Seminário Vi - 09.11.24

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Módulo Incidência e Crédito Tributário

Aluno: Mateus Padovan Siviero

Seminário VI – ICMS – MERCADORIAS

Leitura básica
• CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. São Paulo: Malheiros. Capítulo II e
itens 1 e 2 do Capítulo IV.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. São
Paulo: Noeses, Item 3.3.6 (Imposto sobre circulação de mercadorias e
prestação de serviços) – exceto itens 3.3.6.4 (ICMS e tributação sobre
prestação de serviços de comunicação) e 3.3.6.5 (ICMS e tributação
sobre prestação de serviços de transporte) da segunda parte.
• CARVALHO, Paulo de Barros; MARTINS, Ives Gandra da Silva. Parecer:
“A concessão de isenções, incentivos ou benefícios fiscais no âmbito de
ICMS”, In: Guerra Fiscal: reflexões sobre a concessão de benefícios no
âmbito do ICMS. 2 Ed. São Paulo: Noeses, 2014.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito
tributário. 2.ed. v2. São Paulo: Noeses, 2017, Tema XVIII (ICMS –
Importação: análise segundo as formas de importação “por conta própria”
ou “por conta e ordem de terceiro”).

Vídeo básico
• PACOBAHYBA, Fernanda. MOREIRA, André Mendes. SIMÕES, Argos..
Canal IBET. Desafios do ICMS: reforma tributária nos tribunais e
fragilidades da materialidade. Disponível em:
https://www.youtube.com/live/u_4-CPthoeE?si=Tegk1n8U-Zwqbr8m .
Acesso em 06 de maio de 2024.

Leitura complementar
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito
tributário. v3. São Paulo: Noeses, 2016, Tema XXVII (Diferimento,
solidariedade e responsabilidade tributária Análise dos contratos de venda
de mercadoria sob cláusula FOB).
• CARVALHO, Osvaldo Santos de. “Guerra fiscal” no âmbito do ICMS, In:
CAMPILONGO, Paulo A. Fernandes (Coord.). ICMS: aspectos jurídicos
relevantes. São Paulo: Quartier Latin.
• CARVALHO, Osvaldo Santos de. Os reflexos da Lei Complementar
160/17. In: XIV Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São
Paulo: Noeses.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito
tributário. v3. São Paulo: Noeses, 2016, Tema XXIX (Substituição
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Tributária no ICMS – Interpretação conforme a Lei Complementar nº


87/1996 e o Convênio nº 45/1999).
• CHIESA, Clélio. Créditos de ICMS: situações polêmicas. In: VII Congresso
Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
• MIGUEL, Luciano Garcia. Incidência do ICMS nas operações de
importação. São Paulo: Noeses. Capítulo 2, capítulo 5 e item 6.3 do
capítulo 6.
• OLIVEIRA, André Felix Ricotta de. Manual da não-cumulatividade do
ICMS. São Paulo: Noeses. Capítulos 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
• SALOMÃO, Marcelo Viana. ICMS na importação. São Paulo: Atlas.
Capítulos 3, 4, 5 e 6.
• SIMÕES, Argos Campos Ribeiro. A Guerra Fiscal do ICMS e os
incentivos fiscais concedidos na Zona Franca de Manaus: discussão
envolvendo a recepção ou não do art. 15 da LC 24/75 e suas
consequências. In: XI Congresso Nacional de Estudos Tributários do
IBET. São Paulo: Noeses.
• SIMÕES, Argos Campos Ribeiro. A influência da denominada boa-fé
sobre as autuações envolvendo crédito indevido de ICMS lastreado por
documentação inidônea. In: IX Congresso Nacional de Estudos
Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
• SIMÕES, Argos Campos Ribeiro. Guerra Fiscal do ICMS e o Artigo 8º, I
da LC 24/75 como caso de não Incidência tributária. In: XIII Congresso
Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
• SIMÕES, Argos Campos Ribeiro. ICMS-Importação: proposta de
reclassificação e suas aplicações. São Paulo: Noeses. Capítulos 3, 5 e 6.
• TELES, Galderise Fernandes. Ressarcimento ICMS-ST: questões
controversas decorrentes da decisão do STF no Recurso Extraordinário
nº 593.849/MG e ADIN 2.777/SP e ADIN 2.675/PE. In: XIV Congresso
Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
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Questões
1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) do:
(a) ICMS – Mercadorias;
RESPOSTA: O ICMS de Mercadorias, tem como sua Regra Matriz:
1 – Critério Material, sendo a operação de circulação de mercadoria com
habitualidade ou com volume qual caracterize o intuito comercial;
2 -Critério Espacial, contendo-se na circulação em território Nacional
(Estados);
3 – Critério Temporal, momento este que visa a saída da mercadoria do
estabelecimento onde foi produzida e que seja efetuada sua transferência
para terceiro, qual irá adquirir a mercadoria;
4 – Critério Quantitativo, baseia-se na alíquota a ser aplicada a depender
do Estado, do produto produzido e da base de cálculo incidente sobre
este produto, sendo o valor do produto ou valor total da operação,
conforme artigo 150, §2º, inciso IX do CTN;
5 – Critério Pessoal, qual seja o Sujeito Ativo sendo o Fisco e o Sujeito
Passivo o remetente/contribuinte.

(b) ICMS – Importação.


RESPOSTA: O ICMS de Importação, tem como sua Regra Matriz:
1 – Critério Material, sendo a operação de importação de mercadoria,
mesmo que esta operação não tenha habitualidade pelo contribuinte;
2 -Critério Espacial, contendo-se na circulação em território Nacional
(Estados);
3 – Critério Temporal, momento em que ocorre o desembaraço aduaneiro,
ou seja, a chegada da mercadoria importada em território nacional;
4 – Critério Quantitativo, baseia-se na alíquota a ser aplicada a depender
do Estado onde o produto chegar e da base de cálculo incidente sobre
este produto, sendo, tem-se o valor do produto mais o valor aduaneiro
incidente, sendo a taxa de importação, e o câmbio sobre o valor da
moeda estrangeira com a moeda nacional;
5 – Critério Pessoal, qual seja o Sujeito Ativo sendo o Fisco e o Sujeito
Passivo o importador/contribuinte.
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2. Qual a base de cálculo do ICMS incidente sobre a operação de circulação


de mercadorias? Dentre as rubricas adiante enumeradas, quais devem
compor a base de cálculo do ICMS. Justifique e fundamente a sua
resposta em relação a cada item da questão.
(i) descontos incondicionais;
(ii) bonificações;
(iii) frete;
(iv) seguro;
(v) acréscimo correspondente ao financiamento realizado pelo alienante
nas vendas a prazo; e
(vi) o valor de mão obra cobrado a título de montagem quando a
operação implicar em venda e instalação de máquinas e aparelhos?
RESPOSTA: A base de cálculo do ICMS, é o montante total da operação,
sendo, este montante a inclusão do frete e demais despesas acessórias,
sendo previsto sua incidência no artigo 155, II da CF, bem como na Lei
Complementar 87/96. Assim, tem-se que a base de cálculo incide na
prestação de serviços de transporte de mercadoria, sendo compreendida
entre os Municípios e Estados, sendo a base de cálculo narrada no Artigo
13, inciso V da LC 87/1996.
Ao segundo questionamento da questão temos a base de cálculo do
ICMS nas rubricas mencionadas temos:
(i) O desconto incondicional conforme verifica-se na Sumula 457 são
aqueles descontos incondicionais nas operações mercantis não se
incluindo, portanto, na base de cálculo do ICMS, ou seja, é aquele que
não exige nenhuma condição que precise ser cumprida para que o
desconto seja oferecido;
(ii) O STJ diante do Resp. De Tema Repetitivo nº 144, aduziu que o
valor das mercadorias dadas a título de bonificação não seria capaz de
integrar a base de cálculo do ICMS. Deste modo, a delimitação do Tema
discutido perante a Suprema Corte vislumbrou a não incidência de IPI ou
de mercadoria dada em bonificação no regime de substituição tributária,
não sendo possível, portanto, a incidência do ICMS.
(iii) No caso em questão, o STJ em Tema Repetitivo de nº 160,
firmou a tese de que o valor do frete deverá compor a base de cálculo do
ICMS, sendo necessário o recolhimento sob o regime de substituição
tributária, somente no caso em que o substituto se encontra vinculado ao
contrato de transporte da mercadoria, vez que, nessa hipótese, a despesa
efetivamente realizada poderá ser repassada ao substituído tributário.
(iv) O seguro em questão é conhecido como a “garantia estendida”,
qual é regulamentada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados
(CNPS). Mesmo que frequentemente proposto pelas empresas
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seguradoras, a do item em contendo na presente questão é facultativo e


cria um vínculo direto entre o consumidor e a seguradora. A exigência do
ICMS não se restringe ao Estado de aquisição do seguro, posto que o
preço do produto pode abranger custos associados a condições impostas
ao comprador para a concretização da compra, tais como seguros, juros,
frete e outros custos que integram o custo da transação. Contudo, o custo
em questão pago pelo consumidor para a garantia adicional de um
produto não é considerado na base de cálculo do ICMS que incide na
transação de compra e venda.
(v) O acréscimo correspondendo ao financiamento é vislumbrado nas
vendas por meio de financiamento próprio, assim, o resultado da
operação é integralizado ao lucro, já no que diz respeito ao financiamento,
é de se observar os dois negócios jurídicos contidos, sendo, o acréscimo
decorrente do surgimento do custo para financiamento próprio e na venda
a prazo, qual o acréscimo decorre facilidade para aquisição. A
diferenciação entre as duas operações se faz necessária posto que a
incidência de ICMS nas vendas a prazo e exclusão para os encargos da
“venda financiada” e financiamento com cartão de crédito. A posição
acima foi assumida pelo STJ no julgamento da ADIN n. 84-5-MG;
(vi) Por fim, no fornecimento de mercadorias, equipamentos,
máquinas, dentre outros, onde o remente assume contratualmente a
obrigação de entregá-la montada para uso, a operação praticada é a de
fornecimento de mercadoria, assim a base de cálculo deve ser o valor da
operação.
Consequentemente, nessas operações, como a importância cobrada a
título de instalação e montagem integra o valor da operação, a
importância cobrada a título de instalação e montagem integra a base de
cálculo do ICMS, conforme verifica-se na Lei Complementar nº 116/2003.

3. O estado de Tocantins, sem amparo em convênio do CONFAZ, concede


regime especial (mediante lei) a determinadas empresas, outorgando
créditos de 2% toda vez que houver operações interestaduais relativas à
circulação de determinadas espécies de mercadorias. O destaque na nota
fiscal correspondente à remessa de mercadoria de Tocantins para São
Paulo é de 12%, no entanto, o estado de São Paulo aceita somente 10%
(12% - 2%) e lavra auto de infração sobre os 2% remanescentes.
Pergunta-se (não esqueça de fundamentar suas respostas):
(a) Pode o Estado de São Paulo glosar parte do crédito dos
contribuintes, destinatários de mercadorias provenientes de Tocantins, do
ICMS destacado na nota fiscal por ser o remetente beneficiário de
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incentivo fiscal sem amparo em convênio do CONFAZ, mesmo sem a


respectiva declaração de inconstitucionalidade do benefício?
REPOSTA: Conforme aduz o artigo 151 da Constituição Federal, é
proibido a instituição de tributo que não for uniforme em todo o território
nacional, ressalvado apenas os territórios que possuírem a concessão
dos incentivos fiscais destinados a promover a melhoria socioeconômica
daquele local. Ainda, o referido artigo, na alínea g, dispõe que as
isenções somente podem ser concedidas e revogadas por convênios
firmados entre todos os Estados membros, sendo, contudo, o caminho
correto para tal concessão a ADI.

b) A edição da Lei Complementar nº 160/2017 e o Convênio ICMS


nº 190/2017 alteram o cenário acima no que se refere à
concessão/validação do benefício fiscal e, consequentemente, o direito ao
crédito pelo contribuinte adquirente da mercadoria do estado de
Tocantins? (Vide anexos I, II e III)
RESPOSTA: Na questão em tela, o benefício fiscal de crédito de 2%
concedido pelo Estado de Tocantins sem convênio do CONFAZ é
inconstitucional, conforme os fundamentos da ADI 3803 e demais
julgados do anexo, vejamos:
INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Lei nº 15.182/2006, do
Estado do Paraná. Tributo. Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços – ICMS. Benefícios fiscais. Concessão de crédito
presumido, por Estado-membro. Inexistência de suporte em convênio
celebrado no âmbito do CONFAZ, nos termos da LC 24/75. Expressão
da chamada “guerra fiscal”. Inadmissibilidade. Ofensa aos arts. 150, §
6º, 152 e 155, § 2º, inc. XII, letra “g”, da CF. Ação julgada, em parte,
procedente. Precedentes. Não pode o Estado-membro conceder
isenção, incentivo ou benefício fiscal, relativos ao Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, de modo unilateral,
mediante decreto ou outro ato normativo, sem prévia celebração de
convênio intergovernamental no âmbito do CONFAZ. (STF, ADI 3803,
Relator(a): CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/06/2011,
DJe-181 DIVULG 20-09-2011 PUBLIC 21-09-2011 EMENT VOL-
02591-01 PP-00033.
Deste modo, o Estado de São Paulo, ao aceitar apenas 10% do crédito
destacado de 12% na nota fiscal, estaria agindo conforme a CF, uma vez
que reconhece a invalidade do benefício.
Ademais, o caso em questão pode ser modificado com a Lei
Complementar nº 160/2017 e pelo Convênio ICMS nº190/2017, se o
Estado de Tocantins aderir ao convênio e regularizar o benefício
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concedido, a validade do crédito fiscal poderá ser reconhecida, permitindo


que o contribuinte adquirente em São Paulo aproveite integralmente o
crédito de 12%.
Assim, até a incidência do benefício conforme previsto na LC 160/2017 e
no Convênio ICMS 190/2017, o Estado de São Paulo está em
conformidade por não aceitar os 2% adicionais e em autuar o contribuinte
pelos créditos indevidos.

4. Sobre o ICMS-DIFAL, responda:


(a) O que é o diferencial de alíquotas de ICMS (DIFAL)?
RESPOSTA: É uma modalidade de apuração do ICMS, que teve seu
surgimento para equilibrar a arrecadação de tributos entres os Estados
nas operações interestaduais, quais envolviam consumidores finais. Esta
modalidade surgiu apartir da Emenda Constitucional 87/2015, trazendo
mudanças significativas ao que diz respeito das aplicações da DIFAL para
as operações de ICMS.

(b) Quais foram as principais modificações trazidas pela Emenda


Constitucional nº 87/2015 em relação à cobrança do DIFAL?
RESPOSTA: A Emenda Constitucional (EC) 87 alterou as normas do
ICMS. O Protocolo do Confaz nº 21/2011 foi o ponto de partida para a
discussão que culminou nessa emenda posto que este protocolo previa
um aumento de receita para os Estados que, ao fiscalizar o trânsito de
mercadorias compradas por consumidores finais via e-commerce,
percebiam que não recebiam nenhuma parte do ICMS dessas transações
interestaduais, contudo, o Supremo Tribunal Federal considerou o
protocolo inconstitucional.
De acordo com a Constituição Federal (CF), nas vendas de bens para
consumidores finais, a alíquota aplicável deveria ser a interna quando o
destinatário não fosse contribuinte habitual do ICMS (art. 155, VII, “b”).
O protocolo em questão estabelecia que o Estado de destino da
mercadoria poderia exigir uma parte do ICMS na operação interestadual
em que o consumidor final adquirisse mercadoria de forma não
presencial, como exemplo via internet ou telemarketing, em contrapartida,
a Constituição Federal estipulava a aplicação da alíquota máxima para
vendas a consumidores finais, e protocolos internos não podem alterar
essa regra constitucional. Assim, a parte que caberia ao Estado de
destino conforme o Protocolo 21 resultava em uma dupla incidência
tributária. A Emenda 87 foi criada, portanto, para equilibrar as receitas
Estaduais e dividir o tributo entre os Estados de origem e de destino dos
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produtos, revogando assim, as alíneas “a” e “b” do artigo 155 e


modificando o inciso VI.

(c) Essa Emenda Constitucional alterou algum critério da regra-matriz


de incidência tributária do ICMS sobre operações interestaduais de
circulação de mercadorias?
RESPOSTA: Sim, a Emenda Constitucional alterou a regra matriz de
incidência tributária, incidindo especialmente nos critérios espaciais e
quantitativo da RMIT do ICMS.

(d) Qual é o papel da Lei Complementar nº 190/2022 na


regulamentação da cobrança do DIFAL? A aplicação dessa lei deve
respeitar o princípio da anterioridade tributária? E da anterioridade
nonagesimal? Explique e fundamente as suas respostas.
RESPOSTA: A LC 190/22 surgiu com o propósito de regulamentar a
DIFAL, posto que após acórdão prolatado pelo STF na ADI 5469 e 5481,
foi declarado a inconstitucionalidade da cláusula nona do Convênio do
ICMS, qual disciplinava o DIFAL sem que houvesse a devida previsão
legal em lei complementar, como exemplo o Art. 155, §2º, VII, “b” da
CF/88.
Ademais, a LC supramencionada visou estabelecer a base normativa
necessária para a efetiva cobrança do DIFAL, passando a segurança
jurídica aos Estados e contribuintes incidentes de tal tributo.

5. A empresa Queen Janet Cosméticos Ltda., Paulista, adquire entre os


meses janeiro de 2018 e fevereiro de 2019, insumos da empresa Pedra
Suave na Nave Ltda., Mineira, e se credita do imposto incidente na
operação para futura compensação com seus débitos de ICMS. Em
outubro de 2022, a empresa Pedra Suave na Nave Ltda. é considerada
“inidônea” pelo fisco estadual paulista, resultando na edição de um “ato
declaratório de inidoneidade” com efeitos ex tunc, ou seja, reconhecendo
a inidoneidade de todas suas operações anteriores à edição do referido
ato. Consequentemente, o Estado paulista – após posterior realização de
notificação à empresa Queen Janet Cosméticos Ltda. - realiza lavratura
de AIIM estornando todos os créditos aproveitados nas operações
ocorridas no período de janeiro de 2018 a fevereiro de 2019, além de
impor multa e juros. Sobre essa específica situação, pergunta-se (não
esqueça de fundamentar suas respostas):
(a) Em que consiste a declaração de inidoneidade e quais hipóteses
de ocorrência? Trata-se de ato constitutivo ou declaratório?
RESPOSTA: A declaração de inidoneidade é um ato administrativo pelo
qual a administração reconhece que determinada empresa não possui
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idoneidade fiscal para emitir documentos fiscais. Esse reconhecimento


implica que as operações praticadas pela empresa são desconsideradas
para fins fiscais, resultando em estornos de créditos de ICMS e outras
penalidades para os adquirentes dos produtos ou serviços dessa
empresa. A declaração de inidoneidade é um ato declaratório. Isso
significa que a administração tributária apenas reconhece e declara uma
situação preexistente. A inidoneidade não é criada pelo ato, mas sim
constatada e declarada, no caso em tela, a declaração de inidoneidade
come feitos ex tunc implica que todas as operações realizadas pela
empresa Pedra Suave na Nave Ltda. desde um determinado momento
passado são consideradas inidôneas.

(b) Qual a relação da declaração de inidoneidade com o direito ao


creditamento?
RESPOSTA: A declaração de inidoneidade de um fornecedor, com
efeitos retroativos, significa que todas as notas fiscais emitidas por ele
são consideradas inválidas datadas em momento anterior, não possuindo
validade fiscal.
Neste contexto, tal fato impacta diretamente aos
compradores/adquirentes que se beneficiaram do crédito de ICMS com
base nas notas emitidas por esse fornecedor. assim, o direito ao crédito
de ICMS está garantido pela Constituição Federal, esta declaração busca
prevenir a tributação em cascata, sendo que principal conexão entre a
declaração de inidoneidade e o direito ao crédito está ligada à boa-fé.
Nesta senda, segundo o STJ, no REsp 1.148.444/SP, a presunção de
boa-fé do comprador só pode ser contestada com evidências concretas
de que ele sabia ou deveria saber sobre a inidoneidade do fornecedor.

(c) O procedimento de lavratura do AIIM por parte do Fisco paulista


encontra amparo na Constituição Federal? Pode a legislação
infraconstitucional estabelecer critérios não previstos na Constituição
Federal para o aproveitamento de créditos? (Vide anexos IV, V e VI)
RESPOSTA: A Súmula 509 do STJ, estabelece que é lícito ao
comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes de
nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a
veracidade da compra e venda.
Nesta senda, o adquirente de boa-fé, que tenha documento probatório da
veracidade dos fatos apresentador, possui o direito ao crédito.
Ainda, o STJ em decisão prolatada no REsp 1.148.444/SP, reafirmou que
o adquirente de boa-fé pode aproveitar o crédito de ICMS mesmo que a
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nota fiscal emitida pelo fornecedor seja posteriormente declarada


inidônea, tal julgamento, enfatizou que o princípio da não cumulatividade
dos tributos.

(d) A utilização da Súmula 509 do STJ como argumento para


validade do creditamento realizado pelo adquirente de boa-fé é harmônica
com a disposição do artigo136 do CTN?
RESPOSTA: A utilização da Súmula 509 do STJ para validar o
creditamento realizado pelo adquirente de boa-fé é compatível com a
disposição do artigo 136 do CTN. Enquanto o artigo 136 do CTN
estabelece a responsabilidade objetiva para infrações tributárias, a
Súmula 509 protege o direito do contribuinte de boa-fé, desde que possa
comprovar a veracidade das operações. Dessa forma, ambos os
dispositivos se complementam ao garantir que a penalização por
infrações não prejudique indevidamente contribuintes que agiram
corretamente e com boa-fé.

6. Qual local deve ser considerado como “local da operação” de circulação


de mercadoria, nos termos previstos no art. 11, inciso I da LC 87/96, no
caso de uma compra on-line feita no site próprio de uma loja X, que
também possui loja física? E no caso em que essa compra on-line é feita
em um ambiente de market place? A definição desse local interfere na
definição do Estado competente para a cobrança do ICMS sobre essa
operação?
RESPOSTA: Segundo exposto no artigo 11º da LC 87/96, o local da
operação ou da prestação para efeitos da cobrança do imposto e
definição do estabelecimento responsável é o local onde a mercadoria se
encontra no momento da ocorrência do fato gerador, ou seja, a saída para
circulação de tal objeto, para o destinatário final.
Estabelecimento de Saída: Para fins de ICMS, o fato gerador ocorre no
momento da saída da mercadoria do estabelecimento do vendedor.
Portanto, se a mercadoria está no estoque da loja física ou em um centro
de distribuição da loja e sai desse local para o consumidor final, o local da
operação é onde ela está estocada.
Portanto, o Estado competente para a cobrança do ICMS será aquele
onde está localizado o estabelecimento de saída da mercadoria, em
casos de loja física ou o centro de distribuição estiver em um Estado,
esse estado será o competente para a cobrança do ICMS.
No caso em tela, para compras feitas em um ambiente de marketplace,
onde o site atua como intermediário entre o consumidor e o vendedor, a
análise pode variar, posto que o Marketplace como Intermediário, pode ter
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como local da operação, em termos de ICMS, sendo o estabelecimento


do vendedor original, de onde a mercadoria sai. O marketplace facilita a
transação, mas não altera o ponto de saída da mercadoria.
Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.657.359/SP
decidiu: "Para fins de incidência do ICMS, considera-se o local do
estabelecimento onde se encontra a mercadoria no momento da saída,
ainda que a venda tenha sido realizada por meio de plataforma digital.";
Portanto, em ambas as situações, a definição do local da operação e,
consequentemente, do Estado competente para a cobrança do ICMS, é
determinada pelo local do estabelecimento de onde a mercadoria
efetivamente sai para a entrega ao consumidor, conforme previsto no
artigo 11, inciso I da LC 87/96.
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Sugestão para pesquisa suplementar


• Tese A regra-matriz do ICM, de Paulo de Barros Carvalho.
• SIMÕES, Argos Campos Ribeiro. Capítulos 3, 5 e 6 do livro ICMS-
Importação: proposta de reclassificação e suas aplicações. São Paulo:
Noeses.
• SANTANA, Renata Cassia de. Capítulo 2 do livro Inidoneidade fiscal no
âmbito do ICMS. São Paulo: Noeses.
• CHIESA, Clélio. ICMS – Sistema Constitucional Tributário, de. São Paulo:
LTr.
• COSTA, Alcides Jorge. ICM na Constituição e na lei complementar. São
Paulo: Resenha Tributária.
• SANTI, Eurico Marcos Diniz de. Livro II, Capítulo X, “ICMS – Mercadorias:
direito ao crédito – Importação e substituição”. In: Curso de
especialização em direito tributário – homenagem a Paulo de Barros
Carvalho, coord. Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense.
• MENDONÇA, Christine. A não cumulatividade do ICMS. São Paulo:
Quartier Latin.
• MELO, José Eduardo Soares de. Capítulo 1 até item 1.18, do livro ICMS –
teoria e prática. São Paulo: Dialética.
• MELO, José Eduardo Soares de. “O ICMS e o leasing na importação”. In:
ICMS: aspectos jurídicos relevantes, Paulo A. Fernandes Campilongo
(Coord.). São Paulo: Quartier Latin.
• CRESPI, Carlos Eduardo Correia. “Considerações sobre a não
cumulatividade do ICMS e o estorno do crédito em virtude da
inidoneidade da documentação fiscal”. In: Revista Tributária e de
Finanças Públicas, São Paulo, n. 90, p. 61-71, 2010.
• SALOMÃO, Marcelo. “O ICMS nas importações feitas por leasing
internacional”. In: ICMS – questões fundamentais. São Paulo: MP editora.
• GRECO, Marco Aurélio. Artigo: “Conceito de circulação”. In: Revista de
Direito Público n. 2 e 11.
• DÓRIA, Antônio Roberto Sampaio. Artigo: “Imunidades tributárias e
impostos de incidência plurifásica, não cumulativa”. In Revista de Direito
Tributário n. 05.
• CAMPOS, Roberto de Siqueira de. “Furto de produtos industrializados e a
legalidade da exigibilidade do IPI e ICMS”, In: Revista Dialética de Direito
Tributário n. 10.
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• MACHADO, Hugo de Brito. “ICMS e a Emenda 33”. In: Revista Dialética


de Direito Tributário n. 80.
• SIMÕE, Argos Campos. “A Guerra Fiscal no ICMS – benefícios fiscais x
benefícios não fiscais”. In: Revista de Direito Tributário, São Paulo, n. 102,
p. 53-66, 2008.

Anexo I
RE 851.421

DIREITO TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


REPERCUSSÃO GERAL. ICMS. BENEFÍCIOS FISCAIS JULGADOS
INCONSTITUCIONAIS. REMISSÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS
PRECEDIDA DE CONVÊNIOS. POSSIBILIDADE. 1. Recurso extraordinário
com repercussão geral reconhecida para definir se é constitucional que os
Estados e o Distrito Federal, com amparo em convênios do CONFAZ,
concedam remissão de créditos de ICMS oriundos de benefícios fiscais
declarados inconstitucionais. 2. O ICMS é imposto de competência dos
Estados e do DF, mas, devido a seu potencial lesivo ao pacto federativo, a
Constituição determinou que cabe ao legislador complementar estabelecer a
forma como são concedidos e revogados benefícios fiscais a ele relacionados,
a fim de impedir a guerra fiscal. O legislador complementar, por sua vez, previu
a obrigatoriedade de autorização do CONFAZ, mediante convênio, como
pressuposto de validade da lei estadual de desoneração. 3. No caso ora em
julgamento, a lei distrital concedeu a remissão de créditos de ICMS
devidamente autorizada por dois convênios do CONFAZ. Indevida, portanto, a
intervenção desta Corte para limitar a autonomia dos entes quando eles atuam
dentro das balizas constitucionais. 4. A hipótese não se confunde com
constitucionalização superveniente, uma vez que a lei distrital impugnada não
convalidou as leis anteriormente julgadas inconstitucionais. O Distrito Federal
apenas concedeu novo benefício fiscal amparado em convênios do CONFAZ.
5. Desprovimento do recurso extraordinário, reconhecendo-se a
constitucionalidade da Lei do Distrito Federal nº 4.732/2011, com a redação
dada pela Lei nº 4.969/2012, com a fixação da seguinte tese: “é constitucional
a lei estadual ou distrital que, com amparo em convênio do CONFAZ, conceda
remissão de créditos de ICMS oriundos de benefícios fiscais anteriormente
julgados inconstitucionais”.
(STF, RE 851.421, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado
em 18/12/2021, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-048 DIVULG 11-03-2022 PUBLIC 14-03-2022)
Módulo Incidência e Crédito Tributário

Anexo II
ADI 3803
INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Lei nº 15.182/2006, do Estado do
Paraná. Tributo. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS.
Benefícios fiscais. Concessão de crédito presumido, por Estado-membro.
Inexistência de suporte em convênio celebrado no âmbito do CONFAZ, nos
termos da LC 24/75. Expressão da chamada “guerra fiscal”. Inadmissibilidade.
Ofensa aos arts. 150, § 6º, 152 e 155, § 2º, inc. XII, letra “g”, da CF. Ação
julgada, em parte, procedente. Precedentes. Não pode o Estado-membro
conceder isenção, incentivo ou benefício fiscal, relativos ao Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, de modo unilateral, mediante
decreto ou outro ato normativo, sem prévia celebração de convênio
intergovernamental no âmbito do CONFAZ.
(STF, ADI 3803, Relator(a): CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em
01/06/2011, DJe-181 DIVULG 20-09-2011 PUBLIC 21-09-2011 EMENT VOL-
02591-01 PP-00033)

Anexo III
Ementa: CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. LIMITAÇÕES AO PODER DE
TRIBUTAR. ICMS. RESPEITO AO PACTO FEDERATIVO NA CONCESSÃO
DE ISENÇÕES, INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS. EXIGÊNCIA
CONSTITUCIONAL DE DELIBERAÇÃO DOS ESTADOS E DO DISTRITO
FEDERAL NA FORMA DA LEI COMPLEMENTAR.
INCONSTITUCIONALIDADE NA CONCESSÃO UNILATERAL.
PROCEDÊNCIA. 1. As competências tributárias deverão ser exercidas em fiel
observância às normas constitucionais, que preveem, especificamente,
limitações ao poder de tributar, com a consagração de princípios, imunidades,
restrições e possibilidades de concessão de isenções, incentivos e benefícios
fiscais. 2. A deliberação dos Estados e do Distrito Federal para a concessão de
isenções, incentivos e benefícios fiscais de ICMS é exigência direta do texto
constitucional, assim como a observância da disciplina constante na lei
complementar, que constitui uma das matérias básicas de integração do
Sistema Tributário Nacional, no sentido de desrespeito ao equilíbrio federativo
(guerra fiscal). 3. Desrespeito à alínea “g” do inciso XII do § 2º do artigo 155 da
Constituição Federal em decorrência da concessão unilateral de isenção fiscal
no ICMS pela Lei estadual de Santa Catarina 11.557/2000. 4. Medida cautelar
confirmada. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente.
(ADI 2357, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
30-08-2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 13-09-2019
PUBLIC 16-09-2019)
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Anexo IV
STJ - Súmula 509
É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS
decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando
demonstrada a veracidade da compra e venda. (SÚMULA 509, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 26/03/2014, DJe 31/03/2014)

Anexo V
REsp 1.148.444/MG

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE
ICMS. APROVEITAMENTO (PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE).
NOTAS FISCAIS POSTERIORMENTE DECLARADAS INIDÔNEAS.
ADQUIRENTE DE BOA-FÉ.
1. O comerciante de boa-fé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal
(emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea,
pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da não-
cumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda
efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos
a partir de sua publicação (Precedentes das Turmas de Direito Público: EDcl
nos EDcl no REsp 623.335/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma,
julgado em 11.03.2008, DJe 10.04.2008; REsp 737.135/MG, Rel. Ministra
Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 14.08.2007, DJ 23.08.2007; REsp
623.335/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em
07.08.2007, DJ 10.09.2007; REsp 246.134/MG, Rel. Ministro João Otávio de
Noronha, Segunda Turma, julgado em 06.12.2005, DJ 13.03.2006; REsp
556.850/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em
19.04.2005, DJ 23.05.2005; REsp 176.270/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Segunda Turma, julgado em 27.03.2001, DJ 04.06.2001; REsp 112.313/SP,
Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, Segunda Turma, julgado em
16.11.1999, DJ 17.12.1999; REsp 196.581/MG, Rel. Ministro Garcia Vieira,
Primeira Turma, julgado em 04.03.1999, DJ 03.05.1999; e REsp 89.706/SP,
Rel. Ministro Ari Pargendler, Segunda Turma, julgado em 24.03.1998, DJ
06.04.1998).
2. A responsabilidade do adquirente de boa-fé reside na exigência, no
momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à
assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe
ao Fisco, razão pela qual não incide, à espécie, o artigo 136, do CTN, segundo
o qual "salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações
da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e
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da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato" (norma aplicável, in


casu, ao alienante).
3. In casu, o Tribunal de origem consignou que: "(...)os demais atos de
declaração de inidoneidade foram publicados após a realização das operações
(f. 272/282), sendo que as notas fiscais declaradas inidôneas têm aparência de
regularidade, havendo o destaque do ICMS devido, tendo sido escrituradas no
livro de registro de entradas (f.
35/162). No que toca à prova do pagamento, há, nos autos, comprovantes
de pagamento às empresas cujas notas fiscais foram declaradas inidôneas (f.
163, 182, 183, 191, 204), sendo a matéria incontroversa, como admite o fisco e
entende o Conselho de Contribuintes."
4. A boa-fé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas
após a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma
vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS.
5. O óbice da Súmula 7/STJ não incide à espécie, uma vez que a
insurgência especial fazendária reside na tese de que o reconhecimento, na
seara administrativa, da inidoneidade das notas fiscais opera efeitos ex tunc, o
que afastaria a boa-fé do terceiro adquirente, máxime tendo em vista o teor do
artigo 136, do CTN.
6. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo
543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.
(REsp n. 1.148.444/MG, relator Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado
em 14/4/2010, DJe de 27/4/2010.)

Anexo VI
AgInt no REsp 1.724.635/SP

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO FISCAL. ICMS.
CREDITAMENTO. INIDONEIDADE DA EMPRESA ALIENANTE
RECONHECIDA EM MOMENTO POSTERIOR À TRANSAÇÃO. AQUISIÇÃO
DA MERCADORIA DEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE
DA EMPRESA ADQUIRENTE. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO FIRMADO
QUANTO AO TEMA 272/STJ (RECURSO ESPECIAL 1.148.444/MG).
PROVIMENTO NEGADO.
1. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o Recurso Especial
1.148.444/MG (Tema 272/STJ), sob o regime de recursos repetitivos, firmou a
orientação de que a responsabilidade do adquirente de boa-fé reside na
exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação
pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de
idoneidade incumbe ao fisco, afastando a incidência do disposto no art. 136 do
Código Tributário Nacional.
2. Na espécie, deve ser afastada a responsabilidade da empresa
adquirente, tendo em vista a demonstração da aquisição da mercadoria,
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mesmo havendo o reconhecimento posterior da inidoneidade da empresa


fornecedora das mercadorias.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no REsp n. 1.724.635/SP, relator Ministro Paulo Sérgio Domingues,
Primeira Turma, julgado em 29/4/2024, DJe de 3/5/2024.)

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