O Novo Momento Da Vale: Amazônia

MINERAÇÃO - METALURGIA - SIDERURGIA - PETRÓLEO Ano XXXIV - Outubro de 2017 - No 375 - R$ 15,00 - ISSN 0102-4728
AMAZÔNIA
O NOVO MOMENTO DA VALE
CONGRESSO DE MINERAÇÃO: O INÍCIO DA RETOMADA?
Editorial
Mudança de ânimo
E
mbora não otimista, pelo menos um as companhias mineradoras, que antes mudanças no código, o empresariado do
pouco animado. Esta foi a percepção pensavam apenas em como iriam sobre- setor foi enfático ao rejeitar as alterações
que tivemos do setor mineral duran- viver, voltaram a pensar em investir. E os propostas para a CFEM. Para eles, no
te o seu principal evento, o Congresso recursos financeiros para investimento, momento em que precisam de incentivos
Brasileiro de Mineração/Exposibram, que haviam minguado no mercado, o governo lhes pede mais sacrifícios, já
realizado em Belo Horizonte, em setem- começaram a ressurgir, ainda que em que a nova base de cálculo e as alíquotas
bro passado. Um clima bem diferente bases bem mais modestas. Prova disso oneram mais a atividade. O governo e
daquele vivenciado em 2015 quando, é que só neste semestre duas empresas os parlamentares que apoiam as mu-
aliado à crise de preços e de demanda com ativos minerais no Brasil farão oferta danças, por sua vez, argumentam que o
para as commodities minerais, havia pública de ações em bolsas internacio- Brasil tem os royalties mais baixos entre
as incertezas quanto às políticas para o nais e certamente terão sucesso em suas os países mineradores. Os empresários
setor, após as tentativas fracassadas de empreitadas. também criticaram o fato de se fazer as
mudanças nas regras para a atividade É claro que ninguém sonha mais com mudanças via medida provisória, fazen-
de mineração no País e a turbulência as taxas de retorno de investimento que do com que as novas alíquotas passem a
política que levaram ao impeachment da vigoraram na época do boom mineral, o valer a partir da data de edição das MPs.
Presidente da República. chamado superciclo. Mas já se vê que a E que as MPs inibem o debate público.
O quadro de desânimo que predo- mineração pode ter as taxas de rentabili- A palavra final, nesse debate, está
minou naquela época se amenizou. As dade e retorno que registra historicamente com o Parlamento, que tem até 28 de
pessoas se mostraram um pouco mais nas épocas de normalidade do mercado. novembro para decidir se aprova ou não
esperançosas. Na Exposibram, os repre- A questão é que o Brasil não está sozinho as medidas que estão sendo propostas.
sentantes daquelas empresas que exibiam nessa briga pela atração de investimentos Seja qual for o resultado, o que se espera
produtos e tecnologias se mostravam para a mineração, porque há vários outros é que se tenha uma decisão. Porque as
menos céticos quanto às possibilidades países, com ou sem tradição mineral, que incertezas que vigoraram desde que
de novos negócios. Havia maior interesse também estão no páreo. se propôs um novo marco regulatório
por parte do público comprador. E aqui entra a questão da política para o setor certamente contribuíram –
Nas conferencias do congresso, mos- mineral. Como todos sabem, o governo e muito – para o
trava-se que as condições do mercado lançou o Programa de Revitalização da quadro de parali-
haviam melhorado, que os preços das Indústria Mineral Brasileira, editando sia e de desânimo
commodities minerais já não estavam três Medidas Provisórias que basicamen- que contaminou a
tão deprimidos, que os negócios vol- te criam a Agência Nacional de Minera- atividade. ☐
tavam a acontecer e que projetos que ção, introduzem mudanças no Código
haviam sido paralisados ou suspensos de Mineração e alteram a base de cálculo
tendem a sair novamente das gavetas e as alíquotas da CFEM. Embora con- Francisco Alves,
e se transformar em pedidos. Ou seja, corde em linhas gerais com a ANM e as Editor
NESTA EDIÇÃO CONGRESSO DO IBRAM

Marcando o início da retomada da mineração? ................................................ 24
AMAZÔNIA PELAS PEDRAS DO CAMINHO MINERAL
S11D alcança 25% da capacidade e já melhora desempenho da Vale ............... 08 Os óculos de Morales......................................................................................... 32
Adequação da Usina 2 de Carajás para aumento de
capacidade de processamento de canga........................................................... 12 ECONOMIA MINERAL
Projeto da Imerys aumenta recuperação, Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) e sua aplicação na mineração......................... 34
melhora qualidade e gera menos rejeito .......................................................... 22 EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS..........................................40
BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017 3

Do mundo
da mineração
para o mundo
das pessoas.
Da união da Votorantim Metais, empresa líder em mineração
de zinco no Brasil, e da Milpo, líder no Peru, nasce a Nexa:
uma empresa global, feita por pessoas que pensam não só
no futuro da mineração, mas no futuro das outras pessoas.
Para a Nexa, tão importante quanto extrair do solo os recursos
essenciais a áreas como tecnologia, mobilidade, agricultura
e infraestrutura, entre outras, é deixar um legado de orgulho,
prosperidade, e desenvolvimento por onde passa.
Bem-vindo, somos Nexa.
4 BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017

CONSELHO CONSULTIVO
ISSN 0102-4728 Para orientação de sua linha editorial, principalmente a avaliação do conteúdo técnico de seus artigos, Brasil
Diretor Editorial Mineral constituiu o seu Conselho Consultivo, integrado pelos profissionais relacionados abaixo e que, além
Francisco E. Alves de serem conhecidos no setor, possuem notória competência. Esclarecemos que estes profissionais participam
[email protected] do Conselho em caráter pessoal, não representando a posição das empresas ou entidades em que atuam.
Diretor Comercial
Sérgio de Oliveira
Antenor F. Silva Júnior Joel Weisz
[email protected]
Engenheiro de Minas Engenheiro
Redação
Francisco E. Alves (editor) Antonio Luiz Sampaio Carvalho José Jaime Sznelwar
[email protected] Advogado Engenheiro de Minas
Mara Cristina Fornari
Antonio Stellin Jr. José Márcio J. Paixão
[email protected]
Engenheiro de Minas Engenheiro Químico
Rodrigo Gabai
[email protected] Arthur Pinto Chaves José Mendo M. de Souza
Engenheiro Metalurgista Engenheiro de Minas e Metalurgista
Contatos Publicitários Breno Augusto dos Santos Kenro Matsui

Marta Camargo Geólogo Geólogo
[email protected]
Carlos Oití Berbert Lélio Fellows Filho
Raul Molinário Júnior Geólogo Engenheiro
[email protected]
Daniel Debiazzi Neto Luciano de Freitas Borges
Publicidade e Redação
Engenheiro Geólogo
Rua Eugênio de Medeiros, 499
Pinheiros - 05425-000 - São Paulo - SP Elmer Prata Salomão Luiz Enrique Sanchez
Tel: (11) 3814.6899 Geólogo Engenheiro de Minas
e-mail: [email protected]
www.signuseditora.com.br Eugenio Singer Manoel Régis de Moura Neto
Engenheiro Geólogo
Produtor Gráfico/Capa
Alexandre Paes Dias
Fernando Lins Maria Amélia Enriquez
Impressão Engenheiro Economista
EGB Gráfica
Tiragem Fernando Valverde Maria José G. Salum
15 mil exemplares Geólogo Engenheira de Minas
Periodicidade
Flávio A. Brinckmann Orlando Generoso
Mensal
Engenheiro de Minas Engenheiro de Minas
Editada pela Signus Editora Ltda. Brasil Mineral é diri- Francisco R. C. Fernandes Olintho P. Silva
gida às empresas de mineração, metalurgia, siderurgia, Economista Eng. de Minas, Metalurgista e Civil
ferroligas, petróleo, engenharia e projetos, geologia,
consultoria, entidades de classe do setor, órgãos gover-
Giorgio De Tomi Paulo César de Sá
namentais afins a esses ramos de atividade e escolas.
A assinatura é paga.
Engenheiro Economista
Todos os direitos reservados. Nenhuma informação dessa
Hildebrando Hermann Renato Ciminelli
edição poderá ser copiada ou reproduzida por qualquer
meio, impresso ou eletrônico, sem permissão por escrito Advogado Engenheiro Químico
da Editora.
Homero Delboni Jr. Rolf Georg Fuchs
Engenheiro Jornalista
Diretor Responsável
Postada em Novembro de 2017
Francisco Evando Alves (Mtb 11698) Iran Ferreira Machado Virgínia Ciminelli
Filiada à Geólogo Engenheira
João Luiz Nogueira de Carvalho Umberto Raimundo Costa

Engenheiro Geólogo
Amazônia
S11D alcança 25% da capacidade

e já melhora desempenho da Vale
Francisco Alves
N
ove meses após sua entrada em operação co- da Serra Sul está sendo utilizado para blendagem de Carajás, que também responde por 21% de
mercial, o S11D Eliezer Batista, projeto que é com minérios de mais baixo teor e maior índice blend. Com isto, a previsão é que a Vale tenha um
um marco na história da Vale, já movimentou de contaminantes no exterior. O custo caixa da ganho adicional de US$ 400 a US$ 600 milhões
em seus pátios de minério mais de 12 milhões de empresa também está sendo reduzido e a previsão no segundo semestre de 2017, valor que deverá
toneladas de minério de ferro de alto teor e caminha é que, quando o S11D Eliezer Batista estiver com seu ser ainda maior em 2018.
para alcançar em dezembro de 2017, 25% de sua ramp up totalmente concluído, o custo estimado de Com o empreendimento, o investimento
capacidade nominal (de 90 milhões de toneladas). produção chegue a US$ 7,7 por tonelada de minério em manutenção também será reduzido, caindo
Até setembro de 2017, a Vale produziu no Sis- de ferro produzida, certamente o mais baixo entre para US$ 1,8 por tonelada, contra uma média
tema Norte 122,4 milhões de toneladas de minério todos os produtores mundiais de ferro. Atualmente, de US$ 2,8/t na empresa e US$ 2,4/t em Carajás.
de ferro, um acréscimo de 13,9% em relação ao o custo de produção de minério de ferro da Vale está Sem contar que o projeto deve contribuir para
mesmo período de 2016, principalmente devido em US$ 15,2 por tonelada e especificamente em aumentar o Ebitda (lucro bruto) da Vale entre
ao ramp up do S11D. Carajás está em US$ 12,9 por tonelada. quatro e seis dólares por tonelada produzida.
A operação já está contribuindo para melhorar Carajás tem sido decisivo para que a Vale Ou seja, o S11D Eliezer Batista vai contribuir
a recuperação global da Vale e os preços de co- possa melhorar a realização de preços. Hoje 38% para a otimização de toda a cadeia de valor da
mercialização dos seus produtos, já que o minério das vendas de minério da empresa é proveniente companhia.
Marcos importantes capacidade nominal. Isto quer dizer que das 8
Segundo a Vale, o S11D registrou, em sua im- mil toneladas por hora já foram alcançadas 6.500 25% da capacidade nominal projetada, como
plantação e ramp up, alguns marcos importantes: t/h. O sistema operou com maior produtividade, já mencionado, e a previsão é que até 2020 se
o projeto foi entregue e comissionado antes do produzindo mais minério do que o planejado. chegue a 100% da capacidade nominal.
prazo previsto, a produção de cada sistema tru- Em agosto, por exemplo, a produção alcançou Em termos de volume de produção, até agos-
ckless (sistema de lavra que não utiliza caminhões 2,3 milhões de toneladas. Um dos motivos do to de 2017 haviam sido produzidas 12 milhões
para o transporte do minério), separadamente, bom andamento na fase de ramp up do sistema de toneladas e entre setembro e dezembro a
está sendo melhor do que o planejado, trata-se do truckless é que os operadores dos sistemas foram produção prevista é de 9 a 11 milhões t, perfa-
projeto com maior uso de automação e tecnolo- treinados em empresas no exterior com longa zendo um total, em 2017, entre 21 e 23 milhões t.
gias inovadoras da companhia e o treinamento na experiência em operações de minas com correias
operação do sistema de correias transportadoras transportadoras. A capacidade nominal deve ser Desafios
foi realizado através de um programa robusto e alcançada de forma sustentável até 2020. Por sua dimensão e características, o S11D
contínuo, além de outros pontos. O sistema de correias transportadoras teve apresenta alguns desafios, segundo a Vale, como
A empresa informa que todos os sistemas das o seu start up em setembro de 2016 e foi comis- a transição da fase de comissionamento para
minas iniciaram operação antes do cronograma sionado já com a capacidade nominal de 17 mil produção integrada dos diversos sistemas, a
previsto. Em março de 2017 entrou o sistema toneladas/hora. Na planta, todas as áreas foram previsibilidade da lavra dos materiais compactos
3, que estava previsto para julho deste ano, em comissionadas e estão operando. na mina para permitir a produção integrada dos
julho entrou o sistema 4 (previsão novembro de O pátio de estocagem já movimentou mais diversos sistemas e a mobilidade dos britadores
2017), em agosto entrou o sistema 1 (o que deve- de 12 milhões de toneladas de minério e no para materiais compactos. A eficiência da lavra
ria ocorrer em dezembro 2017) e em outubro foi terminal de carga do trem já foram carregados com o sistema truckless requer que a maior
iniciada a operação do Sistema 2, originalmente 310 trens com 330 vagões cada um. parte do material a ser lavrado seja friável. Daí
previsto para janeiro de 2018. De acordo com a Em dezembro de 2017, quando completa a importância da previsibilidade da lavra dos
Vale, o sistema truckless já atingiu 81% de sua um ano da inauguração, o S11D deve atingir materiais compactos, já que os sistemas de mina
Amazônia
Todos os sistemas das minas iniciaram as operações antes do cronograma
operam de forma independente. cuperadoras, 2 empilhadeiras/recuperadoras e ra, recuperadoras e correias transportadoras) já

4 pátios de estocagem. foram concluídos e estão operando. Duas outras
Logística Também foi requerida a construção de um empilhadeiras/recuperadoras estão previstas para
Com a produção adicional do S11D, a capa- novo berço (o píer 4, no berço norte), aumen- serem entregues no segundo trimestre de 2018.
cidade logística do Sistema Norte pode chegar tando a capacidade de movimentação para 230 No terminal marítimo, todas as obras estão
a 171 milhões t em 2017, devendo evoluir para milhões t. No porto, as obras estão com mais de concluídas e o porto está em operação, já tendo
200 milhões t em 2018, chegando a 217 milhões 91% de avanço físico. Segundo a Vale, os princi- sido embarcadas 20,8 milhões de toneladas de
t em 2019 e finalmente alcançando a capacidade pais ativos (como viradores de vagão, empilhadei- minério (até agosto de 2017). 
de 230 milhões até 2020.
A expansão da parte de logística requereu a
construção do ramal ferroviário com 101 km,
conectando a mina S11D com a ferrovia princi-
pal, a duplicação de 570 km da Estrada de Ferro
Carajás e a renovação de um trecho de 220 km,
elevando a capacidade para 230 milhões t. Na
ferrovia já foram duplicados 470 km, entregues
43 das 46 pontes e viadutos, e 26 de 46 pontes
sobre a ferrovia. Assim, hoje a capacidade do
sistema está em 171 milhões toneladas.
No porto, foi necessária a construção de
uma nova infraestrutura onshore, incluindo
dois viradores de vagão, 1 empilhadeira, 2 re-
Elfe: tecnologia, segurança e
competitividade em todo o país
Com histórico em operações de alta com- • Caldeiraria, Solda e Usinagem TECNOLOGIA
plexidade em seus 23 anos de existência, a Elfe • Instalação e substituição de seções de dutos O uso da internet das coisas, também conheci-
construiu um currículo de bons serviços prestados • Pintura industrial da como IoT (internet of things, na sigla em inglês),
em manutenção industrial e facilities, atendendo • Manutenção de caldeiras é um dos diferenciais da empresa quando se fala
aos principais setores da economia com cobertura em Indústria 4.0, ou a Quarta Revolução Industrial.
em todo o território nacional. É com esse nível de Dois produtos de ponta resultaram do desenvol-
competitividade que pretende ampliar sua atuação vimento dessa tecnologia: o MachineFlow e o
no segmento de mineração. Smartfield, ferramentas com alta capacidade de
A empresa possui experiência, qualificação solução e baixo custo para os padrões de mercado.
técnica e processos maduros de SMS, sempre O MachineFlow prevê a necessidade de ma-
reafirmando seus compromissos com segurança, nutenção de equipamentos de pequeno e grande
meio ambiente e saúde. Conta com mão de obra portes. Por meio de sensores, aplicativos e B.I.
altamente treinada e qualificada e governança (Business Intelligence), monitora o funciona-
forte e atuante. mento de máquinas através de indicadores como
Como diferencial de mercado, está empregan- vibração, temperatura e desequilíbrio elétrico.
do o melhor das inovações tecnológicas para gerar Assim, a própria máquina avisa quando precisa
eficiência e produtividade aos clientes. Com um de manutenção.
pacote de serviços que usa a arquitetura da inter- O SmartField é uma plataforma composta por
net das coisas (IoT), tem conquistado excelentes • Manutenção de turbomáquinas ambiente web online, app mobile e BI integrado,
resultados tanto nas linhas de produção quanto na • Chapeamento e revestimento de cromo e para gestão eficaz de serviços executados. Permite
segurança do colaborador durante o desempenho metalização visualização de status de ordens de serviço, dados
de suas atividades. • Monitoramento de corrosão coletados em campo e localização de colaborado-
Com tecnologia, experiência, qualidade téc- res. Tem sido um grande aliado na segurança dos
nica e portfólio amplo de serviços, a empresa está FACILITIES (SERVIÇOS) trabalhadores.
sempre preparada para atender com excelência • Operação e manutenção predial e técnica
às áreas de manutenção industrial e de facilities. • Conservação e limpeza ABRANGÊNCIA E CREDENCIAIS
• Manutenção de áreas verdes Presente em 23 estados e no Distrito Federal e
MANUTENÇÃO INDUSTRIAL (SERVIÇOS) • Manutenção e limpeza de vias e rodovias com três centros de serviço operacionais nas regi-
• Manutenção preditiva, preventiva e corretiva • Vigilância e controle de acesso ões Sul, Sudeste e Nordeste, a Elfe tem capacidade
nas especialidades de mecânica, elétrica, • Hospitalidade - recepção e portaria de atendimento em todos os estados do país.
Instrumentação e automação • Obras e reformas prediais e provações legais Além disso, possui as principais certificações
• Manutenção em paradas operacionais de • Planejamento e operação logística nacionais e internacionais: ISO 9001 (qualidade),
médio e grande • Monitoramento e gerenciamento de utilities ISO 14001 (gestão ambiental), ISO 18001 (saúde e
• Construção, montagem, comissionamento e (água - gás - energia) segurança), ISO 19600 (compliance) e ISO 37001
operação de unidades de médio porte • Gestão em tempo real (antissuborno).
Amazônia
Figura 1: Instalações das Usinas instaladas no Complexo Carajás

Fonte: Vale SA. 2016
Adequação da Usina 2 de Carajás para aumento

de capacidade de processamento de canga (*)
Leonardo Marques Braga (1), Lys Tavares (2) e Tanara Santos (3)
U
ma das maiores e principais minas de Canga pode reduzir o custo da produção e otimizar maior operação da Vale, principalmente pelo fato
minério de ferro da Vale está localizada as reservas. de ser maior produtor de minério de alto teor de
em Carajás, estado do Pará. Com elevadas ferro e mínima concentração de contaminantes
reservas de alto teor de ferro, Carajás é uma ope- Contextualização do processo do mundo. A operação de Carajás teve início
ração de suma importância para a Vale em busca do minério de ferro em Carajás em 1985, a partir da Usina 1, e atualmente conta
desse posicionamento. Para suportar o aumento O Complexo Mineral de Carajás está locali- com mais três instalações de beneficiamento,
de produção, foram realizados investimentos de zado no estado do Pará. É considerado como a distribuídas conforme a figura 1:
grande relevância na região, dentre eles os projetos
+40Mtpa (Usina 2 Serra Norte) e +90Mtpa (S11D
– Eliezer Batista).
A performance operacional desses dois empre-
endimentos será decisiva para consolidação da Vale
no patamar diferenciado entre seus concorrentes
australianos, suportando a empresa no futuro. Com
esse foco, em Serra Norte todas as oportunidades
de aumento de performance, redução de custos e
ganhos em produtividade precisam ser estudadas,
exaustivamente, de forma a tornar realidade essa
importante estratégia.
Dentre esses estudos, apresentou-se o aumento
do processamento de Canga, minério com baixo
teor de ferro até 62%, porém com características
químicas e físicas que tornam seu beneficiamento
muito mais difícil e penoso para as Usinas. Por
definição, as Usinas foram projetadas para o pro-
cessamento de Hematita Friável, minério de maior Figura 2: Principais marcos históricos - Complexo Carajás
reserva e volume. Entretanto, o beneficiamento de Fonte: Vale SA. 2017

• Usina 1 (Capacidade Instalada de 94Mt): Resumo Foram utilizadas as metodologias de estudo de perfil
Britagem Primária (4); Britagem Secun- As mudanças mercadológicas e crises do preço de de perdas, de análise de causa raiz e Metodologia de Seis
dária (1); Peneiramento Secundário (6 minério de ferro vividos nos últimos anos estão mudando Sigmas. Base nessas referencias, foi possível implementar
linhas a úmido e 11 linhas a umidade o panorama de competitividade, abrindo espaço para novas ações efetivas que aumentaram a performance da Usina,
natural); Peneiramento Terciário (6 linhas necessidades que pressionam as empresas na busca de permitindo produção em patamares do projeto inicial,
a umidade natural); Britagem Terciária (1); inovações. Para tal, há muito trabalho a ser feito e um deles mesmo com alimentação de minério a ser processado com
Ciclonagem (4 baterias) e Filtragem (8); é atingir a produtividade das empresas de classe mundial. maior partição de Canga.
• Usina 2 (Capacidade Instalada de 40Mt): O presente trabalho apresenta um caso de sucesso na O trabalho, do ponto de vista histórico, é inovador, uma
Britagem Primária (1); Britagem Secundá- adequação das Usinas de Carajás, em especial a Usina 2, para vez que não havíamos processado um percentual tão eleva-
ria (1); Peneiramento (10 linhas a umidade aumento de sua capacidade no processamento de Canga. do de canga em uma usina, conseguindo a performance de
natural) e Britagem Terciária (1); Os conceitos estudados anteriormente na concepção indicadores de classe mundial, sem que tivéssemos perdas
• Usina 3 (Capacidade Instalada de 18Mt): e construção do projeto precisaram ser revistos e ajustados de performance.
Peneiramento de Finos (8 linhas a umi- à prática da produção com um desafio de aumentar o
dade natural, distribuídos em 2 circuitos); processamento de canga na alimentação, tendo em vista as Palavras-chave: Processamento Mineral, Beneficia-
• Usina 4 (Capacidade Instalada de 3Mt): demandas de redução de custos, ganhos de produtividade, mento de Minério de Ferro, Processamento de Canga, Seis
Peneiramento de Rejeito de Barragem (2 ganhos de competitividade, gerando impacto positivo aos Sigmas, FMEA, Performance Operacional.
linhas a umidade natural). resultados da Vale.
No início do projeto, a Usina 1 era constitu-

ída somente por britagem primária, britagem móveis (BSM I, III, IV) e modificada, com a Em 2009 teve início a Usina 3, com 8 li-
secundária e classificação por peneiramento implantação do projeto de conversão das linhas nhas de produção, todas com classificação a
via úmida (12 linhas) e classificadores espirais. umidade natural, chegando nas configurações umidade natural; em 2010 a Usina 4, com o
Com o passar dos anos, devido ao aumento de atuais, com classificação mista, com peneira- reprocessamento de rejeito a umidade natural;
produção, a mesma foi sendo ampliada, com o mento a úmido (6 linhas) e a umidade natural e em agosto de 2013, a Usina 2 teve seu start
surgimento das instalações de britagens semi- (11 linhas). up, sendo composta por 10 linhas de produção,

Amazônia
todas com classificação a umidade natural. A
figura 2 mostra os principais marcos de Carajás
ao longo da sua história.
A produção de Carajás, ao longo desses anos,
tem comportamento ascendente, ultrapassando
patamares de 140Mta, conforme pode ser verifi-
cado na figura 3. Vale salientar que esse patamar
de produção foi sendo construído ao longo do
tempo, tendo em vista os novos projetos e me-
lhorias/adequações implantadas na área.
Figura 3: Histórico de produção - Complexo Carajás

Fonte: Relatório de Desenvolvimento Anual: site www.vale.com. 2017 Mudança de patamar
Projeto Adicional 40 (Usina 2)
Dentre os marcos históricos mencionados,
merece destaque o projeto Usina 2 (inicialmente
denominado Projeto +40Mta), principalmente
na fase de Adequação da Usina à Alimentação
de Canga.
Conforme premissas iniciais, o ROM (Run
Of Mine) seria oriundo da mina de N4WS, sen-
do então constituído 100% de hematita friável.
Vale salientar que as formações ferríferas de
Carajás são compostas por diferentes tipolo-
gias de minério de ferro, todos pertencentes
a fácies óxidos (BEISIEGEL, 1982) e, dentre
estes, os principais tipos de minérios encontra-
dos são hematita (minérios ricos em óxidos e
hidróxidos de ferro), jaspilitos (protominérios)
e canga (material superficial, que apresenta
teor significativo de ferro e fósforo), segundo
JUNIOR&TAKEHARA, 2013.
Figura 4: Fluxograma Usina 2 A atual definição de canga foi dada por
Fonte: Apresentação Projeto Adicional 40. 2013 DORR (1969), que a classificou em quatro
tipos: detrítica, estruturada, rica e química.
A primeira corresponde a uma rocha rica
em ferro de origem detrítica formada pela
litificação de seus fragmentos - geralmente de
itabiritos, minério com alto teor de hematita e,
ocasionalmente, de filito e quartzo – derivados
de rochas imediatamente adjacentes ou subja-
centes, cobrindo principalmente itabiritos. A
canga estruturada é quantitativamente menos
importante e estritamente não corresponde à
canga, mas ao itabirito intemperizado. Por sua
feição fisiográfica e aspecto físico muito seme-
lhantes, foi classificada como canga. Já o termo
canga química foi aplicado para a canga com
poucos fragmentos detríticos e muita limonita.
Geralmente, é muito aluminosa e mais frequente
em encostas suaves. A canga rica, por sua vez,
corresponde à rocha com fragmentos predo-
minantemente de hematítico e seu conteúdo de
ferro é comumente acima de 64%.
No que tange à instalação de beneficiamento,
Figura 5: Curva de Produção Mensalizada Projeto Adicional 40 - atual Usina 2 conforme figura 4, a mesma é constituída por
Fonte: Apresentação Projeto Adicional 40. 2013 uma instalação de britagem primária (BSM5),
britagem secundária (SIZER), Pátio de Regula-
rização, Peneiramento Secundário (todas as 10
linhas a umidade natural) e Pátio de Estocagem.
Com isso, a capacidade instalada seria
equivalente a 40,29Mta, sendo 14,04Mta no
período chuvoso e 26,25Mta no período seco,
conforme 5.
Contudo, no período de start up/rump up,
o ROM planejado para a operação da Usina
2 não pode ser lavrado (processo de extração
do minério), devido a atrasos na liberação de
licenciamento ambiental. Com isso, visando ao
Figura 6: Capacidade Simulara versus Partição de Canga na Alimentação contínuo andamento do projeto, foi verificada
Fonte: Estudo de Capacidade, 2015 a necessidade de alteração do ROM a ser ali-
mentado na instalação de beneficiamento e, por
conseguinte, da sua composição mineralógica,
saindo de hematita para canga estrutural.
Como mencionado anteriormente, a canga
é um material superficial, que apresenta teor
significativo de ferro e de contaminantes, princi-
palmente alumina e fósforo, contaminantes estes
que podem gerar grandes impactos na produ-
ção, tanto na etapa de cominuição, como na de
classificação e manuseio ao longo dos circuitos.
Consequentemente, ao passo que a operação da
Usina 2 ocorreu, diversas restrições começaram
a surgir nos circuitos, sejam eles de natureza
mecânica ou de operação, começando a impactar
na capacidade produtiva e, consequentemente,
no atingimento do orçamento de produção.
Tendo em vista esse novo cenário, um grupo
multidisciplinar da Vale propôs avaliar a capaci-
Figura 7: Linha 1 britagem terciária
dade da Usina 2 através de simulação dinâmica
Fonte: Estudo de Capacidade das Usinas
dos processos de cominuição e classificação. A
partir desse estudo, constatou-se que o aumento
de canga reduz significativamente a capacidade
de produção, conforme pode ser observado na
figura 6.
Dessa forma, através da análise das restri-
ções existentes e dos impactos de variação de
canga na alimentação ROM, foi possível propor
estratégias de adequação às possíveis restrições
encontradas.
Premissas de simulação
A base de dados utilizada no trabalho é
retirada do sistema oficial de gestão de paradas
GPV-M (Gestão de Paradas Vale – Manutenção),
no período de agosto de 2014 a julho de 2015.
Para a simulação, as paradas foram divididas
em três grupos, sendo eles: paradas de manuten-
ção preventiva, paradas de manutenção corretiva
e paradas operacionais. As paradas operacionais
foram estrategicamente divididas em dois pe-
Figura 8: Exemplo de curva no Weibull. ríodos, sendo esses: chuvoso (janeiro a maio)
Fonte: Estudo de capacidade e seco (junho a dezembro). Para as paradas
Amazônia
Tempo de manutenções preventivas
Para input das manutenções preventivas foi
considerado o calendário de 52 semanas pre-
visto para 2016. Os períodos das paradas estão
descritos a seguir:
PGU BSM 5 / TCLD / Sizers: 41 horas;
periodicidade mensal;
PGU Classificação: 30 horas; periodicidade
mensal e sequenciada à PGU item 1;
Sizers: 1,5 horas a cada 8 dias;
Linhas da Classificação: 30 horas por linha;
intercaladas; periodicidade mensal;
Overhaul Peneiras: 336 horas por peneira;
5 equipamentos por ano;
Linhas da britagem terciária: 24 horas por
linha; intercaladas; periodicidade mensal;
Overhaul Britadores: 240 horas por brita-
dor; seis equipamentos por ano.
Figura 9: Dados no bloco
Fonte: Estudo de Capacidade Construção do modelo da usina
Para construção do modelo de simulação da
Usina 2, o mesmo foi realizado através de dia-
grama de bloco de confiabilidade no Blocksim
(suporte Weibull), e reconstruído representando
a Usina 2 no período seco e no chuvoso.
A Usina 2 foi construída equipamento a
equipamento, onde cada um desses representa
um ativo com blocos de paradas operacionais e
paradas de manutenção. Como por exemplo, a
linha 1 da britagem terciária (figura 7).
No exemplo da linha 1, observa-se que o
mesmo está em configuração de série, ou seja,
Figura 10: Conceito do Projeto todos os equipamentos devem estar operacionais
Fonte: Estudo de Capacidade para o sistema funcionar. Para a configuração
paralela os equipamentos são classificados como
redundantes, ou seja, o sistema permanece em
operação.
Durantes os testes realizados observou-se
que a subdiagramação representando proces-
sos inteiros e posteriormente a conexão desses
processos apresentou resultados distintos, entre
diagramas abertos e subdiagramas equivalentes
Figura 11:
e por este motivo o modelo foi evitado.
operacionais foi realizada a aglutinação dos equi- cessos de beneficiamento mineral – utilizado Especificamente para a modelagem das
pamentos geradores de mesma natureza (causa para calcular a carga circulante e as restrições linhas, foram criados grupos de manutenção
e falha), cujo tempo seja inferior a 2 minutos. de alimentação de acordo com o % de canga com um gatilho associado sempre ao primeiro
Foram aglutinadas também as paradas de no ROM alimentado da usina), Blocksim bloco, logo que o mesmo se torne indisponível
manutenção dos equipamentos geradores de (Software de simulação dinâmica por eventos na ocorrência de eventos de manutenção do pri-
mesma natureza (causa e falha), para períodos discretos para análise de confiabilidade, ma- meiro grupo, fazendo com que ocorra a divisão
de até 10 minutos. Foram contabilizadas as nutenibilidade, disponibilidade, capacidade da produção entre as demais linhas.
microparadas (paradas com duração inferior máxima (throughput) e custo do ciclo de vida), É válido salientar que o diagrama é de
a 2 minutos) de forma continua no tempo. Weilbull (Software para análise de dados de confiabilidade e não segue exatamente o fluxo
Outro item contabilizado são as paradas por vida) e ProModel(Software de simulação de de produção da usina. Um ponto relevante é
mau tempo em separado e a produção, simu- eventos discretos para planejamento, projeto e que o diagrama de confiabilidade não permite
lada em tbuc (equivalente a 0.98 da tbn). Os melhoria de novos ou atuais processos de ma- recirculação de material. Neste caso subtende-se
softwares utilizados no trabalho foram Usim nufatura, logística, serviços e outros sistemas uma referência circular e não uma recirculação
Pac (Software de simulação estática de pro- estratégicos, táticos ou operacionais). da produção. Logo, o circuito do peneiramento
Figura 12: Capacidade atual
Fonte: Estudo de Capacidade
secundário e a britagem terciária são represen- tem-se: a capacidade dos transportadores de to, a Usina 2 seria capaz de atingir 40 Mt por
tados em série. correia e a máquina de pátio. ano. Ou seja, foi verificada a necessidade de
Para a construção das curvas de confiabili- Foi inicialmente avaliado que as taxas pratica- execução das taxas originais de projeto, sendo
dade e manutenibilidade foi adotado o Weibull das eram inferiores às taxas de projeto, sendo que necessário realizar ações para se atingir as
e criação das curvas de natureza de manutenção os transportadores de correia estavam operando a mesmas (figura 13).
e operação, e realizado posteriormente o carre- 6.000 t/h (limitada a 7.200t/h) quando deveriam Foram realizadas duas análises, sendo que
gamento dos dados em cada bloco dos vários ter capacidade para operar a uma taxa nominal a primeira contou com a redução das paradas
equipamentos, como pode ser visto na figura 8. de 8.000 t/h e máxima de a 9.791t/h por projeto. por alimentação de mina, e mantendo as
É possível observar que na figura figura 9 Avaliando a simulação, é possível observar curvas de confiabilidade e manutenibilidade
são imputados a capacidade de produção, as que, com 0% de canga nas condições de proje- praticada pela usina (figura 14).
curvas de confiabilidade e manutenibilidade,
as paradas preventivas e outros itens relevantes
para a simulação.
É importante frisar que a taxa de alimentação
é fixa. Isso significa que não varia no tempo,
logo é limitado o resultado, não permitindo que
o modelo desenvolvido verifique a capacidade
de o processo absorver instabilidade da mina.
Para tanto foi realizada a alteração direta na taxa
média da BSM5, peneiras e britadores, com base
em simulações de variação de canga do UsimPac.
Resultados das simulações

O projeto adicional 40 Mt por ano tem a
seguinte configuração mostrada na figura 10.
Os resultados da simulação realizada no Figura 13: Resultados de capacidade, situação atual
Blocksim identificaram que a capacidade real
da usina, considerando as curvas de confiabili-
dade e manutenibilidade, é de 33,3 Mt por ano,
conforme pode ser observado na figura 11.
Foram feitas replicações das simulações por 10
sequencias, garantindo uma confiança de 95%
do resultado.
Logo, conforme figura 12, observa-se que,
com o incremento de canga no ROM, existe
uma queda da capacidade produtiva da usina.
Com base nos resultados de simulação,
observou-se que existem condições que res-
tringem a Usina 2, o que faz com que a mesma
Figura 14: Resultados de capacidade do projeto
não seja capaz de atingir a capacidade de Fonte: Estudo de Capacidade
projeto. Dentre razões para o não atingimento,
Amazônia
Figura 17: Alimentador com chute modificado

Figura 15: Resultados de capacidade da Usina 2 aum,entando a frequência de alimentação ROM
Fonte: Vale S.A.
Em relação a escoamento de material, foi rea-
lizada a revisão dos projetos, com simulações para
adequação dos mesmos.
Britagem Terciária – Usina 2

Como instalação relevante no processo de ab-
sorção de canga, foi realizado um estudo específico
para a instalação da britagem terciária, onde foram
avaliados os principais problemas existentes na
instalação, a fim de aumentar sua confiabilidade.
A britagem terciária possui 6 linhas de operação,
sendo alimentada por um transportador que envia
material a dois trippers e alimenta os seis silos,
Figura 16: Resultados de capacidade da Usina 2 com melhoria na confiabilidade da Usina posteriormente a seis alimentadores e finalmente
Fonte: Estudo de Capacidade aos seis britadores. Por fim, o material é processado
e retorna para o prédio de peneiramento secundário
É possível observar que a produção simu- dados levantados. através de transportador (figura 16).
lada é relativamente pequena para aumento Foi realizada análise estrutural dos transporta- Foi observado que o tempo médio entre falha
de produção. Mesmo com uma mina ideal, dores de correia e a engenharia da usina de Carajás praticada pela instalação era de 9,83 horas e avaliou-
irrestrita e infinita, a capacidade atinge um verificou que para o primeiro transportador era ne- se a necessidade de aumento deste para 17,91
patamar de 36,2 Mt. Logo esta seria a capaci- cessária a substituição de 94 perfis. Para os demais horas. Essas informações podem ser observadas
dade máxima da Usina 2, considerando que não foram necessárias readequações estruturais. na figura 17.
nenhuma ação fosse tomada para se atingir as
taxas de projeto, e indicando haver uma restri-
ção no processo que limita a esta capacidade.
A última condição foi de avaliação da
confiabilidade dos equipamentos, em especial
o circuito singelo. Foi observado que, de fato,
a confiabilidade impacta no desempenho da
usina. Entretanto, após um limite o aumento
da confiabilidade não representa resultado no
processo (figura 15).
Recomendações
Para cumprimento do Master Plan foram cria-
das ações. Dentre elas tem-se o reforço estrutural
de alguns equipamentos, simulação e reprojeto de
chutes. Em síntese, observou-se que as restrições
existentes na Usina 2 são oriundas da capacidade
dos equipamentos listados anteriormente. A en-
genharia de Carajás avaliou que as restrições são
decorrentes de questões estruturais e fluxo nos
chutes de carga e descargas dos transportadores Figura 18: Padronização da modificação dos chutes dos alimentadores da britagem
singelos. A tabela III.1 mostra resumidamente os Fonte: Vale S.A.

Foi realizada a modelagem da britagem no
Blocksim e imputadas as curvas de Weilbull nos
equipamentos, onde verificou-se que as falhas nos
alimentadores estavam impactando no desempenho
da instalação.
Foi realizada uma análise de modos de falhas e
seus efeitos para a instalação da britagem terciária,
tendo sido verificadas diversas falhas que estavam
impactando na performance da instalação, dentre
essas a quantidade levantada de eventos relaciona-
dos ao alimentador, já citado anteriormente.
Através da análise de FMEA, foi identificado
como possível solução a modificação do chute de
descarga para os alimentadores. Outros eventos
foram verificados como existentes e obtiveram os Figura 19: Comparativo do Produto da Usina 2 (Projeto x 2015 x 2016).
devidos tratamentos. Fonte: GPV-m
A engenharia realizou a modelagem do chute
de descarga nos alimentadores e visitas de campo,
recomendando o reprojeto do chute de alimentação
dos silos.
Após a modelagem, detalhamento do projeto e
fabricação os chutes dos alimentadores, os mesmos
começaram a ser instalados na área de acordo com o
cronograma de paradas (figura 18). A modificação
foi realizada para os 6 silos dos alimentadores, como
pode ser observado na figura 19:
Resultados e discussões
Apresenta-se a seguir os resultados obtidos com
a implementação dos trabalhos. Através dos estu-
dos realizados observou-se itens de oportunidade
para modificação de processos na Usina 2, como a
implantação das modificações propostas anterior-
mente, objetivando ganhos de natureza operacional,
manutenção, produtividade e redução de custos. Figura 20: Evolução de disponibilidade física da britagem terciária
As ações realizadas para adequação da usina 2 Fonte: OEE GETAN 2014, 2015 e 2016
visando o recebimento de canga foram, em resumo:
adequação estrutural do transportador, simulação Conforme orçamento de produção em 2016, o 2016, foi alcançada uma produção média de 34,3
e adequação dos chutes singelos da usina, e para a planejamento previsto da partição de canga redu- Mt, correspondente a um ganho preliminar de 36%
britagem terciária especificamente a adequação dos ziu para 15%. Pelo estudo de capacidade, com uma em relação ao ano anterior (figura 20).
chutes de descargas de dois alimentadores. partição de 15% de canga estrutural, a produção Além desse incremento, vale lembrar que, para
A seguir serão apresentados dados comparativos prevista seria em torno de 30,7Mta, sem adequação uma partição de canga de 23%, era esperada uma
do processo, antes e após a implantação das melho- da Usina 2, e 35,9Mta, após adequação da Usina. produção de 31,3Mta e a massa realizada foi de
rias propostas, ou seja, dados realizados do período Contudo, devido a necessidades internas, a 34,3Mt, ou seja, após as melhorias implantadas o
de 2014-2015 versus dados realizados no período partição de canga processada foi cerca de 23%. circuito da Usina 2 conseguiu não somente perfor-
2015-2016, respectivamente. Vale salientar que o Segundo figura 3.8, após implantação das ações mar como esperado, mas superou a meta em 10%.
percentual de canga estrutural orçado para 2016 mapeadas, com esse percentual de canga a Usina
era de aproximadamente 15%. 2 teria uma capacidade de processamento de Melhor performance dos indicadores
31,3Mta. Vale salientar que a premissa do pro- operacionais com alimentação de Canga
Aumento da Produção da Usina 2 jeto era 100% de hematita friável (“zero” canga Conforme figura 21, pode-se verificar que
Como já mencionado, devido a atraso na libe- estrutural), o que permitiria uma produção anual a partir das modificações propostas, mesmo
ração de licença ambiental, em 2015 foi necessário de 40Mta. com aumento da partição da canga estrutural,
alimentar a canga estrutural na Usina 2, chegando Dessa forma, verificando os resultados histó- o indicador de Rendimento Operacional teve
a uma partição média de 42%; de acordo com ricos, pode-se verificar que a produção executada um aumento de 5,6%, alcançando patamares
estudo de capacidade, com essa partição de canga em 2015 foi de 25,2 Mt, estando 37% abaixo do acima das premissas de projeto. Vale salientar
a produção prevista seria em torno de 20,2 Mta esperado pelo projeto. Todavia, após a implantação que, antes da implantação das ações, a Usina
(milhões de toneladas/ano). das ações mapeadas no estudo de capacidade em estava 2,4% abaixo das premissas de projeto.
Amazônia
inovador na área de beneficiamento mineral,
uma vez que não há histórico de processa-
mento de um percentual tão elevado de canga
estrutural em uma usina, conseguindo a per-
formance de indicadores de classe mundial.
Por fim, é possível concluir que as pro-
postas foram alcançadas com êxito, tendo
agora uma nova referência para utilização de
peneiramento a umidade natural com material
argiloso.
Vale salientar, ainda, que a partir do estu-
do realizado espera-se conseguir aumento da
partição de canga estrutural na Usina 1, cuja
capacidade produtiva é de 94Mta. ☐
Figura 21: Evolução de disponibilidade física da britagem terciária

Referências
Fonte: OEE GETAN 2014, 2015 e 2016 COSTA, M. L. Aspectos geológicos dos lateritos da
Amazônia. Revista Brasileira de Geociências. v.21
n.2, p.146-160. São Paulo, 1991.
Tabela 1: Recomendações para atingimento da capacidade DIRETRIZ VALE VPS: “VALE PRODUTION
SYSTEM” – 2011;
DORR, J.V.N. II. Supergene Iron Ores of Minas
Gerais, Brazil. Economic Geology, v.59, n.7, 1964.
DORR, J.V.N. II. Physiographic, stratigraphic and
structural development of the Quadrilátero Ferrífero,
Minas Gerais, Brazil. Paper USGS/Geological Survey
Professional, Washington, n.611-A, 110p., 1969.
GRUPO FOCADO VALE 2015. Estudo de Capa-
cidade produtiva Serra Norte Carajás. 2015.
GRUPO DE MANUSEIO NORTE. Trabalho Seis
Sigma: Reduzir o Tempo de Paralisação do Sistema
de Descarga do Porto da Ponta de Madeira Devido
a Impactos de Manuseio de Minério. 2011/2012.
JUNIOR, Farid Chemale Jr. & TAKEHARA, Lucy.
Geologia e Geometalurgia. 1ª edição, 2013, 202p.
Além disso, no que tange à Britagem Ter- Além disso, houve outros ganhos relativos
PINTO, A. K.; XAVIER, J. N. - Manutenção: fun-
ciária, houve melhoria nos indicadores de aos indicadores de manutenção e operação,
ção estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.
disponibilidade física (DF) e tempo médio os quais já foram descritos, o que também
entre falhas (MTBF), conforme Figura 22 e 23, ressalta a relevância do trabalho. SANTOS, Tanara; AGUIAR, Sandro. Trabalho
respectivamente. Vale salientar que processar canga estru- Seis Sigma: Aumento do Tempo Médio Entre Falhas
É possível observar a melhoria do MTBF tural em um circuito de beneficiamento a Mtbf Britagem Terciária Usina 2. 2015/2016
e DF da instalação, demonstrando robustez, umidade natural é um grande desafio, uma vez VIANA, Herbert Ricardo Garcia. PCM - Plane-
através do crescimento desses indicadores que que a composição química do mesmo dificulta jamento e Controle da Manutenção. Rio de Janeiro:
são reflexos da manutenção da área. o manuseio ao longo do circuito, pois, como é Editora Qualitymark, 2006
sabido, a elevada presença de argilominerais
Conclusões contribui para baixa performance do circuito
Em síntese, avaliando o período após de cominuição (britagem), dos circuitos de (*) Extraído do trabalho desenvolvido nas usinas
a implantação das melhorias sugeridas é classificação a umidade natural e principal- de Carajás e apresentado na primeira edição do
possível concluir que, mesmo com o acrés- mente no escoamento do minério nos chutes Prêmio Estadual de Inovação Mineral, promovido
cimo da partição da canga estrutural em um de transferência. pelo governo do Estado do Pará e Simineral
circuito cujas premissas de beneficiamento Dessa forma, tendo em vista os desafios
é peneiramento a umidade natural, houve postos, como aumento gradativo da partição
um aumento significativo da produção, com da canga no material da alimentação da Usina (1) [email protected]
um ganho efetivo de 8Mta entre os anos de 2, cujo processo ocorre 100% a umidade na- (2) [email protected]
2015 e 2016. tural, pode-se considerar como um processo (3) [email protected]
Venha debater “A Mineração Brasileira sob a ótica das Novas Regras para o Setor” e
saudar os executivos eleitos como Personalidades do Ano do Setor Mineral em 2017
FÓRUM BRASIL MINERAL

e premiação das
PERSONALIDADES DO ANO DO
SETOR MINERAL – 2017
Quando: 29 de novembro de 2017
Onde: Centro Empresarial e Cultural João Domingues de Araújo,
Praça General Gentil Falcão, 108 - São Paulo – SP
Horário: 14:00 horas
PERSONALIDADES DO ANO DO SETOR MINERAL

RUBEN FERNANDES, presidente da Anglo CARLOS TONIOLO, diretor do grupo Saibrita
American Brasil (Minerais Ferrosos); (Agregados/Minerais para Construção);
TONY POLGLASE, diretor gerente da Avanco LUIZ MAURÍCIO AZEVEDO, presidente da

Brasil (Minerais Não-Ferrosos); ABPM e diretor da FFA Legal (Exploração Mineral);
CARLOS EDUARDO PARAÍZO, gerente geral MÁRIO CONRADO REINHARDT, diretor

da Mineração Maracá/Yamana (Metais Preciosos); da GE21 (Engenharia/Tecnologia Mineral);
HÉLIO DINIZ, gerente geral da Potássio do PAULO ABIB ANDERY, (in memoriam), fundador
Brasil (Minerais Industriais/Fertilizantes); da Paulo Abib Engenharia (Pioneiros da Mineração).
VICENTE LÔBO CRUZ,

secretário da SGM-MME (Homenagem Especial)
Realização: Informações sobre Participação e Patrocínio:

[email protected]
(11) 3814-6899
Amazônia
Usina de processamento de caulim em Barcarena (PA)
Projeto da Imerys aumenta recuperação,

melhora qualidade e gera menos rejeito
C
om um projeto relativamente simples, de beneficiamento localizadas em Barcare- o produto final da unidade”.
de modificação da rota de desareamen- na, no mesmo estado. Na mina é realizada a Foi pensado, então, em um novo pro-
to na mina Rio Capim Caulim, a Imerys lavra do minério e o desareamento, para que cesso que envolvia a instalação de um novo
está conseguindo benefícios expressivos em o material seja bombeado. Segundo Renê estágio de ciclonagem, entre a primeira
termos ambientais e econômicos. De acordo Sousa, para o processamento do minério bateria e a centrifugação, possibilitando
com o Gerente Sênior de Novos Negócios, na mina eram utilizadas duas baterias de que a fração grosseira fosse descartada na
Renê Sousa, o projeto teve como objetivo ciclones, seguida por uma etapa de centri- etapa de centrifugação, de forma a eliminar
reduzir a carga de impurezas coloridas – fugação. “O caulim disperso nos blungers o dióxido de titânio e o caulim de maior
principalmente dióxido de titânio (TiO2) (misturadores) seguia para a primeira granulometria, um material que não é apro-
– no produto desaerado e remover o excesso bateria de ciclones junto com o rejeito da veitado na planta de Barcarena. Com isto,
de fração de caulim grosso, evitando a sua etapa de centrifugação e o underflow (fluxo além de garantir uma elevação no índice de
deposição nas bacias de contenção de rejeitos. inferior ou passante) da segunda bateria recuperação de caulim na planta e aumento
A mina RCC, localizada em Ipixuna (PA) de ciclones. O overflow (fluxo superior) da porcentagem de sólidos dispersos no ma-
produz o minério de caulim que é enviado, da primeira bateria alimentava a etapa de terial que é bombeado. No processo anterior,
através de mineroduto, para as instalações centrifugação e o produto desta etapa era o material mais grosso continuava no circui-
Mina Rio Capim Caulim Renê Sousa
to, juntamente com alguns contaminantes de produção da Imerys. Este aumento de alvura do caulim. Com o novo projeto, esse
como o titânio, que é deletério para o grau recuperação gera um aumento de 2,2% na material passou a ser removido na própria
de alvura do caulim, um determinante da recuperação geral da planta de Barcarena. E mina. Em média, conseguiu-se reduzir entre
qualidade. Este foi um dos principais pontos a melhora na recuperação gera uma redução 30% e 35% a quantidade de titânio no ma-
de sucesso do projeto. da demanda de caulim das minas, tendo terial enviado. Portanto, o projeto tem um
Como explica Renê Sousa, a partir do como conseqüência a redução da ordem apelo tanto ambiental quanto em termos
momento em que foi introduzida a segun- de 33 mil toneladas/ano do caulim grosso de recuperação”, diz o engenheiro Gerente
da bateria de ciclones de seis polegadas, a descartado para as bacias de deposição, Sênior de Novos Negócios da Imerys.
centrifugação passou a trabalhar com mais aumentando a vida útil das mesmas. E tam- Para implantar o projeto, concebido
folga. Além disso, a operação pode ser ajus- bém há um aumento da Alvura da fração e desenvolvido internamente, a empresa
tada para descartar o rejeito em circulação. grossa de caulim, graças à remoção do TiO2 investiu cerca de R$ 1,2 milhão e com a
“Com o aumento do PSD do caulim grosso. Anteriormente, o material de titânio economia gerada esse valor deve retornar
bombeado das minas para a planta de classificado entre 2 e 10 micra acabava indo em menos de dois anos.
Barcarena, estamos obtendo um aumen- para a planta de Barcarena, onde sua remo- Segundo Renê Sousa, o projeto foi ba-
to de 1,5% na recuperação dos produtos ção é mais difícil, requerendo maior uso tizado de Bacuri em homenagem ao fruto
que respondem por 60% do volume total de produtos químicos a fim de aumentar a regional de mesmo nome. ☐

Congresso do Ibram
Marcando o início da
retomada da mineração?
Francisco Alves/Mara Fornari
Fotos: Evandro Fiuza
Sessão de abertura do Congresso Brasileiro de Mineração
A
s questões relacionadas à política mineral investimentos. Mesmo elogiando a iniciativa do caro e a perspectiva de atração de investimentos
voltaram a predominar nas discussões do governo federal, através do MME, de procurar “mais difícil”, num contexto global em que outros
Congresso Brasileiro de Mineração, cuja dar maior atenção aos pleitos do setor, o diri- países estão mais ativos na atração de recursos
17a. edição foi realizada de 18 a 21 de setembro gente criticou que as mudanças propostas pelo financeiros para a mineração. As críticas ao
de 2017, na cidade de Belo Horizonte. Na sessão governo com o Programa de Revitalização de aumento da CFEM também foram reiteradas
de abertura, os dirigentes do Instituto Brasileiro Indústria Mineral Brasileira (que cria a Agência pelo presidente Executivo do Ibram, Walter
de Mineração, que organiza o evento a cada dois Nacional de Mineração, introduz mudanças no Alvarenga, o qual afirmou que “o aumento de
anos, fizeram críticas às Medidas Provisórias Código de Mineração e muda as alíquotas e base custos coloca em risco a atividade”. Por esta
editadas pelo governo introduzindo mudanças de cálculo da CFEM) tenham sido feitas através razão, ele conclamou as entidades do setor a se
nas regras atuais para o setor, principalmente as de Medidas Provisórias e não por meio de Proje- unirem numa luta por maior competitividade
alterações na CFEM. O presidente do Conselho tos de Lei, o que em sua opinião limita o processo para a indústria de mineração. O presidente
Diretor do Ibram e também diretor da Vale, de discussão pública. Ele disse também que as executivo do Ibram disse que “não há espaço
Clóvis Torres, afirmou que, embora o setor medidas propostas “não amenizaram a burocra- para atender a quem deseja aumento da carga
mineral esteja respirando um pouco melhor, cia do licenciamento ambiental, o que ameaça tributária”, provavelmente referindo-se ao movi-
ainda enfrenta sérios desafios para voltar a a continuidade dos projetos”. Para Torres, com mento de prefeitos de cidades mineradoras que
crescer e precisa de estímulos para que possam o aumento da CFEM (Contribuição Financeira estão brigando no Congresso pelo aumento da
surgir novas oportunidades de negocio e atrair pela Exploração Mineral) minerar ficou mais CFEM. Representando na cerimônia de abertura
o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho
Filho, o secretario de Geologia, Mineração e
Transformação Mineral do ministério, Vicente
Lôbo Cruz, disse que o Brasil ainda tem um
grande potencial geológico a ser explorado e
também um consistente mercado consumidor
a ser atendido. Afirmou, ainda, que os recursos
do Estado e das empresas estatais não mais
conseguem financiar o desenvolvimento, que
precisa ser alavancado pela iniciativa privada.
Para o dirigente do MME, a indústria de mine-
ração vivia sob um processo de judicialização,
requerendo uma revisão dos marcos legais, e que
a intenção do governo, com as medidas agora
adotadas, foi “promover medidas pragmáticas
requeridas há mais de três décadas”. Essas medi-
das, segundo ele, visam aumentar o investimento
em pesquisa mineral e proporcionar a geração
de novas jazidas através da oferta de áreas com
reconhecido potencial. Disse, ainda, que há Painel sobre digitalização na mineração
cerca de 20 mil áreas em disponibilidade para vê a mineração atualmente com desconfiança, preciso desburocratizar e agilizar os processos
requerimento, que serão ofertadas através de e que a licença social exigirá do setor a “voca- de licenciamento ambiental e que neste sentido
leilão. O secretário Adjunto de Meio Ambiente ção para o diálogo”. Ele disse também que o Minas Gerais está dando o exemplo, adotando
do Estado de Minas Gerais, Germano Gomes setor precisa adotar um plano de comunicação medidas de flexibilização e estimulando o debate
Vieira, que representou o governador do Estado, para mostrar o que faz. Pelo lado do Estado, o em torno da nova lei de licenciamento ambiental
Fernando Pimentel, afirmou que a sociedade representante do governo mineiro disse que é que está em discussão no Congresso Nacional.
Soluções Andritz SepArAtion:

mais eficiência para seus desafios na mineração
produtos e serviços especializados para processos de separação sólido/líquido
Filtros Prensa; Filtro a Disco; Peças de reposição;

Andritz SepArAtion Espessadores; Filtro de Tambor; Reparos;
Rua Progresso, 450 Filtro Hiperbárico; Equipamentos para tratamento de efluentes; Treinamentos e Seminários.
89107-000 - Pomerode, SC
Tel.: +55 47 3387.9101 Filtro Esteira; Lonas filtrantes para filtros prensa;
BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017
[email protected] 25
Congresso do Ibram
desenvolver uma cultura mineral, como há em
outros países, e que o setor precisa aprender a
dialogar com a sociedade. Eliane Andrade, do
BNDES, afirmou que o setor representa uma
oportunidade e uma prioridade para o Banco,
que precisa “fazer mais com menos”. Ressalvou,
no entanto, que a instituição não deve financiar
falta de competitividade e que não pode conce-
der financiamento sem as devidas garantias. Ela
acrescentou que a aceitação do título minerário
como garantia do financiamento ainda é um
desafio para o BNDES.
Voltando à questão do licenciamento am-
biental, Octávio Carvalheira criticou o fato de
não acontecer nada quando os órgãos ambientais
atrasam a análise e concessão das licenças. Isto,
segundo ele, causa atrasos nos cronogramas de
implantação dos empreendimentos, com as con-
seqüentes perdas financeiras. Esta questão do
Painel sobre terras raras
“O Brasil está ficando para trás” Para o diretor- afirmando que outros mercados continuam cres-
presidente da Votorantim Metais Holding, Tito cendo e que o Brasil concorre com países mais
Martins, por ter excesso de regulação o Brasil abertos ao investimento estrangeiro. E, nessa
está ficando para trás na corrida por atração de concorrência, as empresas tendem a optar por
investimentos, perdendo inclusive para países países com maior estabilidade. Mas o dirigente
como Guiné. “O excesso de regulação atrapalha a viu com bons olhos as medidas propostas através
decisão sobre novos investimentos, que podem ir das MPs, com exceção da CFEM, que em sua
para outros países”. A afirmação foi feita durante opinião “é grave”. Para ele, a Agência Nacional de
o talk-show conduzido pelo jornalista William Mineração trará mais transparência ao setor e as
Waack com líderes empresariais da mineração mudanças no Código podem estimular a atuação
(além de Tito Martins participaram Clóvis Tor- das Junior Companies, que desempenham um
res, pela Vale, Octávio Carvalheira, pela Alcoa importante papel no desenvolvimento do setor,
Brasil) e dirigentes ligados ao estado (Vicente descobrindo novos depósitos. Para Vicente
Lobo, do MME, e Eliane Andrade, do BNDES). Lobo, as medidas propostas trarão modernidade
O presidente da Alcoa Brasil, Octávio Carvalhei- ao Código de Mineração, que “tem estabili-
ra, seguiu a mesma linha adotada por Martins, dade”. Ele disse, também, que o Brasil precisa
Eliane Andrade, do BNDES

licenciamento é importante, segundo ele, porque
o mercado ainda apresenta grandes oportunida-
des e o Brasil faz parte da cadeia global de supri-
mentos, embora tenha a desvantagem de estar
distante geograficamente dos locais onde há de-
manda por recursos minerais. Para ele, o Brasil
deveria encontrar uma maneira de compensar
essa diferença geográfica. Para Tinto Martins, a
Ásia continua apresentando boas oportunidades
para os produtores brasileiros, “mas a legislação
tributária e trabalhista atrapalha”, porque one-
ram os custos dos empreendimentos e “para o
produtor de commodities o custo é o principal
problema”. Demanda e preços devem melhorar
Uma das sessões mais concorridas do congresso
Sessão sobre mercado de commodities foi a que teve como tema “Mercado Global de
EFICIÊNCIA
MÁXIMA
Painel sobre Programa de Privatização do Setor
Preços das Commodities Minerais: Perspectivas 2035, o que significa maior demanda por aço e
e Tendências”, moderada por Luciano de Freitas minério de ferro. Assim, ele prevê um aumento
Borges, CEO da Serra Verde Mineração e que nas exportações globais de minério de ferro,
reuniu os especialistas Ed Rawle, economista que devem passar de 1,547 bilhão de toneladas
chefe da Wood Mackenzie, Paul Robinson, atualmente para 1,609 bilhão t em 2020. Nessa
diretor do CRU Group, John Mothersole, dire- linha, ele acredita que a oferta está mais do que
tor de pesquisa da IHS Markit, Ivano Westin, adequada para suprir a demanda pelos próximos
diretor do Credit Suisse, e Sigurd Ivo Mareels, dez anos. Quanto aos preços, sua estimativa é
sócio da Mckinsey Bélgica. Afirmando que que os mesmos se mantenham em torno de 60
a produção de commodities representa 25% dólares por tonelada até 2030.
do PIB mundial, Ed Rawle disse que o setor
perdeu bastante peso no crescimento global.
Para se ter uma idéia, se em 2008 (época do
boom) as commodities contribuíam com 60%
do crescimento do PIB mundial, em 2016 essa
participação foi de apenas 10%. A explicação
para isso, segundo ele, é que o consumo caiu, já
que houve uma redução dos salários, poupança
e aumento do endividamento. Já o segmento de
serviços teve crescimento, principalmente na
área da saúde. Aliás, de acordo com o analista,
esta tendência de queda do consumo de bens
deve se acentuar, primeiramente porque a renda
vai continuar decrescendo (impactando o con-
sumo de carros, aço, etc) e em segundo porque
a população de jovens (os chamados Milênios)
tendem a consumir mais serviços e menos itens
como carros, por exemplo. Ele aponta que a
renda mundial per capita caiu 13% entre 2000 e
2014. “Estamos chegando ao ponto de inflexão
da demografia e isto provocará grandes mu-
danças à frente”, opinou Rawle. Analisando as
possibilidades de crescimento da demanda para
as commodities minerais, Rawle apontou como
fatores positivos os projetos de infraestrutura na
Eurásia e a indústria de automóveis na China,
que deve continuar crescendo 5% ao ano até Octávio Carvalheira
Congresso do Ibram
negócio da ordem de US$ 370 bilhões ao longo
da cadeia produtiva. Foi o que afirmou Reinaldo
Fiorini, sócio Sênior e Líder Global de Energia
e Materiais na América Latina da Mckinsey, em
apresentação no painel “A digitalização Iminente
e Internet das Coisas na Mineração”. Para isto,
no entanto, as empresas terão que se preparar,
porque a digitalização exigirá mudanças no
modelo operacional. De acordo com Cons-
tantino Seixas, Diretor da Accenture para a
América Latina, que apresentou na sessão uma
pesquisa realizada entre as principais empresas
do setor, em nível global, 46% dos empresários
consideram que a digitalização é fundamental e
que 82% estão dispostos a realizar investimentos
em tecnologia digital, sendo que a maior parte
(54%) é direcionada para as operações de minas.
Ele afirmou que todas as grandes mineradoras
estão adotando centros de controle operacional
Painel sobre barragens de rejeito a fim de controlar remotamente a maior parte de
suas operações. Existem empresas que já estão
Paul Robinson, por sua vez, previu que a para US$ 2.566; e o estanho de US$ 19.967 para com sua frota de mina totalmente automatizada
demanda para algumas commodities minerais US$ 20.750. Ele também afirmou, como ponto e outras estão em processo de implantação. Isto,
terá bom crescimento nos próximos anos, positivo, que o crédito no setor financeiro para segundo Seixas, está trazendo uma série de be-
com exceção do minério de ferro, cujos níveis projetos de mineração está aumentando, o que nefícios: 47% das empresas obtiveram melhoria
permanecerão praticamente estáveis, devendo é uma boa notícia para os produtores. Sigurd na performance dos equipamentos e 42% redu-
crescer apenas 0,15%. Para o alumínio, por Ivo Mareels, da McKinsey, disse que a produti- ziram custos, principalmente operacionais. Há
exemplo, a demanda deverá crescer 5,8%. Já vidade da indústria de mineração vem caindo casos em que os custos foram reduzidos entre
para o cobalto a previsão é de um crescimento a uma taxa de 10% ao ano e que a receita das 30 e 40%. E 31% das companhias mineradoras
de 6,7% na demanda, para o níquel 2,7%, o empresas teve uma queda de US$ 500 milhões estão muito satisfeitas com os investimentos em
zinco 2,1% e o cobre 2,4%. Isto fará com que os entre 2011 e 2015. Para ele, a pressão nos custos digitalização.
preços aumentem até 2021, segundo o analista. levou algumas empresas a uma espécie de cani- Wendel Gomes da Silva, da Gerdau, disse
O zinco poderá ter aumento de 83%, o níquel de balização das reservas. Porém, a receita global que a empresa, produtora de minério de ferro,
45%, o alumínio 40%, o cobre 57% e o cobalto da mineração deve aumentar 5 a 6% ao ano a com capacidade de 9 milhões de toneladas,
146%. Quanto ao minério de ferro, o analista do partir de 2018 e serão injetados mais US$ 300 já criou o conceito de usina digital e agora
CRU Group disse que as margens atuais para os milhões na receita, revertendo o movimento de está criando o de mina digital. Ele informou
produtores ainda estão acima de 50%, já que o queda recente. Já Ivano Westin afirmou que o que hoje todos os equipamentos da mina são
aumento de 25% nos preços foi acompanhado setor de mineração ainda tem um vasto caminho monitorados por GPS e que os caminhões
por uma queda de 30% nos custos de produção. a percorrer no mercado de ações, pois dos US$ fazem até 2 mil viagens por dia. A instalação
Porém, ele não foi muito otimista com relação 270 trilhões aplicados em ações, globalmente, de um centro de controle logístico, também
às previsões de preços: devido ao possível slo- apenas uma pequena parcela é de companhias já realizada, possibilitou a redução de 42% no
wdown na China, no começo de 2018, os preços mineradoras. Ou seja, o setor de commodities tempo de parada dos veículos, por exemplo.
podem cair abaixo de 50 dólares a tonelada, “a abocanha apenas uma pequena fatia desse valor, A empresa também realiza o monitoramento
menos que haja um gerenciamento voluntário perdendo para vários outros setores da indústria de barragens e das pilhas de estéril com dro-
de capacidade” por parte dos produtores. John e de serviços. Em razão disso, “qualquer realo- nes o que, segundo ele, dá maior agilidade e
Mothersole, da IHS, previu boa evolução para os cação que se faça impacta substancialmente a segurança.
preços dos metais, com base no fato de que a falta mineração”. E o segredo para que a mineração Afonso Sartori, da EY, reiterou que a di-
de investimentos no período recente fez com possa atrair investimentos é produzir com qua- gitalização na mineração é o único caminho
que a produção de metais tenha sido reduzida. lidade, reduzir custos e promover a inovação. possível para recuperação da competitividade
Mesmo considerando que o consumo de metais Digitalização chega à indústria Num quadro de e que a mineração precisa adotar as práticas do
na China tenha atingido seu ponto de inflexão, dificuldades, a digitalização é a única maneira setor de manufatura, onde a digitalização está
devendo se estabilizar no período 2018/2024, de reverter a queda de produtividade -- que bem avançada.
os preços da LME (London Metal Exchange) já atingiu -30% nos últimos 10 anos -- que a
O potencial das terras raras
terão a seguinte evolução, até 2018: Alumínio, de indústria mineral vem enfrentando e conse-
US$ 1.910 para US$ 2.108 por tonelada; cobre, guir redução de custos. As inovações digitais Coordenado por José Luiz Amarante, di-
de US$ 5.663 para US$ 6.130; o níquel, de US$ podem fazer a grande diferença na indústria retor do Departamento de Transformação e
9.248 para US$ 12.677; o zinco, de US$ 2,598 de mineração e representam oportunidades de Tecnologia Mineral da Secretaria de Geologia
e Mineração do MME, o painel sobre pesquisa, Goiás e Bahia, 26 requerimentos de pesquisa, 1
desenvolvimento e inovação da cadeia dos ele- requerimento de pesquisa em disponibilidade,
mentos de terras raras também esteve entre os 9 requerimentos de concessão de lavra e 4
mais concorridos do congresso e reuniu Gisele concessões de lavra em Minas Gerais. Nesse
Azimi (professora e pesquisadora da univer- cenário estão projetos da CBMM (em Araxá) e
sidade de Toronto – Canadá), Clóvis Antônio da Mineração Serra Verde (em Minaçu), sendo
de Souza (superintendente de Operações da este o maior depósito de terras raras associadas
CBMM) e Marco Antônio Soares Castello Bran- a jazidas iônicas de que se tem conhecimento no
co, presidente da Codemig). mundo. Esses projetos são os que se encontram
Na abertura do painel, Amarante explicou mais consolidados e poderão contribuir com a
que os elementos de terras raras possuem papel ampliação da produção mineral brasileira mais
de grande relevo na sociedade contemporânea, brevemente. Entretanto, conforme José Luiz
papel esse que deverá ser consideravelmente Amarante, outras importantes potencialidades
ampliado no futuro, em razão de novas deman- podem e precisam ser desenvolvidas. Como
das para a evolução tecnológica continuada e exemplo podem ser citados os projetos Pitinga,
para uma preocupação crescente nos aspectos da Mineração Taboca, no Amazonas; da CMOC
socioambientais. “Os elementos são essenciais – em Catalão/GO; Vale, agora Mosaic, em Araxá,
para o desenvolvimento de produtos de alta Tapira/Salitre; Five Star Mineração – projeto
tecnologia, como celulares, computadores, leds, morro férrico em MG e em Catalão/GO; MbAC
catalisadores e, sobretudo, equipamentos de tec- – ativo minerário de Araxá/MG; Placers - areia
nologia limpa, como veículos híbridos e elétricos monazítica (diversos no Brasil); Seis Lagos, da
e geradores de energia eólica. Outro exemplo CPRM; Morro do Ferro, em Poços de Caldas/
são as lâmpadas fluorescentes, que consomem Clóvis Torres, do Ibram
MG; Mineração Mata Azul, no Tocantins; GPAP
menos energia e possuem maior durabilidade”, Mineral Consult Brasil (MCB), em Moju/PA.
disse o coordenador. já possuem esse know-how. Hoje o Brasil ainda Clóvis Antônio de Souza, por sua vez, disse
Ele disse também que o mercado de terras participa com menos de 1% da produção global, que a dificuldade é que as terras raras sempre
raras está em franco crescimento, com perspec- apesar de ser um dos grandes consumidores de se apresentam na natureza associadas a outros
tiva considerável de aumento de demanda nas produtos desenvolvidos a partir de terras raras elementos, “com desafio de processamento tanto
próximas décadas, acompanhando a continuada (televisores, computadores e celulares). mineral quanto tecnológico para se transformar
evolução tecnológica. Em 1950, a produção era Embora atualmente o crescimento total do em algo aplicável”. Cerca de 95% das reservas
próxima a zero e em 2016 chegou a 126 mil mercado dos elementos de terras raras não seja mundiais conhecidas estão nas formas monazita,
toneladas. A China é quem domina hoje esse tão expressivo, segundo Clóvis Antônio de Souza bastnasita e xenotima. Existem algumas outras
mercado – possui a maior quantidade de re- o quadro tende a se alterar quando se analisa ocorrências de terras raras no mundo, como a
servas (36%) e responde por 85% da produção especificamente os elementos Neodímio e Pra-
global de óxido de terras raras. Por possuir 1,5 seodímio, em que as tecnologias de telefones
bilhão de habitantes, é também o maior mercado celulares, turbinas eólicas e veículos elétricos
consumidor, respondendo pela fatia de quase têm pressionado fortemente a demanda.
65% do total mundial. Ele informou que, em 2016, o ministério da
Gisele Azimi confirmou que, segundo suas indústria da China divulgou um plano de desen-
análises, até 2025 a demanda terá um aqueci- volvimento industrial para terras raras até 2020
mento de 25%, considerando futuros usos. O com o objetivo de limitar a produção em 140 mil
desafio, segundo ela, será traçar novas estratégias t/a; reduzir a capacidade de separação de terras
para elevar a eficiência dos elementos de terras raras em 30%; garantir que 90% das operações
raras, como por exemplo reciclando os produtos de produção atendam a padrões ambientais mais
tirados de linha e o subproduto da lama verme- restringentes e reduzir significativamente as
lha (resíduo da bauxita), que é o ácido fosfórico. exportações de terras raras como matéria-prima.
Nesse contexto, o Brasil está bem posiciona- Caso os objetivos sejam atendidos, segundo ele,
do, pois ocupa a segunda colocação no ranking os produtores chineses não conseguirão atender
de reservas mundiais de elementos de terras ra- à demanda doméstica por muito tempo e as
ras (18%) e possui a expertise de mineração, com empresas terão que desenvolver novas fontes
profissionais altamente capacitados na explora- de matérias-primas fora da China. Isso tornará
ção, extração, no beneficiamento e transforma- o mercado mais competitivo, com preços mais
ção e consegue ter uma visão de longo prazo em alinhados nos próximos anos.
termos de exportação, além de estar de olho na Dados do DNPM mostram que existem
possibilidade de ter uma cadeia produtiva verti- hoje, no Brasil, 204 títulos minerários ativos
calizada, com incentivos às pesquisas e acordos para elementos de terras raras. São 164 autori-
de transferência de tecnologia com países que zações de pesquisa – a maioria nos estados de Tito Martins, da VMH

Congresso do Ibram
R$ 175 milhões, sendo R$ 35 milhões a serem lembrou que a ANM poderá credenciar pessoas
aplicados na parte estrutural do laboratório e ou- físicas e jurídicas de notória especialização para
tros R$ 30 milhões na compra de equipamentos. algumas atividades, como a fiscalização de
A principal aplicação dos imãs de alta potência barragens, por exemplo. Ele informou que há
a serem produzidos no Laboratório Fábrica um comitê interno cuidando da implementação
se dará na refrigeração magnética, demanda da agência (que tem um prazo entre 60 e 90
específica do Brasil. dias para concluir a estruturação e regimento
Programa de revitalização do setor O Pro- interno) e que o decreto com a estrutura regi-
grama de Revitalização da Indústria Mineral mental da agência será publicado antes de 31 de
Brasileira, lançado pelo governo em julho, dezembro de 2017. O advogado Carlos Vilhe-
através de três Medidas Provisórias, foi objeto na, do escritório de advocacia Pinheiro Neto,
de um painel especial reunindo representantes fez algumas observações sobre as propostas de
do governo e da iniciativa privada. O primeiro alterações no Código de Mineração, pedindo
a falar foi o diretor geral do DNPM, Victor o estabelecimento de prazo para realização do
Hugo Bicca, que abordou a ANM (Agência leilão eletrônico das áreas em disponibilidade,
Nacional de Mineração), lembrando que a o estabelecimento de um teto para a Taxa Anual
mesma estará inserida entre as autarquias de de Fiscalização (já que há um valor mínimo
natureza especial, assumindo as mesmas fun- deveria haver um teto) e elogiou a definição
ções que hoje são desempenhadas pelo DNPM. de recursos e reservas. Porém, criticou o fato
Segundo ele, com a agência o que o governo de não se aceitar a concessão de lavra como
pretende é “garantir ambientes regulatórios garantia nos financiamentos, afirmando que o
estáveis”, já que a ANM pode inclusive mediar Brasil está muito atrasado em relação a isso. No
conflitos. Bicca elencou os aspectos positivos que diz respeito à CFEM, Vilhena disse que se o
Vicente Lôbo, do MME
que serão possibilitados com a agência e as objetivo do royalty é ressarcir a União pelo bem
loparita – explorada por uma empresa russa alterações no Código de Mineração, como a mineral extraído, não se pode agregar na base
(e as terras raras acontecem como subproduto outorga online, a disponibilização de áreas de cálculo itens como tecnologia, transporte
desse processamento). Outra reserva importante através de leilão eletrônico, a incorporação etc. Vicente Lobo, da SGM-MME, disse que
são as areias monazíticas, com grandes reservas do conceito de recursos e reservas no Código as alterações no Código eram uma necessidade
no Brasil. de Mineração e a ampliação do prazo para os e também defendeu a ANM. Ambas medidas,
Outro grande desafio atual para o Brasil, alvarás de pesquisa, que passa a ser de quatro em sua opinião, contribuem para dar maior
conforme o representante da CBMM, não é anos, prorrogados por mais quatro. Também modernidade ao setor. Ele lembrou que no
a tecnologia para produção dos elementos de
terras raras, mas o custo, já que o País não é
competitivo nesse mercado.
Já o presidente da Codemig, Marco Antônio
Castello Branco, disse que a possibilidade de
ganho foi o que levou a empresa a entrar no
programa de desenvolvimento de agregação de
valor das terras raras. Assim, em 2016 a Codemig
contratou a Fundação CERT para o projeto do
primeiro Laboratório Fábrica de Ligas de Terras-
Raras para fomentar a competência tecnológica
e produtiva dos componentes a partir de OTR e
também formar mão de obra qualificada para a
produção de imãs de alta qualidade em pequenas
séries para o mercado brasileiro. Foram parcei-
ros da CERT a CBMM, a Universidade Federal
de Santa Catarina e o IPT/SP.
Ele também anunciou a construção de uma
fábrica em Lagoa Santa (MG), numa área de
4.900 m², com capacidade máxima de produção
(a ser alcançada em cinco anos) de 93 toneladas
de imãs de neodímio, iniciando pela etapa de
redução por eletrólise de dióxido de terras raras
provenientes da CBMM. A inauguração está
prevista para o segundo semestre de 2018. Os
investimentos totais previstos são da ordem de Talk-Show com empresários

Brasil as mudanças estruturais na mineração torial é muito importante, daí porque a Vale
só ocorreram em governos transitórios, como o procura entender os territórios. Nessa linha,
atual, e se disse preocupado “com os destinos da a empresa pauta suas ações no fortalecimento
mineração brasileira, que é dividida de acordo das comunidades, desenvolvimento local, valor
com interesses individuais”. Debatendo a MP compartilhado e diversificação econômica,
que alterou as alíquotas e base de cálculo da fatores considerados fundamentais.
CFEM, o advogado Fernando Scarff afirmou
A questão das barragens de rejeito
que as companhias que tiverem minas mais
afastadas do local de comercialização serão A gestão de barragens de rejeito não poderia
penalizadas, porque o preço varia de acordo ficar de fora da pauta do congresso. Assim,
com a logística. Assim, diz ele, quando se co- questões como regulamentação nacional e
loca a logística na base de cálculo, “introduz-se internacional e as maiores exigências relacio-
novo preço para o bem mineral”. Guilherme nadas com a operação e monitoramento foram
Ferreira, gerente geral Jurídico da Votorantim discutidas em uma sessão reunindo especialis-
Metais, propõe que o início de cobrança da tas do Brasil e exterior.
nova CFEM seja em 2018 e que se adote uma O canadense Dirk Van Zyl, professor da
alíquota menor para as empresas que fazem Universidade de British Columbia, por exem-
aproveitamento de rejeitos e estéreis. Renata plo, fez uma explanação sobre as experiências
Ribeiro, gerente geral de Impostos da Vale, disse com a gestão de barragens em seu país e nos
que a mudança nas regras é um recado nega- EUA e afirmou que quando ocorre a ruptura
tivo para potenciais investidores estrangeiros, de uma barragem as falhas não devem ser atri-
pois “não se muda as regras no meio do jogo”, buídas somente a um mecanismo, mas analisar
referindo-se ao fato de as novas alíquotas da uma série de fatores combinados. Ele também
CFEM passarem a valer já a partir de agosto mostrou dados dos estudos realizados por uma
de 2017 e não no próximo exercício. Ela disse equipe da universidade em que atua analisan-
que as novas alíquotas deveriam levar em conta do os rompimentos das barragens de Obed
as diferenças na qualidade do minério e o total e Mount Polley, ocorridos em 2013 e 2014,
da carga tributária. “Não se pode comprometer respectivamente. Já o sócio-diretor da BVP En-
Walter Alvarenga, do Ibram
a competitividade do País numa visão de curto genharia, Paulo Roberto Costa Cella, disse que
prazo”, alertou. Objetivos do Desenvolvimento que os indicadores são importantes, porque a questão das barragens hoje é acompanhada
Sustentável A indústria de mineração está contribuem para disciplinar e organizar a forma pela sociedade em geral, salientando que o setor
caminhando bem nos esforços de implemen- de atuação dos diversos atores, salientando que mineral tem o desafio de equiparar as taxas
tação dos ODS, segundo os participantes de tais indicadores devem levar em conta também de acidentes com aquelas que se verifica nas
um painel que tratou do tema no congresso. critérios técnicos. Ele afirmou que a empresa barragens de água. Segundo ele, os acidentes
Segundo Maria José Gazzi Salum, diretora de que dirige coloca a licença para operar entre as com tanques de rejeitos são 10 vezes em maior
Desenvolvimento Sustentável na Mineração suas principais prioridades e que já em 1917 ela número do que com os reservatórios de água.
da SGM-MME, o governo está promovendo a combatia a gripe espanhola na África e mais re- Marilene Araújo, gerente de Gestão de Ris-
articulação entre as companhias mineradoras, centemente tem desenvolvido um amplo traba- cos Geotécnicos da Vale, fez uma abordagem
a fim de que se tenha uma visão abrangente lho de prevenção e tratamento da AIDS. Cloves do sistema integrado utilizado pela companhia,
das iniciativas que estão sendo empreendidas. Otávio Nunes de Carvalho, diretor-presidente ressaltando ser imprescindível que a gestão
Um primeiro passo, segundo ela, seria a inte- do Instituto Votorantim, disse que o acionista, das barragens seja feita coletivamente e não de
gração das ações do MME com as do Ibram. no caso o grupo Votorantim, “sempre está per- forma individual.
Já Maristela Baioni, que representa o PNUD guntando que impacto o seu investimento causa As alternativas às barragens, como dis-
(Programa das Nações Unidas para o Desen- na sociedade”. Daí a importância da adesão aos posição a seco, também foram objeto de
volvimento) no Brasil, defende a necessidade de ODS, porque isto ajuda a entender melhor a discussão, principalmente no que diz respeito
uma maior articulação entre o poder público e realidade das comunidades vizinhas aos em- à normatização da construção de pilhas de re-
a iniciativa privada e a criação de indicadores preendimentos, de forma que a empresa possa jeitos e estéreis, que no Brasil ainda está sendo
brasileiros que possam nortear as ações. Ela cumprir melhor seu papel como articulador. Ele formatada. A última norma é de 2006 e precisa
acrescentou que a indústria deve se pergun- disse, também, que o grupo Votorantim busca, ser atualizada.
tar como mudar internamente para cumprir com suas ações, promover o capital humano, A sessão também tratou da nova portaria
com os ODS. Da parte do poder público, ela através do emprego, bem como Educação, do DNPM sobre segurança de barragens, que
afirmou que falta planejamento conjunto com Trabalho e Renda. Porém, ele lembrou que “às foi abordada por Luiz Paniago Neves, gestor de
os municípios e lembrou que as empresas não vezes as comunidades são lideradas por pessoas Segurança de Barragens do órgão. Na ocasião,
devem substituir os governos, mas prepará-los com interesses particulares”, o que dificulta ele detalhou as novas regras estabelecidas pela
para atuar conjuntamente. Ruben Fernandes, essas ações. Já Liesel Filgueiras, representante portaria, como o plano de segurança, as inspe-
presidente da Anglo American Brasil, disse da Fundação Vale, disse que o aspecto terri- ções e a revisão periódica. ☐

Pelas Pedras do Caminho Mineral
Os óculos de Morales
Carlos Oití Berbert (*)
o Cinturão de Cobre de Zâmbia, um dos maiores

produtores do metal à época, que mantinha
similaridades com a estratigrafia até então co-
nhecida da região do rio Sucunduri, para onde
fui destacado.
No Brasil, naquela época, os nossos acampa-
mentos na selva eram basicamente constituídos
de 3 ou 4 cabanas, cada uma formada de quatro
paus que sustentavam um “telhado” feito de
grandes folhas de árvores, sob o qual depen-
durávamos nossas redes e mosquiteiros. Não
havia qualquer parede, era simplesmente algo
como um “caramanchão”. Uma dessas cabanas
reunia os geólogos e técnicos de mineração
(“staff ”), uma era para os mateiros, outra para
os cozinheiros e auxiliar e, eventualmente, uma
quarta para a cozinha. Ah, sim, uma quinta era
“levantada” a no mínimo 50m das demais e
servia de nossa latrina. Sendo mais minucioso
Esta crônica é dedicada ao grande brasileiro No Amazonas, o objetivo da empresa era na descrição, esta era simplesmente uma área
Sebastião Ferraz de Camargo Penteado e à brava descobrir reservas de cobre sedimentar na Bacia “mais reservada” com um fosso cilíndrico de 4
equipe da Cia Administradora Morro Vernelho, do rio Sucunduri, penso que por sugestão do a 5 metros de profundidade, onde todos faziam
CAMV, do Grupo Camargo Correa, com a qual Dr. Pedro de Moura, então assessor e amigo do suas necessidades básicas.
tive a honra e felicidade de trabalhar: Acácio Sr. Sebastião. O acampamento era invariavelmente estabe-
La Salvia, Antonio Jorge de Andrade Figueiredo, Para a realização dos trabalhos de pesquisa lecido ao lado de um igarapé, de onde colhíamos
Celso Duarte, Jacob Abozaglo Manzano, Jorge foi contratada uma grande equipe de geólogos a água para tudo: encher cantis, fazer comida,
Alberto Trigüis, José Nakashima, Milton Sérgio e engenheiros, designados para as diversas áreas lavar tralhas da cozinha. E ali mesmo tomáva-
de Carvalho, Sanches, Tetsuo Akabane, Valter requeridas, e um assessor austríaco naturalizado mos nossos banhos, em geral compartilhando
José Marques sul-africano, A. Formanek. aquele feliz ambiente com piranhas e candirus
Naquela época eu estava trabalhando com - um bichinho intrometido que gosta de adentrar
metais básicos no Centro-Oeste, na Superin- qualquer buraco que encontre! Precavidos, os
A
no: 1978. Local: margens de um igarapé, tendência da CPRM em Goiânia. E, como já banhos eram sempre de calção ou algo similar.
afluente do rio Sucunduri, que corre conhecia o Dr. Agripino e alguns integrantes Enfim, uma vida saudável, comendo peixes e
para o Tapajós, Estado do Amazonas. da equipe, fui convidado a dela participar. Mas, caça, de vez em quando arroz, feijão e maçãs.
Projeto “Cobre do Sucunduri”. Empresa: Cia por questões familiares, somente depois de um Descíamos do helicóptero e a partir daí andá-
Administradora Morro Vermelho/Grupo Ca- ano do convite resolvi aceitá-lo e mudei-me vamos selva adentro com os nossos jamanxins,
margo Correa. para São Paulo. uma espécie de mochila, mas na verdade sacos
Entre os anos de 1976 e 1980, o Grupo Ca- Uma das minhas tarefas na CAMV foi ex- grandes adaptados em dois pedaços de madeira,
margo Correa já possuía alguns investimentos tremamente prazerosa: viajar durante um mês que nos ajudavam a sentar quando cansados.
em depósitos de calcário, assim como uma inteiro pelo território africano em companhia Neles carregávamos tudo o que era necessário
pequena mina de diamantes alúvio/eluvionares do Dr. Formanek, iniciando pela África do Sul para dormir, tomar banho e ainda uma troca
em Mato Grosso, esta na fazenda de Sebastião e seguindo por Botswana, Namíbia, Swazilândia, de roupas.
Ferraz de Camargo Penteado, dono do Grupo. pequenas partes de Moçambique e antiga Rodé- Foi num desses fantásticos acampamentos
Foi a partir desse período que decidiu firmar-se sia, e principalmente Zâmbia. Essa foi a minha que aconteceu algo muito inusitado com um
na área de mineração, requerendo áreas junto primeira grande oportunidade de conhecer in de nossos técnicos de perfuração, o Morales
ao DNPM em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, loco os depósitos de ouro, platina, cromita de (nome fictício). Morales era um chileno
Mato Grosso e Amazonas. Foi então criada a Cia Bushveld; cobre e fosfato de Palabowra, ouro baixinho muito falador e altamente eficiente.
Administradora Morro Vermelho, sob a Direção do Witswaterand e, sobretudo, praticamente O que tinha de eficiência possuía de miopia,
do ex-primeiro Ministro das Minas e Energia e todas as minas de cobre de Zâmbia, entre outras. por isso usava um óculos de altíssimo grau,
ex-Governador da Paraíba, João Agripino Filho. Na verdade, o objetivo maior era exatamente com aquelas autênticas lentes ”fundo de
garrafa”, sem o qual não conseguia dar um Na ocasião estávamos eu e outro geólogo ra platéia curiosa e angustiada.
passo na selva. (talvez o Milton Sérgio de Carvalho, o Miltão, se A operação de busca durou uns 10 minutos,
Já era final de tarde e nos preparávamos bem me lembro), mais os mateiros, cozinheiros tempo relativo: para o Raimundinho foi mais ou
para jantar, quando ouvimos gritos desespe- e outros integrantes da equipe, todos perplexos menos isso; para o Morales, uma eternidade!. Eis
rados por socorro. Era o Morales lá no ba- com a situação. Olhando à volta e mirando um que ouviu-se o tão esperado grito de “Achei!!!”.
nheiro improvisado. Ocorreu que, enquanto a um, meu colega apontou para o mais baixinho Na superfície, entre piadinhas em tom aliviado,
estava na clássica posição de cócoras, apoiado da turma, um pequeno maranhense e grande algum sarcárstico emendou: “Segura bem os
sobre duas tábuas suspensas sobre o fosso, mateiro. óculos, senão você volta”.
olhou à frente e, súbito, deparou-se com um – “Raimundinhoo!!!” Pouco a pouco, o pequeno grande e heróico
índio de cara pintada a observá-lo por detrás Ao que Raimundinho, virando a cabeça para mateiro foi içado empunhando os óculos. Mo-
de uma árvore. Enquanto o indígena sumia na os dois lados, perguntou: “Eu ???” rales, feliz e afoito, tomou-os e imediatamente
mata, provavelmente assustado com os gritos A resposta foi rápida e precisa: “E existe colocou no rosto para se assegurar de tudo o que
de “socorro” e “ayuda-me”, Morales, apavora- algum outro Raimundinho por aqui? É você passava. Por motivos óbvios, foi botar e tirar.
do, tentando se recompor, bateu a mão nos mesmo, rapaz. Vai recuperar os óculos do Dr. Naquela noite fizemos uma verdadeira festa,
óculos e lá se foram eles mergulhando para Morales”. com um jantar dedicadamente elaborado pelo
dentro do fosso. Seus gritos estavam muito “Mas co....co....como Doutor?” cozinheiro, com peixes diferentes e uma provi-
mais relacionados ao medo de sair das tábuas A voz mandatória prosseguiu: “Não se preo- dencial garrafa de cachaça que alguém levara
que o sustentavam na posição altamente in- cupe, já sei um jeito: vamos amarrar uma corda para “combater malária”. Morales e Raimundi-
cômoda, sem enxergar absolutamente nada, nos seus pés e vamos te descendo até chegar nho foram destacadamente acomodados numa
do que do próprio contato com o índio, ao ponto onde estão os óculos. Remexe bem outra mesa de madeira, gentilmente montada
certamente! por lá com cuidado para não afundá-lo mais. a uns dez metros de distância. E ambos foram
Corremos todos para lá e, quase engasgando, Dá um grito quando achar e a gente te puxa de dormir em uma sexta barraca rapidamente
misturando português com espanhol, Morales volta, ouviu?”. improvisada. Morales feliz da vida com os seus
descreveu seu constrangedor drama: os óculos Resignado, lá foi Raimundinho, descendo óculos bem (pero no mucho) lavados. ☐
tinham caído no fosso e teria que recuperá-los lentamente de ponta-cabeça pelas mãos seguras
de qualquer maneira. dos colegas, sendo observado por uma verdadei- (*) Geólogo, Consultor, Conselheiro da Brasil Mineral

Economia Mineral
Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)

e sua aplicação na mineração
Nuria F. Castro (1), Luciana M. Mofati (2), Monica C.B. Gadioli (3), Francisco Mariano da R. de S. Lima (4), Giancarlo Lovón-Canchumani (5),
Ligia Marcela Alvarado (6) e Carlos C. Peiter (7). Revisor: Fernando A. F. Lins (8)
Resumo
Este trabalho apresenta uma revisão
dos conceitos de avaliação de ciclo de
vida (ACV), os entraves para sua aplicação
na mineração, alguns estudos de ACV
realizados pelo CETEM na mineração
brasileira e os estudos em andamento
em cooperação internacional.
Palavras-chave:
Avaliação de Ciclo de Vida, ACV,
Mineração, Sustentabilidade
Figura 1. Avaliação de impactos
Introdução
Todos os produtos e serviços têm seu ciclo manufatura, transporte e distribuição, uso, reu- se determinam a função do produto, a unidade
de vida. Isto é, são produzidos, transportados, so, manutenção e disposição final. É frequente, funcional e as fronteiras do sistema, ou seja, a
distribuídos, utilizados e podem ser repara- no entanto, que estes estudos de ACV em uni- abrangência do estudo); análise do inventário
dos, reciclados, reutilizados e/ou finalmente dades industriais finalizem e se limitem à saída de ciclo de vida (detalhamento de dados de
descartados. Cada uma dessas etapas impacta da fábrica (do berço ao portão, cradle-to-gate), consumo de matéria e energia e de geração de
o ambiente, consumindo materiais e energia entendendo-se que a etapa final da produção resíduos); avaliação de impactos (seleção das
e gerando resíduos, efluentes e emissões at- nessas unidades será a etapa inicial de outros categorias de impacto global, aplicáveis ao caso,
mosféricas. A única forma de se calcular o real processos produtivos. e distribuição dos fluxos mássicos do inventário
impacto ambiental de um produto ou processo Os recursos utilizados e as emissões ao entre elas) e interpretação dos resultados (to-
é quantificar o consumo de recursos em cada ambiente são transformados em unidades equi- mada de decisões sobre o processo produtivo e
uma dessas etapas. valentes de substâncias-chave, causadoras de melhorias do estudo).
A Avaliação de Ciclo de Vida – ACV é uma impactos que, no final, afetam a saúde humana, A mensuração do uso de recursos e geração
ferramenta de gestão ambiental a qual permite a qualidade dos ecossistemas, e a diminuição de de resíduos, efluentes e emissões dependerá da
que, mediante a determinação dos fluxos más- recursos. Por exemplo, kg de CO2 equivalentes função do produto, de qual será sua utilização
sicos e energéticos de cada uma das etapas da que contribuirão com o aquecimento global, kg ao longo da sua vida. Para exemplificar, serão
vida de um produto (Inventário de Ciclo de Vida de CFC equivalentes que diminuirão a camada diferentes os impactos ambientais do alumínio
– ICV), sejam avaliados os potenciais impactos de ozônio etc. (Figura 1). utilizado em esquadrias daqueles do alumínio
ambientais desse produto ao longo das etapas Os dados obtidos no inventário são mo- utilizado em latas de bebidas, já que as etapas
da sua vida. delados, normalizados e alocados nas diversas da vida desses dois produtos são diferentes,
As etapas vão desde a extração dos recursos categorias de impacto, por meio de softwares, embora possam ter algumas em comum, como
naturais que entram no sistema produtivo até a sendo os mais utilizados o SimaPro, o GaBi e a fase de extração e transformação da bauxita
disposição do produto final após o uso (do berço o OpenLCA. em alumínio.
ao túmulo, cradle-to-grave), ou seja, incluem O estudo de ACV segue as etapas (Figura 2) Assim, os resultados dos estudos de ACV
extração e processamento das matérias-primas, de definição do objetivo e do escopo (quando permitem identificar produtos, serviços e pro-
cessos com maiores impactos e as etapas onde
acontecem e, como consequência, fornecer
informações para melhorar os processos produ-
tivos e o design dos produtos, assim como para
implementar políticas de incentivo a produtos e
serviços menos impactantes, visando melhorar
a competitividade ambiental das empresas e
dos países.
A metodologia da ACV, estabelecida nas
séries de normas ISO 14040, requer a quantifi-
cação de todas as entradas de matéria e energia
ao longo da vida de um produto ou serviço, o
que significa conhecer em detalhe todos os in-
sumos utilizados. Isso porque para a produção
desses insumos também são necessários outros,
dos quais deve-se conhecer o próprio ciclo de
vida para se obter sua carga ambiental, e que
deverá ser incorporada ao processo produtivo
em estudo. Isto é feito mediante a utilização de
bases de dados de inventários de ciclo de vida já
Figura 2 – Etapas da Avaliação do Ciclo de Vida.
existentes, mas ainda incompletas. Na maioria
dos casos, os insumos de qualquer processo A ACV ambiental (E-LCA - Environmental Ciclo de Vida. Hoje, é uma plataforma público-
produtivo acabarão necessitando de matérias- Life Cycle Analysis) é hoje considerada a melhor privada que disponibiliza ferramentas e facilita a
primas minerais, pois a mineração está na base ferramenta para a determinação dos impactos aplicação do conhecimento de ciclo de vida para
de quase tudo, motivo pelo qual há uma necessi- ambientais de produtos e serviços, servindo não se atingirem os objetivos do desenvolvimento
dade global de conhecimento e disponibilização só para se melhorar a qualidade ambiental dos sustentável.
de dados ambientais da produção de minérios. processos, mas permitindo também a emissão O Brasil adotou a série ISO 14040 em 2001,
Como exemplo ilustrativo, pensemos em de relatórios de Pegada de Carbono, Pegada e conta, desde 2010, com o Programa Brasileiro
um copo de vidro. No copo são utilizados insu- Hídrica, Eficiência Energética, e a obtenção de Avaliação do Ciclo de Vida – PBACV, do
mos como areia, feldspatos, calcário, barrilha de diversas certificações ambientais. Além Conselho Nacional de Metrologia, Normali-
e outros, os quais, por sua vez, para estarem disso, a ACV também está se firmando como zação e Qualidade Industrial – Conmetro, que
disponíveis para se fabricar o copo, deverão ferramenta de avaliação de impactos sociais, a estabelece diretrizes no âmbito do Sistema Na-
primeiro ser produzidos, embalados, transpor- ACV Social (S-LCA Social Life Cycle Analysis), cional de Metrologia, Normalização e Qualidade
tados e distribuídos. Durante o uso do copo, e ainda é utilizada para a realização de análises Industrial - Sinmetro, para dar continuidade e
serão utilizados água e sabão; e depois, para sua de custos, a ACV Econômica (LCCA Life Cycle sustentabilidade às ações de ACV no Brasil. O
reciclagem, também serão utilizados produtos e Costs Analysis), e análises de ciclo de vida de PBACV, presidido pelo Instituto Brasileiro de
processos, consumindo matéria-prima, energia, organizações, a ACV Organizacional (O-LCA Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT
água e outros insumos e cuja produção também Organizational Life Cycle Analysis). Em resumo, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações
terá resultado na geração de resíduos e emissões a ACV abrange todos os aspectos do desenvolvi- e Comunicações – MCTIC é gerido por um
ao ambiente. mento sustentável. Por esse motivo é ferramenta Comitê Gestor, formado por representantes
Estudos de ACV vêm sendo realizados há obrigatória, incluída na legislação ambiental na do governo, da academia, setores produtivos,
26 anos no mundo todo, desde a publicação, União Européia e em outros países. organizações comprometidas ao tema ACV e
em 1991, pela International Organization for A ACV, que derivou no Pensamento de Ciclo representantes dos Comitês Assessores do Con-
Standardization (ISO) a série ISO 14.040 de de Vida (Life Cycle Thinking), hoje, por seu metro. O CETEM participa desse Comitê Gestor.
Avaliação de Ciclo de Vida. Isso permite que caráter sistêmico e circular, e apesar de algumas O pensamento do ciclo de vida tem também
hoje existam milhares de Inventários de Ciclo limitações (como a garantia da confiabilidade respaldo nas políticas públicas que explicitamen-
de Vida disponíveis em diversas bases de dados dados existentes e falta de dados locais, a te colocam a ACV como uma ferramenta para
dos, destacando-se, em nível global, a ELCD correta alocação de impactos para os diversos introdução da sustentabilidade no consumo e na
(European Life Cycle Database), a EcoInvent produtos e serviços e a definição das fronteiras produção, como a Política Nacional de Resíduos
(organização de várias instituições suíças) e, dos sistemas analisados) é considerada a ferra- Sólidos (Lei n. 12.305/2010) e a Instrução Nor-
mais especificas para energia, poluição e trans- menta perfeita para se aplicar no contexto da mativa n. 1 de 2010 do Ministério do Planeja-
porte, a E3 (Ludwig Bolkow Systemtechnik, Economia Circular. mento, Orçamento e Gestão do Governo Federal
LBST) e a GEMIS (International Institute for No ano 2000, a SETAC (Society of Environ- que se refere às compras públicas sustentáveis.
Sustainability Analysis and Estrategie, IINAS). mental Toxicology and Chemistry) com o apoio Em paralelo à preparação do PABVC, o
Além dessas, muitos países estão desenvolvendo do PNUMA (Programa das Nações Unidas para IBICT, principal órgão de fomento do desen-
e disponibilizam livremente suas próprias bases o Meio Ambiente) criou o programa Life Cycle volvimento da metodologia ACV no Brasil,
de dados de Inventários de Ciclo de Vida. Initiative, buscando disseminar o Pensamento de elaborou a Metodologia Padrão de Elaboração
Economia Mineral
retamente relacionada ao seu valor de mercado.
Portanto, variações conjunturais (de cunho geo-
político, técnico, social e de mercado) também se
somam ao campo das incertezas que devem ser
levadas em conta na análise e quantificação dos
impactos e da disponibilidade futura do recurso
mineral. Por esse motivo, alguns especialistas
consideram que a ACV não pode ser a única
ferramenta para se tomar decisões sobre a sus-
tentabilidade da mineração, pois não consegue
levar em conta os câmbios temporais sociopo-
líticos, técnicos e econômicos que modificam a
definição de quantidade de recursos disponíveis
para o futuro.
De qualquer forma, há um reconhecimento
da importância e dos benefícios que a ACV
pode trazer para a indústria mineral: fornecer
informações quantitativas que servem para o
Sistema de Gestão Ambiental das empresas,
para se melhorar a ecoeficiência dos processos
Figura 3 - Fluxograma do processo de extração de bloco de rochas ornamentais. de produção, para se decidir entre tecnologias
de produção e até métodos de recuperação
de Inventários e desenvolveu o SICV-Brasil, com tema, devido à resistência das mineradoras em ambiental e fechamento de mina, dentre outros.
o objetivo de oferecer um Banco de Dados de divulgar informações ambientais e de processo, Os estudos de ACV auxiliam na comunicação
Inventários de Ciclo de Vida da Indústria Brasi- consideradas reservadas. mais clara e transparente com os stakeholders
leira, que possam ser utilizados por outros países Os dados genéricos utilizados nos estudos e, por último, a disponibilização dos dados da
e importados por softwares de ACV, seguindo de ACV da mineração não são suficientemente mineração é fundamental para outros estudos
os critérios de qualidade da Internacional Re- precisos para mensurar as cargas ambientais es- de ACV de sistemas complexos que se utilizam
ference Life Cycle Data System - ILCD, guia de paciais e temporais deste setor industrial. Nesse de recursos minerais e que hoje são realizados
referência criado pela União Européia. sentido, a mineração, à diferença de outros pro- excluindo das fronteiras desses sistemas os im-
cessos industriais, pode ser definida como uma pactos da produção desses recursos minerais.
ACV na mineração indústria que acontece em um período de tempo
A mineração, etapa inicial da maioria dos e em um território determinado e com grande Estudos de ACV realizados pelo CETEM
processos industriais, é a fornecedora primária impacto social nas comunidades onde atua e nas O CETEM, única instituição de pesquisa
de dados necessários para a ACV de praticamen- vizinhas. Assim, outra dificuldade dos estudos pública com foco em mineração e tecnologia mi-
te qualquer produto ou serviço. ACV é adequadamente quantificar os impactos neral, vem contribuindo com trabalhos pioneiros
Apesar do grande crescimento de estudos de socioambientais em função das características na realização de diversos estudos de ACV na área
ACV, seu uso na mineração é limitado e pode-se do local e da vida da mina. mineral, apresentados resumidamente a seguir.
dizer que o setor mineral ainda não aderiu ao Buscando adaptar a metodologia ACV para
Pensamento de Ciclo de Vida, o que pode ser o caso específico da indústria mineral, em 2006, Ciclo de vida das rochas ornamentais
devido à falta de estudos e dados suficientes para no âmbito da Comunidade Europeia, o Colégio O uso da ferramenta e sua metodologia no
a adequação da ferramenta ACV ao particular Imperial de Londres desenvolveu um sistema CETEM foi iniciado em 2009, no Núcleo Regio-
mundo da mineração. próprio, o LICYMIN (Life Cycle Inventory and nal do Espírito Santo, em parceria com o IBICT,
Muitos dos estudos ACV da mineração dis- Assesment System for the Mineral Industry). o Centro Tecnológico do Mármore e Granito
poníveis, assim como acontece em outros seto- O LICYMIN tem sido utilizado em diversos – CETEMAG, a Associação Ambiental Monte
res, baseiam-se em dados públicos de relatórios estudos e adequado a outros, como é o caso Líbano – AAMOL, o Instituto Nacional de Me-
ambientais de empresas, de organismos gover- do Ciclo de Vida dos agregados. No entanto, trologia, Normalização e Qualidade Industrial
namentais e páginas de internet ou são estudos o LICYMIN ainda deve ser melhorado, para – INMETRO e o Instituto Federal de Educação,
de associações que consideram o produto de diminuir as incertezas inerentes à mineração, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – IFES.
forma geral, sem serem de cada caso específico. como a incerteza relacionada ao potencial de No projeto, financiado pelo CNPq (Processo n°
Porém, considerando as grandes diferenças en- esgotamento dos recursos minerais que, apesar 555723/2009-7), elaborou-se o Inventário do
tre os métodos de mineração e a falta de dados de serem fontes não renováveis, têm sido cada Ciclo de Vida das rochas ornamentais, como
detalhados por processo unitário (perfuração, vez mais extraídos com teores mais baixos e estudo piloto de inventário setorial, represen-
carregamento, britagem, classificação... etc.), as também reutilizados pela indústria por meio tativo da produção de rochas ornamentais no
ACVs de mineração precisam ser construídas de reciclagem. País, e visando validar a metodologia padrão
com dados em detalhe coletados nas minas, A intensidade do uso da tecnologia na de inventários de ciclo de vida e o SICV-Brasil,
o que é muito difícil para pesquisadores no produção e na reutilização do mineral está di- do IBICT.
O inventário teve como cenário de estudo o
Estado do Espírito Santo, representativo em nível
nacional pelo volume de rochas ornamentais ex-
traídas, processadas e exportadas, destacando-se
o beneficiamento.
O inventário mensurou, mediante a coleta
de dados primários em empresas pela equipe do
CETEM, as entradas (materiais, energia, água) e
saídas (produtos, emissões etc.) da cadeia pro-
dutiva de rochas ornamentais, desde a extração
dos blocos até a produção de chapas polidas na
saída de fábrica (berço ao portão). A unidade
funcional foi uma chapa polida de granito (5,5
m2). As fronteiras do estudo compreenderam
as principais etapas do ciclo de vida das rochas:
extração, transporte da pedreira até o beneficia-
mento, serragem e polimento (Figuras 3 e 4). Foi
validado em 2014 por consultores especialistas
em ACV.
Os resultados do estudo mostraram, dentre
outros, que a tecnologia convencional de serra-
gem de blocos de granito em chapas, realizada
em teares de lâminas de aço (convencionais)
apresenta um consumo energético muito maior e
impactos ambientais mais relevantes que a nova
tecnologia de teares de fios diamantados (em Figura 4 - Fluxograma do processo de beneficiamento de rochas ornamentais.
franca expansão no País) e que a utilização de in-
sumos importados gera grande carga ambiental, ocupação da terra urbana. O processo de be- cativas de H2SO4, HCl e NH4OH, além da gera-
principalmente por grande parte desses insumos neficiamento afeta mais as categorias ocupação ção de resíduos radioativos de tório e urânio. As
serem oriundos da China, país distante e com da terra agriculturável, ecotoxicidade terrestre e categorias de impactos ambientais mais afetadas
matriz energética basicamente termoelétrica, de ecotoxicidade aquática e, na lavra, os impactos durante as etapas do ciclo de vida da produção de
maior impacto ambiental que a brasileira ou a mais relevantes apontam para material particu- ETRs são as Mudanças Climáticas para a Saúde
de outros países. Esse resultado pode auxiliar o lado e depleção de fósseis. No que se refere aos Humana e para os Ecossistemas, Ocupação da
setor na escolha de outros fornecedores ou na insumos e energia utilizados na produção de Terra Urbana e Depleção de Recursos Minerais.
obtenção de subsídios para fabricar insumos pelotas de minério de ferro, o estudo mostrou
no País. que o óleo combustível, carvão, eletricidade e gás Ciclo de vida de materiais de demolição
natural são os que têm maior impacto ambiental. O CETEM também realizou um estudo
Ciclo de vida do minério de ferro pioneiro de ACV para materiais de resíduos de
O objetivo do estudo foi o de avaliar os im- Ciclo de vida de elementos de terras raras construção e demolição, RCDs, elaborando uma
pactos do ciclo de vida da produção de minério O objetivo do estudo foi avaliar o ciclo de proposta metodológica e aplicando-a ao estudo
de ferro, associados às operações de lavra, bene- vida da produção de elementos de terras raras de caso da demolição do prédio do Bingo do
ficiamento e produção de pelotas. Os dados do - ETRs a partir de um minério brasileiro. A Arpoador e dois adjacentes, no Rio de Janeiro.
inventário foram coletados em visitas técnicas unidade funcional definida foi de quatro quilo- Os principais materiais considerados na ACV
e extraídos de relatórios de produção em uma gramas (lantânio, cério, praseodímio, neodímio) foram: concreto, aço, madeira, vidro, tijolos, alu-
empresa de Minas Gerais. A unidade funcional de óxidos de terras raras provenientes da fração mínio e cobre, sendo a unidade funcional uma
definida para o estudo foi de uma tonelada de leve e dois quilogramas de óxidos na forma de tonelada de resíduos da demolição entregues em
pelotas de minério de ferro entregue no navio no hidróxido úmido das frações média e pesada. sua destinação final: aterro, planta de reciclagem
porto. A Figura 5 representa o sistema de produ- Para efeito de cálculos, foi considerada que a ou planta de distribuição de matérias para reuso.
ção de pelotas de minério de ferro considerada obtenção da monazita utilizada na produção Trata-se de uma ACV do berço ao túmulo.
no estudo, seus fluxos intermediários (minério de ETRs ocorreu a partir do resíduo de bene- Os resultados mostraram o consumo de
de ferro, concentrado, pelotas), seus fluxos ficiamento do nióbio com as características de quantidades significativas de combustível, tanto
auxiliares (amido, soda e cal, entre outros), e Araxá/Minais Gerais. O modelo de produção pelos equipamentos de demolição quanto pelos
as saídas de emissões atmosféricas, efluentes de ETRs é mostrado na Figura 6, e incluiu as caminhões de transporte até os locais de desti-
líquidos e resíduos sólidos. fases de abertura do minério e da produção dos nação, afetando, principalmente as categorias
O estudo identificou que o processo de óxidos, além de suas interações. de impacto ambiental: depleção de combus-
pelotização tem maior relevância nas categorias Os resultados do inventário do ciclo de vida tíveis fósseis, toxicidade humana e mudanças
formação fotoquímica, acidificação terrestre e evidenciaram o consumo de quantidades signifi- climáticas.
Economia Mineral
Figura 5 - Fluxograma do sistema de produção de pelotas de minério de ferro.
Estudos de ACV em andamento e previstos Bibliografia consultada

Research Centre) da Comunidade Européia,
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR-
O CETEM está atualizando a ACV das um estudo, com duração prevista de 14 me-
MAS TÉCNICAS. Gestão ambiental Avaliação do
Rochas Ornamentais, pois houve mudanças ses, que se propõe a identificar, mediante a
significativas nos processos produtivos nos utilização da ACV ambiental e ACV social, ciclo de vida – Princípios e estrutura. 21 p. (Norma
últimos anos. Por exemplo, a utilização de oportunidades e desafios para importantes mi- ABNT NBR ISSO 14040). 2009.
fio diamantado, tanto na lavra quanto no nerais produzidos no Brasil, face ao potencial ACV-IBICT. Avaliação de ciclo de vida.
beneficiamento, tem se estendido e aprimo- cenário de inserção do modelo de Economia Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
rado. Além disso, tem permitido a produção Circular, que traz a proposta de redução e Tecnologia. http://acv.ibict.br/
de materiais frágeis, mas de grande beleza e otimização do consumo de recursos naturais, APPUGLIESE, G. A.; BETIOL, L. S.; RAMOS
aceitação no mercado, os quais precisam de materiais e energéticos, aprofundando nas ca- L.. O pensamento do ciclo de vida como abordagem
processos adicionais de reforço (envelopamen- deias de valor conceitos alternativos de design sistêmica para a tomada de decisão das compras
to e telagem com fibra de vidro) que utilizam de produtos, remanufatura, extensão de vida públicas. IV Congresso Brasileiro sobre Gestão pelo
novos insumos. útil, reutilização e a reciclagem de materiais. Ciclo de Vida, 9 a 12 de novembro de 2014. São
O CETEM participa de alguns projetos Por último, um projeto foi submetido à
Bernardo do Campo, SP, Brasil.
de cooperação internacional que utilizam a Comunidade Européia, por meio do edital
AWUAH-OFFEI, K.; ADEKPEDJOU, A.
ferramenta ACV. Um deles, que está come- ERAMIN 2, em parceria com universidades e
çando em outubro, com duração de três anos, instituições de pesquisa da Itália e da Eslovê- Application of life cycle assessment in the mining
visa estudar a viabilidade técnica, econômica nia, a ser coordenado pelo CETEM. O projeto industry. International. Journal Life Cycle Assess-
e ambiental de diversas rotas de produção visa estudar, mediante a ACV ambiental, a ment (2011), v 16, 82–89.
de ímãs de terras raras a partir de minério social e a econômica, as diversas possíveis CANCHUMANI, G. A. L., LIMA, F. M. R. S.
brasileiro, mediante a simulação de processos destinações (reuso, reciclagem ou disposição Avaliação do ciclo de vida - ACV da produção de
e avaliação do ciclo de vida (ambiental e eco- final) dos materiais de demolição e construção elementos terras raras. In: Jornada do programa de
nômica). Esse estudo insere-se em um projeto em várias regiões do Brasil, com a finalidade capacitação interna do CETEM, 5. Rio de Janeiro.
mais amplo (REGINA – Rare Earth Global In- de melhorar os impactos socioambientais e a Anais... CETEM/MCTIC, 2016. Disponível em:
dustry and New Applications) de cooperação qualidade dos produtos. O resultado do edital http://mineralis.cetem.gov.br/handle/cetem/1933
Brasil-Alemanha que reúne várias instituições sai em dezembro próximo. CASTRO, N. GADIOLI, M. WANDERMU-
brasileiras e alemãs, com o apoio dos governos Finalizando, o pensamento de ciclo de vida
REN, C. PAZETO, A. Inventário do Ciclo de Vida
e empresas dos dois países, com projetos que e a ACV, como ferramenta com reconhecimen-
das Rochas Ornamentais. Anais do IX Simpósio de
contemplam desde a extração e obtenção de to global, vêm se firmando como indispen-
óxidos de terras raras até a fabricação de ímãs. sáveis para o desenvolvimento sustentável e, Rochas Ornamentais do Nordeste. 10 a 13 abril de
Inicia-se em novembro, no âmbito Progra- cada vez mais, deverá ser exigido pelas polí- 2016, João Pessoa – PB. Disponível em: www.cetem.
ma bilateral Diálogos União Européia-Brasil, ticas públicas, pelos clientes e consumidores gov.br/images/congressos/2016/STRO604.pdf
em cooperação com o IBICT e o JRC (Joint e pela sociedade em geral. ☐ COPPER ALLIANCE. Copper lifecycle. Life

Figura 6 - Modelagem do sistema da produção de óxidos de terras raras.
Cycle Centre at Deutsches Kupferinstitut (DKI), SANTERO, N.; HENDRY, J. Harmonization WRAP (Waste and Resources Action Program-
Thinkstep, the European Copper Institute and of LCA methodologies for the metal and mining me) - EVA025 – Final Report: Aggregates Industry
the global copper industry. http://www.copper- industry. International Journal of Life Cycle Life Cycle Assessment Model: Modelling Tools and
-life-cycle.org/ Assessment (2016) 21:1543–1553. DOI 10.1007/ Case Studies - Dr Anna Korre & Professor Sevket
DRIELSMA, J. RUSSELL-VACCARI A. s11367-015-1022-4 Durucan – Imperial College London. Oxon, UK:
DRNEK, T. BRADY, T. WEIHED, P. MISTRY, SILVA, D. L. ; LIMA, F. M. R. S.; CANCHU- WRAP, 2009. Disponível em: http://www.wrap.
M. SIMBOR, L. Mineral resources in life cycle MANI, G. A. L. A demolição e a coleta seletiva na org.uk/sites/files/wrap/Life%20Cycle%20Asses-
impact assessment—defining the path forward. indústria da construção civil: estudo de caso de ment%20of%20Aggregates%20User%20Guide.pdf
International Journal of Life Cycle Assessment um prédio no Rio de Janeiro. In: JORNADA DE
(2016) 21:85–105 INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 22. Rio de Janeiro. (1) Engenheira de Minas, M.Sc., Pesquisa-
LOVÓN-CANCHUMANI, G. A., LIMA, F. M. Anais...Rio de Janeiro: CETEM/MCTI, 2014. dora do CETEM
R. S., OLIVEIRA, P. P. Avaliação do ciclo de vida http://mineralis.cetem.gov.br/handle/cetem/1515 (2) M.Sc., Bolsista do CETEM
na mineração: estudos da produção de minério de UN ENVIRONMENT – Life Cycle Initiative. (3) Engenheira Química, D.Sc., Pesquisadora
ferro / Rio de Janeiro: CETEM/MCTI, 2015. Série http://www.lifecycleinitiative.org/ do CETEM
Estudos e Documentos, 89. 80p. Disponível em: VAN GENDEREN, E; WILDNAUER, M.; (4) Engenheiro Metalúrgico, D.Sc., Pesqui-
http://mineralis.cetem.gov.br/handle/cetem/1923 SANTERO, N.; SIDI, N. A global life cycle sador do CETEM
PLESSIS, Annel du; OBERHOLZER, M. A assessment for primary zinc production. Inter- (5) Administrador, D.Sc., Pesquisador cola-
framework for measuring an internal reporting on national Journal of Life Cycle Assessment (2016) borador do CETEM
environmental costs at a mine. In: Environmental 21:1580–1593. DOI 10.1007/s11367-016-1131-8 (6) Engenheira de Telecomunicações, M.Sc.,
Economics (open-access), volume 5, issue 3, 2014. WORLD STEEL ASSOCIATION. Steel in Bolsista do CETEM
LLC “СPС “Business Perspectives”: Ukraine, 2014. the Circular Economy. A life cycle perspective. (7) Carlos C. Peiter: Engenheiro Metalúrgico,
pp 53-61. ISSN 1998-6041 (print), 1998-605X © World Steel Association 2015. ISBN 978-2- D.Sc., Pesquisador do CETEM
(online). 930069-80-7 (8) Diretor do Cetem

Equipamentos & Tecnologias
Kock indicou a drenagem e a dragagem como pos-

síveis soluções, mas ressaltou que será um processo
de longo tempo, mesmo porque antes do desastre o
rio já estava “comprometido ambientalmente” em
diversos pontos. Por fim, aproveitando o fato de que
o Brasil irá sediar, em 2018, o 8º Fórum Mundial
da Água, que pela primeira vez acontecerá num
país emergente e no hemisfério Sul, o especialista
holandês reforçou a premente necessidade de se
atentar para o valor da água, adotando hábitos de
consumo mais conscientes e racionais – “sem isso,
não é possível ser sustentável”.
AMC e REFLEX
EXPOSIBRAM 2017 e brasileiros da Fundação Renova visitando a

bacia do Rio Doce para identificar as sinergias no
Feira reforça intercâmbio de tecnologias de recuperação da área
degradada pelo acidente da Samarco. Kock relata
boas expectativas que ficou muito impressionado com os problemas
que viu em Bento Rodrigues (MG) devido ao rom-
pimento da barragem, mas que também manteve
Embora muito longe da euforia vivida no auge uma reunião bastante construtiva com a Renova
do preço das commodities e também já se desligan- (Fundação criada pela Vale e BHP para cuidar da
do dos momentos mais catastróficos vividos pelo recuperação das áreas atingidas pelo acidente e po-
setor mineral, a Exposibram 2017 trouxe de volta pulações afetadas) tratando sobre as possibilidades
para os mais de 400 expositores o sentimento de de recuperação econômica do local.
“positividade”. Conforme apurou a revista Brasil A cooperação, neste caso, irá focar em três áreas:
Mineral, para a maioria das empresas participantes o gerenciamento das águas, de forma a assegurar a
as visitações e o nível das conversações iniciadas qualidade e a quantidade de água para a população As empresas do Grupo Imdex Limited, a AMC
durante a feira superaram as expectativas, apesar do e para as indústrias; o melhoramento e monitora- Brasil e a Reflex, estiveram juntas na Exposibram
cenário econômico ainda desfavorável do País. Mas, mento dos diques e barragens das minas, para evitar 2017. Um dos destaques da AMC Brasil foi o AMC
concretizando ou não novos negócios, o evento a repetição do mesmo tipo de acidente; e, por fim, o BOS (Borehole Optimisation System, ou sistema
movimentou todo o setor, dando destaque a novas desenvolvimento de novas atividades econômicas, para otimizar perfuração), que assegura a estabilida-
tecnologias, equipamentos, produtos e serviços como o turismo, de forma a não depender mais de do furo com operações mais suaves e previsíveis,
que chegam para tornar a atividade mineral mais da mineração como única alternativa de fonte de mesmo em condições adversas.
produtiva e sustentável. renda. “Bento Rodrigues já deveria, inclusive, ter O sistema AMC BOS UNIT compreende a
desenvolvido essas alternativas”, observou Kock. ferramenta de perfuração que lubrifica e reveste
A experiência holandesa Tecnologia para tanto existe, garante ele. Mas o furo; e o AMC BOS FIX, uma argamassa lubri-
Especialistas de empresas holandesas estiveram antes, pontua o especialista holandês, “é preciso ficante de preenchimento rápido. Outra novidade
presentes na Exposibram 2017 apresentando seus que haja um processo inclusivo que contemple a mostrada pela AMC Brasil, a unidade de remoção
cases e experiências com o intuito de desenvolver indústria mineral e a população das áreas afetadas, de sólidos leves, ou LW SRU, é um equipamento de
soluções conjuntas para a realidade brasileira, es- assim como o poder público. Essa é uma ação controle de partículas sólidas que permite grande
pecificamente na área de mineração, atividade que que pode tomar muito tempo”. Kock cita a lição reaproveitamento de água nas operações.
necessita de grande uso de água nas etapas que vão aprendida na Holanda que, no passado, introduziu Da Reflex foram destaques as soluções de
desde a extração até o beneficiamento, chegando novas tecnologias sem a prévia consulta a todos geoanálise on-site “Press” e “XRF”, além do Reflex
por vezes ao transporte do minério, inclusive. os parceiros interessados – “passaram-se dois ou IQ-Logger, que otimiza o tempo para Logging
Quatro foram os temas dessa missão no Brasil: três anos e a percepção era de que as coisas não Estrutural em testemunho de sondagem orientado,
gerenciamento de barragens, monitoramento e funcionavam”. Para evitar o mesmo erro, Kock bem como a transferência digital de dados.
eficiência dos recursos hídricos, água potável e reforça a necessidade de dedicar um maior tempo
tratamento de rejeitos líquidos – frentes em que a na adaptação dos parceiros antes de introduzir as Andritz
Holanda possui grande expertise tecnológica. soluções tecnológicas de fato. Além dos filtros prensa para barragem de rejeito
Valendo-se desse conhecimento, Dirk-Jan Um dos maiores impactos do acidente se deu e lonas de filtração – equipamentos totalmente
Kock – enviado especial da Holanda para Recursos no rio Doce, que hoje está num processo de “morte fabricados no Brasil, a Andritz ressaltou, durante a
Naturais -- esteve com especialistas holandeses lenta”. Para recuperar esse importante curso hídrico, feira, sua entrada como membro da ABII (Associa-
ção Brasileira de Internet Industrial), contemplando não corrói, não oxida e nem sofre incrustrações. doras no estande da Bridgestone. Foram destaques o
assim seu plano estratégico de conectividade pneu radial VMTP (V-Stell M-Traction Premium),
industrial, cujas soluções em desenvolvimento Bertech para operações de transporte de materiais, com
visam aumentar a previsibilidade das operações, a Participando pela segunda vez da feira, a maior profundidade de banda para máxima tração e
segurança e a rentabilidade de seus clientes. Bertech apostou no reparo de correias transporta- composto rígido que eleva a durabilidade; e o L317,
doras Flexsol (resina líquida de rápida reparação) especialmente projetado para caminhões em ope-
Astec e na linha Durafast, desenvolvida para recuperar o rações cíclicas que necessitam de maior resistência
desgaste de chapas de moinhos ou equipamentos a calor gerado por maiores distâncias de ciclos e
metálicos que sofrem com a ação de impactos e velocidades médias. Possui ainda carcaça reforçada
abrasão. para trabalhos severos de mineração e sulco de
banda de rodagem agressivo para melhor aderência.
Besc
Representante e distribuidor exclusivo da He- CZM
dweld no Brasil, a Besc destacou a linha Safe-Away A mineira CZM apresentou o projeto da pri-
Peneira de alta frequência da Astec de sistemas de acesso de escadas e escadarias – “a meira escavadeira montada em base anfíbia auto-
A Astec informou, durante a Exposibram 2017, maneira mais segura de acessar equipamentos de propelida, desenvolvida para atender a demandas
que iniciou no País a fabricação e comercialização mineração e terraplenagem”, reforçou Bernardo na recuperação de barragens de mineração, draga-
das peneiras de alta frequência de até três decks de Costa, diretor da empresa. Um dos modelos de es- gem, limpeza ambiental, recuperação de terrenos
peneiramento, em diversos parâmetros de incli- cadarias apresentados foi o RTV (Raise To Vertical), e terras úmidas. A primeira unidade tem previsão
nação, amplitude e velocidade de cada vibrador, que se retraem para a posição vertical acima do solo de entrega no quarto trimestre de 2017 e irá operar
projetadas conforme a necessidade de seus clientes. quando a máquina está em operação. A escadaria em Mariana (MG).
Sua estrutura leve requer instalações simples e sua em 45º facilita o acesso do operador ou do pessoal
operação e manutenção é otimizada com elementos de manutenção ao veículo. Dana Brevini
de fácil acesso. O sistema único de troca de telas di- Também foram apresentados alguns produtos A Dana Brevini apresentou a evolução de seu
minui consideravelmente o tempo de intervenção. da linha Trilift especialmente projetados para sistema automático de esticamento de correia
auxiliar na remoção, instalação e manuseio de transportadora através de guinchos elétricos (take
Baron componentes de veículos pesados da mineração. up winches), que elimina o uso da torre de contra-
Primeira vez na feira, a Baron apresentou a Em breve, a Besc passará a comercializar a escada peso e aumenta a segurança operacional, pois não
versatilidade do UHMW (Ultra High Molecular de altura variável deslizante com atuação elétrica; existe energia potencial armazenada neste caso. De
Weight) aplicado no revestimento interno da báscu- Acessórios para manipulação de pneus (o disposi- acordo com o fabricante, o valor exato da tensão de
la de equipamentos de mineração, que, entre outras tivo giratório CR20000, que permite a manipulação esticamento da correia parametrizável no painel
vantagens, elimina o problema da “carga morta”. e rotação de vários componentes como pneus de elétrico (que pode ser fornecido com comunicação
Com a vantagem de ser mais resistente ao desgaste grande porte, eixos diferenciais e rodas motoriza- remota via internet) resulta no aumento da vida útil
e ao impacto, o Baron Duramaxx foi projetado para das e o WAC30 – veículo autopropulsado remoto da correia e dos componentes do transportador.
revestir caçambas de caminhões, tratores, conchas capaz de suportar dois conjuntos de rodas de 15
e chutes. Graças às propriedades do UHMW-PE, o toneladas) e Dispositivos para Mesas de Trabalho
Baron Duramaxx apresenta elevada capacidade de Variável (como o Manipulador Universal de Pino
antiaderência, é autolubrificante, não absorve água, de Caçamba).
Bridgestone
Os visitantes da feira puderam conferir as van-
tagens da linha de pneus OTR e correias transporta-
Novo sistema de esticamento Dana Brevini
Danfoss
Em parceria com seu distribuidor Hidropoços,
a Danfoss mostrou os conversores de frequência
VLT AutomationDrive FC302 e VLT AquaDrive
FC202 com grau de proteção IP66, indicados para
aplicação em ambientes agressivos. O FC302 é
projetado para controle de velocidade variável de
todos os motores assíncronos e motores de ímã
permanente e o FC202 fornece alto desempenho
para aplicações de água e efluentes acionadas por
motores CA.
de na fusão. Desde o início eles procuraram manter
os empregos e a equipe local, agregando valor aos As lanternas antiexplosão e outros sistemas de
produtos existentes e preparando a empresa para a iluminação puderam ser vistos no estande da Ilu-
entrada de novas áreas”. minação EX. Em áreas classificadas (atmosferas ex-
Cassiano também contou que na última visita plosivas e espaços confinados), uma lanterna pode
do presidente mundial do VBG Group ao Brasil o ser uma fonte de ignição e, para evitar acidentes,
CEO se mostrou bastante compreensivo quanto ao o ideal é utilizar modelos antiexplosão, equipados
atual momento do País e que reforçou na ocasião com lâmpadas especiais (led ou xênon) e acopláveis
os planos de investimentos locais de médio e longo na cabeça ou capacete para facilitar o trabalho dos
prazo – “a intenção da VGB é de fato desenvolver mineiros. Na área de iluminação remota, um dos
uma atividade bastante sólida aqui. A divisão Rin- destaques da empresa foi o sistema Pelican 9455,
gfeder tem muita sinergia econômica comercial com autonomia de até 10 horas de uso.
com os produtos Henfel”.
Fornac De origem sueca, o Grupo VGB possui três Imic
A Fornac, marca bastante conhecida do setor divisões: equipamentos para caminhões, peças
mineral de solução em fundidos, ressaltou na feira para trens e Ringfeder – transmissão de potência
seu amplo portfólio para equipamentos de brita- para indústria (a Henfel passa a pertencer a esta
gem (composto por mandíbulas, cunhas, trilhos, divisão). Recentemente, em dezembro de 2016, o
revestimentos do bojo, entre outros) e aproveitou VBG Group adquiriu os negócios da MCC – refri-
para anunciar as novas ligas desenvolvidas para o geração para caminhões. Desde setembro passado,
mercado cimenteiro, cuja linha já foi homologada esta área passou a contar com uma pequena base no
pela Votorantim Cimentos. Brasil, utilizando a estrutura da Henfel.
A VGB já considera o Brasil como a plataforma
Henfel de seus negócios para a América do Sul, situação
Há dois anos a Henfel passou a se tornar uma que irá se fortalecer nos próximos anos. No mo-
empresa da Divisão Ringfeder, que por sua vez mento, trabalham para manter o market share de
pertence à sueca VBG. Nesse período, a transição produtos onde já ocupam a posição de liderança e
se deu de forma tranquila e o comando da empresa para ganhar mercado nos produtos que a compa-
brasileira continuou sob a batuta de Celso Apare- nhia passa a agregar por sinergia, como é o caso
cido Cassiano, há 36 anos presidente da Henfel. dos anéis de contração e de fixação. Outra área
Ao passar o cargo aos novos “comandantes”, vislumbrada pelo Grupo são os acoplamentos fle-
Valter Toshio Nishigima e Douglas Rodrigues xíveis, com portfólio bastante abrangente e que tem
Buzo, em cerimônia que aconteceu durante a Ex- a concorrência agressiva de duas empresas alemãs. O Britador de Mandíbulas 975 foi o destaque
posibram 2017, Cassiano pontuou que a “tradição Cerca de 90% de todos os produtos comercializa- da Imic na feira. O modelo é um dos menores da
e o conhecimento adquiridos pela marca Henfel se dos hoje pela Henfel Ringfeder saem da fábrica de linha do fabricante, que possui uma linha extensa de
manterão no Brasil” e que a entrada da Ringfeder Jaboticabal, no interior de São Paulo. máquinas neste segmento, chegando a possuir equi-
irá incorporar novos produtos ao portfólio da pamentos de até 70 toneladas. Já na linha secundária
companhia, como anéis de fixação e de contração Iluminação EX e terciária de britagem, foi apresentado no evento
já consagrados mundialmente. o Britador Cone BCI200H, máquina hidráulica
A aquisição foi concretizada em 2015 e nos úl- automática, que possui um cilindro posicionador,
timos anos foram estruturadas algumas mudanças. o qual faz a regulagem do fechamento da máquina,
Cassiano reforça que foi um período de transição entre outras funcionalidades.
tranquila – “o grupo é conservador e houve afinida-
Kalenborn
Com matriz na Alemanha e sede na cidade de
Vespasiano, a Kalenborn ressaltou suas soluções
contra desgastes em equipamentos e componentes
industriais, que ajudam a evitar paradas não pro-
gramadas e otimizam o escoamento dos materiais,
reduzindo custos operacionais e aumentando assim
a produtividade.
LeapFrog
A neozelandesa LeapFrog apresentou o Lea-
pfrogGeo – primeiro software de modelagem im-
plícita 3D desenvolvido para aumentar a eficiência
Valter Toshio, Celso Cassiano e Douglas Buzo de indústrias de mineração. Também foi destaque a
plataforma Leapfrog Central, que permite a gestão menos impacto para as estruturas dos transporta-
de dados dos modelos geológicos 3D para o setor dores, sendo indicado para área de pesagem.
mineral. A novidade, concebida na Nova Zelândia, O segundo lançamento foi o Nivelador de Rolos
aperfeiçoa o processo de construção dos modelos desenvolvido para resolver e corrigir problemas nas
geológicos para que os dados possam ser acom- áreas de pesagem das balanças. O sistema dispensa
panhados de perto pelo gestor, com atualizações a utilização de gerador de energia, máquina de
instantâneas. O modelamento contínuo pode ser solda e lixadeira, além de gerar uma economia
desenvolvido de forma colaborativa, com registro de até 60% do efetivo e do tempo de trabalho da
do armazenamento e validação do histórico do forma tradicional.
projeto. Esse processo contribui para o aumento da Medidor Arenal da Metroval
eficiência no compartilhamento de informações e Sotreq e Sitech
conhecimento, possibilita a rastreabilidade e audi- MHz, e com uma impedância acústica acima da Com o objetivo de levar as novidades em
toria do modelo, além de minimizar os riscos dos polpa de minério – uma alternativa mais eficiente tecnologias que otimizem o trabalho dentro das
processos decisórios. que os transdutores de plásticos industriais de alta mineradoras, a Sotreq, empresa com 75 anos no
dureza para transmissão do som, que possuem mercado e uma das maiores provedoras de solu-
Liebherr impedância acústica próxima ao da polpa de mi- ções, produtos e sistemas Cat® no Brasil, e a Sitech,
A vedete do estande da Liebherr foi o novo nério em concentrações comuns no processamento companhia especializada na distribuição mundial
caminhão T 236 da classe de 100 toneladas, com mineral, o que causa constante perda de referência de produtos de tecnologia, marcaram presença
o menor custo por tonelada transportada e ino- e necessidade de calibrações constantes. na Exposibram 2017. Na ocasião, os visitantes
vações no sistema de acionamento elétrico com a puderam verificar todas as oportunidades do Cat
introdução da tecnologia Litronic Plus Generation Motion Metrics MineStar, sistema integrado de gestão de equipa-
2 AC, desenvolvida após 10 anos de aplicações em A canadense Motion Metrics apresentou suas mentos móveis apontado como o mais abrangente
sistemas de acionamento elétricos integrados. soluções de monitoramento, baseadas em câmeras do mercado. Desenvolvido para atender a qualquer
e sensores para carregadeiras (LoaderMetrics) e tamanho e tipo de operação de mina, o programa
escavadeiras (ShovelMetrics) de grande porte. O é composto por várias soluções configuráveis e é
LoaderMetrics é um sistema para detecção de perda dividido em cinco módulos: Detect, Terrain, Health,
de pontas e de redução de ponto cego para todos Fleet e Command.
os tipos de carregadeiras, enquanto que o Shovel-
Metrics permite o monitoramento de carga útil por
caçamba em escavadeiras hidráulicas, melhorando
assim a eficiência de carregamento do caminhão e
as metas de produção.
RHF Group
O RHF Group trouxe duas novidades para a
A integração vertical da Liebherr e os compo- feira. A primeira delas foram os Rolos de Condução
nentes de fabricação própria garantem que o trem com Mancais de Poliuretano para transportadores,
de força do T 236 atinja ótima eficiência e perfor- com o diferencial de vedações mais seguras que
mance em todas as aplicações. O inovador sistema minimizam as vibrações sofridas pelos rolamentos a
hidráulico variável do T 236 reduz ineficiências, cada passagem do material sobre os rolos. A empre-
fornecendo máxima energia, enquanto reduz o sa explica que, por utilizar componentes com peso
consumo de combustível quando a energia não específico em sua estrutura e não empregar solda, o “Nosso foco é fornecer tecnologias que aumen-
é solicitada. rolo é montado balanceado. Com isso, ele transmite tem a segurança e a produtividade dos equipamen-
tos. Com o Cat® MineStar™, temos ferramentas que
Metroval atuam desde a identificação de sinais de fadiga no
O destaque da Metroval foi o Medidor Ultras- operador de máquinas, evitando acidentes por meio
sônico de Densidade desenvolvido em parceria de alertas em tempo real na cabine do operador, até
com a empresa holandesa Arenal PCS, que ao usar sistemas de aviso de colisão integrados com o equi-
a tecnologia Sonochemistry elimina a necessidade pamento de mineração. Focando no aumento de
de fontes radioativas e os severos requisitos de SMS produtividade, temos sistemas que contribuem para
para utilização, manutenção e intervenções de me- a redução do retrabalho, monitoram as condições
dição em linha de densidades superiores à da água de operação da frota ou até mesmo controle remoto
e com grande percentual de sólidos. de equipamentos de mineração, semiautomação e
Após anos de pesquisa, a Arenal PCS desenvol- operação autônoma de equipamentos”, ressaltou
veu uma cerâmica especial com alta dureza (2300 Bruno Peixoto, gerente de tecnologia da unidade
HRC) capaz de transmitir ultrassom na faixa de de mineração da Sotreq.
ThyssenKrupp Além da novidade, outros equipamentos já bas- com a Redwave, que fornece que fornece soluções
Além dos tradicionais equipamentos para o tante conhecidos do público estiveram expostos no para separação de materiais utilizando tecnologias
setor, a ThyssenKrupp aproveitou sua visibilidade estande da Toledo, como a Balança de Caminhões de separação por sensores óticos.
na Exposibram para reforçar ao setor o portfólio 950i, a Balança de Correia / Integradora e os Mó- De acordo com os diretores da GE21 Porfírio
de seu Centro de Serviços instalado há três anos dulos de Pesagem de Tanques. Rodriguez e Bernardo Viana, o time que vai traba-
em Santa Luzia (MG), que executa a manutenção lhar com as soluções Dassault já tem grande fami-
e o reparo de equipamentos complexos e peças de Volvo e Tracbel liaridade e experiência com a linha oferecida pela
grande porte para os setores de mineração, cimento A Volvo Construction Equipment, juntamente empresa francesa, como o Geovia Surpac, software
e energia. A unidade – que pertence à área de ne- com seu distribuidor Tracbel, apresentaram as de modelagem geológica mais usado no mundo e
gócios Industrial Solutions, também oferta projetos soluções da marca para mineração durante a Ex- que tem sido essencial em projetos de exploração
de engenharia, consultoria, treinamento e revamp posibram, como os caminhões articulados A30G, e operações de minas a céu aberto e subterrâneas.
de plantas industriais. A40G, A45G e, inclusive, o recém lançado A60H, “Os softwares de modelagem 3D e simulação de
O local é equipado com tornos CNC hori- com capacidade para 55 toneladas métricas, a maior recursos naturais Geovia são líderes mundial para
zontais e verticais, pontes rolantes de 120 tonela- carga já oferecida neste tipo de equipamento. modelagem e simulação dos recursos e reservas
das, mandrilhadora CNC, estação de soldagem minerais para melhorar a previsibilidade, a efici-
programável de arco submerso e armazém para ência e a sustentabilidade dos empreendimentos
componentes e peças de reposição. Para a ope- de mineração”. Eles informam que atualmente a
ração, a Thyssenkrupp investiu em treinamento equipe da GE21 possui 10 usuários avançados e
interno para capacitação específica nos produtos especialistas de uso das soluções Dassault. Com
fornecidos e serviços prestados no local. Assim, a parceria, a GE21 vai prestar serviços de suporte
peças altamente complexas, que antes demandavam técnico, de vendas e treinamento no Brasil.
reparos que levavam meses e só podiam ser execu- Além do Surpac, a GE21 vai representar outras
tados no exterior, são agora reparadas localmente, soluções Geovia Dassault como o GEMS, o Insite,
de forma muito mais rápida e com melhor relação o MineSchede o Whittle, que são reconhecidos
custo-benefício. Volvo-A60 mundialmente. A empresa também vai promover
cursos, treinamentos, workshops e se preparar para
Toledo Aliás, o articulado A60H e a escavadeira atender à nova demanda que surgir, com a retomada
A Toledo do Brasil lançou, durante a Exposi- EC950EL estão sendo considerados pelo mercado da atividade de mineração no País.
bram 2017, a balança Tarinweight, uma solução o par perfeito para trabalhos em mineração. Maior Segundo Mario Conrado Reinhardt, também
para pesagem dinâmica ou estática de veículos escavadeira da marca, com peso operacional de 92 diretor da GE21, o mercado de geologia está
ferroviários. Todo o sistema é construído a partir toneladas e uma caçamba de 5,6 m³, a EC950EL tem evoluindo muito rapidamente, com o avanço das
de trechos de trilho especialmente preparados e uma força de escavação 23% maior que a EC750DL. tecnologias digitais e por isto ele entende que a
instrumentados com extensômetros (strain gauges), Dotado de alta tecnologia embarcada para maior parceria com a Dassault vai agregar expertise na
para se tornarem efetivos transdutores de peso de produtividade e segurança, o caminhão articulado gestão dos cenários futuros da mineração e “mais
rodas, integrados na via férrea. Para as aplicações A60H tem grande capacidade de carga, um au- valor na base de conhecimento nessa área”. Nesses
de pesagem estática, são utilizadas múltiplas seções, mento de 41% se comparado com o modelo A40F. novos cenários, acrescenta, a mineração vai precisar
ou seja, uma pequena balança sob cada roda do Entre as carregadeiras da marca, também muito de geoestatística, de modelagem geológica, de ferra-
veículo que estiver sendo pesado. As seções de trilho procuradas pelas empresas de mineração, foram mentas de previsão de curto, médio e longo prazo.
possuem perfil idêntico aos da linha férrea, porém destaques a L220H, a L260H e a L350F, modelos “E isto é estrategicamente importante para todos”.
são usinados, instrumentados, selados e calibrados reconhecidos pelo grande desempenho. A L350F, A parceria com a Redwave, uma divisão da
pela empresa. por exemplo, pode produzir até 14% mais do que as BTW, de origem austríaca e uma das poucas em-
máquinas da concorrência na sua categoria. presas no mundo que desenvolveu a tecnologia de
sensores óticos para separação de materiais, vai
GE21 permitir à GE21 ampliar o seu raio de atuação. A
tecnologia, conforme explica Manfred Berghofer,
gerente de vendas de Mineral Sorting da BTW,
Parcerias com começou a ser usada na separação de materiais de
Dassault e Redwave reciclagem na Europa e há cerca de quatro anos foi
direcionada para a área de mineração.
As plantas fornecidas pela empresas podem
A GE21 Consultoria Mineral destacou na Ex- ser aplicadas na separação de minerais indus-
posibram duas novas parcerias internacionais que triais (como calcita/dolomita, feldspato, calcário,
ampliam o seu portfólio de produtos e serviços. magnesita, quartzo, silício, talco fosfato), metais
A primeira com a Dassault Systèmes, renomada básicos (bauxita, cobre, minério de ferro, chum-
companhia que fornece soluções de softwares e bo, manganês, níquel, zinco, alumínio, urânio,
Balança Trainweigh da Toledo sistemas de engenharia e modelagem e a segunda scheelita), metais preciosos (ouro, prata, platina,
além do tempo gasto ser muito maior, pois o registro

é feito mais lentamente.
Com o SHMS, no entanto, a plataforma realiza
a coleta de forma muito mais rápida, automatica-
mente, ao contrário do sistema convencional, em
que os dados coletados em campo são levados para
o escritório, onde são digitados para gerar as aná-
lises e relatórios, num processo que pode levar até
22 dias. Já o sistema da Intelltech faz a coleta, envia
os dados para o sistema e o relatório é emitido em
tempo real. “Este é o grande diferencial. Além
disso, já são gerados relatórios automatizados. Isto
facilita o atendimento da nova portaria do DNPM,
que exige esses relatórios, e facilita a vida tanto do
pessoal de gestão das barragens quanto da parte
operacional e também da área governamental”,
diz Zandoná.
Outra vantagem é que, além da coleta, o sistema
também faz a integração dos dados, tratando as
informações que são relevantes para a tomada de
Estande da GE21 decisão do pessoal de gestão, através de análises
estatística e preditiva. Pode-se saber, por exemplo,
paládio) e gemas (diamantes, esmeralda, topázio, Carlos Zandoná, será de grande valia para as quais são os eventos que ocorrem e qual a probabi-
água marinha, rubi e outras). Cada planta pode ser companhias mineradoras poderem cumprir as lidade de que venham a ocorrer no futuro.
dimensionada de acordo com as necessidades do exigências da nova portaria do DNPM sobre mo- “É um sistema bastante completo, que vai fazer
clientes, como informa Mario Conrado. nitoramento de barragens de rejeito. o planejamento, monitoramento, gestão, tratamento
Podem ser escaneados materiais com granulo- De acordo com Zandoná, nos sistemas tradi- dos dados e entender o que está acontecendo no
metria acima de 2cm, fazendo a separação por cor, cionais de monitoramento utilizado na maioria campo”, acrescenta. Uma outra característica im-
brilho, transparência e segundo a composição. As das mineradoras o registro dos dados é feito portante apontada é que o sistema é completamente
tecnologias dos sensores incluem: câmera de linha manualmente e, devido à grande quantidade de flexível, podendo realizar a coleta tanto automática
de escaneamento, raio infravermelho de proximida- instrumentos cujos dados e informações precisam quanto manualmente e sua eficiência foi testada em
de, multi-sensor, fluorescência de raio-X e detector ser registrados pode dar margem a imprecisões, uma empresa brasileira e outra peruana.
de metal indutivo.
Com o uso dessa tecnologia, segundo Mario
Conrado, evita-se a moagem de materiais estéreis,
economizando água e dinheiro. Na realidade o que
se faz é uma pré-concentração antes da moagem,
o que é bom para o bolso do investidor, porque
se gasta menos recursos em opex e capex. “Esta
é uma tecnologia que veio para ficar”, conclui o
diretor da GE21.
INTELLTECH
Sistema automatizado
para monitorar barragens
A IntellTech Intelligent Technologies destacou
na Exposibram o Slope Health Monitoring System,
uma plataforma modular para integração de dados,
planejamento de atividades de monitoramento e
inspeção de análise da dados que visa fornecer o
máximo de informações relativas a estruturas e
ativos que, segundo o CFO da empresa, Antonio Dirigentes da Intelltech na Exposibram
Carlos Zandoná afirma que a Intelltech está Os satélites de órbita geoestacionária são propícios às operadoras móveis, 3G e 4G nas áreas remotas,
totalmente capacitada a atender à nova portaria a situações de baixo a médio tráfego e naquelas em serviços para conectar cidades que ainda não são
do DNPM, “porque o sistema foi desenvolvido que se tem de fazer broadcast, como por exemplo bem conectadas, atendimento marítimo para
pensando em facilitar o trabalho da gestão interna, difusão de vídeo em grandes áreas. “Quando se conectar cruzeiros, mercado de aviões – provendo
do usuário interno, no tratamento desses dados. quer difundir uma mesma informação numa conexões a bordo – atendimento ao mercado de
Quando saiu a portaria, nós analisamos e verifi- área muito grande, estes são os satélites ideais”, diz petróleo, conectando plataformas e que agora está
camos que o nosso sistema está atendendo 100% Sandro Barros. olhando com mais acuidade o mercado de minera-
daquilo que é exigido. Por exemplo, com apenas um Porém, quando se precisa operar com altas ção, considerado bastante promissor. “Entendemos
clique o fiscal do DNPM pode acessar facilmente taxas de tráfego, os satélites de órbita média são que as minas têm uma necessidade de estarem cada
todos os dados e informações de que precisa. Ele mais indicados, pois nestes casos o tempo de ida e vez mais conectadas e acreditamos que podemos
não precisa ir a campo para obter as informações volta do sinal não pode ser muito alto. transferir valor para esse mercado, com as soluções”,
ou ficar esperando por um relatório. No caso da mineração, é necessário maior ve- diz o executivo.
A plataforma SHMS possui os seguintes módu- locidade de conexão quando se pretende conectar Além dos satélites, a SES possui toda a infra-
los: Integrados de Dados, Monitoramento, Análises uma mina. Neste caso, segundo Sandro Barros, são estrutura interna para suportar comunicações. No
Estatísticas, Geo Inspector, Análise de Estabilidade, utilizados satélites especiais, que são os de órbita caso da mineração, quando se coloca uma estação
Geologia, Relatórios e Anomalias. média e alta, como os que são oferecidos pela SES, remota na mina esta se comunica com o satélite
denominados 03D e que pertenciam a uma empresa e o sinal desce para alguma estação principal.
COMUNICAÇÕES que foi adquirida pela SES em 2016. No caso do Brasil, a empresa possui uma estação
Além de ser uma empresa global, com o maior máster de grande porte em Hortolândia, na região
número de satélites e maior conectividade do de Campinas, que recebe o sinal e do satélite e
As soluções da SES mundo, a SES conta com satélites diferenciais. A encaminha para a matriz da empresa. “Assim, é
para mina conectada empresa atua com duas unidades de negócio: a uni-
dade de vídeo e a SES Networks. A primeira cuida
como se o usuário de um local remoto estivesse em
um centro urbano. Portanto, o nosso diferencial é
de ligações, projetos, televisão, conexões em geral conectar com qualidade”, informa Barros. Isto é
Consciente de que a qualidade das comuni- ligadas a vídeo. Para dar uma idéia da dimensão muito importante, afirma, porque a conectividade
cações é essencial para o processo de avanço da desta unidade de negócios, Sandro Barros mencio- adequada é essencial nos mundo dos negócios
digitalização na indústria mineral, a SES Networks, na que há 325 milhões de assinantes pelo mundo hoje. Um exemplo é a comunicação em nuvem. Se
maior operadora satelital do mundo, com dezenas que recebem sinais de vídeo através dos satélites a conectividade não for adequada, não se conse-
de satélites girando em volta da terra, cobrindo da SES. A SES Networks cuida da comunicação gue acessar ou transferir arquivos grandes. “E nós
99% do globo terrestre, apostou na exposibram de dados e tem diversas áreas, como atendimento podemos prover qualquer tipo de conectividade,
para levar ao mercado de mineração as porque as minas estão em lugares remotos
suas soluções. e o satélite tem a capacidade de chegar onde
De acordo com Sandro Barros, diretor ninguém chega. E de forma rápida. Portanto,
regional para o Brasil e Cone Sul da empresa, é importante dizer que vale a pena investir em
a abrangência da rede oferecida pela SES é conectividade, plataformas e soluções digitais
global, sendo que só na América Latina ela que elevem a eficiência e a produtividade. E
possui 20 satélites e está em expansão. “No o valor do investimento em conectividade
começo de 2018 estaremos lançando mais para permitir o uso das plataformas digitais
cinco satélites e outros 17 devem entrar no é muito inferior ao ganho, devido à maior
período 2018 a 2021. Ou seja, estamos inves- produtividade e redução de custos de ope-
tindo pesado na região, pelas oportunidades ração”, ressalta, citando como exemplo as
que enxergamos”, afirma o exectivo. manutenções preditivas, que minimizam
Um outro fator importante segundo ele, o tempo de parada dos equipamentos. Da
é que além de ter satélites geoestacionários, mesma forma, aumenta-se a capacidade de
que são convencionais, a empresa também operação entre os funcionários, por exemplo
possui aqueles denominados de órbita permitindo que alguém na frente de traba-
média (MEO), com “arquitetura e conecti- lho consulte um especialista remotamente.
vidade de baixa latência e alto rendimento, Outra possibilidade importante é o controle
habilitadas por satélites que são escaláveis de equipamentos à distância, porque para
de acordo com a demanda quando e onde se fazer robótica, operar um equipamento
necessário”. Os MEOs estão a 8 mil km remotamente, exige rapidez no tráfego da
Os satélites de órbita geoestacionária informação, que precisa ser em tempo real.
estão a 35 mil km de distância da terra e gi- Isto permite tirar gente de áreas de risco, o
ram com a mesma, de forma que as antenas que também é uma vantagem. Sem contar o
são apontadas para esses satélites uma única uso de drones, que hoje podem não apenas
vez, não precisando mais ser reposicionadas. Sandro Barros, diretor da SES ser controlados remotamente como também
realizar o envio de vídeos, possibilitando a tomada

de decisões sobre aquilo que se está enxergando.
Outro ponto mencionado por Sandro Barros
está relacionado com a segurança cibernética,
pois o trabalho em nuvem permite que se proteja
melhor as áreas. “Uma boa conexão dá muito mais
segurança cibernética”.
O executivo menciona o exemplo de uma
mineradora australiana, Newcrest, que tem uma
mina de ouro na Nova Guiné, onde atuam duas
mil pessoas. Com a solução da SES, a companhia
mineradora aumentou a conectividade e hoje tem
seis vezes mais do que tinham antes. Outro caso
mencionado, agora na América Latina, é o da Gold
Fields, na Guiana, que também utiliza os satélites
SES e conseguiram usar o sistema de gestão do
tipo SAP, que requer uma conectividade adequada,
impactando positivamente a produção local. A em-
presa tem um sistema de monitoramento de frotas
e está implantando outro sistema de sincronização
dos dados. Com isto, caso ocorra um desastre o
Caminhões autônomos da CAT na Fortescue
banco de dados está preservado, pois há um espelho.
é o estabelecimento de parcerias, a fim de a automação de perfuratrizes e caminhões fora
CATERPILLAR tornar mais fácil o uso da tecnologia para os de estrada.
clientes. Isto inclui a instalação da tecnologia
em equipamentos de outras marcas. São exem- Aumento de frota na Fortescue
Avanços na automação plos o desenvolvimento do Command para Recentemente, a Caterpillar e a Fortescue
de equipamentos o caminhão Komatsu 930E (que deverá estar
disponível no primeiro trimestre de 2019) e o
Metals Group chegaram a um acordo para a
expansão do sistema Cat® Command para
Command para as perfuratrizes P&H 320 XPC caminhões nas minas de minério de ferro da
A Caterpillar vai lançar, em 2018, uma nova (o piloto deve estar pronto no quarto trimestre empresa na região de Pilbara, Austrália. Isto
geração do CAT MineStar (conjunto de tecnolo- de 207) e P&H 120 A (com piloto previsto para inclui a adaptação de aproximadamente 100
gias que incluem as soluções Fleet, Terrain, De- o primeiro trimestre de 2018). caminhões Cat 793F e 789D e os modelos
tect, Health e Command), que terá mais opções Para a empresa, cada vez mais os clientes 930E da Komatsu em Chichester Hub, bem
para aplicação de acordo com as necessidades estão reagindo positivamente com relação ao como a expansão da frota de caminhões
específicas do cliente, menores escalas, pontos uso das tecnologias de controle remoto dos autônomos Cat 793F nas operações de So-
de entrada mais fáceis e infraestrutura simplifi- equipamentos. No caso do Command para lomon Hub.
cada, além de ser mais acessível para operações tratores, por exemplo, dois clientes dos EUA e O Command para caminhões está baseado
menores como pedreiras de pequeno e médio um de Queensland (Austrália) estão expandin- em outros sistemas que compõem a tecnologia
porte. O anúncio foi feito em evento para a do o sistema. Com relação ao Command para Cat MineStar™ , como Fleet, Terrain, Detect e
imprensa especializada, em setembro, no Tinaja caminhões, a solução está sendo expandida para Health, que serão utilizados em toda a frota de
Hills Training Center, centro de treinamento da todo o site na BHP Jimblebar, com 50 unidades equipamentos móveis, incluindo os veículos
empresa localizado em em Tucson, Arizona. do 793F. Também está sendo desenvolvida uma leves e equipamentos de apoio. A Caterpillar
Na ocasião, a Caterpillar também informou parceria com a IOL para lavra de areia de xisto está trabalhando conjuntamente com a
que está maximizando a escalabilidade do em Alberta, Canadá. Já no caso do Command Fortescue, a Thiess Contractors e o dealer
sistema Command, para controle remoto de para perfuratrizes atualmente está sendo testado Caterpillar em Western Austrália, a Westrac,
equipamentos, o que significa que o sistema um piloto para um cliente canadense, enquanto para prover a solução de gerenciamento, ope-
poderá ser utilizado tanto em equipamentos de o MineStar para subsolo tem dois projetos em ração e suporte dos sistemas Cat MineStar e
grande escala quanto em menores. Atualmente desenvolvimento para clientes do Chile e da Command para caminhões.
já existem globalmente 100 caminhões operados Ásia. “A Caterpillar está satisfeita por estar
remotamente e interagindo com outros 250 veí- No Brasil, embora a Caterpillar não tenha obtendo sucesso no trabalho conjunto com
culos. Além de caminhões, o sistema Command informado, sabe-se que as tecnologias de a Fortescue para implementar soluções de
já possibilita a operação remota de tratores, automação estão sendo testadas em equipa- mineração autônoma”, disse Jean Savage,
perfuratrizes e carregadeiras de subsolo. mentos na mina de Brucutu, no Quadrilátero vice-presidente da Caterpillar com respon-
Outra estratégia anunciada pela Caterpillar Ferrífero, num primeiro momento envolvendo sabilidade sobre a divisão de Surface Mining
e Tecnologia. “Trabalhando com todos os é o suporte operacional 24 horas, 7 dias por quisa sobre a demanda de frota no mercado
parceiros, esperamos aumentar toda a suite semana. brasileiro, a qual mostrou que cerca de 30%
de produtos da tecnologia MineStar nas Para a Caterpillar, embora o trabalho de das máquinas vendidas no Brasil são destina-
operações da Fortescue para obter mais efici- automação tenha se iniciado com os cami- das ao mercado de locação, contra uma média
ência, maior produtividade, menor custo por nhões, hoje o sistema está evoluindo para que de 15% há 10 anos.
tonelada e garantindo a segurança”, salientou. se tenha, num prazo não muito longo, toda "Uma das grandes dores que várias empre-
Nev Power, CEO da Fortescue, afirmou a frota de mineração automatizada. Como sas de engenharia, construtoras, empreiteiras
que a empresa “valoriza o desenvolvimento já mencionado, atualmente, além dos cami- e mineradoras enfrentam em todo Brasil é a
do relacionamento estratégico com a Cat nhões, a empresa automatizou perfuratrizes, dificuldade no momento de alugar máquinas
desde 2012, com a implementação da tecno- tratores e carregadeiras de subsolo. e equipamentos, pois, além da burocracia com
logia de caminhões autônomos em Solomon A empresa também afirma que estudos documentação, muitas empresas acabam não
Hub, que proporcionou 20% de aumento da já comprovaram que os equipamentos au- encontrando os equipamentos que precisam
produtividade. Continuaremos a trabalhar em tomatizados apresentam uma melhoria de nas proximidades do local de execução das
conjunto para assegurar ainda mais o sucesso 40% em relação à operação humana. No obras. Em função disso, acabam arcando
do próximo estágio com ganhos em seguran- caso dos caminhões, o tempo de descarga é com altos custos com fretes. Por outro lado,
ça, produtividade e eficiência”. menor, há uma melhoria de dois dígitos na vários proprietários de equipamentos acabam
Ele disse também que através de tec- operação dos britadores e a capacidade de perdendo boas oportunidades de locação,
nologia, suporte à capacidade da força de carga tem aumentado. Com as perfuratrizes, por não possuir no mercado, até então, uma
trabalho e colaboração com os fornecedores constatou-se uma redução de 20% no capex ferramenta prática e eficiente que possibi-
a Fortescue continuará a obter redução de da operação de perfuração, uma redução dos litava a divulgação destes para que os loca-
custos, mantendo-se como um dos produtores custos com explosivos, um aumento de 5% de tários pudessem encontrá-los próximos das
de minério de ferro com mais baixo custo produção na escavadeira, ciclos mais rápidos obras que iriam executar, descomplicando
globalmente. de perfuração e incremento na britagem. Já o consideravelmente o processo de locação de
Fortescue e Caterpillar têm colaborado trator proporcionou 30% mais de utilização e equipamentos. Somado a isso, o atual cenário
para integrar a frota de caminhões autôno- redução do capex, além de oferecer a possibili- econômico do País faz com que seja cada vez
mos nas operações de Solomon Hub desde dade de se trabalhar com máquinas múltiplas. mais necessário o uso da tecnologia para
o primeiro semestre de 2013. Durante esse E com a carregadeira subterrânea a automa- tornar os processos mais rápidos, eficientes
tempo, a frota de caminhões autônomos foi ção proporciona uma operação mais segura, e garantir a maior redução de custos possível
expandida para 56 unidades do Cat 793 CMD. possibilidade de manter a operação durante a para as empresas. Visando sanar esta e várias
Em agosto de 2017, a frota autônoma da For- troca de turnos, operar durante as janelas de outras ineficiências do mercado de locação,
tescue ultrapassou a marca de 400 milhões detonação e aumentar a produtividade, com criamos a Tracktoor, uma plataforma única
de toneladas, de forma segura, desde que o maior taxa de utilização. cujo propósito é integrar locadores e locatá-
sistema foi lançado. rios todos em um mesmo ambiente, onde estes
ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS podem negociar e fechar locações diretamente
Soluções em automação entre as partes, de forma simples e rápida",
Para a Caterpillar, o negócio da mineração comenta Bruno Oliveira, CEO e Co-Fundador
está mudando e cada vez mais exige aumento Plataforma dispensa da Tracktoor.
da segurança, reversão da curva de produ-
tividade, aplicação de princípios relevantes
intermediários Ele explica que os locadores podem ca-
dastrar seus equipamentos na plataforma e
de manufatura, obtenção de mais benefícios receber cotações, em tempo real, sem a ação
através de parcerias e aplicação de grande Uma start up mineira promete revolucio- de intermediadores. Além disso, a startup não
valor em outras áreas. nar o setor de aluguel de máquinas e equipa- cobra comissão e nem taxas de intermediação
Isto fez com que a empresa procurasse mentos pesados, um mercado que giracerca pelas negociações realizadas na plataforma.
direcionar sua estratégia de atuação, enfa- de R$ bilhões por ano. Trata-se da Tracktoor, O objetivo da é ser “o maior ecossistema
tizando as parcerias com as companhias de sediada em Uberlândia (MG), que criou uma de máquinas e equipamentos do mundo,
classe mundial no sentido de adotar novas plataforma interligando os que têm para alu- garantindo que construtoras, empreiteiras,
tecnologias e inovações e inclusive dividin- gar e aqueles que estão buscando equipamen- mineradoras, produtores rurais e qualquer
do os riscos, oferecendo serviços antes da tos através do aluguel, ao invés da compra. negócio tenham condições de encontrar e alu-
venda, dedicando tempo e pesquisa na busca Liderada por um time de jovens empregar máquinas e equipamentos variados, sem
de soluções. endedores (Rafael Cesar, Pedro Landi, Victor dor de cabeça, próximos de onde precisam. E
Uma das vantagens nessa atuação, se- Carvalho, Bruno Oliveira e Anderson Pinto), o melhor: isso tudo sem depender de inter-
gundo a empresa, é que ela fabrica e fornece a empresa, segundo ele, pretende “mudar mediadores”, afirma o dirigente da Tracktoor.
máquinas de ponta a ponta na atividade de completamente a forma como as negociações Para iniciar e dar um primeiro passo rumo a
mineração, o que lhe permite promover a de locação de máquinas e equipamentos acon- esse objetivo, a startup liberou 1 ano de plano
automação dos equipamentos com maior tecem no Brasil”. ilimitado para os primeiros 1.000 usuários
nível de conhecimento. Outro ponto forte O que animou os empresários foi uma pes- que cadastrarem equipamentos na plataforma.
Já em operação no Brasil, o fornecimento

acompanhou o cronograma de implantação
geral do projeto, feito totalmente pela ABB
Brasil, com uso de engenharia e know-how
local. “O maior desafio na implantação do
sistema foi assegurar todo o suporte para a
área de manutenção da planta nas tomadas de
decisão pelo SGA/AssetVista, tornando sua
operação ainda mais efetiva e precisa, redu-
zindo perdas e aumentando a produtividade”,
acrescenta Ingegneri.
Ele informa que mais de 6 mil ativos da
planta são monitorados, incluindo equipamen-
tos de processo, elétricos, IED (relés inteligen-
tes) instrumentação, automação, TI, malhas
de controle e mecânicos (inclusive a interface
com sistemas especialistas de monitoramento
de vibração).
O SGA/AssetVista foi desenhado para ser
utilizado como uma ferramenta de uso diário
Plataforma de controle com sistema 800xA/AAssetVista
para a tomada de decisão das diversas funções
ABB Isto significa que as mais diversas formas da manutenção. Desde a gerência, passando
de dados são transformadas em informação pela engenharia de manutenção e confiabili-
valiosa para setores da empresa, princi- dade, chegando às supervisões e especialistas
Ferramenta para palmente para planejamento de produção, de planejamento e controle. O sistema pode
gestão de ativos planejamento de manutenção e engenharia
de manutenção. Com menu de navegação
ser acessado no centro de controle, porém os
usuários da ferramenta se encontram na área
intuitivo por áreas e setores de produção ou de manutenção, sendo o sistema acessível
A ABB lançou no mercado brasileiro o famílias de equipamento e com dashboards através de PCs, notebooks, tablets e celulares.
sistema 800xA/AssetVista, uma plataforma de gráficos detalhados, as decisões podem ser Gerências e direção podem acessar as infor-
controle descentralizado (DCS) que orienta a tomadas rapidamente e de forma concisa. mações consolidadas por meio de dashboards
gestão de ativos e fornece informações valiosas Os ganhos com a implantação desta fer- e relatórios específicos gerados online.
para as diversas áreas de uma planta industrial. ramenta, além de percebidos diariamente, O AssetVista™ é uma solução para gerencia-
Segundo Eduardo Ingegneri, gerente global também são percebidos durante o período de mento de ativos que permite: monitoramento
de produto (AssetVista) da ABB Brasil, o siste- comissionamento e início de operação da plan- de dados de equipamentos existentes e já
ma “é capaz de coletar dados e sinais dos mais ta, possibilitando a identificação de problemas disponíveis em sistemas de controle; integrar
diversos tipos e fontes – seja de forma online, de maneira estruturada e precisa. informações de diferentes sistemas especia-
por meio de sistemas de monitoramento, ou listas de monitoramento de condição (como
inseridos manualmente. Depois de coletados por exemplo, análise de vibração) em uma
de maneira estruturada, os dados são combi- plataforma única com dashboards e relatórios,
nados em algoritmos customizáveis que foram totalmente orientada à manutenção; interface
desenvolvidos com base em metodologias e troca de informações para sistemas de gestão
clássicas da engenharia de manutenção (como de manutenção existentes (EAM/CMMS); por
FTA, FMECA, RCA e RCM)”. ser flexível e modular. É acessível via Intranet
Ele acrescenta que, para avaliar as con- ou Internet, através de cabeamento ou rede
dições, estabelecer níveis de severidade e sem fio.
identificar prováveis causas de perda de per- A solução é definida como um PAM (Plant
formance de um equipamento ou componente, Asset Management) System (ARC Advisory
os algoritmos levam em conta não apenas os Group), que possibilita a aplicação holística
dados e sinais de maneira isolada. “Por meio da solução para praticamente todos os tipos de
de análises correlacionais, avaliando também ativos críticos de uma planta de mineração, re-
os sinais e dados dos equipamentos relaciona- movendo os silos de informação e organizando
dos, é possível ter um diagnóstico muito mais em um único ponto focal. Com característica
preciso. Como, por exemplo, correlacionando modular e expansível, o AssetVista™ integra o
bomba, motor, comando, disjuntor e transfor- portfólio de soluções digitais da companhia
mador”, informa. Eduardo Ingegneri, da ABB para a indústria, o ABB Ability.

O Novo Momento Da Vale: Amazônia

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

O Novo Momento Da Vale: Amazônia

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

O Novo Momento Da Vale: Amazônia

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

MINERAÇÃO - METALURGIA - SIDERURGIA - PETRÓLEO Ano XXXIV - Outubro de 2017 - No 375 - R$ 15,00 - ISSN 0102-4728

NESTA EDIÇÃO CONGRESSO DO IBRAM

BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017 3

4 BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017

Contatos Publicitários Breno Augusto dos Santos Kenro Matsui

João Luiz Nogueira de Carvalho Umberto Raimundo Costa

S11D alcança 25% da capacidade

Todos os sistemas das minas iniciaram as operações antes do cronograma

operam de forma independente. cuperadoras, 2 empilhadeiras/recuperadoras e ra, recuperadoras e correias transportadoras) já

Figura 1: Instalações das Usinas instaladas no Complexo Carajás

Adequação da Usina 2 de Carajás para aumento

12 BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017

No início do projeto, a Usina 1 era constitu-

BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017 13

Figura 3: Histórico de produção - Complexo Carajás

Resultados das simulações

Figura 17: Alimentador com chute modificado

Britagem Terciária – Usina 2

18 BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017

Figura 21: Evolução de disponibilidade física da britagem terciária

FÓRUM BRASIL MINERAL

PERSONALIDADES DO ANO DO SETOR MINERAL

TONY POLGLASE, diretor gerente da Avanco LUIZ MAURÍCIO AZEVEDO, presidente da

CARLOS EDUARDO PARAÍZO, gerente geral MÁRIO CONRADO REINHARDT, diretor

VICENTE LÔBO CRUZ,

Realização: Informações sobre Participação e Patrocínio:

Usina de processamento de caulim em Barcarena (PA)

Projeto da Imerys aumenta recuperação,

BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017 23

Sessão de abertura do Congresso Brasileiro de Mineração

Soluções Andritz SepArAtion:

produtos e serviços especializados para processos de separação sólido/líquido

 Filtros Prensa;  Filtro a Disco;  Peças de reposição;

Eliane Andrade, do BNDES

Painel sobre Programa de Privatização do Setor

BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017 29

30 BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017

BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017 31

o Cinturão de Cobre de Zâmbia, um dos maiores

BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017 33

Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)

Figura 1. Avaliação de impactos

Figura 5 - Fluxograma do sistema de produção de pelotas de minério de ferro.

Estudos de ACV em andamento e previstos Bibliografia consultada

38 BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017

BRASIL MINERAL - nº 375 - Outubro de 2017 39

Kock indicou a drenagem e a dragagem como pos-

EXPOSIBRAM 2017 e brasileiros da Fundação Renova visitando a

além do tempo gasto ser muito maior, pois o registro

realizar o envio de vídeos, possibilitando a tomada

Já em operação no Brasil, o fornecimento

Você também pode gostar

Filtros Prensa; Filtro a Disco; Peças de reposição;