ela se encontra no ciclo de vida, é fei- ção dos processos individuais, com definição de
A realização integral dessas etapas permite to com o levantamento e a sistematização das recursos, tarefas, objetivos, responsabilidades,
conhecer todo o PASSADO das campanhas de atividades relacionadas à aquisição de dados clientes e fornecedores, dentre outros pontos
sondagem, amostragem, preparação e análise geológicos, mapeando as principais tarefas de de integração.
de uma empresa e identifica, qualifica e atribui cada processo, representadas e documentadas Para criar os mapas de processos recomenda-
o grau de confiança aos dados existentes. em fluxograma. São também identificadas as -se a versão gratuita da ferramenta Bizagi Mo-
Uma vez compreendido todo o cenário histórico do oportunidades de melhoria dos processos e os deler, que utiliza o padrão internacional BPMN
projeto mineral ou operação, há que se verificar problemas ou fragilidades mais frequentes, que (Notation). A escolha de uma ferramenta de
se todas as práticas e condutas vigentes (PRE- afetam negativamente o fluxo de trabalho e a software aderente ao padrão BPMN é impor-
SENTE) estão adequadas, alinhadas às orien- confiança nos dados adquiridos. tante, pois os diagramas criados nesse projeto
tações e recomendadas ou preconizadas pelos Os participantes desse trabalho devem ser, podem servir de base para fluxos de trabalhos
padrões internacionais de declaração de recursos principalmente, os profissionais que realizam o (workflows) em futuros estudos de melhoria de
e reservas, para corrigir e redirecionar a rota das processo no dia a dia e que, além de relatar e processos e automação de fluxos.
boas práticas e cessar a geração de erros. fazer o depoimento sobre sua execução, apon- A modelagem permite uma série de visões
Com a correção e o realinhamento de estraté- tam as necessidades de melhoria, indicando sobre os processos, tais como: agilidade e au-
gias de aplicação do módulo Revisão de Work- ainda as evidências e os documentos para com- mento em produtividade, compliance e rastrea-
flow, garante-se que os futuros dados gerados plementação e comprovação das avaliações. bilidade, visando trazer dimensões importantes
estarão isentos de inconsistências e erros dos para a análise. São conduzidas entrevistas com
mais diversos tipos ou, ao menos, irão mini- ETAPA A: MODELAGEM DE PROCESSOS os participantes de todos os processos de gera-
mizá-los às suas formas fundamentais, não A modelagem de processos é parte de uma ção, armazenamento e utilização de dados den-
derivadas ou decorrentes de ações humanas, visão mais ampla da gestão estratégica que, tro da organização, buscando-se compreender
tais como erros intrínsecos aos processos de para ser atingida, exige a avaliação e medição a arquitetura da empresa, funcionamento e uti-
amostragem de minérios (vide teoria de Pierre dos processos que fazem parte da rotina ope- lização dos dados, regras, normativos, padrões
e outras condutas. A Figura 1 ilustra as etapas passos devem ser reprodutíveis, repetitivos, ro- rio futuro To Be contendo, respectivamente, as
de trabalho para a organização das informa- tineiros e podem ser refeitos ou analisados; e informações detalhadas da forma atualmente
ções dos modelos. • Processos que podem ser auditados. executada e as sugeridas para a execução das
Cada processo é composto por tarefas e têm as Todos os locais de geração de dados devem ser tarefas. Os dois conjuntos de mapas (As Is e To
seguintes características: verificados durante a atividade de mapeamento Be) são importantes para que se possa esta-
• Atividades que consomem recursos - tempo, e modelagem de processo, com acompanha- belecer como e quais evoluções de processos
finanças, equipamentos e outros; mento das tarefas pelos executores e respon- serão feitas, de acordo com planejamento e es-
• Ferramentas de softwares utilizadas (exem- sáveis, assim como os procedimentos opera- tratégias corporativas.
plo, sistema de gerenciamento de dados geo- cionais disponibilizados, de forma a avaliar sua Após diagnosticar os processos que geram da-
lógicos); eficiência e clareza. dos e informações em cada projeto ou opera-
• Indicação do tempo e ciclo de execução, cujos O cenário atual é denominado As Is e o cená- ção mineira, são descritas suas características,
tais como:
• executores das tarefas e processos;
• procedimentos e orientações para realização
Figura 3: Exemplo de BPMN nível 1 (Cadeia de valor: Gestão de Dados Geológicos) das tarefas;
• formas de mensurar o desempenho;
• tempo de execução das tarefas, ciclos e pro-
cessos; e
• recursos utilizados na execução das tarefas:
profissionais envolvidos, materiais, capital,
equipamentos e outros.
A Figura 2 organiza todos os processos verifi-
cados para a cadeia de valor do dado geológico.
A Figura 3 ilustra um BPMN conceitual, para
primeiro nível.
Na próxima edição iremos para as próximas
etapas do Módulo 2 do GDQM, para otimização
do fluxo de trabalho dos projetos e operações
mineiras. Continue por aqui!
REFERÊNCIAS:
CUCHIERATO, G. (2022), A importância da qualidade da informação no processo de declaração de recursos minerais. 293 f. (Tese de Doutoramento em Engenharia de Minas).
Departamento de Engenharia de Minas e do Petróleo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.
1Geóloga e Mestre em Recursos Minerais pelo IGc-USP, Doutora em Engenharia Mineral pelo PMI-EPUSP e Diretora Executiva da GeoAnsata Projetos
e Serviços em Geologia
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GENBUDO: minegaleria
A CAVERNA DE BASALTO
Em 1926, Motonori Matsuyama, professor da Universidade Imperial placas, que explica o movimento das placas oceânicas e continen-
de Kyoto (atual Universidade de Kyoto), no Japão, visitou Genbudo tais, intimamente ligada à reversão da polaridade magnética. A teoria
ou Caverna do Basalto, em português, uma formação geológica contribui para que se possa entender que a atividade vulcânica e os
composta por cinco cavernas localizada na costa do Rio Maruyama, terremotos acontecem devido ao movimento das placas geológicas,
na cidade de Toyooka. Lá, o estudioso faria uma das descober- que causa colisões e atritos. A reversão magnética pode ser atestada
tas mais importantes no campo da Geologia: a de que o campo por qualquer visitante que se poste à frente da entrada de Genbudo
geomagnético local, determinado pelo ferro contido no basalto (Foto 1), com uma bússola na mão. Ele verá que o instrumento de
formado pela erupção vulcânica do Monte Futami, há 1,6 milhão orientação mostrará direções completamente inesperadas, devido
de anos, estava invertido de sua orientação atual. A partir dessa aos níveis magnéticos registrados na rocha.
constatação, o professor formulou uma hipótese de que o cam- Monumento natural do Japão desde 1931, Genbudo é formada por
po magnético da Terra havia invertido sua polaridade no passado. cavernas batizadas com o nome de quatro criaturas mitológicas chi-
Desconsiderada à época e rotulada como “inacreditável” por cien- nesas: Genbu (Tartaruga Negra), Seiryu (Dragão Azul), Byakko (Tigre
tistas, a teoria somente seria comprovada após sua morte. Isso por- Branco) e Suzaku (Fênix do Norte e Fênix do Sul, em fotos 2 e 3).
que novas descobertas indicaram que faixas de polaridade atual e Todas são feitas de colunas com formato poligonal distinto, em pa-
polaridade invertida foram descobertas em cadeias de montanhas drão de favo de mel (Foto 4), formando prismas hexagonais que se
submarinas formadas em locais onde o magma sobe, provando que estendem por várias dezenas de metros de altura, constituindo uma
nada menos que onze reversões da orientação do campo magnético parede de basalto. Originalmente eram usadas para a extração de
da Terra haviam ocorrido em 3,6 milhões de anos. pedras ornamentais para jardins e agregados para a construção de
A hipótese de Matsuyama passou a ser aplicada em todo o mundo muros e fundações de casas, atividade cessada com seu desmora-
no processo de envelhecimento de estratos rochosos desde então. mento parcial, em 1925, no Grande Terremoto de Tajima. O reflexo
Também serviu de base ao estabelecimento da teoria da tectônica de da caverna Seiryu em um lago é um espetáculo à parte (Fotos 5 e 6).
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2-5
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