Gestação Pré e Pós-Termo

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Julia Maria Defaveri Werlang

GESTAÇÃO PRÉ-TERMO
Gestação que termina entre 20ª e 37ª semana (ou com menos de 259 dias a partir da DUM –
Rotinas em obstetrícia).

A prematuridade costuma ser subdividida, conforme a IG, em extrema (abaixo de 28 semanas), grave ou
moderada (de 28 a < 32 semanas) e tardia (de 32 a < 37 semanas).

Importante causa de morbimortalidade perinatal (período perinatal: desde as 28 semanas de


gestação até 28 dias de nascimento).

Principais causas de morbimortalidade neonatal e um dos principais motivos de hospitalização


durante o pré-natal, com alto custo socioeconômico;

Alto risco de complicações respiratórias, gastrointestinais, neurológicas e imunológicas – principal


causa de morte entre crianças com menos de 5 anos;

Quanto menor a IG, maior morbimortalidade perinatal → acima de 34 semanas, a probabilidade


do bebê sobreviver é muito grande. No Brasil, considera-se “possível” o bebê sobreviver a partir
das 24 semanas; antes disso, a probabilidade do bebê morrer é muito próxima dos 100%.

Importante: DUM confiável e US do primeiro trimestre (US feito entre 6ª e 9ª semana a margem
de erro é de 3-4 dias, bastante preciso). Em pacientes com ciclos muito regulares, a DUM é um
bom marcador.

- Frequência de recém-nascidos sobreviventes e de


mortes neonatais em relação à idade gestacional do
nascimento. Avaliação de 8.523 nascimentos
prematuros, entre 1997 e 1998.

- Mortes neonatais: nos primeiros 28 dias de vida.

A mortalidade neonatal tem diminuído. As UTIs estão mais equipadas, uso de medicamentos
adequados (corticoides), conforto neonatal. A mortalidade intraútero depende muito do pré-natal.
Óbito fetal diz muito a respeito da qualidade do PN.

Incidência de parto pré-termo tem aumentado → porque houve um aumento dos fatores de
risco: gestações múltiplas por reprodução assistida (gestação gemelar é um fator de risco para
prematuridade); mas também houve redução da mortalidade intraútero (com tratamentos de
hipertensão gestacional por exemplo), permitindo a continuação da gestação, mas por vezes,
nascendo prematuro.
Julia Maria Defaveri Werlang

FISIOPATOLOGIA
 Iatrogenia: cálculo errado da IG, comorbidades - exemplo: COVID.
 Mas há prematuridade iatrogênica benéfica ou para a mãe ou para o bebê: gestante
com pré-eclâmpsia grave que há benefício em interromper a gestação para aumentar a
chance da mãe sobreviver; ou o bebê não está crescendo suficientemente intraútero, e
para ele seria melhor a evolução na UTI.
 Vaginose: especialmente por Gardnerella vaginalis → vaginose é sempre rastreada no PN.
 Diferente da candidíase (vaginite), que não causa trabalho de parto prematuro (TPP).
 Bacteriúria assintomática: urocultura a cada trimestre, mesmo sem sintomas é tratado na
gestante (>100.000 UFC/ml).
 Se não tratada pode desencadear TPP ou uma pielonefrite – a progesterona, que é o
hormônio mais atuante na gestação, causa estase urinária, e isso pode se tornar um
foco ascendente de bactérias para o rim.

O TPP requer a ocorrência de


Para o desencadeamento de contrações uterinas, são contração uterina efetiva (das
reconhecidos 5 mecanismos básicos: musculaturas do miométrio), e isso
requer a entrada de cálcio na célula.
 Inflamação (corioamnionite, infecção decidual,
Portanto, se na contração
cervicite): promove a liberação de endotoxinas
prematura eu penso em alguma
locais ou citocinas inflamatórias, como TNF, IL-1.
medicação para cessar as
 Estresse fetal ou materno: promove liberação de contrações, esse vai ser o
hormônios hipotalâmicos e suprarrenais, como mecanismo de ação – bloqueando a
ocitocina, cortisol e CRH. entrada de cálcio na célula.
 Modificações cervicais (gestações gemelares,
polidrâmnio, insuficiência cervical): promove a liberação de ocitocina e CRH.
 Redução do fluxo sanguíneo placentário (secundário a vasculopatia tecidual, como pré-
eclâmpsia e insuficiência placentária): promove dano tecidual por meio de peroxidases
lipídicas e radicais livres.
 Hemorragia tecidual (leva a insuficiência vascular uteroplacentária): promove a liberação
de CRH
O mecanismo que envolve o início do parto a termo provavelmente não é o mesmo que ocorre na
prematuridade. O TPP provavelmente representa o estágio final de uma doença multifatorial com
envolvimento do sistema imune e desencadeamento de reação inflamatória pelos mais diversos
mecanismos, atuando de modo sinérgico e concomitante.
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FATORES DE RISCO
 História prévia de prematuridade (principal fator de risco).
 Gestação múltipla:
 Gêmeos: já se estima o nascimento com 35 semanas (enquanto na gestação normal a
gente estima 40 semanas para a data provável do parto – DPP).
 Trigêmeos: 33 semanas.
 Quanto mais bebês, maior a probabilidade de prematuridade.
 Polidrâmnio (excesso de líquido amniótico, causado por anomalias fetais, DM gestacional).
 Quanto mais líquido na bolsa, mais chance de romper. Se romper, mais chance de
parto prematuro.
 Anomalia fetal.
 Cirurgia abdominal na gestação (apendicectomia). Incompetência/insuficiência istmo-
 Abortamento de repetição. cervical: é o colo do útero que não
 Conização prévia (retirada cirúrgica de porção do colo, suporta o peso do feto que está
em geral por patologias relacionadas à infecção por descendo lá dentro.
HPV).
 Cérvice uterina incompetente / incompetência istmo- É aquela paciente que chega na
cervical. maternidade sentindo algo entre as
 Anomalias uterinas: múltiplos miomas, útero septado. pernas, que é o bebê escorregando
 Corioamnionite. pelo colo e vagina, sem esforço
 Hipertermia materna. nenhum da mulher.
 Sangramento uterino.
 Pielonefrite/Bacteriúria.
 Tabagismo.
 Adicção as drogas.
 Idade > 35 anos.
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OBS: Doença periodontal pode cursar com bacteremia, e como qualquer bacteremia, pode causar
parto prematuro. Extração dental pode ser feita durante a gestação, mas deve ser feito com
extrema cautela.
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MARCADORES CLÍNICOS
Modificações cervicais (do colo do útero): pelo exame físico ou exame ecográfico (US).
 Dilatação do colo (não existe trabalho de parto prematuro sem alteração do colo).
 Atualmente, em relação a incompetência istmo-cervical, conseguimos identificar a
paciente que é candidata a sofrer disso já na primeira gravidez. Porque há o “protocolo de
rastreamento universal”, medindo o colo de todas as pacientes, e se o colo é pequeno (<25
mm), ela tem risco de ter a incompetência no fim da gestação.
Contrações uterinas: percepção pela paciente (barriga endurecida e dolorosa) e tocodinamômetro
(instrumento utilizado para medição das contrações, mas nem sempre se usa, apenas em algumas
situações).
 Existem as contrações de treinamento que toda gestante tem, causa endurecimento da
barriga, mas é indolor.
 As contrações que provocam de fato a dilatação do colo são, em geral, dolorosas.
Sangramento vaginal: consequência da dilatação do colo do útero (rompimento de vasos do colo
do útero) ou fator de risco → não se sabe dizer se é causa ou consequência.
 Pode ser um sinal. Porque o colo, assim como o útero, fica bastante vascularizado; quando
ocorre dilatação, há rompimento de alguns vasos sanguíneos, por isso o sangramento.
Escores de alto risco: leva em consideração histórico clinico da paciente, e medição do colo do
útero (colo curto).
 Nos permite prever as pacientes que podem ter parto prematuro.
Alteração do bem-estar fetal:
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 Condições que levam ao nascimento por entender que o bebê não está bem, e induzimos o
parto, mesmo sem contrações.
DIAGNÓSTICO
Diagnóstico clínico é incerto, pode ser um falso trabalho de parto prematuro.
 Associação de contrações regulares com modificações do colo uterino – contrações
uterinas regulares é o marcador mais evidente, porém, a dinâmica uterina por si só não é
indicativa de trabalho de parto.
 Algumas pacientes conseguem perceber melhor que outras – pacientes que já tiveram
filhos conseguem perceber melhor; obesas às vezes não percebem o útero contraído.
Dilatação:
 Parâmetro 2cm: é bastante específico; menos que isso não se considera trabalho de
parto prematuro. Se ≥ 2cm é trabalho de parto.
 Sensibilidade de 50 a 70%
 Especificidade 91 a 94%

Comprimento cervical ecográfico (USTV) – medida do colo uterino (medir entre 20 e 24 semanas)
→ é quando se faz o US morfológico:
 Parâmetro >25mm (isso é o normal): medir entre 20 e 24 semanas; bastante sensível para
estabelecer que possa vir a ter TPP. Se for < 25mm, é uma paciente de alto risco para
TPP!!
 Sensibilidade 76 a 100%
 Especificidade 50%

*O ideal é fazer o rastreamento entre 20 e 24


semanas pela medida do colo por via
transvaginal.

ROTINAS EM OBSTERÍCIA:
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O diagnóstico de TPP é principalmente clínico e, muitas vezes, incerto. Para configurar um TPP, é necessária
a associação de contrações regulares a modificações do colo uterino.

A presença de contrações uterinas regulares é o marcador mais evidente. Entretanto, a dinâmica uterina,
por si só, não é indicativa de TPP. As modificações cervicais podem ser diagnosticadas tanto pelo exame
vaginal quanto pela ultrassonografia (US). A sensibilidade do exame vaginal para o diagnóstico de TPP,
utilizando-se como parâmetro dilatação ≥ 2 cm, tem variado de 50 a 57%, enquanto a sua especificidade é
de 91 a 94%. Para o exame ultrassonográfico do colo uterino, pode-se utilizar como parâmetro o
comprimento da cérvice igual ou inferior a 30 mm no exame vaginal. A ultrassonografia tem mostrado
índices de sensibilidade maiores (76-100%), mas com especificidade menor (cerca de 50%) em relação ao
exame clínico. De modo geral, pode-se dizer que o exame ultrassonográfico pode ser utilizado como
método auxiliar na identificação de pacientes com suspeita de TPP.

É fundamental saber reconhecer e diferenciar o TPP verdadeiro do falso, evitando-se intervenções e gastos
desnecessários. Apenas 10% das mulheres com alguma clínica de TPP têm o nascimento nos 7 dias
subsequentes. Cerca de 30% dos casos considerados como TPP têm resolução espontânea, e 50% daquelas
que foram hospitalizadas devido a esse suposto diagnóstico terão seu parto a termo. Infelizmente, esperar
para agir somente quando o trabalho de parto for evidente pode representar um atraso indesejável no
tratamento, uma vez que o êxito do mesmo está relacionado com a precocidade de seu início. Dessa
maneira, algumas pacientes podem ser sobrediagnosticadas e, por conseguinte, tratadas sem necessidade.

O teste da fibronectina e/ou a medida do colo uterino podem ser úteis na identificação dos casos de alto
risco de nascimento prematuro nos 7 dias subsequentes ao diagnóstico de TPP e naqueles casos
duvidosos, evitando-se internações e gastos desnecessários. A fibronectina fetal é uma glicoproteína
encontrada na interface coriodecidual, membrana amniótica, decídua e citotrofoblasto. Está presente nas
gestações até 18 semanas e desaparece após as 22 semanas devido à fusão do âmnio e do cório. Estudos
encontraram níveis aumentados de fibronectina fetal na secreção cervicovaginal de gestantes que
evoluíram com PPT em 7 a 14 dias. Para a detecção da fibronectina fetal, podem ser utilizados dois tipos de
teste: o qualitativo (teste rápido) e o quantitativo. No Brasil, está disponível o teste rápido (QuikCheck
fFN®, aprovado pela Anvisa), com o qual o resultado é obtido em dez minutos. O teste apresenta bom
desempenho quando negativo, uma vez que em 95 a 99% das pacientes o parto não ocorre antes de sete
dias. Apenas 1% das mulheres sintomáticas com teste fibronectina negativo tem seu parto nos sete dias
subsequentes. A medida do colo uterino (realizada via transvaginal, ponto de corte de 30 mm) associada ou
isolada ao teste da fibronectina nessas pacientes sintomáticas tem sido estudada como outra estratégia
para compor melhor a decisão entre internação ou não das mesmas.

A percepção de contrações uterinas constitui outro problema no manejo do TPP. Em pacientes que vão
efetivamente ao PPT, verifica-se que somente 26% delas conseguem perceber as contrações. Embora a
efetividade em perceber as contrações pelas pacientes fique muito aquém do esperado, o uso clínico de
tocodinamômetros ainda está muito longe da prática clínica devido ao seu alto custo e sua duvidosa
eficácia.

O sangramento uterino frequentemente precede um TPP. Estima-se que o sangramento vaginal seja até
três vezes mais frequente em pacientes com TPP. Vários escores para a medição de riscos para o TPP foram
idealizados; entretanto, nenhum conseguiu ter sensibilidade e especificidade suficientes para uma
aceitação geral. A presença de condição fetal não tranquilizadora na cardiotocografia (CTG) pode estar
associada ao TPP ou ser a causa desta condição, devendo-se sempre buscar seu diagnóstico. Os níveis
plasmáticos maternos do CRH e da α-fetoproteína estão elevados no TPP, mas seu uso não tem
aplicabilidade clínica.

No Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), utiliza-se um fluxo de atendimento (FIG. 14.3) para se
uniformizar a conduta nos casos suspeitos de TPP.
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TOCÓLISE
Lise = quebra; toco = contração → sedação das dinâmicas uterinas / parar contrações / sedação do
TPP.
Condições para uso de tocolíticos:
 Período de latência do trabalho de parto (dilatação cervical < 3cm - a medicação pode
funcionar melhor).
 Esvaecimento não pronunciado - aparecimento do colo (esvaecimento é o apagamento,
encurtamento, achatamento do colo; é o contrário da dilatação - a dilatação é o que nos
preocupa no prematuro).
 IG entre 22 e 34 semanas → parâmetros das UTIs no Brasil é 24 semanas, não 22.
 Após as 34 semanas se estabiliza a questão da mortalidade, então não há diferença
usar o tocolítico.
 Ausência de contraindicações (ou seja, se a paciente entrar em trabalho de parto, vamos
deixar o bebê nascer, não vamos usar tocolítico):
 Morte fetal
 Sofrimento fetal
 Malformações incompatíveis com a vida
 Infecção amniótica
 Restrição do crescimento fetal
 Rotura da bolsa d’água
 Descolamento prematuro de placenta
 Placenta prévia sangrante
 Síndromes hipertensivas
 Diabetes insulinodependente instável
 Cardiopatias
 Hipertireoidismo não compensado
 Anemia falciforme
 Corioamnionite (inflamação aguda da membrana coriônica)

Faz por pelo menos 48h, para dar tempo de o corticoide agir.
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INDICAÇÃO DO USO DE TOCOLÍTICOS:


 Ausência de contraindicação
 Gestação entre 24 e 34 semanas
 Presença de contrações palpáveis / vistas no exame clínico (mínimo de 3 em 30 minutos).
 OBS: não é necessário ter dilatação, às vezes quando ocorre a dilatação já é tarde!

SULFATO DE MAGNÉSIO:
 Competição direta com o Ca++ na membrana celular,
para a célula uterina não contrair. Atualmente se usa Sulfato de magnésio em excesso é
como neuroprotetor, não tocolítico. tóxico!

Primeiro diminui os reflexos


motores – depois depressão
respiratória, diurese.
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 É administrado em bomba de infusão.


 Efeitos adversos (não é seletivo das células uterinas):
 Vasodilatação → sensação de rubor e calor.
 Hipotonicidade neonatal (pode bloquear os músculos do feto): mas tão logo que o
sulfato de magnésio seja parado a infusão, o bebê se reestabelece.
 Cuidado - aumento da concentração sérica (sulfato de magnésio em excesso é tóxico):
 Monitorizar a cada 4 horas a FC da paciente, diurese (insuficiência renal) e reflexos
motores.

ROTINAS EM OBSTETRÍCIA:
Sensação de rubor e calor, hipotonicidade neonatal. O uso de múltiplas doses pode se relacionar a
osteoporose e fraturas no neonato. Conforme aumenta a concentração do magnésio sérico, podem ocorrer
depressão respiratória (10 mg/dL), parada respiratória (12 mg/dL) e parada cardíaca (15 mg/dL) na
gestante. É contraindicado em pacientes com miastenia grave, defeitos de condução cardíaca e
insuficiência cardíaca.
É um medicamento que vem sendo pouco utilizado como tocolítico devido à sua baixa eficácia; entretanto,
está indicado em todo nascimento com menos de 32 semanas para neuroproteção fetal.

NIFEDIPINA (bloqueador do canal de Ca++) – 1ª escolha:


 É o mais usado, pois é mais fácil (usado VO) e menos efeitos colaterais.
 Dose de ataque: 30mg VO; Dose de manutenção: 20mg a cada 4-6h.
 Efeitos adversos (também causa vasodilatação): hipotensão, síncope, taquicardia, cefaleia,
náusea, edema periférico, rubor.
 Primeira escolha!
A nifedipina é uma medicação segura e com baixa incidência de efeitos adversos em gestações únicas e
múltiplas, sem efeitos cardiovasculares graves. A ocorrência de efeitos colaterais não foi diferente nas
gestações gemelares. O manejo da prematuridade na gemelaridade é semelhante ao da gestação única.

INDOMETACINA (antiprostaglandinas):
 Inibição da prostaglandina-sintetase (anti-inflamatório).
 Efeito na causa das contrações, que é a liberação de prostaglandinas.
 Efeitos adversos: oligoidrâmnio, fechamento precoce do ducto arterioso do feto, disfunção
plaquetária, irritação gástrica;
 Dose de ataque: 100mg retal; Dose de manutenção: 25mg VO a cada 6h.
 Máximo 3 dias.
 Se mais de 2 dias → fazer doppler do ducto arterioso no feto (vaso que irriga a aorta
ascendente, que precisa ficar aberto enquanto é feto)
 Não é muito utilizado no Brasil, mais nos EUA.

SALBUTABOL (-adrenérgico):
 Beta agonista: converte ATP em AMP cíclico; reduzindo o Ca++ livre intracelular.
 Muitos efeitos adversos, não é mais usado.
 Suspender → taquicardia materna (>120bpm) e taquicardia fetal reflexa (>160bpm).
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PROGESTERONA:
 É um miorrelaxante uterino - eleva potencial de ação da membrana, estabelece estado de
hiperpolarização (célula não vai responder a entrada de cálcio).
 Faz com que a musculatura uterina (contraia?) com mais dificuldade com níveis “saudáveis” de
progesterona.
 Progesterona natural via vaginal.
 Utilizada na prevenção do trabalho de parto prematuro, nunca para tratamento – na
paciente que, na medição do colo entre 20 a 24 semanas, e o colo tem < 25mm.

Se for um colo muito curto (5mm,


por exemplo), além da
progesterona, podemos oferecer a
cerclagem cervical.

MANEJO
Tocolíticos (são igualmente efetivos) → retardar o parto em 48 a 72h (tempo de o corticoide agir,
que é o que reduz a mortalidade do RN prematuro).

Primeira linha no Brasil → NIFEDIPINA

Corticoterapia: salva a vida do prematuro, diminui a mortalidade neonatal!!

 24 a 27 semanas e 6 dias:
 Prevenir a hemorragia intraventricular (cerebral);
 Prevenir a enterocolite necrotizante;
 Ou seja, estabilizar os pequenos vasos sanguíneos do prematuro. Essas são situações
que ocorrem bastante em bebês prematuros pela imaturidade do sistema vascular
(seja no cérebro, seja no intestino).
 28 a 33 semanas e 6 dias:
 Reduz a mortalidade neonatal;
 Reduz o risco de síndrome da angústia respiratória (potencializa a maturação do
pulmão fetal, agindo nos pneumócitos tipo 2) → reduz as chances de membrana
hialina;
 Sem aumentar significativamente o risco de infecção materna ou neonatal;
 Betametasona 12 mg:
 2 ampolas de 6 mg: 3 mg de acetato de betametasona; 3 mg de fosfato dissódico de
betametasona.
 IM
 2 doses com intervalo de 24h.

O uso dessas substâncias (corticoide) é contraindicado na presença de infecção ovular, de infecções


maternas e de úlcera péptica sangrante.

Paciente com dilatação ≥ 5cm: dificilmente se beneficiará da tocólise, pois já está em fase ativa de
trabalho de parto; parto diferenciado (Rotinas diz diferente!!):
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As pacientes com gestação pré-termo que chegarem ao centro obstétrico com 4 cm ou mais de dilatação e
iminência de trabalho de parto, além do tocolítico, podem necessitar receber sulfato de magnésio (para
neuroproteção do recém-nascido, conforme idade gestacional) e antibióticos (se forem positivas para
Streptococcus do grupo B [GBS] ou se o resultado de sua pesquisa não for disponível). Caso o nascimento
não ocorra, o antibiótico deve ser mantido por 48 horas, ou suspenso antes disso caso o resultado do GBS
seja disponibilizado como negativo.

Ausência de UTI-RN:

 Encaminhar para centro de referência;


 Tentar inibição;
 Inibir o TPP por 24 a 48h para transportar a gestante a um centro de referência, e para dar
tempo do corticoide agir;
 Uso de corticoides.

Se a paciente não estiver em um centro de neonatologia no qual seja possível o atendimento de recém-
nascido pré-termo, deve-se tentar bloquear temporariamente as contrações uterinas e encaminhá-la a um
local onde seja possível esse atendimento. Nesses casos, a indometacina pode ser uma excelente opção,
visto que pode ser usada por via retal e, em dose única, não tem risco significativo de paraefeitos maternos
e/ou fetais. O corticoide (betametasona) para acelerar a maturação pulmonar já pode ser administrado
antes da transferência da paciente.

Lembrar: melhor meio de transporte para o feto é o útero da mãe. Muito melhor encaminhar a
gestante do que um RN que nasceu em lugar sem estrutura.

Sulfato de magnésio: O que se usar:

 Hoje em dia não é mais tão usado como tocolítico, mas é usado NIFEDIPINO até 34
principalmente para neuroproteção. Menor chance de ter semanas (para tocólise) +
paralisia cerebral. SULFATO DE MAGNÉSIO
 Efeito mais significativo abaixo de 32 semanas. até 32 semanas (para
 Na iminência de parto (trabalho de parto com > 3-4 cm dilatação, neuroproteção) +
independentemente de bolsa rota) com IG < 32 semanas, deve ser CORTICOIDE até 34
iniciado o uso de sulfato de magnésio IV em bomba de infusão. Caso semanas (para redução da
o nascimento não aconteça, o sulfato pode ser mantido por período morbimortalidade)
de 12 a 24 horas. Após esse período, a medicação é suspensa e pode
ser reiniciada em caso de iminência de parto em período superior a ANTIBIÓTICO?
24 horas da última administração.
 Salienta-se que o sulfato de magnésio pode ter efeito tocolítico, mas não substitui o uso de tocolítico
conforme recomendação da OMS.

OBS: o uso de antibióticos profiláticos como tocólise adjuvante nos casos de TPP com bolsa íntegra não é
recomendado, pois não melhora desfechos maternos ou neonatais.
Julia Maria Defaveri Werlang

PARTO PRÉ-TERMO:
 Dilatação completa pode ocorrer antes dos 10cm (não precisa dos 10 cm de dilatação, porque
a cabeça do bebê prematuro é menor);
 Neonatologista experiente;
 Via de parto: indicação obstétrica;
 Se apresentação cefálica: pode ser parto nomal
 Se apresentações anômalas (pélvico ou transverso): cesariana
 Incisão: depende da formação do segmento inferior (tempo de gestação);
 Incisão clássica: quando feto com extremo baixo peso, muito prematuro. Essa incisão
pode causar risco ruptura uterina numa gestação futura (5%) por causa das contrações
→ por isso, indica-se que os próximos partos sejam cesarianas. Algumas rupturas
poderão, inclusive, ocorrer fora do trabalho de parto.
 Essa incisão permite a retirada mais cuidadosa do RN.
Julia Maria Defaveri Werlang
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GESTAÇÃO PÓS-TERMO
CONCEITO
Termo precoce: entre 37 e 39 semanas (38 semanas e 6 dias)
Termo cheio/completo: entre 39 e 41 semanas (40 semanas e 6 dias)
Termo tardio: 41 até 42 semanas → maior preocupação.
Pós-termo ou gestação prolongada: mais de 42 semanas.

A partir do termo tardio (41 semanas) já existem possíveis consequências ruins para o bebê, por
isso nessa IG já se induz o parto.
Prejuízos maternofetais após as 42 semanas: maior incidência de aspiração de mecônio e
tocotraumatismos (traumas no parto) como fratura de clavícula (por ser um bebê maior) e
lacerações perineais maiores e parto mais dificultoso.
Ideal: resolução da gestação em 41 semanas + 6 dias (?).

Atenção após as 40 semanas ao bem-estar fetal → indução do parto.

Chegou nas 41 semanas: avaliar o bem-estar fetal. Se está tudo bem, induzir o parto; se não está
tudo bem, é contraindicação para indução do parto, então fazer cesária.

INCIDÊNCIA: variável, em torno de 3%.

FATORES DE RISCO
 Situações de DUM incerta.
 Uso de pílula contraceptiva.
 Ciclos irregulares.
 Gestantes que fizeram US tardio (erro de datação de 1-2 semanas).

ETIOLOGIA
 Paciente com idade avançada (> 35 anos): elas têm risco tanto para parto prematuro quanto
pós-termo.
 Primigestas.
 Malformações fetais → anencefalia (crânio não faz pressão sobre o colo, e o trabalho de parto
demora mais para acontecer).

RESULTADOS PERINATAIS
Mortalidade fetal: em 42 semanas é 2x maior do que em 40 semanas.
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Oligodrâmnio (diminuição do líquido amniótico) → mais fácil para o bebe fazer uma compressão
contra o cordão (menor suporte sanguíneo), aumento da atividade parassimpática, relaxando os
esfíncteres, podendo levar a eliminação do mecônio (se tiver pouco líquido amniótico, o mecônio
fica espesso e pode levar a aspiração).

Aspiração do mecônio.

Macrossomia fetal (fetos grandes, 4,5-5kg)→ tocotraumatismo.

Resultados maternos → maior incidência de lacerações pélvicas e maior indicação de cesarianas.

CONDUTA
Monitorizar o bem-estar fetal e, se houver alterações (?), promover a indução do parto.

Diagnosticar falência placentária, minimizar possíveis efeitos de hipóxia.

 Mobilograma → gráfico dos movimentos fetais; em 1h a mãe tem que observar o feto mexer
pelo menos 6 vezes.
 Cardiotocografia (CTG) → amplitude entre 140-180 com alterações transitórias.
 Perfil biofísico fetal (PBF) → avaliação pelo US do tônus, movimentos fetais, movimentos
respiratórios e líquido amniótico; tônus adequado = movimento de flexão; líquido amniótico
preto; diafragma deve subir e descer; ganha uma nota que vai de 0 a 8.

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