Réplica - Fraude - Empréstimo

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

M.M.

JUÍZO DA 16ª VARA DE RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMARCA DE


SALVADOR – BA

PROC. Nº 0552804-40.2018.8.05.0001

ORQUIDEA GUERREIRO, já devidamente qualificado nos autos da ação tombada sob o


número em epígrafe, vem, por seu advogado infrafirmado, apresentar RÉPLICA A
CONTESTAÇÃO de fls. 127-153 dos autos, com base nos fundamentos a seguir:

DAS PRELIMINARES
“INÉPCIA DA INICIAL”
Tal preliminar não pode prosperar pois a petição inicial cumpre todos os requisitos
estabelecidos pelo CPC. O artigo 319 não estabelece a obrigatoriedade de juntada de extrato
bancário, como alega o Réu. De qualquer maneira, existem documentos nos autos comprovando o
alegado pela Autora. Em relação ao instrumento contratual, este deve ser ônus do Réu, em razão
da inversão do ônus da prova.

“DA IMPUGNAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA”


Cabe frisar que a assistência judiciária gratuita é diferente do benefício da justiça gratuita.
A primeira tem previsão constitucional e engloba a segunda, que é regulado pelo artigo 98 e
seguintes do Código de Processo Civil (CPC). O que se requereu aqui é o benefício, para afastar
apenas a necessidade da Autora de ter que arcar com as custas processuais para ajuizar a ação.
A Lei 1.060/50, que regulamentava a questão da justiça gratuita, foi derrogada pelo Código
de Processo Civil que entrou em vigor em 18/03/2016. Para obtenção do benefício da justiça
gratuita, desde a Lei 1.060/50, e entendimento majoritário dos Tribunais Superiores, bastava
simples afirmação.
O novo Código de Processo Civil acabou consolidando esse entendimento de que a
alegação de hipossuficiência da pessoa natural presume-se como verdadeira, ipse litteris:

Rua Machado Monteiro, nº 195, térreo, Caminho de Areia, Salvador/BA,


CEP 40455-160 – Contato: (71) 3035-0425 / 99109-0161 / 98793-9197
Site: www.avladv.net Email: [email protected]
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
[...]
§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente
por pessoa natural.

Não é necessário ao Autor provar que a presunção é verdadeira quando a lei assim já dita.
Nesse sentido dispõe o artigo 374, inciso IV, do novo CPC:
Art. 374. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos no processo como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Se existe uma presunção relativa em favor da pessoa natural, estabelecida pelo CPC, esta é
verdadeira até que se prove o contrário. Não é necessário a Autora provar que a presunção é
verdadeira quando a lei assim já dita. Ensina Fredie Didier Jr. e Rafael Alexandria de Oliveira:
“A simples afirmação de pessoa natural se presume verdadeira. Trata-se de
presunção legal juris tantum (presunção relativa). Quer isso dizer que, em linha de
princípio, não precisa a pessoa natural produzir prova do conteúdo da sua
afirmação. Se ela goza de boa saúde financeira, que o prove a parte contrária.”
(Benefício da Justiça Gratuita: de acordo com o novo CPC. 6ª ed. rev. e atual.
Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 67.)

No caso, cabe ao Réu impugnar a justiça gratuita e comprovar a possibilidade de


pagamento das custas processuais pela parte autora entretanto simplesmente impugnou de forma
genérica, sem comprovar a possibilidade econômica da parte em arcar com as custas processuais.
Pelo exposto, requer a manutenção do benefício da justiça gratuita a parte autora, pois esta
não tem como arcar com as despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua
família.

“DA AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO DA AÇÃO”


O interesse processual da autora está caracterizado na presente demanda, pois sofreu danos
materiais e morais com a conduta do preposto da Ré e, por isso, buscou amparo do Poder
Judiciário para ser indenizada. Se a Ré realmente tivesse o interesse de resolver a situação da
Autora, teria apresentado uma proposta justa de acordo na audiência de conciliação.

Rua Machado Monteiro, nº 195, térreo, Caminho de Areia, Salvador/BA,


CEP 40455-160 – Contato: (71) 3035-0425 / 99109-0161 / 98793-9197
Site: www.avladv.net Email: [email protected]
DA PREJUDICIAL DE MÉRITO
O pedido de extinção do processo em razão da prescrição não pode prosperar pois,
conforme documentos juntados com a inicial, percebe-se que o fato ocorreu no ano de 2017, e a
tentou resolver a situação extrajudicialmente mas quando percebeu o golpe, registrou a ocorrência
na delegacia no início de 2018.
Portanto, não há que se falar em prescrição pois não passaram 03 anos dos fatos narrados
na inicial, ainda assim, nesse caso se aplicaria o artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor,
que estabelece o prazo prescricional de 05 anos.

DO MÉRITO
Os fatos alegados na inicial não foram devidamente impugnados pelo Réu, pois sua defesa
foi realizada de modo genérico, não impugnando a conduta do seu preposto e inclusive os
documentos juntados no bojo da contestação não se referem ao empréstimo realizado em 2017.
Assim, conforme estabelece o artigo 341 do CPC, os fatos alegados na inicial devem ser
considerados verdadeiros e a ação julgada totalmente procedente.
Por cautela, o Autor impugna todo o aduzido pela Ré em sua peça de defesa por não
corresponder a primazia da realidade e afrontar os preceitos constitucionais, especialmente os
princípios protetores do cidadão/consumidor.
O Réu tenta se eximir da responsabilidade alegando genericamente que a Autora sofreu
estelionato de terceiro, entretanto este era preposto do Réu e tinha total acesso ao seu sistema para
liberar empréstimo e cartão de crédito, inclusive foi quem liberou os empréstimos anteriores à
Autora.
Em relação ao contrato firmado em 2014, vale frisar que a Autora não recebeu o referido
cartão de crédito. Só após os fatos descritos na inicial que veio a receber as faturas do cartão, mas
a sua intenção sempre foi de realizar um empréstimo.
Essa modalidade de cartão de crédito, que todo mês paga automaticamente o valor mínimo
da fatura, gera uma “bola de neve” de dívida que o consumidor nunca consegue terminar de pagar.
A Ré age violando a boa-fé objetiva pois a pessoa pretende conseguir um empréstimo e acaba
sendo colocada a pegar um valor junto ao cartão de crédito que tem juros muito mais elevados e
parcelas com pagamentos indefinidos pois é sobre o mínimo do cartão.
Nesses casos, o dano moral é in re ipsa, ou seja, decorre do próprio fato ofensivo. Diante
da violação aos direitos do consumidor, ora Autor, deve a Ré sem condenada por DANOS
MORAIS numa quantia justa. O comportamento da Ré, ao menosprezar o Consumidor, gera um

Rua Machado Monteiro, nº 195, térreo, Caminho de Areia, Salvador/BA,


CEP 40455-160 – Contato: (71) 3035-0425 / 99109-0161 / 98793-9197
Site: www.avladv.net Email: [email protected]
sentimento de baixo-estima, de descrédito nas leis, principalmente no Código de Defesa do
Consumidor, e nas instituições, como o PROCON e Poder Judiciário quando não tomam medidas
mais severas. O dano extrapatrimonial é de difícil aferição quando se trata de sua compensação em
dinheiro.
Apesar da nomenclatura “dano moral”, este se refere ao “dano extrapatrimonial”, e o
entendimento atual da doutrina e da jurisprudência é que não está relacionado apenas a dor,
vexame, sofrimento, e tal, como alegam os Réus. O dano moral também está relacionado com a
violação da boa-fé, da transparência das relações, da lealdade entre as partes, entre outras coisas.
Não é porque não teve humilhação ou vexame que não se pode configurar o dano moral, o
fato em si, o stress causado pela as diversas vezes que a autora procurou as fornecedoras para
resolver a situação, a perda de tempo útil, a má prestação do serviço, tudo isso leva em conta para
demonstrar a possibilidade em condenação pelo dano extrapatrimonial.
A parte Ré deverá se sentir desestimulada e inibida a praticar novamente esta conduta
abusiva, seja com o Autor ou com qualquer outro consumidor. Em síntese: para que se compense
efetivamente a vítima e, ao mesmo tempo, se tenha exemplarmente punido o injusto do ofensor, é
necessário que a indenização por dano moral venha a pesar patrimonialmente, servindo à ele e à
sociedade como um poderoso fator de desestímulo.
No que concerne aos danos materiais, fica claro que se os empréstimos não foram
contratados, os descontos são indevidos e geram danos materiais à Autora. Portanto, não há que se
falar em inexistência dos danos materiais.
Não há o que se discutir sobre a inversão do ônus da prova uma vez que o CDC a garante
quando o consumidor for hipossuficiente ou verossímil sua alegação. A parte autora juntou todas
as provas que possuía e ainda pode produzir outras provas. Assim, não restam dúvidas que
qualquer prova, além dos documentos já juntados aos autos, devem ser ônus do Réu, como
estabelece o art. 6º, VIII, do CDC.

DOS DOCUMENTOS JUNTADOS COM A DEFESA


Impugna os documentos produzidos unilateralmente pela Ré pois pode esta inserir ou
excluir dados e informações de acordo com seu interesse. Em relação aos contratos, ficam
impugnados pois a Autora não reconhece que os tenha assinado.

DOS REQUERIMENTOS:

Rua Machado Monteiro, nº 195, térreo, Caminho de Areia, Salvador/BA,


CEP 40455-160 – Contato: (71) 3035-0425 / 99109-0161 / 98793-9197
Site: www.avladv.net Email: [email protected]
Diante do exposto, requer o indeferimento dos pedidos dos Réus e reitera todos os pedidos
constantes na inicial pugnando pela procedência da ação.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Salvador, 16 de novembro de 2018.

ALEXANDRE V. LEMOS
OAB/BA 30.225

Rua Machado Monteiro, nº 195, térreo, Caminho de Areia, Salvador/BA,


CEP 40455-160 – Contato: (71) 3035-0425 / 99109-0161 / 98793-9197
Site: www.avladv.net Email: [email protected]

Você também pode gostar