Choque
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Clínica Médica
Medicina intensiva
Choques e Distúrbios Volêmicos
Choques e Distúrbios Volêmicos
1- Qual a definição de CHOQUE atualmente? Os choques hipodinâmicos – relacionados ao baixo débito cardíaco e
Conceitua-se choque atualmente pelo “fluxo sanguíneo inadequado para aumento da RVS (vasoconstricção);
a demanda metabólica tecidual”, ou seja, é um estado de hipoperfusão or- Os choques hiperdinâmicos – relacionados a um alto débito cardíaco e
gânica generalizada em que as células não recebem o aporte de oxigênio redução da RVS (vasodilatação).
necessário para manter a sua homeostase.
INSTABILIDADE HEMODINÂMICA (CHOQUE) >>>> estado de
baixa perfusão tecidual = O2
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torno de 70% ou 0,70). A partir desse momento, qualquer queda adicional 14- Como fica a SvO2 na sepse e no choque séptico?
da DO2 levará a uma redução proporcional do consumo (VO2). É o que Vai depender do momento de evolução do paciente. Embora a TEO2
acontece nos choques hipovolêmico, cardiogênico e obstrutivo. Essa esteja diminuída, esta alteração não ocorre de imediato. Lembre-se que
queda da VO2 proporcional à queda da DO2 é chamada dependência nas fases iniciais da sepse grave e do choque séptico o que temos é um
fisiológica da DO2 e é a responsável pela hipóxia tecidual nos choques paciente com extrema hipovolemia relativa (os vasos dilatam e o sangue
hipodinâmicos. em seu interior acaba sendo “insuficiente”). Dessa forma, a TEO2 vai
se comportar como nos choques hipodinâmicos, estando aumentada, o
12- Por que o exame da extração de oxigênio é clinicamente útil? que vai justificar uma Saturação Venosa Central (SvcO2) baixa. Quando
O exame da extração de oxigênio fornece uma melhor indicação global repomos o volume no doente inauguramos a fase hiperdinâmica e esta,
para avaliar se o débito cardíaco está compatível com as necessidades de por coincidência ou não, vem acompanhada dos reais distúrbios micro-
oxigênio do corpo. A extração de oxigênio pode fornecer pistas clínica e circulatórios, ou seja, TEO2 reduzida e, por isso, um aumento gradual na
diagnosticamente úteis quanto ao estado patológico. SvcO2. Esta, que estava reduzida, tende inicialmente à normalidade. O
No choque cardiogênico, a extração de oxigênio é alta porque o débito mesmo raciocínio se aplica naturalmente à SvO2.
cardíaco é insuficiente para o consumo de oxigênio.
Na sepse, a extração de oxigênio pode ser muito baixa devido à disfunção 15- Como obter a saturação venosa de oxigênio padrão ouro (Golden-s-
tissular (trombose de microcapilares e doença mitocondrial). Assim, tandard)?
ainda que se oferte uma DO2 supramáxima, pode-se observar sofrimento Com o cateter de Swan-Ganz (cateter de artéria pulmonar). Trata-se de
celular com lactemia e acidose, além de falência de múltiplos órgãos. um cateter introduzido por uma veia profunda (jugular interna ou subclá-
Uma queda expressiva da DO2 caracteriza os choques hipodinâmicos via) até uma das artérias pulmonares onde é possível mensurar de forma
(hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo). Nem a hipoxemia, nem a ane- contínua a saturação venosa de oxigênio obtida de sangue colhido em
mia costumam ser os responsáveis isolados por uma queda expressiva da artéria pulmonar (SvO2).
DO2, pois a hipoxemia geralmente estimula o aumento da hemoglobina À medida que é introduzido no sistema venoso, a extremidade distal
(policitemia) e a anemia estimula o aumento do DC. do cateter atinge primeiramente a veia cava superior e, em seguida,
o átrio direito, o ventrículo direito e, finalmente, a artéria pulmonar.
13- Como está a Saturação Venosa de Oxigênio no Choque? Como o lúmen distal tem a sua abertura na ponta do cateter, quando está
Nos choques hipodinâmicos, a DO2 (fornecimento de O2) reduzida acaba desinsuflado, a pressão medida corresponde à Pressão Arterial Pulmonar
deflagrando um aumento compensatório na TEO2 pelas células. Seguindo (PAP) e quando é insuflado com 1,5 ml de ar, desliza e “impacta” em um
mais a fundo na microcirculação este fenômeno faz passar um sangue ramo distal da artéria pulmonar, então tem-se medida da Pressão Capilar
com menor quantidade de O2 do capilar para vênula pós-capilar, e daí Pulmonar (PCP), também conhecida como Pressão de Oclusão da Artéria
para as veias, o que levará a uma queda da saturação venosa de O2 obtida Pulmonar (PAOP).
da artéria pulmonar, também conhecida como saturação de O2 do sangue O DC é mensurado indiretamente pelo método da termodiluição. Ao
venoso misto (SvO2). Outros fatores além do aumento da TEO2 reduzem injetar 10 ml de soro frio (em torno de 25° C) pelo lúmen proximal, este
a SvO2. Os principais incluem: líquido ganha o átrio direito, sendo logo em seguida “diluído” pelo san-
Queda no conteúdo de O2 no sangue arterial; gue do paciente (em torno de 37° C) que chega pelas veias cavas. Como
Diminuição do DC; é de se esperar, a temperatura da ponta do cateter na artéria pulmonar
Redução da Hemoglobina (Hb); inicialmente cai e depois volta a subir, desenhando uma curva na tela do
Aumento da VO2. monitor. A curva de temperatura é utilizada para a determinação do DC.
Obs.: Utilidade clínica da saturação venosa central (SvcO2) Quanto maior o débito cardíaco, mais rápido é o retorno da temperatura
a 37ºC.
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neomucosa, sudorese fria e pegajosa, principalmente nas extremidades, Organ Failure Assessment Score). Este último inclui parâmetros como
taquicardia, taquipneia, com pulsos radiais finos ou impalpáveis, oligúria relação PaO2/FiO2, níveis de plaquetas, níveis de bilirrubinas, PAM e/
e hipotensão arterial. A hipotensão arterial (definida como PA sistólica < ou necessidade de uso de aminas, escala de coma de Glasgow e níveis de
90 mmHg) não é um critério obrigatório. creatinina (ou débito urinário).
Obs.: o termo “sepse grave” foi abolido.
21- Como o avaliar um Choque Séptico 22- Confirmando então a presença de sepse, qual deve ser nossa condu-
Em 2016, foi estabelecido, através do consenso internacional denominado ta inicial?
SEPSIS 3, novas A última revisão do Surviving Sepsis Campaign preconiza um início
definições para sepse e choque séptico que modificou alguns concei- rápido de infusão de cristaloides, em um volume de 30 ml/kg nas primei-
tos importantes. A partir de então, a gravidade da disfunção de órgãos ras três horas. Após esta medida, caso a PAM se mantenha inferior a 65
passou a ser avaliada por um escore conhecido como SOFA (Sequential mmHg, o início de droga vasopressora é recomendado, sendo a noradre-
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Obs.: sempre que a Resistência Vascular Pulmonar (RVP) estiver aumentada, a PAP diastólica aumenta
consideravelmente em relação à PCP.
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nalina a medicação de escolha, na dose de 0,01 µg/kg/min. Hemoculturas PVC 8 -12 mmHg;
devem ser colhidas antes do início dos antimicrobianos e lactato deve SVcO2 = ou > 70% o;u SV mista = ou > 65%.
ser solicitado. Existe um comprometimento respiratório, mas abordagem
inicial pode ser a administração de O2 suplementar sob máscara facial
ou emprego de ventilação não invasiva. Caso existisse rebaixamento do
nível de consciência mais acentuado (ECG ≤ 8), o paciente deveria ser
intubado imediatamente.
Em 3 horas: cultura + ATB + Lactato + Volume;
Em 6 horas:
PAM = ou > 65 mmHg;
Diurese = ou > 0,5 mL/kg/ hora;
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23- Como avaliar o choque? 24- Como estimar a perda volêmica através de achados clínicos?
• Lactato: “lac time”;
CHOQUE HIPOVOLÊMICO DC RVS PVC
• BE;
Pressão sistólica do paciente:
• SvO2 e SvcO2: taxa de extração tecidual;
• Phi e tonometria gástrica Normal = grau I ou II >> apenas cristaloide;
• OPS; • Grau I = tudo normal;
• Capnografia sublingual; • Grau II = qualquer parâmetro alterado (taquicardia/ taquipneia);
• Depuração indocianina verde. < 90mmHg = grau III ou IV >> cristaloide + sangue;
• Grau IV (perda > 40%)/ FC > 140 / FC > 40 (>35);
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Obs.: o termo Síndrome da Reposta Sistêmica Inflamatória (SIRS) não foi mais relacionado à sepse. Os critérios de
SIRS não necessariamente implicam em uma reposta inflamatória desregulada e ameaçadora à vida. Estes critérios
podem estar presentes em muitos pacientes hospitalizados, incluindo aqueles que jamais desenvolverão um processo
infeccioso (baixa especificidade e alta sensibilidade)
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Imagem questão 24
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Caderno Digital
AU T O R I A :
VINÍCIUS LA ROCCA
Anestesiologista Especialista em Anestesiologia |UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora