PBA18082017
PBA18082017
PBA18082017
João Pessoa-PB
2015
PRISCILLA BARBOSA ANDRADE
João Pessoa-PB
2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Agradeço primeiramente a Deus, por não me deixar desistir nas horas difíceis e por me
proporcionar tantas vitórias. Essa em especial.
Aos meus Pais, Josevábel e Valma, por terem me educado, mesmo com todos os
sacrifícios que a vida lhes impôs, por sempre acreditarem em mim, por todo carinho, amor e
dedicação. Sem vocês, eu nada seria. Amo vocês.
Aos meus avós, em especial a minha avó materna, Efigência. Exemplo de
determinação e fé. Efi, obrigada me colocar sempre em suas orações, por me apoiar e por todo
o carinho.
Agradeço ao meu amor, Flaviano Carvalho, que sempre acreditou na minha
capacidade, mesmo quando nem eu acreditava. Preciso te falar, Flavio: teu incentivo, os
“puxões de orelha”, teu carinho e amor, foram fundamentais para que eu chegasse até aqui.
Agradeço a minha tia Fátima e meu tio Antônio, por toda ajuda durante a minha vida
acadêmica, por todas as vezes que me deixaram sair mais cedo do trabalho para estudar, pela
força, pela confiança e por todo amor e cuidado que vocês têm por mim.
A todos que fazem parte do Centro de Direito Humanos Dom Oscar Romero –
CEDHOR, que contribuíram com essa pesquisa e me receberam de braços abertos.
Agradeço à minha orientadora, Joseneide, por ter aceitado me orientar, pela paciência,
ajuda e conhecimento transmitido. Professora, Obrigada por tudo.
A meus primos, pela alegria e carinho que me transmitem. Em especial, a Simonne,
Júnior (meu primo de coração) e Joquinha. Obrigada.
Agradeço ao meu irmão, Jobson, que, mesmo com a distância, me transmite força e
alegria para seguir com meus objetivos. Meu irmão, você é meu orgulho.
Aos meus amigos (as)/companheiros (as) de estudos, da universidade e da vida, que
me ajudaram, direta e indiretamente, nessa caminhada acadêmica. Em especial, agradeço às
minhas amigas, Aline e Jailza, por sempre acreditarem em mim e por toda força transmitida.
“Você consegue”, “vai dar tudo certo”, “vamos lá, Pri, falta pouco”... Então... preciso falar: é,
meninas, deu tudo certo. Eu consegui! Vocês foram fundamentais para que eu chegasse até
aqui. Obrigada.
Agradeço à minha família, por todo amor e carinhos que sempre me dão, e por
acreditarem em mim.
Agradeço a todos os meus professores, por todo conhecimento transmitido.
Enfim, agradeço de coração a todos que, direta e indiretamente, contribuíram para a
minha formação de vida e acadêmica. Deixo aqui o meu: muito obrigada.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
2 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS: CONCEITOS, CONTEXTO E
DESAFIOS .............................................................................................................................. 13
2.1 CONCEITOS E CONTEXTOS DAS ONGS NO BRASIL ........................................... 13
2.2 DESAFIOS E REDIMENSIONAMENTO DAS ONGS NO BRASIL ......................... 18
3 CEDHOR: ONG NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNICÍPIO DE
SANTA RITA-PB ................................................................................................................... 26
4 DESENHO INSTITUCIONAL E PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES SOBRE
O DESENVOLVIMENTO DO CEDHOR ........................................................................... 35
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CEDHOR ............................................................................ 35
4.2 PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES DA PESQUISA SOBRE ATUAÇÃO DO
CEDHOR .............................................................................................................................. 44
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 52
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 53
APENDICE A ......................................................................................................................... 56
1 INTRODUÇÃO
Nas décadas de 1980/1990, muitos dos movimentos sociais oriundos da luta contra a
ditadura se transformaram em ONGs, e outras, atuavam como instituições de apoio aos
movimentos sociais. Essa simbiose entre movimento social e ONGs tinha como fruto a
necessidade de fortalecer a “representatividade das organizações populares, e ajudava a
própria organização a se estruturar, muitas delas trabalhavam numa linha de conscientização
dos grupos” (GOHN, 2013, p. 243).
A autora acrescenta que não era qualquer tipo de ONG, mas sim, as ONGs cidadãs,
movimentalistas, militantes. As ONGs cidadãs protestam a favor dos direitos e agiam no
espaço público, nos campos popular e intelectual (ALVIM, 2004).
Um marco relevante para a consolidação do regime democrático se deu com a
Constituição Federal de 1988, quando as ONGs tiveram um papel importante na constituinte
para um novo momento de cessação da tradição de “ser contra o Estado”, e uma nova visão de
participação começou a ser construída, ligando a ideia de uma
A partir dos anos 1990, as ONGs estão submetidas a uma outra lógica: priorizam
trabalhos em ‘parceria’ com o Estado e/ou empresas; proclamam-se ‘cidadãs’;
exaltam o fato de atuarem sem fins lucrativos. Desenvolvem um perfil de
‘filantropia empresarial’; mantêm relações estreitas com o Banco Mundial e
agências financiadoras ligadas ao grande capital.
Conforme afirma Teixeira (2002, p.106), foi observado “ao longo da década de 1990
um duplo movimento: da sociedade em direção ao Estado e vice-versa, ambos os movimentos
com consequências para a relação dessas organizações com o conjunto da sociedade”.
Esse movimento envolveu a “(re)definição de quais seriam os papéis tanto da
sociedade quanto do próprio Estado”. Dessa forma, “as ONGs deixam de ser meros apoios e
passam a ter centralidade, pois a nova era irá exigir novas relações sociais entre o Estado e a
sociedade civil” (GOHN, 1997 apud MENDONÇA, 2009, p.75).
Oliveira (2002 apud MENDONÇA, 2009) também destaca que as ONGs
tornaram-se intérpretes da crescente complexidade da sociedade brasileira, introduzindo
processos e identificações na agenda política, simbólica e material. Assim, começavam a criar
novas possibilidades em termos de relações sociais e de formas de produção, o que ocasionou
a substituição das ações organizadas pelos movimentos sociais por ações em torno de redes de
trabalho e experiências concretas, por meio de parcerias e interações mediadas pelas ONGs
(OLIVEIRA, 2002 apud MENDONÇA, 2009).
Com o crescente fortalecimento das organizações e sua aproximação com o Estado,
cada vez mais, também se desenvolveram novos desafios para sua atuação, os quais foram
ficando evidentes em alguns setores. As ONGs “estão diante do desafio de repensar a relação
entre formas de ação popular direta e a participação institucionalizada nos conselhos, de
forma a aumentar a sinergia entre uma e outra e aprofundar a eficácia social desta
participação” (ARMANI, 2006, p. 2).
Ou seja, as mudanças operadas no Estado e na sociedade compõem-se em um campo
de desafios, expectativas e redimensionamento do papel e ação das ONGs no cenário político
e social do país. Essa é a discussão do próximo subcapítulo, na tentativa não de esgotar a
temática proposta, mas de fazer uma aproximação entre os desafios e respostas em relação às
ONGs.
Nesse contexto de crise socioambiental e também política era preciso seguir novos
padrões para contribuir e dar formalidade a novos sujeitos políticos e ao aperfeiçoamento da
democracia que o atual tempo exige. Esses novos padrões se dão diante de um marco
regulatório, por meio de mudanças legais decorrentes de novas leis, as quais desenvolveram a
institucionalidade de Organizações da sociedade Civil-OSC e, também, uma extensa reforma
política, “que fortaleça a participação e o controle social sobre os poderes executivos,
legislativo e judiciário” (RIBEIRO, 2013, p.6).
Por mais que existisse a Lei 9.790/99 da Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público-OSCIP, a qual dispõe de um aparelho próprio de contratualização com o governo,
esta é considerada, pela ABONG, limitada, pois, segue-se sem alterar a legislação anterior, e
ainda faz dominar o sentido da terceirização e não a do estímulo à organização independente
da sociedade (RIBEIRO, 2013).
Ou seja, as ONGs que nasceram da livre iniciativa da sociedade civil passam a ser
amarras ao Estado, a favor de sua política neoliberal, minimalista, e ainda, diminuindo o papel
dessas organizações frente à opinião pública.
Segundo Ferreira (2005), a ABONG vem defendendo, ainda sob uma perspectiva de
autonomia das ONGs em relação ao Estado, a celebração de parcerias com repasse de
recursos públicos. Defende ainda a diferenciação da heterogeneidade de ONGs existentes no
Brasil, a partir da “criação de uma tipologia da ação das organizações da sociedade civil de
acordo com a natureza de sua intervenção, tais como: prestação de serviços assistenciais,
promoção e defesa de direitos, elaboração de propostas alternativas de desenvolvimento e
ações emergenciais” (FERREIRA, 2005 p. 66).
Nesse período já era demonstrada preocupação por parte das associadas da ABONG
sobre o financiamento da cooperação internacional, pois o Brasil ainda não tinha adquirido
marcos legais, nem políticas de Estado que fornecessem modificações no alicerce de
sustentação social, política e financeira das instituições de cidadania. E as fontes de recursos
dessas organizações eram concentradas na cooperação internacional, em que uma
porcentagem muito pequena era proveniente de recursos federais, estaduais e municipais, por
isso a insegurança e o desapontamento com relação à ausência de ação do governo federal.
Essa insegurança não vinha só das ONGs, mas de outras redes e movimentos sociais
que estavam na luta pela transformação social no país. Então, uma parte expressiva dessas
redes, movimentos e ONGs, “aproveitou as eleições presidenciais para lançar uma Plataforma
por um Novo Marco Regulatório para as organizações da Sociedade Civil”, onde
demandavam uma “política de Estado com instrumentos e mecanismos que assegurassem
autonomia política e financeira das OSCs, de mofo a fomentar a participação social”
(RIBEIRO, 2013).
A ABONG realizou, em 2010, um estudo quantitativo sobre vários aspectos
relacionados à dimensão das organizações sem fins lucrativos no Brasil, proliferadoras, nas
últimas décadas, no chamado Terceiro Setor.
Em relação à quantidade de unidades locais existentes no Brasil, o Nordeste concentra
23,3% de unidades e a Paraíba 1,7%, de um total de 7.664 unidades de Fundações. Já no que
diz respeito às associações sem fins lucrativos, o nordeste corresponde a 22,9% e a Paraíba
1,9%, de um total de 283.028 unidades registradas no Brasil. As entidades privadas tem um
total de 556.846 unidades, sendo 22,9% das entidades existente no Nordeste e 1,9% na
Paraíba.
Áreas das Entidades sem fins lucrativos Tipos de Organizações Sem Fins Lucrativos
Tanto na ação direta de oferta dos serviços educacionais, em que o Estado se retira
ou não entra, como em decorrência da redução do corpo técnico das diversas
secretarias, na produção de materiais didáticos, capacitação de professores e atuação
no plano das orientações pedagógicas (OLIVEIRA, A; HADDAD, 2001, p. 80).
Desse modo, se percebe a partir dos dados o quanto as ONGs têm um papel relevante
nas questões públicas, possibilitando cada vez mais o embeiçamento entre o público e o
privado. Ou seja, entre o Estado e a Sociedade Civil.
3 CEDHOR: ONG NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNICÍPIO DE
SANTA RITA-PB
Cultura e Recreação 09 09
Educação e Pesquisa 5 57
Assistência Social 04 04
Religião 26 26
1
Entrevista concedida pela diretora presidente da instituição, em 25 de abril de 2015.
2
Os Missionários Combonianos inserem-se na atividade da Igreja Católica, difundindo o evangelho entre os
povos. Inspiram-se no carisma e espiritualidade de São Daniel Comboni, como expressa o Pe. Alberto de
Oliveira Silva, na página http://www.portal.ecclesia.pt/anuario/ficha_congregacoes_m.asp?congregacao_mid=18
contra as injustiças sociais e a situação de miséria na região. Ele procurou defender os mais
pobres. Reprovava as ações do governo e as interferências estrangeiras. Romero foi
assassinado, em 1980, durante a celebração de uma missa, por um franco-atirador (CNBB,
2015).
Em Santa Rita, o Centro atende, prioritariamente, a população de baixa renda dos
bairros de Tibiri II, Marcos Moura e Heitel Santiago, desenvolvendo suas atividades
respeitando a diversidade humana, sem fazer qualquer diferenciação de credo religioso ou
político, raça, sexo, cor e condição social. Trabalha dentro de quatro eixos de atuação:
promoção dos direitos, defesa dos direitos, controle social e articulação. De acordo com o
Estatuto do CEDHOR, a associação conduz suas relações conforme os seguintes princípios
(CEDHOR, 2014):
I- Atendimento jurídico;
II- Atendimento social;
III- Mediação de conflitos;
IV- Realização e promoção de palestras, eventos, feiras, cursos e oficinas nas áreas
de direitos humanos, políticas públicas e cidadania;
V- Assessoria a entidades, movimentos e organizações populares na área dos
direitos humanos;
VI- Articulação com grupos, movimentos e associações com finalidades, objetivos
e princípios afins;
VII- Participação ativa nos conselhos de politicas públicas, redes, conferências,
comitês e fóruns;
VIII- Controle social da atividade político-administrativa no interesse comum da
sociedade;
IX- Organização popular e interlocução com o poder público e outras instâncias,
visando à promoção e defesa dos direitos humanos.
Esses serviços são executados por profissionais capacitados e são ofertados pela
instituição sem nenhum custo para a sociedade.
O CEDHOR tem parcerias com entidades, movimentos e organizações da sociedade
civil na luta pelos direitos humanos na área metropolitana de João Pessoa e em todo Estado da
Paraíba, estimulando o desenvolvimento e consolidação da organização popular e a realização
dos direitos humanos. Portanto, a ONG faz parceria com o Movimento Nacional de Direitos
Humanos, a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas da Paraíba, Rede de
Proteção da Criança e do Adolescente de Santa Rita, o Comitê Estadual contra Tortura, Rede
de Educação Cidadã – RECID, Fórum Estadual de Juventude Negra – FOJUNE/PB, Pastoral
do Menor e o Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba.
A Organização tem representatividade no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente e na Comissão Municipal de Protagonistas; participa da Comissão Gestora da
Rede Margaridas - Remar, é membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos, participa da
Rede de Atenção as Mulheres Vítimas de Violência – REAMCAV.
A ONG mantem-se com a ajuda financeira, mensal, dos Missionários Combonianos, e
com parcerias, através de projetos, a nível Estadual e municipal, que contribuem com
materiais e/ou alimentos perecíveis.
O Centro tem como objetivos promover e defender os direitos humanos, com o intuito
de enfrentar as violações dos diretos humanos e a violência institucional, buscando, assim,
oferecer apoio às vítimas para que denunciem os casos de desrespeitos sofridos; criar
instrumentos de formação e educação popular que proporcionem a consciência crítica e
despertem as pessoas para o engajamento na luta pela conquista e afirmação dos direitos
humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais; incentivar a organização popular dando
apoio aos movimentos sociais e às associações de bairros, procurando articular-se com os
diversos atores sociais com o intuito de resgatar as lutas populares; atuar no controle social
das políticas e orçamento público dos poderes constituídos, principalmente no âmbito
municipal, com vistas a exigir a prestação de serviços com a qualidade à população; defender
os interesses das crianças e adolescentes garantidos no Estatuto da criança e do adolescente
(E.C.A), assim como os direitos de grupos mais vulneráveis como o das mulheres, dos jovens
e dos idosos; manter relações com organizações no Brasil e no exterior que tenham como
objetivo a promoção e defesa dos direitos humanos; subsidiar, sempre que possível, os órgãos
governamentais e não governamentais, na área dos direitos humanos; promover e apoiar
iniciativas de geração de renda, em programas de economia solidária que elevem a dignidade
e a qualidade de vida das pessoas; promover ações civis públicas, difusas e coletivas, e ações
individuais, em favor dos direitos fundamentais.
Dentre muitas atividades que o CEDHOR desenvolve há diversos projetos na área da
educação e conscientização, que visam atender a comunidade, como os que veremos a seguir:
Projeto Legal: É um projeto que existe há mais de dez anos, atendendo crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade social, da comunidade de Marcos Moura,
em Santa Rita. Tem como objetivo resgatar a dignidade das crianças e adolescentes,
fortalecer o vínculo familiar e comunitário.
Esse projeto foi interrompido, por cerca de dois anos, por falta de verbas. E, no
dia 22 de Abril de 2014 foi reaberto, com ajuda do Padre Xavier, missionário
comboniano, que, atualmente, está à frente. O Projeto Legal dispõe de uma ótima
estrutura física e de uma equipe de educadores, coordenadores, agentes de apoio,
oficineiros, cozinheira e auxiliar de serviços gerais. Sua metodologia é influenciada
pelas práticas da pastoral do menor, desenvolvendo práticas pedagógicas, culturais,
lúcidas, esportivas e profissionalizantes.
O projeto atende 120 crianças e adolescente, com faixa etária de 7 a 16 anos,
entre o horário da manhã e tarde, da segunda à quinta-feira, e na sexta-feira funciona
apenas para as reuniões de avaliação e planejamentos dos agentes de apoio, educadores
e coordenação. Um dos requisitos para participar do projeto é estar devidamente
matriculado na escola e com a frequência em dia. Os alunos do projeto contam com
refeição, momento místico, reforço escolar e participam de oficinas, respectivamente.
No momento místico, apesar do responsável ser um padre, é um momento ecumênico,
para reflexão e oração.
O reforço escolar é ministrado por uma hora e meia, pelos agentes de apoio. Este
reforço é dividido em grupos, por nível de dificuldade dos alunos, pois muitas crianças
que estão sendo aprovadas nas escolas, entretanto, não sabem ler, nem escrever. Existe
também o grupo dos adolescentes líderes, onde trabalham temáticas mais específicas,
por ser formado com adolescentes e ter uma visão mais formada do que as crianças.
Esses temas são: participação, protagonismo e identidade. O grupo tem a intenção de
ajudar a formar cidadãos mais conscientes dos seus direitos e deveres.
Nas oficinas, os alunos do projeto, recebem aulas de capoeira, circo, música, dança
(especificamente o hip hop), reciclagem e bijuterias.
O Projeto Legal também trabalha em conjunto com os pais, a cada dois meses
esses pais são chamados para dialogar e conscientizá-los sobre o projeto, os seus
direitos e educação dos seus filhos. O mesmo diálogo que acontece com as crianças, é
passado para os pais, pois, muita vezes, é observado que, no projeto, as crianças são
trabalhadas de uma forma, e, ao chegar em casa, tem uma educação completamente
diferente. Os temas dos diálogos são sempre atuais, remetendo a acontecimentos do
mês, como, por exemplo: em outubro, no mês das crianças, procuram conscientizar os
pais sobre o problema da violência doméstica, buscando mostrar aos pais outros
caminhos para educar seus filhos. Nessas reuniões, nas quais a maioria dos pais está
presente, são convidados palestrantes sobre cada tema, e depois há um momento de
confraternização, onde é oferecido café da manhã ou lanches da tarde.
Alguns jovens do projeto fazem parte da Comissão Municipal de Protagonistas,
a qual é formada por adolescentes, onde levantam as questões e problemas sociais em
que o jovem está inserido e é o ator principal.
O projeto também procura manter um diálogo com as escolas, a fim de saber se
os alunos estão comparecendo à escola, verificando as notas de cada aluno e buscando
saber do comportamento dentro da escola, pois dentro do projeto, de acordo com a
coordenadora, o comportamento dos alunos é excelente.
O Projeto Legal é vinculado à Pastoral do menor. Para se manter, o projeto conta
com algumas doações. Recebe doação de pães da FAC - Fundação de ação comunitária,
onde, duas vezes por semana, um responsável pelo projeto se desloca ao bairro popular,
em Santa Rita, para pegar uma sobra de pães do Centro Social Urbano. Também recebe
doação de frutas, verduras e cereais do Mesa Brasil.
Projeto Segurança Pública: direito humano seu, meu, nosso: o projeto foi
aprovado, em 2012, pelo Fundo Brasil de Direito Humanos, com o intuito de fortalecer
os direitos humanos no Estado da Paraíba, abordando a violência policial e as atividades
dos grupos de extermínio em todo o Estado, questionando a ausência de entendimento
sobre os procedimentos do controle social das ações policiais.
Usando como base o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3, o
CEDHOR realizou campanhas em várias cidades do Estado com seminários, festivais e
oficinas, debatendo e transmitindo conhecimento acerca da segurança pública como
direito humano, buscando garantir esse direito junto aos grupos mais vulneráveis, os
agentes policiais e as comunidades quilombolas. Com o objetivo de contribuir para a
construção de um novo modelo de segurança pública.
Masculino 3 33,33%
Feminino 6 66,66%
[...] as mulheres destacam-se por serem as que têm tido os maiores índices de
participação e de organização de suas demandas em entidades associativas (...)
também sustentam, majoritariamente, as redes solidárias de projetos sociais que
trabalham pela inclusão de crianças e adolescentes nas ruas; educadores das escolas
articulam-se com grupos comunitários e desenvolvem trabalhos contra a violência e
o uso de drogas.
A mulher está a cada vez mais exercendo seu papel de protagonista no meio da
sociedade e nas instituições privadas ou públicas.
Nessa perspectiva, foi observado que a grande parte dos colaboradores do CEDHOR,
além de serem mulheres, possuem idade entre 31 e 40 anos, o que corresponde a cerca de 44%
dos respondentes, e 33% entre 25 a 30 anos. Cerca de 22% optaram por não responder a
pergunta, talvez por não acharem relevante para a pesquisa ou por não gostar de revelar a
idade. Estes dados estão ilustrados no gráfico 2.
Gráfico 2 - Caracterização dos colaboradores: idade
Sem resposta
2 22,22%
30 - 40 anos 4 44,44%
3 33,33%
25 - 30 anos
Fonte: Pesquisa de campo
Percebemos que a maior parte desses colaboradores são pessoas que estão em idade
produtiva, tendo conhecimento adquirido ao longo da vida profissional e maior potencial de
representatividade. Também podemos levar em consideração que essas pessoas possuem uma
percepção mais ampla do âmbito social, o qual se transformou em uma área capaz de gerar
empregos, e visto como uma “forma de investimentos na qualificação profissional, já que
empresários bem informados disputam pessoas que trabalham em ações comunitárias”
(TEXEIRA, 2003, p. 100).
Em relação ao grau de escolaridade, verificamos que pouco mais de 66,6% dos
respondentes possuem formação de nível superior, cerca de 22,2% tem o ensino médio
completo e 11% conseguiram completar o ensino fundamental, como mostra o gráfico abaixo.
Gráfico 3 - Grau de escolaridade dos colaboradores da entidade
Fundamental 1 11,11%
Medio 2 22,22%
Superior 6 66,66%
O gráfico abaixo nos permite visualizar que o CEDHOR tem, em seu quadro de
colaboradores, profissionais com formações distintas como: serviço social, filosofia,
educador, bacharel em direito (11,1% cada) e pedagogo (22,22%). Entretanto, cerca 33% dos
pesquisados não responderam à pergunta.
Gráfico 4 - Formação profissional dos colaboradores
Educacional 1 11,11%
Filosofia 1 11,11%
Pedagogo 2 22,22%
Advogado 1 11,11%
O educador social tem um papel fundamental nas ONGs, pois trabalha como agente
transformador e multiplicador de conhecimento, valorizando a educação como prática de
ressocialização dos sujeitos excluídos pela sociedade. Com a demanda, surge os agentes de
apoio, que trabalham no auxílio dos educadores.
Quanto ao tempo de atuação dos colaboradores no CEDHOR, é possível visualizar que
a maior parte já conhece a ONG, pois 33,3% atuam entre seis a dez anos na instituição. Cerca
de 11,1% estão de um a cinco anos, 44,4% colaboram entre sete a onze meses, e 11,1% fazem
parte do quatro de colaboradores, entre um tempo de até seis meses. Podemos observar esses
dados no Gráfico 6.
Gráfico 6 - Tempo de atuação dos colaboradores no CEDHOR
06 - 10 anos 3 33,33%
01 - 05 anos 1 11,11%
7 - 11 meses 4 44,44%
0 -0 6 meses 1 11,11%
Coordenador 2 22,22%
Advogado 1 11,11%
Deste modo, o voluntariado é uma peça fundamental, não só para a instituição, mas
para o bem-estar da população em geral.
No CEDHOR, como a maior parte dos colaboradores são gratificados, perguntamos o
valor da remuneração de cada um. Sabemos que muitas pessoas não gostam de revelar o valor
do salário, e 44% não responderam. 22,22% recebem menos de 2 mil reais, outros 22,22%
recebem menos de mil reais e 11,11% recebem acima de 2 mil reais.
Gráfico 9 - Remuneração dos colaboradores
Objetivos Coef.
Freq (%)
Dar suporte as famílias de acordo com suas necessidades; 10,5
Garantir, promover e atender os direitos humanos; 42
Atuar em conjunto com outras entidades; 5,3
Orientar sobre os direitos humanos; 10,5
Valorizar o protagonismo do ser humano; 5,3
Construção da cidadania plena; 5,3
Articular com movimentos sociais; 5,3
Resgatar a dignidade humana; 5,3
Defender pessoas em situações de violação dos seus direitos; 10,5
Total 100%
Fonte: Coleta direta de dados. 2015
Esses dados nos levam a crer que um dos mecanismos da gestão pública brasileira
ainda está em deficiência. Onde as organizações não-governamentais vêm trabalhando, é,
justamente, em promover o acesso das políticas sociais às comunidades, através de
informações e orientações, para que as pessoas saibam quais são seus direitos diante da
sociedade. No entanto, como a instituição trabalha focada em um determinado local, não
consegue atingir toda população. Isso nos prova que mesmo que exista o trabalho coadjuvante
do Terceiro Setor, trabalhando em prol da sociedade, com o intuito de trazer o bem público
para a população, o trabalho de uma instituição sempre será menor aspecto que seria do
Estado, o qual deveria estar promovendo todas essas ações, e nós, enquanto sociedade civil,
deveríamos estar reivindicando e fiscalizando nossos direitos.
Ao perguntarmos se os objetivos do CEDHOR têm obtido êxito em sua atuação na
comunidade de Santa Rita, todos responderam que sim. 23,1% justificaram o “sim” afirmando
que há resultado nas orientações jurídicas e sociais junto à população, com encaminhamentos
de casos aos órgãos de defesa. 7,7% responderam que muitas famílias são atendidas. No
entanto, 15,4% não souberam responder.
Quadro 4 - Êxito nas atuações dos objetivos
Êxito nas atuações dos objetivos do Cedhor na comunidade de Santa Coef.
Rita Freq. (%)
Muitas famílias atendidas; 7,7
Encaminhamentos de casos aos órgãos de defesa atuação na orientação 23,1
jurídica e social junto à população;
Ligação entre órgãos e a sociedade; 15,4
Melhoria dos serviços públicos; 7,7
Objetivos alcançados por existir uma demanda real à entidade; 7,7
Fortalecimento de vínculos familiares e sociais; 7,7
Informação as pessoas do seu potencial transformador; 7,7
S/Resposta. 15,4
Total 100%
Fonte: Coleta direta de dados. 2015/PB
Podemos ver que o Centro contribui para que haja uma maior ligação entre órgãos
públicos e a sociedade, fazendo com que os serviços ofertados pelo Estado cheguem à
população com mais qualidade e eficiência.
Em relação aos aspectos dos objetivos voltados à realidade para a defesa dos direitos
humanos na comunidade de Santa Rita, 11,8% apontam o aspecto dos atendimentos às
mulheres vítimas de violência doméstica. 17,6% ressaltam as intervenções frente às questões
sociais, e outros 17,6%, novamente, não responderam.
Esses dados expressam o cuidado da ONG com a criação dos sujeitos sociais para
interferir no espaço público, transmitindo conhecimento e realizando ações de caráter
preventivo, com atuação focada para construir uma consciência de direitos, capaz de eliminar
o desrespeito e a brutalidade que se faz presente no meio da sociedade.
As respostas sobre as possíveis melhorias e/ou resultados das ações e/ou projetos do
CEDHOR na comunidade de Santa Rita foram bem distintas. A melhoria do nível de
informação da comunidade, com 13,6%, foi o mais repetido entre os colaboradores. A
diminuição da violência intrafamiliar (9,1%) também se destacou entre as opiniões dos
respondentes.
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Sexo:
Idade:
Grau de Instrução:
Formação Profissional:
Ocupação Profissional:
Função no CEDHOR:
2.2 Considera que esses objetivos são relevantes para atender as necessidades da
comunidade de Santa Rita? Sim ( ) Não ( ) Justifique:
2.3 Os objetivos do CEDHOR têm obtido êxito em sua atuação na comunidade de Santa
Rita? Sim ( ) Não ( ) Justifique:
2.4 Os objetivos se voltam para a defesa dos direitos humanos da comunidade de Santa
Rita em quais aspectos na realidade?
2.5 Quais são as ações realizadas pelo CEDHOR no campo dos direitos Humanos?
2.8 Quais as estratégias utilizadas para atrair a comunidade em relação às ações e/ou
projetos?