TJPB 1a669515

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 3

Poder Judiciário da Paraíba

Vara Única de Serra Branca

Processo nº. 0800877-95.2020.8.15.0911


Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436)
AUTOR: LUCINALBA LIMA DE QUEIROZ
RÉU: ACQIO FRANCHISING LTDA.
SENTENÇA
EMENTA : JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER COM INDENIZATÓRIA POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS. CONTRATO DE COMPRA
DE MÁQUINA DE CARTÃO DE CRÉDITO. PRELIMINAR –
ILEGITIMIDADE PASSIVA – ACOLHIMENTO – EXTINÇÃO
DO PROCESSO SEM ANÁLISE DE MÉRITO – INTELIGÊNCIA
DO INCISO VI, DO ART. 485, DO CPC.

Vistos etc.

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38, da Lei nº. 9.099/95.

Trata-se de AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM INDENIZATÓRIA POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS manejada por LUCINALBA LIMA DE QUEIROZ em face de ACQIO
FRANCHISING S.A., todos devidamente qualificados, onde a autora alega, em síntese, que no
mês de agosto de 2017, adquiriu dois aparelhos utilizados para efetuar compras com cartão de
crédito ou débito, mais conhecidas como “maquininhas”, fornecidos pela empresa promovida,
onde o pagamento foi efetuado parcialmente em dinheiro e o restante no cartão de crédito.
Aduz, ainda, que a compra foi feita através de um representante comercial, chamado Rodrigo,
com o qual a autora assinou um contrato de prestação de prestação de serviço (anexo) e tem
também contatos telefônicos deste. Ocorre que apenas um dos produtos foi entregue, enquanto
o outro aparelho, de maior valor, não foi entregue a autora até a presente data. Diante disso,
requereu que seja julgado procedente o pedido para compelir a empresa Ré a restabelecer o
contrato de prestação de serviço, na forma inicialmente contratada, permitindo, assim, o pleno
e total fornecimento do produto, e, caso não possua, requer o ressarcimento do valor corrigido
ao valor de mercado, sob pena de multa diária a ser arbitrada por este juízo, assim como seja
condenada ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais).

Citada, a parte promovida apresentou contestação, arguindo em sede de preliminar, a carência


da ação, por ilegitimidade passiva ad causam, uma vez que é uma empresa Franqueadora e a
detentora exclusiva dos direitos que possibilitam a exploração do uso da MARCA e o conceito
do sistema de franquia “ACQIO” em todo o Brasil e não realiza a venda de máquinas de cartão
de débito e crédito, requerendo, portanto, a extinção do processo sem julgamento de mérito, uma vez
que não há nenhuma prova nos autos de que a Ré tenha efetuado uma venda para a Autora. No mérito,
pugnou pela improcedência dos pedidos constantes da inicial, haja vista que não houve nenhuma
irregularidade da parte da empresa Acqio Franchising.

DA PRELIMINAR DE CARÊNCIA DA AÇÃO - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.

Aduz a promovida que é uma empresa Franqueadora e a detentora exclusiva dos direitos que possibilitam
a exploração do uso da MARCA e o conceito do sistema de franquia “ACQIO” em todo o Brasil e não

Assinado eletronicamente por: JOSE IRLANDO SOBREIRA MACHADO - 09/02/2021 17:26:08 Num. 39241982 - Pág. 1
https://pje.tjpb.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020917260727900000037405430
Número do documento: 21020917260727900000037405430
realiza a venda de máquinas de cartão de débito e crédito. Os produtos comercializados na franquia são
disponibilizados através de fornecedores homologados.

Alega, ainda, que a empresa demandada não é responsável pelos terminais de transação de cartões de
crédito ou débito, pois, como dito acima, o seu objeto é vender franquias, e, da análise dos documentos
anexados ao autos é possível identificar que a Autora a princípio celebrou um contrato com “Rodrigo”,
cujo cartão traz a marca SERASA EXPERIAN, que em nada tem a ver com a promovida.

Instada a apresentar réplica aos argumentos da parte demandada, a autora sequer se


manifestou (ID nº. 37293725).

Da análise dos autos, entendo que razão assiste à promovida, pois analisando a documentação
acostada à inicial e contestação não antevejo suporte jurídico a embasar a legitimidade da
promovida a compor o polo passivo desta demanda. É que no contrato anexado aos autos não
percebi uma só referência à participação da demandada, mas, ao contrário, percebi que há sim,
um contrato entre a promovente e um representante comercial, chamado "Rodrigo Silva", o
qual está sendo questionado nesta ação.

Ora, o contrato a que se refere a inicial (ID nº. 34541529), não faz qualquer referência ao nome
fantasia, CNPJ, endereço, logomarca ou qualquer outro elemento que nos faça crer que a
demandada participava da relação comercial.

Ora, mesmo a parte autora tendo sido intimada para se reportar em relação a preliminar em
tela, certamente, para que se desejasse, retificasse o polo passivo desta demanda, ou, mesmo
nele incluísse o Sr. Rodrigo Silva (em homenagem ao princípio da primazia do mérito), que
certamente poderia trazer ao processo maiores informações sobre o contrato ora questionado,
preferiu trilhar caminho inverso, continuando a demandar contra a promovida, somente.

Aliás, como se sabe, a legitimidade ad causam constitui condição indispensável para a análise
do mérito pelo juiz e a sua inobservância, acarreta a carência de ação e, consequentemente a
extinção do processo, conforme prevê o art. 485, VI, do novo CPC.

No caso dos autos, percebe-se que no contrato apresentado pela promovente não há como se
aquilatar se entre o promovido e o Sr. Rodrigo Silva existia autorização para comercialização
dos produtos, atuando, assim, como um representante comercial da marca, até mesmo porquê
o próprio cartão de contato do mesmo faz referência ao Serasa Experian (ID nº. 34541531).

Por outro lado, também entendo não ser o caso de se aplicar, na espécie, o entendimento
através do qual o simples fato de ter participado da cadeia negocial (relação de consumo), deva
a parte ré figurar nesta ação, e, assim entendo porque para mim, somente pode ser aplicado tal
entendimento quando resta clara a participação de todos os envolvidos na relação comercial,
sendo que neste caso, não se comprova que entre o autor e o promovido houvesse essa
relação, diferentemente quando você adquire um produto numa loja comercial com a garantia
de fábrica, pois neste caso já está implícita, em tese, a responsabilização de ambos,
garantindo-se a quem se achar prejudicado, naturalmente, o direito de regresso.

Portanto, ante tais argumentos, no meu entender, como dito antes, deve a preliminar em
testilha ser acolhida.

POR TODO O EXPOSTO, acolho a preliminar arguida pela promovida, e, por via de consequência,
1
julgo extinto o processo, sem análise de mérito, o que faço com fulcro no inciso VI, do art. 485 , do
CPC vigente.

Sem custas processuais nem honorários, nos termos do art. 55, da Lei nº. 9.099/95.

Assinado eletronicamente por: JOSE IRLANDO SOBREIRA MACHADO - 09/02/2021 17:26:08 Num. 39241982 - Pág. 2
https://pje.tjpb.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020917260727900000037405430
Número do documento: 21020917260727900000037405430
Certificado o trânsito em julgado, arquivem-se os autos, independentemente de novo
despacho.

P. R. I e Cumpra-se.

Serra Branca(PB), 9 de fevereiro de 2021.

José IRLANDO Sobreira Machado


Juiz de Direito
___________________________________________

1Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

Assinado eletronicamente por: JOSE IRLANDO SOBREIRA MACHADO - 09/02/2021 17:26:08 Num. 39241982 - Pág. 3
https://pje.tjpb.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020917260727900000037405430
Número do documento: 21020917260727900000037405430

Você também pode gostar