Violência Contra A Mulher Fabiana de Lima Ribeiro
Violência Contra A Mulher Fabiana de Lima Ribeiro
Violência Contra A Mulher Fabiana de Lima Ribeiro
Abstract: Relation of experience of the Social Service at the Veterinary Hospital of the Federal
University of Minas Gerais, its limits and possibilities.
Keywords: Social Work, Veterinary Hospital, Professional Practice, Interdisciplinarity.
I) INTRODUÇÃO
O presente artigo é resultado de reflexão e sistematização profissional do trabalho do
Assistente Social no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Minas
Gerais (HV/UFMG) e tem como objetivo relatar a prática profissional do Assistente Social
neste espaço socio-ocupacional, apresentando seus desafios e possibilidades.
A discussão sobre as transformações societárias, mundo do trabalho, reestruturação
produtiva e novas demandas para o Serviço Social foi um ponto central no período posterior
a 1990 e se estende até os dias atuais.
Neste sentido, observa-se um período de profundas e significativas mudanças que
afetam a vida social, política e econômica e repercutem nas profissões de modo geral. As
transformações societárias (NETTO, 1996), de modo rápido e intenso, acabam por
redimensionar o campo profissional, reordenando as profissões consolidadas, ou criando
novas atividades e ramos profissionais, atingindo diretamente a divisão socio-técnica do
trabalho.
No mundo do trabalho, observam-se fortemente as exigências de novas
competências para a afirmação do espaço profissional do assistente social, que deve conter
respostas que atendam “satisfatoriamente” às necessidades, contemplando prioridades e
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Profissional de Serviço Social, Universidade Federal de Minas Gerais, E-mail:
[email protected].
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Profissional de Serviço Social, Universidade Federal de Minas Gerais, E-mail:
[email protected].
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O Hospital Veterinário da UFMG está ligado a uma estrutura pública de ensino, mas
é mantido pela Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FEPE3. Por intermédio
das Fundações, as universidades públicas vêm realizando uma série de atividades
caracterizadas como prestação de serviços para captação de recursos externos. Sendo
assim, também no HV/UFMG o atendimento não é gratuito e devido a sua grande casuística
de atendimentos, diversas demandas dos tutores se mostraram expressivas para a
Instituição em relação à condição socioeconômicas dos mesmos e o custo do tratamento
veterinário.
É necessário destacar que a condição socioeconômica desfavorável de grande parte
da população não é uma situação isolada ou pontual, mas é resultado das desigualdades
inerentes da sociedade capitalista, que reflete diretamente no acesso ou não destas às
políticas, programas e projetos sociais.
Aliado a isso, Lima (2016) considera que nas últimas décadas, cães e gatos
entraram nos quartos, subiram nas camas, penetraram o ambiente íntimo, tornaram-se parte
da rotina e do planejamento familiar e até foram incluídos nas listas de parentes e amigos a
presentear no Natal. “Nas casas em que esses animais são inseridos como companhia, cria-
se uma situação ambígua, pois os animais são, ao mesmo tempo, objetos fetichizados e
sujeitos de relações afetivas.” (ibid,291)
Isso porque cães e gatos tornaram-se reconhecidos, nas sociedades ocidentais,
como especialmente sensíveis, conscientes e inteligentes e que há uma comoção diante de
seu sofrimento e de uma sensação de dever moral em relação a eles. O que faz com que os
tutores, ao menor sinal de adoecimento, procurem as unidades especializadas de
atendimento médico veterinário.
Os gastos com animais é um assunto que perpassa as responsabilidades,
recomendações e exigências definidas pela sociedade como características fundamentais
de um tutor responsável. “No caso do mercado pet, o consumo torna-se uma forma de
estabelecer laços com o animal de estimação, reforçar a postura de bom tutor/pai/mãe,
satisfazer o animal e, ainda, valorizá-lo esteticamente”. (ibid,327).
Especificamente em se tratando dos gastos com tratamento médico veterinário, na
maioria das vezes, os tutores não estão preparados para arcar com os valores das contas e
comumente solicitam descontos ou isenções. Sendo assim, muito tem sido demandado o
atendimento e a análise socioeconômica em ambientes em que há serviços pagos.
No HV/UFMG muitas tem sido as solicitações de atendimentos de tutores que
buscam por uma forma mais acessível de pagamento de suas despesas, principalmente
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A Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FEPE é uma entidade sem fins lucrativos,
credenciada pelo Ministério da Educação (Mec) e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)
como fundação de apoio à UFMG, em especial à Escola de Veterinária da UFMG.
daqueles que chegam com seus animais em caráter emergencial para procedimentos
cirúrgicos, internação, consultas de emergência, dentre outros e não tem condições de
acessar outros serviços particulares.
Diante desta realidade é que o Serviço Social tem se inserido de forma diferenciada
e propositiva, o que será apresentado no item a seguir.
e que agora esta conta irá comprometer o seu orçamento; c) as solicitações de descontos,
isenções e análise pelo Serviço Social se justificam pelo alto valor considerado pelos
mesmos e sua incapacidade, na maioria dos casos, de arcar com o pagamento integral da
conta; d) a escuta qualificada feita pelo Serviço Social tem possibilitado realizar orientações
e encaminhamentos a serviços que são oferecidos tanto pela UFMG, quanto pela rede de
atendimentos em Belo Horizonte. O trabalho tem a perspectiva de ir além do mero desconto
e intermediação para o tratamento; e) o atendimento pelo Serviço Social é recente, está
sendo estruturado em conjunto com a diretoria executiva, e em algumas circunstâncias tem
ocasionado dúvidas e insegurança por parte dos demais setores envolvidos, visto que
perderam um pouco a autonomia e precisam aguardar pelas definições, o que requer maior
atenção pelo profissional ao trato com os demais a fim de evitar conflitos.
Por ser um espaço novo, uma perspectiva que se coloca é que ainda há muito a ser
feito e um longo caminho a ser percorrido no sentido de dar visibilidade à profissão dentro
destes espaços, vez que o profissional muitas vezes é reconhecido apenas pelo trabalho de
análise socioeconômica e de concessão de descontos.
Há que se fazer um estreitamento das relações e buscar o entendimento quanto ao
espaço veterinário como um espaço socio-ocupacional possível e campo real que assegure
o acesso e garantia aos direitos sociais e ao exercício profissional qualificado do assistente
social.
espaços (terceiro setor, consultoria, assessoria), que saiba olhar e decifrar a realidade,
construir propostas, formular e gerir políticas, romper com a burocracia e o teoricismo,
entender a questão social e recriar as antigas formas de trabalho.
REFERÊNCIAS
________. Pesquisa nacional de saúde 2013: acesso e utilização dos serviços de saúde,
acidentes e violências: Brasil, grandes regiões e unidades da federação / IBGE,
Coordenação de Trabalho e Rendimento. – Rio de Janeiro: IBGE, 2015
IAMAMOTO, Marilda V. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo: Cortez,
1982.
MIOTO, Regina Célia Tamaso. Estudos Socioeconômicos. In: Serviço Social – Direitos e
Competências Profissionais, p.481-496. CFESS, Brasília, 2009.
NETTO, J.P. Transformações societárias e Serviço Social. Serviço Social & Sociedade,
São Paulo, ano XVII, n. 50, 1996
NETTO, J.P; BRAZ, M. Economia Política: uma introdução crítica. 7.ed. São Paulo:
Cortez, 2011. (biblioteca básica do serviço social; v.1).
YASBEK, Maria Carmelita. O significado sócio histórico da profissão. In: Serviço Social
– Direitos e Competências Profissionais, p.125-142. CFESS, Brasília, 2009.