Braspen. Desnutrição
Braspen. Desnutrição
Braspen. Desnutrição
Toledo DO et al.
ABSTRACT
Malnutrition is often found in the hospital environment. Often overlooked, malnutrition has the
Unitermos: following major complications: poor immune response, delayed healing, high risk of surgical
Desnutrição. Fatores de Risco. Hospitalização. Brasil. and infectious complications, increased probability of development of pressure lesions, increased
length of hospital stay and mortality risk. Apart from this, it entails a considerable increase in
Keywords: hospital costs. The malnutrition rate varies between 20 and 50% in hospitalized adults and during
Malnutrition. Risk Factors. Hospitalization. Brazil. hospitalization this condition progressively worsens mainly in elderly and critically ill patients. In
1998, the Brazilian survey, known as IBRANUTRI, evaluated 4,000 patients hospitalized in the
Endereço para correspondência: public hospital network of several Brazilian states, confirming the prevalence of malnutrition in
48.1% of the patients. Twenty years ago, these data were published and the scenario remains
Diogo Oliveira Toledo
unchanged until the present day, because, in 2016, another study (with approximately 30,000
Av. Albert Einstein, 627 – São Paulo, SP, Brasil patients) corroborated the maintenance of the high prevalence of malnutrition in hospitalized
CEP: 05652-900 patients. Early identification of malnutrition, as well as management, through recommended tools,
E-mail: [email protected] makes it possible to establish more appropriate nutritional management and improvement of the
outcome in these patients. The objective of this campaign is to reduce malnutrition rates through
Submissão: a series of actions including screening, diagnosis, management and treatment of malnutrition.
5 de fevereiro de 2018 To facilitate the way of disseminating this knowledge, a mnemonic method was developed with
the word “MALNUTRITION”, addressing each initial letter in a simple way, from concept to treat-
Aceito para publicação ment of malnutrition. In this way, the method guarantees an interdisciplinary integration, besides
2 de março de 2018 investigating the main aspects of the general care of the malnourished patient.
relevantes são a redução da ingestão alimentar recente, validadas. O nutricionista é, em geral, o responsável pela
a perda ponderal, o edema, a perda de massa magra e triagem nutricional na maioria dos hospitais. Quando o risco
de tecido adiposo e a redução da capacidade funcional. nutricional é identificado, preconiza-se realizar a avaliação
Observar precocemente esses fatores é essencial para nutricional.
reconhecer pacientes que se beneficiam de intervenção A triagem nutricional deve ser registrada nos prontuá-
nutricional guiada por metas12-14. rios dos pacientes em até 24h após a admissão hospitalar,
A Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e deve ser repetida semanalmente em pacientes sem risco
Enteral (ASPEN) define a triagem nutricional como “um e que permanecem hospitalizados. Sugestões de métodos
processo para identificar indivíduos desnutridos ou em de triagem nutricional incluem a NRS 2002 e a MST, para
risco de desnutrição para determinar se a avaliação pacientes de enfermarias, e também o NUTRIC, para
nutricional é indicada”11. Assim, a triagem nutricional pacientes críticos.
representa o gatilho inicial desse processo, uma vez A avaliação nutricional é, em geral, atividade do nutri-
que os fatores de risco incluídos nessas ferramentas são cionista. Devem ser submetidos à avaliação nutricional os
preditores da desnutrição13. Ceniccola et al.12 apontaram pacientes em risco nutricional e aqueles com longo período
que pacientes em risco nutricional, pela NRS 2002, na de permanência hospitalar. A avaliação nutricional é um
admissão da UTI, tinham 14 vezes mais probabilidade de processo amplo e pode envolver vários aspectos, como
serem classificados como desnutridos.
carências de micronutrientes e até a obesidade, mas quando
A seleção de uma ferramenta de triagem nutricional deve se tem a finalidade de avaliar a desnutrição, podem ser
considerar a população alvo, a objetividade e a rapidez utilizadas ferramentas mais tradicionais a exemplo da AGS
de aplicação do método, uma vez que todos pacientes e também novos métodos como o proposto pela AND
internados devem ser triados. Para essa tarefa, é necessário em conjunto com a American Society of Parenteral and
contar com equipes interprofissionais de terapia nutricional. Enteral Nutrition (ASPEN), denominado de método AND-
Como exemplos de aplicação da triagem nutricional, a NRS ASPEN. Recordando que há proposta de unificação para o
200215 e aMalnutritionscreening tool (MST)16são ampla- diagnóstico nutricional em consenso de várias sociedades,
mente empregadas em enfermariase, mesmo com certas representada pelo grupo GLIM20.
limitações, podem também serúteis para pacientes críticos.
Nesses últimos, se destaca oNutritionRisk in theCriticallyIll
(NUTRIC) Score17, um método validado especificamente em E- Estabeleça as necessidades calóricas e proteicas
pacientes críticos. Uma das limitações do NUTRIC é que ele Referencial teórico
é composto de variáveis não tradicionalmente associadas à Necessidade Energética
desnutrição, mas à gravidade da doença. Escolher qual ferramenta utilizar no cálculo da necessi-
dade energética dos pacientes ainda é um grande desafio.
Após a triagem nutricional, os pacientes em risco e
Apesar do padrão ser a calorimetria indireta (CI), o alto custo
aqueles com longa permanência hospitalar devem ser
do equipamento torna o uso distante da prática clínica da
submetidos à avaliação nutricional para o adequado diag-
grande maioria dos profissionais. Existem poucos estudos
nóstico do seu estado nutricional. É definida pela Academy
of Nutrition and Dietetics (AND) como “um processo para comparando a CI com as equações preditivas em relação a
obter, verificar e interpretar os dados necessários para desfecho. Análise da literatura indicou que os estudos apre-
identificar problemas relacionados a nutrição, suas causas sentam grande heterogeneidade de pacientes e a maioria
e consequências”. A Avaliação Global Subjetiva (AGS) destes não é randomizada21.
é um exemplo de ferramenta validada e amplamente Dentre as equações preditivas disponíveis, todas apre-
utilizada em hospitais, tendo sido desenvolvida em 1987 sentam limitação e baixa acurácia quando comparadas à
e, desde então, é empregada com sucesso em diversos CI, apresentando assim grande probabilidade de hipo ou
grupos de pacientes18. Outros métodos de diagnóstico hiperalimentação. Um estudo que avaliou a acurácia das
mais recentes foram propostos pela ESPEN19 e pela AND- equações preditivas observou que 38% subestimaram e 12%
ASPEN13. Esse último é consideravelmente similar à AGS, superestimaram as necessidades energéticas em mais de 10%
pois inclui elementos semelhantes. Um grupo de trabalho quando comparadas à CI. Foram encontrados, ainda, valores
internacional denominado Global Leadership Initiative on de até 43% abaixo e 66% acima da necessidade medida por
Malnutrition (GLIM)20 visa unificar essas propostas para CI para determinado paciente22.
desenvolver ferramenta de diagnóstico universal. Finalmente, ao se comparar equações complexas com
regra de bolso, baseada no peso do paciente, em amostra
Abordagem prática de mais de 8.000 doentes graves não foi observada dife-
A triagem nutricional deve ser feita à admissão hospitalar rença na mortalidade, mas houve menor permanência em
por profissional de saúde treinado e utilizando ferramentas pacientes que utilizaram a regra de bolso para cálculo da
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necessidade energética23. Portanto, parece razoável que, Quadro 2 – Sugestões de meta energética, baseadas na regra de bolso.
na ausência da CI, a regra de bolso seja utilizada, visto
Pacientes na Enfer- Fase inicial 25 a 30 kcal/kg
que, apresenta resultados razoáveis, é mais fácil e rápida
maria Fase de recuperação 30 a 40 kcal/kg
de ser realizada. Neste sentido, indica-se, em geral, entre
25 e 30 kcal/kg de peso atual (exceção para pacientes Pacientes na Fase Inicial 20 a 25 kcal/kg
UTI Fase de Recuperação 25 a 30 kcal/kg
obesos que devem ter o peso corrigido para o ideal).
Observação: Risco de Síndrome de Realimentação – iniciar com 15 kcal/kg
Necessidade Proteica
O músculo esquelético corresponde a 80% da massa Quadro 3 – Sugestões de meta proteica, baseadas na regra de bolso
celular corporal de um adulto jovem e saudável. A
lesão tecidual grave precipita tempestade de citocinas e Baixo catabolismo 1,0 a 1,2 g/kg
hormônios contrarregulatórios que aumentam drastica- Moderado catabolismo 1,2 a 1,5 g/kg
Pacientes na
mente o catabolismo muscular, liberando os aminoácidos Alto catabolismo 1,5 a 2,0 g/kg
Enfermaria
na corrente sanguínea que atuarão na regulação das Doença Renal Crônica sem 0,8 a 1,2 g/kg
respostas inflamatórias e imunológicas24. O catabolismo evento catabólico agudo
muscular, por sua vez, leva a rápida e grave atrofia da Sem Terapia Renal 1,2 a 2,0 g/kg
musculatura esquelética. Substitutiva Contínua
Em Terapia Renal 2,0 a 2,5 g/kg
Em pacientes graves, com alto catabolismo, a perda de Pacientes na UTI Substitutiva Contínua
massa muscular foi recentemente quantificada, por meio Obeso grau 1 e 2 2 g/kg peso ideal
da espessura do reto femoral por ultrassonografia, e varia
Obeso grau 3 2,5 g/kg peso ideal
de 15 a 25%, nos primeiros 10 dias de internação na UTI25.
Essas considerações corroboram as recomendações
atuais de necessidade de alta oferta proteica. Enquanto a S - Saiba a perda de peso e acompanhe o peso do
ingestão de proteínas recomendada para pessoas saudá- paciente pelo menos a cada 7 dias
veis gira em torno de 0,8 a 1,0 g/kg/dia, a recomendação Referencial teórico
proteica para o doente não obeso vai de 1,2 a 2,0g/kg/ A avaliação da porcentagem de perda de peso é
dia26. Dados clínicos preliminares apontam que ofertar importante preditor de risco nutricional. Além disso, o peso
até 2,5 g/kg/dia, principalmente em pacientes críticos, é corporal é considerado informação essencial na assistência
seguro27. Porém, são necessários estudos de alta qualidade direta ao paciente, porque reflete o somatório dos compo-
para avaliar qual seria realmente a oferta ideal. nentes corporais e, na maioria das vezes, é incorporado
Existem poucos estudos que comparam diferentes nas ferramentas de triagem nutricional e nos controles de
ofertas proteicas e o desfecho clínico. Um deles avaliou, cuidado interprofissional, seja na admissão hospitalar, em
prospectivamente, 113 pacientes internados em UTI e atendimentos ambulatoriais ou cuidados domiciliares30,31.
observou correlação entre a oferta proteica e a mortali- Por tratar-se de informação que pode influenciar na
dade, sendo que pacientes que receberam oferta proteica conduta terapêutica, este cuidado deve ser instituído como
de 1,5 g/kg/dia tiveram melhor sobrevida (p=0,011)28. rotina, no mínimo semanalmente, em pacientes hospitali-
Estudo multicêntrico observacional com pacientes críticos zados – além de indicativo do estado nutricional, o peso é
que permaneceram ≥4 dias (n=2828) ou ≥12 dias determinante para prescrição dietética e cálculos de estima-
(n=1584) destacou que o alcance de ≥ 80% da meta tiva de gasto energético, como as fórmulas de bolso, que
proteica foi associado com redução da mortalidade, tanto se baseiam em recomendações por quilo de peso. Avaliar o
em pacientes com tempo de internação mais ou menos peso, no mínimo, uma vez por semana é fundamental32-34.
prolongado29. Assim sendo, o esforço para atingir a meta Ainda, o peso é fundamental para o cálculo do IMC, que
proteica parece fazer diferença do desfecho final, espe- pode auxiliar na determinação do diagnóstico nutricional
cialmente do ponto de vista funcional dos pacientes em Vale ressaltar que o peso atual do paciente pode refletir
terapia nutricional (na verdade, isto representa quem está não somente o estado nutricional, mas também o estado de
a ser de fato tratado, contra os que não foram adequa- hidratação (presença de edema, ascite, entre outros – que
damente tratados). devem ser desconsiderados para definição do peso seco).
Em pacientes acamados, o método ideal para mensuração
Abordagem prática do peso é a maca balança, mas este equipamento é inexistente
Os quadros 2 e 3 sugerem regras de bolso para cálculo na imensa maioria dos hospitais brasileiros. Existem também
das necessidades energéticas e proteicas baseadas nas os métodos indiretos para estimar o peso, como as fórmulas
últimas diretrizes internacionais21,22,26,27. de estimativa, mas que apresentam limitações: poucas foram
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desenvolvidas para população brasileira e para diferentes Para a adesão ao protocolo de verificação do peso
faixas etárias. Em casos de restrição total ao leito ou na corporal, é imprescindível a participação da equipe inter-
presença de edema, a aferição de pregas cutâneas e de circun- profissional procurando incentivar o paciente, familiar e ou
ferências musculares pode também ser de difícil mensuração cuidador no acompanhamento deste cuidado.
e validação32,35. Outro método indireto para cálculo de peso
Pesquisas recentes apontam para a necessidade de
ideal é contemplando o IMC médio, que para adultos pode
empoderar os pacientes para apoiar na gestão do seu
ser considerado 22 kg/m2 e para idosos, 24,5 kg/m2.
autocuidado37.
Abordagem prática
A verificação correta do peso corporal auxilia no alcance N- Não negligencie o jejum
das metas do cuidado e é imprescindível para31: Referencial Teórico
O tempo excessivo de jejum dos pacientes durante a
• Fornecer dados fidedignos na avaliação e monitoramento
internação hospitalar foi identificado como importante fator
do estado nutricional e de hidratação do paciente;
de risco para desnutrição hospitalar38. Durante períodos de
• Auxiliar no cálculo das necessidades nutricionais, auxi-
jejum, ocorre redução da secreção de insulina e aumento
liando no plano terapêutico interprofissional;
da secreção de glucagon e catecolaminas, levando à glico-
• Estabelecer e monitorar o balanço para cálculo de doses genólise e lipólise. Quando se acrescenta a resposta ao
seguras de medicamentos, como antibióticos, sedativos estresse, o catabolismo é acelerado, levando à perda de
e hidratação;
massa muscular.
• Selecionar dispositivos acessórios utilizados na mobili-
Os principais motivos que levam ao jejum excessivo
zação precoce.
incluem pausas para exames e procedimentos diagnósticos,
A fim de assegurar o cumprimento de rotinas e fornecer interrupções antes ou após procedimentos cirúrgicos ou como
dados precisos e informação segura, a adoção de um
parte do controle de sintomas gastrointestinais (náuseas,
checklist (Quadro 4) pode auxiliar na adesão desta rotina36.
vômitos e diarreia) e espera de avaliação funcional da
deglutição39.
Quadro 4 – Checklist para aferição do peso corporal.
Recomendação Fundamentação da prática Abordagem prática
Relacionados à balança Todos os pacientes em jejum por mais de 48h devem
( ) Balança calibrada Equipamentos calibrados e precisos ser acompanhados com mais cuidado e a possibilidade
podem fornecer dados fidedignos e expor de indicação de vias alternativas de alimentação deve ser
em menor risco de erros no diagnóstico ou considerada, respeitando as particularidades de cada caso.
tratamento
( ) Desinfecção da A desinfecção correta do equipamento de
balança aferição pode minimizar riscos potenciais Abreviação do jejum antes de exames e procedi-
de infecção mentos diagnósticos
Relacionados ao paciente Não há diretrizes claras sobre o tempo necessário de
( ) Esvaziamento prévio Este cuidado permite menor variação de jejum antes da realização de exames diagnósticos40. Portanto,
da bexiga e jejum peso e facilita a comparação diária das recomenda-se que cada instituição elabore protocolos entre
medidas os setores envolvidos (UTIs, unidades de internação, endos-
( ) Horário pré-definido A rotina definida de horário pode auxiliar no copia, radiologia, cardiologia) para definição do tempo de
para verificação preparo do paciente e otimizar as ações de
enfermagem
jejum adequado a ser cumprido antes da realização de cada
( ) Posicionamento O posicionamento correto fornece dados
exame. É fundamental a comunicação efetiva entre os setores
correto do paciente e da mais confiáveis do hospital para o cumprimento dos tempos acordados e
balança redução de atrasos na programação. A comunicação efetiva
Relacionados à equipe de enfermagem com pacientes/familiares sobre tempo de jejum e horário de
( ) Familiaridade no uso O conhecimento prévio do equipamento e liberação da dieta é fundamental para garantir o cumpri-
dos equipamentos da rotina de controle permite a verificação mento dos prazos.
correta do peso corporal
( ) Comparação com O parâmetro anterior permite comparações
medida anterior e condutas terapêuticas mais eficientes Abreviação do jejum pré-operatório
( ) Uso de balança ade- O uso correto das balanças fornece dados Várias diretrizes de sociedades de Anestesiologia e o
quada para cada tipo de fidedignos e precisos projeto ACERTO apoiam a abreviação do jejum pré-opera-
paciente tório e recomendam manter jejum para sólidos por seis horas
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Traqueostomia 1
Realimentação precoce no pós-operatório: Cirurgia Torácica Broncoscopia 4
Vários estudos sugerem que a realimentação oral e
Drenagem pleural 1
enteral precoce no pós-operatório melhora os desfechos
clínicos44. Em operações com anastomoses gastrintestinal, Cardiologia Ecocardiograma transe- 6
enteroentérica, enterocólica ou colorretal, a dieta oral ou sofágico
enteral deve ser iniciada no mesmo dia ou no primeiro dia
pós-operatório43.
Abordagem Prática
• Avaliar o risco nutricional do paciente, por meio de
instrumentos de triagem conforme passo 1;
• O serviço de nutrição hospitalar deve desenvolver
e padronizar manual de dietas contendo as dietas
hospitalares de rotina e as especializadas. Esse
manual é ferramenta primordial no cuidado nutri-
cional ao paciente internado. Direciona e auxilia
a equipe médica e interprofissional a conhecer e
entender melhor a dieta prescrita, já que não há
consenso sobre a nomenclatura das dietas ofere-
cidas nos hospitais. Ademais, fornece subsídios para
avaliar e acompanhar o que está sendo ingerido pelo
paciente 51;
• Identificar os pacientes que necessitam de monitora-
mento pelo nutricionista ou outro profissional da equipe
interprofissional assistencial quando apresentam acei-
tação alimentar insatisfatória;
• Utilizar ferramentas de fácil aplicação à beira-leito;
• Garantir prescrição dietética adequada para cada
Figura 1 - Sugestão de impresso para avaliar o percentual do consumo alimentar em unidade
paciente e assegurar plano de cuidado nutricional
hospitalar51.
personalizado. Padronizar o que é servido para o Obs: essa ferramenta também pode ser utilizada para anotação pelo próprio paciente, familiar
ou cuidador envolvido, desde que bem orientados e treinados (processo de empoderamento
paciente; do paciente e familiares/acompanhantes).
• Treinar a equipe interprofissional para aplicar as ferra-
mentas e realizar registros adequados no prontuário 2. Acompanhar a aceitação alimentar dos pacientes por meio do
do paciente; registro da ingestão alimentar
• Utilizar indicadores de qualidade, como medidas obje- - Registrar, em impresso próprio, o consumo alimentar da dieta via
tivas para avaliar o volume infundido versus prescrito oral, que pode/deve ser feito pelo próprio paciente e/ou familiares.
da nutrição enteral e parenteral; - Anotar dados sobre os alimentos/preparações e quantidades consu-
midas em cada refeição (desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche
• Calcular a adequação calórica ofertada versus ingerida da tarde, jantar e ceia) ao longo do dia.
(Quadro 8). - Preencher o formulário continuamente durante o período de hospita-
As anotações servirão tanto para o/a nutricionista lização, ou por pelo menos 3 dias consecutivos para maior assertivi-
como também para outros membros da equipe interpro- dade na conduta a ser tomada.
fissional, uma vez que a alimentação do paciente é parte - Após o preenchimento, cabe ao nutricionista avaliar a aceitação
alimentar e realizar o cálculo da ingestão alimentar realizada pelo
integrante do tratamento, acompanharem o quadro do
paciente.
enfermo (Quadro 9)
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Diga não à desnutrição
A - Acolha e engaje o paciente e/ou familiares cuidadores e familiares, construindo um bom relaciona-
no tratamento mento durante o período de internação93,96. A habilidade
Referencial teórico de colocar-se no lugar do outro pode ser o grande dife-
A doença e a incapacidade são experiências comuns rencial para o atendimento de excelência, melhorando a
em ambiente hospitalar e frequentemente desencadeiam confiança acerca das informações transmitidas para maior
impactos negativos, como medo, ansiedade e depressão, engajamento e melhor desfecho clínico96,97.
que podem afetar diretamente a parte alimentar 90,91.
Compreender as alterações que ocorrem na vida do O - Oriente a alta hospitalar
paciente é primordial para o desenvolvimento de estraté- Referencial teórico
gias de acolhimento que favoreçam melhor comunicação A preparação para a alta só começa quando o paciente
e entendimento das oportunidades de intervenção91. já está clinicamente apto a deixar o hospital. Portanto,
O papel educacional da EMTN também deve ser tarefas que requerem tempo, como educar os pacientes
compreendido em sua complexidade, pois são as infor- com relação à nutrição, reconciliação medicamentosa,
mações transmitidas durante o período de internação que agendamento de acompanhamentos e organização do
garantem o engajamento do paciente na capacitação transporte, necessitam de planejamento98,99.A falta deste
para o autocuidado92,93. A triagem nutricional e anamnese planejamento de alta pode levar a readmissões e custos
adequadas, assim como o monitoramento e ajuste perió- mais elevados. Outro elemento importante do processo
dico dos nutrientes às diferentes situações clínicas, podem de alta é garantir que os pacientes e/ou familiares estejam
auxiliar na recuperação e diminuir potencialmente as rein- empoderados para gerenciar em casa e garantir a conti-
ternações. Abordagens que levam ao empoderamento dos nuidade do tratamento. Para ter desempenho eficaz no
pacientes e/ou responsáveis geram maior compreensão processo de alta hospitalar, o primeiro requisito é estabe-
da importância do tratamento nutricional92. lecer como meta a data de previsão da alta99,100.
A humanização no ambiente hospitalar evidencia que
a ciência e a tecnologia isoladamente não suprem a Abordagem prática
necessidade do paciente e de seus familiares, mas sim a Modelos estratégicos para este processo devem ser
totalidade da experiência deles durante e após o período estimulados e desenvolvidos conforme recursos próprios da
de internação94,95. instituição. Um exemplo é a de checklist simples para alta
hospitalar (Quadro 15).
Abordagem prática
• Acolher e engajar os pacientes e familiares no
autocuidado; Quadro 15 – Checklist para alta hospitalar.
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