Carlos Wallace - Contestação
Carlos Wallace - Contestação
Carlos Wallace - Contestação
PROCESSO N° 050.2010.001.509-3
1. REQUERIMENTO INICIAL
2. SÍNTESE DA LIDE.
Aduz que não firmou contrato, nem teve qualquer relação com as Rés, não
possui qualquer débito com as acionadas, tratando-se de cobrança indevida.
Até mesmo órgãos públicos são ludibriados com a ação destes meliantes,
como foi no caso em tela a PONTO FRIO. De plano verificamos que a empresa foi tão
vítima quanto o Autor. Ressalte-se que o consumidor especifica que NÃO foi vitima de
assalto ou mesmo que por descuido perdeu seus documentos.
Perscrutando os termos do art. 273, do CPC, c/c art. 84, §4º, do CDC, sedes
legais do instituto sob análise, dessume-se que, para a sua concessão devem estar
presentes o relevante fundamento da demanda e fundado receio de dano
irreparável, arrimados em provas inequívocas e na verossimilhança das
alegações.
5. PRELIMINAR
Insta salientar que somente o titular do direito recebe o poder para litigar em
juízo, e figurar de forma legitima na relação processual a ser observada pelo órgão
jurisdicional, sendo assim também somente aquele que realmente é o cumpridor do
dever a ser pleiteado tem legitimidade para figurar no pólo passivo da ação.
Nesse sentido, expresso é o Código de Processo Civil Pátrio, em seu art. 3°, in
verbis:
Destarte, prescreve este mesmo Compendio Legal, em seu art. 267, VI, a
"sanção processual" de extinção do feito sem apreciação de mérito para a parte que
ajuizar ação sem que seja preenchido o requisito da legitimidade ad causam.
Assim, por essas razões, requer a Contestante que este MM. Juízo se digne a
reconhecer a ilegitimidade passiva ad causam da primeira Ré, determinando, por
conseguinte, a extinção do presente feito, em relação a esta, conforme o disposto no
art. 267, VI do CPC.
6. DO MÉRITO
Art. 12 (...)
(...)
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será
responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito
inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Assim, tendo em vistas as razões acima expostas, não deve a demandada ser
condenada a qualquer tipo de reparação à autora, vez que foi igualmente vítima.
É lúcida a lição estampada nos artigos 186 e 927, do Código Civil, no sentido
de que aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem comete ato ilícito, ficando obrigado a repará-lo.
?
RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. IV volume. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 13.
2
SILVA JR., Djalma. Responsabilidade Civil pelos Danos Causados à Propriedade Digital. Salvador: Editora Contexto,
2003, p. 38.
6.3.1. DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DANOS MORAIS
De acordo com WILSON MELLO DA SILVA3: “se o que pede a reparação por
danos morais não tem, a seu favor, a presunção sempre vencível desses mesmos
danos, terá que prová-los”. Além disto, é princípio assente em nosso ordenamento
jurídico a imputação do ônus da prova àquele que deduz a pretensão em juízo. Nestes
termos, resta insofismável que as meras alegações aduzidas na exordial não são
suficientes para consubstanciar o pleito da Demandante.
[...] não basta, todavia, que o Autor mostre que o fato de que se queixa, na
ação, seja capaz de produzir dano, seja de natureza prejudicial. É preciso
que prove o dano concreto, assim entendida a realidade do dano que
experimentou, relegando para a liquidação a avaliação do seu montante.
3
SILVA, Wilson Mello da. O Dano Moral e sua Reparação. 2 ed. São Paulo: Forense, 1969, p. 510.
4
DIAS, José Aguiar. Da Responsabilidade Civil. 6ª ed. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 1979, p.93-94.
5
ZENUN, Augusto. Dano Moral e sua Reparação, 1ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994, p. 269.
O dano moral não se dá por ficta suposição que, ao cabo e ao fim tem de
ser rechaçada, pelo magistrado, que não pode estar à mercê de caprichos
edonísticos de emulações de legulelos que se acham nas camadas etéreas
do nada. É lógico que se não indeniza danos hipotéticos, pelo que todos os
danos, quer sejam morais, quer sejam materiais, hão de ser rigorosamente
provados.
Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor,
vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústias e
desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa,
irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano
moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia
a dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar,
tais situações não são intensas e duradouras a ponto de romper o
equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender
acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em
busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos (ênfase
acrescentada).
6
Revista de Jurisprudência dos Tribunais de Alçada Civil de São Paulo, nº. 125, p. 206.
7
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000,
p. 78.
Enfim, à míngua de comprovação de qualquer prejuízo extrapatrimonial
supostamente experimentado, resta inviabilizado o pedido de condenação do Réu ao
pagamento de indenização a título de danos morais, pleito que aqui sofre expressa
objurgação.
8
AGA 108923/SP, 4ª Turma, DJ 29/10/96.
9
SEVERO, Sérgio. Os Danos Extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 197.
É de entendimento jurisprudencial que o valor dos danos morais arbitrado
deve ser retificado quando, por erro, extrapolando dos limites do
razoável, a falta de ponderação na sua fixação viola certos princípios
jurídicos, tais como o de justiça e o de equilíbrio que deve subsistir entre
a capacidade econômica daquele que deve indenizar e o padrão sócio-
econômico da vítima ou daqueles a quem prestava assistência 10 (ênfase
acrescentada).
A indenização por dano moral, é bom frisar, não deve ser pleiteada a torto e a
direito, sob qualquer fundamento. O objetivo de tal instituto é o de tentar compensar,
monetariamente, sob a égide de um Estado capitalista, o efetivo dano que a parte
sofreu, visto que é impossível a retirada, de sua psique, do seu mal-estar emocional.
10
Recurso Especial nº. 155.363-DF, Relator Min. Waldemar Zveiter, 3ª Turma do STJ, julgado em 14.12.1999.
11
Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. AGA 244708-MG, Relator Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª
Turma do STJ, julgado em 14.12.1999.
12
Ementa do Acórdão da Apelação Cível nº. 45.256-4, TJ/BA.
Ora, é flagrante a total irrazoabilidade do pedido do Demandante. A posição
adotada pelo mesmo condiz com a denúncia da doutrina da existência de uma
verdadeira indústria do dano moral, baseada em uma sociedade na qual
praticamente tudo dá ensejo à angústia e abalo emocional, alegações estas que são
levadas, temerariamente, à apreciação do Judiciário.
Na visão da doutrina:
Nada mais suscetível de subjetivizar-se que a dor nem nada mais fácil de
ser objeto de mistificação. Assim como já existiram carpideiras que
choravam a dor dos que eram incapazes de chorá-la, porque não a
experimentavam, também nos tornamos extremamente hábeis em nos
fazermos carpideiras de nós mesmos, chorando, para o espetáculo diante
dos outros, a dor que em verdade não experimentamos. A possibilidade,
inclusive, de retiramos proveitos financeiros dessa nossa dor oculta,
fez-nos atores excepcionais e meliantes extremamente hábeis, quer
13
HERMES, Gustavo. Combatendo a indústria do dano moral: a busca pela razoabilidade material e processual. 2003.
Disponível em: http://www.augure.com.br/content/artigos_detalhe.php?artigo_id=4. Acesso em: 30.11.06.
14
PASSOS, J. J. Calmon de. O imoral nas indenizações por dano moral. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 57, jul.
2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2989>. Acesso em: 26 fev. 2007.
como vitimas, quer como advogados ou magistrados. Para se ressarcir
esses danos, deveríamos ter ao menos a decência ou a cautela de
exigir a prova da efetiva dor do beneficiário, desocultando-a.
Hipocritamente descartamos essa exigência, precisamente porque,
quando real a dor, repugna ao que sofre pelo que é insubstituível
substituí-lo pelo encorpamento de sua conta bancária... Vale dizer, o
dano moral é significativo não para reparar a ofensa à honra e a outros
valores éticos, sim para acrescer alguns trocados ao patrimônio do
felizardo que foi moralmente enxovalhado (ênfase acrescentada).
7. DOS PEDIDOS
Assim, com base no que foi exposto, e na certeza do bom direito aplicado por
este i. Juízo, requer:
Nestes termos;
Pede deferimento.
Salvador, 15 de março de 2010.