TCC Mariana Sousa Almeida
TCC Mariana Sousa Almeida
TCC Mariana Sousa Almeida
LUSOFONIA AFRO-BRASILEIRA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – ICSA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
REDENÇÃO-CEARÁ
2017
UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL DA
LUSOFONIA AFRO-BRASILEIRA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – ICSA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
REDENÇÃO-CEARÁ
2017
MARIANA SOUSA ALMEIDA
Data: __/__/____
Nota: ________
Banca Examinadora:
_____________________________________________________
Orientador
____________________________________________________
Membro da Banca
___________________________________________________
Membro da Banca
Dedico esse trabalho ao meu pai que não esta mais comigo aqui na
terra, a todos os animais que passam ou já passaram por algum tipo de
sofrimento pelas mãos do ser humano, e a todos que lutam e dão voz a
causa animal.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelas oportunidades, pois sem ele nada disso seria
possível.
Em segundo agradeço aos meus pais João Almeida e Maria Lucilene que sempre
estiveram ao meu lado me apoiando.
Agradeço ao Célio Pires Garcia, ao Célio Studart e ao Ivo Junior que contribuíram de
forma significativa com informações para a elaboração deste trabalho.
Agradeço a todos os professores que já passaram pela minha vida, pois foram
fundamentais no meu aprendizado.
Agradeço imensamente ao meu professor orientador Pedro Rosas Magrini que tornou
este trabalho possível.
Agradeço aos meus amigos e amigas que me apoiaram todas as vezes que precisei.
E por fim agradeço a todos que contribuíram para a elaboração deste trabalho
diretamente ou indiretamente.
"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade
de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel
com os animais não pode ser um bom homem”
Arthur Schopenhauer
RESUMO
Atualmente no Estado do Ceará, e em todo o Brasil, existe uma grande quantidade de animais
maus tratados ou abandonados pelas ruas, o que gera diversos problemas sociais e para a saúde
pública. Esse problema é bastante complexo, pois não envolve somente a ação do poder
público, mas principalmente a população que deve ser conscientizada e sensibilizada acerca do
assunto. O objetivo desse trabalho é analisar por meio de pesquisas documentais e entrevistas
as causas dos maus tratos e abandono de animais, e examinar as consequências que tais
práticas trazem para a sociedade, verificando a existência de leis e políticas públicas no estado
do Ceará que amparem o direito dos animais, e por fim identificar de quem é a
responsabilidade e o que deve ser feito para resolver ou pelo menos amenizar a problemática. A
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, com coleta de dados realizada mediante um
questionário eletrônico aplicado a três profissionais, um militante, um especialista na causa
animal e por fim um representante do poder público. Os resultados obtidos mostram que as leis
e as políticas públicas que protegem os animais ainda são bastante deficientes e a população,
juntamente com o Estado, ainda não tem consciência do quão grave é o problema, que caso não
seja resolvido o mais rápido possível, a quantidade de animais mau tratados e em situação de
abandono irá crescer significativamente no decorrer dos anos, gerando problemas cada vez
maiores na saúde pública, na segurança e no próprio meio ambiente e, consequentemente,
gerando gastos cada vez mais elevados para o governo.
Palavras-chave: Animais. Leis de proteção. Problemas sociais. Políticas públicas.
ABSTRACT
Currently in the state of Ceará, and throughout Brazil, there are a large number of bad animals
treated or abandoned in the streets, which generates various social and public health problems.
This problem is quite complex, because it involves not only the action of the public power, but
especially the population that must be aware and sensitized on the subject. The objective of this
study is to analyze, through documentary research and interviews, the causes of ill-treatment
and abandonment of animals, and to examine the consequences that such practices bring to
society, verifying the existence of laws and public policies in the state of Ceará that support the
animal rights, and finally identify who is responsible and what must be done to solve or at least
mitigate the problem. The methodology used was the bibliographical research, with data
collection performed through an electronic questionnaire applied to three professionals, a
militant, an expert in the animal cause and finally a representative of the public power. The
results obtained show that the laws and public policies that protect animals are still very
deficient and the population, together with the State, is not yet aware of how serious the
problem is, that if it is not resolved as soon as possible, the number of poorly treated and
neglected animals will grow significantly over the years, leading to increasing problems in
public health, safety and the environment itself and, consequently, increasing government
spending.
Keywords: Animals. Laws of protection. Social problems. Public policy.
LISTA DE QUADROS
Figura 1: O hospital infantil Sabará utiliza terapia assistida com animais em parceria com a
ONG cão cidadão.
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 13
1 INTRODUÇÃO
Nas ruas sem nenhum tipo de cuidado esses animais acabam adquirindo doenças
e se reproduzem desordenadamente, aumentando cada vez mais as taxas de crescimento
populacional de cães e gatos. Isso pode ser visto em todas as cidades ao redor do Brasil,
principalmente nos grandes centros urbanos, além disso, esses animais ficam sujeitos a
fome, frio, sede e principalmente a maus tratos por parte de algumas pessoas maldosas.
O presente estudo busca contribuir para a discussão acerca do impacto social e
sanitário gerado pelo abandono de animais no meio urbano e rural, em especial de cães
e gatos, com o propósito de destacar a importância de medidas de conscientização da
população, focando no controle da natalidade desses animais, de regulamentação de
abrigos e de parcerias entre Prefeituras Municipais, universidades e ONG’s, resultando
na eficiência dos gastos públicos, da saúde da população e qualidade de vida desses
animais.
Portanto, os objetivos do trabalho são: Analisar por meio de pesquisas
documentais e entrevistas as causas dos maus tratos e abandono de animais, examinar
as consequências que tais práticas trazem para a sociedade, verificando a existência de
leis e políticas públicas no estado do Ceará que amparem o direito dos animais, e por
fim identificar de quem é a responsabilidade e o que deve ser feito para resolver ou pelo
menos amenizar a problemática.
Para a evolução do trabalho alguns questionamentos foram elaborados: 1) Os
Municípios podem se omitir em caso de abandono de animais? 2) Qual a
responsabilidade do poder público para com os animais abandonados? 3) Existe alguma
punição caso um município não cumpra seu dever? 4) Quais as possíveis soluções para
resolver o problema? As respostas dos questionamentos serão problematizadas no
decorrer desse trabalho.
O trabalho está dividido em cinco seções, a primeira aborda a apresentação do
trabalho, a segunda trás a metodologia de pesquisa utilizada, a terceira trata do
referencial teórico, a quarta apresenta os resultados e as discursões a partir do dialogo
com um militante, um especialista, e o poder público, e por fim as considerações finais.
2 METODOLOGIA DE PESQUISA
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3 REFERENCIAL TEÓRICO
Desde os seus primórdios o ser humano sempre teve uma relação intensa e ao
mesmo tempo estreita com mundo animal. Essa relação podia ser vista em pinturas
feitas na época da pré-história onde a imagem dos animais estava sempre presente ao
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lado do ser humano. Porém, essa figura do animal era ligada especialmente à sua
própria subsistência e sobrevivência.(PEREIRA,2014)
No decorrer do tempo surgiu uma relação de necessidade do ser humano para
com o animal, onde os cães vigiavam aldeias e ajudavam a caçar e pastorear; já gatos
eram bem-vindos por que exterminavam ratos e outras pragas, além de tantos outros
animais utilizados para tração animal e para a alimentação. Com o decorrer do tempo
essa interação começou a aumentar em razão do frio e fome, pois para se livrar do frio,
o ser humano das cavernas dormia com seu cão e, como retribuição, dava-lhe restos de
comida e com isso, se livrava também do lixo (GOTO, 2004).
Com o passar dos anos cães e gatos passaram a se aproximar cada vez mais dos
seres humanos, que tinham comida em grandes quantidades e a ofereciam aos animais,
isso fez com que deixassem de ser selvagens, tornando-se domésticos, a partir daí surgiu
a domesticação. Segundo ALESSANDRA (2010, apud BIANCHINI, 2010, p. 3). Essa
relação de proximidade proporcionou conforto e segurança aos animais, porém,
acarretou na perda de espaço para atividades físicas e comprometimento da convivência
em grupo, tornando os animais cada vez mais diferentes de seus ancestrais selvagens.
Atualmente, com os animais já domesticados, a relação entre os dois vem se
tornando cada vez mais forte, trazendo benefícios já comprovados por especialistas da
saúde, pois essa convivência vai além do lazer e da companhia, essa interação do ser
humano e animais de estimação provoca mudanças positivas no comportamento das
pessoas, estimulando o desenvolvimento de habilidades, o exercício da
responsabilidade, agregando valores e podendo melhorar a saúde física, psicológica e
emocional das pessoas.
Segundo Almeida et al (2009, apud GAZZANA et al, p.5), alguns desses
benefícios são descritos a seguir:
Diminuição das tensões entre os membros da família, aumentando a
compaixão inclusive no convívio social;
Redução do tempo de recuperação das doenças e maior sobrevida às
pessoas;
Estimulação à prática de atividades físicas; redução da ansiedade;
Diminuição significativa de distúrbios psicológicos;
Redução do sentimento de solidão;
Aumento no sentimento de intimidade;
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Outro exemplo fica em São Paulo, O Hospital Infantil de Sabará que criou um
projeto no setor pediátrico: o Cão terapia – Terapia Assistida por Animais, que
possibilita a visita de bichos de estimação às crianças internadas. O programa permite
que cães devidamente treinados passem um tempo junto aos pacientes no hospital,
estimulando a socialização das crianças através de brincadeiras, tornando as crianças
mais receptivas ao ambiente hospitalar, colaborando no seu próprio tratamento.
Essa interação entre pacientes e animais vem sendo tão bem vista que vários
outros estados do Brasil estão buscando implementar projetos de lei que permitam
que animais de estimação visitem seus cuidadores/as enquanto eles/elas estiverem
internados em hospitais, como é o caso dos estados: Paraná, Santa Catarina, Minas
Gerais, Goiás, dentre outros.
Para PASTORI (2012, apud GAZZANA, 2015), tal processo tem sido
denominado de “humanização” dos animais de estimação. Isso em virtude de os
mesmos acabarem representando diversos papéis na vida dos seus cuidadores/as,
inclusive o de membro da família.
Apesar de tantos benefícios que os animais podem trazer para nós, infelizmente
ainda existem diferentes pensamentos negativos sobre a relação entre seres humanos e
animais. Alguns enxergam como algo sem importância, como uma coisa que não sente
alegria, dor, fome, ou tristeza, podendo ser descartado a qualquer momento, isso acaba
acarretando o abandono e aos maus tratos. Por outro lado, existem pessoas que se
preocupam e enxergam nesses seres tão inocentes sentimentos e principalmente
entendem a importância que cada um tem para a sociedade e para o próprio ser humano.
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inteiro da Oceania tinha cerca de 36 milhões de pessoas. (MAPAA, 2015). Tais dados
são referentes ao ano de 2014, provavelmente hoje a estimativa seja muito maior,
principalmente nas grandes cidades.
O descarte desses animais não é ruim apenas para eles, mas também para o ser
humano, pois gera o potencial de doenças, que pode afetar as pessoas, além disso o
problema ficará cada vez mais difícil se resolver se não houver um controle.
.
animais de grande porte como cavalos, vem se tornando uma preocupação de todos,
pois sem um tratamento adequado, esses animais acabam por se tornar agentes
transmissores de várias doenças.
Essa grande quantidade de animais é um problema bastante grave para a saúde
pública. Problema este que não tem sensibilizado a sociedade nem as autoridades
competentes na busca de soluções mais efetivas. A omissão diante desse problema
acaba expondo os animais e os seres humanos a algumas doenças, como a sarna,
verminoses, doenças simples causadas por fungos, raiva e a leishmaniose que tem
atingido muitos estados do território brasileiro.
Já os gatos podem transmitir, quando infectados, a esporotricose (micose
provocada pelo fungo Sporothrixschenckii, que atinge habitualmente a pele, o tecido
subcutâneo e os vasos linfáticos), a criptococose (doença transmissível causada por
um fungo chamado Cryptococcus neoformans) e a toxoplasmose (doença infecciosa
que pode levar complicações graves para mulheres grávidas e pessoas com sistemas
imunológicos enfraquecidos).
Considerando que o abandono de animais pode causar problemas na saúde
pública, gerando agressões, poluição ambiental e transmissão de zoonoses, a solução
para esses problemas mesmo que a longo prazo seria desenvolver ações viáveis,
necessitando de um envolvimento sério e continuo da sociedade juntamente com os
governantes municipais, estaduais e federais, através de seus órgãos públicos, e em
parceria com Organizações Não Governamentais (ONG’s) e Associações.
Outra medida simples seria que o governo fizesse parceria com ONGs,
direcionando recursos para o desenvolvimento de programas de recolhimento desses
animais para abrigos públicos, recuperando-os de doenças, acompanhado de
castrações em massa, e em seguida encaminhar esses animais para adoção. Seria
interessante também que o governo desse um incentivo para que as pessoas
adotassem algum animal, a exemplo da cidade de Ponta grossa, na região dos Campos
Gerais do Paraná, onde foi aprovado um projeto de lei que dá descontos no Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU) para quem adotar cães e gatos do Canil Municipal.
Essa ação mesmo diminuindo o imposto iria trazer uma redução significativa nos
gastos com manutenção na saúde publica e no controle de zoonoses, além de trazer
benefícios para a população e animais. A partir disso surge a relação entre o Abandono
de animais com os gastos públicos, diversas cidades brasileiras exterminam centenas e
ate milhares de animais por ano, isso acaba gerando despesas respectivamente grandes
aos cofres públicos.
Tal processo não resolve o problema da superpopulação, apenas alimenta um
ciclo interminável de procriação e mortes tanto dos animais como do ser humano que,
por sua vez, acaba contraindo algum tipo de doença transmitida por esses animais,
originando gastos com atendimento médico, incontáveis acidentes de trânsito
provocados por animais de rua, despesas com captura, abrigo, sacrifício dos animais
não-retirados a tempo, e despesas com campanhas de vacinação antirrábicas.
Outro problema é a omissão, na maioria das vezes infelizmente os maus tratos
contra animais não são denunciados, isso por não serem tratados com a devida
importância dentro da sociedade, e também devido ao elevado índice de ocorrências, e
por se tratar de uma pratica muito comum e as pessoas acabam não conseguindo ver a
gravidade do problema tratando até com indiferença.
Segundo Delabary (2012, p.4), “a omissão é um aspecto muito ligado à
educação, pois quem é incapaz de identificar um ato de crueldade quando este
acontece, é também incapaz de denunciá-lo”. Esse é um ponto bastante preocupante,
porque além do ato continuar sendo praticado sem as devidas punições, as próximas
gerações continuarão a fazer o mesmo.
Por conta da necessidade ou ganância os direitos dos animais são deixados de
lado para atender aos anseios dos seres humanos. É necessário ser realizado um
trabalho mais abrangente e consistente dentro das comunidades para que os animais
não sejam vistos apenas como objetos. Portanto, a educação vem a ser a
principal ferramenta para combater essa triste realidade, pois através de uma boa
educação é possível trabalhar a conscientização e encorajar a sociedade a denunciar
esses crimes.
Ainda de acordo com Eron Cordili (2011), acredita-se que os animais devem
ser tratados como sujeitos de direito, assim como os seres humanos. Diante disso,
começaram a surgir vários movimentos sociais ao redor do mundo na luta pelo
reconhecimento dos direitos dos animais.
Com relação aos direitos dos animais segundo o campo jurídico no Brasil, os
mesmos possuem direitos que lhes são inerentes por natureza, mesmo não tendo
personalidade jurídica, são portadores naturais do direito à vida, tendo seus direitos
estampados em estatutos e normas jurídicas. “Mesmo depois dos avanços no âmbito
legislativo e da melhoria na justiça brasileira, os animais infelizmente ainda são muito
discriminados pela indiferença humana, sendo vistos como seres de insignificância
jurídica”. (SOUSA, 2016, p .12 apud MARTINS e OLIVEIRA, 2017, p.6).
De acordo com Oliveira et al. (2005), o poder público deve gerar o
compromisso de uma relação mais saudável entre o ser humano e o animal de
estimação, promovendo a consciência da guarda responsável, de forma a prevenir
males mais graves, como os decorrentes da irresponsabilidade dos guardiões/tutores e
traduzidos pelo abandono e consequente superpopulação desses animais nas ruas das
cidades.
Por vivermos num sistema jurídico voltado para o ser humano como
centro de tudo, onde o sujeito ativo do artigo 32 ao invés de ser o
animal, como sujeito de direito, é a pessoa humana, pois em última
análise a fauna deve ser protegida para o bem deste e não
especificamente daqueles, transformando-os em simples objetos
materiais (JUSBRASIL, 2013, p. 3).
30
No Brasil, além das várias ações em prol dos direitos dos animais, há diversas
publicações específicas sobre o assunto, que defendem fortemente que os animais
possuem direitos: uma delas é a Revista Brasileira de Direito Animal, publicada no
Estado da Bahia, que em um texto intitulado “Os animais como sujeitos de direito”
afirma com convicção que:
Por outro lado, podemos ver que muito embora já se reconheça direitos morais
á animais não humanos, esses continuam a ser tratados pelos sistemas legais como
propriedade dos humanos e, por isso mesmo, os animais não humanos não detêm
direitos legais, não são sujeitos de direitos, apenas objetos de direitos. São defendidos
somente como propriedade de alguém que seja um sujeito de direitos (SOUZA, G.,
2004, p. 275-276).
A denúncia por crimes de maus tratos contra animais é legitimada, podendo ser
feita por qualquer pessoa, não sendo necessária a intervenção de ONGs ou associação,
todos têm o dever legal e moral de delatar qualquer caso de violência ou agressão
contra um animal, até mesmo ameaças podem ser comunicadas à polícia, pois ficar em
silêncio ao presenciar a ocorrência de tais fatos acarretará omissão (ALMEIDA, 2011).
Toda pessoa que testemunhe atentados contra animais pode e deve comparecer
à delegacia mais próxima e lavrar um Termo Circunstanciado, espécie de Boletim de
Ocorrência (BO), caso necessário, o denunciante deve entrar em contato com o
Ministério Público estadual – Promotoria de Meio Ambiente, ou enviar uma carta
registrada, descrevendo a situação do animal ou ir pessoalmente ao Ministério
Público. (MPMG, 2013)
A pena prevista pelo Art.32 da lei de crimes ambientais é de detenção de 3
meses a 1 ano e multa, já a pena prevista pelo Art.164 do código penal é de detenção,
de 15 dias e seis meses, ou multa, já em casos que ocorra morte, a sanção será
aumentada de um terço a um sexto (APAC, 2010).
No dia 20 de abril de 2015 a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de
Lei que propõe mudanças na atual legislação que protege a integridade e a saúde
desses seres vivos. O projeto de lei defende sua aprovação, para se tornar legislação
obrigatória em todo país, justificando que os animais, assim como qualquer outro ser
vivo, tem sistema neurosensitivo bem desenvolvido, que permite a percepção de
estímulos físicos e mentais ao seu organismo (GRANVITA, 2016).
Diante disso segundo o projeto da nova Lei, nº 2.833/2011, aprovado pela
CCJ, a pena pode se tornar mais dura, onde o tempo de detenção para quem
maltratar animais aumenta para no mínimo 3 anos. Podendo ser levados em conta,
no julgamento, se houve crueldade na morte do animal, que será considerado um
agravante, levando a pena para 6 a 10 anos de prisão. (FOLHAPRESS, 2013).
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pagamento não pode originar prisão, o valor vira uma dívida ativa, como em um não
pagamento de um tributo qualquer, essa impunidade acaba fazendo com que a pessoa
volte a cometer o mesmo crime novamente, por que sabe que não vai ser punida
severamente.
A estratégia de punir as pessoas por maus tratos através da lei é muito
importante, porem não tem sido suficiente, pois não adianta apenas prender, é preciso
educar a população e assim mudar seus padrões culturais através da conscientização a
cerca da “guarda responsável” dos animais domésticos, que é a condição na qual o
guardião de um animal de companhia aceita e se compromete a assumir uma série de
deveres centrados nas necessidades físicas, psicológicas e ambientais de seu animal,
assim como, prevenir os riscos (potencial de agressão, transmissão de doenças ou
danos a terceiros) que seu animal possa causar à comunidade ou ao ambiente, como
interpretado pela legislação vigente (SOUZA, 2003 apud SANTANA et al. 2004).
Quando o cidadão se esclarece da responsabilidade na guarda de um cão ou
gato, atitudes como prevenção e destino de ninhadas, provisão de alimentos e higiene
adequados passam a ter influência direta na dinâmica populacional e de zoonoses em
cães e gatos (SILVANO et al., 2010). O aconselhamento acerca de guarda responsável
se faz necessário para que o abandono deixe de ser um fato comum na sociedade, uma
vez que cães e gatos são eutanásias mais por razões comportamentais e por abandonos
em abrigos públicos, do que por todas as causas médicas combinadas (LANDSBERG,
HUNTHAUSEN, ACKERMAN, 2005).
Outro fator importante seria implementação de políticas publicas
governamentais e privadas que vissem a castração como uma medida efetiva para
controlar a população de cães e gatos, realizando campanhas de castração em massa a
baixo custo, mostrando os benefícios do procedimento. Também devemos pensar na
educação de crianças, jovens, adultos e idosos em relação a responsabilidade que se
deve ter antes de adquirir um animal, orientando sobre como zelar pela vida do animal e
sobre os riscos de comprar filhotes em feiras de animais e pet shops.
Esse é outro problema bastante sério, que é a indústria de animais, muitos não
sabem, mas grande maioria dos animais que ficam expostos em pet shops vem de
criatórios ilegais, são locais cruéis onde os animais são tratados como máquinas de cria
e depois desprezados como lixo pela própria indústria quando não tem serventia, esses
animais nascem em locais úmidos e precários, devido a isso muitos acabam ficando
doentes ou deformados e por não terem “valor” são mortos. Já os que conseguem
sobreviver ganham a oportunidade de serem vendidos em Pet Shops, porem muita vezes
esses animais mesmo quando adotados acabam sendo abandonados futuramente. O ideal
seria que a pessoas tomassem consciência e em vez de comprar adotasse um animal,
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pois além de estar fazendo um bem pra si mesmo e pro animal, também estaria
contribuindo para o fim dessa indústria tão perversa e criminosa.
Nesse tópico falaremos das organizações não governamentais que estão sendo
cada vez mais importantes na vida de muitos animais, e ate mesmo para a sociedade
que de certa forma acaba se beneficiando com a retirada de uma pequena parte desses
animais que vivem nas ruas. O papel das ONGs acaba sendo o de auxiliar no trabalho
do poder público que na maioria das vezes se limita apenas para políticas voltadas
para o controle de zoonoses, focando nas doenças que podem ser transmitidas para o
ser humano, não se importando também com o bem-estar desses animais, com isso
essas organizações acabam sendo a única esperança nas vidas desses animais que
vivem invisíveis aos olhos da sociedade, mas que também querem ser vistos, amados
e valorizados.
Ff
Figuras
Além dessas ONGs que trabalham de forma direta, também existem outras
associações que trabalham de forma independente como é o caso do Abrigo São
Lázaro localizado em Fortaleza, onde são acolhidos animais de rua, o Abrigo é um lar
provisório, porém muitos deles estão lá ha muitos anos aguardando alguém que o
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adote, o abrigo não é um depósito de animais nem se destina a receber animais das
casas de particulares que não querem mais assumir a responsabilidade de cria-los,
principalmente quando os mesmos estão ficando idosos.A protetora Rosane recolhe
animais abandonados carentes, que por muitas vezes estão doentes e depois deles
reabilitados, são colocados para adoção.
O abrigo sofre diariamente por dificuldades na manutenção e pede doações,
segundo a diretoria do órgão os mesmos carecem de recursos, falta ração e não recebem a
quantidade necessária de ajuda financeira para efetuar os pagamentos básicos da sede,
além de atendimento veterinário para alguns animais que precisam, o abrigo hoje da
assistência para mais de 700 animais todos os dias, além do constante abandono no portão
de animais extremamente debilitados.
Existe também O Grupo de Proteção Animal (GPA) que é uma união de
protetores de animais que resolveram trabalhar juntos desde 2008 e com ajuda de
voluntários vem crescendo nas suas ações em prol dos animais abandonados de
Fortaleza, fazendo o Resgate, cuidando, e trabalhando com a adoção e educação.
Como o anterior, o grupo não trabalha de forma direta e exclusivamente com nenhum
abrigo.
Atuam somente por meio de doações, arrecadação de doação de voluntários, e
facilitam o processo de castração e outras ações. Os animais cuidados pelo GPA são
encaminhados para adoção e recebem um acompanhamento veterinário, onde são
destinados para as feiras de adoção apenas em idade adequada e com bom estado de
saúde. E disponibilizam materiais para venda, como camisas com temas de proteção
animal, utensílios usáveis para os animais, chaveiros e etc.
transferindo o problema para os outros. Essa prática era utilizada somente para
jumentos e agora vem ocorrendo com pequenos animais, o que é um absurdo, pois
além de não resolverem o problema, o transferem para outros municípios. A nível
estadual, verifica-se uma forte ação do Governo através da Secretaria do Meio
Ambiente, no Parque do Cocó, onde representantes da Secretaria, do CRMV-CE, da
faculdade de Veterinária da UECE e protetores que atuam naquela área estão
desenvolvendo ações concretas de controle de natalidade, de arraçoamento (ato de dar
ração) racional e vigilância para que não ocorram novos abandonos.
Celio Pires também ressaltou que na UECE, por exemplo, a reitoria implantou
um projeto de convivência com os animais em estado de abandono proposto pela
Faculdade de Veterinária, que apresenta características muito interessantes, indo da
avaliação sanitária dos animais, controle de natalidade, prepara para adoções, oferece
ração em ilhas de alimentação, treinamento educativo da comunidade universitária,
segurança, e comunidade do entorno da UECE. Além de realização de palestras nas
escolas e nas comunidades sobre as zoonoses e a guarda responsável de animais.
Celio Pires e Celio Studart quando indagados sobre o conhecimento da
existência de políticas públicas de proteção e defesa dos animais urbanos no estado do
Ceará, foram um pouco contraditórios, pois o presidente da CRMV afirmou ,”que a
Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da SEUMA com a participação de vários
protetores, está implementando um programa que visa a castração de animais
abandonados, o que não resolve o problema, mas que o controle de natalidade desses
animais virá minimizar ou pelo menos inibir o seu crescimento desordenado”.
Já Celio Studart contrapõe as afirmativas afirmando “que as políticas públicas
são muito deficientes, pois os governantes ainda não perceberam a importância do
tema. Em Fortaleza, já faz algum tempo que um projeto chamado “Castramóvel” não
é colocado em prática, apesar das promessas. Nem mesmo falam no Hospital Animal,
a causa anda abandonada pelo Poder Público, além das várias denúncias, inclusive de
alunos, que o Hospital Veterinário da UECE não funciona como deveria”.
Com relação à criação de uma legislação específica no Estado do Ceará que
ampare e proteja os animais, ambos desconhecem a existência, conhecem apenas uma
lei federal que estabelece que abandono de animal é crime, sendo muitas vezes
ineficaz, e que esses animais em estado de abandono são um problema do estado, onde
cada município deve fazer sua própria legislação. Para ambos, o Estado não tem se
posicionado de forma adequada diante do problema de abandono, nenhum governo,
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até o presente momento, tem enfrentado essa questão com a devida importância que o
caso exige. Provavelmente, isso se deve a falta de um assessoramento adequado e a
compreensão e dimensionamento do tamanho do problema.
Geralmente, os municípios quando questionados sobre o porquê de não
elaborar projetos que beneficiem os animais e seus cuidadoras/es, muitos alegam que
não tem verba suficiente para trabalhar no combate ao abandono desses animais. Para
Celio Studart,” essa é uma desculpa infundada sendo uma forma de fugir do problema
e de pelo menos tentar solucioná-los”. Já Celio Pires alega que, “a causa do animal
abandonado parte inicialmente de uma decisão política e da compreensão dos
gestores, de que o problema é bem maior do que simplesmente evitar que se pise no
cocô do cão ou gato. Se eles pelo menos tivessem a consciência do enorme problema
de saúde pública e das questões de ordem humanitárias que o problema envolve, seria
bem mais fácil de planejar ações concretas e mais efetivas”.
Em sua fala Celio Studart explica que o abandono desses animais em primeiro
lugar, afeta a saúde dos seres humanos, pois animais mal cuidados podem gerar
doenças e problemas na saúde pública, também acabam causando acidentes pois
diariamente ocorrem colisões entre veículos e animais selvagem ou domésticos que
vivem nas ruas, como gatos, cachorros, cavalos e outros, que são atropelados
diariamente.
Fato esse que podemos ver quando viajamos para fortaleza, por exemplo,
podemos ver pelo trajeto animais atropelados e mortos nas rodovias constantemente.
Além disso, os animais são sujeitos de direitos e devem ser beneficiados com uma
prestação pública eficiente. Como disse Celio Studart “não é preciso que se resolvam
todos os problemas de uma vez, mas que haja disposição em dialogar e evoluir. A
causa animal é o novo abolicionismo do século XXI, pois o Poder Público insiste em
tratar os animais como coisas, quando eles, na verdade, são sujeitos de direito”.
Celio Studart relatou que o abandono de animais é um problema bastante
complexo, primeiramente por que o abandono de animais gera o potencial de doenças,
que podem afetar os seres humanos. Além disso, há uma questão de humanidade: os
animais são seres com vida e sentimentos, que merecem respeito independente da
questão de sua utilidade parar o homem. O abandono gera ainda superpopulação, pois
os animais abandonados, sem castração, vão se reproduzir rapidamente.
Para os dois Celios, tal problema só será resolvido quando a população tomar
consciência que a guarda ou criação de um animal é um ato de grande
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responsabilidade, pois o animal poderá lhes trazer muitas alegrias, assim como poderá
trazer muitas preocupações se não for criado adequadamente, colocando os seus
familiares em risco.
Em países mais desenvolvidos, podemos ver que o criatório profissional
(animais de reprodução), só podem comercializar animais castrados e aquele cidadão
que tiver animal reproduzindo na sua residência sem o devido credenciamento é
multado e impedido de continuar a criar. No Brasil, temos muito que avançar pois
vemos animais sendo vendidos sem castração, há criações de animais para reprodução
e venda ilegais, onde esses animais muitas são submetidos a situações degradantes e
cruéis.
Seria necessário primordialmente incentivar a educação e campanhas de
conscientização, para que a população se conscientize da importância do tema. Além
disso, punições mais severas para quem abandona ou maltrata o animal, e por fim,
medidas como campanhas de castração e a construção de um Hospital Público para os
animais que é o mais importante.
Confirmando o que foi visto nas pesquisas, ambos abordaram a questão da
responsabilidade do poder público em relação aos animais abandonados, foi verificado
que o poder público deve ter como responsabilidade estabelecer políticas públicas
destinadas à saúde, proteção, defesa e bem-estar animal, para que futuramente o
problema do abandono não venha a interferirde forma negativa na sociedade, porem o
governo e a sociedade não conseguiram enxergar ainda o quão grave é o problema,
pois a ausência da aplicação dessas políticas e da falta de ações acabam gerando riscos
cada vez mais frequentes não só para os animais como para toda a população, como,
por exemplo, problemas de saúde pública, de segurança e até mesmo um impacto
negativo ambiental.
Com a implementação de políticas públicas de proteção e defesa dos animais
urbanos, e da fiscalização em relação a esses crimes o governo teria uma enorme
redução de gastos desnecessários na saúde pública, na manutenção das ruas e do meio
ambiente, e o dinheiro poderia ser aplicado em outras áreas que tivessem mais
necessidade.
Para Celio Studart o problema do abandono vem crescendo cada vez mais e as
autoridades competentes ou não enxergam ou não querem enxergar esse problema que
pode vir a trazer consequências negativas para a sociedade. Em algumas cidades
espalhadas pelo Brasil, graças a pessoas que tem uma maior sensibilidade a cerca do
45
assunto, essa preocupação já pode ser vista, pois já foram implementados hospitais
veterinários em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Brasília.
A criação desses hospitais deve servir de exemplo pois tem sido de grande
ajuda, para as pessoas carentes que não tem condições de pagar por uma ajuda quando
seu animal se encontra doente, é importante também por que possibilita a castração
impedindo que venham a nascer mais e mais animais, que provavelmente iriam parar
nas ruas futuramente.
Com o objetivo de identificar de forma mais especifica a temática em uma
determinada cidade, foi aplicado um questionário ao vice-prefeito de Baturité2 que é
uma cidade razoavelmente pequena e que provavelmente não possui nenhuma ação
voltada para os animais, o que pude comprovar com as respostas.
Quando questionado se na atual gestão existia alguma ação que previna ou
controle a população de cães e gatos e outros animais abandonados nas ruas o mesmo
explicou que o direito dos animais domésticos é algo que os municípios buscam
orientação no Código Sanitário que regulamenta o controle de zoonose, no qual existe
a possibilidade de implementação através da criação de leis na Câmara municipal que
tratem sobre a matéria. E a partir daí o executivo poderia favorecer uma melhor
gerencia sobre o assunto.
Na época em que foi aplicado o questionário, o vice-prefeito explicou que a
gestão estava apenas com três meses de administração e mesmo em meio a tantos
desafios e dificuldades estavam buscando trabalhar em cima das urgências e
emergências do município. Não que o assunto em questão não fosse um assunto
importante, pelo contrário, ele acredita que existe a necessidade de se viabilizar a
elaboração e execução de um projeto que crie uma coordenadoria de proteção à
animais domésticos que deve se responsabilizar pela proteção dos mesmos, pois até o
momento não foi identificado nada parecido em Baturité e tratar bem dos animais é
um assunto que merece total atenção.
Na minha percepção eu não creio que realmente essa não seja e nem será uma
preocupação da atual gestão, pois desde as campanhas eleitorais até o presente
momento não vejo nenhum vereador, prefeito ou vice-prefeito abordarem esse tema,
2
Baturité, município localizado no interior do estado do Ceará, a cidade existe á 159 anos, e sua
população é de aproximadamente 33.321 habitantes.
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nem mesmo as urgências e emergências do município depois dos três meses estão
sendo cumpridas. A exemplo disso temos construções de escolas e postos de saúde
que foram começadas pela gestão anterior e que estão esquecidas pela atual gestão,
fora outros problemas existentes na cidade. Se nem essas coisas básicas que são se
extrema importância para a população estão sendo feitas, quem dirá cuidar da saúde
dos animais que na maioria das vezes são tratados com indiferença.
O mesmo acredita que o município não pode ser omisso frente a essa situação
e por isso deve preparar uma equipe que através de um trabalho educativo e de
assistência possa direcionar esses animais para adoção, já que tratar bem os animais,
além de promover um trabalho de educação, é preciso conscientizar a população sobre
a temática.
Quando indagado sobre de quem seria a responsabilidade pelos animais
abandonados e maltratados, o mesmo relatou” que pode ser concedida ao Ministério
Público a legitimidade para instaurar possíveis inquéritos, propor ação civil pública e
até mesmo promover a responsabilização penal das pessoas físicas e jurídicas
causadoras de maus tratos contra os animais com base no caput do artigo 127 CF e
artigo 129, III da CF”.
Eu particularmente discordo desse ponto de vista, pois acredito que todos
temos responsabilidade, a população que pratica o abandono, o estado que não da a
devida atenção ao problema e os governantes dos municípios que não tratam o assunto
com a de devida importância.
Com relação às políticas públicas acerca dos animais em Baturité, o mesmo
disse que não existe, pois, novamente com a justificativa de que o atual governo tem
somente 3 meses, não foi possível ainda criar tudo o que povo precisa e merece. Em
sua fala disse “que Baturité precisa que seja instituído um decreto ou criação de leis
onde o poder público e o povo busquem trabalhar o bem-estar dos animais em parceria
com a sociedade, organizações, empresas e entidades para juntos transformarem a
realidades desses animais, seja através da adoção, prevenção de procriação
desenfreada ou qualquer outro meio que assegure os direitos dos animais. Projetos
devem vir em parceria com a iniciativa popular, o papel desempenhado pelas ONG´s
também é muito importante, pois o empenho popular ativa os Poderes”.
Referente ao conhecimento de alguma legislação específica no estado do Ceará
que ampare e proteja os animais o mesmo citou através da ADAGRI (Agência de
Defesa Agropecuária do Estado do Ceará) o conhecimento de algumas. A lei n°
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A princípio há essa ideia e quem sabe não possa se tornar realidade para tornar
o dia a dia dos animais um modelo de respeito e garantias dos direitos dos mesmos.
Ressaltou também que quando em Baturité são acionados para retirar do meio da
sociedade algum animal doente cuja saúde esta totalmente comprometida, esse mesmo
animal somente terá seu sacrifico posto em ação se realmente não houver
possibilidades de recuperar a saúde do mesmo e esse sacrifício somente será feito com
a participação de um veterinário com o uso de sedação para que esse mesmo animal
não sinta dor.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em tudo que decidimos fazer em nossas vidas nos deparamos com algum tipo de
dificuldade, o que nem sempre é ruim, pois é a partir dessas dificuldades que nos
fortalecemos, isso não foi diferente na elaboração desse TCC. Surgiram muitas
dificuldades, as maiores foram à escolha do tema, pois existe um grande
desconhecimento e falta de interesse de grande maioria da sociedade acerca do assunto.
Por tanto, existem poucas informações o que dificulta a elaboração do trabalho. Outra
dificuldade foi conseguir um orientador comprometido que se interessasse realmente
com a pesquisa, pois geralmente os professores preferem orientar alunos em que a
temática esteja dentro de uma de suas linhas de pesquisa, pois assim dominariam
melhor o conteúdo.
A partir desses problemas surgiu o desafio de buscar e encontrar o máximo de
informações possíveis acerca da temática para elaborar um trabalho o mais completo
possível, que induza o leitor a se sensibilizar e a refletir sobre o assunto e começar a ver
os animais que estão em situação de abandono ou mau tratados com outros olhos e
quem sabe até contribuir de alguma forma para mudar ou pelo menos amenizar a
problemática.
Por se tratar de um assunto complexo com poucas fontes de pesquisa, o trabalho
infelizmente tem suas limitações, está mais focado nos animais domésticos como cães e
gatos que são os mais presentes no nosso cotidiano. Existem inúmeros outros problemas
relacionados aos animais, devido a isso não seria possível falar sobre todos eles no
trabalho, então seria melhor dar ênfase em um único problema.
Diante dessas considerações, ficou claro, em minha opinião, que o tema ainda é
muito invisível aos olhos do governo e da sociedade o que torna o problema ainda
maior. É possível mudar essa realidade e ate mesmo acabar com esse problema, mas é
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preciso tomar como exemplo países que lutaram e conseguiram encontrar uma solução,
como é o caso da Holanda que obteve o impressionante título de não ter cães de rua,
pois desenvolveram um alto nível de compromisso entre os habitantes e os animais, não
só cães, mas também para com os outros seres vivos, pois veem o maltrato animal como
um crime tão grave como qualquer outro.
Isso se deve a uma serie de leis fundamentais que foram estabelecidas, a mais
importante destas é a Lei de Saúde e Bem-estar animal, trata-se de uma punição
exemplar que é de uma multa de 17 mil euros ou 3 anos da prisão para qualquer pessoa
que atente contra um animal de estimação. O Governo também estabeleceu medidas de
prevenção, como campanhas de esterilização, para evitar que qualquer cão passe a viver
nas ruas. O país conta ainda com numerosas associações que tiram os cães das ruas para
lhes oferecer cuidados e para posteriormente colocá-los em adoção3.
Ou seja, foram tomadas medidas simples mais bastante eficientes, diante disso
aqui no Brasil como o problema é ainda maior, seria necessário que o poder público
tomasse consciência do problema e buscasse soluções para diminuir a população de
animais que estão nas ruas o mais rápido possível. Também é preciso conscientizar as
pessoas sobre o abandono de animais, educando crianças, jovens, adultos e idosos em
relação à responsabilidade de ter um animal e zelar por sua segurança durante toda a sua
vida, além de incentivar a adoção dos bichinhos abandonados através de campanhas,
orientando as pessoas para que antes de pensar em levar o animal para casa, verificar se
terá as condições de cuidar e prover uma boa vida para o mesmo.
Outra medida importante, seria a implementação de políticas públicas
governamentais e privadas, identificando a castração como uma medida efetiva para
controlar a população de cães e gatos, sejam aqueles presentes nas ruas ou aqueles que
têm casa, mas seus cuidadores/as não têm condições de castrar. Realizando essas
campanhas de castração em massa e à custos baixos e mostrando os efeitos benéficos
deste procedimento nos cães e gatos, evitaria cruzas acidentais e totalmente
desnecessárias, além da proliferação indiscriminada de mais animais, bem como a
transmissão hereditária de doenças de cunho genético. Por fim e não menos importante
melhorar as leis de proteção animal para que não haja tantos maus tratos.
3
Disponível em: <https://meusanimais.com.br/holanda-sem-caes-rua/>
50
REFERÊNCIAS
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