Manual de Macroscopia Patológica USP

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Laboratórios – Cursos de Saúde -Unimar

Primeiros Socorros em Laboratório


(retirado do manual de primeiros socorros do site www.cursomast.com.br de domínio de Pavelqueires,
S.; Marçal, A.A. e Gomes, C.P.M.L.)

Importante que sejam conhecidos os procedimentos de segurança que devem ser usados
quando ocorrem acidentes nos Laboratórios. Por esse motivo serão descritos acidentes que
podem ocorrer com maior freqüência em laboratórios e as providências que devem ser
tomadas imediatamente. Nestes casos, devem ser seguidas as medidas gerais:
1- Chamar Serviço de Urgência: é imprescindível que o Cidadão conheça os recursos
disponíveis no Município quando for necessário acionar um serviço especializado como:
Resgate do Corpo de Bombeiros (Telefone 193), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência –
SAMU (telefone 192) e/ou Polícia Militar (telefone 190);
2- Prestar os primeiros gestos em urgência seguindo o protocolo de atendimento inicial até
a chegada do serviço especializado. Os principais objetivos dos primeiros socorros:
- preservar a vida da vítima e do cidadão;
- evitar maiores danos à vítima;
- prestar cuidados básicos para manter a vida; e
- garantir o equilíbrio da cena, diminuindo ansiedades e o estresse do evento.
É indiscutível que o paciente deve ser transportado, o mais rápido possível, para o
hospital quando necessário, porém enquanto se aguarda o socorro especializado deve-
se proceder aos primeiros gestos, descritos a seguir:
Avaliação primária
A avaliação primária deve identificar lesões que comprometem a vida do paciente e,
simultaneamente, estabelecer condutas para a estabilização das condições vitais. A avaliação
segue uma ordem de prioridades, que se constitui no ABCDE do atendimento inicial e identifica
as condições que implicam em risco de vida através da seguinte seqüência:
A – Vias aérea e controle da coluna cervical;
B – Respiração e ventilação;
C – Circulação com controle de hemorragia;
D – Avaliação da incapacidade e exame neurológico sumário (AVDI); e
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E – Exposição – despir o paciente e protegê-lo contra hipotermia.
A) Vias aéreas com controle da coluna cervical:
A avaliação das vias aéreas e as condutas que garantem a sua permeabilização, são
prioritárias. Grande parte dos pacientes inconscientes apresenta obstrução das vias aéreas por
queda da língua sobre a hipofaringe ou pela incapacidade de expelir corpos estranhos, sangue
e restos alimentares. O posicionamento adequado da língua e a remoção dos corpos
estranhos, freqüentemente solucionam o problema. Estas condutas de desobstrução das vias
aéreas foram revistas pelas Diretrizes de 2010 (American Heart Association) que indicam a
desobstrução através de manobra de elevação do queixo (chin-lift) (fig. 1), consiste em colocar
os dedos de uma das mãos do examinador sob o queixo, tracionando-o suavemente para cima

Fig. 1.1: manobra de elevação do


queixo (chin-lift)

e para frente. A palma da outra mão é posicionada na região frontal do paciente impedindo a
movimentação da coluna cervical.
Para chamar socorro, a vítima deve ser mantida em posição lateral de segurança (fig. 2). Esta
manobra consiste em elevar um dos braços da vítima acima da cabeça, em seguida deve girar
o corpo da vítima para o mesmo lado do braço estendido, fazendo com que a cabeça repouse
sobre este braço. A seguir deve flexionar a perna que está por cima, promovendo sua
estabilização.

Fig. 2: Posição Lateral de segurança


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O Cidadão deve saber diferenciar obstrução leve de obstrução grave, e deve agir nos casos
de gravidade, isto é, quando notar que há oxigenação inadequada, dificuldade para respirar,
tosse silenciosa, cianose, incapacidade para falar e respirar. Neste caso deve-se realizar a
Remoção manual de corpo estranho em vias aéreas, com a manobra de Heimlich (figura 3),
que consiste no posicionamento do Socorrista atrás da vítima, envolvendo-a com os braços,
diretamente abaixo das axilas. Fechando uma das mãos que é colocada, com o lado do
polegar, contra o abdome da vítima ligeiramente acima do umbigo e abaixo da extremidade do
apêndice xifóide. O punho fechado deve ser agarrado com a outra mão. Em seguida exerça
uma série de rápidas compressões em direção cefálica. Esta manobra provoca uma tosse
artificial, tentando expelir o corpo estranho. No caso de inconsciência, associado à obstrução
de vias aéreas por corpo estranho, a Manobra de Heimilich é realizada com a vítima em
decúbito dorsal (figura 4), enquanto o Socorrista ajoelha sobre a mesma, cavalgando-a,
colocando a palma de uma das mãos sobre o abdome e a outra mão é posicionada sobre a
primeira. Em seguida pressiona-se a região para dentro e para cima com múltiplos impulsos,
até que o corpo estranho seja expelido.

Fig. 3 - Manobra de Heimilich Fig. 4 - Manobra de Heimilich em posição dorsal

Em caso de suspeita ou confirmação de traumatismos, como queda, deve-se preocupar com a


imobilização da coluna cervical, que deve ser feita com as mãos do socorrista, como mostra a
figura 5.
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Fig 5: Imobilização manual da coluna cervical

Efetuadas todas as manobras de desobstrução de vias aéreas, deve-se realizar avaliação dos
movimentos respiratórios através da movimentação da caixa torácica.

B) Respiração e ventilação
A permeabilidade das vias aéreas não garante uma ventilação satisfatória do paciente, para
isso é fundamental um adequado funcionamento do tórax, pulmões e diafragma, portanto cada
um desses componentes devem ser avaliados e examinados rapidamente.
É imprescindível que o socorrista observe algumas alterações que podem estar
comprometendo a troca gasosa, resumidas em:
1) dor no local da lesão,
2) veias do pescoço distendidas,
3) dificuldade para respirar,
4) cianose (cor azulada ou arroxeada das pontas dos dedos e dos lábios), e
5) tosse com escarro sanguinolento.
6) ferimento aberto em tórax
Nos ferimentos fechados do tórax, as condutas são:
1) manter a vítima deitada,
2) permeabilizar as vias aéreas,
3) transportar ao hospital.
Os ferimentos abertos permitem uma comunicação entre o meio
externo e o meio interno, de modo que o ar entre e saia pelo orifício da
lesão. Os procedimentos são:
1) manter a vítima deitada, Figura 6: curativo valvulado
2) permeabilizar as vias aéreas,

3) realizar o curativo valvulado isto é, preso em três lados Fig 6;


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4) transportar ao hospital.

C) Circulação com controle de hemorragias


O próximo passo é avaliação da circulação da vítima, que pode estar em situação de choque
hemorrágico, que tem como sinais:
1) palidez da pele e suor frio;
2) respiração curta e rápida;
3) tonturas, escurecimento visual ou alteração da consciência; e
4) sede e tremor.
Tão importante quanto o diagnóstico do choque hipovolêmico é a determinação do ponto de
sangramento. Sangramentos externos, em extremidades, devem ser contidos com:
compressão manual direta sobre o sangramento, elevação do membro ferido e compressão da
artéria principal do membro (fig. 7). Essas condutas resolvem em até 90% os casos de
hemorragias. Não se deve pensar em torniquetes (garroteamento) ou uso de pinças
hemostáticas, já que os prejuízos são maiores, podendo ocasionar agravamento das lesões
vasculares e trauma em tecidos vizinhos.

As condutas prioritárias são:


1) posicionar a vítima deitada e com as pernas elevadas, quando não houverem fraturas que
comprometa esta manobra;
2) conter hemorragias externas;
3) manter a vítima aquecida se possível;
4) transportar rapidamente ao hospital.
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Compressão Manual do
Elevação do Membro
Compressão da Artéria Compressão da Artéria
Ferimento
Braquial Femural
Figura 7: Seqüência de procedimentos em contensão de hemorragias

D) Avaliação do estado neurológico


Uma rápida avaliação do padrão neurológico deve determinar o nível de consciência. O
rebaixamento do nível de consciência é indicativo de diminuição da oxigenação, lesão direta do
cérebro ou uso de drogas e/ou álcool Na avaliação inicial, como regra, utiliza-se o método
AVDI:
A - Alerta;
V - Resposta ao estímulo Verbal;
D - Responde ao estímulo Doloroso;
I – Irresponsivo aos estímulos

E) Exposição do paciente com controle da hipotermia


A proteção do paciente contra hipotermia é de suma importância, pois cerca de 43% dos
pacientes desenvolvem este tipo de alteração durante a fase de atendimento inicial, com
redução na temperatura basal, de 1ºC a 3ºC.
Alguns fatores predispõem a vítima a desenvolver hipotermia, a saber:
1) edema (inchaço) e hipoglicemia (diminuição da glicose) são fatores que comprometem a
produção de calor;
2) trauma associado à intoxicação por álcool ou drogas provocam maior perda de calor;
3) trauma de crânio pode comprometer o centro termorregulador (centro que controla a
temperatura corporal);
4) tempo de exposição à ambiente frio, molhado e uso prolongado de roupas molhadas;

Condutas em Ferimentos:
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Os ferimentos são resultantes de agressões sofridas em partes moles por objetos cortantes,
contundentes ou perfurantes e se classificam em abertas ou fechadas. As feridas abertas são
caracterizadas por apresentarem comunicação com o meio externo, onde a pele e a mucosa
são lesadas. As feridas fechadas são aquelas que acontecem abaixo da pele ou da mucosa e
podem atingir órgãos mais profundos. Por sua vez as feridas abertas podem ser classificadas
em:
 incisas: produzidas por objetos cortantes (faca, bisturi, punhal, etc) e apresentam a
borda de forma linear e delgada;
 abrasões ou escoriações: acontece quando o objeto atua em sentindo tangencial
sobre a superfície da pele, retirando parte da epiderme (primeira camada da pele);
 corto-contusa: causadas por instrumentos pouco afiados ou pesados, como
machados, foice, enxada, etc. As bordas são irregulares e com sinais de contusão e,
geralmente são profundas;
 perfurantes: produzidas por objetos pontiagudos e longos, como: pregos, agulhas,
flexa, etc;
 empalamento: penetração de uma haste pontiaguda em orifícios já existentes do corpo
(nariz, olho, ouvido, ânus, vagina);
 impactantes: penetração de uma haste pontiaguda em qualquer outra região do
organismo, isto é produzindo um orifício;
 transfixantes: quando atravessam o corpo;
 lácero contusas: caracterizadas pela compressão da pele contra um plano, com
grande força, com arrancamento de tecidos;
 pérfuro contundentes: produzidas por projéteis de arma de fogo, causando orifício de
entrada, trajeto e um orifício de saída; e
 mutilantes: quando há amputação de uma porção do corpo, como: membros, orelhas,
dedos, nariz, etc.
Os procedimentos em feridas abertas são:
1) manter a vítima deitada;
2) expor a ferida;
3) limpar a ferida em água corrente;
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4) remover apenas materiais soltos;
5) controlar o sangramento como demonstrado na figura 7;
6) não remover objetos empalados ou impactados;
7) prevenir a contaminação; e
8) transportar para o hospital.

Alguns ferimentos podem ser tratados como especiais, como:


- cabeça: o couro cabeludo é intensamente vascularizado, portanto ferimentos nesta região
podem sangrar abundantemente e, ainda, podem estar associados a fraturas de crânio e ao
comprimí-los podem causar lesões do cérebro, portanto lesões nesta região devem ser
controladas com cautela, para não produzir lesões adicionais;
As condutas com os ferimentos em couro cabeludo são:
 não limpar o ferimento pois pode aumentar ou reiniciar o sangramento;
 não comprimir com os dedos pois pode empurrar o osso para o interior do crânio;
 controlar o sangramento com curativo compressivo;
 transportar para o hospital.
- face: ferimentos neste local podem causar obstrução de vias aéreas e estar associados a
fraturas de ossos da face e na tentativa de comprimí-los para diminuir o sangramento, porém
aumentar a hemorragia interna e provocar intensa dor. Objetos impactados nas bochechas
devem ser retirados pela possibilidade de causarem obstrução de vias aéreas em seu
deslocamento. Ferimentos grandes e complexos nesta região exigem transporte imediato para
o hospital e a vítima deverá seguir em posição lateral de segurança, evitando a aspiração do
sangue. Os procedimentos adequados são: manter a vítima deitada com controle da coluna
cervical, desobstruir as vias aéreas, retirar objetos impactados, realizar curativo e transportar
na posição lateral de segurança para o hospital;
- olhos: ferimentos nos olhos não ameaçam a vida e os procedimentos são: não remover
objetos impactados, não realizar curativo compressivo e sim oclusivo e frouxo nos dois olhos,
realizar a lavagem do olho com soro fisiológico ou água estéril nos casos de queimaduras
químicas;
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- ouvido: os procedimentos indicados incluem não ocluir o canal auditivo nos casos de
hemorragia, observar se o líquido drenado é claro, pois neste caso há suspeita de fratura de
crânio e transportar ao hospital;
- nariz: os procedimentos incluem controle de hemorragias em face, não remover objetos
impactados e transportar para o hospital. Quando o sangramento for espontâneo e não
envolver trauma, os procedimentos são: sentar o paciente, inclinar sua cabeça para frente,
comprimir com os dedos as narinas, usar gelo direto no nariz pode auxiliar no controle da
hemorragia, levar ao hospital caso não cesse o sangramento. Deve ser questionado sobre a
possibilidade de hipertensão arterial ou doenças hemolíticas;
- boca: remover próteses, dentes quebrados e corpos estranhos com pinças. Caso o
sangramento não cesse, a vítima deve ser transportada em posição lateral de segurança;
- pescoço: apesar de pequeno, o segmento do pescoço abriga importantes estruturas, como:
tireóide, traquéia, esôfago, coluna cervical e grandes vasos. Traumas fechados ou abertos
podem produzir ferimentos no pescoço, os sinais significativos são: perda da voz, rouquidão
(sinal de trauma de traquéia), sinais de obstrução de vias aéreas, edema (inchaço) e
deformidades no pescoço. Em casos de ferimentos fechados no pescoço a vítima deve ser
transportada rapidamente ao hospital pela possibilidade de evoluir para obstrução de vias
aéreas e manter imobilizada a coluna cervical. Em ferimentos penetrantes com sangramento
intenso está indicado: compressão manual em apenas um lado do pescoço por vez, não aplicar
compressão sobre as vias aéreas, controlar o sangramento através de compressão direta
sobre a carótida unilateral e transportar imediatamente ao hospital com imobilização da coluna
cervical;
- tórax: os ferimentos no tórax já foram discutidos anteriormente;
- abdome: os sinais que fazem suspeitar de ferimentos no abdome são: dor abdominal,
contusões e escoriações, hematomas, ferimentos perfurantes e evisceração. Nos ferimentos
contusos do abdome o socorrista deve: manter a vítima deitada com um coxim sob os joelhos
para diminuir o estiramento da pele e musculatura abdominal e transportar ao hospital. Nos
casos de ferimentos penetrantes, deve-se: manter a vítima deitada, não tentar recolocar
vísceras para dentro, cobrir as vísceras com curativo oclusivo embebido em soro fisiológico,
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não remover objetos impactados e sim estabilizá-lo e transportar imediatamente ao hospital
com a coluna imobilizada.

Condutas em Queimaduras:
As queimaduras produzem danos catastróficos, por serem agressões aflitivas nos aspectos
biológico, psicológico e social. Dentro dos princípios a serem seguidos para o atendimento da
vítima de queimaduras incluem-se: avaliação do comprometimento das vias aéreas por
queimaduras, buscar por sinais de inalação e manutenção da estabilidade hemodinâmica.
Classificação das queimaduras
As queimaduras podem ser classificadas quanto à profundidade e extensão:
a) Profundidade da queimadura: as queimaduras podem ser classificadas de acordo com a
espessura da destruição do tecido. A determinação da profundidade é de fundamental
importância para a determinação da gravidade, planejamento do cuidado e o prognóstico da
morbidade. A profundidade pode ser determinada, inicialmente, pela aparência da lesão e pelo
agente causador, variando como mostra o quadro a seguir:

Quadro 1 - Classificação das queimaduras quanto à profundidade


Profundidade / Camada da pele Características da Lesão
agentes causais lesada Sinais e Sintomas
- Dor, Formigamento - Vermelhidão, presença de
1º grau Epiderme sinais de circulação, discreto ou
- sol nenhum inchaço, seca
2º grau - Presença de bolhas - Vermelhidão, Inchaço,
- Escaldadura, Epiderme e parte da íntegras ou rompidas, Bolhas, Aparência úmida,
- Chamas; derme Muito dolorosa, Folículos pilosos permanecem
- Líqüidos Hipersensibilidade a intactos
superaquecidos corrente de ar
3º grau Epiderme, derme e - Indolor, Vasos - Tecido enegrecido
- Chamas tecidos subcutâneos, trombosados (carbonizado), Aperolado,
- Corrente elétrica podendo atingir esbranquiçado, Seco, Tecido
- Subst. química órgãos, ossos, endurecido, Destruição de
- Subst. inflamáveis: tendões, etc. fibras nervosas.
álcool, gasolina, etc
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b) Extensão da queimadura: a determinação da extensão da área queimada é realizada
através da avaliação da percentagem de superfície corporal que sofreu o trauma. Um método
simples e rápido, que possibilita estimar aproximadamente a extensão, é a regra dos nove.

Figura 8: “Regra dos nove” – classificação da


queimadura quanto à extensão

Queimaduras especiais
a) Queimaduras químicas: são inúmeros os produtos capazes de produzir queimaduras
químicas atualmente comercializados, seja para uso doméstico, como para uso na indústria e
agricultura. Podem ser um ácido, soda ou componentes químicos como derivados do petróleo.
Tanto os ácidos como as sodas são largamente usados na indústria para limpeza e
preservação de produtos manufaturados. Os hidróxidos de sódio, potássio, bário, entre outros,
são freqüentemente utilizados em reações químicas nas indústrias, limpadores de esgoto e
removedores de tinta. A principal diferença entre as queimaduras térmicas e químicas, é que as
últimas têm sua profundidade agravada enquanto o agente químico permanece em contato
com a pele. As extremidades são os locais mais atingidos. A lesão tecidual depende:
- da concentração do agente químico;
- da quantidade de substância;
- do modo e duração de contato com a pele;
- da extensão corporal exposta ao agente;
- do agente envolvido.
As queimaduras químicas exigem tratamento de urgência, levado-se em consideração a
sistemática estabelecida e os cuidados específicos da lesão. O contato com produtos derivados
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de petróleo está associado com rápida absorção pela pele e conseqüente intoxicação. O
tratamento consiste em:
- remoção da vítima para local seguro;
- despir completamente o paciente e retirar adornos (anéis, brincos e colcares);
- remoção física da substância;
- diluição do agente com água corrente e abundante, diminuindo assim o tempo de contato
entre a substância e a pele. Lavar com água abundantemente por, pelo menos 15 minutos;
- Não ofereça medicamentos, alimentos ou água, pois a vítima pode precisar tomar anestesia
e, para isso, estar em jejum;
- Não usar em hipótese alguma pomadas, ou qualquer substancia sobre a região queimada.
Importante: Os agentes químicos devem ser diluídos o mais rápido possível, os neutralizantes
são contra indicados. O excesso de produtos químicos em pó devem ser espanados,
inicialmente, e depois removido com água corrente.
b) Choque elétrico: produzido pelo contato entre o corpo e a fonte elétrica. A gravidade é
freqüentemente maior do que a lesão aparente, sendo determinada pelo trajeto da corrente
através do corpo (figura 9), pela voltagem e pelo tipo de corrente. Podem gerar lesões
musculares, desordens elétricas do coração, lesões ósseas e de órgãos vitais. Em geral
quando a fonte é menor que 1000 volts, a lesão é pequena e semelhante a outras queimaduras
cutâneas, porém quando a exposição excede 1000 volts, existe o potencial de lesões
profundas.

Figura 9: Trajeto da corrente elétrica

O cuidado consiste em desligar a fonte de energia antes de tocar a vitima e proteger a vítima
de quedas. Avaliar aplicando o protocolo de atendimento inicial, solicitar o socorro de urgência
e iniciar as manobras de Reanimação Cardio Pulmonar (RCP) se for necessário, utilizando o
protocolo de Suporte Básico de Vida (SBV) em parada cardio respiratória (PCR).
Suporte Básico de Vida em PCR
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Para Knobel (1994), parada cárdio respiratória (PCR) pode ser definida como a cessação
súbita e inesperada da circulação em pacientes cuja expectativa de morte não existia. É a
condição súbita e inesperada de deficiência absoluta de oxigenação tissular, seja por
ineficiência circulatória ou por interrupção da respiração. Uma definição mais específica para
parada cardíaca é aquela em que há um débito cardíaco inadequado para manutenção da vida,
em que um volume sistólico, inadequado para perfusão tecidual, requer uma reanimação
cárdio-respiratória.
Desde 1992, a American Heart Association - AHA desenvolveu o conceito da cadeia de
sobrevivência que consiste em uma série ordenada de medidas que devem ser tomadas no
atendimento a uma parada cárdio respiratória. Em 2010 esta cadeia recebe um novo elo, o dos
cuidados pós RCP fig. 10.

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Fig. 10 – Cadeia de sobrevivência em PCR, inspirada no Guideline da AHA de 2010.

1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do Serviço de Urgência


2. RCP precoce com ênfase nas compressões torácicas
3. Rápida desfibrilação
4. Instituir Suporte Avançado de Vida
5. Instituir Cuidados Pós PCR
O conceito de suporte básico de vida é o conjunto de procedimentos que pode ser
executado por profissionais de saúde, bem como leigos capacitados em sua execução.
Consiste na avaliação seqüencial de um rápido reconhecimento da inconsciência, ausência de
respiração ou respiração inadequada ou agônica (gasping) e ausência de pulso carotídeo e na
aplicação de procedimentos específicos para suas correções, com o objetivo de manter a
oxigenação cerebral e perfusão coronariana. Quanto maior a demora em realizar tais
intervenções, pior será o prognóstico da vítima.
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Abordagem diagnóstica e tratamento:
Uma rápida constatação da inconsciência, com uma estimulação verbal, verificação da
respiração e pulso carotídeo, simultaneamente deve ser realizada e num tempo máximo de
10 segundos.
Constatado o estado de inconsciência, ausência de respiração ou gasping e ausência de pulso
carotídeo, deve-se solicitar socorro imediatamente e iniciar os procedimentos de RCP.
Excetuando as situações de quase afogamento, trauma, submersão, envenenamento,
overdose de drogas, parada respiratória em menores de oito anos e parada cardíaca não
presenciada, onde está indicado o início imediato das manobras de reanimação durante dois
minutos (5 ciclos) e somente então, a solicitação de socorro. Ao chamar socorro deve-se ter em
mente as seguintes informações: endereço, número do telefone, o que aconteceu, quantas
vítimas, as condições da(s) vítima(s) e que ajuda já está sendo fornecida.
A vítima deve ser posicionada em decúbito dorsal, sobre uma superfície rígida, firme e plana.
Quando houver suspeita de trauma, e a vítima for encontrada em decúbito lateral ou ventral,
deve ser posicionada em bloco com alinhamento e imobilização da coluna. Neste momento o
atendente deve posicionar-se ao lado da vítima e dar seguimento às manobras.

Fig 11. Posições dos socorristas durante a RCP

Neste caso o atendente deve iniciar as compressões torácicas com qualidade. A região
hipotenar da mão deve ser posicionada dois dedos acima do apêndice xifóide, a outra mão
deve sobrepor-se à primeira com os dedos entrelaçados, de forma que não atinjam o gradil
costal. Os braços devem estar completamente estendidos, evitando-se a flexão dos cotovelos
de forma a facilitar o deslocamento do peso do tronco do atendente sobre o tórax da vítima.
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Para tal é necessário que os joelhos do atendente estejam, no mínimo, na altura da vítima
como na fig. 11 Neste local devem-se iniciar as compressões torácicas com qualidade que
significam, freqüência e profundidade de compressões torácicas adequadas, permitindo o
retorno total do tórax após cada compressão, minimizando interrupções e evitando a ventilação
excessiva.
A Frequência e profundidade adequada considerada pelas Diretrizes de 2010 são de no
mínimo 100 compressões por minuto, numa profundidade de no mínimo 5 cm, ou seja, 2/3 do
diâmetro ântero posterior do tórax. O número de compressões torácicas aplicadas por minuto
durante a RCP é um fator determinante do retorno da circulação espontânea (RCE) e da
sobrevivência com boa função neurológica. O número real de compressões torácicas aplicadas
por minuto é determinado pela frequência das compressões torácicas, o número e a duração
das interrupcões nas compressões. Por exemplo, abrir a via aérea, aplicar ventilações de
resgate ou permitir analise do DEA/DAE retardará o início e diminuirá o número de
compressões por minuto. A profundidade deve comprimir o esterno pelo menos 5 cm,
provocando o fluxo sanguíneo por diferencial de pressão gerando fornecimento de fluxo
sanguineo, oxigênio e energia, para o coração e o cérebro.
O inicio da reanimação pelas compressões torácicas inverteu a ordem de prioridade de
atendimento de ABC para CAB, ou seja, a sequência estabelecida nas Diretrizes da AHA
de 2010 é: realização de 30 compressões torácicas e, somente após, a abertura de vias
aéreas e ventilação. As vias aéreas devem ser abordadas após as 30 compressões
torácicas, com as manobras abordadas no capítulo de vias aéreas.
Será realizada então a ventilação artificial que, no suporte básico de vida, consiste nas
manobras de ventilação boca-boca, boca-nariz, boca-máscara ou Ambú.
- ventilação boca-boca: após ocluir as narinas da vítima com os dedos polegar e indicador, o
atendente faz uma inspiração normal, aplica os lábios sobre a parte externa da boca da vítima
vedando-a, e infla o ar durante 1 segundo, suficiente para expandir o tórax. A expiração
ocorrerá espontaneamente, determinada pela elasticidade do tórax. Neste momento as narinas
devem estar liberadas. Caso não ocorra a expansão torácica durante a insuflação, deve-se
reposicionar a cabeça da vítima, refazer as manobras de reabertura das vias aéreas e repetir a
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ventilação. Nos casos de insucesso, os profissionais de saúde podem repetir até três vezes
estas manobras para que não ocorra retardo no reinício das compressões torácicas;

Fig. 12: Respiração boca a boca

- ventilação boca-nariz: usada em situações onde a boca da vítima não pode ser aberta ou
na presença de trauma buco maxilo facial. Consiste no fechamento da boca da vítima com a
mão que está posicionada no mento, em seguida colocam-se os lábios entreabertos ao redor
do nariz da vítima e procede-se a insuflação como descrita acima. Não se aconselha a
realização de ventilação boca-boca / boca-nariz para profissionais de saúde, sem um
dispositivo de barreira (máscara facial);
-Ventilação boca-máscara: é a ventilação realizada com o auxílio de uma máscara com
válvula unidirecional, aplicada à face da vítima e fixada com o auxílio das mãos de acordo com
a figura 12 Quando houver a possibilidade de uso de oxigênio fazê-lo a dez litros por minuto;

Fig. 13: Ventilação boca-máscara

- ventilação com bolsa válvula máscara (Ambú) para profissionais de saúde: usado
preferencialmente com a presença de dois profissionais de saúde, facilitando o seu correto
manuseio. É importante ressaltar que o volume corrente deve ser de aproximadamente 7ml/Kg
(peso ideal), pois volumes maiores aumentam o risco de insuflação gástrica, diminuindo a
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expansão torácica e, conseqüentemente, a ventilação. O uso do oxigênio segue as mesmas
recomendações anteriores, a presença de reservatório de oxigênio possibilita sua concentração
próxima a 100%.

Fig. 14: Ventilação bolsa válvula máscara

Se a vítima apresentar parada respiratória, e o profissional


constatou a presença de pulso carotídeo, a ventilação artificial será
mantida da seguinte forma: 1 ventilação a cada 6-8 segundos no
adulto compreendendo 8-10 ventilações por minuto. Na vítima
inconsciente que se restabeleceu a respiração, deve-se procurar manter as vias aéreas
pérveas com manobras descritas anteriormente, ou apenas mantendo-a em posição lateral de
segurança (PLS).
A seqüência das manobras deve ser de 30 compressões torácicas e 2 ventilações
(independente do número de socorristas) interrompendo as manobras a cada 5 ciclos, para
avaliação do retorno de sinais vitais, circulação e respiração e troca de posição dos socorristas.
Na impossibilidade técnica de executar a ventilação, ou o socorrista não se sente seguro para
realizar a ventilação boca-boca, as manobras de compressões torácicas podem ser executadas
isoladamente.
Uso do desfibrilador automático externo
O desfibrilador externo automático (DEA) consiste em um
equipamento que incorpora um sistema de análise de ritmos
e um sistema de aviso para o seu uso. O DEA analisa,
informa a necessidade da descarga elétrica e o operador a
dispara através de seu comando.
Fig. 15: Desfibrilador Automático Externo
O uso do DEA é descrito em quatro passos universais:
1º) Ligar o DEA;
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2º) Fixar as pás auto adesivas sendo uma posicionada na linha hemi clavicular direita, entre a
clavícula e o mamilo, e a outra na linha axilar anterior, abaixo do mamilo esquerdo.
Normalmente as pás já vêm com a identificação da localização. É importante certificar-se que
as pás estejam bem fixadas, pois quando for inadequada, o desfibrilador emitirá uma
mensagem. As situações mais comuns da má fixação das pás são as seguintes: umidade do
tórax da vítima, que deve ser removida imediatamente com reaplicação de novo par de pás,
excesso de pelos, que serão removidos com tricotomia. Em vítimas portadores de marca
passos e desfibriladores implantados, convém evitar o posicionamento das pás diretamente
sobre o dispositivo, lembrando que, a margem de segurança é o posicionamento das pás a
pelo menos 8cm de distância. Assim pode-se lançar mão das posições ântero posterior e
ântero lateral das pás;
3º) Análise do Ritimo: neste momento todas as manobras de RCP ou qualquer manipulação da
vítima serão interrompidas para evitar interferência na leitura. Em alguns equipamentos o
operador aciona um comando de ANÁLISE, outros analisam automaticamente. Se existe a
Fibrilação ou Taquicardia Ventricular o dispositivo emitirá um alarme denunciando a
necessidade de acionar a primeira série de descarga;
4º) Descarga Elétrica: antes de acionar o comando de descarga elétrica (SHOCK), o operador
deve assegurar-se de que todos estão afastados da vítima para evitar acidentes, e finalmente
disparar a primeira descargas. Após o primeiro choque reinicia-se a RCP pelas compressões
torácicas, por dois minutos (5 ciclos). As manobras serão novamente interrompidas para
reavaliação de pulso, ritmo e necessidade de nova descarga, o que não poderá ultrapassar 10
segundos. É importante salientar que o DEA possui um mecanismo que impede a emissão de
descarga elétrica caso o ritmo não seja desfibrilável ou chocável.
A seguir apresenta-se o algoritmo para o suporte básico de vida para adultos:
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Algorítmo de Suporte Básico de Vida Adulto Simplificado

 Irresponsivo
 Apnéia
 Gasping

Providenciar o
Acionar Serviço de
DEA
Urgência

Iniciar RCP
Verificar o Ritmo:
Choque se indicado
Repetir a cada 2 min.

Situações Clínicas:
1) Desmaios: são definidos como alteração passageira do estado de consciência.
Freqüentemente o quadro se inicia com mal estar, escurecimento visual, pele fria,
sudoreica (suor) e pálida, relaxamento da musculatura e perda de consciência. Os
principais fatores desencadeantes são: diminuição da pressão arterial (hipotensão arterial)
e diminuição do fluxo de glicose (hipoglicemia) ou de oxigênio no cérebro (hipóxia). As
condutas imediatas incluem: para vítimas conscientes deve-se: sentá-la com a cabeça
entre as pernas, verificar sinais vitais e administrar solução açucarada (quando possível).
Se a vítima estiver inconsciente deve-se: permeabilizar as vias aéreas (manobra de
elevação do queixo), manter a vítima deitada com as pernas elevadas e transportá-la ao
hospital ou em posição lateral de segurança caso haja obstrução das vias aéreas pela
língua, ou enquanto chama o serviço de urgência.
2) Coma: as estruturas do cérebro responsáveis pelo estado de alerta são muito sensíveis às
variações do nível de oxigênio e glicose. Estes níveis podem se alterar por: intoxicação por
drogas ou álcool, variações anormais da pressão arterial, ruptura de vasos, tumor cerebral,
edema cerebral, traumatismo de crânio, entre outros. Os sinais e sintomas ocorrem de
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acordo com o tipo de lesão, podendo ocasionar alteração no ritmo respiratório, vômitos,
alteração dos batimentos cardíacos, convulsões, tremores, hipertensão ou hipotensão
arterial, febre, palidez ou cianose. A avaliação consiste na aplicação do AVDI, visto
anteriormente em avaliação neurológica. As condutas incluem: permeabilizar as vias
aéreas (manobra de elevação do queixo) e iniciar a RCP quando indicada.
3) Crise convulsiva: são abalos musculares de parte do corpo (focais) ou de todo o corpo
(generalizadas), decorrentes do mal funcionamento do sistema nervoso central. Tem início
súbito, porém algumas vezes, podem ser percebidas pela vítima. A crise pode durar de 2 a
5 minutos, seguindo-se um período pós-convulsivo, caracterizado por sonolência podendo
ocorrer relaxamento de esfíncteres (perda de urina e de fezes). Durante a crise pode se
perceber salivação excessiva. As condutas imediatas incluem: proteger a cabeça da vítima
para que não ocorram lesões, realizar um isolamento entre os dentes com um pano para
que a vítima não provoque lesões da mucosa com mordeduras, afastar curiosos e
providenciar um ambiente silencioso para diminuir os estímulos ao cérebro, lateralizar a
vítima em posição de segurança ao término da crise e transportar ao hospital.
4) Diabetes: entende-se por diabético o indivíduo com alta taxa de glicose no sangue
decorrente da diminuição ou ausência da taxa do hormônio insulina produzido no pâncreas.
A insulina é responsável pela penetração da glicose na célula, sua diminuição ou
inexistência leva ao prejuízo do trabalho de célula. Alguns sinais são característicos do
diabético: sudorese (suor excessivo), dor abdominal, vômitos, desidratação, hálito com
cheiro de acetona, alteração do estado de consciência, sede e fome aumentada, perda de
peso e aumento do volume de urina. Quando existe um aumento exagerado do açúcar no
sangue e as células do sangue não conseguem utilizá-la, ocorre o coma diabético
juntamente com a desidratação. Os sinais são: mucosas (lábios e língua) secas, olhos
encovados (deprimidos), taquicardia e sudorese. As condutas são: manter a vítima em
posição lateral de segurança, RCP quando necessário e transportar ao hospital. É comum
o socorrista se deparar com o indivíduo diabético que entra em hipoglicemia por
inadequação entre a dose de insulina e a ingestão de alimentos. Neste caso poderá haver
reversão do quadro com a administração de solução açucarada, quando o paciente está
consciente. Quando inconsciente deverá ser levado imediatamente ao hospital.
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5) Asma: doença inflamatória, definida como a dificuldade respiratória gerada pelo
estreitamento dos brônquios, dificultando a passagem do ar. Os sinais são: utilização de
todos os músculos do tórax e do pescoço para respirar, aumento de secreções que causam
ruídos na respiração, face angustiada, chiados ao respirar, tosse, vômitos, taquicardia e
cianose. As condutas são: manter o paciente semi-sentado e transportar ao hospital.
6) Hiperventilação: é a respiração rápida e profunda podendo ser desencadeada por:
estresse, febre, ataque cardíaco e distúrbios do trabalho das células. A vítima deve ser
transportada ao hospital e durante o trajeto pode ser solicitado que respire dentro de um
saquinho para que inale o ar que elimina, regulando assim a concentração de gás
carbônico no sangue.

Traumatismos em Membro
Quando houver evidência de fraturas o local deve ser imobilizado, os sinais se resumem em:
 dor local;
 hematomas;
 deformidade ou edema (fig.16);
 incapacidade funcional;
 creptação óssea; e
 encurtamento do membro.

Figura 16: Sinais de Fraturas


As fraturas de membros superiores devem ser tratadas da seguinte forma:
 checar o pulso, perfusão e sensibilidade distal à fratura;
 usar bandagem triangular nas fraturas de clavícula, escápula e cabeça do úmero;
 imobilizar as luxações e fraturas em articulações na posição em que o membro foi encontrado;
 imobilizar as fraturas sempre atingindo a articulação distal e proximal à fratura;
 checar pulso, perfusão e sensibilidade após a imobilização; e
 transportar ao hospital.
As fraturas e luxações em membros inferiores devem ser imobilizadas seguindo o protocolo:
 checar o pulso, perfusão e sensibilidade distal à fratura;
 imobilizar as luxações e fraturas em articulações na posição em que o membro foi encontrado;
 fraturas anguladas de coxa devem ser imobilizadas na posição em que foram encontradas com
duas talas rígidas até o nível da cintura pélvica
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 imobilizar as fraturas sempre atingindo a articulação distal e proximal à fratura;
 checar pulso, perfusão e sensibilidade após a imobilização; e
 transportar ao hospital.
As figuras a seguir mostram as possibilidades de imobilização que podem ser realizadas por meio da
aplicação da bandagem triangular e em ombro.

Figura 17: Seqüência para aplicação da bandagem triangular:

Figura 18: Seqüência para aplicação da imobilização do ombro:

Visão Anterior

Visão Posterior
As fraturas expostas:
 controlar hemorragias;
 nunca recoloque o osso para dentro;
 nunca limpe a ponta do osso exposto;
 prevenir infecção;
 tratar o choque que pode ter se instalado; e
 transporte imediatamente ao hospital.
Fraturas pélvicas devem ser suspeitadas quando houver: dor intensa, perda da mobilidade dos
membros inferiores, pé rodado para a lateral do
corpo e sinais e sintomas de lesão de órgãos
internos. Deve ser tratada:
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 com a vítima deitada de costas, colocar um cobertor dobrado ou um travesseiro entre
suas pernas (fig. 19);
 posicionar em superfície rígida; e
 transportar rapidamente ao hospital.
Figura 19: Imobilização de Pelve
Fratura de coluna deve ser suspeitada quando houver: dor local, deformidade, perda da
sensibilidade abaixo do ponto de lesão, respiração abdominal, perda do controle esfincteriano e
priapismo (ereção involuntária do pênis). As condutas são:
1) imobilização da coluna cervical com as mãos do socorrista;
2) posicionar a vítima em superfície rígida; e
3) transportar o paciente ao hospital.
As fraturas de costelas:
1) posicionar o braço correspondente ao lado lesado cruzando sobre o peito da vítima;
2) imobilizar junto ao peito com três ataduras em torno do tórax;
3) fixar o antebraço com uma tipóia no pescoço;
4) observar sinais de lesões intra-torácica; e
5) transportar ao hospital.

Situações de Contato com Substâncias de risco Tóxico


(Retirado do site: http://www.fiocruz.br/biossegurancahospitalar/dados/material11.htm)
Não há uma classificação única dos riscos tóxicos que contemple e esgote todos produtos
químicos. Podem ser classificados:
 em função do alvo: produtos de toxicidade específica ou não específica: relativa ao
nível do alvo molecular (por exemplo, uma ligação reversível ou não com uma molécula
de ADN) ou relativa à grande reatividade, deteriorando indistintamente as estruturas
vivas com as quais entre em contato (por exemplo, os corrosivos).
 em função do mecanismo de ação: como tóxicos diretos (substâncias que agem
sobre os alvos biológicos sem ativação metabólica, como os corrosivos ou os agentes
alquilantes; ou como tóxicos indiretos (os compostos que afetam as estruturas ou as
funções celulares somente após a ativação metabólica pelos sistemas enzimático ou
hospedeiro).
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 pela sua natureza: os solventes orgânicos, que devido às suas características físico-
químicas, facilidade de difusão, baixo ponto de fulgor, etc., são facilmente penetráveis
no organismo pela via respiratória. Ou então os metais, como o cromo hexavalente,
comprovadamente cancerígeno, e o mercúrio, neurotóxico importante.
 efeito nocivo que acarreta no organismo: anestésico, irritante, asfixiante,
mutagênico, teratogênico, etc.
No Brasil, a simbologia de risco está normatizada pela ABNT, NBR 7.500, e é a mesma
adotada pela ONU em convenção internacional da qual o país é signatário.

Cuidados na utilização de produtos químicos


É fundamental para qualquer trabalho em laboratório:
 nunca comer, beber, fumar ou aplicar cosméticos durante a manipulação de
substâncias químicas;
 nunca se deve pipetá-las substâncias químicas com a boca;
 nunca tentar identificá-las através do olfato;
 ao trabalhar pela primeira vez com uma substância, deve-se familiarizar com as suas
características através de leitura da literatura a respeito, exigindo do fornecedor a ficha
de segurança do produto contendo dados sobre: identificação do produto e da empresa
fornecedora ou fabricante; identificação de danos à saúde e ao ambiente; medidas de
primeiros socorros; medidas de combate a incêndios; medidas a serem tomadas em
caso de derramamento acidental ou vazamento; manuseio e armazenagem;
propriedades físico-químicas; informações toxicológicas; informações ambientais; etc;
 a armazenagem deve ser feita em local adequadamente ventilados;
 os produtos muito tóxicos devem ser guardados em armários fechados ou em locais
que sejam de acesso restrito;
 as substâncias incompatíveis não devem ser armazenadas juntas;
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 todas as substâncias devem ser rotuladas, inclusive os resíduos segregados para
descarte apropriado;
 deve-se observar para que não ocorram misturas entre substâncias incompatíveis na
lavagem de vidrarias ou durante a segregação de resíduos para descarte, prevenindo
reações entre produtos químicos.

Condutas:
Os sinais e sintomas dependem da toxina e do modo como ela penetrou no organismo. Os
sintomas mais comuns são: vômitos, diarréia, dores abdominais, dificuldade de respirar, suor,
podendo ocorrer diminuição do nível de consciência e até mesmo PCR, já discutido.
 de modo geral o vômito não deve ser provocado, uma vez que a substância pode
provocar lesões na tentativa de sua retirada, ou ainda vítimas inconscientes podem
aspirar o conteúdo do vômito;
 vítimas conscientes devem ser acalmadas e mantida em posição de maior conforto,
como sentadas;
 em caso de suspeita de inalação, a vítima deve ser afastada do local do vazamento do
produto tóxico e mantida em local ventilado;
 não ofereça qualquer tipo de bebidas ou alimentos à vítima;
 vítimas inconscientes devem ser mantidas em posição lateral de segurança (PLS) até a
chegada do socorro especializado (SAMU 192 ou Resgate 193);
 não se esqueça de levar a embalagem do produto ingerido aos profissionais do socorro
especializado;
 iniciar manobras de RCP se indicado.

Gerenciamento de resíduos químicos


Um dos órgãos nacionais com competência para regular o assunto é o Conselho Nacional de
Meio Ambiente - CONAMA, que em 1993, através da Resolução 05/93, definiu procedimentos
mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos dos serviços de saúde, dividindo-os em
quatro grandes grupos:
 Grupo A - resíduos biológicos;
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 Grupo B - resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio
ambiente devido às suas características químicas, aí se incluindo as drogas
quimioterápicas e os produtos por elas contaminados; os resíduos farmacêuticos
(medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não utilizados); e demais
produtos considerados perigosos de acordo com a NBR 10.004.
 Grupo C - rejeitos radioativos; e
 Grupo D - resíduos comuns.
A NBR 10.004 classifica como perigosos os resíduos químicos que pelas suas características
de inflamabilidade, reatividade, corrosividade ou toxicidade podem apresentar risco à saúde
pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de
doenças e/ou efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma
perigosa.
Assim, todo o estabelecimento, deve estabelecer um sistema de gerenciamento de resíduos
para, entre outros, submeter os resíduos do tipo B da instrução do CONAMA a tratamento e
disposição final específicos, segundo exigências do órgão ambiental competente.
Um sistema de gerenciamento de resíduos deve abordar, no mínimo, os seguintes itens:
1. identificação dos resíduos produzidos e seus efeitos na saúde e no ambiente;
2. levantamento sobre o sistema e disposição final para os resíduos;
3. estabelecimento de uma classificação dos resíduos segundo uma tipologia clara, que
seja conhecida por todos;
4. estabelecimento de normas e responsabilidades na gestão e eliminação dos resíduos;
5. estudo de formas de redução dos resíduos produzidos;
6. utilização, de forma efetiva, dos meios de tratamento disponíveis.
Para proceder o descarte dos resíduos relacionados abaixo, fundamentou-se no Manual
de Normas Gerais e de Segurança em Laboratório - Núcleo de Ciências Biológicas e da
Saúde- UNIGUAÇU:
- Gases ou vapores
Esse tipo de substância deve ser gerada no interior de capelas apropriadas.
- Descarte de líquidos
Considerando os laboratórios químicos, clínicos e microbiológicos, em geral, são gerados:
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 Líquidos aquosos _ acertar o pH entre 5 e 9, diluir e descartar no esgoto;
 Líquidos contendo fluoreto _ precipitar com cálcio e filtrar. O sólido deve ser
acumulado e, posteriormente, enviado para aterro sanitário. O filtrado vai para o
esgoto;
 Líquidos contendo metais pesados _ devem ser descartados em recipiente próprio
que se encontra no laboratório. Requerem, estes, tratamentos especiais devido à
alta toxidez e rigidez da legislação vigente;
 os principais metais pesados são: arsênio, bário, cádmio, cobre, chumbo, mercúrio,
níquel, selênio e zinco. O mercúrio metálico deve ser armazenado em recipiente
próprio. Em caso de derramamento de mercúrio, deve-se providenciar ventilação
exaustiva na sala, usar máscaras respiratórias, óculos de proteção e luvas.
Remover o mercúrio fazendo mistura com limalha ou fio de cobre. Recolher e
colocar num frasco com água para evitar a evaporação. Encaminhar para empresas
que fazem o processo de reciclagem.

- Borra de metais pesados


 Reciclagem no laboratório;
 Venda para empresas que fazem reciclagem;
 Aterro sanitário.

- Solventes orgânicos clorados e não-clorados


Os laboratórios que trabalham com solventes orgânicos não-clorados (tipo ésteres, álcoois,
aldeídos e hidrocarbonetos leves) devem armazenar estes líquidos em contêineres
apropriados e podem ser destinados para reciclagem em empresas que executam este
trabalho. Os solventes clorados devem ser armazenados em separado, também em
contêineres especiais, pois, em caso de queima, produz fosgênio, um gás altamente tóxico
que pode causar edema pulmonar como efeito retardado, 5 a 6 horas após a aspiração.
- Resíduos sólidos
São resíduos provenientes de:
 Vidrarias quebradas e frascos de reagentes ou amostras;
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 Restos de amostras e análises;
 Deve-se ter um recipiente forrado com saco plástico para armazenagem de vidros
destinados à reciclagem;
 Os frascos de reagentes ou produtos tóxicos devem ser lavados para evitar
acidentes em depósitos de lixo.
Os resíduos sólidos de amostras podem ser:
1. Sólidos de baixa toxidez devem ser destinados à reciclagem ou aterros sanitários;
2. Sólidos não-biodegradáveis tipo plástico devem destinar-se à reciclagem ou incineração;
3. Sólidos considerados perigosos de acordo com a norma NBR-10004/ ABNT (com alguma
das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, toxicidade, patogenicidade ou
reatividade) devem ser embalados e transportados com cuidados especiais a empresas
especializadas pelo seu transporte.

- Descarte de resíduos biológicos


Primeiramente deve-se identificar, de maneira correta, os materiais a serem eliminados.
Pode-se fazer a seguinte divisão de categorias:
1. Dejetos não-contaminados: podem ser eliminados diretamente no lixo do laboratório
normal (sacos plásticos pretos);
2. Objetos perfurantes e cortantes: não se devem encapar as seringas hipodérmicas
usadas, nem mesmo cortar ou retirar as agulhas descartáveis. As seringas e agulhas
devem ser colocadas em um recipiente de paredes rígidas (DESCARTEX). Em seguida
encaminhadas para empresa responsável pelo destino final do material. O coletor deve ser
colocado próximo ao local onde o procedimento é realizado para evitar que o usuário
circule com os perfuro-cortantes nas mãos ou bandejas;
3. Material contaminado: são classificados como materiais contaminados resíduos
biológicos, tais como: cultura inócua, mistura de microorganismos, meio de cultura
inoculado, vacina vencida ou inutilizada, sangue e hemoderivados, tecido, órgãos, peças
anatômicas e animais contaminados. Os dejetos contaminados deverão ser eliminados em
sacos plásticos brancos leitosos, com espessura respeitando as exigências legais
preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR 9091 e com o
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símbolo de substância infectante. Se o material contaminado for reutilizado, é necessário,
primeiramente, sua descontaminação por meio da autoclavação, antes de qualquer limpeza
ou reparo.
Incêndios e uso de extintores
Os incêndios são classificados de acordo com os materiais neles envolvidos, bem como a
situação em que se encontram. Essa classificação determina a necessidade do agente extintor
adequado.
 CLASSE "A". Combustíveis sólidos (ex. madeiras, papel, tecido, borracha, etc.)
caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resíduos, sendo que a queima se
dá na superfície e em profundidade – Extintor do tipo Espuma Mecânica ;
 CLASSE "B". Líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis, caracterizados por
não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta - Extintor do tipo Pó
químico ou seco, do tipo Espuma Mecânica ou do tipo Extintores de CO2;
 CLASSE "C". Materiais e equipamentos energizados, caracterizado pelo risco de vida
que oferece - Extintor do tipo Pó químico ou seco ou do tipo Extintores de CO2, Nunca
deve ser utilizado Extintor do Tipo Espuma Mecânica; e
 CLASSE "D". Metais combustíveis (ex. magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio,
alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio e zircônio). Nesta modalidade, usa-se o
Extintor tipo "Químico Seco", porém o pó químico será especial para cada material.

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