2 - APOSTILA PMT2305 Marcio Toshio Tanaka
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Uma observação inicial se faz necessária, pois conforme visto no capitulo anterior
(grandezas molares), em sistemas abertos existem acréscimos de variáveis nas formulações
das funções termodinâmicas, pois são considerados os trabalhos realizados por componentes
químicos para troca com meio externo, ou na migração para outras fases ou a própria
nucleação de uma nova fase. Desta mesma forma inicia-se o estudo dos princípios gerais de
equilíbrio em termodinâmica através do exemplo:
Para facilitar, será estudado o equilíbrio entre apenas duas fases (α+β) e posteriormente
será feita a generalização para p fases. Considere que há transferência de massa entre as fases
e ambas estão em equilíbrio, em condição isolada (sem troca de calor ou massa com o meio
externo).
∑ (11.0)
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Além disto, no capítulo 7 foi visto que o equilíbrio é atingido quando a entropia é
máxima, ou a diferencial exata da entropia é zero (dS=0). Portanto rearranjando a equação
para isolar o termo “dS”:
∑
(11.1)
∑ (11.2)
O mesmo pode ser aplicado para a fase β, obtendo-se . Dado que se consideram
apenas estas duas fases, pode-se escrever que a diferencial exata da entropia do sistema é a
soma das diferenciais exatas da entropia de suas respectivas fases:
(11.3)
∑ ∑ (11.4)
(11.5)
(11.6)
(11.7)
∑ ∑ (11.8)
( ) ( ) ∑ ( ) (11.9)
( ) ( ) ( )
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T T ... T p
P P ... P p
1 1 ... 1p
2 2 ... p2 (11.11)
. . . .
C C ... Cp
As equações 11.11 apresentam a condição de equilíbrio dos sistemas isolados. É
necessário agora verificar o que acontece para que as espécies químicas iniciem a
transferência de massa? Há alguma condição para que isto ocorra?
Referências Bibliográficas:
A primeira condição a ser observada é que a variação da energia livre de Gibbs deve ser
negativa, ou seja, , e que a soma das variações de G em suas respectivas fases
representa a variação da energia livre de Gibbs no sistema . Combinando
este raciocínio e aplicando a formulação de dG, temos:
(11.12)
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(11.13)
∑ (11.14)
∑ ∑ (11.15)
Considerando-se que para iniciar a transferência de matéria, seja para uma fase já
existente ou para nucleação de fases, deve-se partir da premissa que haverá condições para se
iniciar o processo, ou seja, a variação de temperatura e pressão serão nulas (dT=0 e dP=0),
logo:
∑ ∑ (11.16)
(11.17)
(11.18)
∑ ∑ (11.18)
Portanto:
(11.18)
Desta forma, para que um componente seja transferido de β para α, o potencial químico
da fase β deverá ser superior ao potencial químico da fase α, sendo este o critério de
espontaneidade. Isto explica também as situações em que a difusão ocorre contra o gradiente
de concentração, tal como observado na formação dos nódulos de grafita em estruturas de
ferro fundido e outras microestruturas.
A Regra das fases de Gibbs é uma ferramenta para determinar em um dado sistema, as
relações de suas fases que podem coexistir em equilíbrio e seus componentes através do grau
de liberdade que este sistema possui.
O conceito de Grau de liberdade (F) pode ser definido como sendo o número de
variáveis independentes de um sistema que podem ser alteradas de forma significativa sem
que ocorra qualquer alteração das fases em equilíbrio. Este conceito é facilmente entendido
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Exemplo 1 Exemplo 2
No exemplo 1, as três equações (n=3) e três incógnitas (m=3) geram uma solução trivial
única S=(1,2,3), tendo como grau de liberdade (F = m – n) equivalente a zero. O exemplo 2
ilustra um par de equações para cinco incógnitas, que o torna indeterminado para uma única
solução. Ou seja, o grau de liberdade igual a três (F=5-2=3) é interpretado como o número de
variáveis independentes que geram múltiplas soluções.
Este mesmo conceito matemático (F=m-n) será utilizado para demonstrar a regra de
fases de Gibbs em um sistema generalizado em equilíbrio com p fases e c componentes. E
para descobrir quais variáveis (m) serão contabilizadas, faz-se necessário a utilização de suas
propriedades intensivas (T, P, , ,..., ). Entretanto o potencial químico pode ser função
da variação da energia livre de Gibbs pela variação de seus componentes, e para simplificar,
podemos utilizar apenas a composição em fração molar para conhecer as variáveis em
questão.
Fase α
Fase β
.
...
Fase p
Note que para cada fase estão computadas as variáveis T, P e c-1 componentes. Ou seja,
o número de variáveis para cada fase é: 2+c-1=c+1. Havendo p fases, o número total de
variáveis será:
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m = p(1 + c)
Para determinar o número de equações (n), deve-se considerar que as fases estão em
equilíbrio, respeitando os critérios mecânico, térmico e químico. E estes critérios geram as
seguintes equações:
T T .... T p
P P ... P p
1 1 ... 1P
2 2 ... 2p
. . . .
C C ... Cp
(11.18)
Esta formula representa a regra das fases de Gibbs, onde se relaciona o número de
componentes e fases em um determinado sistema, e que o grau de liberdade implica quantas
variações podem existir para que estas fases coexistam no equilíbrio.
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Referências Bibliográficas:
1. DeHoff, Robert T. Thermodynamics in materials science. New York : McGraw-Hill, 1993.
2. Cavallante, Ferdinando Luiz e Lucio, Alvaro. Fisico-quimica metalurgica. São Paulo : ABM,
1977-80.
11.4 Exercícios
3 2
Exercício sugerido:
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Pressão é constante, então será excluída uma variável em cada fase, totalizando a quantidade
de variáveis em m=p(c). O sistema de equações será reduzido em uma linha, portanto n=(p-
1)(c+1). Logo:
11.1 A:
Ponto 1: Acima da linha liquidus. Componentes = 2 (ferro e carbono). Existe apenas uma fase.
F=c-p+1= 2-1+1=2
O grau de liberdade igual a dois significa que a fase é mantida em equilíbrio, mesmo quando se
varia composição e temperatura independentemente. F=2 representatividade: área. 2 graus de
liberdade permitem alterar variáveis independentemente de modo a permanecer coexistindo
fases em equilíbrio, sem a nucleação ou alteração de fases.
F=c-p+1=2-3+1=0
Não há grau de liberdade. Tanto as composições como a Temperatura são invariáveis, e isto
representa exatamente um ponto. F=0 representatividade: ponto (intersecção de 3 fases).
Não há possibilidade de alterar quaisquer variáveis mantendo a coexistência das fases em
equilíbrio. Sistema invariante.
F=c-p+1=2-2+1=1
11.1 B:
Com 2 componentes (Fe e C) e apenas uma fase, tem-se que F=2-1=1. Observe que esta nova
condição (temperatura fixada) implica em uma representação linear no diagrama de fases.
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A composição será variável ao longo da linha desde que este esteja dentro da área ou região
que compreende o líquido. Uma vez que a variação da composição ultrapasse as fronteiras
desta região, haverá nucleação de fase e o equilíbrio será perdido. Lembra-se que a pressão e
temperatura são constantes, portanto o equilíbrio térmico e mecânico estão sendo
respeitados. A única opção para que o equilíbrio seja desfeito é através do equilíbrio químico.
A desigualdade entre potenciais químicos das espécies acarretará em nucleação ou
transformação de fases. Portanto a condição para manter o equilíbrio termodinâmico é
manter a igualdade dos potenciais químicos entre as espécies.