CT - Ponto Ftrio X Lazaro Magnavita

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL – SAJ – DA COMARCA DE SALVADOR – BAHIA.

PROCESSO N° 032.2009.043.020-1

GLOBEX UTILIDADES S.A (PONTO FRIO), pessoa jurídica de direito


privado, inscrita sob o CNPJ n° 33.041.260/0001-64, com sede e domicilio na Avenida
Tenente Rebelo, nº 675, no bairro de Irajá, na cidade do Rio de Janeiro – Rio de
Janeiro, conforme atos constitutivos em anexo, neste ato representada por seus
procuradores legalmente constituídos, com endereço profissional na Av. Tancredo
Neves, n° 1283, Edifício Ômega Empresarial, sala 702, Caminho das Árvores,
Salvador/BA, CEP 41820-020, onde receberão as intimações e notificações
necessárias ao regular andamento do feito, vem, respeitosamente, por suas
advogadas infrafirmadas, apresentar CONTESTAÇÃO quanto aos fatos contra si
imputados por LAZARO MAGNAVITA, já qualificado, de acordo com os fatos e
fundamentos jurídicos a seguir apresentados:

1. REQUERIMENTO INICIAL

Muito embora a parte demandada tenha diversos procuradores constituídos


nos autos, requer de plano que toda e qualquer intimação nos referentes autos seja
feita única e exclusivamente para a pessoa da Bela. Danielli Farias Rabelo Leitão,
OAB/BA 21.309.
Vale destacar que requerimento desta espécie é plenamente admissível e
desrespeito ao mesmo implica em nulidade da intimação, conforme entendimento
manso e pacífico, e.g.:

Havendo designação prévia e expressa do advogado que receberá as


intimações, o nome deste deverá constar das publicações, sob pena
de nulidade” (STJ-RT 779/182)

Requer, assim, que todas as intimações sejam dirigidas única e


exclusivamente para a referida profissional, lançando-se o nome da mesma na capa
do processo.

2. FATOS ALEGADOS NA INICIAL

Declara a parte Autora que ao tentar realizar uma operação na Caixa


Economica Federal percebeu que tivera seu nome indevidamente incluído nos órgãos
de restrição ao crédito pela empresa Acionada, em razão da suposta inadimplência,
relativa às obrigações previstas nos contratos, de n.º 234224868 e 234224861.

Aduz na inicial que tal cobrança vem lhe causando inúmeros transtornos, bem
como afirma não ter conhecimento do debito em questão. Desse modo, requereu,
liminarmente, a exclusão de seus dados junto aos serviços de proteção ao crédito.

No mérito, requereu que fosse confirmada a liminar, bem como que o Réu
fosse condenado ao pagamento de R$ 9.300,00 (nove mil e trezentos reais), a titulo de
indenização por danos morais, pelos supostos transtornos experimentados.

Todavia, como se passará a demonstrar com o indispensável rigor, não


merece prosperar o pleito autoral, tendo em vista que não houve a prática de qualquer
conduta ilícita por parte da Ré.
3. DA VERDADE DOS FATOS

Inicialmente, cumpre à Ré evidenciar que não procedem os pedidos


requeridos na exordial em consonância aos reais fatos ocorridos. Para tanto, faz-se
necessário elencar algumas considerações acerca dos acontecimentos como
efetivamente sucederam, a fim de evitar que este MM. Juízo seja induzido a uma
injusta condenação da empresa Ré.

Ocorre que o Acionante soube de todas as informações necessárias acerca


do procedimento de pagamento, assim agindo na mais completa lisura e deixando a
mesma totalmente ciente da tramitação das referidas compraso, mesmo assim até a
presente data não adimpliu com nenhuma das prestações vencidas.

Vale ressaltar quem em momento algum a parte Demandada comprovou a


inexistência do débito, objeto da lide, furtando-se a verdade no que diz respeito a
existência de um resíduo monetário junto a empresa Acionada.

Insta salientar que cabe aos Órgãos de Proteção ao Crédito, comunicar ao


consumidor sua eventual inscrição no referido órgão, conforme o TJ- RG elucida, a
simples ausência do aviso previsto no artigo 43 do Código de Defesa do Consumidor
(CDC), não implica, por si só, a retirada da anotação ou produção de danos morais.

Tal matéria foi inclusive sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça.

Segundo os Tribunais pátrios, há a necessidade de demonstração da


utilidade prática da comunicação e dos prejuízos causados pela ausência da mesma.
Segundo Gomes de Barros, o credor é parte ilegítima para responder por dano moral
pela falta da comunicação prevista no CDC.

Dessa forma, julgando a conduta realizada pela empresa Ré, o caso descrito
pelo Autor não pode ser considerado como fomentador de danos de qualquer
natureza, isso porque o Réu não praticou qualquer conduta capaz de gerar a
ocorrência de danos morais, perfazendo-se assim a não assistência a pretensões do
Demaqndante na inicial.
5. DO NÃO CABIMENTO DA ANTECIPAÇÃO PARCIAL DOS EFEITOS DA TUTELA

O Postulante invoca os auspícios da tutela antecipada, para que se determine


a abstenção do lançamento de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito, bem
como sejam “suspensos” os descontos das parcelas, até julgamento definitivo da lide.

Perscrutando os termos do art. 273, do CPC, c/c art. 84, §4º, do CDC, sedes
legais do instituto sob análise, dessume-se que, para a sua concessão devem estar
presentes o relevante fundamento da demanda e fundado receio de dano
irreparável, arrimados em provas inequívocas e na verossimilhança das
alegações.

Insta salientar que conforme restou cabalmente demonstrado, o Autor sonega


fatos, deduzindo seu pleito com argumentos vãos e insubsistentes que, de plano,
afastam a plausibilidade exigida pelos aludidos dispositivos. Ademais, convém fazer o
seguinte questionamento: qual dano irreparável pode advir o Postulante, pela legítima
inclusão de seu nome nos cadastros de inadimplentes?

O próprio Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 43, § 4º, legitima a


atuação dos bancos de dados e congêneres, que são considerados entidades de
caráter público, ante o importante papel que exercem na tutela e proteção ao crédito,
elemento de vital importância ao desenvolvimento do comércio e dos setores
produtivos nacionais.

No caso em testilha, há uma discussão sobre a existência do débito,


resultante de um contrato de compra e venda de bem móvel, todavia, o Acionante não
se dignou a comprovar nos autos de forma inequívoca a não pactuação do referido
contrato, incutindo ao Demandado o fundado temor de que fora vítima de fraude
provocado por terceiro e por negligência pela conduta da emresa Ré.

Ressalta-se que, malgrado o Postulante tenha desfrutado do bem adquirido, o


Acionado pode não vir a receber a legítima prestação pelo contrato de compra e
venda, instaurando um profundo desequilíbrio econômico na relação consumerista,
que pode vir a ser por demais potencializado, caso seja mantido a decisão deste
pleito.
Assim é que a antecipação de tutela, nos moldes requeridos pelo
Demandante, apresenta-se temerária, ou seja, a partir da exclusão do nome da
parte Autora nos Órgãos de Restrição ao Credito, por ordem judicial, o mesmo
estará livre para contrair novos débitos com outras instituições lojistas, haja
vista que não constará nenhum cerceamento ao seu nome.

Diante disso, como foi deferida a antecipação de tutela, somente após o


julgamento definitivo é que, em tese, o Autor estaria obrigado a efetuar o pagamento
do débito em questão, motivo pelo qual requer que seja revogada a medida liminar
que proíbe a empresa Ré de incluir o nome do Acionante nos Órgão de Proteção ao
Crédito.

6. DO MERITO – POR MÁXIMA CAUTELA.

6.1 DA INEXISTÊNCIA DE DEVER DE INDENIZAR

Despido de qualquer fundamentação, sem mesmo relatar sequer 01 (um) fato


concreto a título de exemplo, o Autor postula danos morais no elevado valor de R$
9.300,00 (nove mil e trezentos reais). Como é amplamente reconhecido pela
jurisprudência, meros transtornos não são capazes de ensejar responsabilidade civil
em decorrência de dano moral.

Em suma, como se vê, a presente demanda aparenta ser mais uma das
repetidas “aventuras jurídicas” com as quais diariamente – e infelizmente – nos
deparamos no Poder Judiciário, face o atrativo que a proteção aos direitos do
consumidor, a ponto de normalmente ser confundida com patrocínio ao
enriquecimento sem justa causa.

Salienta-se que o princípio geral do Direito, informador da teoria da


responsabilidade civil, encontradiço no ordenamento jurídico de todos os povos
civilizados e sem o qual a vida social é quase inconcebível, é aquele que impõe, a
quem causa dano a outrem, o dever de suportar as conseqüências de seu
comportamento.1

?
RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. IV volume. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 13.
É lúcida a lição estampada nos artigos 186 e 927, do Código Civil, no sentido
de que aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem comete ato ilícito, ficando obrigado a repará-lo.

Assim, pode-se observar que:

A responsabilidade civil consiste na efetivação da reparabilidade abstrata do


prejuízo em relação ao sujeito passivo da relação jurídica que se forma; que
seu fundamento é o restabelecimento do equilíbrio jurídico-econômico
rompido pelo dano, reintegrando, quando possível, a vítima ao status quo
ante; e que deriva da inobservância de um único mandamento, qual seja,
neminem laedere, a obrigação geral de não prejudicar ninguém, imposta a
todo cidadão2.

Dito isto, infere-se que três são os pressupostos obrigatórios da


responsabilidade civil, sem os quais não se pode cogitar a ocorrência de indenização.
São eles: a) conduta contrária ao direito; b) dano indenizável e c) nexo de causalidade
entre a ação e o resultado danoso.

No caso em testilha, vários são os fundamentos a denotar a improcedência


do pleito autoral, eis que não se faz presente os pressupostos suso mencionados. Isto
ficará bastante claro a partir da análise das seguintes considerações.

6.1.1. Da Ausência de Comprovação de Danos Morais

Não mais se refuta a possibilidade de existência de dano não patrimonial,


entendido como ofensa ao lado íntimo da personalidade, atingindo atributos como a
honra, dignidade, reputação, decoro, prestígio etc. Todavia, embora resida no mundo
interior de cada pessoa, o agravo moral precisa, necessariamente, ser
circunstanciado. Não se trata, tão somente, de vir a Juízo alegar-se angústia, dor
emocional e sofrimento, sem ao menos demonstrá-los eficazmente.

Conforme dito acima, mediante afirmações vagas, o Autor alega ter sofrido
incontáveis infortúnios em sua vida privada, sentindo-se lesado devido a conduta da
Acionada, pretendendo a condenação da mesma, na absurda quantia de R$ 20
2
SILVA JR., Djalma. Responsabilidade Civil pelos Danos Causados à Propriedade Digital. Salvador: Editora Contexto,
2003, p. 38.
salários mínimos, como forma de induzir o Reclamado a prezar pela qualidade dos
serviços prestados aos seus clientes, a fim de não expô-los a constrangimentos
desnecessários.

De acordo com WILSON MELLO DA SILVA3: “se o que pede a reparação por
danos morais não tem, a seu favor, a presunção sempre vencível desses mesmos
danos, terá que prová-los”. Além disto, é princípio assente em nosso ordenamento
jurídico a imputação do ônus da prova àquele que deduz a pretensão em juízo. Nestes
termos, resta insofismável que as meras alegações aduzidas na exordial não são
suficientes para consubstanciar o pleito do Acionante.

O mestre AGUIAR DIAS4, festejado pela sua dedicação ao tema e pela


relevante contribuição doutrinária que nos legou, assevera que:

[...] não basta, todavia, que o Autor mostre que o fato de que se queixa, na
ação, seja capaz de produzir dano, seja de natureza prejudicial. É preciso
que prove o dano concreto, assim entendida a realidade do dano que
experimentou, relegando para a liquidação a avaliação do seu montante.

A doutrina é uniforme quanto ao entendimento acerca da necessidade de


comprovação dos danos morais, para que se possa pleitear a respectiva indenização.
De acordo com ZENUN5:

O dano moral não se dá por ficta suposição que, ao cabo e ao fim tem de
ser rechaçada, pelo magistrado, que não pode estar à mercê de caprichos
edonísticos de emulações de legulelos que se acham nas camadas etéreas
do nada. É lógico que se não indeniza danos hipotéticos, pelo que todos os
danos, quer sejam morais, quer sejam materiais, hão de ser rigorosamente
provados.

Muito se aproveita ao caso a manifestação do 1º Tribunal de Alçada Civil de


São Paulo6, por intermédio da sua 4ª Câmara Cível:

[...] mas é necessário que o ofendido justifique essa indenização. De


feito. Não se pode compor o pretium doloris sem que a parte o
3
SILVA, Wilson Mello da. O Dano Moral e sua Reparação. 2 ed. São Paulo: Forense, 1969, p. 510.
4
DIAS, José Aguiar. Da Responsabilidade Civil. 6ª ed. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 1979, p.93-94.
5
ZENUN, Augusto. Dano Moral e sua Reparação, 1ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994, p. 269.
6
Revista de Jurisprudência dos Tribunais de Alçada Civil de São Paulo, nº. 125, p. 206.
justifique ou indique os meios de mitigá-lo. Bem por isso, já
reconheceu esta Câmara ser imprescindível que a parte, na exordial,
justifique a indenização do dano moral, se não para que não fique ao
arbítrio do julgador, ao menos para que possa o requerido contrariar a
pretensão com objetividade e eficácia (ênfase acrescentada).

Além disto, o próprio Tribunal do Estado da Bahia 7 tem-se mostrado atento,


repelindo pretensões como esta que ora se contesta, como se depreende da análise
da ementa abaixo:

REPARAÇÃO CIVIL POR DANO MORAL. EVENTO DANOSO. AUSÊNCIA


DE PROVA. HIPÓTESE QUE NÃO SE PRESUME. DANOS
PATRIMONIAIS INCOMPROVADOS. IMPROVIMENTO. O constrangimento
operou-se no mundo subjetivo do Apelante, sem raios de ação na esfera
objetiva, pois a responsabilidade do agente não se consagra por violação,
precisa concretizar-se o evento danoso para que seja proclamada, ipso
facto, a necessidade de reparação civil por dano moral.

Excelência, não se pode considerar qualquer contratempo como passível de


ensejar um pleito indenizatório, sob pena de qualquer dissabor, por mínimo que seja,
venha a autorizar sua formulação. Ora, como decorre da análise de sua incoativa, o
Autor fundamenta seu pedido de indenização a título de danos morais em virtude de
“transtornos” que lhe foram causados. Neste sentido, vejamos os precisos
ensinamentos de SÉRGIO CAVALIERI FILHO8:

Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor,
vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústias e
desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa,
irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano
moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia
a dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar,
tais situações não são intensas e duradouras a ponto de romper o
equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender
acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em
busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos (ênfase
acrescentada).

7
Apelação Cível nº. 33.706-8, 2ª C., TJ/BA, Rel. Luiz Fernando de Souza Ramos.
8
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000,
p. 78.
Enfim, à míngua de comprovação de qualquer prejuízo extrapatrimonial
supostamente experimentado, resta inviabilizado o pedido de condenação do Réu ao
pagamento de indenização a título de danos morais, pleito que aqui sofre expressa
objurgação.

6.1.2. Do Absurdo Valor Pleiteado

Salta aos olhos a aberração do valor suscitado pelo Demandante em sua


exordial com o intuito de erigir e justificar um suposto direito a uma indenização. Sob a
alegação de que foi acometido por constrangimentos e dissabores em virtude da
inscrição de seu nome nos Órgãos de Restrição ao Crédito, o Acionante vem a juízo
pleitear a quantia de R$ 9.300,00 (nove mil e trezentos reais).

De acordo com o Egrégio STJ9:

“É de repudiar a pretensão dos que postulam exorbitâncias


inadmissíveis com arrimo no dano moral, que não tem por escopo
favorecer o enriquecimento indevido” (grifos aditados).

Excelência, a condenação do Réu ao pagamento de uma indenização de


tamanha proporção seria absolutamente abusiva, conformando, inclusive, hipótese de
enriquecimento ilícito, o que autoriza a transcrição de algumas considerações
formuladas por SÉRGIO SEVERO10:

A falta de tradição brasileira na reparação dos danos extrapatrimoniais já


tem-se prestado a decisões no mínimo absurdas, como as somas
fantásticas, na ordem de milhões de dólares, atribuídas no Maranhão a
pessoas que tiveram cheques devolvidos caracterizando abalo de crédito.
Ora, de acordo com Geneviève Viney, numa passagem irônica e
delicadamente mal-humorada, deve-se evitar que algum autor americano
venha apelar para a loteria judicial (ênfase acrescentada).

9
AGA 108923/SP, 4ª Turma, DJ 29/10/96.
10
SEVERO, Sérgio. Os Danos Extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 197.
A jurisprudência pátria está sempre atenta a casos semelhantes ao que se
discute na presente ação, sempre exortando o equilíbrio, eqüidade e o bom-
senso:

É de entendimento jurisprudencial que o valor dos danos morais arbitrado


deve ser retificado quando, por erro, extrapolando dos limites do
razoável, a falta de ponderação na sua fixação viola certos princípios
jurídicos, tais como o de justiça e o de equilíbrio que deve subsistir entre
a capacidade econômica daquele que deve indenizar e o padrão sócio-
econômico da vítima ou daqueles a quem prestava assistência 11 (ênfase
acrescentada).

O arbitramento da condenação a título de dano moral deve operar-se com


moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte empresarial das
partes, suas atividades comerciais, e, ainda, ao valor do negócio,
orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela
jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom
senso, atento à realidade da vida, notadamente à situação econômica atual,
e às peculiaridades de cada caso12 (grifos aditados).

Neste esteio, o eminente Des. Paulo Furtado, ciente desses verdadeiros


acidentes, proferiu decisão de forma a obstar que o pleito de indenização a título de
danos morais enseje enriquecimento ilícito, o que, a seu ver, desmoraliza o
instituto. Segundo o Desembargador:

DANO MORAL – QUANTUM INDENIZATÓRIO – CRITÉRIOS –


NECESSIDADE DE PRUDÊNCIA DO MAGISTRADO NA FIXAÇÃO. A
reparação do dano moral deve significar uma compensação eqüitativa da
perda ocasionada pelo réu. Não pode, evidentemente, dar causa a um
enriquecimento ilícito. O que se percebe atualmente é que os exageros
estão desmoralizando o instituto. É necessário ter-se mais prudência na
fixação dos danos morais, para que o judiciário não sirva como meio de
enriquecimento sem causa. Os juizes precisam estar atentos aos exageros
e devem agir com cuidado na fixação do quantum13 (ênfase acrescentada).
11
Recurso Especial nº. 155.363-DF, Relator Min. Waldemar Zveiter, 3ª Turma do STJ, julgado em 14.12.1999.
12
Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. AGA 244708-MG, Relator Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª
Turma do STJ, julgado em 14.12.1999.
13
Ementa do Acórdão da Apelação Cível nº. 45.256-4, TJ/BA.
A indenização por dano moral, é bom frisar, não deve ser pleiteada a torto e a
direito, sob qualquer fundamento. O objetivo de tal instituto é o de tentar compensar,
monetariamente, sob a égide de um Estado capitalista, o efetivo dano que a parte
sofreu, visto que é impossível a retirada, de sua psique, do seu mal-estar emocional.

Ora, é flagrante a total irrazoabilidade do pedido do Acionante. A posição


adotada pelo mesmo condiz com a denúncia da doutrina da existência de uma
verdadeira indústria do dano moral, baseada em uma sociedade na qual
praticamente tudo dá ensejo à angústia e abalo emocional, alegações estas que são
levadas, temerariamente, à apreciação do Judiciário.

Na visão da doutrina:

Outra causa incentivadora para o ingresso de novas demandas pleiteando


indenização por danos morais é o grande número de julgados deferindo
indenizações verdadeiramente astronômicas para este tipo de lesão
alegada, o que permite projeções extremamente favoráveis aos litigantes,
que chegam a sonhar acordados com similares ganhos também em suas
demandas [...] Por fim, o crescimento de pleitos absurdos buscando
indenização por danos morais é realidade já bem conhecida e
dominada. Impõe-se, no momento, o aprofundamento do debate sobre
suas causas de ocorrência e a tomada de providências para conter este
indevido crescimento, que mereceu receber o desonroso título de
“indústria do dano moral14” (ênfase acrescentada).

Pela análise do caso em testilha, constata-se ser impossível medir a extensão


dos danos eventualmente sofridos pelo Acionante, já que este sequer os menciona.
Logo, à míngua de prova, caso eles sejam presumidos, a respectiva indenização, caso
por absurdo deferida, deve ser mínima!

O aplaudido Calmon de Passos15, em seu brilhante intelecto, condena a


banalização do dano moral. Nas palavras do autor:

14
HERMES, Gustavo. Combatendo a indústria do dano moral: a busca pela razoabilidade material e processual. 2003.
Disponível em: http://www.augure.com.br/content/artigos_detalhe.php?artigo_id=4. Acesso em: 30.11.06.
15
PASSOS, J. J. Calmon de. O imoral nas indenizações por dano moral. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 57, jul.
2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2989>. Acesso em: 26 fev. 2007.
Nada mais suscetível de subjetivizar-se que a dor nem nada mais fácil de
ser objeto de mistificação. Assim como já existiram carpideiras que
choravam a dor dos que eram incapazes de chorá-la, porque não a
experimentavam, também nos tornamos extremamente hábeis em nos
fazermos carpideiras de nós mesmos, chorando, para o espetáculo diante
dos outros, a dor que em verdade não experimentamos. A possibilidade,
inclusive, de retiramos proveitos financeiros dessa nossa dor oculta,
fez-nos atores excepcionais e meliantes extremamente hábeis, quer
como vitimas, quer como advogados ou magistrados. Para se ressarcir
esses danos, deveríamos ter ao menos a decência ou a cautela de
exigir a prova da efetiva dor do beneficiário, desocultando-a.
Hipocritamente descartamos essa exigência, precisamente porque,
quando real a dor, repugna ao que sofre pelo que é insubstituível
substituí-lo pelo encorpamento de sua conta bancária... Vale dizer, o
dano moral é significativo não para reparar a ofensa à honra e a outros
valores éticos, sim para acrescer alguns trocados ao patrimônio do
felizardo que foi moralmente enxovalhado (ênfase acrescentada).

O Poder Judiciário está sempre atento a estas tentativas de enriquecimento


ilícito, combatendo-a, com veemência, sempre que o quantum indenizatório se mostra
excessivo, notadamente em cotejo com a extensão do dano e as condições pessoais
dos envolvidos.

Destarte, sendo flagrante a abusividade e até mesmo imoralidade da


pretensão do Autor, em especial no que tange ao exorbitante valor postulado,
indenização eventualmente deferida, no que não se acredita, deve atentar à extensão
dos prejuízos, condição pessoal do Acionante.

7. DOS PEDIDOS

Assim, com base no que foi exposto, e na certeza do bom direito aplicado por
este i. Juízo, requer:

a) Que sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos autorais,


em razão da inexistência de culpa do Réu, e, pela inexistência de qualquer
tipo de dano;
b) Que seja revogada a medida liminar que nega o direito da parte Ré de
solicitar a negativação do nome do Demandante aos Órgãos de
Proteção ao Crédito;

c) Por cautela, caso assim não se entenda, que a condenação se limite ao


valor que venha a ser provado através de notas fiscais, repudiando-se
documentos de caráter particular que não produzem efeitos perante
terceiros.

d) Por fim, que toda e qualquer intimação seja feita única e exclusivamente
para a pessoa da Bela. Danielli Farias Rabelo Leitão, OAB/BA 21.309.

Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente pelo


depoimento pessoal da parte autora e do réu, juntada de novos documentos, tudo o
que desde já requer.

Nestes termos;
Pede deferimento.
Salvador, 27 de outubro de 2009.

DANIELLI FARIAS RABELO LEITÃO PEDRO ABDON LEMOS PINHO


OAB/BA 21.309 OAB/BA 29.495

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