Dissertação Versão Final - Juliana Andrade - 25!09!23
Dissertação Versão Final - Juliana Andrade - 25!09!23
Dissertação Versão Final - Juliana Andrade - 25!09!23
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Salvador - Bahia
2023
JULIANA SANTOS ANDRADE
Salvador-Bahia
2023
Universidade Federal da Bahia
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (PGEDU)
ATA Nº 1
_________________________________________________________________
Universidade Federal da Bahia
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (PGEDU)
Mestranda
_________________________________________________________________
Dedico este trabalho a todos os meus alunos –
em especial ao meu ex-aluno Esdras e a Eliana
Ferreira Lima – que inspiraram a minha busca
em compreender um pouco dessa vasta gama
de cores que compõem o espectro do autismo.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e por encontrar mestres e colegas que me fizeram
desenvolver no âmbito pessoal e profissionalmente.
Ao meu eterno e primeiro amor, Vilma Santos Andrade, minha mãe. Às minhas lindas
e amadas filhas Agnes e Agatha e ao meu companheiro Jean, por todo apoio.
À minha tia Emérita Andrade, pela insistência em que eu lutasse pelo meu sonho de
cursar o mestrado em educação. A Bárbara Ramos, extensivo a todo o Clã Andrade Ramos
(Maria Quitéria; Carlos Ernesto; Mário Aníbal; Marcelo Conceição e Leonardo Ramos). Ao
meu tio e padrinho José Alberto Ramos.
Ao Prof. Dr. Miguel Bordas, pelos muitos ensinamentos, paciência, acolhida, partilha.
Enfim, fui privilegiada de poder ter um orientador dessa envergadura, tanto em termos de
competência quanto em humanidade.
À Profª Drª Sheila Uzêda, por não soltar a minha mão desde o momento dos primeiros
arremates até o burilamento final. A sua organização e técnicas de estudo e pesquisa muito
me ajudaram no processo de organização.
À Profª Drª Marlene de Oliveira dos Santos, que, através da docência, pesquisa e
extensão, luta por uma Educação Infantil de qualidade para todas as crianças. Muito obrigada
por toda a partilha e ensinamentos e por participar da minha banca de qualificação, dando
preciosas sugestões para a melhoria deste trabalho.
À Profª Drª Nelma de Cássia Sandes Galvão, que muito colaborou, pontuando
cuidadosamente os aspectos que precisavam ser revistos, complementados e aperfeiçoados
nesta dissertação.
Às Professoras: Drª Miralva dos Santos Silva e Drª Sonia Lopes Victor, que gentilmente
aceitaram participar da banca de defesa do mestrado. Estejam certas de que muito
contribuíram para aperfeiçoar esta pesquisa.
Aos meus colegas de turma 2021.1, em especial a Cristiane Conceição, pela amizade
fraterna.
A Adriana Jesus, Antônia Cristina Daltro, Karoline Maria Lima, Maria das Graças Silva,
Elisângela Araújo, pelas palavras de incentivo; a Cristiane Jesus, Daiane Santil e Antônio
Costa, pelas dicas de como me manter calma durante a arguição.
A Dilma Santana, pela consideração e pelas inúmeras vezes em que me socorreu com
o trabalho de impressões.
Ao Prof. Dr. Reinaldo Miranda, pela cuidadosa e minuciosa revisão gramatical e das
normas da ABNT.
Às "minhas" crianças, porque, mesmo nos dias mais tristes, elas renovam a minha
esperança em dias melhores. Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte deste
momento decisivo da minha vida.
Resumindo, devemos estudar não a deficiência, mas a
criança com umas ou outras deficiências; por isso o
estudo integral da personalidade infantil em sua interação
com o meio circundante deve constituir a base de todas
as investigações [...]
(VIGOTSKI, 2019, p. 2)
ANDRADE, Juliana Santos. Crianças com o transtorno do espectro autista na
Educação Infantil: aspectos legais e pedagógicos. 2023. Orientador: Miguel Angel
Garcia Bordas. Coorientadora: Sheila de Quadros Uzêda. 162 f. il. Dissertação
(Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,
Salvador, 2023.
RESUMO
ABSTRACT
The study addresses the process of school inclusion of children with Autism Spectrum
Disorder (ASD) in Early Childhood Education. The general objective of the research is
to analyze the process of school inclusion of children with ASD in daycare centers and
preschools in the Municipal Education Network of Salvador-Bahia. To this end,
qualitative research, of the case study type, was carried out in two Creches and Pré-
Escolas Primeiro Passo (CPPP) and a Municipal Education Center (CMEI) in Salvador-
Bahia, as well as a bibliographical survey on the legal aspects and pedagogical
aspects of the school inclusion of children with ASD in the daycare and preschool
segments. Data were collected through semi-structured interviews and unsystematic
observation of children in the aforementioned educational units (UE). The analyzes
and reflections highlighted in this dissertation permeated the analytical framework of
the historical-dialectic materialist approach, more specifically the Historical-Cultural
Theory, focusing on the context of school inclusion of children with autism spectrum
disorder. Thus, the studies undertaken by Vigotski (1896; 1898; 2010; 2019), as well
as the reinterpretations of his work carried out by Prestes and Tunes (2011; 2012;
2020), plus other authors, such as Aranha (2001) and Bianchi (2017), who discuss the
aforementioned theme, thus contributing to complementing the theoretical foundation
of this research. The findings indicate that the school inclusion of children with ASD in
early childhood education has occurred in the UE studied; however, the lack of
investment in continuing teacher training, infrastructure and didactic-pedagogical
resources are barriers that make this process difficult. It was concluded that the school
inclusion of children with ASD is a collective demand of contemporary society and that
it requires a joint effort from all social spheres to be implemented.
RESUMEN
El estudio aborda el proceso de inclusión escolar de niños con Trastorno del Espectro
Autista (TEA) en Educación Infantil. El objetivo general de la investigación es analizar
el proceso de inclusión escolar de niños con TEA en círculos infantiles y preescolares
de la Red Educativa Municipal de Salvador-Bahía. Para ello, se realizó una
investigación cualitativa, del tipo estudio de caso, en dos Guarderías y Pré-Escolas
Primeiro Passo (GPPP) y un Centro Educativo Municipal (CMEI) en Salvador-Bahia,
así como un levantamiento bibliográfico sobre los derechos legales, aspectos y
aspectos pedagógicos de la inclusión escolar de niños con TEA en los segmentos de
guardería y preescolar. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas
semiestructuradas y observación no sistemática de niños de las unidades educativas
(UE) antes mencionadas. Los análisis y reflexiones destacados en esta disertación
permearon el marco analítico del enfoque materialista histórico-dialéctico, más
específicamente la Teoría Histórico-Cultural, centrándose en el contexto de la
inclusión escolar de niños con trastorno del espectro autista. Así, los estudios
emprendidos por Vigotski (1896; 1898; 2010; 2019), así como las reinterpretaciones
de su obra realizadas por Prestes y Tunes (2011; 2012; 2020), además de otros
autores, como Aranha (2001) y Bianchi (2017), quienes abordan el tema antes
mencionado, contribuyendo así a complementar la fundamentación teórica de esta
investigación. Los hallazgos indican que la inclusión escolar de niños con TEA en la
educación infantil se ha producido en las UE estudiadas; sin embargo, la falta de
inversión en formación continua docente, infraestructura y recursos didáctico-
pedagógicos son barreras que dificultan este proceso. Se concluyó que la inclusión
escolar de niños con TEA es una demanda colectiva de la sociedad contemporánea y
que requiere de un esfuerzo conjunto de todos los ámbitos sociales para ser
implementada.
Palabras clave: Niños. Trastorno del espectro autista. Educación Infantil. Aspectos
Legales y Pedagógicos.
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 17
2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA...................................................................... 30
2.1 DEFICIÊNCIA: ASPECTOS CONCEITUAIS......................................... 38
2.2 TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL E DEFICIÊNCIA............................. 48
REFERÊNCIAS...................................................................................... 145
APÊNDICES........................................................................................... 160
Apêndice A: Roteiro de Entrevista......................................................... 161
Apêndice B: Termo de Livre Consentimento......................................... 162
17
1. INTRODUÇÃO
porque esta é sua atividade vital. [...] A base das relações sociais de
produção, as formas organizativas do trabalho. (PIRES, 1997, p. 88-89)
2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Veiga Neto (2005) esclarece que não bastam competências técnicas para
lidar com as questões impostas na inclusão; estas são condições
necessárias, mas não suficientes. Para ele, qualquer política de inclusão deve
envolver questões de ordem política, econômica, social e cultural. Então, a
inclusão por si só não diminui os diferenciais de poder, de segregação,
autoritarismo e exploração que atravessam esta sociedade. Ele aponta ainda
para as dificuldades de uma educação que seja inclusiva sem ser
homogênea, de uma educação que acolha todos os mundos sem que isto
represente um só mundo. (LEONARDO; BRAIN; ROSSATO, 2009, p.291)
Quanto a isso, estudos (COSTA, 2018; 2012) revelam que, se, por um
lado, a educação inclusiva encontra receptividade nas escolas por parte
das atitudes de acolhimento dos professores em suas salas de aula,
contribuindo para o fortalecimento da escola pública e da democracia social,
por outro não se observa alteração significativa nas escolas no que se
refere aos aspectos de acessibilidade arquitetônica, curricular e
recursos pedagógicos disponíveis nas salas de aula regulares para o
ensino de alunos considerados em situação de inclusão, contribuindo
para a afirmativa de que as escolas continuam inalteradas em sua
organização e reduzindo a educação inclusiva à matrícula compulsória
(em atendimento à legislação vigente) e à adaptação desses alunos às
condições materiais da educação mantidas na escola. ( CROCHICK; COSTA;
FARIA, 2020, p. 7-8)
35
texto constitucional. Contudo, a prática de uma educação inclusiva ainda é uma lacuna
do nosso sistema educacional.
Definir em palavras o termo deficiência não é uma tarefa fácil, visto que tanto
as terminologias quanto os conceitos sofrem variações a depender da concepção
pedagógica, sociocultural e política vivenciada à época. As diversas terminologias
utilizadas ao longo da história para definir deficiência sofreram e sofrem influências
sociopolíticas e culturais que vão se modificando ao longo do tempo, a exemplo de:
Portadores de Necessidades Especiais (PNE); Pessoa especial; Pessoa deficiente;
Pessoa com deficiência; Deficiente.
inválidos e incapazes de toda a espécie” e, por conta disso, era excluída da vida social,
sendo que, na maioria das vezes, sofria maus tratos, discriminação, preconceitos,
entre outras hostilidades.
De acordo com Jannuzzi (2012), foi no final do século XVIII e início do XIX que
ocorreram as primeiras tentativas de institucionalização da educação especial no
Brasil. Os registros históricos mostram que nesse período surgiram as Santas Casas
de Misericórdia, instituições que acolhiam doentes e pobres, exercendo uma
importante função social naquela época. A rejeição aos deficientes cedeu lugar à
compaixão, de modo que ampliaram as ações de proteção e filantropia para com as
pessoas com deficiências (BRASIL, 1994, p. 27).
Nessa perspectiva, Lília Lobo (2008) faz uma análise da história dos pobres,
escravos e deficientes, desde o período do Brasil Colonial até a fase republicana de
maneira primorosa. A autora contextualiza a visão sociocultural da deficiência, bem
como o tratamento dado a essas pessoas ao longo deste período. Até meados dos
anos 1960, vivíamos a fase da segregação das pessoas com deficiência, as quais não
frequentavam as instituições de ensino regular e eram privadas da socialização devido
aos estigmas existentes à época. O atendimento destinado a elas era restrito às
instituições especializadas, de cunho assistencialista, pois a concepção que se tinha
era de que as pessoas com deficiência não tinham capacidade para avançar no
processo educacional (SANTOS; REIS, 2015).
A história da educação especial iniciou no século XVI, com médicos e
pedagogos que acreditaram na possibilidade de indivíduos considerados ineducáveis
terem acesso à aprendizagem. Focados no aspecto pedagógico, numa sociedade
onde poucos tinham o direito à educação formal, esses precursores desenvolveram
seus trabalhos, sendo eles próprios os professores de seus alunos. E apesar de
algumas experiências inovadoras, desde o século XVI o cuidado foi custodial, e o
tratamento dado aos considerados desviantes foi a institucionalização em asilos e
manicômios. Era a fase da segregação, quando sob a crença do “melhor cuidada e
39
que incentivou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência, por meio de
campanhas assistencialistas e iniciativas isoladas do Estado, com vistas a promover
a integração das pessoas com deficiências no âmbito educacional. Em conformidade
com Buss, Andrade e Stoltz (2019), a Educação Especial (EE) começou a fazer parte
do planejamento das políticas públicas educacionais, sendo criadas escolas e
institutos especializados para esses alunos, bem como formação para o trabalho
docente, o que contribuiu para o desenvolvimento dessa área/modalidade de
educação.
Somente a partir da década de 1990 é que a luta pela inclusão social da pessoa
com deficiência tomou maiores proporções. De acordo com Uzêda (2013), há um
deslocamento do campo da Assistência Social para o campo dos Direitos Humanos
na luta das pessoas com deficiência, sujeitos que, nesse novo momento histórico,
lutam para terem seus direitos reconhecidos e respeitados, contestando a assimilação
acrítica do viés terapêutico pela educação e buscando a equidade de oportunidades
(p. 54).
A Declaração Mundial sobre Educação para Todos (UNESCO,1990) sinaliza
como objetivos de aprendizagens: satisfazer as necessidades básicas de
aprendizagem; expandir o enfoque; universalizar o acesso à educação e promover a
42
Opor-se à ideia de deficiência como algo anormal não significa ignorar que
um corpo com lesão medular necessite de recursos médicos ou de
reabilitação. Pessoas com e sem deficiência buscam cuidados médicos em
diferentes momentos de sua vida. Algumas necessitam permanentemente da
medicina para se manter vivas. Os avanços biomédicos proporcionaram
melhoria no bem-estar das pessoas com e sem deficiência; por outro lado, a
afirmação da deficiência como um estilo de vida não é resultado exclusivo do
progresso médico. É uma afirmação ética que desafia nossos padrões de
normal e patológico. (DINIZ, 2012, p.9)
Conforme descreve Diniz (2007), o sociólogo e deficiente físico Paul Hunt foi
um dos principais precursores e idealizadores do modelo social de deficiência. Hunt
enviou uma carta ao jornal The Guardian em 20 de setembro de 1972, denunciando
as péssimas condições das instituições destinadas às pessoas com deficiências e
também os prováveis maus tratos. Ele propunha a formação de um grupo que levasse
ao parlamento as ideias dessas pessoas. Michael Oliver, sociólogo e pessoa com
deficiência, respondeu à carta de Hunt e se juntou a Oliver, formando a primeira
organização política sobre deficiência, constituída e gerenciada por eles, a chamada
Liga dos Lesados Físicos contra a Segregação (UPIAS).
44
No ano de 2007 foi elaborada a CIF CJ, direcionada a crianças e jovens, com
o objetivo inicial de compreender as diversas participações e atividades, bem como
as diferentes restrições e limitações que essas crianças e jovens têm no período da
escolarização, considerando-se que o indivíduo na fase da escolar ou em outro
período de seu desenvolvimento possui especificidades. Desse modo, a utilização da
CIF no âmbito educativo traz importantes contributos: na avaliação das necessidades
educativas dos educandos; na elaboração dos Programas Educativos Individuais (PEI
ou PDI); auxilia na tomada de decisão das metodologias, didática e recursos a serem
trabalhados com os alunos e também para levar a reflexão sobre a importância da
inclusão social da pessoa com deficiência em diversas instâncias sociais.
Alguns estudiosos, como Pino (2000) e Duarte (1996, 2001), adotam, para
denominar a escola de Vigotski, o termo histórico-cultural, assim como outros
autores, entre eles Davidov e Zinchenko (1994) – continuadores da obra
vigotskiana. O termo sócio-histórico, ao que parece, surgiu a partir dos
estudos desenvolvidos por um grupo de pesquisadores da psicologia social
da PUC-SP, coordenado pela professora Silvia Lane. Referir-se ao sócio em
vez de cultural seria uma forma de enfatizar, principalmente para aqueles que
desconhecem a psicologia marxista de Vigotski, que esta teoria concebe o
desenvolvimento humano como historicamente mediado pelas relações e
produções sociais humanas. Apesar de o grupo que utiliza a denominação
histórico-cultural compreender a psicologia de Vigotski da forma mencionada,
o termo cultural poderia sugerir, para os que desconhecem sua teoria, apenas
as produções culturais, tais como o senso comum as compreende (música,
teatro, filme, artes plásticas etc.) e não como toda e qualquer produção
humana. (SILVA; DAVIS, 2004, p. 653-654)
da fronteira russa. Nasceu em 5 de novembro de 1896 e viveu com seus pais e sete
irmãos na cidade de Gomel, na mesma região da Rússia.
Lev Vigotski ressalta que desde o primeiro dia de vida, a criança já participa da
cultura e do convívio social. Dessa forma, o aprendizado, seja ele formal ou informal,
não se restringe à sistematização do primeiro para com o segundo, mas na distância
entre o conhecimento adquirido e a ser adquirido. Ao contrário do que supunham
Binet, Meuman e outros pesquisadores, Vigotski afirma que o desenvolvimento não é
premissa para a aprendizagem; já para esses outros teóricos, uma criança somente
teria condições de aprender se amadurecer as funções mentais, e assim teria
condição de iniciar a aprendizagem. Caso contrário, aprendizagem seria infrutífera.
(2010, p. 490).
Ainda que as crianças com atraso mental estudem por um tempo mais
prolongado, ainda que elas aprendam menos que as crianças normais e, por
último, ainda que se lhes ensine de outra maneira, aplicando métodos e
58
pleno século XXI ainda persiste essa visão de “normal” e “anormal”, naturalizada pela
cultura social.
O conceito de norma está entre aquelas concepções cientificas mais difíceis
e indefinidas. Na realidade não existe nenhuma norma mas se verifica uma
multiplicidade infinita de diferentes variações, de desvio da norma, e
frequentemente é muito difícil dizer onde o desvio ultrapassa aqueles limites
além dos quais já começa o campo do normal. [...] a norma é um conceito
puramente abstrato. (VIGOSTKI, 2019, p.379)
Ainda em 2013 foi publicado a DSM-5 que teve grandes alterações, mudando
a terminologia da deficiência, que deixou de ser: transtorno autista; transtorno de Rett;
transtorno de Asperger; transtorno desintegrativo da infância e transtorno global do
desenvolvimento, e passando a denominar-se: Transtorno do Espectro Autista (TEA),
englobando todas as subcategorias do autismo em um único diagnóstico, com
exceção do transtorno de Rett, que passa a ser uma categoria própria de transtorno.
O DSM-5 apresenta diferentes níveis de intensidade e conceitua o TEA como
um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação
social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos, considerando-o como
uma deficiência persistente e clinicamente significativa. De acordo com Nussbaum
(2015), a escala era utilizada para avaliar os transtornos (leve, moderado, grave), que,
no caso do autismo, é utilizado para avaliar o quanto o indivíduo com TEA necessita
de apoio. “Em suma, as várias escalas de gravidade são projetadas para ajudá-la a ir
além das categorias diagnósticas e focar no paciente que você está avaliando”.
(NUSSBAUM, 2015, p. 35). Outra mudança é que essa nova versão do manual
apresenta apenas dois domínios como características do transtorno, são elas:
comunicação social e comportamentos restritos e repetitivos. De acordo com Temple
e Panek (2015), a inclusão do transtorno do espectro autista no DSM implicou no
reconhecimento formal das autoridades psiquiátricas acerca do TEA, embora ainda
fosse visto em conjunto com o transtorno global do desenvolvimento (TGD) e sobre
os critérios de diagnóstico dos sintomas do autismo.
É o caso das pessoas com TEA que, muito embora sejam protegidas
integralmente na condição de pessoa com deficiência e tenham assegurados,
dentre outros direitos, o acesso à educação conforme a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista
(BRASIL, 2012) – ou Lei do Autismo –, enfrentam indignas situações
escolares e/ou acadêmicas pela ignorância das pessoas sobre o assunto.
Destarte, a implementação da referida lei ainda sofre lacunas dada a
insuficiência ou ineficiência de ações para atender a educação especial,
tornando o sistema educacional pouco inclusivo, não observando-se as
necessidades dos estudantes com autismo. (BARRETO; YAEDU; WUO,
2019, p.118)
(2007), alguns artigos que abordam a temática e alguns artigos da Resolução nº 038/
2013, que estabelece normas para o AEE, na perspectiva da Educação Inclusiva, para
toda a Educação Básica (EB) em todas as etapas e modalidades no Sistema Municipal
de Ensino de Salvador-Bahia.
Para além dos muitos conceitos acerca da criança com o transtorno do espectro
autista, não podemos esquecer que antes de ter o TEA ela é uma criança com
singularidades, que vive em um dado contexto sociocultural. Higashida (2007), através
de sua obra O que me faz pular, narra como o TEA lhe proporciona visão única das
pessoas e acontecimentos em sua vida. O livro é composto de uma coletânea de
perguntas e resposta que fazem parte do cotidiano da vida de uma criança autista, em
que as respostas do autor são objetivas, emocionantes e divertidas. Através desta
série de perguntas e respostas, Naoki Higashida consegue romper o silencio do
autismo e convida o leitor a compreender como a mente de uma criança autista pensa,
sente e vivencia situações do nosso cotidiano.
É comum o professor de crianças com transtorno de espectro sentir-se incapaz
de interagir com essa criança, pois a criança com TEA pode ter DI, que se manifesta
no aprendizado, na percepção, na comunicação, interação social e nos
comportamentos próprios da pessoa com TEA. Porém, esse é um desafio que precisa
ser enfrentado com responsabilidade e comprometimento, já que crianças com
deficiência de uma maneira geral exigem um maior cuidado, tanto na escolha
metodológica quanto na escolha procedimental.
Crianças com o transtorno do espectro autista geralmente têm maior facilidade
com o universo concreto do que com ideias abstratas. Por conta disso, os professores
do segmento creche que tenham crianças com o transtorno do espectro autista em
sala de aula, precisam lançar mão de todos os recursos disponíveis para ampliar o
desenvolvimento global dessa criança. Isso porque tudo que uma criança sem
deficiência aprenderia através da observação e da experiência, crianças com
deficiência necessitariam de adaptações, flexibilização curricular e mediação
especifica (BRASIL, 2004).
Sabemos que o desenvolvimento global das crianças é de suma importância
para crianças de 0 a 3 anos. Dessa forma, devemos estimular que as crianças
desenvolvam a sua autonomia, como sendo uma aprendizagem que potencializará o
seu desenvolvimento biopsicossocial. Para as crianças com TEA, esse estimulo à
autonomia é fundamental para que elas conquistem a independência progressiva nas
71
atividades da vida diária, como o ato de comer sozinho, vestir-se, entre outras
competências. Embora o conhecimento sobre os aspectos fisiológicos do transtorno
do espectro autista seja importante para se manter atualizada sobre o TEA, é no
aspecto ontológico que o professor poderá contribuir para o desenvolvimento global
da criança com TEA.
com TEA é visto como esquisito; qualquer ação com objetos é interpretada
como um movimento estereotipado (repetitivo e sem sentido) (SILVA et al,
2021, p.6).
Isto deixa claro que uma educação realizável em termos ideias só é possível
com base em um meio social devidamente orientado e, consequentemente,
as questões radicais da educação não podem ser resolvida senão depois de
80
resolvida a questão social em toda a sua plenitude. Mas daí recorre também
outra conclusão: material humano possui uma infinita plasticidade em um
meio social corretamente organizado. Tudo no homem pode ser educado e
reeducado sob uma correspondente interferência social. Neste caso o próprio
indivíduo não deve ser entendido como forma acabada mas como um
permanente e fluente forma dinâmica de interação entre o indivíduo e o meio.
(VIGOSTKI, 2019, p. 284)
[...] A construção de uma escola para todos, pautadas no trabalho ético dos
profissionais de educação. [...] Que ética está balizando a escola na
atualidade? Ou ainda persiste o ideário de que há que se preparar para, então
receber os aluno entendendo tal preparação como tão somente o estudo de
características das patologias ou dos sintomas que constituem um
determinado diagnostico? [...] pensar um projeto de escolarização é pensar
quais as barreiras estão dificultando a permanência e a fruição da escola, o
aprender e o socializar para essa criança. (RODRIGUES; ANGELUCCI,
2018, p. 555)
Kuhlmann (2004) cita Cambi e Olivieri (1988) para alertar o leitor quanto à
necessidade de se analisar a história da infância em seu duplo aspecto: a história
social da infância, que compreende suas condições de vida, as instituições em que
estão inseridos e as práticas de controle; e o aspecto imaginário, que diz respeito às
diversas concepções de infâncias ao longo da história nas variadas culturas que,
segundo que reverberam em registros documentais, obras de artes, abordagens
pedagógicas, filosóficas, psicológicas, entre outras. Para Kuhlmann (2004), a
articulação e interação desses dois aspectos da história da infância são inseparáveis
para uma análise aprofundada da historiografia da infância.
84
A criança não escreve sua própria história. A história da criança é uma história
sobre a criança. Ao procurar levar em conta essa fase da vida,
caracterizando-a como realidade distinta do adulto, não podemos nos
esquecer de que continuamos adultos pesquisando e escrevendo sobre elas.
[...] É preciso considerar na infância como uma condição da criança. O
conjunto das experiências vividas por elas, em diferentes lugares históricos,
geográficos e sociais é muito mais do que uma representação dos adultos
sobre essa fase da vida. É preciso conhecer as representações de infância e
considerar as infâncias concretas, localizá-las nas relações sociais, etc.,
reconhecê-las como produtoras da história. Desse ponto de vista, torna-se
difícil afirmar que uma determinada criança teve ou não infância. [...] Porque
geralmente se associa o não ter infância a uma característica das crianças
pobres. (KUHLMANN, 2004, p.31)
Barbosa (2010) ressalta que, embora as vagas tenham sido ampliadas para o
segmento creche nos últimos anos, ainda não podemos afirmar que exista uma
pedagogia específica para as crianças pequenas. Em outras palavras, a educação
voltada para a creche ainda não prioriza as especificidades das crianças nem a prática
pedagógica direcionada para crianças pequenas de 0 a 3 anos. De acordo com
Barbosa (2010), durante muito tempo os bebês eram definidos como seres frágeis,
incapazes e imaturos. Atualmente, pesquisas demonstram a complexidade da
herança genética, dos seus reflexos, de suas competências sensoriais, além de suas
capacidades orgânicas, os bebês são pessoas potentes no campo das relações
sociais e da cognição, como bem nos diz Barbosa (2010). Ainda segundo esta
pesquisadora, os bebês são dotados de um corpo no qual afeto, intelecto e
motricidade estão profundamente conectados, e é a forma particular como esses
elementos se articulam que vai definindo as singularidades de cada indivíduo ao longo
de sua história (BARBOSA, 2010, p.2).
No Art. 4º das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(DCNEI), estabelecidas pela Resolução da Câmara de Educação Básica do Conselho
Nacional de Educação (CEB/CNE) nº 05, de 17 de dezembro de 2009, a criança,
sujeito histórico e de direitos, “centro do planejamento curricular”, que é através de
suas interações, relações e práticas diárias vivenciadas que a criança constrói sua
identidade pessoal e coletiva, suas percepções a respeito da natureza e da sociedade,
produzindo cultura”. Sendo assim, a criança passa a ser a protagonista do seu
processo de aprendizagem, cabendo ao professor, por meio de sua práxis
pedagógica, oportunizar interações, vivências e aprendizagens que possibilitem o
pleno desenvolvimento das crianças.
Por isso, conforme afirmam Silva e Pasuch (2010), é preciso garantir que todas
as crianças tenham o direito de conviverem com outras crianças, tendo acesso a
espaços, materiais, brincadeiras e tempos organizados para que vivenciem suas
86
Constituição Federal (CF/1988), conforme determina seu artigo 208, o qual atribui ao
Estado a responsabilidade em garantir a Educação Básica obrigatória e gratuita dos
4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurando a oferta para todos aqueles
que não tiveram acesso a ela na idade apropriada.
que devem respeitar os direitos fundamentais da criança, ou seja, que deve estar
comprometida com o bem-estar e o desenvolvimento da criança.
De acordo com as Diretrizes Curriculares para a Educação Especial na
Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 02 de 11 de dezembro de 2010 (BRASIL,
2010), os sistemas de ensino devem implantar a educação especial em todos os níveis
da Educação Básica, bem como prover a rede pública com os meios necessários e
suficientes para essa modalidade de ensino. Esse documento tem dois grandes eixos
temáticos: a organização dos sistemas de ensino para o atendimento de alunos com
necessidades educacionais especiais e a formação do professor. O enfoque deve ser
no ensino, nas condições de aprendizagem do aluno com deficiência e na escola, e
não na deficiência. Sob essa ótica, “a escola é que deverá se ajustar para atender à
diversidade do educando”. O Projeto Político Pedagógico deverá ser flexível para
atender às necessidades dos discentes dos diversos níveis e modalidades de ensino.
Segundo as Diretrizes Curriculares para a EI na Educação Básica, o projeto
político, o regimento, os planejamentos e toda a prática pedagógica devem considerar
as características individuais, psicossociais e da faixa etária das crianças, bem como
basear-se nos princípios éticos (valores, atitudes, crenças), políticos (direitos e
deveres) e estéticos (imaginação, fantasia, sensibilidade), de modo a assegurar a
dignidade humana e a observância do direito de realizar seus estudos, trabalho e de
inserção na vida social; a busca da identidade própria de cada educando, o
reconhecimento e a valorização das suas diferenças e potencialidades e de suas
necessidades educacionais especiais no processo de ensino e aprendizagem; o
desenvolvimento para o exercício da cidadania, da capacidade de participação social,
política e econômica, mediante o cumprimento de seus deveres e o usufruto de seus
direitos. Vigotski, pesquisador à frente do seu tempo, já se interessava pela educação
estética, em suas obras Psicologia pedagógica, Psicologia da arte e Imaginação e
criatividade na infância.
Engana-se quem pensa que basta não ser racista para que se promova uma
educação equânime para todos, pois nestes quase 16 anos atuando como professora,
percebo a necessidade premente de práticas pedagógicas inclusivas, em que
crianças, independentemente de sua diversidade individual e coletiva, possam se
sentir se acolhidas, pertencentes e valorizadas. Como professora de Educação
Infantil, reafirmo aqui a importância que Cavalleiro (2000) retrata de maneira precisa
em suas obras, pois educar para o respeito à diversidade é adotar práticas
pedagógicas antirracistas e de valorização da cultura negra. Torna-se cada vez mais
necessário que essa semente seja plantada desde a Educação Infantil, pois o racismo
ceifa muitas vidas, causam traumas e prolifera a violência.
A maneira como a Unidade Escolar (UE) lida com as questões de gênero, sexo
e sexualidade pode contribuir para que as crianças se desenvolvam plenamente ou
para limitar suas iniciativas e suas aspirações. O RCMEIS propõe que essas questões
sejam esclarecidas e debatidas no plano currículo escolar, em virtude das suas
especificidades, tendo claras as definições que a Rede Municipal de Salvador-Bahia
tem como referência, a fim de usá-las como base para as práticas pedagógicas e as
interações escolares. “Cotidianamente, presenciamos os corpos das crianças serem
disciplinados de acordo com o sexo biológico, pois não há o respeito por parte dos
adultos sobre as vontades e desejos que as mesmas têm” (SALVADOR, 2015, p. 37).
De acordo com esse documento, é preciso desenvolver práticas pedagógicas
fundamentadas no respeito às diferenças e no combate às discriminações, desde a
Educação Infantil e chegando ao Ensino Médio. Dessa forma, podemos perceber que
o Referencial Curricular Municipal de Educação Infantil de Salvador (2015) contempla
o pertencimento racial, a questão do gênero e da criança com deficiência.
Agora, vamos abordar um pouco mais a BNCC (BRASIL, 2017), a fim de
estabelecermos no que esses dois documentos se aproximam ou se distanciam. A
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é organizada em dois eixos estruturantes –
as interações e as brincadeiras –, que asseguram e/ou possibilitam a realização dos
direitos de aprendizagem e do desenvolvimento (conviver, brincar, participar, explorar,
expressar, conhecer-se) e são organizados em três grupos por faixa etária e campos
de experiências (O eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; escuta, fala,
pensamento e imaginação; traços, sons, cores e formas; espaços, tempos,
quantidades, relações e transformações).
Na Educação Infantil os campos de experiências apresentam-se de maneira
intencional. Segundo a BNCC (BRASIL, 2017), cabe às instituições de Educação
104
Destaca-se ainda que tratar sobre diversidade não deve ser apenas no
aspecto teórico ou oral, pois, de acordo com Ferreira (2015), isso seria
apenas esvaziar o tema e deixá-lo apenas no campo retórico ou político. Essa
mesma autora questiona, então, qual a necessidade de se ter criado uma
Base Nacional Curricular, haja vista que, tanto a LDB quanto outros
documentos já traziam abordagens relativas a este campo, considerando
também as questões relativas à sexualidade que não são abordadas na Base.
Quanto a isso, Carreira (2019, p. 61) enfatiza que essa omissão ocorreu
devido a ser este um tema perturbador e “tem a ver com as relações de poder
na sociedade e com as formas como exercemos a política (quem é
considerado mais adequado para exercer o poder? E que poder, a serviço de
quê?). (GOMES, 2020, p. 9)
106
Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais
fora dela. Estar longe ou pior, fora da ética, entre nós, mulheres e homens é
uma transgressão. É por isso que transformar a experiência em puro
treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano
no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do
ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação
moral do educando. (FREIRE, 1996, p. 18)
determina a LDBEN nº 9394 /96, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS, 2006)
e o Plano Nacional de Educação (PNE, 2001).
O artigo 11 da LDBEN nº 9394/ 96 determina que:
Nas CPPP 1 e 2, a área do parque não foi planejada para oferecer área coberta
e descoberta, para que se possa utilizar em tempo de sol ou de chuva; não tem
brinquedos adaptados para as crianças com deficiência e nem dispõe de uma área
livre ampla e arborizada. Possui uma infraestrutura que podemos considerar como
“adequada”, pois as UE CPPP 1 e 2 foram construídas no pavimento térreo, não
possuem escadas, as sala de aula são amplas e bem iluminadas; dispõem de
banheiros com vasos e pias adaptados para o tamanho das crianças com tapete
antiderrapante no piso na área do chuveiro além de uma barra de ferro na lateral da
parede para auxiliar no momento do banho. Entretanto, cabe destacar que essa
infraestrutura ainda não é ideal, mas diante da infraestrutura do CMEI C e de tantas
outras UE da rede municipal de Salvador, podemos dizer que as duas creches e pré-
escolas pesquisadas têm uma boa infraestrutura de lazer e um bom ambiente de
convivência para as crianças. Entretanto, não há brinquedos no parque que
contemplem o quesito acessibilidade, ou seja, as crianças com deficiência física e com
mobilidade reduzida não foram lembradas. Tal fato sugere que seria bem-vinda uma
avaliação desses espaços pela secretaria de educação do município de Salvador. Já
no CMEI 3 a infraestrutura é inadequada, especialmente no que tange à área do
parque e à dimensão da acessibilidade, o que traz impactos, tanto no processo de
aprendizagem e desenvolvimento das crianças quanto na qualidade do trabalho
pedagógico desenvolvido pelas docentes.
O CMEI 3 não dispõe de itens que viabilizem acessibilidade como rampas,
banheiros adaptados, entre outras infraestruturas arquitetônicas. Dessa forma, a falta
de acessibilidade arquitetônica configura-se em uma barreira ao pleno
desenvolvimento dos educandos, já que a acessibilidade arquitetônica deve estar
presente nos diversos âmbitos sociais, como: lazer, trabalho e educação. De acordo
116
P3 49 10 anos Psicopedagogia 3
livre; merenda; parque; história; almoço; descanso; merenda; banho; atividade escrita;
ceia e saída.
A sala de aula da CPPP 2 é um ambiente acolhedor, cuja decoração estimula
a aprendizagem e a participação das crianças, de modo que podemos perceber que
a professora usou de sua criatividade para decorar de maneira funcional as paredes
da sala. Utilizando material de sucata para produzir jogos e brinquedos diversos.
No CMEI 3, as professoras (P3 e P4) dispõem de um mobiliário padrão, a saber:
armário e estante de aço; mesa e cadeiras do professor, além da mesinha com quatro
cadeiras (5 mezinhas e 20 cadeirinhas para cada sala); uma estante expositora de
livros, um espelho de 60 cm aproximadamente e ganchos fixados à parede para fixar
as mochilas. A sala da professora 3 possui uma pequena janela no fundo, por conta
disso a ventilação e iluminação fica mais comprometida, principalmente em dias
chuvosos. Esta sala é dividida com a sala da professora 3, apenas por uma divisória
de fórmica com porta. A sala da professora 4 tem uma ventilação e iluminação um
pouco melhor, visto que tem uma pequena janela no fundo e outra ao lado. O banheiro
para as crianças fica nessa sala e é compartilhado pelas duas turmas. As duas
professoras referenciadas optaram por uma decoração minimalista, acredito que
devido à falta de espaço, onde se observa falta e escassez de brinquedos e recursos
didático-pedagógicos, sendo que na sala da professora 4 há alguns recursos, como
uma TV, e dispõe de uma quantidade maior de cartazes expostos na parede.
Nas três instituições de Educação Infantil pesquisadas, quando as crianças
chegam à sala de aula, cada um senta no seu lugar, logo depois a ADI as convida a
higienizar as mãos, na sequência são orientados a sentarem novamente em seus
lugares, as ADI pegam as bandejas com o desjejum e serve-lhes. Normalmente as
ADI pegam de três a quatro refeições a mais, para que possam contemplar os
educandos que desejarem repetir.
Os horários e a quantidade de refeições são as mesmas, independentemente
de ser uma Creche Primeiro Passos ou um Centro Municipal de Educação Infantil.
Isso porque na CPPP 1 e no CMEI 3 as turmas do G2, G3 e G4 funcionam em período
integral. Na CPPP 2 a criança observada e a professora entrevistada eram do G5 cujo
funcionamento é parcial e, portanto, são servidas duas refeições ao dia. Para os
grupos que ficam na instituição escolar no período integral são servidos /oferecidas
cinco refeições diárias, são elas: desjejum (café da manhã); lanche da manhã; almoço;
lanche da tarde e ceia. No lanche é sempre servida alguma fruta, sendo que todas as
121
os colegas tiverem concluído ela pudesse sentar-se junto a ela e realizar a tarefa,
Embora a educanda D seja, assim como o educando C, muito ativa e perca o
interesse com facilidade, ela conseguiu realizar sua atividade à sua maneira.
O educando A faz acompanhamento multidisciplinar, o que lhe garante
possibilidades de um desenvolvimento mais amplo e efetivo. As crianças B, C e D,
embora possuam laudo médico que ateste o transtorno do espectro autista, ainda não
fazem acompanhamento multidisciplinar, por conta de não conseguirem vaga pelo
Sistema Único de Saúde. As famílias de C e D, apesar de terem plano de saúde,
acabaram recorrendo ao SUS, tanto para a avaliação diagnóstica quanto na busca por
tratamento terapêutico, visto que o plano de saúde dificultou o acesso aos médicos
especialistas, bem como a tratamentos que tenham um custo mais elevado, de acordo
ao modus operandi do capitalismo, onde o lucro vem em primeiro lugar.
Categorias Subcategorias
Nesta seção iremos analisar as falas das professoras (P1, P2, P3 e P4) acerca
sua experiência trabalhando com essa criança com TEA; como cada uma conceitua o
transtorno do espectro autista; qual o conhecimento que tem sobre as leis e
resoluções específicas para pessoas com TEA e, por fim, o que pensa sobre o
processo de inclusão escolar de crianças com TEA.
Durante a realização das entrevistas, foi questionado às professoras (P1, P2, P3
e P4): Como tem sido sua experiência trabalhando com essa criança com TEA?
As falas das professoras 1 e 4 revelam um perfil de professora-pesquisadora
que se interessa em compreender mais, visando aperfeiçoar a sua práxis pedagógica.
Imbernón (2010) cita Shehouse (1987), para conceituar o professor-pesquisador como
aquele que questiona a sua prática, compromete-se com o trabalho e a reflexão além
de utilizar estratégias de melhoria junto aos colegas e aos educandos.
127
Essa experiência tem sido muito gratificante, tenho aprendido algumas coisas
com a criança e tenho também me envolvido um pouco para estudar, porque
como estou fazendo uma outra pós-graduação, não consegui me dedicar
tanto, mas assisto algumas lives, ouço algumas entrevistas, busco conhecer
mais este mundo, digamos assim. (P1)
Tem sido uma experiência boa, embora demande mais trabalho, cuidado e
pesquisa. Fico testando a reação e interesse de D na realização de algumas
atividades, observo sua maneira de agir. (P4)
da educação inclusiva no Brasil, que ainda não alcançou a práxis freireana, “a práxis
que, sendo reflexão e ação verdadeiramente transformadora da realidade, é fonte de
conhecimento reflexivo e criação” (FREIRE, 2015, p. 127).
Como definiriam o transtorno do espectro autista, foi outra questão. As quatro
participantes expressaram o conhecimento que possuíam sobre o TEA:
Difícil, né? Acho que é uma disfunção cerebral. É uma incógnita, um dia
desses eu ouvi em uma live um pesquisador falando que quando o médico e
/ ou cientista descobrir a causa do autismo, ele compreendeu a psique
humana. (P1)
Não saberia definir, eu observo as crianças e vejo que são crianças que vivem
no mundo dele; que não sabem bem como se comportar; eram introspectivas;
não aceitavam contato visual e o toque. Mas tenho percebido que há uma
diversidade muito grande de comportamentos. A exemplo de D que é uma
criança que aceita o toque, muito carinhosa, então eu percebi que dentro do
TEA há uma diversidade de comportamentos, independe de ter ou não uma
deficiência, cada criança é única. (P4)
Sim (P2)
P3: Essa lei é recente. É, se não me engano é de 2012 e fala dos direitos da
pessoa com TEA. Que as crianças ou jovens laudados têm direito a participar
de atividades escolares; a equipe médica, alimentação; transporte gratuito.
Inclusive é esta lei que fala que se a criança tiver laudo ela tem direito a uma
ADI para suporte nas atividades escolares. (P3)
O que pensam sobre o processo de inclusão escolar de crianças com TEA foi
a última questão desse bloco de análise, a qual elas responderam:
Tem que incluir, são seres humanos que necessitam de um pouco mais de
cuidado. A pessoa com TEA requer acompanhamento. A forma como é feita
a inclusão não é inclusão, é um empurrão. Essa forma de "incluir" deve ser
questionada. Outra questão a ser discutida é que as pessoas que vêm para
trabalhar como ADI não têm nenhum conhecimento sobre o TEA e não são
preparadas nem antes, nem durante e nem depois. Então acaba sendo um
depósito do cuidar. A creche ainda continua no modo antigo de cuidar. (P3)
Eu penso que eles devem estar inseridos no processo e não à parte. Eu tento
incluir ela na rodinha, as atividades que faço com as outras crianças, faço
com ela também, claro que dou uma atenção maior, tento mediar mais de
perto, para que ela se sinta acolhida. (P4)
de inclusão escolar. Ela também questiona sobre a falta de formação dada à ADI PNE
para atuar com o PAEE, especificamente o TEA, fato que sabemos ser uma das
lacunas que dificultam o processo de inclusão escolar da criança com deficiência. A
Professora 4 destaca a diferença entre incluir e integrar, o que demonstra sua
preocupação em promover uma educação inclusiva. Sobre a integração e a inclusão,
Bianchi (2014) faz uma clara e objetiva distinção:
Esse foi meu primeiro ano, apesar de já ter muitos anos em docência... esse
foi o primeiro ano com uma criança com TEA. (P1)
Crianças com AH/SD não, nunca. Com TEA tem o educando com 3 anos. No
ano passado teve um aluno com suspeita de TEA, mas a mãe não aceitou a
hipótese e não levou a criança para investigar. (P3)
Não tem um tempo certo, porque nem sempre recebemos crianças com TEA.
Ano passado tive uma criança com DI, em 2019 tive uma criança com TEA e
esse ano recebi D, que também é TEA. Mas desde que eu entrei na rede há
19 anos, posso dizer que já tive educandos com diversos tipos de
deficiências. (P4)
Sim, sei que tem algumas mas, agora não estou me lembrando,
especificamente. (P1)
Sim, tem a lei que não é muito recente. Que é a lei da inclusão que determina
que as crianças com qualquer tipo de deficiência participem de uma sala
regular junto aos outros alunos. (P3)
Infelizmente não. Fiz esses cursos há uns 6 ou 7 anos atrás. A gente se afasta
das leituras e dos estudos. Hoje eu não vou dizer que tenho me debruçado
sobre essa temática porque estou fazendo outra pós-graduação em
Educação Infantil, na perspectiva pikleriana e concomitantemente eu tenho
procurado fazer algumas pouquíssimas leituras, assistir algumas lives e
entrevistas referentes ao TEA. (P1)
Há dez anos na rede municipal, nunca tive nenhuma formação. Nem com
TEA, nem com TDAH. Só temos dois dias de jornada pedagógica, para dar
conta de nos planejarmos para o ano letivo e a coordenadora fica tentando
aqui e acolá. (P3)
(BRASIL, 2002), a qual determina que a formação inicial para atuar na EB deve ter
curso de licenciatura ou graduação plena. As Diretrizes são compostas de 19 artigos
que elencavam os fundamentos, procedimentos e estruturavam o currículo das etapas
e modalidades da formação docente, porém estava apoiada no modelo de
competência que está vinculada à concepção de produtividade e eficiência, o que
reduz o processo de ensino-aprendizagem à lógica capitalista, na qual há um estímulo
a competições, a farsa da meritocracia e elitização da educação e da cultura (TIROLI;
DE JESUS, 2022).
Não. (P2)
Não. (P3)
Às vezes ela fica um pouquinho na rodinha mas é muito pouco tempo, ela
gosta muito da massinha de brincar com água, gosta muito de folhear o livro
mas tem que ser livro de capa dura senão ela rasga. Gosta de perambular e
às vezes se isola, tem um cantinho da sala em que ela adora ficar. O período
de atenção dela é bastante curto, de forma que a cada momento se interessa
por algo diferente. (P4)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
infraestrutura com acessibilidade adequada (caso do CMEI 3), entre outros suportes
necessários à promoção de uma educação para todos, pessoas com e sem
deficiências ou mesmo educandos com necessidades educacionais especiais.
Cabe destacar que, nas Unidades de Ensino pesquisadas, a inclusão escolar
de crianças com TEA vem ocorrendo de maneira satisfatória, muito mais pelo
compromisso ético das professoras e da equipe gestora do que por conta de
investimentos dos poderes públicos. De uma maneira geral, há um consenso entre
professores, pediatras, psicólogos e demais profissionais da saúde, de que a inclusão
social da pessoa com deficiência perpassa os muros da escola.
A educação na perspectiva inclusiva é um direito que precisa ser exercitado no
cotidiano da vida social, sendo competência da escola promover uma cultura da
inclusão, de modo que todos possam usufruir uma educação qualitativa e significativa.
Considerando-se que a Educação Infantil é a porta de entrada para o processo de
desenvolvimento e aprendizagem da criança, fica evidente a relevância e a
necessidade de uma práxis pedagógica inclusiva desde a primeira etapa da Educação
Básica. Compreende-se a práxis pedagógica na perspectiva freiriana, quando Freire
(1996) nos diz que a teoria sem prática vira “verbalismo”, assim como a prática sem
teoria vira “ativismo”. Salientamos assim a necessidade de se adotarem perspectivas
inclusivas desde a Educação Infantil, para que, no decorrer da sua trajetória
acadêmica, o educando aprenda a respeitar e conviver com o diverso.
As professoras de Educação Infantil, participantes da pesquisa, conhecem
sobre o transtorno do espectro autista de uma maneira geral, porém é preciso que a
SMED desenvolva programas de formação continuada de qualidade para professores,
ADI PNE, coordenadores, gestores e demais funcionários da escola. O processo de
inclusão escolar envolve todos os atores sociais, cabendo aos professores um papel
de grande importância nesse sentido. Porém, vale dizer que não só o
comprometimento e a vontade do professor se tornam suficientes; é preciso que os
poderes públicos garantam direitos, investimentos e demais ações de fomento a uma
educação qualitativa para todos.
A práxis pedagógicas dos professores de Educação Infantil com crianças com
TEA, das UE que foram o loco desta pesquisa, nos evidencia que a educação na
perspectiva da educação inclusiva já vem acontecendo nas CPPP e no CMEI
pesquisados; entretanto, as lacunas na formação inicial e continuada, na
acessibilidade: atitudinal, arquitetônica, metodológica, instrumental, comunicacional,
144
REFERÊNCIAS
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147
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APÊNDICES
161
Identificação: Idade:
II. QUESTÕES
1. Há quanto tempo você atua ou trabalha com estudantes com deficiência, TEA ou
AH/SD?
2. Como tem sido sua experiência trabalhando com crianças com TEA?
3. Como você definiria o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
4. A criança com TEA matriculada em sua turma recebe algum atendimento (AEE,
fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia, neurologia etc.) Qual(is)? Onde ocorre? É no contra
turno?
5. Quais os tipos de atividade que esta criança participa na creche ou pré-escola?
6. É necessário adaptação, apoio ou recurso específico para que ela participe das
atividades pedagógicas? Qual ou quais?
7. Você recebe suporte de algum profissional? Que tipo de suporte?
8. Você conhece alguma lei ou resolução que trate de inclusão escolar?
9. Você conhece alguma lei ou resolução que aborda especificamente os direitos da
pessoa com TEA?
10. O que você pensa sobre o processo de inclusão escolar de crianças com TEA?
11. Você recebeu alguma formação da secretaria de educação para atuar com as crianças
com TEA?
12. Como você percebe a relação família e escola com caso desta criança com TEA?
162
Eu, Juliana Santos Andrade, declaro estar ciente das Normas e Resoluções que
norteiam a pesquisa envolvendo seres humanos e que o projeto intitulado CRIANÇAS COM
O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ASPECTOS
LEGAIS E PEDAGÓGICOS sob minha responsabilidade será desenvolvido em conformidade
com as Resoluções 446/12 e 510/16, do Conselho Nacional de Saúde, respeitando a
autonomia do indivíduo, a privacidade, a beneficência, a não maleficência, a justiça e
equidade, garantindo assim o zelo das informações e o total respeito aos indivíduos
pesquisados. Ainda, nestes termos, assumo o compromisso de:
- Apresentar os relatórios e/ou esclarecimentos que forem solicitados pelo Comitê de Ética da
Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (CEP EEUFBA);
- Tornar os resultados desta pesquisa públicos, quer sejam eles favoráveis ou não;
- Comunicar ao CEP EEUFBA qualquer alteração no projeto de pesquisa e encaminhar, via
Plataforma Brasil, sob a forma de relatório ou notificação;
- Apresentar os resultados da pesquisa nas instituições proponente, coparticipante e ao CEP
EEUFBA após o seu término, conforme exigência das Resoluções 466/12 e 510/2016 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS);
- Preservar a privacidade dos participantes da pesquisa cujos dados serão coletados;
- Assegurar que as informações serão utilizadas, única e exclusivamente, para a execução do
projeto em questão;
- Assegurar a confidencialidade e os cuidados para que as informações somente sejam
divulgadas de forma anônima, não sendo usadas iniciais do nome ou quaisquer outras
indicações que possam identificar os participantes da pesquisa;
- Manter os dados e documentos da pesquisa em arquivo, físico ou digital, armazenados em
local seguro, sob sua guarda e responsabilidade, por um período mínimo de 5 (cinco) anos
após o término da pesquisa;
- Não iniciar a coleta de dados até aprovação do projeto pelo CEP EEUFBA;
- Informar se o(a) orientador(a) está ciente de sua orientação no referido projeto, quando for
o caso.
Salvador-Bahia, de de 2022.