CT - Ponto Ftrio X Lazaro Magnavita
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PROCESSO N° 032.2009.043.020-1
1. REQUERIMENTO INICIAL
Aduz na inicial que tal cobrança vem lhe causando inúmeros transtornos, bem
como afirma não ter conhecimento do debito em questão. Desse modo, requereu,
liminarmente, a exclusão de seus dados junto aos serviços de proteção ao crédito.
No mérito, requereu que fosse confirmada a liminar, bem como que o Réu
fosse condenado ao pagamento de R$ 9.300,00 (nove mil e trezentos reais), a titulo de
indenização por danos morais, pelos supostos transtornos experimentados.
Dessa forma, julgando a conduta realizada pela empresa Ré, o caso descrito
pelo Autor não pode ser considerado como fomentador de danos de qualquer
natureza, isso porque o Réu não praticou qualquer conduta capaz de gerar a
ocorrência de danos morais, perfazendo-se assim a não assistência a pretensões do
Demaqndante na inicial.
5. DO NÃO CABIMENTO DA ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA TUTELA
Perscrutando os termos do art. 273, do CPC, c/c art. 84, §4º, do CDC, sedes
legais do instituto sob análise, dessume-se que, para a sua concessão devem estar
presentes o relevante fundamento da demanda e fundado receio de dano
irreparável, arrimados em provas inequívocas e na verossimilhança das
alegações.
Em suma, como se vê, a presente demanda aparenta ser mais uma das
repetidas “aventuras jurídicas” com as quais diariamente – e infelizmente – nos
deparamos no Poder Judiciário, face o atrativo que a proteção aos direitos do
consumidor, a ponto de normalmente ser confundida com patrocínio ao
enriquecimento sem justa causa.
?
RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. IV volume. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 13.
É lúcida a lição estampada nos artigos 186 e 927, do Código Civil, no sentido
de que aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem comete ato ilícito, ficando obrigado a repará-lo.
Conforme dito acima, mediante afirmações vagas, o Autor alega ter sofrido
incontáveis infortúnios em sua vida privada, sentindo-se lesado devido a conduta da
Acionada, pretendendo a condenação da mesma, na absurda quantia de R$ 20
2
SILVA JR., Djalma. Responsabilidade Civil pelos Danos Causados à Propriedade Digital. Salvador: Editora Contexto,
2003, p. 38.
salários mínimos, como forma de induzir o Reclamado a prezar pela qualidade dos
serviços prestados aos seus clientes, a fim de não expô-los a constrangimentos
desnecessários.
De acordo com WILSON MELLO DA SILVA3: “se o que pede a reparação por
danos morais não tem, a seu favor, a presunção sempre vencível desses mesmos
danos, terá que prová-los”. Além disto, é princípio assente em nosso ordenamento
jurídico a imputação do ônus da prova àquele que deduz a pretensão em juízo. Nestes
termos, resta insofismável que as meras alegações aduzidas na exordial não são
suficientes para consubstanciar o pleito do Acionante.
[...] não basta, todavia, que o Autor mostre que o fato de que se queixa, na
ação, seja capaz de produzir dano, seja de natureza prejudicial. É preciso
que prove o dano concreto, assim entendida a realidade do dano que
experimentou, relegando para a liquidação a avaliação do seu montante.
O dano moral não se dá por ficta suposição que, ao cabo e ao fim tem de
ser rechaçada, pelo magistrado, que não pode estar à mercê de caprichos
edonísticos de emulações de legulelos que se acham nas camadas etéreas
do nada. É lógico que se não indeniza danos hipotéticos, pelo que todos os
danos, quer sejam morais, quer sejam materiais, hão de ser rigorosamente
provados.
Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor,
vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústias e
desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa,
irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano
moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia
a dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar,
tais situações não são intensas e duradouras a ponto de romper o
equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender
acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em
busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos (ênfase
acrescentada).
7
Apelação Cível nº. 33.706-8, 2ª C., TJ/BA, Rel. Luiz Fernando de Souza Ramos.
8
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000,
p. 78.
Enfim, à míngua de comprovação de qualquer prejuízo extrapatrimonial
supostamente experimentado, resta inviabilizado o pedido de condenação do Réu ao
pagamento de indenização a título de danos morais, pleito que aqui sofre expressa
objurgação.
9
AGA 108923/SP, 4ª Turma, DJ 29/10/96.
10
SEVERO, Sérgio. Os Danos Extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 197.
A jurisprudência pátria está sempre atenta a casos semelhantes ao que se
discute na presente ação, sempre exortando o equilíbrio, eqüidade e o bom-
senso:
Na visão da doutrina:
14
HERMES, Gustavo. Combatendo a indústria do dano moral: a busca pela razoabilidade material e processual. 2003.
Disponível em: http://www.augure.com.br/content/artigos_detalhe.php?artigo_id=4. Acesso em: 30.11.06.
15
PASSOS, J. J. Calmon de. O imoral nas indenizações por dano moral. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 57, jul.
2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2989>. Acesso em: 26 fev. 2007.
Nada mais suscetível de subjetivizar-se que a dor nem nada mais fácil de
ser objeto de mistificação. Assim como já existiram carpideiras que
choravam a dor dos que eram incapazes de chorá-la, porque não a
experimentavam, também nos tornamos extremamente hábeis em nos
fazermos carpideiras de nós mesmos, chorando, para o espetáculo diante
dos outros, a dor que em verdade não experimentamos. A possibilidade,
inclusive, de retiramos proveitos financeiros dessa nossa dor oculta,
fez-nos atores excepcionais e meliantes extremamente hábeis, quer
como vitimas, quer como advogados ou magistrados. Para se ressarcir
esses danos, deveríamos ter ao menos a decência ou a cautela de
exigir a prova da efetiva dor do beneficiário, desocultando-a.
Hipocritamente descartamos essa exigência, precisamente porque,
quando real a dor, repugna ao que sofre pelo que é insubstituível
substituí-lo pelo encorpamento de sua conta bancária... Vale dizer, o
dano moral é significativo não para reparar a ofensa à honra e a outros
valores éticos, sim para acrescer alguns trocados ao patrimônio do
felizardo que foi moralmente enxovalhado (ênfase acrescentada).
7. DOS PEDIDOS
Assim, com base no que foi exposto, e na certeza do bom direito aplicado por
este i. Juízo, requer:
d) Por fim, que toda e qualquer intimação seja feita única e exclusivamente
para a pessoa da Bela. Danielli Farias Rabelo Leitão, OAB/BA 21.309.
Nestes termos;
Pede deferimento.
Salvador, 27 de outubro de 2009.