PBA18082017

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 57

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E GESTÃO

PRISCILLA BARBOSA ANDRADE

O PAPEL DAS ONGS NAS QUESTÕES PÚBLICAS:


UM ESTUDO DE CASO DO CEDHOR NA ÁREA DE
DIREITOS HUMANOS

João Pessoa-PB
2015
PRISCILLA BARBOSA ANDRADE

O PAPEL DAS ONGS NAS QUESTÕES PÚBLICAS: UM ESTUDO DE


CASO DO CEDHOR NA ÁREA DE DIREITOS HUMANOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


disciplina de TCC, junto ao Curso de Tecnologia
em Gestão Pública, como requisito parcial para a
obtenção do título de Tecnólogo em Gestão
Pública.

Prof.ª Orientadora: Prof.ª Drª. Joseneide Souza


Pessoa

João Pessoa-PB
2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A553p Andrade, Priscilla Barbosa.


O papel das ONGs nas questões públicas: um estudo de caso do
CEDHOR na área de direitos humanos / Priscilla Barbosa Andrade. –
João Pessoa: UFPB, 2015.
54f. : il.

Orientador: Profª. Drª. Joseneide Souza Pessoa.


Monografia (Graduação em Tecnologia em Gestão Pública) –
UFPB/CCSA.

1. Organizações Não-Governamentais (ONG). 2. Políticas


compensatórias – Sociedade civil. 3. Centro de Direitos Humanos Dom
Oscar Romero (CEDHOR). I. Título.

UFPB/CCSA/BS CDU: 347.471.8:342.7(813.3)(043.2)


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por não me deixar desistir nas horas difíceis e por me
proporcionar tantas vitórias. Essa em especial.
Aos meus Pais, Josevábel e Valma, por terem me educado, mesmo com todos os
sacrifícios que a vida lhes impôs, por sempre acreditarem em mim, por todo carinho, amor e
dedicação. Sem vocês, eu nada seria. Amo vocês.
Aos meus avós, em especial a minha avó materna, Efigência. Exemplo de
determinação e fé. Efi, obrigada me colocar sempre em suas orações, por me apoiar e por todo
o carinho.
Agradeço ao meu amor, Flaviano Carvalho, que sempre acreditou na minha
capacidade, mesmo quando nem eu acreditava. Preciso te falar, Flavio: teu incentivo, os
“puxões de orelha”, teu carinho e amor, foram fundamentais para que eu chegasse até aqui.
Agradeço a minha tia Fátima e meu tio Antônio, por toda ajuda durante a minha vida
acadêmica, por todas as vezes que me deixaram sair mais cedo do trabalho para estudar, pela
força, pela confiança e por todo amor e cuidado que vocês têm por mim.
A todos que fazem parte do Centro de Direito Humanos Dom Oscar Romero –
CEDHOR, que contribuíram com essa pesquisa e me receberam de braços abertos.
Agradeço à minha orientadora, Joseneide, por ter aceitado me orientar, pela paciência,
ajuda e conhecimento transmitido. Professora, Obrigada por tudo.
A meus primos, pela alegria e carinho que me transmitem. Em especial, a Simonne,
Júnior (meu primo de coração) e Joquinha. Obrigada.
Agradeço ao meu irmão, Jobson, que, mesmo com a distância, me transmite força e
alegria para seguir com meus objetivos. Meu irmão, você é meu orgulho.
Aos meus amigos (as)/companheiros (as) de estudos, da universidade e da vida, que
me ajudaram, direta e indiretamente, nessa caminhada acadêmica. Em especial, agradeço às
minhas amigas, Aline e Jailza, por sempre acreditarem em mim e por toda força transmitida.
“Você consegue”, “vai dar tudo certo”, “vamos lá, Pri, falta pouco”... Então... preciso falar: é,
meninas, deu tudo certo. Eu consegui! Vocês foram fundamentais para que eu chegasse até
aqui. Obrigada.
Agradeço à minha família, por todo amor e carinhos que sempre me dão, e por
acreditarem em mim.
Agradeço a todos os meus professores, por todo conhecimento transmitido.
Enfim, agradeço de coração a todos que, direta e indiretamente, contribuíram para a
minha formação de vida e acadêmica. Deixo aqui o meu: muito obrigada.
RESUMO

As organizações não-governamentais no Brasil atuam em diversas áreas, colaborando com o


desenvolvimento da cidadania, expansão da democracia e nas práticas de políticas
compensatórias, auxiliando a gestão pública com o intuito de minimizar os problemas sociais
existentes no País. Neste trabalho foi realizado um estudo de caso que teve como finalidade
apresentar uma investigação que pudesse destacar a estrutura organizacional e institucional de
uma ONG. O estudo foi feito em uma associação que atua na promoção dos direitos humanos
e atende a questões de ordem pública no município de Santa Rita-PB, o Centro de Direitos
Humanos Dom Oscar Romero – CEDHOR. O presente estudo teve por objetivo a análise
sobre o desenvolvimento institucional do CEDHOR em relação aos seus objetivos e ações
desenvolvidas em prol dos direitos humanos da população de Santa Rita-PB. A partir da
análise dos dados da pesquisa, foi possível visualizarmos que a ONG colabora com a gestão
pública da cidade de Santa Rita, no que se refere aos direitos humanos, proporcionando
importantes contribuições às comunidades do município, promovendo acesso às políticas
públicas, orientando a população sobre seus direitos e deveres, atuando na promoção do bem-
estar social. Também foi evidenciado que a falta de recursos financeiros e parcerias com
órgãos públicos e outros órgãos da sociedade civil, em especial com a gestão municipal da
cidade de Santa Rita, dificulta no alcance dos objetivos institucionais e na execução de ações
do CEDHOR.

Palavras chave: Organizações Não-Governamentais (ONG). Políticas compensatórias –


Sociedade civil. Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero (CEDHOR).
ABSTRACT

Non-governmental organizations in Brazil operates in several areas, contributing to the


development of citizenship, expansion of democracy and the countervailing political
practices, assisting the public administration in order to minimize the social problems in the
country. In this paper we present a case study that aimed to introduce an investigation that
could highlight the organizational and institutional framework of an ONG. The study was
done in an association engaged in promoting human rights and meets the public policy issues
in the city of Santa Rita / PB, Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero - CEDHOR.
This study aimed to the analysis of the institutional development of CEDHOR in relation to
their goals and actions developed for human rights of the population of Santa Rita / PB. From
the analysis of the research data, it was possible to visualize the ONG collaborates with the
public management of the city of Santa Rita, in respect for human rights, providing important
contributions to the municipal communities, promoting access to public policies, guiding the
population about their rights and duties, working to promote social welfare. It was also
evident that the lack of financial resources and partnerships with public agencies and other
organs of civil society, especially with the municipal administration of the city of Santa Rita,
hinders the achievement of institutional objectives and the implementation of CEDHOR
actions.

Keywords: Non-governmental organizations (ONG). Compensatory policies – Civil society.


Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero (CEDHOR).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Relevância do trabalho voluntário.......................................................................... 43


Quadro 2 - Objetivos do CEDHOR .......................................................................................... 45
Quadro 3 - Relevância dos objetivos para atender a população ............................................... 46
Quadro 4 - Êxito nas atuações dos objetivos ............................................................................ 47
Quadro 5 - Áreas de atuação do CEDHOR .............................................................................. 47
Quadro 6 - Ações realizadas do CEDHOR na área de DH ...................................................... 48
Quadro 7 - Possíveos melhorias/resultados em Santa Rita-PB ................................................ 49
Quadro 8 - Dificuldades encontradas pelo CEDHOR na realização de ações/projetos ........... 50
Quadro 9 - Estratégias do CEDHOR utilizadas com a comunidade ........................................ 50

Gráfico 1 - Caracterização dos colaboradores: sexo ................................................................ 35


Gráfico 2 - Caracterização dos colaboradores: idade ............................................................... 37
Gráfico 3 - Grau de escolaridade dos colaboradores da entidade............................................. 38
Gráfico 4 - Formação profissional dos colaboradores .............................................................. 39
Gráfico 5 - Ocupação profissional dos colaboradores .............................................................. 40
Gráfico 6 - Tempo de atuação dos colaboradores no CEDHOR .............................................. 41
Gráfico 7 - Função exercida pelos colaboradores no CEDHOR .............................................. 41
Gráfico 8 - Função gratificada ou voluntariado........................................................................ 42
Gráfico 9 - Remuneração dos colaboradores ............................................................................ 44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Quantidade de Unidades Locais ............................................................................... 23


Tabela 2 - Quantidade de pessoas assalariadas em 31/12/2010 ............................................... 23
Tabela 3 - Quantidade de entidade por áreas ............................................................................ 24
Tabela 4 - Quantidade de entidades por área em Santa Rita .................................................... 27
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABONG – Associação brasileira das organizações não governamentais

CEBs – Comunidades Eclesiais de Base

CEDHOR – Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero

COOREMM – Cooperativa dos Catadores de Reciclagem de Marcus Moura

CRAS – Centro de referência de assistência social

CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

FAC – Fundação de Ação Comunitária

FOJUNE – Fórum Estadual de Juventude Negra

IBGE – Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

ONG – Organização Não-Governamental

OSC – Organizações da Sociedade Civil

OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PNDH – Plano Nacional de Direitos Humanos

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RECID – Rede de Educação Cidadã

REMCAV – Rede de Atenção as Mulheres Vítimas e Crianças Vitimas de Violência


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
2 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS: CONCEITOS, CONTEXTO E
DESAFIOS .............................................................................................................................. 13
2.1 CONCEITOS E CONTEXTOS DAS ONGS NO BRASIL ........................................... 13
2.2 DESAFIOS E REDIMENSIONAMENTO DAS ONGS NO BRASIL ......................... 18
3 CEDHOR: ONG NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNICÍPIO DE
SANTA RITA-PB ................................................................................................................... 26
4 DESENHO INSTITUCIONAL E PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES SOBRE
O DESENVOLVIMENTO DO CEDHOR ........................................................................... 35
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CEDHOR ............................................................................ 35
4.2 PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES DA PESQUISA SOBRE ATUAÇÃO DO
CEDHOR .............................................................................................................................. 44
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 52
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 53
APENDICE A ......................................................................................................................... 56
1 INTRODUÇÃO

Esta monografia é fruto do trabalho de conclusão de curso na área de Gestão Pública e


tem por finalidade apresentar resultados de uma pesquisa realizada no campo das
organizações não-governamentais que atuam junto às questões públicas, particularizando as
informações da pesquisa, que se refere a um estudo de caso, no Centro de Direitos Humanos
Dom Oscar Romero (CEDHOR).
O estudo teve por objetivo geral fazer uma análise sobre o desenvolvimento
institucional do CEDHOR em relação aos seus objetivos e ações desenvolvidas em prol dos
direitos humanos da população de Santa Rita-PB. Nos objetivos específicos, buscou-se
identificar quais são os objetivos institucionais do CEDHOR, verificar se as ações/projetos
realizados correspondem aos objetivos propostos, investigar quais são os obstáculos vividos
no alcance dos objetivos e analisar os resultados das ações/projetos no que se refere aos
direitos humanos do referido município.
Esse estudo teve o propósito de produzir um estudo que evidenciasse a estrutura
organizacional e institucional de uma ONG que atua com atividades sociais e cuja finalidade é
o atendimento a questões de ordem pública e a promoção de direitos humanos, procurando
perceber, com isso, quais contribuições essa organização traz para a sociedade, em especial
para o Município de Santa Rita-PB, permitindo também produzir uma reflexão e análise feitas
conjuntamente com os gestores/coordenadores e voluntários da referida ONG sobre seus
objetivos, ações e atividades.
Por outro lado, é um estudo legítimo no campo da gestão pública, quando se estuda
organizações sejam elas públicas e/ou privadas que atuam no campo do “bem público”, tendo
em vista que a referida ONG trabalha no campo dos direitos humanos atuando na defesa e
promoção destes para um público específico. Ela realiza ações que também deveriam ser
realizadas pelo poder público.
Ao mesmo tempo, entender o papel das ONGs na atual realidade institucional do
Estado brasileiro é compreendê-las como parte do processo de gestão descentralizada que
percorre a legislação e as práticas que vêm sendo encaminhadas nas últimas décadas, a partir
da reforma gerencial do aparelho do Estado.
Dito isso, o desenvolvimento de uma ONG ou qualquer outro tipo de organização que
transita no chamado Terceiro Setor é de permeabilidade com as necessidades do atual modelo
de Estado. As organizações desta natureza são mais flexíveis do que a estrutura do Estado,
podendo responder aos interesses dos setores privado e público, de forma mais rápida.
Outros autores denominam o Terceiro Setor como parte da gestão social. Entretanto, a
própria reforma do Estado a partir de 1997, propõe uma descentralização e desconcentração
de poder na execução de serviços públicos como parte integrante da própria gestão pública
(PEREIRA, 1997).
Os procedimentos metodológicos adotados foram a pesquisa exploratória para formar
o escopo do estudo de caso com ênfase no levantamento de dados junto ao campo empírico, o
levantamento bibliográfico e o documental. Utilizou-se entrevista semiestruturada, entrevistas
informais, observações e aplicação de questionário. A entrevista semiestruturada foi aplicada
ao gestor do CEDHOR. A profissionais e voluntários foi aplicado um questionário com
perguntas abertas e fechadas, o qual encontra-se no apêndice A deste trabalho. Desse modo, a
amostra, por sua vez, foi representativa de cada segmento e se deu voluntariamente.
Ressaltando que a organização é pequena, não há um número elevado de profissionais. O total
de profissionais é de 17. Destes, 52% responderam a entrevista aplicada.
O plano de organização deste trabalho acadêmico procurou seguir um caminho para
se chegar aos resultados do estudo: analisar a literatura sobre as ONGs no Brasil bem como
produção de conteúdo feita pelas próprias organizações, identificando diferentes tipos
existentes e suas formas de atuação; desafios para sua ação; com parceiros e com seu público
no contexto brasileiro. Ainda a partir da literatura, propusemo-nos a analisar as possíveis
mudanças que as instituições sem fins lucrativos sofreram em seu perfil, suas relações com
outras organizações e públicos, e as formas de atuação no contexto recente. Realizamos a
coleta de dados e formamos a análise.
O presente texto monográfico está composto em três capítulos para poder apresentar
adequadamente a pesquisa realizada. No primeiro capítulo será apresentado o que se entende
por Organizações Não-Governamentais, seus conceitos e contextualização. Abordaremos as
visões conflitantes sobre o papel das ONGs, suas relações com o Estado e os
serviços/políticas públicas. E falaremos também dos anos recentes: o que mudou, alguns
desafios enfrentados pelas organizações. No segundo capítulo faremos a apresentação do
desenho institucional do CEDHOR para que o leitor conheça a mesma e, no terceiro capítulo,
apresenta-se os dados e resultados da pesquisa empírica, e, por fim, as conclusões.
2 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS: CONCEITOS, CONTEXTO E
DESAFIOS

2.1 CONCEITOS E CONTEXTOS DAS ONGS NO BRASIL

As chamadas Organizações Não Governamentais (ONGs) são formadas pela iniciativa


da sociedade civil, apresentando uma natureza jurídico-legal privada, mas atuando junto às
questões sociais mais gerais que conformam a sociedade. De acordo com a ABONG (2013,
p.1), são consideradas ONGs,

[...] as entidades que, juridicamente constituídas sob a forma de fundação,


associação e sociedade civil, todas sem fins lucrativos, notadamente autônomas e
pluralistas, tenham compromisso com a construção de uma sociedade democrática,
participativa e com o fortalecimento dos movimentos sociais de caráter democrático,
condições estas, atestadas pelas suas trajetórias institucionais e pelos termos dos
seus estatutos.

As ONGs desempenham uma multiplicidade de ações voltadas para as causas


públicas, que são cada vez mais complexas e exigem aperfeiçoamento, e transversalidade de
conteúdo. E, com perfil próprio originado por muitas lutas por independência e autonomia, as
instituições reconhecem as ações em rede e procuram ligação com o Estado para cumprir as
ações/projetos de maior embate, que necessitam de interferência ou entrega estatal (LOPES et
al, 2013).
O campo de atuação das ONGs se insere em inúmeros segmentos sociais, mas
principalmente, voltando-se para as populações com menor acesso aos bens e serviços
públicos, em busca de soluções das questões sociais, culturais e suas sequelas, nas áreas
educacionais, na saúde, segurança, habitação, direitos humanos, dentre outras.
De acordo com Lopes et al. (2013), com a colaboração da sociedade civil no
enfrentamento das questões sociais, é possível aprovar políticas públicas e alavancar sua
adesão às demandas sociais, abrindo espaço na administração pública a fim de uma maior
participação social para a formulação, monitoramento, execução e fiscalização das políticas
públicas.
As ONGs são bem distintas entre si e têm múltiplos papéis na sociedade, assumindo
como característica principal a sua posição na defesa dos direitos dos cidadãos e na promoção
do desenvolvimento, atuando em prol da melhoria e modificação da vida de pessoas menos
favorecidas, com caráter formal, autônomo e sem fins lucrativos (ÁLVARES, 1999;
LANDIM, 2002a, et al. apud ALVIM & TEODÓSIO, 2004).
De acordo com Mendonça (2005), as ONGs vêm transformando seus papéis e as suas
formas de relacionamento com seus colaboradores, alternando-se entre processos de
colaboração/parceria e cooptação, dependência e busca de sustentabilidade. Com essas
relações também vem sendo modificado o campo de ação das ONGs no que se refere à
elaboração e implantação sobre as políticas de redução da pobreza e promoção do
desenvolvimento.
As ONGs contribuíram também para a ideia de sociedade civil “organizada” como
parte do processo de construção da democracia, trazendo novos atores à cena pública. Os
movimentos sociais e políticos da sociedade civil que durante o período da Ditadura Militar
(1964 a 1985) auxiliaram decisivamente para o término deste regime político, buscando
construir as bases da abertura democrática no Brasil. Elas também são definidas pelas novas
relações políticas entre o Estado e a sociedade civil e desempenham uma forte identidade
social e princípios fundamentais para a consolidação de redes de proteção social, com o
objetivo de manter o exercício da cidadania e dos direitos sociais, estão exatamente ligadas ao
panorama do fortalecimento dos setores sociais marginalizados (NOVELINO, 2006)
Nesse sentido, o surgimento das ONGs se deu ao longo dos anos 1960 e 1970, com o
florescimento de associações, entidades, instituições que buscavam organizar demandas da
população junto ao Estado, com destaque para o trabalho das Comunidades Eclesiais de Base
(CEBs), as associações de pequenos produtores e as cooperativas rurais, dentre outras
organizações. “A atuação dessas organizações contribuiu para o desenvolvimento de uma
cultura de ação não governamental, que favoreceu o rápido crescimento e diversificação das
ONGs que se observou nas décadas seguintes” (FERNANDES, 1994; PRESSBURGER, 1996
apud FERREIRA, 2005, p. 44).
Nos anos 1970 até meados da década de 1980, vivia-se ainda em um cenário político
limitado, devido à Ditadura Militar. No entanto, as organizações sociais floresciam diante da
necessidade de romper com autoritarismo da época, por meio do crescimento dos grupos de
trabalhadores, artistas, intelectuais, partidos e sindicatos, vinculados em sua maioria com o
pensamento de esquerda. As entidades sociais criadas neste contexto produziram um vasto
processo reivindicatório sobre os direitos civis, sociais e políticos, elementos que vieram mais
tarde a consagrar a democracia emergente brasileira a partir da promulgação da Constituição
de Federal de 1988.
Pode-se considerar que esses movimentos sociais deram origem às ONGs diretamente
ligadas às entidades eclesiais por três razões. A primeira, é que os sujeitos que nelas atuavam
possuíam uma trajetória de militância religiosa, originários que eram da Ação Católica, da
Juventude Estudantil Católica, da Juventude Universitária Católica e dos Movimentos de
Educação de Base. A segunda razão é que a Igreja, que vinha da realização do Concílio do
Vaticano II entre 1958 e 1963, e, sobretudo, do Concílio Episcopal Latino-Americano,
realizado em Medellín em 1968, que marcaram a sua opção preferencial pelos pobres,
apoiou-as de diferentes formas – a concessão de espaço físico em suas instalações foi uma das
formas. Outra, se refere à abertura dos contatos que já possuíam com os setores populares, em
função dos trabalhos das paróquias e pastorais espalhadas pelo país. Uma terceira forma de
apoio remete aos financiamentos concedidos pelas agências internacionais.
A partir desse contexto de efervescência política começou a se espalhar pelo país o
trabalho de educação para cidadania, desenvolvido pelos Centros de Educação de Bases -
CEBs. Esses centros eram constituídos da ala mais progressista da Igreja Católica em que se
conjugam os valores cristãos e a ortodoxia marxista em um movimento político que se
denominava de educação de base, educação popular, ou ainda, promoção social. Ou seja, os
grupos que participam da cena política contra a Ditadura Militar se formaram e se uniram a
partir de ideários distintos: o assistencial cristão, o desenvolvimentista e o humanista
(LANDIM, 2002b apud ALVIM & TEODÓSIO, 2004).
Esses centros foram ganhando legitimidade a partir do envolvimento com grupos e
movimentos populares. Direcionavam seus esforços nas lutas pela terra, pela moradia, direitos
trabalhistas, pelas reformas de base (educação, saúde, previdência, etc.), e principalmente pelo
fim do regime ditatorial. Teixeira (2003) aponta que esses movimentos tiveram um papel
fundamental contra o autoritarismo, pois procuram reivindicar direitos e fixar práticas e
discursos efetivamente igualitários, em um período que não havia espaço público e a troca de
hierarquias do mundo privado não era discutida com a sociedade.

O sucesso dos movimentos sociais deve ser entendido não enquanto o


preenchimento dos seus objetivos substantivos ou enquanto a sua autoperpetuação
como movimento, mas como a democratização de valores, normas, instituições e
identidades sociais enraizadas, e, última instância, na cultura política (COHEN;
ARATO apud TEXEIRA, 2003, p. 39).
Avritzer (2012, p. 394) acrescenta que a sociedade civil teve sua institucionalidade
criada por dois processos. Primeiro pela

[...] reação dos setores populares ao processo antidemocrático de modernização do


país que interferiu intensamente na sua vida cotidiana e um processo de
democratização que fez das associações civis atores importantes no processo de
aprofundamento democrático.

A construção da democratização e composição de várias formas de atuação coletiva


entre as décadas de 1970 e 1980 acarretou mudanças significativas no modelo das associações
do país (SANTOS, 1993). Gerou um aumento expressivo na capacidade de criar linhas
voluntárias e autônomas de associação (AVRITZER, 2012).
Raviolo (2003) também aponta que houve uma crescente criação de instituições
(privadas, sem fins lucrativos, ligadas à igreja católica e suas pastorais) no Brasil nesse
mesmo período que tinham como área de atuação o apoio aos movimentos sociais na
assessoria política a esses movimentos:

Para o fortalecimento de sua capacidade de atuação autônoma e crítica. [...] No final


da década de 80 e início da década de 90 diversas organizações de assessoria e
educação popular passaram a desenvolver uma reflexão sobre o papel que
desempenhavam na sociedade, adotando a denominação de “Organizações Não
Governamentais”, num empréstimo da terminologia utilizada no sistema das Nações
Unidas (RAVIOLO, 2003, p.15)

Nas décadas de 1980/1990, muitos dos movimentos sociais oriundos da luta contra a
ditadura se transformaram em ONGs, e outras, atuavam como instituições de apoio aos
movimentos sociais. Essa simbiose entre movimento social e ONGs tinha como fruto a
necessidade de fortalecer a “representatividade das organizações populares, e ajudava a
própria organização a se estruturar, muitas delas trabalhavam numa linha de conscientização
dos grupos” (GOHN, 2013, p. 243).
A autora acrescenta que não era qualquer tipo de ONG, mas sim, as ONGs cidadãs,
movimentalistas, militantes. As ONGs cidadãs protestam a favor dos direitos e agiam no
espaço público, nos campos popular e intelectual (ALVIM, 2004).
Um marco relevante para a consolidação do regime democrático se deu com a
Constituição Federal de 1988, quando as ONGs tiveram um papel importante na constituinte
para um novo momento de cessação da tradição de “ser contra o Estado”, e uma nova visão de
participação começou a ser construída, ligando a ideia de uma

[...] democracia direta à democracia representativa. Tratava‐se de participar de um


novo momento político que era a definição das formas de gestão dos equipamentos e
serviços, a definição e implantação das Leis Estaduais e Municipais, a construção
dos diferentes Conselhos e Câmaras de interlocução do Estado com a sociedade.
Participar da gestão dos direitos em suma (GOHN, 2013, p.246).

Então, apesar de as ONGs militantes terem contribuído para um conjunto de práticas


que se deu numa cultura de cidadania, novos espaços se abriram para políticas locais e meios
urbanos nas cidades, e os campos das organizações civis aumentaram e se diversificaram no
início dos anos 1990.
Diante das circunstâncias no cenário econômico, novas pautas (desemprego, aumento
da violência, a questão da exclusão por raça, gênero, sexualidade, dentre outros) fizeram parte
dos movimentos sociais e populares, fazendo com que aderissem aos programas e projetos das
ONGs. E vários projetos sociais começaram a ser patrocinados por bancos e empresas, dentro
de programas de responsabilidade social, no campo de cidadania coorporativa (GOHN, 2013).
O Estado e a sociedade civil passaram por várias transformações ao longo do período
denominado de democrático, pós-64, concedendo à população uma gama de direitos de
cidadania e, ao mesmo tempo, as ONGs foram bastante relacionadas aos movimentos sociais
em sua emergência. Mas Coutinho (2004, p.58) aponta que:

A partir dos anos 1990, as ONGs estão submetidas a uma outra lógica: priorizam
trabalhos em ‘parceria’ com o Estado e/ou empresas; proclamam-se ‘cidadãs’;
exaltam o fato de atuarem sem fins lucrativos. Desenvolvem um perfil de
‘filantropia empresarial’; mantêm relações estreitas com o Banco Mundial e
agências financiadoras ligadas ao grande capital.

Conforme afirma Teixeira (2002, p.106), foi observado “ao longo da década de 1990
um duplo movimento: da sociedade em direção ao Estado e vice-versa, ambos os movimentos
com consequências para a relação dessas organizações com o conjunto da sociedade”.
Esse movimento envolveu a “(re)definição de quais seriam os papéis tanto da
sociedade quanto do próprio Estado”. Dessa forma, “as ONGs deixam de ser meros apoios e
passam a ter centralidade, pois a nova era irá exigir novas relações sociais entre o Estado e a
sociedade civil” (GOHN, 1997 apud MENDONÇA, 2009, p.75).
Oliveira (2002 apud MENDONÇA, 2009) também destaca que as ONGs
tornaram-se intérpretes da crescente complexidade da sociedade brasileira, introduzindo
processos e identificações na agenda política, simbólica e material. Assim, começavam a criar
novas possibilidades em termos de relações sociais e de formas de produção, o que ocasionou
a substituição das ações organizadas pelos movimentos sociais por ações em torno de redes de
trabalho e experiências concretas, por meio de parcerias e interações mediadas pelas ONGs
(OLIVEIRA, 2002 apud MENDONÇA, 2009).
Com o crescente fortalecimento das organizações e sua aproximação com o Estado,
cada vez mais, também se desenvolveram novos desafios para sua atuação, os quais foram
ficando evidentes em alguns setores. As ONGs “estão diante do desafio de repensar a relação
entre formas de ação popular direta e a participação institucionalizada nos conselhos, de
forma a aumentar a sinergia entre uma e outra e aprofundar a eficácia social desta
participação” (ARMANI, 2006, p. 2).
Ou seja, as mudanças operadas no Estado e na sociedade compõem-se em um campo
de desafios, expectativas e redimensionamento do papel e ação das ONGs no cenário político
e social do país. Essa é a discussão do próximo subcapítulo, na tentativa não de esgotar a
temática proposta, mas de fazer uma aproximação entre os desafios e respostas em relação às
ONGs.

2.2 DESAFIOS E REDIMENSIONAMENTO DAS ONGS NO BRASIL

Os principais desafios e redimensionamentos das ONGs começaram a se caracterizar


ao longo da década de 1990, quando elas cresciam em número e eram cada vez mais
reconhecidas como vozes críticas, ao mesmo tempo em que o arcabouço político advindo das
lutas anteriores pela democratização e pelos direitos de cidadania, tão recentemente
promulgados pela Constituição Federal, se encontrava em um limiar básico no cenário
brasileiro, quando já predominava uma concepção neoliberal de Estado, concebida para
diminuir seu tamanho no campo das políticas públicas, exigindo, portanto, uma sociedade
civil organizada com uma atuação diferente, não como agente crítico, mas principalmente,
como executor de bens e serviços sociais.
Nesse ínterim, as ONGs enfrentam o primeiro desafio: destituir-se de seu aparato
político-ideológico. Depois, precisam penetrar no Estado, tornando-se dependente
financeiramente deste e, por último, sendo utilizada como meio mais econômico por parte do
governo para atuar nas políticas sociais de forma concentrada e menos incômoda,
politicamente.
Nesse sentido, para Armani (2006), o crescimento das parcerias dos governos
estaduais e municipais com ONGs, com a participação da sociedade civil, fortaleceu
oportunidades para as ONGs. Entretanto,

[...] representa novos desafios no tocante a maior exposição pública e a maiores


exigências quanto à qualidade técnica do seu trabalho. [...] As ONGs brasileiras têm
sido confrontadas com o desafio de garantir que sua intervenção concreta específica
resulte na elevação da qualidade de vida da população e ao mesmo tempo promova
um novo modelo de desenvolvimento para o país (ARMANI, 2006, p. 6).

Para Raviolo (2003, p. 16), o desafio maior das ONGs no contexto de

[...] proliferação e diversificação é o de defender um papel de atuação que contribua


efetivamente para o fim da exclusão social e política da maioria da população,
superando o marco do 'ser não governamental' no qual tudo cabe.

Existe uma diversidade de ONGs atuando no Brasil com significativas distinções no


que se refere a seus objetivos, formas de trabalho, fontes de financiamento, beneficiários e
parceiros, além de sua contribuição positiva ou negativa à democratização do país.
Então, nesse período, houve uma multiplicação de organizações originadas com o
objetivo de efetivar programas sociais, tornando-se mais submissas e dependentes do governo.
Assim, com a facilidade que existia de repasses de recursos públicos, as organizações não
governamentais beneficiavam-se, desviando-se das regras que conduzem a administração
pública, grupos políticos que eram conectados com os governos, ou, apenas, para
desencadeamento de recursos públicos para auxílio privado (RIBEIRO, 2013).
De acordo com Barbosa (2007), existem ONGs que “possuem uma orientação
neoliberal, cuja prioridade é a modernidade, o que nem sempre é prioridade popular”, tendo
como foco o mercado externo. Há também as ONGs de caráter assistencialista, que por sua
vez, agem com um estímulo afetivo, podendo criar dependência por parte de seus assistidos.
Barbosa (2007, p. 35) afirma que “esse perfil assistencialista tende a afastá-las dos princípios
democráticos de participação”.
Em relação à proximidade com o Estado, Lopes (2004 apud BARBOSA 2007, p.35)
afirma que

a relação entre o Estado e as ONGs, no plano da administração pública, remete


necessariamente ao princípio, ao planejamento e à execução da gestão das políticas
sociais públicas – refere-se, aqui, ao campo específico das ações das ONGs cidadãs
que, diferentemente das chamadas ONGs assistencialistas ou desenvolvimentistas,
são aquelas que “assumem um papel político complementar no que se refere ao
desenvolvimento da cidadania e garantia dos direitos sociais.

Um dos resultados do crescimento e do novo papel desenvolvido pelas Organizações


Não Governamentais “tem sido uma crescente identificação entre ‘sociedade civil’ e ONG,
onde o significado da expressão ‘sociedade civil’ se restringe cada vez mais a designar apenas
essas organizações, quando não em mero sinônimo de ‘Terceiro Setor'” (DAGNINO, 2004, p.
100)
Dagnino (2004) comenta a forma de entendimento, tanto do Estado quanto dos atores
da sociedade civil, sobre a representatividade que, no caso das ONGs, pode ser direcionada
para o tipo de conhecimento que apresentam:

O Estado as vê como interlocutoras representativas na medida em que detém um


conhecimento específico que provém do seu vínculo (passado ou presente) com
determinados setores sociais: jovens, negros, mulheres, portadores de VIH (Virus de
Imunodeficiência Humana), movimentos ambientais, etc” (DAGNINO, 2004, p.
101).

Consequentemente, as ONGs se veem como “representantes da sociedade civil”,


levando em conta que essa representatividade se dá por expressarem os diversos fatores
excludentes que a sociedade vivencia, aos quais “dariam voz” (DAGNINO, 2004).
De acordo com Fiege (2003), o que caracteriza bem particularidades em comum na
autodefinição das ONGs é o seu papel como

agente democrático de desenvolvimento social, econômico e político, junto ao


princípio de autonomia em relação aos outros atores de campo político (poder
público, partidos, movimentos sociais) [...] enquanto outros aspectos são
controvertidos e se encontram em plena mudança (FIEGE, 2003, p.21).

Diante desses vários desafios, outros agravantes se tornam realidade. As denúncias de


corrupção na administração pública envolvendo ONGs passaram a fazer parte do jogo
político, ao decorrer dos anos 2000, e abriu campo para a Comissão Parlamentar de Inquérito
– CPI das ONGs. Essa CPI, conforme a Associação Brasileira de Organizações Não
Governamentais (2007, p 31), tinha como objetivo ‘não-manifesto’ assegurar “um controle
político sobre a atuação das ONGs no país”. E, o órgão relata ainda que as ONGs aparecem
como “alvo permanente de ataques, vindos daqueles cujos interesses são atingidos pelo
compromisso das ONGs com alternativas sustentáveis e democráticas de organização da
sociedade” .
Com isso, gerou efeitos/problemas negativos no que diz respeito ao universo das
ONGs: desconfianças na opinião pública em relação à configuração de comprometimento e
demonstração de demandas sociais. Ribeiro (2013, p. 5) aponta que,

a desqualificação generalizada das organizações contribuiu para o enfraquecimento


da confiança da população na sua própria capacidade de criar uma esfera pública
ampliada onde diferentes segmentos da sociedade possam se expressar e, de forma
legítima, disputar, negociar, estabelecer consensos e cooperar em função do bem
comum ou do interesse da maioria.

Nesse contexto de crise socioambiental e também política era preciso seguir novos
padrões para contribuir e dar formalidade a novos sujeitos políticos e ao aperfeiçoamento da
democracia que o atual tempo exige. Esses novos padrões se dão diante de um marco
regulatório, por meio de mudanças legais decorrentes de novas leis, as quais desenvolveram a
institucionalidade de Organizações da sociedade Civil-OSC e, também, uma extensa reforma
política, “que fortaleça a participação e o controle social sobre os poderes executivos,
legislativo e judiciário” (RIBEIRO, 2013, p.6).
Por mais que existisse a Lei 9.790/99 da Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público-OSCIP, a qual dispõe de um aparelho próprio de contratualização com o governo,
esta é considerada, pela ABONG, limitada, pois, segue-se sem alterar a legislação anterior, e
ainda faz dominar o sentido da terceirização e não a do estímulo à organização independente
da sociedade (RIBEIRO, 2013).
Ou seja, as ONGs que nasceram da livre iniciativa da sociedade civil passam a ser
amarras ao Estado, a favor de sua política neoliberal, minimalista, e ainda, diminuindo o papel
dessas organizações frente à opinião pública.
Segundo Ferreira (2005), a ABONG vem defendendo, ainda sob uma perspectiva de
autonomia das ONGs em relação ao Estado, a celebração de parcerias com repasse de
recursos públicos. Defende ainda a diferenciação da heterogeneidade de ONGs existentes no
Brasil, a partir da “criação de uma tipologia da ação das organizações da sociedade civil de
acordo com a natureza de sua intervenção, tais como: prestação de serviços assistenciais,
promoção e defesa de direitos, elaboração de propostas alternativas de desenvolvimento e
ações emergenciais” (FERREIRA, 2005 p. 66).
Nesse período já era demonstrada preocupação por parte das associadas da ABONG
sobre o financiamento da cooperação internacional, pois o Brasil ainda não tinha adquirido
marcos legais, nem políticas de Estado que fornecessem modificações no alicerce de
sustentação social, política e financeira das instituições de cidadania. E as fontes de recursos
dessas organizações eram concentradas na cooperação internacional, em que uma
porcentagem muito pequena era proveniente de recursos federais, estaduais e municipais, por
isso a insegurança e o desapontamento com relação à ausência de ação do governo federal.
Essa insegurança não vinha só das ONGs, mas de outras redes e movimentos sociais
que estavam na luta pela transformação social no país. Então, uma parte expressiva dessas
redes, movimentos e ONGs, “aproveitou as eleições presidenciais para lançar uma Plataforma
por um Novo Marco Regulatório para as organizações da Sociedade Civil”, onde
demandavam uma “política de Estado com instrumentos e mecanismos que assegurassem
autonomia política e financeira das OSCs, de mofo a fomentar a participação social”
(RIBEIRO, 2013).
A ABONG realizou, em 2010, um estudo quantitativo sobre vários aspectos
relacionados à dimensão das organizações sem fins lucrativos no Brasil, proliferadoras, nas
últimas décadas, no chamado Terceiro Setor.
Em relação à quantidade de unidades locais existentes no Brasil, o Nordeste concentra
23,3% de unidades e a Paraíba 1,7%, de um total de 7.664 unidades de Fundações. Já no que
diz respeito às associações sem fins lucrativos, o nordeste corresponde a 22,9% e a Paraíba
1,9%, de um total de 283.028 unidades registradas no Brasil. As entidades privadas tem um
total de 556.846 unidades, sendo 22,9% das entidades existente no Nordeste e 1,9% na
Paraíba.

Tabela 1- Quantidade de Unidades Locais

Tipo de Organização Brasil Nordeste Paraíba


Total % Total % Total %
Fundações 7.664 100 1.788 23,3 129 1,7
Associações sem fins 283.028 100 64.741 22,9 5.499 1,9
lucrativos
Entidades privadas 556.846 100 114.700 20,6 10.704 1,9
sem fins lucrativos
Fonte: Adaptado de IBGE (2010).

As entidades sem fins lucrativos parecem aparecem de acordo com o crescimento


populacional, pois o Nordeste concentra 26% da população brasileira e apresenta 20,6% das
unidades de entidades existes no Brasil. Também podemos levar em consideração a questão
de o Nordeste concentrar mais da metade da população brasileira que vive na pobreza, tendo
em vista que as ONGs têm como propósito minimizar os problemas sociais, provendo o
desenvolvimento da sociedade.
Em relação à quantidade de pessoas assalariadas, o Nordeste apresenta 15,6% das
330.658 pessoas assalariada em fundações, 13,6% em associações e 14,8% dos assalariados
pelas entidades sem fins lucrativos no Brasil..

Tabela 2 - Quantidade de pessoas assalariadas em 31/12/2010

Tipo de Organização Brasil Nordeste Paraíba

Total % Total % Total %


Fundações 330.658 100 51.532 15,6 2.474 0,7
Associações sem fins 1.797.349 100 244.813 13,6 10.713 0,6
lucrativos
Entidades privadas 2.893.854 100 428.341 14,8 22.396 0,8
sem fins lucrativos
Fonte: Adaptado de IBGE (2010).
Embora o voluntariado apresente um apelo à participação e disponibilidade de um
engajamento social, nem todas as ações conseguem ser executadas por tal, com isso, as
organizações precisam de um pessoal qualificado para exercer as atividades, fazendo com que
a remuneração por parte das entidades cresça, conforme visualizamos na tabela anterior.
Muitas ONGs usam a combinação de trabalho remunerado com o trabalho voluntário como
forma estratégica para multiplicar e potencializar suas ações (ABONG, 1996).
O Terceiro Setor apresenta diversas áreas de atuação, pois abre oportunidades de
diversidades na prestação de serviço à coletividade, pela variedade das necessidades de
serviços básicos da população. Podemos visualizar, na tabela 3, o leque das áreas de atuação
das entidades sem fins lucrativos e destacamos as áreas de Educação e pesquisa com 87.946, a
área do desenvolvimento e defesa de direitos, apresentando 42.463 unidades de entidades sem
fins lucrativos e a área da Religião, com 82.853 unidades.

Tabela 3 - Quantidade de entidade por áreas

Áreas das Entidades sem fins lucrativos Tipos de Organizações Sem Fins Lucrativos

Fundações Associações Entidades


Privadas
Total Brasil 7.664 283.028 556.846
Habitação 05 287 292
Saúde 648 5.381 6.029
Cultura e recreação 803 36.118 36.921
Educação e pesquisa 1.758 15.906 87.946
Assistência social 1.043 29.371 30.414
Religião 1.653 81.200 82.853
Partidos políticos, sindicatos, 218 44.721 76.642
associações patronais e profissionais
Meio ambiente e proteção animal 139 2.103 2.242
Desenvolvimento e defesa de direitos 322 42.141 42.463
Outras instituições privadas sem fins 1.075 25.800 191.042
Lucrativos
Fonte: Adaptado de IBGE (2010).

As entidades sem fins lucrativos distribuem atividades em diferentes áreas,


possibilitando interferir em diversas realidades. As ONGs vêm aumentando
consideravelmente seus campos de ação. Para elas, “o espaço geográfico de atuação tende a
funcionar, cada vez mais, como um ponto de referência que permite manter um vínculo com
as realidades específicas vivenciadas pelas diferentes parcelas da população com as quais
trabalham” (ABONG, 1996, p.6).
As entidades atuantes nas áreas de educação e pesquisa vêm auxiliando na melhoria
das ações educacionais disponibilizadas pelo Estado, assegurando a sua consolidação. As
ONGs estão sendo convidadas a contribuir:

Tanto na ação direta de oferta dos serviços educacionais, em que o Estado se retira
ou não entra, como em decorrência da redução do corpo técnico das diversas
secretarias, na produção de materiais didáticos, capacitação de professores e atuação
no plano das orientações pedagógicas (OLIVEIRA, A; HADDAD, 2001, p. 80).

As Entidades que estão inseridas na área do desenvolvimento e defesa de direitos têm


a “preocupação com as ações de caráter preventivo, com capitão de grupos (...), com atuação
voltada para a formação de uma consciência de direitos capaz de desnaturalizar a violência
que é parte constitutiva do cotidiano dessas populações” (ABONG, 1996, p. 22).

Desse modo, se percebe a partir dos dados o quanto as ONGs têm um papel relevante
nas questões públicas, possibilitando cada vez mais o embeiçamento entre o público e o
privado. Ou seja, entre o Estado e a Sociedade Civil.
3 CEDHOR: ONG NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNICÍPIO DE
SANTA RITA-PB

O município de Santa Rita, localizado na região metropolitana de João Pessoa-PB,


é a terceira maior cidade da Paraíba em extensão territorial. Segundo dados do IBGE-2010, o
município possui aproximadamente 120.310 habitantes, sendo 62.191 mulheres, 58.119
homens, 32.123 jovens (0 à 14 anos) e 8.061 idosos (maior de 65 anos), com cerca de 80% da
população alfabetizada. Com 726,847 km² de área, limita-se com os municípios de Alhandra,
Bayeux, Cabedelo, Conde, Capim, Cruz do Espírito Santo, João Pessoa, Lucena, Pedras de
Fogo, Rio Tinto e Sapé. De acordo com estimativa do IBGE (2010), Santa Rita foi a quarta
maior economia do Estado, sendo movimentada pela agricultura, agropecuária e indústrias
nos ramos de calçados, fabricação de velas, estofados, minerais não-metálicos (cerâmicas e
tijolos), pré-moldados, bem como a indústria sucroalcooleira (açúcar, rapadura e álcool). Está
na posição 3.534 do Ranking de IDH das cidades brasileira, segundo os dados do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e exibe, no seu IDH médio, um
pequeno acréscimo no transcorrer dos anos, que revela os aspectos de renda, longevidade e
educação (PNUD, 2010).
No município há um total de 151 unidades de entidades sem fins lucrativos, sendo
85 unidades de fundações privadas e associações sem fins lucrativos, que ajudam a combater
as várias dificuldades que os setores excluídos sofrem, pela falta de inclusão social. Essas
instituições atuam em diversos setores da sociedade, e nos diferentes eixos, como mostra a
tabela abaixo:
Tabela 4 - Quantidade de entidades por área em Santa Rita

Áreas das Entidades sem fins lucrativos no Fundações privadas e Entidades


Município de Santa Rita/PB associações sem fins privadas
lucrativos
Saúde 04 04

Cultura e Recreação 09 09

Educação e Pesquisa 5 57

Assistência Social 04 04

Religião 26 26

Partidos Políticos, sindicatos, associações 05 16


patronais e profissionais
Meio ambiente e proteção animal --- ---

Desenvolvimento e defesa de direitos 13 13

Outras instituições privadas e sem fins lucrativos 19 22

Fonte: Adaptado de IBGE (2010).

Dentro dessas unidades da área de Desenvolvimento e defesa dos direitos, oCentro de


Direitos Humanos Dom Oscar Romero (CEDHOR), é uma organização não-governamental
(ONG) voltada à defesa e à promoção dos direitos fundamentais das pessoas mais
desfavorecidas. Sua criação teve início no ano de 2000 e, segundo a diretora-presidente1 da
instituição, foi devido a uma necessidade visualizada pelo Padre Severino, pároco do bairro de
Tibiri II, na época em que atendia, em confissões ou não, as mulheres vítimas de violência
doméstica. Junto com a pastoral dos Missionários Combonianos2, da qual o Padre fazia parte,
foi fundada o CEDHOR. Foi juridicamente constituído sob forma de associação civil em 11
de setembro de 2003, no município de Santa Rita, região metropolitana de João Pessoa, com
atuação em todo estado da Paraíba, podendo expandir suas ações para outros estados
Brasileiros.
O centro leva o nome de Dom Oscar Romero por ser grande referência para os direitos
humanos. Dom Oscar Romero, arcebispo de El Salvador, em meados da década de 70, lutou

1
Entrevista concedida pela diretora presidente da instituição, em 25 de abril de 2015.
2
Os Missionários Combonianos inserem-se na atividade da Igreja Católica, difundindo o evangelho entre os
povos. Inspiram-se no carisma e espiritualidade de São Daniel Comboni, como expressa o Pe. Alberto de
Oliveira Silva, na página http://www.portal.ecclesia.pt/anuario/ficha_congregacoes_m.asp?congregacao_mid=18
contra as injustiças sociais e a situação de miséria na região. Ele procurou defender os mais
pobres. Reprovava as ações do governo e as interferências estrangeiras. Romero foi
assassinado, em 1980, durante a celebração de uma missa, por um franco-atirador (CNBB,
2015).
Em Santa Rita, o Centro atende, prioritariamente, a população de baixa renda dos
bairros de Tibiri II, Marcos Moura e Heitel Santiago, desenvolvendo suas atividades
respeitando a diversidade humana, sem fazer qualquer diferenciação de credo religioso ou
político, raça, sexo, cor e condição social. Trabalha dentro de quatro eixos de atuação:
promoção dos direitos, defesa dos direitos, controle social e articulação. De acordo com o
Estatuto do CEDHOR, a associação conduz suas relações conforme os seguintes princípios
(CEDHOR, 2014):

I- Independência política e administrativa;


II- Valorização do protagonismo do ser humano;
III- Construção da cidadania plena;
IV- Articulação com os movimentos comprometidos com causas sociais
populares.

E, conforme o artigo 2º do regimento do CEDHOR, a associação é conduzida pelos


princípios metodológicos (CEDHOR, 2014):

I- Acolhida e atendimento às pessoas em situação de vulnerabilidade social;


II- Trabalho em equipe;
III- Formação continuada e apoderamento no exercício dos direitos humanos;
IV- Educação liberadora para a cidadania consciente e responsável;
V- Desenvolvimento de novas lideranças para a instituição;
VI- Busca de parcerias para a realização de projetos sociais e para a manutenção e
funcionamento do CEDHOR.

O CEDHOR é formado por uma Diretoria, composta por: diretora-presidente,


tesoureiro, vice-presidente, secretário e suplente de diretoria; por uma equipe executiva:
coordenador, educadores sociais, instrutores, oficineiros, auxiliares de serviços gerais,
cozinheira, auxiliar administrativo, agentes de apoio e a conselheira consultiva; e pela equipe
técnica: advogados e assistente social.
Os que compõem a diretoria são todos voluntários e associados, que estão com suas
atividades em dia com a instituição. Essas atividades estão relacionadas ao comparecimento
às ações realizadas pelo CEDHOR, como participação dos encontros, seminários, colóquios e
as assembleias. Durante as assembleias é escolhida a equipe diretora e definidas as linhas de
atuação.
Conforme o regimento, todos os colaboradores deve ter idoneidade moral reconhecida,
empatia com as causas e promoção dos direitos humanos, consideração à história e à
integridade dos usuários, assegurando o acolhimento à diversidade e suas potencialidades.
O Artigo 3º do regimento interno destaca os serviços oferecidos pelo CEDHOR:

I- Atendimento jurídico;
II- Atendimento social;
III- Mediação de conflitos;
IV- Realização e promoção de palestras, eventos, feiras, cursos e oficinas nas áreas
de direitos humanos, políticas públicas e cidadania;
V- Assessoria a entidades, movimentos e organizações populares na área dos
direitos humanos;
VI- Articulação com grupos, movimentos e associações com finalidades, objetivos
e princípios afins;
VII- Participação ativa nos conselhos de politicas públicas, redes, conferências,
comitês e fóruns;
VIII- Controle social da atividade político-administrativa no interesse comum da
sociedade;
IX- Organização popular e interlocução com o poder público e outras instâncias,
visando à promoção e defesa dos direitos humanos.

Esses serviços são executados por profissionais capacitados e são ofertados pela
instituição sem nenhum custo para a sociedade.
O CEDHOR tem parcerias com entidades, movimentos e organizações da sociedade
civil na luta pelos direitos humanos na área metropolitana de João Pessoa e em todo Estado da
Paraíba, estimulando o desenvolvimento e consolidação da organização popular e a realização
dos direitos humanos. Portanto, a ONG faz parceria com o Movimento Nacional de Direitos
Humanos, a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas da Paraíba, Rede de
Proteção da Criança e do Adolescente de Santa Rita, o Comitê Estadual contra Tortura, Rede
de Educação Cidadã – RECID, Fórum Estadual de Juventude Negra – FOJUNE/PB, Pastoral
do Menor e o Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba.
A Organização tem representatividade no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente e na Comissão Municipal de Protagonistas; participa da Comissão Gestora da
Rede Margaridas - Remar, é membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos, participa da
Rede de Atenção as Mulheres Vítimas de Violência – REAMCAV.
A ONG mantem-se com a ajuda financeira, mensal, dos Missionários Combonianos, e
com parcerias, através de projetos, a nível Estadual e municipal, que contribuem com
materiais e/ou alimentos perecíveis.
O Centro tem como objetivos promover e defender os direitos humanos, com o intuito
de enfrentar as violações dos diretos humanos e a violência institucional, buscando, assim,
oferecer apoio às vítimas para que denunciem os casos de desrespeitos sofridos; criar
instrumentos de formação e educação popular que proporcionem a consciência crítica e
despertem as pessoas para o engajamento na luta pela conquista e afirmação dos direitos
humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais; incentivar a organização popular dando
apoio aos movimentos sociais e às associações de bairros, procurando articular-se com os
diversos atores sociais com o intuito de resgatar as lutas populares; atuar no controle social
das políticas e orçamento público dos poderes constituídos, principalmente no âmbito
municipal, com vistas a exigir a prestação de serviços com a qualidade à população; defender
os interesses das crianças e adolescentes garantidos no Estatuto da criança e do adolescente
(E.C.A), assim como os direitos de grupos mais vulneráveis como o das mulheres, dos jovens
e dos idosos; manter relações com organizações no Brasil e no exterior que tenham como
objetivo a promoção e defesa dos direitos humanos; subsidiar, sempre que possível, os órgãos
governamentais e não governamentais, na área dos direitos humanos; promover e apoiar
iniciativas de geração de renda, em programas de economia solidária que elevem a dignidade
e a qualidade de vida das pessoas; promover ações civis públicas, difusas e coletivas, e ações
individuais, em favor dos direitos fundamentais.
Dentre muitas atividades que o CEDHOR desenvolve há diversos projetos na área da
educação e conscientização, que visam atender a comunidade, como os que veremos a seguir:

 Projeto Legal: É um projeto que existe há mais de dez anos, atendendo crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade social, da comunidade de Marcos Moura,
em Santa Rita. Tem como objetivo resgatar a dignidade das crianças e adolescentes,
fortalecer o vínculo familiar e comunitário.
Esse projeto foi interrompido, por cerca de dois anos, por falta de verbas. E, no
dia 22 de Abril de 2014 foi reaberto, com ajuda do Padre Xavier, missionário
comboniano, que, atualmente, está à frente. O Projeto Legal dispõe de uma ótima
estrutura física e de uma equipe de educadores, coordenadores, agentes de apoio,
oficineiros, cozinheira e auxiliar de serviços gerais. Sua metodologia é influenciada
pelas práticas da pastoral do menor, desenvolvendo práticas pedagógicas, culturais,
lúcidas, esportivas e profissionalizantes.
O projeto atende 120 crianças e adolescente, com faixa etária de 7 a 16 anos,
entre o horário da manhã e tarde, da segunda à quinta-feira, e na sexta-feira funciona
apenas para as reuniões de avaliação e planejamentos dos agentes de apoio, educadores
e coordenação. Um dos requisitos para participar do projeto é estar devidamente
matriculado na escola e com a frequência em dia. Os alunos do projeto contam com
refeição, momento místico, reforço escolar e participam de oficinas, respectivamente.
No momento místico, apesar do responsável ser um padre, é um momento ecumênico,
para reflexão e oração.
O reforço escolar é ministrado por uma hora e meia, pelos agentes de apoio. Este
reforço é dividido em grupos, por nível de dificuldade dos alunos, pois muitas crianças
que estão sendo aprovadas nas escolas, entretanto, não sabem ler, nem escrever. Existe
também o grupo dos adolescentes líderes, onde trabalham temáticas mais específicas,
por ser formado com adolescentes e ter uma visão mais formada do que as crianças.
Esses temas são: participação, protagonismo e identidade. O grupo tem a intenção de
ajudar a formar cidadãos mais conscientes dos seus direitos e deveres.
Nas oficinas, os alunos do projeto, recebem aulas de capoeira, circo, música, dança
(especificamente o hip hop), reciclagem e bijuterias.
O Projeto Legal também trabalha em conjunto com os pais, a cada dois meses
esses pais são chamados para dialogar e conscientizá-los sobre o projeto, os seus
direitos e educação dos seus filhos. O mesmo diálogo que acontece com as crianças, é
passado para os pais, pois, muita vezes, é observado que, no projeto, as crianças são
trabalhadas de uma forma, e, ao chegar em casa, tem uma educação completamente
diferente. Os temas dos diálogos são sempre atuais, remetendo a acontecimentos do
mês, como, por exemplo: em outubro, no mês das crianças, procuram conscientizar os
pais sobre o problema da violência doméstica, buscando mostrar aos pais outros
caminhos para educar seus filhos. Nessas reuniões, nas quais a maioria dos pais está
presente, são convidados palestrantes sobre cada tema, e depois há um momento de
confraternização, onde é oferecido café da manhã ou lanches da tarde.
Alguns jovens do projeto fazem parte da Comissão Municipal de Protagonistas,
a qual é formada por adolescentes, onde levantam as questões e problemas sociais em
que o jovem está inserido e é o ator principal.
O projeto também procura manter um diálogo com as escolas, a fim de saber se
os alunos estão comparecendo à escola, verificando as notas de cada aluno e buscando
saber do comportamento dentro da escola, pois dentro do projeto, de acordo com a
coordenadora, o comportamento dos alunos é excelente.
O Projeto Legal é vinculado à Pastoral do menor. Para se manter, o projeto conta
com algumas doações. Recebe doação de pães da FAC - Fundação de ação comunitária,
onde, duas vezes por semana, um responsável pelo projeto se desloca ao bairro popular,
em Santa Rita, para pegar uma sobra de pães do Centro Social Urbano. Também recebe
doação de frutas, verduras e cereais do Mesa Brasil.

 Projeto Segurança Pública: direito humano seu, meu, nosso: o projeto foi
aprovado, em 2012, pelo Fundo Brasil de Direito Humanos, com o intuito de fortalecer
os direitos humanos no Estado da Paraíba, abordando a violência policial e as atividades
dos grupos de extermínio em todo o Estado, questionando a ausência de entendimento
sobre os procedimentos do controle social das ações policiais.
Usando como base o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3, o
CEDHOR realizou campanhas em várias cidades do Estado com seminários, festivais e
oficinas, debatendo e transmitindo conhecimento acerca da segurança pública como
direito humano, buscando garantir esse direito junto aos grupos mais vulneráveis, os
agentes policiais e as comunidades quilombolas. Com o objetivo de contribuir para a
construção de um novo modelo de segurança pública.

 Prêmio Dom Oscar Romero: anualmente, em dezembro, o CEDHOR realiza o


prêmio “Dom Oscar Romero”, o qual procura reconhecer e homenageia pessoas,
entidades ou grupos que se destacam contribuindo com as causas dos direito humanos,
lutando para a melhoria da dignidade de vida e de uma cidadania melhor. O prêmio
existe desde 2009.
 COOREMM - Cooperativa dos Catadores de Reciclagem de Marcus Moura: a
COOREMM é uma cooperativa de catadores do bairro de Marcus Moura, em Santa
Rita. Nasceu de uma iniciativa dos Missionários Combonianos, que se sensibilizaram
com a realidade dos catadores e organizaram um grupo, com reuniões semanais. Foi em
uma dessas reuniões que surgiu a ideia da cooperativa. E onde o CEDHOR entra? Como
a COOREMM estava nascendo e não tinha uma personalidade jurídica ainda, e estava
aparecendo muito projeto na área, o CEDHOR entrou como uma entidade âncora.
Muitos colaboradores do centro também fazem parte da cooperativa. Atualmente, a
COOREMM não está mais ligada ao CEDHOR, mas fazem muitos trabalhos em
parceria, como eventos realizados pelo centro e no projeto legal. A cooperativa ajuda
com as aulas de reciclagem para as crianças. E, muitas mães dos alunos do projeto
participam da cooperativa.
Assim como o CEDHOR, a COOREMM nasceu com o objetivo de gerar mais
dignidade às pessoas, especificamente, aos catadores, inserindo-os no meio social,
proporcionando um novo olhar da sociedade para estes trabalhadores, cobrando
políticas públicas efetivas para os que tiram seu sustento dos materiais descartados pela
sociedade.

 Projeto de Educação Popular: em parceria com a Rede Educacional Cidadã


(RECID), o CEDHOR realizou o Projeto de Educação Popular de Direitos Humanos
para líderes comunitários, educadores e jovens. Aconteceu em 2014 e teve duração de
seis meses, abordando os eixos da educação popular e dos direitos humanos, com a
participação de dez pessoas, e foram estudados também alguns projetos locais. Ao
final, foi elaborada uma cartilha com os assuntos abordados durante o curso.

O CEDHOR trabalha atendendo e orientando as pessoas que chegam até o centro à


procura de resolver seus problemas familiares, sociais e jurídicos. A ONG dispõe de uma
assistente social e dois advogados, que atuam ouvindo e fazendo os encaminhamentos de cada
caso específico para a rede, onde procuram trabalhar em conjunto. Para cada caso é feita uma
escuta, que não precisa ser executada, especificamente, pela assistente social, podendo ser
feita por outro profissional que estiver presente. Dependendo do caso, a assistente social
atenderá, fará um relatório e, se for preciso, encaminhará para o órgão responsável.
A assistência jurídica é feita pelos advogados, que orientam as pessoas sobre seus
direitos e encaminham os casos para os órgãos de defesa, sendo feito o acompanhamento do
andamento dos processos.
O regimento fala de assistência psicológica, porém, por motivos financeiros, a ONG
ainda não dispõe do profissional. Quando surge algum caso que precise desta assistência, o
mesmo é encaminhado para o atendimento do CRAS – Centro de Referência de Assistência
Social –, do município.
Muitas vezes, as pessoas chegam ao CEDHOR para sanar um conflito família, e
quando esse conflito pode ser resolvido com um conversa, o centro procura os envolvidos e
tenta resolver com um diálogo. Caso não resolva, é encaminhado para os órgãos responsáveis.
O Centro contribui com a defesa dos direitos humanos de acordo com os quatro eixos
de atuação definidos: promoção dos direitos, defesa dos direitos, controle social, e articulação
política.
No eixo “promoção dos direitos”, o CEDHOR vem trabalhando especialmente com a
capacitação em direitos humanos, procurando direcionar a juventude, adultos e lideranças
comunitárias; atendendo e orientando as pessoas que têm seus direitos desrespeitados.
Contribuindo com a disseminação dos deveres e direitos da sociedade.
Com o eixo “defesa dos direitos”, a ONG vem ajudando a denunciar e combater as
violações dos direitos humanos. Orientando e defendendo as pessoas que passam por
situações de preconceitos, maus tratos, todos os tipos de desrespeitos dos seus direitos.
O CEDHOR vem contribuindo com o eixo do “controle social”, atuando com a
fiscalização das ações dos governos e pressionando a agir de acordo com princípios dos
direitos humanos. Orientando as pessoas á irem buscar seus direitos e melhoria na qualidade
dos serviços ofertados pelos órgãos públicos.
E, no eixo “articulação política”, o CEDHOR contribui, junto com outras entidades e
movimentos sociais do município, Estado e fora do Estado, com a luta por melhores
condições de vida e mais dignidade para as pessoas menos desfavorecidas. Auxiliando
também no fortalecimento da rede de entidades focalizadas na defesa dos direitos humanos.
Então, assim como outras ongs defensoras dos direitos humanos, o CEDHOR, muitas
vezes, assume uma posição de porta-voz das demandas da sociedade, a qual, em algumas
situações, não tem voz nem vez. O CEDHOR está diretamente ligado à contribuição das
causas dos direitos humanos, fazendo seu trabalho de controle, intervenção e pressão diante
dos órgãos públicos para a efetivação das políticas públicas e o respeito aos direitos.
4 DESENHO INSTITUCIONAL E PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES SOBRE
O DESENVOLVIMENTO DO CEDHOR

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CEDHOR

Os indicadores para a caracterização dos colaboradores do CEDHOR contemplados na


pesquisa foram: sexo, idade, grau de instrução, formação profissional, ocupação profissional,
tempo de atuação e função no CEDHOR, se a função é gratificada ou não, valor da
gratificação e, por fim, a relevância do trabalho voluntário.
De acordo com os dados coletados, constata-se que 66,66% do pessoal da instituição
são mulheres, e 33,33%, homens. Esse dado é um reflexo da história de lutas das mulheres,
que alcançaram visibilidade social, repercutindo em importantes políticas sociais. Também
temos que levar em consideração que as variadas práticas femininas no terceiro setor
atualmente são dignas de status social.

Gráfico 1 - Caracterização dos colaboradores: sexo

Masculino 3 33,33%

Feminino 6 66,66%

Fonte: Pesquisa de campo


A participação da mulher no meio econômico e social foi tardiamente reconhecida.
Isso deixou vestígios, direta e indiretamente, na vida da sociedade como um todo. Entretanto,
segundo Gohn (2007), hoje podemos ver o protagonismo da mulher em diversas ações
coletivas da sociedade. Estão presentes nas associações comunitárias, nos movimentos
sociais, nas redes estruturadas em ONGs, nos diferentes conselhos de gestão pública
existentes, entre várias outras ações e setores. As mulheres são maioria nas lutas por melhores
condições de vida, ultrapassando as fronteiras nacionais.
De acordo com Gohn (2007, p. 45),

[...] as mulheres destacam-se por serem as que têm tido os maiores índices de
participação e de organização de suas demandas em entidades associativas (...)
também sustentam, majoritariamente, as redes solidárias de projetos sociais que
trabalham pela inclusão de crianças e adolescentes nas ruas; educadores das escolas
articulam-se com grupos comunitários e desenvolvem trabalhos contra a violência e
o uso de drogas.

A mulher está a cada vez mais exercendo seu papel de protagonista no meio da
sociedade e nas instituições privadas ou públicas.
Nessa perspectiva, foi observado que a grande parte dos colaboradores do CEDHOR,
além de serem mulheres, possuem idade entre 31 e 40 anos, o que corresponde a cerca de 44%
dos respondentes, e 33% entre 25 a 30 anos. Cerca de 22% optaram por não responder a
pergunta, talvez por não acharem relevante para a pesquisa ou por não gostar de revelar a
idade. Estes dados estão ilustrados no gráfico 2.
Gráfico 2 - Caracterização dos colaboradores: idade

Sem resposta
2 22,22%

30 - 40 anos 4 44,44%

3 33,33%
25 - 30 anos
Fonte: Pesquisa de campo

Percebemos que a maior parte desses colaboradores são pessoas que estão em idade
produtiva, tendo conhecimento adquirido ao longo da vida profissional e maior potencial de
representatividade. Também podemos levar em consideração que essas pessoas possuem uma
percepção mais ampla do âmbito social, o qual se transformou em uma área capaz de gerar
empregos, e visto como uma “forma de investimentos na qualificação profissional, já que
empresários bem informados disputam pessoas que trabalham em ações comunitárias”
(TEXEIRA, 2003, p. 100).
Em relação ao grau de escolaridade, verificamos que pouco mais de 66,6% dos
respondentes possuem formação de nível superior, cerca de 22,2% tem o ensino médio
completo e 11% conseguiram completar o ensino fundamental, como mostra o gráfico abaixo.
Gráfico 3 - Grau de escolaridade dos colaboradores da entidade

Fundamental 1 11,11%

Medio 2 22,22%

Superior 6 66,66%

Fonte: Pesquisa de campo

Esse resultado demonstra a busca da instituição pelo aprimoramento e qualidade dos


seus trabalhos, exigindo um pessoal mais qualificado para a execução das suas ações e
projetos, levando em consideração o maior nível de discussão e percepção sobre as questões
sociais das pessoas com mais escolaridade.
Em uma pesquisa feita com mais de 230 instituições filiadas da ABONG, em 2011,
pelas pesquisadoras Kraychete e Borges, constatou-se que cerca de 66% dos funcionários
possuiam formação superior. Ainda conforme as autoras (2011, p. 21), o perfil dessas
instituições

Reflete o grau de qualificação exigido de uma organização com inserção em várias


áreas de atuação, podendo ir desde intervenções de assessorias a entidades e
movimentos populares até à captação de recursos em fontes diversas tanto internas
como externas, públicas e privadas que funcionam a partir de lógicas diversificadas.

O gráfico abaixo nos permite visualizar que o CEDHOR tem, em seu quadro de
colaboradores, profissionais com formações distintas como: serviço social, filosofia,
educador, bacharel em direito (11,1% cada) e pedagogo (22,22%). Entretanto, cerca 33% dos
pesquisados não responderam à pergunta.
Gráfico 4 - Formação profissional dos colaboradores

Sem Resposta 3 33,33%

Educacional 1 11,11%

Filosofia 1 11,11%

Pedagogo 2 22,22%

Bacharel em direito 1 11,11%

Serviço Social 1 11,11%

Fonte: Pesquisa de campo

Esses dados nos permitem identificar o trabalho disciplinar, da instituição, dentro da


área social e da gestão pública. Assim, com as mudanças na educação, no que se refere às
relações econômicas e sociais, o pedagogo vem atuando consideravelmente em ambientes
não-escolares. Libâneo (2009, p. 96) explica que,

[...] a educação é uma realidade que se modifica enquanto fenômeno social e


histórico, em face da dinâmica das relações sociais, econômicas, políticas e
culturais. Por consequência, o movimento, a transformação da realidade educativa,
leva também a mutação na pedagogia, cabendo-lhe orientar a prática educativa
conforme as exigências concretas postas pelo processo histórico-social

Com as ONGs atuando em diferentes áreas sociais, é preciso de profissionais


capacitados para atender suas demandas. Inserindo em um contexto mais educativo, aparece o
pedagogo, para desenvolver ações educativas em um ambiente extraescolar.
Diante dos dados, verificamos que existe um número significativo dos educadores
sociais (22,2%) e agentes de apoio (33,3%), os quais trabalham com as práticas educacionais
voltadas a integrar as pessoas com a sociedade. Esses agentes de apoio são indispensáveis ao
funcionamento da entidade, pois auxiliam diversas funções, não só os educadores.
Gráfico 5 - Ocupação profissional dos colaboradores

Educador Social 2 22,22%

Agente de apoio 3 33,33%

Auxiliar de Administração 1 11,11%

Assistente Social 1 11,11%

Auxiliar de Serviços Gerais 1 11,11%

Advogado 1 11,11%

Fonte: Pesquisa de campo

O educador social tem um papel fundamental nas ONGs, pois trabalha como agente
transformador e multiplicador de conhecimento, valorizando a educação como prática de
ressocialização dos sujeitos excluídos pela sociedade. Com a demanda, surge os agentes de
apoio, que trabalham no auxílio dos educadores.
Quanto ao tempo de atuação dos colaboradores no CEDHOR, é possível visualizar que
a maior parte já conhece a ONG, pois 33,3% atuam entre seis a dez anos na instituição. Cerca
de 11,1% estão de um a cinco anos, 44,4% colaboram entre sete a onze meses, e 11,1% fazem
parte do quatro de colaboradores, entre um tempo de até seis meses. Podemos observar esses
dados no Gráfico 6.
Gráfico 6 - Tempo de atuação dos colaboradores no CEDHOR

06 - 10 anos 3 33,33%

01 - 05 anos 1 11,11%

7 - 11 meses 4 44,44%

0 -0 6 meses 1 11,11%

Fonte: Pesquisa de campo

Os colaboradores que estão há mais tempo na instituição conhecem mais a fundo as


necessidades e os desafios que enfrentam. Evidenciam, ainda, a legitimidade da instituição
com a comunidade.
Os dados dos respondentes nos mostram diferentes funções dos colaboradores do
CEDHOR, chamando atenção pela porcentagem dos agentes de apoio e coordenadores
(22,22% cada). Esses agentes de apoio trabalham auxiliando a equipe pedagógica e a
coordenação. Eles têm uma atuação importante nos trabalhos desenvolvidos na entidade.

Gráfico 7 - Função exercida pelos colaboradores no CEDHOR

Diretor Presidente 1 11,11%

Diretor Secretário 1 11,11%

Auxiliar de Serviços gerais 1 11,11%

Coordenador 2 22,22%

Advogado 1 11,11%

Agente de Apoio 2 22,22%

Assistente social 1 11,11%

Fonte: Pesquisa de campo


Atualmente muitas ONGs trabalham com vários tipos de públicos e precisam estar
com o seu quadro de pessoal bem dividido e qualificado. Muitos exercem cargos que
necessite de qualificação específica, como advogado, assistente social, psicólogo, pedagogo,
diretor, entre outros. Também cargos que não precisam de formação. Entendemos que é um
espaço de trabalho amplo, onde o gestor público também deve estar inserido para procurar
entender as demandas da sociedade para o bom funcionamento do governo, já que as ONGs
possibilitam a aproximação do Estado com a sociedade.
Além disso, é importante, para as ONGs, manter o trabalho voluntário, que possui
algumas singularidades exigindo um compartilhamento dos valores de cada um, organização e
voluntário, tais como responsabilidade, paciência, boa vontade entre outro. Observando os
dados, percebemos que o índice de voluntariado é bem abaixo, com 22,22% em relação ao
índice 77,77% do pessoal gratificado com salário.

Gráfico 8 - Função gratificada ou voluntariado

Voluntário sem salário 2 22,22%

Gratificada com salário 7 77,77%

Fonte: Pesquisa de campo

Camargos (2008 apud NUNES, 2009, p. 42) ressalta a importância do trabalho


voluntário para o terceiro setor e explica:

Por serem espécies de serviços prestados sem qualquer remuneração ao trabalhador,


ou seja, que dispensam boa parcela dos custos necessários à realização das
atividades exercidas pela entidade tomadora, os trabalhos voluntário e religioso se
constituem como forma jurídica a serem largamente utilizadas pelas entidades do
terceiro setor no desempenho de suas tarefas de apoio ao Estado na busca pela
melhoria das condições de vida na sociedade.

Embora o CEDHOR não possua um número mais significante de voluntários, quando


perguntamos sobre a relevância do trabalho voluntário, 16,6% dos respondentes falam da
doação de serviço à comunidade, 8,3% acham que é uma proposta transformadora e 25% não
responderam.

Quadro 1 - Relevância do trabalho voluntário

Relevância do trabalho voluntário – CEDHOR Coef. Freq.


(%)

Proposta transformadora; 8,3


Ação educativa; 8,3
Identificação com as causas do direito humano; 8,3
Auxiliar a vulnerabilidade social; 8,3
Doação de serviço à comunidade; 16,6
Crescimento pessoal; 8,3
Ser importante; 8,3
S/Resposta; 25
Total 100%
Fonte: Coleta direta de dados. 2015

Coelho (2002 apud NUNES, 2009, p. 42) afirma que,

Se antes a ação voluntária era patrocinada e agenciada basicamente pelas atividades


religiosas, a partir da década de 70 – com o incentivo dos movimentos de direitos
humanos, civis e sociais – ela passou a ser encarada como uma possibilidade de ação
social voltada para o bem público.

Deste modo, o voluntariado é uma peça fundamental, não só para a instituição, mas
para o bem-estar da população em geral.
No CEDHOR, como a maior parte dos colaboradores são gratificados, perguntamos o
valor da remuneração de cada um. Sabemos que muitas pessoas não gostam de revelar o valor
do salário, e 44% não responderam. 22,22% recebem menos de 2 mil reais, outros 22,22%
recebem menos de mil reais e 11,11% recebem acima de 2 mil reais.
Gráfico 9 - Remuneração dos colaboradores

Sem Resposta 4 44,44%

Maior de 2000,00 1 11,11%

Menor de 2000,00 2 22,22%

Menor de 1000,00 2 22,22%

Fonte: Pesquisa de campo

Se formos comparar o nível de remuneração dos colaboradores do Centro, vamos


perceber que não indefere a remuneração apresentada no mercado.

4.2 PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES DA PESQUISA SOBRE ATUAÇÃO DO


CEDHOR

A pesquisa também possibilitou identificarmos a percepção dos colaboradores sobre o


trabalho realizado pela instituição à comunidade. Para a obtenção desse objetivo, os aspectos
sondados para a compreensão foram: identificação dos objetivos do CEDHOR; a relevância
dos objetivos para atender as necessidades da comunidade; o êxito nas atuações dos objetivos
do CEDHOR na comunidade de Santa Rita; quais os aspectos dos objetivos voltados à
realidade para a defesa dos direitos humanos em Santa Rita; quais ações realizadas pelo
CEDHOR no campo dos direitos humanos; as possíveis melhorias/resultados na comunidade
de Santa Rita com as ações e/ou projetos do CEDHOR; as dificuldades encontradas pelo
CEDHOR para a realização de ações e/ou projetos; as estratégias do CEDHOR para atrair a
comunidade em relação às ações e/ou projetos.
Com os dados levantados foi possível verificar que os colaboradores estão cientes dos
objetivos propostos pelo regimento interno da instituição. 10,5% responderam que o objetivo
do CEDHOR é dar suporte às famílias, de acordo com suas necessidades. E, 42% citaram o
atendimento, promoção e garantia dos direitos humanos.

Quadro 2 - Objetivos do CEDHOR

Objetivos Coef.
Freq (%)
Dar suporte as famílias de acordo com suas necessidades; 10,5
Garantir, promover e atender os direitos humanos; 42
Atuar em conjunto com outras entidades; 5,3
Orientar sobre os direitos humanos; 10,5
Valorizar o protagonismo do ser humano; 5,3
Construção da cidadania plena; 5,3
Articular com movimentos sociais; 5,3
Resgatar a dignidade humana; 5,3
Defender pessoas em situações de violação dos seus direitos; 10,5
Total 100%
Fonte: Coleta direta de dados. 2015

A fragilidade da gestão social no Brasil fica ainda mais evidenciada quando


observamos os objetivos institucionais de várias ONGs, como é o caso do CEDHOR. Dowbor
(1999, p. 10), afirma que “o Brasil não é um país que gasta pouco com o social.
Essencialmente, gasta mal. (...) A área social precisa hoje muito mais de uma reformulação
político-administrativa do que propriamente de mais dinheiro”. Sendo assim, a falta de uma
política de efetivação do social, que entenda e acolha as demandas e necessidades da
sociedade, faz com que organizações não-governamentais se voltem a ter esses objetivos
institucionais, ocupando um espaço entre o Estado e a sociedade, e demostrando que estão
preocupadas com o bem-estar da população em geral.
Sobre a relevância dos objetivos para atender as necessidades da comunidade, 21,5%
dos colaboradores ressalta que a relevância está em promover o acesso da comunidade às
políticas sociais e aos direitos humanos. Outros afirmam que é promover informações a
comunidades. Entretanto, 7,1% talvez não identificaram a importância dos objetivos da
instituição, não souberam responder ou simplesmente não quiseram responder.
Quadro 3 - Relevância dos objetivos para atender a população

Descrição da Relevância dos objetvos Coef.


Freq. (%)
Garantia da cidadania; 7,1
Intervenção contra a violência doméstica; 7,1
Conscientização ambiental; 7,1
Fortalecimento de vínculos familiares e sociais; 7,1
Importante para encaminhar os usuários aos órgãos competentes de cada caso; 7,1

Alertar a comunidade o seu papel de protagonista de ações transformadoras; 7,1

Promover informações às comunidades; 14,3


Promover o acesso da comunidade às políticas sociais e aos direitos humanos; 21,5

Não atinge toda população; 7,1


Ainda precisa avançar muito, no trabalho e aspectos políticos; 7,1
S/Resposta. 7,1
Total 100%
Fonte: Coleta direta de dados. 2015/PB

Esses dados nos levam a crer que um dos mecanismos da gestão pública brasileira
ainda está em deficiência. Onde as organizações não-governamentais vêm trabalhando, é,
justamente, em promover o acesso das políticas sociais às comunidades, através de
informações e orientações, para que as pessoas saibam quais são seus direitos diante da
sociedade. No entanto, como a instituição trabalha focada em um determinado local, não
consegue atingir toda população. Isso nos prova que mesmo que exista o trabalho coadjuvante
do Terceiro Setor, trabalhando em prol da sociedade, com o intuito de trazer o bem público
para a população, o trabalho de uma instituição sempre será menor aspecto que seria do
Estado, o qual deveria estar promovendo todas essas ações, e nós, enquanto sociedade civil,
deveríamos estar reivindicando e fiscalizando nossos direitos.
Ao perguntarmos se os objetivos do CEDHOR têm obtido êxito em sua atuação na
comunidade de Santa Rita, todos responderam que sim. 23,1% justificaram o “sim” afirmando
que há resultado nas orientações jurídicas e sociais junto à população, com encaminhamentos
de casos aos órgãos de defesa. 7,7% responderam que muitas famílias são atendidas. No
entanto, 15,4% não souberam responder.
Quadro 4 - Êxito nas atuações dos objetivos
Êxito nas atuações dos objetivos do Cedhor na comunidade de Santa Coef.
Rita Freq. (%)
Muitas famílias atendidas; 7,7
Encaminhamentos de casos aos órgãos de defesa atuação na orientação 23,1
jurídica e social junto à população;
Ligação entre órgãos e a sociedade; 15,4
Melhoria dos serviços públicos; 7,7
Objetivos alcançados por existir uma demanda real à entidade; 7,7
Fortalecimento de vínculos familiares e sociais; 7,7
Informação as pessoas do seu potencial transformador; 7,7
S/Resposta. 15,4
Total 100%
Fonte: Coleta direta de dados. 2015/PB

Podemos ver que o Centro contribui para que haja uma maior ligação entre órgãos
públicos e a sociedade, fazendo com que os serviços ofertados pelo Estado cheguem à
população com mais qualidade e eficiência.
Em relação aos aspectos dos objetivos voltados à realidade para a defesa dos direitos
humanos na comunidade de Santa Rita, 11,8% apontam o aspecto dos atendimentos às
mulheres vítimas de violência doméstica. 17,6% ressaltam as intervenções frente às questões
sociais, e outros 17,6%, novamente, não responderam.

Quadro 5 - Áreas de atuação do CEDHOR

Descrição das áreas Coef.


Freq. (%)

Atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica; 11,8


Crianças e adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas; 5,9
Formação acerca dos direitos humanos; 11,8
Direito à vida; 5,9
Social; 11,8
Jurídico; 5,9
Educacional; 5,9
Limpeza Ambiental; 5,9
Intervenções frente às questões sociais; 17,6
S/Resposta. 17,6
Total 100
Fonte: Coleta direta de dados. 2015/PB

Um dos problemas sociais que vem, frequentemente, se firmando é a violência


doméstica contra as mulheres. Diante deste contexto social do país muitas organizações não-
governamentais estão dando uma atenção maior para esta questão, que é interpretado como
crime ofensivo do direito humano. Como várias ONGs, o CEDHOR também vem na
perspectiva de fazer cumprir a lei Maria da Penha, ajudando e orientando as vítimas. A
ausência de uma política mais efetiva de auxilio a mulheres vítimas de violência doméstica
causa insegurança por parte das vítimas. A gestão pública deve ter conhecimento de que tem
um papel fundamental na atuação contra esse tipo de violência, pois tem responsabilidade sob
a população que vive em situação de instabilidade social. Muitas ONGs fazem o trabalho que
deveria ser ofertado pelo Estado, de escuta, acompanhamento e orientação. Um trabalho em
conjunto, entre a sociedade civil e o Estado, poderia ser mais eficaz.
São muitas as ações realizadas no campo dos direitos humanos pelos CEDHOR, em
respostas ao questionário. A assistência social e a formação com a comunidade se destacaram
com 13,8% cada. Em seguida vêm os encaminhamentos jurídicos, trabalho em conjunto com
o conselho tutelar e as oficinas com crianças e adolescentes, com 10,3% cada.

Quadro 6 - Ações realizadas do CEDHOR na área de DH

Descrições das Ações Coef. Freq.


(%)
Assistência social; 13,8
Apoio psicológico; 3,4
Mobilizações e intervenções contra violência familiar; 10,3
Trabalho em conjunto com o conselho tutelar; 10,3
Encaminhamentos jurídicos; 10,3
Oficinas com crianças e adolescentes; 10,3
Articulações políticas; 6,9
Realizações de eventos temáticos; 10,3
Formação com a comunidade; 13,8
Orientação jurídica; 6,9
S/Resposta. 3,4
Total 100
Fonte: Coleta direta de dados. 2015

Esses dados expressam o cuidado da ONG com a criação dos sujeitos sociais para
interferir no espaço público, transmitindo conhecimento e realizando ações de caráter
preventivo, com atuação focada para construir uma consciência de direitos, capaz de eliminar
o desrespeito e a brutalidade que se faz presente no meio da sociedade.
As respostas sobre as possíveis melhorias e/ou resultados das ações e/ou projetos do
CEDHOR na comunidade de Santa Rita foram bem distintas. A melhoria do nível de
informação da comunidade, com 13,6%, foi o mais repetido entre os colaboradores. A
diminuição da violência intrafamiliar (9,1%) também se destacou entre as opiniões dos
respondentes.

Quadro 7 - Possíveis melhorias/resultados em Santa Rita-PB

Descrição dos resultados Coef.


Freq. (%)

Conscientização popular acerca dos direitos humanos; 9,1


Menor nível de desinformação; 13,6
Casos solucionados; 4,5
Acessibilidade dos atendimentos; 4,5
Aprovação dos usuários no vestibular; 4,5
Satisfação da comunidade; 4,5
Ação popular para a construção da escola de 2º grau para maiores; 4,5
Construção do campus de Direito da UFPB; 4,5
Diminuição da violência intrafamiliar; 9,1
Garantia de emprego para as pessoas da comunidade; 4,5
Qualidade de vida para crianças e adolescentes; 9,1
Preservação ambiental; 4,5
Formação da comunidade; 9,1
Troca de conhecimento entre pessoas da comunidade; 4,5
S/Resposta. 9,1
Total 100
Fonte: Coleta direta de dados. 2015/PB

O CEDHOR vem ajudando a levar informações às comunidades e a combater a


violência intrafamiliar, tendo em vista que essa violência atinge uma grande parcela da
população, repercutindo, de modo significativo, na saúde das pessoas atingidas. É um
problema social que atinge especialmente as crianças, mulheres, adolescentes, portadores de
deficiência e idosos, assim, necessitando de diferentes campos profissionais. O Ministério da
Saúde vê que “a prevalência significativa da violência intrafamiliar constitui sério problema
de saúde, grave obstáculo para o desenvolvimento social e econômico e uma flagrante
violação aos direitos humanos” (BRSIL, 2001, p. 46). Para o enfrentamento dessa questão,
que cresce significativamente no Brasil é importante a mobilização e a união de vários setores
do governo e da sociedade civil.
Quando questionados sobre as dificuldades encontradas pelo CEDHOR para a
realização de ações e/ou projetos, citaram a falta de recursos financeiros e a falta de
apoio/parcerias com os órgãos públicos, 23,1% para cada. Destacam também o descaso, por
parte da gestão local, com a população e equipamentos públicos, somando 15,3% dos
respondentes.
Quadro 8 - Dificuldades encontradas pelo CEDHOR na realização de ações/projetos

Descrição das dificuldades Coef. Freq.


(%)
Falta de recursos financeiros; 23,1
Falta de apoio/parceria com órgãos públicos; 23,1
Enfrentamento da violência; 7,7
Marginalização dos defensores dos direitos humanos; 7,7
Falta de voluntários; 7,7
Descaso, por parte da gestão local, com a população e com os equipamentos 15,3
públicos;
Pobreza; 7,7
S/Resposta. 7,7
Total 100
Fonte: Coleta direta de dados. 2015/PB

As instituições do terceiro setor, embora existam, apontam as próprias fragilidades do


Estado em relação à própria gestão pública. Nesse aspecto, quando a instituição tem pouca
parceria com o órgão público, mostra que não há um trabalho de convergência entre o Estado
e a sociedade civil.
Ao perguntarmos sobre as estratégias utilizadas pelo CEDHOR para atrair a
comunidade em relação às ações e/ou projetos, 10% dos colaboradores ressaltaram que a
ONG procura ouvir as demandas da comunidade. Outros 10% afirmam que a ONG realiza
eventos temáticos.

Quadro 9 - Estratégias do CEDHOR utilizadas com a comunidade

Descrição das estratégias Coef. Freq.


(%)
Realização de eventos temáticos; 10
Divulgação via internet/redes sociais, boca à boca; 10
Ações educativas; 5
Atendimento dos serviços sociais e jurídicos; 10
Trabalho sério e responsável; 5
Credibilidade da entidade junto à comunidade; 5
Visitas às escolas; 5
Ouvir as demandas da comunidade; 10
Conversas com a comunidade sobre os objetivos da ONG; 10
Café da manhã partilhado; 10
Oficinas com as famílias; 10
S/Respostas. 10
Total 100
Fonte: Coleta direta de dados. 2015/PB
Essas estratégias utilizadas podem auxiliar uma melhor delimitação do tipo de
contribuição que a ONG pode ofertar para a comunidade, também se dirigindo à sociedade de
maneira em que visa um maior envolvimento do público com a ONG e vice-versa, fazendo
com que haja uma gestão mais eficiente e democrática.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há décadas as ONGs vêm contribuindo para o crescimento da democracia,


representando a sociedade e preenchendo as lacunas entre o Estado e a sociedade. Elas têm
uma natureza jurídica privada e de finalidade pública. Somam-se cada vez mais em números
na realidade brasileira, abarcando várias áreas. Pela penetração cada vez mais atuante em
diversas áreas. Pode-se dizer que elas assumem um papel central nas questões públicas na
atualidade.
Colaborando assim para o desenvolvimento da sociedade por meio de uma gestão
descentralizada, mais flexível do que a estrutura do aparelho do Estado. Elas vêm
influenciando positivamente na gestão pública através de convênios, parcerias em projetos
sociais, minimizando os problemas sociais existentes na sociedade brasileira, participando
cada vez mais da execução das políticas públicas.
O Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero é mais uma ONG que acaba
atuando direta e indiretamente, contribuindo para a gestão pública do município de Santa
Rita/PB. Atua na promoção do bem-estar social, especialmente junto às pessoas mais
desfavorecidas, complementando as ações do governo, na prestação de serviços públicos, mas
de caráter social, sem fins lucrativos.
Conclui-se, desse modo, que o objetivo geral deste trabalho foi atingido porque
constatamos que a instituição proporciona importante auxílio às comunidades da cidade de
Santa Rita, no que se refere aos Direitos humanos, promovendo o acesso às políticas públicas,
muitas vezes, se posicionando como precursor das demandas da sociedade. Também
contribuindo e estimulando o debate sobre as políticas públicas e em torno das questões
abandonadas pelas categorias de representatividade. Esse aspecto ficou evidenciado a partir
da análise dos dados da pesquisa.
Outro enfoque do CEDHOR, que ficou visível, desenvolve um trabalho de reeducação
orientando a comunidade sobre os seus direitos e deveres, desenvolvendo o envolvimento dos
cidadãos em atividades que favoreçam o bem coletivo. Entretanto, encontra obstáculos para
alcançar seus objetivos e para o desempenho das suas ações, na falta de recursos financeiros e
parcerias com os órgãos públicos, especialmente da gestão municipal do município de Santa
Rita, de onde é a maior parte dos beneficiários da instituição, impossibilitando/dificultando
um trabalho de convergência entre a sociedade civil e o Estado.
REFERÊNCIAS

ABONG, Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais. Brasil 2014.


Disponível em: <www.abong.org.br>
ABONG. Um novo marco legal para as ONGs no Brasil. Fortalecendo a cidadania e a
participação democrática. ABONG, Associação Brasileira de Organizações Não
Governamentais. Brasil, Jul. 2007
ARMANI, D. Breve mapa do contexto das ONGs brasileiras. Cadernos ABONG, 2006
<http://pad.org.br/sites/default/files/18_5.%20contexto%20ongs%20darmani.doc>
ALVIM, F., TEODÓSIO, A. S. S. Gestão da Cooperação Internacional: perspectivas e
desafios para as ONGs In: Anais do XV Encontro Nacional dos Cursos de Graduação em
Administração. Florianópolis: ANGRAD, 2004. P. 93 – 102.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e


documentação:Trabalhos Acadêmicos: Apresentação. Rio de Janeiro , 2011. p.11. Disponível
em: <http://eradiologia.wordpress.com/2013/07/20/normas-da-abnt-para-a-elaborao-de-
trabalhos-acadmicos-2013/>

AVRITZER, L. Sociedade civil e Estado no Brasil: da autonomia à interdependência política.


In: Opinião Púbica. Campinas, vol. 18, nº 2, novembro, 2012, p. 383-398

BARBIERI, J. B. P., & ANDREOLA, M. T. Conquista da autonomia integral, em mulheres,


através de projeto social e instrumento de training sociopsicológico. São João do Polêsine,
RS, Brasil. Temas em Psicologia – 2012, Vol. 20, no 2, 491 – 508 DOI: 10.9788/TP2012.2-
16.
http://www.mulherdomilenio.com.br/wpcontent/uploads/2013/08/www.temasempsicologia.pd
f

BARBOSA, I. M. Sociedade Civil Brasileira: Ação, Articulação e Mobilização. RevTerc Set,


v.1 n.1p. 34-38, Brasil 2007. Disponível em:
<http://revistas.ung.br/index.php/3setor/article/viewFile/77/207>

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar:


orientações para prática em serviço / Secretaria de Políticas de Saúde. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2001. 96 p.: il. – (Série Cadernos de Atenção Básica; n. 8) – (Série A. Normas e
Manuais Técnicos; n. 131).
CEDHOR, Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero. Brasil [2012?]. Disponível em:
<www.cedhor.org>
CEDHOR, Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero Regimento Interno: Centro de
Direitos Humanos Dom Oscar Romero. Brasil, 2014.
CEDHOR, Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero. Estatuto da Associação Centro
de Direitos Humanos Dom Oscar Romero. Brasil, 2014.
COUTINHO, J. A. ONGs: origens e (des)caminhos. In: Lutas Sociais13/14. São Paulo:
NEILS, 2005. p. 57-65. Disponível em:
<http://www.pucsp.br/neils/downloads/v13_14_joana.pdf>
DAGNINO, E. ¿Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos falando?.In: Daniel
Mato (coord.), Políticas de Ciudadanía y Sociedad Civil entiempos de globalización. Caracas:
FACES, Universidad Central de Venezuela, 2004, p. 95-110. Disponível em:
http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/Venezuela/facesucv/20120723055520/Dagnino.pDF

DOWBOR, L. Tendências da Gestão Social. In: Saúde e Sociedade. 8 (1): 3 – 16, 1999
FERREIRA, V. C .P. ONGs no Brasil: um estudo sobre suas características e fatores que têm
induzido seu crescimento. 2005. 257p. Tese ( Doutorado em Administração) – Fundação
Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2005 (Orientador: Vergara, Sylvia Constant)
FUNDAÇÕES privadas e associações sem fins lucrativos no Brasil 2010. In: ECONOMIA
IBGE 2010 Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/fasfil/2010/default_fundacoes_xls_nova_2
010.shtm
GOHN, Maria da Glória. Sociedade Civil no Brasil: movimentos sociais e ONGs. In: Meta:
Avaliação. Rio de janeiro, V.5, n. 14, p. 238-258, maio/ago. 2013 Disponível em:
<http://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/viewFile/145/pdf>
JAIME, P. Da construção à crise de identidade das ONGs: nota para uma pesquisa
etnográfica. XII Congresso Brasileiro de Sociologia. s/d
HOROCHOVSKI. R. R. Associativismo civil e Estado: Um estudo sobre organizações não-
governamentais (ONGs) e sua dependência de recursos. Revista Eletrônica dos Pós-
Graduandos em Sociologia Política da UFSC. Vol. 1 nº 1 (1), agosto-dezembro/2003, p. 109-
127

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasil, 2010. Disponível em:


<www.ibge.gov.br>
KRAYCHETE, Elsa Souza; BORGES, Ângela Maria Carvalho. Os níveis de remuneração em
organizações não governamentais filiadas à Associação Brasileira de Organizações Não
Governamentais. Salvador, dez, 2011
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 8ª ed.. São Paulo: Cortez, 2009.
LOPES et al. Fomento e Colaboração: Uma nova proposta de parceria entre Estado e
Organizações da sociedade civil. VI Congresso CONSAD de Gestão Pública. Brasília, 2013.
LÜCHMANN, L. H. H. Modelos Contemporâneos de Democracia e o Papel das
Associações. In: Ver. Social. Polít., Curitiba, V. 20, nº 43, p. 59-80, out. 2012
MENDONÇA, E. M. et al. Desafios e Dilemas das Ongs na Cooperação Internacional: Uma
Análise da Realidade Brasileira. Gestão.Org, Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, 7
(1): 69-83, Jan/Abril 2009
MENDONÇA, Patrícia M.; ARAUJO, Edgilson Tavares. ONGs e Cooperação Internacional:
entre a Dependência e a Busca pela sustentabilidade. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 29. 2005, Brasília – DF,
Anais... Brasília: ANPAD. (CD-rom). Disponível em:
<http://www.viamagia.org/escola/curso/midiateca/MENDON%C3%87A,%20P.%20M%20e
%20ARA%C3%9AJO,%20E.%20T.%20ONGs%20e%20Coopera%C3%A7%C3%A3o%20I
nteracional%20.pdf>
NOVELLINO, Maria Salet Ferreira. As Organizações Não-Governamentais (ONGs)
Feministas Brasileiras. In: ENCONTRO NACIONAL DE 60 ESTUDOS
POPULACIONAIS, ABEP,15., 2006, Caxambú, MG. Anais... Caxambu, MG, 2006.
Hans-JurgenFiege. ONGs no Brasil: perfil de um mundo em mudança. Fortaleza: Fundação
Konrad Adenauer, 2003. 236 p. Disponível em: <http://www.kas.de/wf/doc/kas_13212-1522-
1-30.pdf?080826174743>
PNUD. Ranking IDHM Municípios. 2010. Ranking IDHM Municípios 2010. Disponível
em: http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/ranking-idhm-municipios-2010.aspxAcesso em: 08
de Jan. de 2015.

PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. A Reforma do estado dos anos 90: lógica e mecanismos de
Controle. Brasília: Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, 1997. 58 p.
(Cadernos MARE da reforma do estado; v. 1)

PORTUGAL, Igreja Católica em Portugal: Missionários Combonianos, [2011]. Disponível


em:
<http://www.portal.ecclesia.pt/anuario/ficha_congregacoes_m.asp?congregacao_mid=18>

RAVILO. D. In: ONGs no Brasil: perfil de um mundo em mudança/Hans-JurgenFiege. –


Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2003. 236 p. Disponível em:
<http://www.kas.de/wf/doc/kas_13212-1522-1-30.pdf?080826174743>
RIBEIRO, Vera Maria Masangão. A Luta por um Marco Regulatório para as Organizações
da Sociedade Civil. VI CONSAD de Gestão Pública. Brasília, 2013.
SOUZA, C; SCHWEIGERT, H; OLIVEIRA, R. ONGs Nordestinas: Transformação e
Permanência. In: As ONGs e a Realidade Brasileira-6. Cadernos da ABONG, ABONG.
Associação Brasileira de ONGs, n. 14, Jun. 1996.
TEXEIRA, Ana Claudia Chaves. Identidades em Construção: as organizações não-
governamentais no processo brasileiro de democratização / Ana Claudia Chaves Texeira –
São Paulo: Annablume; Fapesp; Instituto Pólis, 2003. 208 p.
TEIXEIRA, A. C. A Atuação das Organizações Não-Governamentais: entre o Estado e o
Conjunto da Sociedade. In: DAGNINO, E. (Org.). Sociedade Civil e Espaços Públicos no
Brasil. S. Paulo: Paz e Terra, 2002, cap. 4, p. 104-142.
TONI, A. A trajetória da cooperação internacional no Brasil. Le Monde Diplomatique,
Brasil, 03 Jan. 2010. Disponível em: <http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=596>
APENDICE A
Questionário de Pesquisa

1. Caracterização dos colaboradores da pesquisa

Sexo:

Idade:

Grau de Instrução:

Formação Profissional:

Ocupação Profissional:

Tempo de atuação no CEDHOR:

Função no CEDHOR:

Exerce função gratificada com salário ou voluntariado?

( ) gratificada com salário ( ) voluntariado sem salário

Qual o valor do salário recebido no CEDHOR?

Qual é a relevância em fazer trabalho voluntário para o CEDHOR?

2. Identificação do desenho institucional do CEDHOR

2.1 Quais são os objetivos do CEDHOR?

2.2 Considera que esses objetivos são relevantes para atender as necessidades da
comunidade de Santa Rita? Sim ( ) Não ( ) Justifique:

2.3 Os objetivos do CEDHOR têm obtido êxito em sua atuação na comunidade de Santa
Rita? Sim ( ) Não ( ) Justifique:

2.4 Os objetivos se voltam para a defesa dos direitos humanos da comunidade de Santa
Rita em quais aspectos na realidade?

2.5 Quais são as ações realizadas pelo CEDHOR no campo dos direitos Humanos?

2.6 Quais foram os possíveis resultados ou melhorias que se deram na comunidade de


Santa Rita a partir dessas ações/projetos?

2.7 Quais são as dificuldades encontradas na realização dessas ações ou projetos?

2.8 Quais as estratégias utilizadas para atrair a comunidade em relação às ações e/ou
projetos?

Você também pode gostar