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Tal como em outras obras do periodo de maturidade do autor, encontra-se

neste triptico uma virtude rara na pintura da época: à tradição medieval da


pintura flamenga do século XV, baseada no equilíbrio e na harmonia, foi
aliada a sensibilidade moderna do século XVI, propensa ao despertar da
espiritualidade e da razão. Por outro lado, existe quem defenda que terá sido
uma forma de Surrealismo que surgiu 4 séculos antes daquilo que é
normalmente atribuido ao aparecimento desta corrente artistica: "O Jardim
das Delicias Terrenas" é um exemplo de uma expressão plástica orientada
por um pensamento espontâneo e por impulsos do subconsciente,
desprezando a lógica e os padrões da ordem moral e social.

(Andreia) Este triptico é divido em três partes - a da esquerda ilustra o Jardim


do Eden, a central representa o Jardim das Delicias Terrenas, um falso
paraiso onde já todos sucumbiram ao pecado, e, à direita, o Inferno,
representando os tormentos aos quais a humanidade fica exposta.

Na obra estão presentes os mais diversos elementos, entre eles animais


exóticos, como elefantes e girafas, quando África era praticamente
desconhecida na Europa. Esta diversidade mostra que Bosch foi, de igual
modo, influenciado por bestiários

mitológicos da era medieval, sendo estes também carregados de imaginação


e fantasia e de um mundo surreal e simbólico. Dado ainda o contexto
histórico, estão presentes vários nus e podemos ver todo o tipo de relações
sexuais e eróticas, quer sejam heterossexuais ou

homossexuais. Com o nosso olhar, podemos construir um plano de pormenor


e reparar nas diversas narrativas e simbolos presentes, sendo estes de
incerto significado e estando, como tal, sujeitos às mais variadas
interpretações, embora em alguns casos a presença de passagens bíblicas
sejam evidentes e o simbolismo utilizado em alguns pontos seja reconhecido
e

comum na época.

(Eu) O quadro fechado na sua parte exterior alude ao terceiro dia da criação
do mundo (surgimento na Terra das árvores que dão os frutos). Representa
um globo terráqueo, ou seja uma esfera transparente com a Terra no seu
interior (uma superficie plana, uma vez que se pensava na altura que a Terra
era plana) simbolo, para alguns autores, da fragilidade do universo. Há
apenas formas vegetais e minerais, não há animais nem pessoas. Está
pintado em tons acinzentados, branco e preto, o que corresponde a um
mundo sem o Sol nem a Lua embora também seja uma forma de conseguir
um dramático contraste com o colorido interior, entre um mundo antes do
homem e outro povoado por uma infinidade de seres.

Tipo e movimento artistico (Liandra)

Tal como em outras obras do periodo de maturidade do autor, encontra-se


neste triptico uma virtude rara na pintura da época: à tradição medieval da
pintura flamenga do século XV, baseada no equilíbrio e na harmonia, foi
aliada a sensibilidade moderna do século XVI, propensa ao despertar da
espiritualidade e da razão. Por outro lado, existe quem defenda que terá sido
uma forma de Surrealismo que surgiu 4 séculos antes daquilo que é
normalmente atribuido ao aparecimento desta corrente artistica: "O Jardim
das Delicias Terrenas" é um exemplo de uma expressão plástica orientada
por um pensamento espontâneo e por impulsos do subconsciente,
desprezando a lógica e os padrões da ordem moral e social.
É desta forma um surrealismo peculiar quatro séculos antes de Dali, Yves
Tanguy e Joan Miró e que teria surgido por volta de 1920. Além dos esboços
e desenhos que lhe são atribuidos, as poucas pinturas que carregam o seu
nome são um marco na história da arte.

Contexto social e histórico (Andreia)

A pintura foi criada por volta de 1503-1504, durante o periodo conhecido


como renascimento nórdico, que tem várias semelhanças com o
renascimento italiano, como o humanismo e a busca pelo belo. Passou a
haver outro entendimento da vida e da cultura, e a ser valorizada mais a
figura humana, mais realista, focando a sua atenção nos detalhes das obras
de arte.

Teorias Possíveis

Teoria da Expressão: Eu o que está entre parénteses diz a Andreia A obra "O
Jardim das Delícias Terrenas" pode ser explicada pela Teoria da Expressão.
Existem várias versões da teoria, sendo as mais relevantes a de Tolstoi ("a
arte transmite um sentimento particular de forma clara e a intenção de o
transmitir deve ser sincera por parte do artista, e quanto melhor a arte
exprimir os sentimentos do artista, melhor será a obra") e a de R. G.
Collingwood.
Segundo a Teoria da Expressão a arte tem também a ver com o seu criador,
com o artista. A teoria envolve os seguintes aspetos:

O artista tem de sentir algo (podemos não saber o que Bosch pensou quando
pintou o quadro, mas não há dúvidas que seria impossivel criar um quadro
tão rico e expressivo se não tivesse sido sentido)

O público tem de sentir o mesmo (ao longo dos séculos o triptico tem gerado
muitas e intensas emoções para além de infinitas interpretações - nunca se
saberá se terão sido as do criador mas algumas terão sido coincidentes)

Tem de haver autenticidade por parte do artista (esta autenticidade nunca


terá sido dada a originalidade do quadro para a época)

posta em causa, O artista deve tentar clarificar os sentimentos expressos (é


impossível saber se na altura Bosch terá ou não tido esta necessidade de
clarificação)

A transmissão de sentimentos tem de ser intencional (as cenas


representadas são intensas, de certa forma inesperadas para a época. A sua
divisão num tríptico, tem um objetivo claro de passar um conjunto de
sentimentos muito dispares e que de forma eximia irão despertar emoções
diferentes em função da pessoa que as ve e da própria época em que o
triptico for observado).
Teoria Formalista (Eu)

A Teoria Formalista descreve uma obra de arte como um objeto que provoca
emoção estética no público, por possuir forma significante: urma combinação
e proporção de formas e cores revelando a essência das coisas. Ao artista
cabe revelar essa forma e ao público cabe captá-la.

Sem dúvida que esta teoria descreve a emoção transmitida pelo "Jardim das
Delicias Terrenas" ao público em geral. A combinação de cores e as formas
muitas vezes extravagantes são fundamentais na transmissão da essência
que está por trás desta obra.

Uma objeção que pode ser feita a esta teoria da arte é que a sua
argumentação é circular, uma vez que afirma que é a forma significante que
desperta a emoção estética, no entanto é só a partir desta que é possivel
captar a forma significante, ou seja, acaba por não afirmar propriamente se a
origem da forma significante está no sujeito ou na obra.
Conclusão (Liandra)

A obra "O Jardim das Delicias Terrenas", criada no século XVI, é um


testemunho vivido e intrigante da imaginação artística renascentista. Este
triptico monumental, cujo painel central é particularmente impressionante,
cativa o observador com sua riqueza simbólica, detalhes minuciosos e
narrativa misteriosa. Ao examinarmos as caracteristicas desta obra-prima e
as teorias da arte que se encaixam nela, somos convidados a explorar os
diferentes níveis de significado e as interpretações que ela tem inspirado ao
longo dos séculos. Esta representação alegórica da sociedade da época,
encaixa-se com perfeição na sociedade

atual, revelando um aspecto intemporal da obra e um alerta para a


humanidade.

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