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Aula 04

Direito Constitucional p/ PC-PR


(Investigador e Papiloscopista) Com
Videoaulas- Pós-Edital

Autores:
Nádia Carolina, Ricardo Vale
Aula 04

14 de Abril de 2020

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Nádia Carolina, Ricardo Vale
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Sumário

Poder Legislativo ............................................................................................................................. 3  

1 – Funções do Poder Legislativo................................................................................................. 3  

2 – Estrutura e Funcionamento do Poder Legislativo ................................................................... 4  

2.1 - Funcionamento do Poder Legislativo: .............................................................................. 4  

2.2 - Reuniões: .......................................................................................................................... 6  

2.3 - Estrutura do Poder Legislativo: ......................................................................................... 8  


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3 – Atribuições do Poder Legislativo .......................................................................................... 23  

3.1 - Atribuições do Congresso Nacional: .............................................................................. 23  

3.2 - Atribuições da Câmara dos Deputados: ......................................................................... 26  

3.3 - Atribuições do Senado Federal: ..................................................................................... 27  

4 – O Estatuto dos Congressistas: .............................................................................................. 31  

4.1 - Imunidades Parlamentares:............................................................................................. 31  

4.2 - Prerrogativa de Foro: ...................................................................................................... 36  

4.3 - Outras prerrogativas: ...................................................................................................... 40  

4.4 - Incompatibilidades dos parlamentares: .......................................................................... 40  

4.5 - Perda do mandato: ......................................................................................................... 41  

4.6 - Imunidades dos Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores: .................. 45  

A Fiscalização Contábil, Orçamentária, Patrimonial e Operacional ............................................... 47  

1 – Os controles interno e externo ............................................................................................. 47  

2 – A Fiscalização Contábil, Orçamentária, Patrimonial e Operacional: ..................................... 48  

3 – Os Tribunais de Contas ........................................................................................................ 49  

3.1 - O Tribunal de Contas da União: ..................................................................................... 50  

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3.2 - O TCU e a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO): ..... 56  

3.3 - Os Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios: ................................................. 57  

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PODER LEGISLATIVO

1 – Funções do Poder Legislativo

O poder político é uno e indivisível, tendo como titular o povo, que o exerce por meio de seus
representantes ou, diretamente, nos termos da Constituição Federal. Consagra-se, assim, a
soberania popular, que é viga mestra do Estado democrático de direito.

Para alcançar os seus fins, o Estado deve organizar-se, o que é feito levando-se em consideração
o princípio da separação de poderes, ideia defendida, ao longo dos tempos, por pensadores do
porte de Montesquieu e John Locke. Atualmente, por reconhecer-se que o poder político é uno
e indivisível, é tecnicamente mais adequado nos referirmos à separação de funções estatais (e
não à separação de poderes).

São 3 (três) as funções estatais básicas: i) função executiva; ii) função legislativa e; iii) função
judiciária. Cada uma dessas funções é exercida com predominância por um dos três Poderes
(Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário).

Na organização dos Estados contemporâneos, não se admite que tais funções sejam exercidas
com exclusividade por algum Poder; por isso, o correto é dizer que cada função é exercida com
predominância por algum dos três Poderes. Dessa forma, na moderna concepção de divisão das
funções estatais, cada um dos três Poderes exerce funções típicas e funções atípicas.

O Poder Legislativo tem duas funções típicas (aquelas que exerce com predominância): a função
de legislar e a de fiscalizar. A função de legislar consiste na tarefa de elaborar as leis, atos
normativos que inovam o ordenamento jurídico. Por sua vez, a função de fiscalizar se manifesta no
controle externo dos atos dos demais Poderes estatais; com efeito, o Poder Legislativo realiza a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo, bem
como investiga fato determinado por meio das comissões parlamentares de inquérito (CPIs).

Ressalte-se que, ao contrário do que alguns podem pensar, as duas funções do Poder Legislativo
(legislar e fiscalizar) possuem o mesmo grau de importância, não existindo hierarquia entre elas.

No que diz respeito às funções atípicas, o Poder Legislativo exerce a função administrativa
quando realiza concurso público para provimento de cargos ou, ainda, quando promove uma
licitação para compra de material de consumo. Também exerce a função de julgamento, que se
materializa, por exemplo, quando o Senado Federal processa e julga o Presidente da República
nos crimes de responsabilidade.

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2 – Estrutura e Funcionamento do Poder Legislativo

2.1 - Funcionamento do Poder Legislativo:

Em nível federal, o Poder Legislativo é bicameral, sendo representado pelo Congresso Nacional,
que é composto de duas Casas Legislativas (o Senado Federal e a Câmara dos Deputados). O
Senado Federal é composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal (os
Senadores), ao passo que a Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo (os
Deputados Federais).

Já em nível estadual e municipal, o Poder Legislativo é unicameral. Nos estados, é exercido pela
Assembleia Legislativa (integrada pelos Deputados Estaduais), ao passo que nos Municípios é
exercido pela Câmara Municipal (composta dos Vereadores).

Nosso foco, nesse momento, será tratar do Poder Legislativo federal. Considera-se que vigora no
Brasil, em âmbito federal, o bicameralismo federativo. Por bicameralismo, entende-se o fato de
o Legislativo ser composto de duas Casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Já a
denominação “federativo” se deve ao fato de alguns entes federativos (Estados e Distrito Federal)
terem representantes no Legislativo federal. Observe bem que os Municípios não têm
representantes no Poder Legislativo Federal, ou seja, estes não participam da formação da
vontade nacional.

O Congresso Nacional, em regra, atua por meio da manifestação do Senado e da Câmara em


separado, de forma autônoma. Cada Casa delibera sobre as proposições de acordo com seu
respectivo regimento interno, sem subordinação de uma Casa a outra. Daí dizer-se, inclusive, que
vigora no Brasil o bicameralismo igual.

Entretanto, em algumas situações previstas na Constituição, haverá o trabalho simultâneo e


conjunto das Casas, por previsão constitucional. Trata-se da sessão conjunta do Congresso
Nacional. Nesta, as duas Casas Legislativas se reúnem simultaneamente para deliberar sobre
matéria de competência do Congresso Nacional. Destaque-se que, na sessão conjunta, as Casas
Legislativas irão deliberar separadamente, com contagem de votos dentro de cada Casa.

§ 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados


e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:

I - inaugurar a sessão legislativa;

II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas


Casas;

III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;

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IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.

A inauguração da sessão legislativa e o recebimento do compromisso do Presidente e do Vice-


Presidente da República são ocasiões solenes, que demandam sessão conjunta do Congresso
Nacional. Da mesma forma, será realizada sessão conjunta para elaborar o regimento comum e
regular a criação de serviços comuns às duas Casas, bem como para apreciar o veto presidencial
a projeto de lei.

Além dessas hipóteses do art. 57, § 3º, a Constituição também estabelece a necessidade de sessão
conjunta para:

a) Discussão e votação da lei orçamentária, conforme art. 166, CF/88.

b) Delegar ao Presidente da República poderes para legislar. O Congresso irá, por meio
de Resolução do Congresso Nacional, conceder ao Presidente a competência para editar
lei delegada.

Esquematizando:

Elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às


duas casas

Receber o compromisso do presidente e do vice-presidente da república


HIPÓTESES
DE SESSÃO Conhecer do veto e sobre ele deliberar
CONJUNTA
Discutir e votar a lei orçamentária

Delegar ao presidente poderes para legislar

Apesar de o Poder Legislativo da União ser composto por 2 (duas) Casas


Legislativas, são 3 (três) os órgãos deliberativos: a Câmara dos Deputados, o
Senado Federal e o Congresso Nacional. Nas sessões conjuntas, são exercidas
competências próprias do Congresso Nacional.

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Não se pode confundir sessão conjunta com sessão unicameral. Na sessão unicameral, ao
contrário da sessão conjunta, o Congresso Nacional irá atuar como se fosse uma só Casa, ou seja,
a contagem dos votos não será feita separadamente em cada Casa. Os votos dos Deputados
Federais e dos Senadores serão tomados em seu conjunto. O texto constitucional prevê apenas
uma hipótese de sessão unicameral do Congresso Nacional (ADCT, art. 3º). Trata-se da reunião,
já realizada, para aprovar emendas constitucionais pelo processo simplificado de revisão, cinco
anos após a promulgação da Constituição. O Congresso, nesse caso, atuou como se fosse uma só
Casa.

(TRT 24a Região – 2014) Compete à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, em sessão
conjunta, elaborar e aprovar o regimento comum, mediante deliberação em sistema unicameral,
que soma indistintamente os votos de Deputados e Senadores.
Comentários:
A elaboração e aprovação do regimento comum ocorre em sessão conjunta do Congresso
Nacional. Não se pode confundir sessão conjunta com sessão unicameral. Daí o erro da questão.
Na sessão conjunta, a contagem de votos acontece dentro de cada Casa. Questão errada.

2.2 - Reuniões:

O Congresso Nacional exerce suas atividades ao longo de uma legislatura, cuja duração é de 4
(quatro) anos, coincidindo com o mandato dos Deputados Federais. Durante uma legislatura,
ocorrem sessões legislativas ordinárias e sessões legislativas extraordinárias.

A sessão legislativa ordinária (SLO) está descrita no art. 57, caput, da CF/88, que estabelece que
o Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho
e de 1º de agosto a 22 de dezembro. É o período normal de trabalho do Congresso Nacional.
Cada sessão legislativa ordinária compreende dois períodos legislativos (02/02 a 17/07 e 01/08
a 22/12). Os intervalos entre esses períodos são chamados recessos parlamentares.

A Constituição Federal dispõe que a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação
do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. Sobre o projeto de LDO, cabe destacar que é de
iniciativa privativa do Presidente da República, devendo ser encaminhado ao Congresso Nacional
até 8 meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o
encerramento do primeiro período da sessão legislativa. Assim, o projeto de LDO deve ser
aprovado pelo Congresso Nacional até 17 de julho, sob pena de a sessão legislativa não ser
interrompida e de os parlamentares não usufruírem do recesso do meio de ano.

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Em uma legislatura (cuja duração é de 4 anos), ocorrem 4 sessões legislativas ordinárias. Antes
da 1ª SLO e da 3ª SLO, ocorrem as chamadas sessões preparatórias, em cada uma das Casas
Legislativas. Antes da 1ª SLO, as sessões preparatórias serão destinadas à posse dos
parlamentares e à eleição das Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; por sua
vez, antes da 3ª SLO, as sessões preparatórias terão como objetivo apenas eleger as Mesas.

Isso é o que se depreende do art. 57, § 4º, que dispõe que “cada uma das Casas reunir-se-á em
sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de
seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente”. Perceba que a CF/88
não faz menção expressa às sessões preparatórias que antecedem a 3ª SLO. No entanto, estas
irão ocorrer, conforme previsão nos Regimentos Internos do Senado e da Câmara dos Deputados.
O objetivo é eleger a Mesa de cada uma das Casas Legislativas, uma vez que o mandato dos
membros desta é de apenas 2 (dois) anos.

A sessão legislativa extraordinária (SLE), por sua vez, é a que ocorre fora do período normal de
trabalho do Congresso Nacional; em outras palavras, é aquela que acontece durante os recessos
parlamentares. O Congresso Nacional será, nesse caso, convocado extraordinariamente para
deliberar sobre questões especiais.

Art. 57 (...)

§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:

I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa


ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado
de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da
República;

II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e


do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as
Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses
deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do
Congresso Nacional.

Nas hipóteses de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de


autorização para decretação de estado de sítio e para o compromisso e posse do Presidente e
Vice-Presidente, a competência para convocar extraordinariamente o Congresso Nacional será
do Presidente do Senado Federal. Perceba que o Presidente do Senado, sozinho, é quem irá
convocar extraordinariamente o Congresso Nacional, independentemente de deliberação dos
outros parlamentares.

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Também é possível que o Congresso Nacional seja convocado extraordinariamente em caso de


urgência ou de interesse público relevante. Nessa situação, a convocação poderá ser feita: i)
pelo Presidente da República; ii) Presidente do Senado Federal e Presidente da Câmara dos
Deputados (juntos) ou; iii) a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas Legislativas.
Destaque-se que, quando a convocação for em caso de urgência ou de interesse público relevante,
esta dependerá da aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
Nacional.

Na sessão legislativa extraordinária o Congresso apenas deliberará sobre a matéria para a qual
foi convocado (art. 57, §7º, CF) e sobre medidas provisórias em vigor na data da convocação (art.
57, §8º, CF). Além disso, não há pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação
extraordinária. Ressalte-se que, segundo o STF, a vedação ao pagamento de parcela indenizatória
durante a sessão legislativa extraordinária é norma de reprodução obrigatória para os
parlamentares estaduais, o que é explicado pelo princípio da simetria.1

(DPE-PR – 2014) Na sessão legislativa ordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre
a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese de medida provisória em vigor na data
de convocação da reunião, que será automaticamente colocada na pauta, vedado pagamento de
parcela indenizatória em razão da convocação.
Comentários:
É na sessão legislativa extraordinária que o Congresso apenas delibera sobre a matéria para a qual
foi convocado. Questão errada.

2.3 - Estrutura do Poder Legislativo:

2.3.1 - Câmara dos Deputados:

A Câmara dos Deputados, também conhecida como Câmara baixa, é a Casa Legislativa de maior
envergadura no Poder Legislativo Federal, uma vez que é nela que, na maior parte das vezes, tem
início o processo legislativo.2 É composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal (art. 45, CF/88).

1
Pleno, STF, ADI nº 4.509 MC. Rel. Min. Carmen Lúcia. 07.04.2011
2
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Ed. Juspodium, 2012, pp. 1022.

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O sistema proporcional é utilizado nas eleições para Deputados Federais, Deputados Estaduais
e Vereadores. Trata-se de um mecanismo de contabilização de votos por meio do qual cada
partido político terá um número de representantes no parlamento proporcional ao número de
eleitores que o apoiam. Se 20% dos eleitores apoiam um determinado partido, 20% das vagas no
parlamento serão ocupadas por parlamentares a ele vinculados.

Segundo o STF, “o sistema de representação proporcional, por constituir conceito jurídico


indeterminado, depende, para sua implementação, de prévia definição normativa a ser
estabelecida pelo legislador ordinário no exercício do poder de regulação que lhe foi atribuído
pelo ordenamento constitucional”. Assim, foi necessário que uma lei estabelecesse como seria
implementado o sistema proporcional.

Para viabilizar a implementação desse sistema, adota-se o método do quociente eleitoral, que
consiste no cálculo de quantas cadeiras serão ocupadas por cada legenda partidária. Para isso,
inicialmente, divide-se o total de votos válidos em candidatos pelo número de cargos em disputa,
obtendo-se o quociente eleitoral. O total de votos obtidos por cada legenda partidária é dividido
por esse quociente, chegando-se, finalmente, ao número de cadeiras por legenda (quociente
partidário).

Suponha, por exemplo, que há 10 vagas para Deputado Federal no estado do Espírito Santo e
2.500.000 eleitores. Considerando que, em uma determinada eleição, há 2.300.000 votos válidos,
o quociente eleitoral será de 230.000 eleitores. Se um determinado partido político tiver 1.150.000
votos válidos, este irá eleger 5 deputados federais (os 5 mais votados do partido!). Perceba que
se um candidato desse partido político, sozinho, tiver recebido, por exemplo, 900.000 votos, ele
terá “puxado” seus companheiros de partido, que acabam “pegando carona” em sua expressiva
votação.

Segundo o art. 45, § 1o, o número total de Deputados Federais, bem como a representação por
Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar. A representação deverá
ser proporcional à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições,
para que nenhuma das unidades da Federação tenha menos de 8 (oito) ou mais de 70 (setenta)
Deputados.

Chamo sua atenção para alguns detalhes:

1) Atualmente, o número total de Deputados Federais, definido em lei


complementar, é de 513.

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2) A representação por unidade da federação é proporcional à população (e não


ao número de eleitores!).

3) Os Territórios Federais têm o número fixo de 4 Deputados Federais, previsto


na Constituição Federal. Assim, está errado dizer que o número de Deputados
Federais é proporcional à população dos Territórios.

Ao estabelecer que as unidades da Federação terão, no mínimo 8 (oito) e no máximo 70 (setenta)


Deputados Federais, a Constituição atenuou o critério puro da proporcionalidade entre a
população (representados) e os Deputados (representantes). Segundo Alexandre de Moraes, essa
atenuação gera graves distorções, favorecendo Estados-membros com menor densidade
demográfica em prejuízo dos mais populosos e contradizendo a regra do art. 14, que propugna
pela igualdade do voto (“one man one vote”).3

Pelas características do sistema proporcional, fica bem claro que o voto é do partido (ou coligação
partidária)4; trata-se do chamado voto de legenda. Isso traz repercussões importantes,
especialmente com relação à fidelidade partidária. No entendimento do STF, os partidos políticos
e as coligações partidárias têm o direito de preservar a vaga obtida pelo sistema proporcional.

Assim, perderá seu mandato o Deputado que, sem razão legítima que o justifique, cancelar a sua
filiação partidária ou transferir-se para outra legenda. Destaque-se, todavia, que essa regra não
se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de violação da soberania
popular e das escolhas feitas pelo eleitor.5

O Supremo Tribunal Federal (STF) entende, porém, que algumas situações excepcionais
(mudança significativa de orientação programática do partido ou comprovada perseguição
política) tornam legítimo o desligamento voluntário do partido. Nesse caso, o parlamentar tem
direito a instaurar, perante a Justiça Eleitoral, procedimento no qual possa demonstrar a
ocorrência dessas situações, caso em que manterá a titularidade de seu mandato eletivo.

No caso de terem havido coligações partidárias para as eleições proporcionais, a vaga pertencerá
à coligação6. Segundo o STF, “a coligação assume perante os demais partidos e coligações, os
órgãos da Justiça Eleitoral e, também, os eleitores, natureza de superpartido”.7 Nesse sentido, um
deputado que se licencia será substituído pelo suplente da coligação (e não pelo suplente do

3
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São
Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 998-999.
4
A Emenda Constitucional nº 97/2017 previu que, a partir das eleições de 2020, não serão admitidas coligações
nas eleições proporcionais.
5
ADI 5081 / DF, Rel. Min. Luís Roberto Barroso. Julg. 27.05.2015.
6
Conforme já comentamos, a EC nº 97/2017 previu que, a partir das eleições de 2020, são proibidas as
coligações nas eleições proporcionais.
7
STF, Pleno, MS 30.260/DF. Rel. Min. Carmen Lúcia. 27.04.2011.

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partido!). Isso porque é no momento da diplomação que são ordenados os candidatos eleitos e
estabelecida a ordem de sucessão pelos candidatos suplentes; portanto, qualquer mudança dessa
ordem atenta contra o ato jurídico perfeito e desvirtua o sentido e a razão de ser das coligações.

2.3.2 - Senado Federal:

O Senado Federal, também conhecido como Câmara alta, é a Casa legislativa que reforça a forma
federativa de Estado. Segundo o art. 46, CF/88, o Senado Federal compõe-se de representantes
dos Estados e do Distrito Federal, permitindo que esses entes federativos participem da
formação da vontade nacional. Os Senadores são eleitos pelo sistema majoritário simples.

Pelo sistema majoritário simples, considera-se eleito o candidato com maior número de votos nas
eleições, excluídos os votos em branco e os nulos, em um só turno de votação. Esse sistema
eleitoral se aplica à eleição dos Senadores e dos prefeitos de Municípios com até 200.000
eleitores. Nas eleições para Presidente da República, Governador e prefeito de Municípios com
mais de 200.000 eleitores, aplica-se o sistema majoritário absoluto (ou sistema majoritário de “dois
turnos”).

Cada Estado e o Distrito Federal elegem três Senadores, com mandato de oito anos (art. 46, §
1º, CF). A representação de cada Estado e do Distrito Federal renova-se de quatro em quatro
anos, alternadamente, por um e dois terços (art. 46, § 2º, CF). Assim, nas eleições de 2010, cada
Estado elegeu 2 Senadores; em 2014, por sua vez, a eleição foi para 1 Senador, em cada Estado.
Em 2018, foram 2 Senadores por Estado.

Considerando-se que o Brasil compõe-se de 26 Estados e do Distrito Federal, há um total de 81


Senadores (3 por unidade da federação). É requisito de elegibilidade para o cargo possuir a idade
mínima de 35 anos e ter a nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado).

Cada senador é eleito com 2 (dois) suplentes (art. 46, § 3º, CF). Caso ocorra renúncia ou perda
do mandato de senador da República, deverá ser chamado para assumir a vaga no Senado Federal
seu 1o suplente, e, no impedimento deste, sucessivamente o 2o suplente. Ocorrendo vaga e não
havendo suplente, será feita eleição para preenchê-la se faltarem mais de 15 (quinze) meses
para o término do mandato.

(TRT 3ª Região – 2015) Os Estados e o Distrito Federal elegerão seus Senadores em número
proporcional à sua população, devendo cada unidade da Federação ter ao menos três e no
máximo cinco Senadores.

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Comentários:
O número de Senadores não é proporcional à população. Ao contrário, o número é fixo: cada
Estado e o Distrito Federal elegem 3 Senadores, para mandato de 8 anos. Questão errada.
(TRT 3ª Região – 2015) Os Estados e o Distrito Federal elegerão seus Deputados em número
proporcional à sua população, devendo cada unidade da Federação ter ao menos oito e no
máximo setenta Deputados.
Comentários:
É isso mesmo! O número de Deputados Federais é proporcional à população dos Estados. O
número mínimo é de 8 (oito) Deputados e o número máximo de 70 (setenta) Deputados. Questão
correta.
(MPE-SP – 2015) O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito
Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
Comentários:
De fato, os Senadores são eleitos pelo sistema majoritário simples. Questão correta.

2.3.3 - Mesas Diretoras:

Em cada uma das Casas Legislativas, existe uma Mesa Diretora, assim denominado o órgão
responsável pela condução dos trabalhos legislativos e administrativos. Temos, portanto, a
Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa do Senado Federal e, ainda, a Mesa do Congresso
Nacional.

A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais


cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal (art. 57, § 5º, CF). Já as Mesas da Câmara e do Senado são
eleitas, respectivamente, pelos deputados e senadores, devendo assegurar-se, tanto quanto
possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que
participam da respectiva Casa (art. 58, § 1º, CF).

O mandato dos cargos da Mesa é de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo
na eleição subsequente. Segundo o STF, essa vedação somente se aplica dentro de uma mesma
legislatura, nada impedindo a recondução no âmbito de uma legislatura diferente.8

Além disso, o STF entende que a vedação à recondução dentro da mesma legislatura não é norma
de reprodução obrigatória nas Constituições dos estados-membros, que poderão estabelecer a
possibilidade de recondução para o mesmo cargo na Mesa da Assembleia Legislativa dentro da
mesma legislatura.9 Em consonância com esse entendimento, as leis orgânicas dos municípios

8
STF, Pleno, MS no 22.183-6, 12.12.1997.
9
STF, ADIn 793/RO – Informativo no 65, ADIn 792/RJ, Informativo STF no 73.

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também poderão estabelecer a possibilidade de recondução dos membros de suas mesas para o
mesmo cargo na eleição subsequente.

2.3.4 - Comissões:

As Comissões Parlamentares são órgãos criados pelas Casas Legislativas para facilitar-lhes os
trabalhos; possuem natureza técnica e são consideradas por muitos como o “coração” das Casas
Legislativas.

As Comissões são criadas por cada Casa separadamente ou pelo Congresso Nacional, na forma
do regimento interno correspondente. Quando constituídas no âmbito de cada Casa, são
compostas por deputados (no caso de Comissão da Câmara) ou senadores (no caso de Comissão
do Senado). No Congresso, pode haver Comissões Mistas, compostas tanto por deputados como
por senadores. É o caso da Comissão Mista que aprecia as medidas provisórias, por exemplo (art.
62, §9º, CF).

Na constituição de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação


proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art.
58, §1º, CF).

As comissões podem ser permanentes ou temporárias. As comissões permanentes integram a


própria estrutura da Casa Legislativa de que fazem parte, tendo suas competências definidas
pelo regimento interno respectivo. Possuem caráter especializado, apreciando as proposições
submetidas a seu exame e exercendo a fiscalização dos atos do poder público, no âmbito dos
respectivos campos de atuação. Já as comissões temporárias são criadas para apreciar
determinada matéria, extinguindo-se com o término da legislatura, quando realizam seu objetivo
ou quando expira o prazo de sua duração.

A Constituição Federal relaciona, no art. 58, § 2º, atribuições que poderão ser realizadas pelas
Comissões Parlamentares:

§ 2º - Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a


competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da
Casa;

II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos


inerentes a suas atribuições;

IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa


contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;

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V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;

VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de


desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.

Sobre as atribuições das Comissões, chamo a atenção de vocês para dois pontos muito cobrados
em prova:

a) O inciso I trata do procedimento legislativo abreviado, que consiste na possibilidade


de que um projeto de lei seja aprovado sem que precise ser apreciado pelo Plenário da
Casa Legislativa. É o Regimento Interno de cada Casa que irá dispor sobre as matérias em
que fica dispensada a apreciação pelo Plenário. Ressalte-se que, mesmo nas hipóteses em
que é aplicável o procedimento legislativo abreviado, o projeto de lei pode ser votado em
Plenário caso haja recurso de 1/10 dos membros da Casa Legislativa.

b) O inciso III trata da competência das Comissões para convocar Ministro de Estado para
prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições.

Sobre isso, deve-se ressaltar que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer
de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos
diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente,
informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada. Assim, o Ministro da Economia
pode ser convocado por uma Comissão da Câmara para falar, por exemplo, sobre o
aumento da inflação; caso ele não compareça, sem justificativa adequada, estará
cometendo crime de responsabilidade.

Uma importante comissão temporária é a Comissão Representativa do Congresso Nacional, que


atua durante o período de recesso legislativo. Vale lembrar que a sessão legislativa ordinária é
composta de dois períodos legislativos (02 de fevereiro a 17 de julho e 1º de agosto a 22 de
dezembro). O art. 58, §4º, CF/88 trata dessa comissão:

§ 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso


Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo,
com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá,
quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.

Também são comissões temporárias as “famosas” Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s),


que serão estudadas a seguir. Pela sua importância, as CPI’s merecem um tópico separado.

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2.3.5 - Comissões Parlamentares de Inquérito:

O trabalho das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) é uma das formas pelas quais o Poder
Legislativo exerce sua função típica de fiscalização. Trata-se de controle político-administrativo
exercido pelo Parlamento com a finalidade de, em busca da verdade, apurar acontecimentos e
desvendar situações de interesse público.10 É mecanismo típico do sistema de freios e contrapesos,
de controle do Poder Legislativo sobre os demais Poderes.

As CPI’s têm como atribuição realizar a investigação parlamentar, produzindo o inquérito


legislativo. Nesse sentido, CPI não julga, não acusa e não promove responsabilidade de ninguém.
Sua função é meramente investigatória; todavia, suas conclusões, quando for o caso, serão
encaminhadas ao Ministério Público para que, esse sim, promova a responsabilidade civil ou
criminal dos infratores.

A Constituição Federal tratou das Comissões Parlamentares de Inquérito no art. 58, §3º, que
determina o seguinte:

§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de


investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de
um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo
certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público,
para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

As Comissões Parlamentares de Inquérito podem ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou separadamente. Assim, podem existir CPIs da Câmara dos
Deputados, CPIs do Senado ou, ainda CPIs mistas.

2.3.5.1- Requisitos Constitucionais para a criação de CPI’s:

A criação de uma CPI está sujeita ao cumprimento de certos requisitos constitucionais, os quais,
enfatize-se, também são aplicáveis à criação de CPI’s em outros âmbitos federativos (nos Estados
e nos Municípios). Esses requisitos (pressupostos para a criação de CPI) estão sujeitos ao controle
jurisdicional. É possível, por exemplo, que o Poder Judiciário invalide a criação de CPI que não
cumpriu os requisitos constitucionais.

Os pressupostos para a criação de CPI são os seguintes:

10
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, Ain6ª edição,
2011. pp. 886.

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a) Requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa:

O STF considera que as CPIs são um “direito das minorias”. É por isso que se exige o requerimento
de apenas 1/3 dos membros da Casa Legislativa ou, no caso de comissão mista, um terço dos
membros de cada uma das Casas. Segundo o Pretório Excelso, preenchidos os requisitos
constitucionais do art. 58, § 3º, da Constituição Federal, existe direito público subjetivo de as
minorias parlamentares verem instaurado o inquérito parlamentar, com apoio no direito de
oposição, legítimo consectário do princípio democrático.11

Ainda segundo o STF, é inconstitucional que se estabeleça o requerimento de criação de CPI à


deliberação pelo Plenário. O requerimento por 1/3 dos membros da Casa Legislativa é suficiente
para a instauração de CPI. Segundo o Ministro Eros Grau:

“em decorrência do pacto federativo, o modelo federal de criação e instauração das comissões
parlamentares de inquérito constitui matéria compulsoriamente a ser observada pelas Casas
Legislativas estaduais (…) daí porque se há de ter, na garantia da criação da comissão parlamentar
de inquérito mediante requerimento de criação de um terço dos membros da Assembleia
Legislativa, a garantia da sua instalação independentemente de deliberação do plenário. A sujeição
do requerimento de criação da comissão a essa maioria equivaleria a frustração da própria garantia.
As minorias – vale dizer, um terço dos membros da Assembleia Legislativa – já não mais deteriam
o direito à criação da comissão parlamentar de inquérito, que passaria a depender de decisão da
maioria, tal como expressa no plenário”12.

Ainda considerando que as CPIs são um direito das minorias, entende o STF que a maioria
legislativa, mediante inércia de seus líderes na indicação de membros para compor uma CPI,
não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários, do direito público subjetivo de ver
instaurada investigação parlamentar em torno de fato determinado e por período certo.13

O STF entende, também, que não há vedação constitucional à norma regimental que estabeleça
limites para o número de CPI’s que pode ser criado simultaneamente. Em outras palavras, é válida
norma do Regimento Interno da Casa Legislativa que estabeleça um número máximo de CPIs que
poderão funcionar ao mesmo tempo.

b) Indicação de fato determinado a ser investigado:

O ato que instaura uma CPI deverá delimitar, precisamente, os fatos que serão objeto da
investigação parlamentar. Não se admite a criação de CPIs para investigações genéricas ou,

11
STF, Pleno, MS 24831/DF; MS 24845/DF; MS 24846/DF.
12
STF, Pleno, ADIn no 3619/SP.
13
MS 24.831, Rel. Min. Celso de Mello, Julg: 22.06.2005.

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como diz o Ministro Gilmar Mendes, para devassas generalizadas, sob pena de se produzir um
quadro de insegurança e de perigo para as liberdades individuais.14

É importante destacar que a CPI pode investigar mais de um fato, desde que todos os fatos
investigados sejam determinados. Além disso, a regra que determina a necessidade de criação
das comissões com objeto específico não impede a apuração de fatos conexos ao principal, ou,
ainda, de outros fatos, inicialmente desconhecidos, que surgirem durante a investigação,
bastando, para que isso ocorra, que haja um aditamento do objeto inicial da CPI15.

Ressalte-se que, para a doutrina e a jurisprudência, as CPIs de um ente da federação não podem
investigar fatos referentes aos demais, devido ao pacto federativo. Desse modo, uma CPI federal
não pode investigar questões relacionadas à gestão da coisa pública estadual, distrital ou
municipal, por exemplo. Os poderes das CPIs criadas pelas Casas do Congresso Nacional não
alcançam, portanto, fatos ligados estritamente à competência dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.

c) Fixação de prazo certo para os trabalhos da CPI.

O ato que instaura uma CPI deve prever o prazo dentro do qual os seus trabalhos serão
encerrados. No entanto, a locução “prazo certo”, segundo o STF, não impede prorrogações
sucessivas dentro da legislatura. Contudo, o final da legislatura sempre representará um termo
final para as CPIs.

2.3.5.2- Poderes de Investigação das CPI’s:

Os poderes de investigação das CPI’s são limitados pelo princípio da separação de poderes e
pelo respeito aos direitos fundamentais. Apesar de a Constituição ter mencionado que as CPIs
têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, há certas competências que estão
sujeitas à reserva de jurisdição, isto é, são exclusivas do Poder Judiciário. Nesse sentido, é
bastante relevante sabermos o que as CPI’s podem e o que não podem fazer.

Segundo a jurisprudência do STF, as CPI’s têm competência para:

a) Convocar particulares e autoridades públicas para depor.

A CPI pode convocar qualquer pessoa para depor (particulares, servidores públicos, Ministros de
Estado e titulares de órgãos ligados à Presidência da República), na qualidade de testemunhas ou

14
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição, 2011.
pp. 886.
15
STF, HC no 71.039/RJ, 0704.1994.

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indiciados, desde que a oitiva seja necessária à investigação. Os membros do Poder Judiciário,
todavia, não estão obrigados a se apresentar perante CPI com o intuito de prestar depoimento
sobre sua função jurisdicional, sob pena de violação do princípio da separação de poderes.

Segundo o STF, a convocação deve ser feita pessoalmente, não sendo viável a intimação por via
postal ou por comunicação telefônica.16 Destaque-se, ainda, que o privilégio de que gozam certas
autoridades de, no processo penal, marcarem dia e hora para serem inquiridas, também deve ser
observado pela CPI.17 Os Ministros de Estado, por exemplo, gozam dessa prerrogativa de agendar
o seu depoimento.

As testemunhas, uma vez convocadas por CPI, são obrigadas a comparecer, sendo cabível,
inclusive, a requisição de força policial para promover-lhes a condução coercitiva. Em respeito ao
princípio da não-autoincriminação, não cabe condução coercitiva do investigado.

Os depoentes (testemunhas e indiciados) devem ter seus direitos constitucionais respeitados


pela CPI: direito ao silêncio (art. 5º, LXIII, CF); direito ao sigilo profissional; direito de assistência
por advogado; indenização por danos morais e à imagem etc. Entretanto, uma vez que os
trabalhos da CPI têm caráter meramente inquisitório, ou seja, de reunião de provas para futura
acusação a cargo do Ministério Público, não se assegura ao depoente o direito ao contraditório
na fase de investigação parlamentar.

Enfatize-se que o STF firmou o entendimento de que o privilégio contra a autoincriminação se


aplica a qualquer pessoa, independentemente de ser ouvida na condição de testemunha ou de
investigada18. Assim, o indiciado ou testemunha tem o direito ao silêncio e de não produzir prova
contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), embora esteja obrigado a comparecer à sessão na
qual será ouvido, onde poderá, ou não, deixar de responder às perguntas que lhe forem feitas.19

O depoente em CPI pode ter a assistência de um advogado. Nas reuniões da CPI, o advogado
poderá comunicar-se pessoal e diretamente com o seu cliente, bem como adverti-lo sobre o
direito ao silêncio. Poderá, ainda, reclamar, verbalmente ou por escrito, quando houver
comportamento arbitrário ou desrespeito aos princípios constitucionais, legais e regimentais por

16
STF, HC 71.421. Rel. Min. Celso de Mello. 03.05.1994.
17
HC-MC 87.230. Rel. Min. Joaquim Barbosa. 28.11.2005.
18
HC nº 79.812/SP, Plenário, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 16/12/01 e HC nº 92.371-MC/DF, decisão
monocrática, Relator o Ministro Eros Grau, DJ de 3/9/07.
19
Nesse sentido: HC nº 94.082-MC/RS, DJE de 24/3/08; HC nº 92.371-MC/DF, DJ de 3/9/07; HC nº 92.225-
MC/DF, DJ de 14/8/07.

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parte da CPI. Segundo o STF, as CPI`s não podem impedir, dificultar ou frustrar o exercício das
prerrogativas de ordem profissional que foram outorgadas pela lei ao advogado.20

Há precedente no STF de que se uma CPI deseja tomar o depoimento de um índio, deverá fazê-
lo dentro da área indígena, em dia e hora previamente acordados com a comunidade e com a
presença de representante da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e de um antropólogo com
conhecimento da mesma comunidade.21

b) Realização de perícias e exames necessários à dilação probatória, bem como requisição de


documentos e busca de todos os meios de prova legalmente admitidos.22

A investigação parlamentar somente será possível se as CPI’s puderem se utilizar de instrumentos


que lhe permitam realizar suas atribuições. Nesse sentido, as CPI’s podem requerer, dentre outras
diligências, exames grafotécnicos, análises contábeis, coleta de provas, acareações e auditorias.
23

c) Determinar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do investigado:

A quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico podem ser determinadas por CPI, não estando
abrangidas por cláusula de reserva de jurisdição. No entanto, deve-se destacar que isso não
coloca as informações em domínio público; ao contrário, a CPI torna-se depositária do segredo24,
constituindo comportamento altamente censurável a transgressão, por seus membros, do dever
jurídico de respeito e preservação do sigilo concernentes aos dados a ela transmitidos.25

É importante ter cuidado para não confundir “quebra do sigilo telefônico” com “interceptação
das comunicações telefônicas”. A quebra do sigilo telefônico, medida que pode ser determinada
por CPI, consiste em ter acesso aos registros telefônicos, isto é, aos dados relativos às
comunicações telefônicas (horário da chamada, número do telefone, duração da chamada, etc). A
interceptação telefônica, por sua vez, consiste em ter acesso ao conteúdo da conversa; ao
contrário da quebra de sigilo telefônico, a interceptação telefônica não pode ser determinada
por CPI.

20
MS 23.576/DF. Rel. Min. Celso de Mello. Julgamento: 02.10.2000.
21
HC 80.240. Rel. Min. Sepúlveda Pertence. 20.06.2001
22
STF, HC no 71.039/RJ, 07.04.1994.
23
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional, Ed. Juspodium, Salvador: 2013, pp. 554.
24
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição, 2011.
pp. 899.
25
MS 23.454, Rel. Min. Marco Aurélio. 19.08.1999.

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Qualquer medida restritiva de direitos determinada por CPI (incluindo a quebra de sigilo
bancário, fiscal e telefônico) deve ser fundamentada, sob pena de nulidade da decisão. Além
disso, há que se observar o princípio da colegialidade, segundo o qual a restrição a direitos deve
ser determinada pela maioria absoluta dos membros da CPI; não se admite, portanto, que o
Presidente da CPI, sozinho, possa determinar medida restritiva de direitos.

Segundo o STF, CPIs estaduais também podem determinar a quebra do sigilo bancário.
Entende a Corte Suprema que impedir a utilização desse instrumento pelos legislativos estaduais
implicaria a criação de “elemento adicional de apoucamento das já institucionalmente fragilizadas
unidades integrantes da Federação.”26 Observa-se que, na mesma decisão, o Ministro Joaquim
Barbosa deixou claro que a prerrogativa de quebra do sigilo bancário não se estende às CPIs
municipais.

...

As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s) não têm competência para:

a) Decretar prisões, exceto em flagrante delito. Entende o STF que o “ordenamento


constitucional brasileiro, ressalvadas as situações de flagrância penal ou de prisão na vigência do
estado de defesa, somente deferiu competência para ordenar a privação da liberdade individual
aos órgãos que, posicionados na estrutura institucional do Poder Judiciário, acham-se investidos
de função jurisdicional. A Comissão Parlamentar de Inquérito, desse modo, exatamente por não
dispor da prerrogativa magna de julgar, não parece possuir, como efeito consequencial,
competência para determinar, “ex auctoritate propria”, a prisão de qualquer pessoa”. 27

b) Determinar a aplicação de medidas cautelares, tais como indisponibilidade de bens, arrestos,


sequestro, hipoteca judiciária ou, ainda, proibição de ausentar-se da comarca ou do país;

c) Proibir ou restringir a assistência jurídica aos investigados. A Constituição Federal consagrou,


em seu art. 133, a indispensabilidade e a imunidade do advogado como princípios constitucionais.
Nas palavras do eminente Ministro Marco Aurélio, “a assistência por profissional da advocacia
constitui um direito, até mesmo natural, do cidadão, estando pedagogicamente previsto no campo
normativo. A admissibilidade integra o devido processo legal na substância”28.

d) Determinar a anulação de atos do Poder Executivo, sob pena de violação ao princípio da


separação dos Poderes;

26
STF, Pleno. ACO nº 730/RJ. Rel. Min. Joaquim Barbosa.
27
HC 71279 RS, DJ 23/03/1994.
28
HC 98667 DF, DJe-077 28/04/2009.

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e) Determinar a quebra do sigilo judicial, pois nem mesmo o Judiciário detém essa competência.
Assim, “o sigilo imposto a processo sujeito a segredo de justiça é oponível a Comissão Parlamentar
de Inquérito”.29

f) Determinar a interceptação telefônica, por ser esse ato reservado à competência jurisdicional.

g) Determinar a busca e apreensão domiciliar de documentos. A inviolabilidade domiciliar,


garantida pelo art. 5º, XI, CF/88, não pode ser violada por ato de CPI. Há necessidade de ordem
judicial para que se possa realizar a busca e apreensão domiciliar de documentos.

h) Apreciar atos de natureza jurisdicional (decisões judiciais), sob pena de se ferir a separação
de Poderes.

i) Convocar o Chefe do Poder Executivo. Esse impedimento deriva do art. 50, CF/88, que não
menciona a possibilidade de o Chefe do Poder Executivo ser convocado para prestar informações
à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal ou a qualquer uma de suas comissões. Poderão ser
convocados para prestar informações ao Poder Legislativo, sob pena de crime de
responsabilidade, os Ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente
subordinados à Presidência da República.

(PGFN - 2015) Segundo entendimento do STF, é ilegítima a rejeição de criação de CPI pelo
plenário da Câmara dos Deputados, ainda que por expressa votação majoritária, porquanto a
Constituição protege a prerrogativa institucional de investigar, especialmente a dos grupos
minoritários que atuam no âmbito dos corpos legislativos.
Comentários:
A CPI é um direito das minorias. Por isso, segundo o STF, é inconstitucional que se submeta o
requerimento de instauração de CPI ao Plenário. Questão correta.
(PC-DF – 2015) As comissões da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal podem convocar
ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente ligados à presidência da
República para prestarem, pessoalmente, informações a respeito de assunto previamente
determinado, sob pena de crime de responsabilidade a ausência sem justificativa adequada.
Comentários:

29
MS 27483 DF. Rel. Min. Cezar Peluso, 14.08.2008.

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Segundo o art. 50, CF/88, “a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente
subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre
assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem
justificação adequada”. Questão correta.
(SEAP-DF – 2015) As comissões parlamentares de inquérito detêm os poderes de investigação
típicos da autoridade judicial, o que inclui, conforme o STF, competência para determinar
interceptação telefônica.
Comentários:
As CPI`s não podem determinar interceptação telefônica. Essa medida somente pode ser
determinada pelo Poder Judiciário. Questão errada.
(PGE-PR – 2015) Por possuírem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, as
CPIs poderão decretar indisponibilidade de bens dos investigados.
Comentários:
As CPI’s não podem determinar a aplicação de medidas cautelares, como a decretação de
indisponibilidade de bens. Questão errada.
(PGE-PR – 2015) Devido à separação de poderes e aos freios e contrapesos, a CPI poderá
convocar magistrado com o fito de investigar ato jurisdicional, ou seja, avaliar as razões de decisão
judicial.
Comentários:
As CPI`s não poderão apreciar atos de natureza jurisdicional, sob pena de ser violado o princípio
da separação de poderes. Questão errada.
(MPE-GO – 2014) As minorias parlamentares, embora constitucionalmente protegidas no
exercício da oposição, não têm legítima pretensão, amparável pelo Poder Judiciário, à instalação
de Comissões Parlamentares de Inquérito, ainda que logrem preencher o requisito de o mínimo
de um terço previsto no art. 58, § 3º, da Constituição da República, sob pena de subversão, em
evidente abuso de direito, do princípio formal da maioria, basilar de todo regime democrático.
Comentários:
A criação de CPI`s é um direito das minorias parlamentares, que têm legítima pretensão à sua
instauração. Havendo o requerimento de 1/3 dos membros da Casa Legislativa, a CPI será
instalada. Questão errada.

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3 – Atribuições do Poder Legislativo

3.1 - Atribuições do Congresso Nacional:

As atribuições do Congresso Nacional estão previstas no art. 48 e no art. 49. No art. 48, estão as
atribuições que dependem de sanção do Presidente da República. São atribuições que
dependem, portanto, da edição de lei. O art. 49, por sua vez, relaciona as atribuições que
independem de sanção do Presidente, efetivadas mediante decreto legislativo. É fundamental
que saibamos, para a prova, diferenciar as atribuições que dependem de lei daquelas que
dependem da edição de decreto legislativo!

Vejamos, primeiro, o que dispõe o art. 48, CF/88:

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,


não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de


crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;

III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da


União;

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou


Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas;

VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;

VIII - concessão de anistia;

IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria


Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público
do Distrito Federal;

X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas,


observado o que estabelece o art. 84, VI, b;

XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;

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XII - telecomunicações e radiodifusão;

XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas


operações;

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o


que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.

O art. 48, acima transcrito, consiste em rol meramente exemplificativo, havendo outras atribuições
fora dessas hipóteses. Sobre esse dispositivo, vale destacar o seguinte:

a) A criação, transformação e extinção de cargos públicos depende de lei (art. 48, X). No entanto,
a extinção de cargos públicos que estiverem vagos será feita por decreto autônomo.

b) A fixação dos subsídios dos Ministros do STF depende de lei (art.48, XV), a qual é de iniciativa
privativa do próprio STF.

Vejamos, agora, as atribuições do art. 49, que são matérias da competência exclusiva do
Congresso Nacional e que, conforme já dissemos, são reguladas por meio de decreto legislativo,
dispensada a sanção do Presidente da República.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que


acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a


permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do


País, quando a ausência exceder a quinze dias;

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio,


ou suspender qualquer uma dessas medidas;

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder


regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

VI - mudar temporariamente sua sede;

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VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado


o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos


Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
153, III, e 153, § 2º, I;

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar


os relatórios sobre a execução dos planos de governo;

X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do


Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;

XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição


normativa dos outros Poderes;

XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de


rádio e televisão;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos


hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área


superior a dois mil e quinhentos hectares.

Sobre as atribuições do art. 49, CF/88, destacamos o seguinte:

a) O Congresso Nacional tem competência para aprovar tratados internacionais mediante


decreto legislativo (art. 49, I). Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o Presidente da
República está autorizado a ratificar o tratado (ato internacional) e a editar decreto
executivo, internalizando o tratado em nosso ordenamento jurídico. É a partir do decreto
executivo que o tratado entra em vigor no plano interno.

A ratificação é o ato por meio do qual o Estado se compromete definitivamente a cumprir


o tratado; a assinatura, ao contrário, é apenas um consentimento provisório, dependente
de ulterior confirmação.

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b) O estado de defesa e a intervenção federal são decretados pelo Presidente da República


e, só depois, submetidas ao Congresso Nacional. Ressalte-se que o Congresso Nacional
poderá aprovar ou suspender a decretação de estado de defesa (art. 49, IV).

c) A sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder


regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V) é um mecanismo de
controle e fiscalização, pelo Legislativo, dos atos do Executivo, dando efetividade ao
sistema de freios e contrapesos. Esse sistema, criado pela doutrina norte-americana, prevê
a interferência legítima de um Poder sobre o outro, nos limites estabelecidos
constitucionalmente. Tem como objetivo garantir o equilíbrio necessário à concretização da
soberania popular, evitando o exercício arbitrário das funções pelos Poderes.

d) A fixação dos subsídios do Presidente e do Vice-Presidente, bem como dos Ministros


de Estado, é feita mediante decreto legislativo (art.49, VIII).

e) O julgamento das contas do Presidente da República compete ao Congresso Nacional


(art.49, IX). Destaque-se que é competência do TCU apreciar as contas do Presidente. O
Presidente da República deverá prestar contas ao Congresso, anualmente, até 60 dias após
a abertura da sessão legislativa (art. 84, XIV).

3.2 - Atribuições da Câmara dos Deputados:

O art. 51 relaciona as competências privativas da Câmara dos Deputados, as quais são


disciplinadas mediante Resolução. As resoluções são atos normativos primários, que possuem
hierarquia de lei, mas que independem de sanção do Presidente da República.

Vejamos o que dispõe o texto constitucional:

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o


Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não


apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação


ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei
para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias;

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V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Apesar de o art. 51 denominar as atribuições nele arroladas como privativas, podemos considerá-
las como sendo competências exclusivas, por serem indelegáveis e exercidas sem qualquer
interferência ou participação indireta de outro Poder ou órgão.

Sobre as atribuições do art. 51, podemos destacar o seguinte:

a) O Presidente da República e o Vice-Presidente da República são julgados pelo STF (nos


crimes comuns) ou pelo Senado Federal (nos crimes de responsabilidade). Em qualquer
desses casos, haverá necessidade de prévia autorização da Câmara dos Deputados,
mediante votos de 2/3 dos seus membros (art. 51, I). Trata-se de juízo de admissibilidade,
de natureza política.

A autorização da Câmara dos Deputados para a instauração de processo contra Ministro


de Estado somente se aplica no caso de crime conexo com o do Presidente da República.

b) O inciso IV pode ser dividido em duas partes. Na primeira, compete privativamente à


Câmara dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou
extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços; tais matérias serão objeto de
resolução. Na segunda parte, fica claro que Câmara tem iniciativa privativa para
apresentar projeto de lei para a fixação da remuneração de seus servidores. Essa última
é a única, dentre as atribuições do art. 51, que não é desempenhada mediante resolução.

3.3 - Atribuições do Senado Federal:

As competências privativas do Senado Federal estão arroladas no art. 52, da Constituição. Tais
matérias são disciplinadas mediante resolução do Senado Federal, sendo dispensada a sanção
do Presidente da República.

Embora o texto constitucional chame-as de competências privativas, estas são, na realidade,


exclusivas, por serem indelegáveis e exercidas sem a interferência ou participação de qualquer
outro Poder ou órgão. Vejamos o art. 52:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de


responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos
com aqueles;

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do


Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o

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Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de


responsabilidade;

III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da


República;

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores do banco central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a


escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos


Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o


montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo
e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em


operações de crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional


por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do


Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;

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XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação


ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei
para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias;

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em


sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias
da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente
o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com
inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das
demais sanções judiciais cabíveis.

Sobre o art. 52, destacamos o seguinte:

a) Nos crimes de responsabilidade, o Senado Federal irá julgar as seguintes autoridades:


i) Presidente da República; ii) Vice-Presidente da República; iii) Ministros do STF; iv)
membros do CNJ e do CNMP; v) Procurador-Geral da República e; vi) Advogado-Geral da
União. (art. 52, I e II)

Os Ministros de Estado são julgados, nos crimes de responsabilidade, pelo STF. No entanto,
em se tratando de crime de responsabilidade conexo com o do Presidente, o julgamento
será feito pelo Senado Federal.

b) O Senado Federal tem a competência para aprovar previamente a nomeação de


importantes autoridades da República (art. 52, III e IV). Esse procedimento de aprovação é
a famosa “sabatina”. Citamos como exemplo a nomeação dos Ministros do STF, que
depende de aprovação por maioria absoluta do Senado Federal.

c) O Senado Federal autoriza operações externas de natureza financeira realizadas pelos


Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios. (art. 52, VI). Um exemplo seria a
concessão de um empréstimo pelo Banco Mundial ao estado de Minas Gerais para que
possa ser realizada uma obra de infraestrutura.

d) O Senado Federal tem a iniciativa privativa para apresentar projeto de lei que fixa a
remuneração de seus servidores (art. 52, XIII). Trata-se da única competência, dentre as
arroladas no art. 52, que não é exercida por meio de resolução.

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(TJDFT – 2015) É competência do Senado Federal sustar ato regulamentar emitido por agência
reguladora que crie obrigação não prevista em lei.
Comentários:
É competência do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar (art. 49, V). Questão errada.
(TRT 8ª Região – 2015) Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,
a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.
Comentários:
Essa é uma competência do Congresso Nacional, conforme art. 48, XI. É uma competência
exercida por meio de lei, ou seja, será necessária a sanção do Presidente da República. Questão
correta.
(TRT 8ª Região – 2015) Compete ao Senado Federal avaliar periodicamente a funcionalidade do
Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das
administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
Comentários:
De fato, essa é uma competência do Senado Federal (art. 52, XV, CF/88). Questão correta.
(PC-DF – 2015) Cabe ao Congresso Nacional autorizar o presidente da República a se ausentar
do país quando a ausência exceder a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
Comentários:
Segundo o art. 49, III, CF/88, é competência do Congresso Nacional “autorizar o Presidente e o
Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias”.
Questão correta.
(MPE-SP – 2015) Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dentre
outras matérias da competência da União, dispor sobre concessão de anistia; criação e extinção
de Ministérios e órgãos da administração pública.
Comentários:
É competência do Congresso Nacional, com sanção do Presidente, dispor sobre concessão de
anistia (art. 48, VIII) e criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (art. 48,
XI). Questão correta.

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(MPE-SP – 2015) É da competência exclusiva do Congresso Nacional escolher dois terços dos
membros do Tribunal de Contas da União.
Comentários:
É isso mesmo. O Congresso Nacional tem competência para escolher 2/3 (dois terços) dos
membros do TCU (art. 49, XIII). Questão correta.
(MPE-SP – 2015) Compete privativamente ao Congresso Nacional autorizar, por dois terços de
seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e
os Ministros de Estado.
Comentários:
É a Câmara dos Deputados que autoriza (por 2/3 dos seus membros) a instauração de processo
contra o Presidente e o Vice-Presidente e os Ministros de Estado (art. 51, I). Questão errada.

4 – O Estatuto dos Congressistas:

A Carta da República estabelece, na Seção V, Capítulo I, Título IV, imunidades e vedações aos
parlamentares, a fim de garantir ao Poder Legislativo como um todo e a seus membros
independência e liberdade no exercício de suas funções constitucionais. A essas regras, a
doutrina convencionou chamar estatuto dos congressistas.

Busca-se, com isso, proteger os parlamentares contra abusos e pressões de outros Poderes,
conferindo-lhes liberdade de convicção, pensamento e ação. Como se pode perceber, tal
proteção é imprescindível à própria existência da democracia.

4.1 - Imunidades Parlamentares:

As imunidades parlamentares não são privilégios; caracterizam-se, na verdade, como garantias


funcionais que visam permitir que os membros do Poder Legislativo exerçam seu mandato com
independência, livres de abusos e pressões de outros Poderes. São prerrogativas de ordem
pública e, portanto, irrenunciáveis. As imunidades parlamentares são um pressuposto da própria
democracia, uma vez que protegem os congressistas contra a ingerência de outros Poderes.

É importante salientar que, segundo o STF, as imunidades não se estendem aos suplentes. Isso
porque elas decorrem do efetivo exercício da função parlamentar, não são prerrogativas da
pessoa. Em outras palavras, elas são objetivas (e não subjetivas).

As imunidades parlamentares podem ser de dois tipos: imunidade material e imunidade formal.

4.1.1 - Imunidade Material:

A imunidade material (substancial ou de conteúdo) visa garantir aos parlamentares liberdade de


opinião, palavras e votos. Segundo o art. 53, CF/88, os Deputados e Senadores são invioláveis,

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civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Assim, os congressistas não
podem ser responsabilizados, civil e penalmente, pelas opiniões, palavras e votos que proferirem
no exercício da função.

Apesar de a CF/88 mencionar expressamente apenas a inviolabilidade civil e penal


dos Deputados e Senadores, a doutrina e o STF entendem que a imunidade
material descarta toda e qualquer forma de responsabilização. Assim, os
congressistas também não podem ser responsabilizados no campo administrativo
e político pelas opiniões, palavras e votos que proferirem no exercício da função
parlamentar.

A proteção conferida aos parlamentares pela imunidade material exige que exista uma relação
entre a conduta praticada e o exercício do mandato; em outras palavras, há que existir uma
conexão entre a manifestação oral do parlamentar e o exercício da função, sem o que não cabe
falar-se em imunidade material.

Segundo o STF, quando a manifestação do parlamentar ocorre no recinto do Congresso


Nacional, há a presunção absoluta de que está relacionada ao exercício parlamentar e, portanto,
estará abrangida pela imunidade material. Nesse sentido, considera-se que o depoimento
prestado por congressista a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) está gravado pela
cláusula da inviolabilidade material.

Por outro lado, caso as palavras sejam proferidas pelo parlamentar fora do Congresso Nacional,
será necessário perquirir o seu vínculo com a atividade de representação política.30

Nesse sentido, considera o STF que “a cláusula de inviolabilidade constitucional, que impede a
responsabilização penal e/ou civil do membro do Congresso Nacional, por suas palavras, opiniões
e votos, também abrange, sob seu manto protetor, as entrevistas jornalísticas, a transmissão, para
a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas
e as declarações feitas aos meios de comunicação social, eis que tais manifestações – desde que

MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição, 2011.
30

pp. 929.

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vinculadas ao desempenho do mandato – qualificam-se como natural projeção do exercício das


atividades parlamentares”.31

Perceba que, quando um Deputado ou Senador concede uma entrevista a um jornal, esse ato
naturalmente estará protegido pela imunidade material, constituindo-se a entrevista em projeção
do exercício da atividade parlamentar. Diferente, todavia, é a situação do “deputado-jornalista”,
apresentando o seu programa de televisão. Nessa situação, está ele atuando como jornalista (e
não como deputado!), motivo pelo qual não estará protegido pela imunidade material. Segundo
o STF:

“A imunidade material prevista no art. 53, caput, da Constituição não é absoluta, pois somente se
verifica nos casos em que a conduta possa ter alguma relação com o exercício do mandato
parlamentar. Embora a atividade jornalística exercida pelo querelado não seja incompatível com
atividade política, há indícios suficientemente robustos de que as declarações do querelado, além
de exorbitarem o limite da simples opinião, foram por ele proferidas na condição exclusiva de
jornalista." 32

Segundo o STF, a imunidade material alcança todas as manifestações dos congressistas em que
se identifique uma conexão entre o ato praticado e a qualidade de mandatário político. Nesse
sentido, a Corte reconheceu que o encaminhamento ao Ministério Público de notitia criminis
contra autoridades judiciais e administrativas por suspeita de práticas ilícitas em prejuízo de
autarquia federal, embora não constitua exercício do mandato parlamentar stricto sensu, guarda
inequívoca relação de pertinência com o poder de controle do Parlamento sobre a administração
da União e estará, portanto, abrangido pela imunidade material.33

A imunidade material possui eficácia temporal permanente, perpétua, pois persiste mesmo após
o término do mandato. Isso quer dizer que o parlamentar não pode ser responsabilizado (civil ou
penalmente), nem mesmo após o término do mandato, pelas palavras, opiniões e votos que tiver
proferido durante o período em que era congressista. É claro, todavia, que as manifestações
que proferir após o mandato não estarão mais albergadas pela imunidade material.

Por fim, cabe destacar que, por abranger apenas os atos praticados no exercício da função, a
imunidade material tem como termo inicial a data da posse.

31
Inq 2.332-AgR, Rel. Min. Celso de Mello. 10-2-2011
32
Inq 2.134, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 23-3-2006,
33
RE 210.917-RJ. Rel. Min. Sepúlveda Pertence. 18.06.2001.

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Inviolabilidade civil e penal por suas opiniões, palavras e votos

IMUNIDADE
MATERIAL DOS É permanente: persiste, após a legislatura
PARLAMENTARES
É necessário que o parlamentar esteja no desempenho de suas
funções

4.1.2 - Imunidade Formal:

A imunidade formal (processual ou de rito) garante aos parlamentares duas prerrogativas


distintas:

a) impossibilidade de ser preso ou de permanecer preso;

b) possibilidade de sustação do andamento da ação penal.

No que se refere à prisão, dispõe a Carta Magna que, desde a expedição do diploma34, os
membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante delito de crime
inafiançável (art. 53, § 2º, CF). Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa
respectiva para que, pelo voto aberto da maioria dos seus membros (ou seja, maioria absoluta),
resolva sobre a prisão. Ressalte-se que, no entendimento do STF, a vedação constitucional à prisão
dos congressistas abrange somente as prisões cautelares (prisão em flagrante, temporária e
preventiva). Assim, é plenamente possível que o parlamentar seja preso em virtude de sentença
judicial transitada em julgado.35

Com isso, pode-se dizer que somente é possível aplicar ao parlamentar a pena de privação da
liberdade em dois casos: i) flagrante de crime inafiançável e; ii) sentença judicial transitada em
julgado, segundo jurisprudência do STF.

Embora não possa decretar a prisão preventiva de parlamentar, o STF reconheceu


a possibilidade de que o Poder Judiciário aplique medidas cautelares diversas
da prisão, as quais estão relacionadas no art. 319, do Código de Processo Penal

34
A diplomação é ato anterior à posse, por meio do qual a Justiça Eleitoral atesta que o candidato foi eleito.
35
Inq 510-DF, Rel. Min. Celso de Mello. 01.02.1991

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(CPP). Como exemplos de medidas cautelares, citamos a “suspensão do exercício


de função pública”, a “obrigação de recolhimento domiciliar no período noturno”
e a “proibição de se ausentar do País”.

Caso a medida cautelar aplicada ao parlamentar impossibilite o exercício do


mandato, direta ou indiretamente, o STF deverá encaminhar sua decisão, no prazo
de 24 horas, à Casa Legislativa respectiva, a fim de que esta delibere sobre a
medida cautelar. 36 A Casa Legislativa irá resolver sobre a medida cautelar, por
maioria dos seus membros (maioria absoluta), em votação aberta. Aplica-se,
portanto, a mesma regra da prisão do parlamentar em flagrante de crime
inafiançável.

Outra prerrogativa relacionada à imunidade formal é a possibilidade de sustação do andamento


da ação penal, que não se confunde com a licença prévia, instituto que vigorava até a
promulgação da EC nº 35/2001. Exigia-se, até 2001, autorização prévia da Casa Legislativa para o
prosseguimento da ação perante o STF. Após a EC nº 35/2001, a situação reverteu-se
drasticamente: oferecida a denúncia ou queixa-crime contra o parlamentar, o STF poderá recebê-
la, independentemente de prévia licença da Casa Legislativa a que ele pertence.

Depois do recebimento da denúncia ou queixa-crime, no caso de crime cometido após a


diplomação do parlamentar, o Supremo dará ciência à Casa respectiva, para que ela se manifeste.
Abre-se, então, a possibilidade de sustação do andamento da ação penal, mediante pedido feito
por partido político com representação na Casa Legislativa.

O pedido de sustação pode ser feito a qualquer tempo, desde o recebimento da denúncia ou
queixa-crime até a decisão final do STF. Todavia, o pedido formulado por partido político deverá
ser apreciado pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado (conforme o caso) dentro de 45 dias
de seu recebimento pela Mesa Diretora. A Casa poderá, então, por iniciativa de partido político
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros37 (maioria absoluta), sustar o
andamento da ação penal. A sustação do processo suspende38 a prescrição, enquanto durar o
mandato.

Vale enfatizar que a sustação do andamento da ação penal somente se aplica a crimes cometidos
após a diplomação. Dessa forma, crimes cometidos antes da diplomação não poderão ter o
andamento de seu processo sustado pela Casa Legislativa.

36
ADI 5526/DF, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes. Julgamento:
11/10/2017.
37
Falar em maioria dos membros equivale a dizer “maioria absoluta”.
38
Note que, nesse caso há suspensão (e não interrupção!) da prescrição. Na interrupção, quando o prazo volta
a correr, é contado do zero novamente. Já na suspensão, começa a contar de onde parou. Esse conceito é
relevante para o Direito Civil, sendo aqui exposto apenas para ajudar na fixação do art. 53, § 5º, da Constituição.

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É importante ressaltar que a imunidade material protege o parlamentar mesmo depois do


mandato. Já a imunidade formal é limitada no tempo, protegendo o parlamentar após a
diplomação e enquanto durar o mandato. Segundo o STF, o termo “ad quem” do mandato (ou
seja, o seu final) equivale ao início da próxima legislatura. (STF, RTJ, 107:911-912).

Desde a expedição do diploma


Relativa à
prisão
Exceção: flagrante por crime inafiançável

IMUNIDADE
FORMAL DOS Apenas para crimes cometidos após a diplomação
PARLAMENTARES
O processo poderá ser sustado a pedido de partido
com representação na casa legislativa
Relativa ao
processo A Casa Legislativa terá 45 dias, improrrogáveis, do
recebimento do pedido pela mesa diretora, para
votar
Decisão: voto da maioria absoluta (ostensivo e
nominal)

4.2 - Prerrogativa de Foro:

Os parlamentares (Deputados e Senadores) gozam da prerrogativa especial de serem


processados e julgados criminalmente perante o Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo
de tal prerrogativa é permitir que os parlamentares tenham um julgamento imparcial, livre de
pressões políticas, servindo como instrumento de proteção ao mandato popular contra
persecuções penais indevidas.

Embora esse seja um objetivo meritório, com o passar dos anos, a existência do foro por
prerrogativa de função acabou gerando graves consequências para o sistema de justiça criminal,
que se tornou disfuncional, lento e ineficaz.

Devido ao grande número de parlamentares envolvidos em ilícitos penais, o STF passou a não
conseguir dar vazão aos processos, transmitindo à sociedade a ideia de que ter foro por
prerrogativa de função seria sinônimo de impunidade. Criou-se uma “classe especial” de cidadãos,
com deveres e responsabilidades distintos dos cidadãos comuns perante a justiça criminal,
violando-se o mais básico dos princípios republicanos: a igualdade.

Em virtude desse contexto, que gerou grande descontentamento e pressão populares, o STF
reinterpretou o instituto do foro por prerrogativa de função dos parlamentares, promovendo

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verdadeira mutação constitucional, a fim de impedir que ele se tornasse um escudo para a prática
de ilícitos penais.

Durante muito tempo, o STF seguiu à risca a literalidade do texto constitucional, segundo o
qual “os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal (STF)” (art. 53, § 1º, CF/88). Não importava se o crime tivesse
sido praticado antes ou após a diplomação. Também não interessava se o crime estivesse ou não
relacionado ao exercício da função parlamentar. A interpretação literal conduzia à ideia de que,
uma vez recebida a diplomação, o parlamentar seria sempre processado e julgado pelo STF.

Essa interpretação foi completamente modificada na Ação Penal nº 937, na qual o STF restringiu
o alcance do foro por prerrogativa de função dos parlamentares. Segundo a nova interpretação
da Corte Suprema, o foro por prerrogativa de função somente se aplica aos crimes praticados
durante o exercício do cargo e que tenham relação com as funções desempenhadas pelo
parlamentar. Para o STF, o foro por prerrogativa de função, por ser uma exceção ao princípio da
igualdade e ao princípio republicano, deve ser interpretado restritivamente.

Assim, se o parlamentar tiver cometido crime antes da diplomação, ele não será processado e
julgado pelo STF, mas sim pela primeira instância do Poder Judiciário. Da mesma forma, caso o
parlamentar, já em exercício, cometa crime que não se relacione ao exercício do mandato, estará
sujeito a julgamento na primeira instância do Poder Judiciário.

Cabe destacar que o foro especial dos parlamentares perante o STF abrange apenas as infrações
penais comuns. Entende a doutrina que os Deputados e Senadores não cometem crime de
responsabilidade; não há que se falar, portanto, em julgamento de congressista pela prática desse
tipo de infração. Nas ações civis (como, por exemplo, a ação popular), por sua vez, os Deputados
e Senadores não farão jus a foro por prerrogativa de função. Assim, eventuais ações civis contra
parlamentares deverão ser ajuizadas perante a Justiça Comum.

Até a Ação Penal nº 937, todos os inquéritos criminais que tivessem os congressistas como
indiciados deveriam tramitar perante o STF. Com a nova interpretação dada pela Corte, irão
tramitar perante o STF apenas os inquéritos criminais relativos a crimes praticados por
parlamentares no exercício do cargo (após a diplomação) e relacionados às funções por eles
desempenhadas. Nesses casos, a abertura de inquérito dependerá de autorização prévia do STF,
que exercerá a função de supervisão judicial. Destaque-se que o inquérito será conduzido pela
Polícia Federal ou pela Procuradoria-Geral da República.

Por outro lado, se o crime tiver sido praticado antes da diplomação ou se não estiver relacionado
com o mandato parlamentar, a abertura de inquérito não necessita de autorização do STF. As
investigações poderão ser conduzidas pela Polícia Civil, Polícia Federal, Ministério Público
Estadual ou Ministério Público Federal, a depender da natureza do crime.

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Um problema que sempre se enfrentou, relacionado ao foro por prerrogativa de função, foi o
constante deslocamento de competência do STF para a primeira instância do Poder Judiciário,
e vice-versa. São muitos os casos em que um réu processado na primeira instância se elegeu
Deputado Federal ou Senador, implicando na remessa do processo para o STF. Ou, ainda,
situações em que um parlamentar processado perante o STF renunciou ao cargo para que o
processo fosse enviado à primeira instância, retardando uma decisão do Poder Judiciário.

Caso bastante conhecido foi o do Deputado Federal Natan Donadon, que renunciou ao cargo na
véspera do julgamento de ação penal pelo STF, o que configurou nítido abuso de direito. Em
tese, a renúncia faria com que o processo fosse enviado à primeira instância, protelando a sua
responsabilização penal. Todavia, entendeu o STF que, embora o ato de renúncia seja legítimo,
ele “não se presta a ser utilizado como subterfúgio para deslocamento de competências
constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de escolha pessoal”.39 Assim, por ter
ocorrido nítido abuso de direito, o STF manteve a sua competência para julgar o congressista,
mesmo após a sua renúncia.

Para evitar o “sobe e desce” de processos e dar maior segurança jurídica ao sistema, o STF firmou
o entendimento, na Ação Penal nº 937, de que, uma vez encerrada a fase de instrução, não
haverá mais a modificação da competência. Ao contrário, a competência irá se perpetuar, ou
seja, será definitivamente fixada uma vez que tenha sido encerrada a fase de instrução.

Por exemplo, suponha que o Deputado Federal José seja réu em processo penal no STF. Se ele
deixar o cargo antes de a instrução terminar, a competência irá se deslocar para a primeira
instância do Poder Judiciário. Por outro lado, caso ele deixe o cargo após o término da instrução,
será mantida a competência do STF. Ressalte-se que considera-se terminada a instrução com a
publicação do despacho de intimação para a apresentação das alegações finais.

No caso concreto julgado pela Ação Penal nº 937, discutiu-se apenas a limitação
do foro por prerrogativa de função de Deputados Federais e Senadores.
Entretanto, as premissas desse caso têm sido aplicadas pelo STJ e por Tribunais

39
AP 396/RO. Rel. Min. Carmen Lúcia. 28.10.2010

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de Justiça para limitar o foro por prerrogativa de função de outros agentes


políticos.

O STJ, por exemplo, já teve a oportunidade de remeter à primeira instância da


Justiça Comum ação penal contra Governador que havia, em tese, cometido
crimes antes de assumir o cargo.40

Um tema objeto de controvérsias diz respeito às situações em que, em um mesmo processo, há


vários acusados (concurso de agentes), mas apenas um ou alguns deles possuem foro por
prerrogativa de função. Como exemplo, cita-se a Operação Lava Jato, que investiga diversos
parlamentares, mas também cidadãos que não detêm prerrogativa de foro.

Atualmente, o STF entende que a regra geral é a de que haverá o desmembramento do


processo. Suponha, por exemplo, que 4 (quatro) cidadãos tenham praticado o crime de lavagem
de dinheiro, sendo que um deles é Deputado Federal. Apenas o Deputado Federal é que será
processado e julgado pelo STF; os outros serão processados e julgados na Justiça Comum (1a
instância).

Todavia, o entendimento do STF nem sempre foi assim. Na Ação Penal nº 470 (o conhecido caso
do “Mensalão), dos 40 acusados, 34 não possuíam direito ao foro por prerrogativa de função.
Apesar disso, todos os acusados foram julgados pelo STF, ou seja, não ocorreu o
desmembramento do processo.

Aplicou-se ao caso o conteúdo da Súmula nº 704, do STF:

“Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo


legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados.”

O que significa isso?

Significa que se o réu é parlamentar e, consequentemente, detentor de foro especial por


prerrogativa de função, isso poderá ter como resultado a atração para o STF da competência
para julgar cidadãos comuns que praticaram crimes conexos com os do parlamentar.

Conforme já afirmamos, a regra geral é a de que o processo sofrerá desmembramento, cabendo


ao STF processar e julgar apenas aqueles indivíduos que detêm prerrogativa de foro. No entanto,
excepcionalmente, também é possível que seja aplicada a Súmula nº 704/STF, que não foi
cancelada.

40
AP nº 866. STJ. Rel. Min. Luis Felipe Salomão. 08.05.2018.

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Caberá ao STF decidir se o processo será ou não desmembrado. O não-desmembramento


(exceção) somente deverá ocorrer quando o julgamento em separado puder resultar em prejuízo
à prestação jurisdicional.

4.3 - Outras prerrogativas:

Além das imunidades que acabamos de estudar, os parlamentares apresentam 3 (três)


importantes prerrogativas: i) a isenção do dever de testemunhar; ii) a necessidade de prévia
licença para incorporação às Forças Armadas e; iii) a imunidade parlamentar durante o estado de
sítio.

A isenção do dever de testemunhar dos parlamentares é garantida pela CF/88 em seu art. 53, §
6º. Reza o texto constitucional que os deputados e senadores não serão obrigados a testemunhar
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.

No que se refere à necessidade de licença para incorporação às Forças Armadas, determina a


CF/88 que esta deverá se dar previamente ao ato, mesmo que o parlamentar seja militar e houver
guerra (CF, art. 53, § 7º). Trata-se, de acordo com a doutrina, de mais uma imunidade, uma vez
que livra o parlamentar de uma obrigação constitucionalmente imposta (CF, art. 143).

Por fim, a CF/88 garante aos parlamentares a manutenção de suas imunidades material e formal
durante o estado de sítio (CF, art. 53, § 8º). Essas imunidades só poderão ser suspensas mediante
o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva. A suspensão das imunidades, nesse
caso, será aplicada apenas aos atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional e que sejam
incompatíveis com a execução da medida. Note que não há possibilidade de suspensão dessas
imunidades no estado de defesa.

4.4 - Incompatibilidades dos parlamentares:

Segundo o art. 54, da Carta Magna, os Deputados e Senadores não poderão:

a) Desde a expedição do diploma:

- Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo
quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;

- Aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam


demissíveis "ad nutum", em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público.

b) Desde a posse:

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- Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente


de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;

- Ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", em pessoa jurídica de
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviço público;

- Patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades acima citadas;

- Ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

4.5 - Perda do mandato:

As hipóteses de perda do mandato de parlamentares estão previstas no art. 55, CF/88.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;

II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;

III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das
sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta
autorizada;

IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;

VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

Em alguns casos (art. 55, I, II e VI), a perda do mandato deve ser votada pela Casa Legislativa.
Trata-se de situações em que a perda não será automática; ao contrário, deverá ser decidida pela
maioria absoluta da Casa Legislativa, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. Até a EC nº 76/2013,
essa votação era secreta; a partir da nova emenda constitucional, passou-se a decidir pela perda
do mandato em votação aberta.

São casos em que a perda do mandato é votada pela Casa Legislativa: i) quando o parlamentar
incorrer em alguma das incompatibilidades do art. 54; ii) quando houver falta de decoro
parlamentar ou; iii) quando o parlamentar sofrer condenação criminal transitada em julgado.

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Segundo o art. 55, § 1o, da Constituição Federal, são incompatíveis com o decoro parlamentar,
além dos casos descritos no Regimento Interno das Casas Legislativas, o abuso das prerrogativas
asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.

Questão polêmica diz respeito à condenação criminal transitada em julgado de um parlamentar.


Será que, após a condenação criminal de um parlamentar pelo STF, haverá a perda automática
do mandato?

Não há, atualmente uma posição segura do STF a respeito do tema, uma vez que existe
divergência entre a Primeira e a Segunda Turmas da Corte.

A 1ª Turma do STF tem entendido o seguinte41:

a) Caso o Deputado Federal ou Senador tenha sido condenado a mais de 120 dias em
regime fechado, haverá perda automática do mandato. O parlamentar não poderá, afinal,
frequentar o Congresso Nacional durante todo esse período e, como consequência,
incorrerá na hipótese de perda do mandato prevista no art. 55, III, CF/88 (“deixar de
comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada”).

b) Caso o Deputado Federal ou Senador tenha sido condenado a pena em regime aberto
ou semiaberto, a perda do mandato não será automática. Caberá ao Plenário da Casa
Legislativa deliberar acerca da perda do mandato do parlamentar.

A 2ª Turma do STF42, por outro lado, adota um posicionamento mais favorável aos parlamentares,
entendendo que a perda do mandato sempre dependerá de deliberação da Casa Legislativa.
Em outras palavras, a perda do mandato não será automática. Mesmo que o STF tenha
condenado criminalmente o parlamentar, será possível que ele conserve o mandato se assim for
decidido pela Casa Legislativa.

Nas hipóteses do art. 55, III, IV e V, a perda do mandato do parlamentar será declarada pela
Mesa, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. Declaração

É o que acontece quando o parlamentar deixa de comparecer a 1/3 das sessões ordinárias da
Casa Legislativa, salvo licença ou missão por ela autorizada. Ou, ainda, quando há perda ou

41
AP 694/MT. Rel. Min. Rosa Weber. Julgamento: 02.05.2017.
42
AP 996/DF. Rel. Min. Edson Fachin. Julgamento: 29.05.2018.

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suspensão dos direitos políticos. Também haverá perda declarada pela mesa quando a Justiça
Eleitoral decretar a perda do mandato do parlamentar.

Destaque-se que, na perda do cargo por decretação da Justiça Eleitoral, não se exige o trânsito
em julgado da sentença. Segundo o STF, a atribuição da Mesa da Casa a que pertence o
parlamentar nos casos previstos nos incisos III a V do art. 55 da CF/88 limita-se a declarar a perda
do mandato, dando posse a quem deverá ocupar o cargo, uma vez que o registro do parlamentar
já terá sido cassado pela Justiça Eleitoral, não podendo subsistir, dessa forma, o mandato eletivo.43

Esquematizando:

Perderá o mandato o Deputado ou Senador...


- Que infringir qualquer das proibições do art. 54 da A perda do mandato dependerá
Constituição; de juízo do Plenário da Casa
- Cujo procedimento for declarado incompatível com o Legislativa (decisão política)
decoro parlamentar;
- Que sofrer condenação criminal em sentença transitada
em julgado44.
- Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à A perda será declarada pela
terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, Mesa da Casa Legislativa, de
salvo licença ou missão por esta autorizada; ofício ou mediante provocação
- Que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; de qualquer de seus membros,
- Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos ou de partido político
na Constituição. representado no Congresso
Nacional, assegurada ampla
defesa.

No art. 56, a CF/88 traz situações em que não haverá perda do mandato do parlamentar:

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário


de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de
missão diplomática temporária;

43
(STF, Pleno, MS 27613/DF. 28.10.2009).

44
Inq 105-DF. Rel Min. Néri da Silveira. RTJ 99/487-491

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II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem
remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não
ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.

É bastante comum o caso do art. 56, I. O parlamentar se afasta, por exemplo, para ocupar o cargo
de Ministro de Estado, sendo, então, convocado o suplente. O parlamentar afastado não perderá
o cargo de Senador ou Deputado Federal, podendo, inclusive, optar pela remuneração relativa
ao mandato.

Pergunta interessante que se deve fazer nessa situação é a seguinte: o congressista que se afastou
para ocupar o cargo de Ministro terá direito às imunidades parlamentares? Segundo o STF, o
afastamento de parlamentar para ocupar cargo no Poder Executivo resultará na suspensão das
imunidades parlamentares (imunidade material e imunidade formal).45

Ressalte-se, ainda, que o Deputado Federal ou Senador afastado para ocupar cargo no Poder
Executivo está sujeito a procedimento disciplinar perante sua Casa Legislativa em virtude de
quebra de decoro parlamentar. Isso se deve ao fato de que ele não perdeu sua condição de
parlamentar, estando apenas afastado do exercício de suas funções e investido, temporária e
precariamente, em cargo executivo.46

Em 2016, o STF suspendeu o exercício do mandato do Dep. Federal Eduardo


Cunha, em sede cautelar penal. A defesa do parlamentar alegou, então, que isso
deveria implicar na suspensão do processo de cassação do mandato por quebra
de decoro.

O que o STF decidiu?

Segundo a Corte, a suspensão do exercício do mandato por decisão do STF em


sede cautelar penal não gera a direito à suspensão do processo de cassação do
mandato por quebra de decoro parlamentar.47

46
STF, MS 25.579/DF. Rel. Min. Joaquim Barbosa. 19.10.2005.
47
MS 34.327/DF, Rel. Min. Luís Roberto Barroso. 08.09.2016

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Em outras palavras, mesmo com a suspensão do exercício do mandato, deverá


ter seguimento o processo por quebra de decoro parlamentar. Admitir o
contrário significaria beneficiar a conduta reprovável que gerou a suspensão do
exercício do mandato.

4.6 - Imunidades dos Deputados Estaduais, Deputados Distritais e


Vereadores:

De acordo com o art. 27, § 1º, da CF/88, aos Deputados Estaduais (e Deputados Distritais) serão
aplicadas as regras previstas na Constituição Federal sobre sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças
Armadas. Assim, pode-se afirmar que os Deputados Estaduais gozam de imunidade formal e
imunidade material.

O tema foi discutido pelo STF, que reconheceu que as imunidades de Deputados Federais e
Senadores foram estendidas em sua integralidade aos Deputados Estaduais.48 Seria incompatível
com o pacto federativo reconhecer, sem expressa previsão constitucional, uma proteção reduzida
aos integrantes do Poder Legislativo estadual.

Os Vereadores, por sua vez, têm regramento próprio, expresso na Constituição Federal de 1988.
Os Vereadores não têm imunidade formal (processual), mas apenas imunidade material. Eles
serão invioláveis por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato, mas apenas na
circunscrição do Município. O âmbito de aplicação da imunidade material dos Vereadores é,
portanto, mais restrito.

(PC-DF – 2015) Suponha-se que Paulo seja deputado federal e tenha sido arrolado como
testemunha em um inquérito policial. Nesse caso, Paulo será obrigado a testemunhar, mesmo a
respeito de informações recebidas em razão do exercício do mandato.
Comentários:
Segundo o art. 53, § 6º, “os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que
lhes confiaram ou deles receberam informações”. Questão errada.

48
ADI 5823, Rel. Min. Marco Aurélio. Julgamento em 08.05.2019.

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(PC-DF – 2015) Suponha-se que um senador da República tenha sido flagrado, pela polícia,
cometendo crime inafiançável. Nesse caso, a autoridade policial deverá liberar o senador, pois não
se permite a prisão em flagrante nesta hipótese.
Comentários:
Os membros do Congresso Nacional poderão, sim, ser presos em flagrante de crime inafiançável.
Questão errada.
(SEAP-DF – 2015) As imunidades de deputados ou senadores subsistirão durante o estado de
sítio, mas poderão ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da respectiva Casa
nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional e que sejam incompatíveis
com a execução da medida.
Comentários:
É exatamente o que prevê o art. 53, § 8º. Questão correta.
(Procurador AL-GO – 2015) Os Deputados e Senadores serão submetidos a julgamento perante
o Supremo Tribunal Federal, a partir de sua posse.
Comentários:
Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento
perante o STF. Questão errada.
(Procurador AL-GO – 2015) A imunidade material parlamentar não exclui a tipicidade do fato
praticado pelo Deputado ou Senador consistente na manifestação, escrita ou falada, que ocorra
no exercício da função.
Comentários:
A imunidade material exclui a tipicidade de quaisquer manifestações feitas por Deputados e
Senadores no exercício de suas funções. Questão errada.
(TCM-GO – 2015) A perda do mandato do Deputado ou Senador que, depois de empossado, se
mantém como sócio controlador de empresa que goza de favor decorrente de contrato com seu
Estado de origem, será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação
de partido político representado no Congresso Nacional.
Comentários:
Quando o parlamentar violar uma das proibições do art. 54, CF/88, a perda do mandato será
decidida (votada) pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal. Nesse caso, não cabe
mera declaração pela Mesa da respectiva Casa Legislativa. Questão errada.
(TCM-GO – 2015) É constitucionalmente válida a perda de mandato por quebra de decoro
imposta a Deputado ou Senador que esteja regularmente licenciado, por atos praticados na
constância da licença.
Comentários:

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Mesmo licenciado, o Deputado ou Senador continua devendo obediência ao estatuto


constitucional do congressista e, portanto, está sujeito à perda de mandato por quebra de
decoro parlamentar. Questão correta.

A FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, ORÇAMENTÁRIA,


PATRIMONIAL E OPERACIONAL

1 – Os controles interno e externo

Os dinheiros públicos sofrem duas formas de controle: i) o controle interno, realizado no âmbito
de cada Poder e; ii) o controle externo, de competência do Poder Legislativo. Veja o que dispõe
a Constituição sobre o controle interno:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos


programas de governo e dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência,


da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades
de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos
direitos e haveres da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

O controle interno é realizado dentro de cada Poder. No Poder Executivo, o controle interno é
realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU); no Judiciário, é realizado pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). Determina a Carta Magna que os responsáveis pelo controle interno,
ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, deverão cientificar o
Tribunal de Contas da União (TCU), sob pena de responsabilidade solidária (art. 74, CF/88).

O controle externo é exercido por órgão que não integra a estrutura daquele que será
fiscalizado. Trata-se do controle exercido pelo Poder Legislativo sobre os demais Poderes, como
veremos mais detalhadamente a seguir.

Os controles interno e externo são realizados de forma complementar. Por exemplo, a


fiscalização pela CGU da aplicação de recursos públicos federais em uma rodovia não impossibilita

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que o TCU proceda a essa mesma fiscalização. Nesse sentido, entende o STF que a Controladoria-
Geral da União (CGU) tem atribuição para fiscalizar a aplicação dos recursos públicos federais
repassados, nos termos de convênios, aos Municípios. Não seria essa, portanto, uma atribuição
exclusiva do TCU49.

É importante destacar que pode haver participação popular no controle externo. Segundo a
Constituição, qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na
forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União (art.
74, § 2º, CF).

2 – A Fiscalização Contábil, Orçamentária, Patrimonial e


Operacional:
==11db48==

A fiscalização contábil, orçamentária, patrimonial e operacional da União e das entidades da


Administração Direta e Indireta tem como responsável o Congresso Nacional, com o auxílio do
Tribunal de Contas da União (TCU). Nos Estados, são as Assembleias Legislativas as responsáveis
pela fiscalização, auxiliadas pelos Tribunais de Contas dos Estados.

Veja importante entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre esse assunto:

De acordo com o STF, o poder de fiscalização da ação administrativa do Poder


Executivo é outorgado aos órgãos coletivos de cada Câmara do Congresso
Nacional, no plano federal, e da Assembleia Legislativa, no dos Estados; nunca,
aos seus membros individualmente, salvo, é claro, quando atuem em
representação de sua Casa ou comissão (ADI 3.046, DJ de 28.05.2004)

A fiscalização realizada pelo Legislativo tem como objeto a legalidade, a legitimidade, a


economicidade, a aplicação das subvenções e a renúncia de receitas (art. 70, “caput”, CF/88) e
como fundamentos os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, dentre
outros. Portanto, são quatro as facetas dessa fiscalização:

49
RMS 25943/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 24.11.2010.

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a) Fiscalização da legalidade: compreende a análise da obediência do administrador à lei.


Verifica-se a validade dos atos administrativos em face do ordenamento jurídico.

b) Fiscalização financeira: refere-se à aplicação das subvenções, à renúncia de receitas, às


despesas e às questões contábeis;

c) Fiscalização da legitimidade: representa a análise da aceitação, pela população, da


gestão da coisa pública.

d) Fiscalização da economicidade: compreende a análise de custo/benefício das ações do


Poder Público. No que se refere à fiscalização da economicidade, entende a doutrina que
os controles externo e interno poderão, além da legalidade, avaliar também o mérito da
despesa, ou seja, a própria discricionariedade do administrador. Poderão, portanto, avaliar
o mérito de atos administrativos.

3 – Os Tribunais de Contas

Os Tribunais de Contas são órgãos independentes e autônomos, sem subordinação hierárquica


a qualquer dos Poderes da República. Sua autonomia é garantida constitucionalmente. Embora
estejam de certo modo vinculados ao Poder Legislativo, não exercem função legislativa, mas de
fiscalização e controle, de natureza administrativa.

A missão desses órgãos é orientar o Poder Legislativo no exercício do controle externo. Embora
o titular do controle externo seja o Poder Legislativo, são os Tribunais de Contas os órgãos que,
tecnicamente, realizam essa atividade. Cabe destacar que a atuação dos Tribunais de Contas
alcança toda a Administração Pública (direta e indireta), de todos os Poderes.

Devido à relevância de sua atividade, a CF/88 confere autonomia e independência aos Tribunais
de Contas. Esses órgãos podem, inclusive, realizar o controle de constitucionalidade das leis. Veja
o que entende o STF a respeito desse assunto:

Súmula 347 do STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode


apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

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Esse controle de constitucionalidade não se dá em abstrato (lei em tese), mas sim no caso concreto
(via de exceção). Por meio dele, pode a Corte de Contas deixar de aplicar um ato por considerá-
lo incompatível com a Constituição.

3.1 - O Tribunal de Contas da União:

Há divergência doutrinária a respeito da natureza jurídica do Tribunal de Contas da União (TCU).


Alguns autores consideram que o TCU integra o Poder Legislativo. Porém, a posição majoritária é
a de que o TCU é órgão independente, que não integra nenhum dos Poderes da República. Trata-
se de órgão de natureza político-administrativa, de estatura constitucional, responsável pelo
controle externo da Administração Pública. Devido à enorme importância de suas funções, a
Constituição Federal de 1988 concedeu ao TCU autonomia funcional, administrativa, financeira
e orçamentária.

O Tribunal de Contas da União (TCU) é composto de 9 (nove) Ministros. Tem sede no Distrito
Federal e jurisdição em todo o território nacional. Seus Ministros dispõem das mesmas
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de
Justiça (STJ). Para sua investidura, é necessário o cumprimento dos requisitos enumerados no art.
73, §1º, da CF:

a) Mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

b) Idoneidade moral e reputação ilibada;

c) Notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de


administração pública;

d) Mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os
conhecimentos mencionados acima.

A escolha de um terço (três) desses Ministros cabe ao Presidente da República, com posterior
aprovação dos nomes pelo Senado Federal. Dois desses Ministros deverão ser escolhidos
alternadamente entre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em
lista tríplice pelo TCU, segundo critérios de antiguidade e merecimento. Os outros dois terços
são escolhidos pelo Congresso Nacional, na forma de seu regimento interno.

Os Ministros do TCU têm as mesmas prerrogativas, garantias, impedimentos, vencimentos e


vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de acordo com o art. 73, § 3º, da
CF. Logo, têm como garantias a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de seus
subsídios. Também se lhes aplicam as regras do art. 40 da CF/88 referentes a aposentadoria e
pensão.

Destaca-se, ainda, que o auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias
e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz

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de Tribunal Regional Federal (art. 73, § 4º, da CF/88). Como o auditor é substituto do Ministro, a
ele se aplica a exigência de idade mínima de 35 anos. Nesse sentido, entende o STF (ADI 373/PI,
DJ de 6.5.1994) que é razoável a exigência desse limite de idade para ingresso no cargo de Auditor
de Tribunal de Contas estadual, uma vez que as normas estabelecidas para o TCU na CF/88 se
aplicam, de regra, aos Tribunais de Contas dos Estados.

O art. 70 da Constituição, como vimos anteriormente, determina que a fiscalização contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder.

Determina também, em seu parágrafo único, que prestará contas qualquer pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens
e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações
de natureza pecuniária.

Desse modo, o controle das contas públicas é de competência do Congresso Nacional, que o
exercerá com auxílio do TCU (art. 71, “caput”, CF). Vamos ler esse artigo?

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de
seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens


e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
ao erário público;

No que se refere às contas dos administradores e demais responsáveis por recursos públicos,
a competência do TCU é para julgá-las. Isso vale, inclusive, para as contas dos demais poderes da
República (Poder Legislativo e Poder Judiciário) e para as contas do Ministério Público. Assim, é o
TCU o responsável por julgar as contas do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério
Público.

Já no que concerne às contas do Presidente da República, cabe à Corte apenas apreciá-las,


mediante parecer prévio, elaborado no prazo de sessenta dias a contar do seu recebimento, de
caráter meramente opinativo. O julgamento, então, será realizado pelo Congresso Nacional.

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Outro ponto de destaque é que entende o STF (MS 25.092, DJ de 17.3.2006) que as empresas
públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da Administração Indireta, estão
sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante os seus servidores estarem sujeitos
ao regime celetista. No mesmo sentido, entende a Corte (MS 21.644, DJ 8.11.1996) que entidades
de direito privado se sujeitem à fiscalização do Estado quando dele recebem recursos, devendo
seus dirigentes prestar contas dos valores recebidos. Além disso, também os conselhos
profissionais (Conselhos Federais e Conselhos Regionais de classe profissional), por terem
natureza autárquica, devem prestar contas ao TCU (MS 21.797, DJ 18.5.2001). Continuemos a
análise do artigo...

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal,
a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo
de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;

Os atos de admissão de pessoal na Administração Pública, direta e indireta, serão apreciados,


quanto à legalidade, pelo Tribunal de Contas da União. Isso não se aplica, todavia, às nomeações
para cargo de provimento em comissão. O provimento de cargos em comissão não é apreciado
pelo TCU.

Os atos de concessão de aposentadorias, reformas e pensões também são apreciados pelo TCU.
Entretanto, as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório não
são apreciadas pela Corte de Contas.

Na apreciação dos atos iniciais de concessão de aposentadoria, reforma e pensões, a análise do


TCU se restringe aos aspectos de legalidade do ato, não podendo a Corte de Contas fazer
análise de mérito (conveniência e oportunidade). Além disso, a atuação do TCU se restringe ao
registro do ato, não cabendo à Corte anulá-lo ou convalidá-lo. Havendo vícios no ato, a Corte
poderá apenas indeferir o pedido de registro, comunicando o fato ao órgão/entidade para as
providências cabíveis. Caberá a estes anular ou convalidar o ato.

Destaca-se que o registro de aposentadorias não se aplica aos benefícios obtidos por meio do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), mas apenas aos obtidos por meio do Regime Próprio
de Previdência dos Servidores (RPPS), dos servidores estatutários. Assim, os empregados de
empresas públicas e sociedades de economia mista têm apenas seus atos de admissão apreciados
pelo TCU, sendo as aposentadorias e pensões apreciadas no âmbito do RGPS.

Sobre a concessão de aposentadoria, destaca-se, ainda, que segundo o STF, esta se configura
em ato administrativo complexo, aperfeiçoando-se somente com o registro perante o Tribunal
de Contas. Em outras palavras, para que alguém seja efetivamente aposentado, é necessário:

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a) a concessão da aposentadoria pelo órgão onde o servidor exerce suas atribuições e;

b) o registro realizado pelo Tribunal de Contas.

Após a concessão da aposentadoria pelo órgão, o servidor já poderá usufruí-la, mas não estará
efetivamente aposentado, uma vez que ainda cabe manifestação do Tribunal de Contas, que
poderá conceder ou negar o registro. Havendo negativa do Tribunal de Contas, é possível até
mesmo que o servidor retorne à atividade.

Nos processos perante o TCU, deve ser assegurado o contraditório e a ampla defesa sempre
que da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado. Porém, não se assegura o contraditório e ampla defesa na apreciação da legalidade
do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. É esse o entendimento
consignado na Súmula Vinculante nº 03:

Súmula Vinculante n. 03

“Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão”.

Segundo o STF, há um prazo decadencial de 5 anos para que o TCU aprecie a legalidade do ato
de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Após 5 anos da chegada do processo
na Corte de Contas, haverá “concessão tácita” da aposentadoria. Em outras palavras, o TCU tem
o prazo máximo de 5 anos para apreciar a legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.

Por último, um importante entendimento do STF se refere à impossibilidade de o Tribunal de


Contas suprimir vantagem pecuniária incluída nos proventos de servidor por decisão judicial
transitada em julgado (MS 25.460, DJ de 10.2.2006). Esse tipo de decisão, segundo a Corte, só
pode ser modificada por meio de ação rescisória.

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,


de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas

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dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no


inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social


a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante


convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município;

Com base no art. 71, inciso VI, o STF entendeu que o TCU não tem competência para fiscalizar a
aplicação dos recursos recebidos a títulos de “royalties”, decorrentes da extração de petróleo,
xisto betuminoso e gás natural, pelos Estados e Municípios. Trata-se de competência dos Tribunais
de Contas Estaduais, e não do TCU, tendo em vista que o art. 20, § 1º, da Constituição, qualificou
os “royalties” como receita própria dos Estados, Distrito Federal e Municípios50. O TCU fiscaliza
os recursos repassados pela União aos entes federativos mediante convênio, acordo, ajuste ou
outros instrumentos congêneres.

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de


suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de
auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou


irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias


ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão


à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo


Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis.

50
MS 24.312-RJ, Rel. Min. Ellen Gracie, 19.02.2003.

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§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias,


não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
respeito.

Os atos administrativos podem ser sustados diretamente pelo TCU, sendo comunicada a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Já no que se refere aos contratos
administrativos, a sustação caberá ao Congresso Nacional, que solicitará ao Executivo a
anulação desses atos. Caso essas medidas não sejam adotadas no prazo de noventa dias, o TCU
adquirirá competência para decidir a respeito, podendo determinar a sustação do contrato.

Entende o STF que o TCU tem legitimidade para expedir medidas cautelares para prevenir a
ocorrência de lesão ao erário ou a direito alheio, bem como para garantir a efetividade de suas
decisões. Isso decorre da teoria de poderes implícitos, segundo a qual a toda competência
prevista constitucionalmente correspondem, ainda que implicitamente, as prerrogativas
necessárias para lhe dar efetividade (MS 26.547/DF, 23.05.2007).

Entretanto, não tem a Corte de Contas, segundo o STF, poder para decretar quebra de sigilo
bancário (Notícias STF, 17.12.2007). Isso porque o TCU é um órgão auxiliar do Poder Legislativo,
mas não se confunde com este. Cabe ao Legislativo, não ao TCU, determinar a invasão dos dados
bancários.

Há que se mencionar, todavia, que o TCU tem competência para requisitar informações relativas
a operações de crédito originárias de recursos públicos. Esse foi o entendimento firmado pelo
STF no âmbito do MS 33.340/DF. No caso concreto, o TCU havia requisitado ao BNDES
informações relativas a operações de crédito.

Mas atenção! Não é que o TCU possa determinar a quebra do sigilo bancário. Segundo o STF, “as
operações financeiras que envolvam recursos públicos não estão abrangidas pelo sigilo
bancário”. Há uma relativização do sigilo dessas informações frente ao interesse de toda a
sociedade de conhecer o destino dos recursos públicos.

Também não tem o TCU função jurisdicional (de “dizer o direito”). Entende o Pretório Excelso
que o TCU não é um tribunal administrativo, no sentido francês, dotado de poder de solução dos
conflitos em última instância. O princípio da inafastabilidade da jurisdição impede que haja essa
equiparação, além do que os poderes desse órgão estão devidamente delimitados
constitucionalmente no artigo 71. 51

§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão


eficácia de título executivo.

51
MS 29599 DF, DJe-030, p. 15/02/2011.

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§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente,


relatório de suas atividades.

A Constituição Federal atribuiu às decisões do TCU que resultem na imputação de débito ou multa
eficácia de título executivo extrajudicial. Isso significa que a decisão do TCU já servirá como
fundamento para um processo de execução contra aquele que sofreu a penalidade. A execução
dessas decisões, todavia, não compete ao TCU, mas sim à Advocacia-Geral da União.

Segundo o STF, é admissível a criação de Procuradorias na estrutura dos Tribunais de Contas,


as quais poderão ser responsáveis pela representação judicial e consultoria e assessoramento
jurídico das Cortes de Contas. Entretanto, essas Procuradorias não têm competência para cobrar
judicialmente multas aplicadas em definitivo pelos Tribunais de Contas, uma vez que esses órgãos
não são responsáveis por executar em juízo suas próprias decisões. 52

Os Tribunais de Contas também estão sujeitos ao controle do Poder Legislativo. Em âmbito


federal, o TCU tem o dever de encaminhar ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente,
relatório de suas atividades, o que irá viabilizar um controle político pelo Parlamento. O
julgamento das contas do TCU, todavia, é realizado pelo próprio TCU.

Em nível estadual, é possível até mesmo que o Poder Legislativo seja o responsável pelo
julgamento das contas do TCE, a depender do que está previsto na Constituição Estadual. Nesse
sentido, entende o STF que “surge harmônico com a Constituição Federal diploma revelador do
controle pelo Legislativo das contas dos órgãos que o auxiliam, ou seja, dos tribunais de contas”53.
Apenas como exemplo, a Constituição do Rio de Janeiro prevê que as contas do TCE/RJ serão
julgadas pela Assembleia Legislativa.

3.2 - O TCU e a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e


Fiscalização (CMO):

A CF/88 criou um mecanismo especial de fiscalização dos indícios de despesas não autorizadas,
como forma de assegurar a obediência à lei orçamentária. Trata-se de fiscalização realizada pela
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) com o auxílio do TCU.

Determina a Constituição, em seu artigo 72, que a CMO, diante de indícios de despesas não
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não
aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco
dias, preste os esclarecimentos necessários. Não prestados os esclarecimentos, ou considerados
estes insuficientes, a Comissão solicitará ao TCU pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no
prazo de trinta dias. Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto

52
ADI 4070/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 19.12.2016
53
ADI 1.175, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 19.12.2006.

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possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional
sua sustação.

3.3 - Os Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios:

Reza o art. 75 da Constituição Federal que as normas estabelecidas para o TCU aplicam-se, no
que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Trata-se de
uma aplicação do princípio da simetria.

Entretanto, a Constituição estabelece, também, algumas particularidades para essas Cortes de


Contas. Segundo a Carta Magna, os Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal são
compostos de sete conselheiros (art. 75, parágrafo único, CF). Em decorrência do princípio da
simetria, sua nomeação segue os mesmos critérios estabelecidos pela CF/88 (art. 73, § 1º). Nesse
sentido, sobre a proporção das vagas a serem preenchidas pela escolha do Executivo e do
Legislativo (1/3 e 2/3, respectivamente, no modelo federal), entende o STF que:

Súmula 653 do STF:

“No Tribunal de Contas Estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem
ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo
estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do
Ministério Público, e um terceiro à sua livre escolha.”

Note-se ainda que os vencimentos dos Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados deverão
ter como parâmetro aqueles dos desembargadores do Tribunal de Justiça (ADI 396, DJ de
5.8.2005).

Os Tribunais de Contas dos Estados (TCEs) são responsáveis pelo controle externo da
Administração Pública estadual, direta e indireta. O poder de controle do TCE alcança, inclusive,
o Poder Legislativo estadual. Segundo o STF, é inconstitucional norma da Constituição Estadual
que atribui à Assembleia Legislativa a competência para analisar e julgar as contas do Poder
Legislativo.54 Isso porque o controle de contas do Poder Legislativo estadual é atribuição do TCE.

54
ADI 1779. Rel. Min. Ilmar Galvão. Julgamento: 01.08.2001.

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“E a quem o Tribunal de Contas Estadual prestará contas, professora?”

Excelente pergunta! À Assembleia Legislativa do Estado. Entende o STF (ADI 687, DJ


10.02.2006) que o Tribunal de Contas está obrigado, por expressa determinação constitucional, a
encaminhar, ao Poder Legislativo a que se acha institucionalmente vinculado, tanto relatórios
trimestrais quanto anuais de suas próprias atividades, com o objetivo de expor a situação das
finanças públicas administradas por esses órgãos.

Passaremos, agora, à análise da fiscalização do Município. Veja o que determina o art. 31 da


Constituição acerca da fiscalização dos Municípios:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo


Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do
Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos


Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais
de Contas dos Municípios, onde houver.

Verifica-se, portanto, que a fiscalização do Município será feita pelo Legislativo Municipal
(controle externo) e pelo Executivo Municipal (controle interno), na forma da lei. No controle
externo, a Câmara Municipal contará com o auxílio dos Tribunais de Contas do Estado ou do
Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. Note,
entretanto, a vedação feita pela Constituição em outro parágrafo do mesmo artigo:

§ 4º - É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

A Constituição Federal de 1988 proíbe que sejam criados órgãos de contas municipais. Eles até
existem, mas só aqueles que foram criados previamente à Constituição de 1988: o TCM-SP e o
TCM-RJ. Depois da CF/88, nenhum órgão de contas municipal foi criado, pois isso é proibido pela
Carta Magna.

Podem ser criados, todavia, órgãos estaduais com competência para o controle externo da
Administração Pública de todos os municípios de um determinado estado. São os Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios. É o caso, por exemplo, do TCM-GO, que é órgão estadual
com competência sobre todos os Municípios de Goiás.

Caso não exista um órgão de contas municipal (criado antes da CF/88) ou um órgão de contas
estadual com competência sobre todos os Municípios do estado, o controle externo da
Administração Pública municipal caberá ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Em síntese, o controle externo da Administração Pública municipal poderá ser feito por 3 (três)
tipos de órgãos diferentes:

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a) Órgão de contas municipal: Aplica-se quando há órgãos de contas municipais criados


antes da CF/88. É o caso do TCM-RJ e TCM-SP.

b) Órgão de contas estadual com competência sobre todos os Municípios do estado:


São órgãos de contas estaduais, mas que têm como tarefa o controle externo da
Administração Pública dos Municípios do estado. É o caso do TCM-GO, TCM-BA e TCM-
PA.

c) Tribunal de Contas do Estado (TCEs): Naqueles estados em que não existirem os órgãos
de contas a que fizemos alusão anteriormente, o controle externo da Administração Pública
municipal será competência do TCE.

Segundo o STF, os Estados têm autonomia para decidir se o controle externo das Administrações
Municipais será feito por Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) ou por Tribunal de Contas
Estadual (TCE), materializando-se tal decisão por norma constitucional estadual. Assim, a
Constituição Federal de 1988 não proíbe a extinção de Tribunais de Contas dos Municípios por
emenda à Constituição Estadual.55 Com base nesse entendimento, o STF julgou constitucional a
extinção do TCM-CE por emenda à Constituição Estadual. A Corte ainda destacou que não há
necessidade de participação dos Municípios no processo legislativo referente a essa matéria.

Art. 31, § 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas
que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de
dois terços dos membros da Câmara Municipal.

Para entender o tema “julgamento das contas do Prefeito”, será necessário que se saiba a
diferença entre contas de governo e contas de gestão.

As contas de governo têm caráter político e são de responsabilidade do Chefe do Poder


Executivo. São julgadas pelo Poder Legislativo, cabendo aos Tribunais de Contas tão somente
apreciá-las. É o que se extrai do art. 71, I, CF/88:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de
seu recebimento;

55
ADI 5763/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26.10.2017

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Já as contas de gestão têm caráter técnico e são de responsabilidade dos administradores


públicos. São julgadas pelos Tribunais de Contas. É o que se extrai do art. 71, II, CF/88:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

(...)

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens


e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
ao erário público;

Nos Municípios, há uma particularidade. O Prefeito, ao contrário do Presidente da República e


dos Governadores, é ordenador de despesas e, portanto, é responsável pelas contas de governo
e pelas contas de gestão. Assim, havia controvérsias quanto à competência para o julgamento
das contas de governo e contas de gestão em nível municipal.

No RE nº 846.826, o STF pacificou o entendimento de que tanto as contas de governo quanto as


contas de gestão do Prefeito serão julgadas politicamente pela Câmara Municipal. Os Tribunais
de Contas elaboram um parecer prévio, mas que tem caráter meramente opinativo.

Há que se destacar, porém, que o parecer dos Tribunais de Contas sobre as contas do Prefeito
somente deixará de prevalecer pelo voto de 2/3 dos membros da Câmara Municipal. Em outras
palavras, supondo que o Tribunal de Contas tenha recomendado a rejeição das contas do Prefeito,
o quórum exigido para que esse parecer seja afastado será de 2/3 dos membros da Câmara
Municipal. Temos, então, um quórum qualificado para que o parecer do Tribunal de Contas não
prevaleça.

A LC nº 64/90 prevê que ficarão inelegíveis os gestores públicos que tenham suas
contas rejeitadas por decisão irrecorrível de órgão competente.

Suponha, então, que o Tribunal de Contas tenha rejeitado as contas do Prefeito.


A Câmara Municipal fica inerte e não julga as contas. O que acontecerá? Será isso
suficiente para que o Prefeito fique inelegível?

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Não se admite o “julgamento ficto” das contas do Prefeito. Isso quer dizer que
a rejeição pelo Tribunal de Contas não é suficiente para tornar o Prefeito
inelegível. É preciso que a Câmara Municipal decida nesse sentido, não sendo
possível obrigá-la a julgar em tempo razoável as contas do Prefeito.

(PGM - Fortaleza – 2017) Os municípios não gozam de autonomia para criar novos tribunais,
conselhos ou órgãos de contas municipais.
Comentários:
A Carta Magna veda que os municípios criem novos tribunais, conselhos ou órgãos de contas
municipais (art. 31, § 4o, CF). Os Estados, entretanto, podem criar um órgão de controle externo
denominado Conselho ou Tribunal de Contas dos Municípios para auxiliarem as Câmaras de
Vereadores no controle externo. Questão correta.
(TCE-PE – 2017) Os tribunais de contas não exercem fiscalização quanto à legalidade e à
legitimidade dos atos administrativos praticados pelo Poder Judiciário, que tem autonomia
administrativa e financeira.
Comentários:
Os Tribunais de Contas exercem, sim, a fiscalização dos atos administrativos praticados pelo Poder
Judiciário. Enquanto o CNJ realiza o controle interno do Poder Judiciário, os Tribunais de Contas
exercem o controle externo. Questão errada.
(TCE-PE – 2017) Decisão de tribunal de contas estadual de impor multa a responsável por
irregularidades no uso de bens públicos possui eficácia de título executivo e pode ser executada
por iniciativa do próprio tribunal de contas do estado ou do Ministério Público local.
Comentários:
As decisões dos Tribunais de Contas de que resulte a aplicação de multa têm eficácia de título
executivo extrajudicial. A execução é feita pela Advocacia Pública (e não pelo próprio Tribunal de
Contas ou Ministério Público). Questão errada.
(Procurador de Curitiba – 2015) O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete julgar as contas prestadas
anualmente pelo Presidente da República, no prazo de sessenta dias a contar de seu recebimento.
Comentários:
É o Congresso Nacional que julga as contas do Presidente da República. O TCU apenas aprecia
as contas do Presidente. Questão errada.

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(TJDFT – 2015) O TCU e, pelo princípio da simetria, os tribunais de contas estaduais, têm
legitimidade para requisitar, diretamente, informações que importem a quebra de sigilo bancário.
Comentários:
Os Tribunais de Contas não podem requisitar informações que importem a quebra de sigilo
bancário. Questão errada.
(MPT – 2015) Dentre os requisitos previstos na Constituição da República para o cargo de Ministro
do Tribunal de Contas da União estão os referentes a notórios conhecimentos jurídicos, contábeis,
econômicos e de administração pública, devendo ter mais de cinco anos de exercício de função
ou de efetiva atividade profissional.
Comentários:
É requisito constitucional para o cargo de Ministro do TCU mais de 10 anos de exercício de
função ou de efetiva atividade profissional que exija notórios conhecimentos jurídicos,
contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública. Questão errada.
(MPT – 2015) O Tribunal de Contas da União não tem competência para fiscalizar as contas
nacionais de empresas supranacionais.
Comentários:
É competência do TCU fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital
social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo (art. 71,
V). Questão errada.
(MPCM – 2015) Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Comentários:
É exatamente o que prevê a Súmula Vinculante nº 03. Questão correta.
(SAPeJUS-GO – 2015) Cabe ao Tribunal de Contas da União julgar as contas do presidente da
República, podendo o Congresso Nacional suspender a decisão, caso discorde dela.
Comentários:
É o Congresso Nacional que julga as contas do Presidente da República. Questão errada.
(TCE-MG – 2015) Considere que a constituição de um determinado Estado da Federação prevê,
além do Tribunal de Contas do Estado, a existência de um Conselho Estadual de Contas dos
Municípios, encarregado de auxiliar as Câmaras Municipais no exercício de seu poder de controle
externo. Na hipótese, é correto afirmar que a referida norma constitucional é inconstitucional,
porque fere a regra da Constituição da República que proíbe a criação de tribunais, conselhos ou
órgãos de contas municipais.
Comentários:

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Não há qualquer inconstitucionalidade na criação de um órgão estadual com a tarefa de auxiliar


as Câmaras Municipais no exercício do controle externo. O que a CF/88 veda é a criação de órgãos
municipais com essa tarefa. Questão errada.
(TCM-SP – 2015) Na medida em que o Tribunal de Contas está inserido na estrutura do Poder
Legislativo, suas decisões condenatórias estão suscetíveis à revisão dessa estrutura de poder nas
hipóteses previstas em lei.
Comentários:
A atuação dos Tribunais de Contas não é subordinada ao Poder Legislativo. Suas decisões não
estão, portanto, sujeitas à revisão pelo Poder Legislativo. Questão errada.

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QUESTÕES COMENTADAS

Poder Legislativo

1.   (UFPR/ Câmara de Curitiba – 2020) A respeito do Poder Legislativo brasileiro, assinale


a alternativa correta.

a) O número total de Deputados será estabelecido por lei complementar.

b) O Poder Legislativo detém a função típica de legislar e é exercido pela Câmara dos Deputados,
com legislatura de cinco anos.

c) A Câmara dos Deputados é o órgão de soberania composto de representantes do povo, eleitos


pelo sistema majoritário ou distrital, que exercerão a função legislativa infraconstitucional.

d) Nenhuma unidade da federação deve ter menos de 10 ou mais de 50 deputados.

e) O Senado Federal e a Câmara dos Deputados possuem como função precípua o controle
recíproco do exercício de suas funções, nesse caso deliberando por maioria absoluta dos votos de
cada Casa, presente a maioria dos seus membros.

Comentários:

Letra A: correta. O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo
Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar(art. 45, § 1º, CF).

Letra B: errada. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal (art. 44, “caput”, CF). A legislatura tem a duração
de quatro anos (art. 44, parágrafo único, CF).

Letra C: errada. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo
sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal (art. 45, “caput”,
CF).

Letra D: errada. Os Estados e o Distrito Federal não podem ter menos de oito ou mais de setenta
Deputados (art. 45, § 1º, CF)

Letra E: errada. As funções precípuas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados são legislar
e fiscalizar, por meio do controle externo. Além disso, em regra, as deliberações das Casas
Legislativas se dão por maioria dos votos, presente a maioria absoluta dos seus membros (art. 47,
CF).

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O gabarito é a letra A.

2.   (UFPR/ Câmara de Curitiba – 2020) A respeito da organização constitucional dos


Poderes da República e considerando particularmente os aspectos orgânicos e funcionais do
Congresso Nacional, avalie as seguintes afirmativas:

1. Cada legislatura terá duração anual.

2. O número total de deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal,
será estabelecido por lei complementar.

3. Nenhum Estado da federação deve ter menos de 8 ou mais de 70 deputados.

4. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa serão tomadas por
maioria absoluta de votos, presente a maioria relativa de seus membros.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.

b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

Comentários:

A primeira assertiva está errada. A legislatura tem a duração de quatro anos (art. 44, parágrafo
único, CF).

A segunda assertiva está correta. De fato, a Carta Magna prevê que o número total de Deputados,
bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
complementar(art. 45, § 1º, CF).

A terceira assertiva está correta. Segundo a CF/88, os Estados da federação não poderão ter
menos de oito ou mais de setenta Deputados (art. 45, § 1º, CF)

A quarta assertiva está errada. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de


cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria
absoluta de seus membros (art. 47, CF).

O gabarito é a letra C.

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3.   (UFG / SANEAGO-GO – 2018) Nos termos da Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988, compete privativamente ao Senado Federal:

a) proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao


Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, encaminhando
ao Tribunal de Contas da União pedido de abertura de investigação.

b) autorizar, por um terço de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o


Vice-Presidente da República, os Ministros de Estado, Procurador-Geral da República e o
Advogado Geral da União.

c) autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República, os Ministros de Estado e o Procurador-


Geral da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a vinte dias.

d) dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público Federal.

Comentários:

Letra A: errada. Compete privativamente à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas
do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta
dias após a abertura da sessão legislativa (art. 51, II, CF).

Letra B: errada. Compete privativamente à Câmara dos Deputados autorizar, por dois terços de
seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República
e os Ministros de Estado (art. 51, I, CF).

Letra C: errada. Compete exclusivamente ao Congresso Nacional autorizar o Presidente e o Vice-


Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias (art.
49, III, CF).

Letra D: correta. É o que determina o art. 52, VII, da Carta Magna.

O gabarito é a letra D.

4.   (NUCEPE / PC-PI – 2018) As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) são uma das
formas do Poder Legislativo exercer sua função fiscalizadora. Sobre as CPIs, assinale a
alternativa CORRETA.

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a) As Comissões Parlamentares de Inquérito não podem determinar a busca e apreensão


domiciliar, por se tratar de ato sujeito ao princípio constitucional da reserva de jurisdição, ou seja,
ato cuja prática a Constituição atribui com exclusividade aos membros do Poder Judiciário.

b) A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito depende de autorização da Mesa Diretora


da Câmara dos Deputados.

c) Visam apurar ilegalidades no âmbito do legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas, desde
que autorizada sua instalação pela maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional.

d) As Comissões Parlamentares de Inquérito podem ser criadas para apurar qualquer fato dentro
do prazo de uma legislatura, devendo suas conclusões serem remetidas ao Ministério Público e ao
Tribunal de Contas da União.

e) Somente podem ser criadas pelo requerimento de dois terços dos membros do Congresso
Nacional, tendo por objeto a apuração de fato determinado.

Comentários:

Letra A: correta. De fato, trata-se de ato sujeito à reserva de jurisdição, fora da competência das
Comissões Parlamentares de Inquérito.

Letra B: errada. Não há tal previsão na Constituição. As Comissões Parlamentares de Inquérito


(CPIs) são criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros (art. 58, § 3º, CF).

Letra C: errada. As CPIs visam apurar fato determinado e por prazo certo, no âmbito de qualquer
dos Poderes.

Letra D: errada. As conclusões das CPIs, se for o caso, deverão ser encaminhadas ao Ministério
Público (art. 58 § 3º, CF).

Letra E: errada. As CPIs podem ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal,
em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 (um terço) de seus membros,
para apuração de fato determinado e por prazo certo (art. 58 § 3º, CF).

O gabarito é a letra A.

5.   (PUC-PR / TJ-MS – 2017) Assinale a alternativa CORRETA quanto ao Estatuto dos


Congressistas.

a) Os Deputados e Senadores são invioláveis civil, penal e administrativamente por quaisquer de


suas opiniões, palavras e votos.

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b) Mesmo depois de extinto o mandato, o parlamentar não poderá ser processado por suas
opiniões, palavras e votos proferidos durante o mandato e relacionados ao exercício de suas
funções.

c) Perderá o mandato o Deputado ou Senador que esteja investido no cargo de Ministro de


Estado.

d) Os membros do Congresso Nacional podem ser presos em flagrante, ainda que por crime que
admita fiança.

e) Os Deputados e Senadores possuem imunidade em relação ao processo penal, a qual abrange,


inclusive, os crimes ocorridos antes da diplomação.

Comentários:

Letra A: errada. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de
suas opiniões, palavras e votos (art. 53, CF).

Letra B: correta. De fato, mesmo após a extinção do mandato, o o parlamentar não poderá ser
processado por suas opiniões, palavras e votos proferidos durante o mandato e relacionados ao
exercício de suas funções.

Letra C: errada. O Deputado ou Senador que investido no cargo de Ministro de Estado não perde
o mandato (art. 56, CF).

Letra D: errada. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão
ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável (art. 53, § 2º, CF).

Letra E: errada. A imunidade relativa ao processo penal abrange os crimes cometidos após a
diplomação (art. 53, § 3º, CF).

O gabarito é a letra B.

6.   (NUCEPE / SEJUS-PI – 2017) Assinale a alternativa INCORRETA sobre a disciplina


constitucional do Poder Legislativo.

a) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os Ministros do Supremo


Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade.

b) Compete privativamente à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas do Presidente


da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa.

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c) É da competência exclusiva do Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,


aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender
qualquer uma dessas medidas.

d) As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo


ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da
medida.

e) As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos
de informações a Ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados
à Presidência da República, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.

Comentários:

Letra A: correta. De fato, nos termos do art. 52, II, da Constituição Federal, compete
privativamente ao Senado Federal processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal,
os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade.

Letra B: correta. O art. 51, II, da Carta Magna, prevê que compete privativamente à Câmara dos
Deputados proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas
ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

Letra C: errada. De fato, essas atribuições são de competência exclusiva do Congresso Nacional.
Todavia, independem de sanção do Presidente da República para serem executadas (art. 49, IV,
CF).

Letra D: correta. Segundo o art. 53, § 8º, da Constituição, as imunidades de Deputados ou


Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de
dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do
Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

Letra E: correta. É o que determina o art. 50, § 2º, da Constituição.

O gabarito é a letra C.

7.   (PUC-PR / Prefeitura de Maringá – 2015) Sobre a organização e atribuições do Poder


Legislativo da União, assinale a alternativa CORRETA.

a) O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos


segundo o princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão quatro Senadores, com
mandato de oito anos e com renovação de metade deles a cada quatro anos.

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b) Desde a posse, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante
de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

c) Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a posse, o
Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político
nela representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros, poderá, até a decisão final,
sustar o andamento da ação.

d) A distinção entre leis ordinárias e complementares se dá no quórum de aprovação, de maioria


simples nas primeiras e maioria absoluta nas segundas, e no fato de que as leis complementares
existirão sempre que a Constituição Federal determinar que a matéria deve ser objeto de
regulamentação por esse tipo legislativo.

e) O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na capital federal, de 2 de fevereiro a 17 de


julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro, ainda que essas datas recaiam em sábados, sendo
remarcadas para o primeiro dia útil subsequente quando recaírem em domingos ou feriados.

Comentários:

Letra A: errada. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito
anos. A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro
anos, alternadamente, por um e dois terços (art. 46, §§ 1o e 2o, CF).

Letra B: errada. Desde a diplomação, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável (art. 53, § 2º, CF).

Letra C: errada. Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a
diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de
partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão
final, sustar o andamento da ação (art. 53, § 3º, CF).

Letra D: correta. De fato, as leis complementares aprovadas por um procedimento mais dificultoso
que o das leis ordinárias. Além disso, diferem quanto ao conteúdo: as leis complementares
existirão sempre que a Constituição Federal determinar que a matéria deve ser objeto de
regulamentação por esse tipo legislativo.

Letra E: errada. As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil
subsequente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados (art. 57, § 1o, CF).

O gabarito é a letra D.

8.   (COPS-UEL / PC-PR – 2013) Sobre deputados e senadores, assinale a alternativa


correta.

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a) Eles têm foro privilegiado e devem ser julgados, por crime comum, perante o Superior Tribunal
de Justiça.

b) Para serem processados criminalmente, é preciso prévia licença da Casa a que pertencem.

c) Eles estão desonerados do dever de testemunhar em juízo, somente sendo obrigados a


responder em juízo quando convocados na condição de réu.

d) Podem ser presos, desde que em flagrante de crime inafiançável.

e) Perderão o mandato depois de transitada em julgado a sentença judicial condenatória por


quebra de decoro parlamentar.

Comentários:

Letra A: errada. A competência para julgar deputados e senadores é do STF, e não do STJ.

Letra B: errada. Não há tal exigência.

Letra C: errada. Mesmo quando na condição de réus, os congressistas estão desonerados do dever
de testemunhar em juízo sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.

Letra D: correta. É o que determina o art. 53, § 2o, da Constituição.

Letra E: errada. A perda do mandato por quebra do decoro parlamentar não se dá por sentença
judicial transitada em julgado, mas sim por decisão da maioria absoluta da respectiva Casa,
assegurada ampla defesa (art. 55, § 2o, CF).

O gabarito é a letra D.

9.   (UEG / PC-GO – 2013) Na divisão das funções entre os poderes da república, cabe ao
legislativo tarefas de legislar e fiscalizar, dentre outras. Essas tarefas são exercidas por meio
do Congresso, cujos trabalhos desenvolvem-se

a) no período da legislatura, que é de quatro anos e cujo término impede a continuidade das
comissões.

b) por meio de sessões legislativas ininterruptas, ordinárias e extraordinárias, em períodos


legislativos anuais.

c) no período da legislatura, que é de oito anos, coincidente com o mandato de senadores,


dividido em sessões legislativas.

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d) em sessões legislativas ininterruptas, coincidentes com os mandatos dos deputados federais,


que são de quatro anos.

Comentários:

O trabalho do Legislativo se dá durante a legislatura, que é de quatro anos (art. 44, parágrafo
único, CF). O enunciado é impreciso, não define quais tipos de comissão se encerram ao final da
legislatura. Essa é uma regra que se aplica às comissões temporárias, mas não às comissões
permanentes. De todo modo, avaliando a alternativa “mais correta”, o gabarito é a letra A.

10.   (FGV / TCE-RJ – 2015) Dois deputados federais, líderes dos seus partidos políticos na
respectiva Casa Legislativa, logo no início da legislatura, decidiram mobilizar-se com o
objetivo de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito. A respeito da comissão a ser
instaurada, é correto afirmar que:

a) por ter poderes de investigação próprios de autoridade judicial, pode vir a determinar, em
deliberação fundamentada, a quebra de sigilo telefônico;

b) por tratar-se de comissão temporária, não é preciso observar-se, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da
respectiva Casa;

c) comissão dessa natureza possui poderes próprios de autoridade judiciária, podendo convocar
qualquer membro do Poder Executivo para prestar esclarecimentos;

d) não pode convocar advogados para prestar esclarecimentos, pois esses agentes desempenham
função essencial à administração da justiça;

e) pode vir a determinar, em deliberação devidamente fundamentada, a realização de busca


domiciliar, a ser cumprida durante o dia.

Comentários:

Letra A: correta. As CPI`s têm poderes para determinar a quebra do sigilo telefônico. O que
elas não podem determinar é a interceptação telefônica, medida reservada exclusivamente ao
Poder Judiciário.

Letra B: errada. Segundo o art. 58, § 1º, CF/88, “na constituição das Mesas e de cada Comissão,
é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos
parlamentares que participam da respectiva Casa”. Essa regra da “representação proporcional”
também vale para as CPI`s.

Letra C: errada. As CPI`s não podem convocar o Chefe do Poder Executivo, sob pena de violação
ao princípio da separação de poderes.

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Letra D: errada. As CPI`s pode convocar particulares para prestar esclarecimentos, inclusive
advogados.

Letra E: errada. As CPI`s não pode determinar a busca e apreensão domiciliar, medida reservada
exclusivamente ao Poder Judiciário.

11.   (FGV / ISS Niterói – 2015) Determinada Comissão Parlamentar de Inquérito, instituída
no âmbito da Câmara dos Deputados, deliberou, de maneira fundamentada e pela
unanimidade dos seus membros, que:

(1) o Chefe do Poder Executivo Federal deveria ser ouvido pela CPI;

(2) seria determinada a quebra do sigilo bancário e telefônico de alguns servidores públicos
federais titulares de cargos de provimento efetivo;

(3) seria determinada a indisponibilidade dos bens dos envolvidos em desvios de recursos
públicos;

(4) as autoridades policiais deveriam providenciar a interceptação telefônica dos suspeitos de


praticarem lavagem de dinheiro;

(5) poderia ser determinada a prisão em flagrante da testemunha que faltasse com a verdade
durante depoimento prestado à CPI.

Considerando que a Comissão Parlamentar de Inquérito possui poderes de investigação próprios


das autoridades judiciais, é correto afirmar que as providências descritas em:

a) (2) e (5) estão em harmonia com a ordem constitucional.

b) (1), (3), (4) e (5) destoam da ordem constitucional.

c) (2) e (3) destoam da ordem constitucional.

d) (2) e (4) estão em harmonia com a ordem constitucional.

e) (1) e (5) estão em harmonia com a ordem constitucional.

Comentários:

A FGV é mestre em cobrar questões a respeito das Comissões Parlamentares de Inquérito.


Analisemos abaixo as assertivas a respeito dos poderes da CPI:

(1) A CPI não pode convocar o Chefe do Poder Executivo.

(2) A CPI pode determinar a quebra do sigilo bancário e telefônico.

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(3) A CPI não pode determinar a aplicação de medidas cautelares, como é o caso da determinação
de indisponibilidade de bens.

(4) A CPI não pode determinar a interceptação telefônica (acesso ao conteúdo das conversas). O
que a CPI pode determinar é a quebra do sigilo telefônico (acesso aos registros telefônicos).

(5) A CPI pode efetuar prisões em flagrante. Assim, a CPI pode determinar a prisão em flagrante
da testemunha que faltasse com a verdade durante depoimento prestado à CPI.

Observe que “faltar com a vontade” significa mentir, e não simplesmente deixar de revelar fatos
que possam lhe incriminar. Nesse sentido, no HC nº 73.035-3, o STF já decidiu que:

"Não configura o crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como


testemunha, ainda que compromissada, deixa de revelar fatos que possam
incriminá-la."

O gabarito, portanto, é a letra A. As assertivas (2) e (5) estão em harmonia com a ordem
constitucional.

12.   (FGV / TJ-PI – 2015) O Senado Federal e a Câmara dos Deputados decidiram instituir
comissão parlamentar de inquérito (CPI), formada por Senadores e Deputados Federais, com
o objetivo de investigar o teor de certas decisões proferidas por um Juiz de Direito, já que
sobre ele pesavam acusações de corrupção. Além disso, a comissão deveria apurar a
existência de diversas irregularidades detectadas em determinado serviço público estadual,
o qual estaria sendo prestado de maneira ineficiente, ensejando a proliferação da corrupção.

À luz da presente narrativa e da sistemática constitucional, é correto afirmar que a referida


CPI:

a) foi irregularmente constituída;

b) não pode investigar atos tipicamente jurisdicionais;

c) pode investigar o serviço público estadual;

d) teve o seu objeto regularmente delimitado;

e) pode tornar-se permanente, por decisão do Legislativo.

Comentários:

Letra A: errada. Não há elementos para que se afirme que a CPI foi irregularmente constituída. A
constituição de CPI depende do requerimento de 1/3 dos membros da Casa Legislativa.

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Letra B: correta. A CPI não pode investigar atos tipicamente jurisdicionais, sob pena de violação
ao princípio da separação de poderes.

Letra C: errada. As CPI`s federais não podem investigar o serviço público estadual, sob pena de
violação ao princípio da separação de poderes.

Letra D: errada. O objeto da CPI não foi corretamente delimitado, pois o enunciado nos informa
que ela foi instituída para investigar algumas decisões de um Juiz e, ainda, sobre irregularidades
detectadas em serviço público estadual. Não foi definido um “fato determinado” sobre o qual
recairão as investigações parlamentares.

Letra E: errada. As CPI`s têm caráter temporário.

O gabarito é a letra B.

Fiscalização Contábil, Orçamentária, Patrimonial e Operacional

13.   (PUC-PR / TJ-MS – 2017) Assinale a alternativa CORRETA acerca dos Tribunais de
Contas.

a) As garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior


Tribunal de Justiça não se estendem aos Ministros do Tribunal de Contas da União, pois são
privativas de seu cargo.

b) Apenas o Presidente da República possui competência para a escolha dos Ministros do Tribunal
de Contas da União.

c) A Constituição Federal de 1988 exige que, para ser nomeado Ministro do Tribunal de Contas
da União, o candidato deve ser brasileiro e, obrigatoriamente, graduado em direito.

d) Os Tribunais de Contas dos Estados são compostos por nove Ministros.

e) Compete ao Tribunal de Contas da União auxiliar o Congresso Nacional no controle externo de


receitas públicas.

Comentários:

Letra A: errada. O art. 73, § 3º, da Carta Magna, assegura aos Ministros do Tribunal de Contas da
União (TCU) as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos
Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Letra B: errada. Os Ministros do Tribunal de Contas da União são escolhidos (art. 73, § 2º, CF):

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I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,


sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público
junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de
antiguidade e merecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.

Letra C: errada. Os Ministros do Tribunal de Contas da União são, por determinação do art. 73, §
1º, da Constituição, nomeados dentre brasileiros que cumprem os seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;

III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou


de administração pública;

IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional


que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

Letra D: errada. Os Tribunais de Contas dos Estados são compostos por sete Conselheiros (art.
75, parágrafo único, CF).

Letra E: correta. De fato, o “caput” do art. 71 da Carta Magna prevê que o controle externo, a
cargo do Congresso Nacional, deverá ser exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União.

O gabarito é a letra E.

14.   (UEG / Prefeitura de Santa Helena – 2015) Nos termos da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, a fiscalização dos Municípios, realizada sobre as contas anuais
do prefeito, será exercida pelo Poder

a) Legislativo, mediante controle interno da Câmara Municipal, com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou Municípios ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios.

b) Executivo, mediante sistemas de controle interno, com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Estados ou Municípios ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, e pelo controle
externo da Câmara Municipal.

c) Judiciário, mediante controle externo, com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou
Municípios ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal.

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d) Legislativo, mediante controle externo da Câmara Municipal, com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou Municípios ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, e
pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal.

Comentários:

A fiscalização dos Municípios é realizada pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle
externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei (art.
31, CF). O controle externo da Câmara Municipal é exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas
dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde
houver (art. 31, § 1o, CF). O gabarito é a letra D.

15.   (FGV / TCM-SP – 2015) Segundo a Constituição da República, o controle externo de


cada município é exercido pelo Poder Legislativo municipal com auxílio do órgão municipal
de contas, onde houver, ou de órgão estadual de contas.

Considerando esse modelo de controle externo, caso um município que ainda não possua, mas
pretenda instituir, um órgão de contas municipal:

a) poderá criar um tribunal de contas do município se previamente autorizado por lei municipal,
desde que previsto na lei orgânica do ente federado;

b) poderá criar um tribunal de contas do município se previamente autorizado por lei estadual
aprovada pela assembleia legislativa do estado e ratificada por lei municipal;

c) poderá criar um tribunal de contas do município se previamente autorizado por lei federal
aprovada pelo Congresso Nacional e ratificada por lei municipal;

d) de acordo com o arcabouço constitucional vigente, não poderá criar um órgão municipal de
contas, pois essa possibilidade é vedada pela Constituição da República;

e) poderá criar um conselho municipal de contas, única forma admitida pela Constituição da
República para novos órgãos municipais de contas, se previamente autorizado por lei municipal e
previsto na lei orgânica do ente federado.

Comentários:

Essa é uma questão muito interessante! Para resolvê-la, você precisava saber o que prevê o art.
31, § 4º, CF/88, segundo o qual “é vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de
Contas Municipais”.

Com base nesse dispositivo, é possível afirmar que, após a Constituição Federal de 1988, não
podem ser criados Tribunais de Contas Municipais. Observe que, no Brasil, existem dois Tribunais

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de Contas de natureza municipal (o TCM-SP e o TCM-RJ). No entanto, o TCM-SP e o TCM-RJ


apenas existem enquanto órgãos municipais porque eles foram criados antes da CF/88.

Destaca-se a posição do STF de que poderá ser instituído no Município um Tribunal de Contas
que, embora atue em um Município específico, será um órgão estadual. Esse órgão será
denominado Conselho ou Tribunal de Contas dos Municípios (ADI 687, Rel. Min. Celso de Mello,
DJ de 10.02.2006).

Vamos às alternativas!

Letras A, B e C: erradas. Não poderá ser criado um Tribunal de Contas no Município, ainda que
haja previsão na Lei Orgânica, lei estadual ou em lei federal. Caso isso ocorresse, haveria violação
direta ao art. 31, § 4º, CF/88.

Letra E: errada. A CF/88 não admite a criação de um Tribunal de Contas do Município. A Carta
Magna autoriza apenas a criação de órgão estadual, denominado Conselho ou Tribunal de Contas
dos Municípios.

O gabarito é a letra D. A CF/88 não autoriza a criação de órgão municipal de contas.

16.   (FGV / TCM-SP – 2015) A respeito da atuação dos Tribunais de Contas na fiscalização
contábil, financeira e orçamentária, considere V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para
a(s) falsa(s).

( ) A fiscalização das empresas públicas e das sociedades de economia mista está limitada aos bens
ou valores públicos por elas administrados.

( ) O Tribunal de Contas possui competência para julgar as contas de gestão do Chefe do Poder
Executivo de qualquer ente federativo.

( ) Na medida em que o Tribunal de Contas está inserido na estrutura do Poder Legislativo, suas
decisões condenatórias estão suscetíveis à revisão dessa estrutura de poder nas hipóteses
previstas em lei.

A sequência correta é:

a) V – F – F;

b) F – V – V;

c) F – F – F;

d) V – V – V;

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e) V – F – V.

Comentários:

A primeira assertiva está errada. As empresas públicas e as sociedades de economia mista estão
sujeitas à fiscalização do TCU, inclusive aquelas que exploram atividade econômica. A fiscalização
do TCU não se limita aos bens ou valores públicos, mas todos os bens administrados pelas
empresas públicas ou sociedades de economia mista.

A segunda assertiva está errada. Os Tribunais de Contas não julgam as contas do Chefe do Poder
Executivo. Eles apenas apreciam as contas do Chefe do Poder Executivo, mediante parecer prévio.
O julgamento dessas contas cabe ao Poder Legislativo.

A terceira assertiva está errada. O Tribunal de Contas não integra a estrutura do Poder Legislativo.
Trata-se de órgãos autônomos. Suas decisões não estão suscetíveis à revisão pelo Poder
Legislativo.

O gabarito é a letra C.

17.   (FGV / TCE-RJ – 2015) O Chefe do Poder Executivo de determinado município


nordestino formulou consulta à sua assessoria jurídica solicitando que fosse esclarecido para
qual órgão deveriam ser encaminhadas as contas a respeito da aplicação dos recursos
repassados pela União, em razão da participação do município no resultado da exploração
de gás natural realizada em seu território. De acordo com a sistemática constitucional, é
correto afirmar que as contas devem ser analisadas:

a) pelo Tribunal de Contas do respectivo município, pois a receita auferida se incorporou ao


patrimônio municipal;

b) exclusivamente pela Câmara Municipal, órgão competente para emitir parecer e julgar as contas
de governo apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo do município;

c) pelo Tribunal de Contas da União, pois os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são de
propriedade da União;

d) exclusivamente pelo Congresso Nacional, órgão competente para apreciar a correta aplicação
de bens e receitas da União;

e) pelo Tribunal de Contas do Estado, pois pertencem a cada ente federativo as receitas recebidas
a título de participação, sendo tão somente repassadas pela União.

Comentários:

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Para resolver essa questão, você deveria saber que os royalties são considerados “receita própria”
dos Estados, Distrito Federal e Municípios, em razão do art. 20, § 1º, CF/88. Por isso, não é da
competência do TCU fiscalizar os recursos repassados aos Municípios na forma de royalties. A
competência é dos Tribunais de Contas Estaduais.

Foi exatamente esse o posicionamento do STF no MS 24.312. Segundo a Corte, cabe ao TCU
apenas a fiscalização dos recursos repassados pela União “mediante convênio, acordo, ajuste ou
outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município".

O gabarito é a letra E.

18.   (FGV / OAB – 2013) Acerca do controle externo da Administração, assinale a


afirmativa correta.

a) O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, não pode apreciar a constitucionalidade


das leis e dos atos do poder público.

b) O Tribunal de Contas não tem competência para julgar as contas das empresas públicas e
sociedades de economia mista, por ausência de previsão constitucional.

c) A competência dos Tribunais de Contas dos Estados pode ser reduzida em relação ao modelo
federal, em decorrência da capacidade de auto-organização do Estado-membro.

d) As decisões do Tribunal de Contas, de que resulte imputação de débito ou multa, terão eficácia
de título executivo.

e) O controle externo da Administração é exercido pelo Poder Legislativo, com o auxílio do


Tribunal de Contas, e pelo Ministério Público de cada ente da Federação.

Comentários:

Letra A: errada. A Súmula nº 347/STF dispõe que o Tribunal de Contas, no exercício de suas
atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

Letra B: errada. As empresas públicas e as sociedades de economia mista também estão sujeitas
à fiscalização do Tribunal de Contas.

Letra C: errada. Pelo princípio da simetria, as normas estabelecidas para o TCU aplicam-se, no que
couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal.

Letra D: correta. De fato, as decisões do TCU terão eficácia de título executivo extrajudicial (art.
71, § 3º).

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Letra E: errada. O Ministério Público não tem competência para realizar o controle externo da
Administração Püblica.

O gabarito é a letra D.

19.   (FGV / SUDENE – 2013) Petrus é administrador público, chefe do executivo, tendo
sido comunicado pelo Congresso Nacional que deveria sustar a execução de determinado
contrato administrativo, por força da constatação de irregularidades pelo Tribunal de Contas
da União. Nos termos da Constituição Federal, cabe ao Tribunal de Contas, ao exercer o
controle externo,

a) imputar multa, sendo a decisão título executivo extrajudicial.

b) impor sanções pessoais aos administradores relapsos, equiparadas à prisão civil.

c) estabelecer a quebra dos sigilos bancários e telefônicos dos administradores.

d) determinar a sustação imediata de contratos, quando aferir irregularidades.

e) aguardar autorização do Ministério Público para realizar auditorias.

Comentários:

Letra A: correta. As decisões do TCU de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia
de título executivo extrajudicial.

Letra B: errada. O TCU pode impor sanções aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
ou irregularidade de contas. Todavia, essas sanções não são equiparadas à prisão civil.

Letra C: errada. O TCU não tem competência para determinar a quebra de sigilo bancário e sigilo
telefônico.

Letra D: errada. A sustação de contratos administrativos não é feita diretamente pelo TCU, mas
sim pelo Congresso Nacional.

Letra E: errada. O TCU não precisa de autorização do Ministério Público para realizar auditorias.

20.   (FGV / INEA – 2013) Após constatar irregularidades na execução de um determinado


contrato administrativo, o Tribunal de Contas da União determina que o Executivo deve
sustar a execução, até que as irregularidades sejam sanadas. Nos termos da Constituição
Federal:

a) a suspensão dos contratos administrativos é competência do Tribunal de Contas da União.

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b) a competência para a sustação é do Congresso Nacional, comunicado pelo Tribunal de Contas.

c) o ato de sustação de contratos está no âmbito da fiscalização contábil.

d) a sustação dos contratos administrativos é atribuição privativa do Executivo.

e) a sustação dos contratos, quando irregulares, deve ser sugerida pelo Congresso Nacional.

Comentários:

Letra A: errada. A sustação de contratos administrativos não é feita diretamente pelo TCU, mas
sim pelo Congresso Nacional.

Letra B: correta. De fato, a competência para a sustação de contratos administrativos é do


Congresso Nacional.

Letra C: errada. A sustação de contratos está fora do âmbito da fiscalização contábil. Trata-se de
matéria de competência do Congresso.

Letra D: errada. A sustação dos contratos administrativos é atribuição do Poder Legislativo.

Letra E: errada. A sustação de contratos administrativos é feita diretamente pelo Congresso


Nacional.

21.   (FGV / Fundação Pró-Sangue – 2013) De acordo com a Constituição Federal de 1988,
o sistema de controle interno tem a finalidade de:

a) apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, na administração
direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão.

b) realizar, por iniciativa própria ou por determinação do Poder Legislativo, inspeções de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

c) assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade.

d) fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo,
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a um Estado, ao Distrito Federal ou a um Município.

e) comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão


orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal.

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Comentários:

Letra A: errada. Essa é tarefa do controle externo (art. 71, III).

Letra B: errada. Outra tarefa de responsabilidade do controle externo (art. 71, IV).

Letra C: errada. Mais uma atribuição do controle externo (art. 71, IX).

Letra D: errada. Também é atribuição do controle externo (art. 71, VI).

Letra E: correta. Segundo o art. 74, II, é tarefa do controle interno comprovar a legalidade e
avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado.

22.   (FGV / Senado Federal – 2008) A respeito do Tribunal de Contas da União, assinale a
afirmativa incorreta.

a) Ao Tribunal de Contas da União compete julgar as contas dos administradores e demais


responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário.

b) Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla


defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.

c) O Tribunal de Contas da União, órgão integrante do Poder Judiciário, é composto de nove


ministros, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal, dentre
brasileiros de mais de trinta e cinco e menos de sessenta anos de idade, de idoneidade moral e
reputação ilibada.

d) Compete ao Tribunal de Contas da União prestar as informações solicitadas pelo Congresso


Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de
auditorias e inspeções realizadas.

e) Compete ao Tribunal de Contas da União aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de


despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, dentre elas, multa proporcional
ao dano causado ao erário.

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Letra A: correta. É o que prevê o inciso II do art. 71 da Constituição Federal. O TCU tem
competência para julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por recursos
públicos.

Letra B: correta. Esse é o exato teor da Súmula Vinculante nº 3:

“Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão”.

Letra C: errada. O TCU não integra o Poder Judiciário.

Letra D: correta. Trata-se de competência do TCU, prevista no art. 71, VII, CF/88.

Letra E: correta. Segundo o art. 71, VIII, o TCU tem competência para aplicar aos responsáveis,
em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário.

A letra C é o gabarito.

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LISTA DE QUESTÕES

Poder Legislativo

1.   (UFPR/ Câmara de Curitiba – 2020) A respeito do Poder Legislativo brasileiro, assinale a


alternativa correta.

a) O número total de Deputados será estabelecido por lei complementar.


b) O Poder Legislativo detém a função típica de legislar e é exercido pela Câmara dos Deputados,
com legislatura de cinco anos.
c) A Câmara dos Deputados é o órgão de soberania composto de representantes do povo, eleitos
pelo sistema majoritário ou distrital, que exercerão a função legislativa infraconstitucional.
d) Nenhuma unidade da federação deve ter menos de 10 ou mais de 50 deputados.
e) O Senado Federal e a Câmara dos Deputados possuem como função precípua o controle
recíproco do exercício de suas funções, nesse caso deliberando por maioria absoluta dos votos de
cada Casa, presente a maioria dos seus membros.

2.   (UFPR/ Câmara de Curitiba – 2020) A respeito da organização constitucional dos


Poderes da República e considerando particularmente os aspectos orgânicos e funcionais do
Congresso Nacional, avalie as seguintes afirmativas:

1. Cada legislatura terá duração anual.

2. O número total de deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal,
será estabelecido por lei complementar.

3. Nenhum Estado da federação deve ter menos de 8 ou mais de 70 deputados.

4. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa serão tomadas por
maioria absoluta de votos, presente a maioria relativa de seus membros.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.

b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

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e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

3.   (UFG / SANEAGO-GO – 2018) Nos termos da Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988, compete privativamente ao Senado Federal:

a) proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao


Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, encaminhando
ao Tribunal de Contas da União pedido de abertura de investigação.
b) autorizar, por um terço de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o
Vice-Presidente da República, os Ministros de Estado, Procurador-Geral da República e o
Advogado Geral da União.
c) autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República, os Ministros de Estado e o Procurador-
Geral da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a vinte dias.
d) dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público Federal.

4.   (NUCEPE / PC-PI – 2018) As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) são uma das
formas do Poder Legislativo exercer sua função fiscalizadora. Sobre as CPIs, assinale a
alternativa CORRETA.

a) As Comissões Parlamentares de Inquérito não podem determinar a busca e apreensão


domiciliar, por se tratar de ato sujeito ao princípio constitucional da reserva de jurisdição, ou seja,
ato cuja prática a Constituição atribui com exclusividade aos membros do Poder Judiciário.
b) A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito depende de autorização da Mesa Diretora
da Câmara dos Deputados.
c) Visam apurar ilegalidades no âmbito do legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas, desde
que autorizada sua instalação pela maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional.
d) As Comissões Parlamentares de Inquérito podem ser criadas para apurar qualquer fato dentro
do prazo de uma legislatura, devendo suas conclusões serem remetidas ao Ministério Público e ao
Tribunal de Contas da União.
e) Somente podem ser criadas pelo requerimento de dois terços dos membros do Congresso
Nacional, tendo por objeto a apuração de fato determinado.

5.   (PUC-PR / TJ-MS – 2017) Assinale a alternativa CORRETA quanto ao Estatuto dos


Congressistas.

a) Os Deputados e Senadores são invioláveis civil, penal e administrativamente por quaisquer de


suas opiniões, palavras e votos.

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b) Mesmo depois de extinto o mandato, o parlamentar não poderá ser processado por suas
opiniões, palavras e votos proferidos durante o mandato e relacionados ao exercício de suas
funções.
c) Perderá o mandato o Deputado ou Senador que esteja investido no cargo de Ministro de
Estado.
d) Os membros do Congresso Nacional podem ser presos em flagrante, ainda que por crime que
admita fiança.
e) Os Deputados e Senadores possuem imunidade em relação ao processo penal, a qual abrange,
inclusive, os crimes ocorridos antes da diplomação.

6.   (NUCEPE / SEJUS-PI – 2017) Assinale a alternativa INCORRETA sobre a disciplina


constitucional do Poder Legislativo.

a) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os Ministros do Supremo


Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade.
b) Compete privativamente à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas do Presidente
da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa.
c) É da competência exclusiva do Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,
aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender
qualquer uma dessas medidas.
d) As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da
medida.
e) As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos
de informações a Ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados
à Presidência da República, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.

7.   (PUC-PR / Prefeitura de Maringá – 2015) Sobre a organização e atribuições do Poder


Legislativo da União, assinale a alternativa CORRETA.

a) O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos


segundo o princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão quatro Senadores, com
mandato de oito anos e com renovação de metade deles a cada quatro anos.

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b) Desde a posse, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante
de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
c) Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a posse, o
Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político
nela representado e pelo voto da maioria absoluta de seus membros, poderá, até a decisão final,
sustar o andamento da ação.
d) A distinção entre leis ordinárias e complementares se dá no quórum de aprovação, de maioria
simples nas primeiras e maioria absoluta nas segundas, e no fato de que as leis complementares
existirão sempre que a Constituição Federal determinar que a matéria deve ser objeto de
regulamentação por esse tipo legislativo.
e) O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na capital federal, de 2 de fevereiro a 17 de
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro, ainda que essas datas recaiam em sábados, sendo
remarcadas para o primeiro dia útil subsequente quando recaírem em domingos ou feriados.

8.   (COPS-UEL / PC-PR – 2013) Sobre deputados e senadores, assinale a alternativa


correta.

a) Eles têm foro privilegiado e devem ser julgados, por crime comum, perante o Superior Tribunal
de Justiça.
b) Para serem processados criminalmente, é preciso prévia licença da Casa a que pertencem.
c) Eles estão desonerados do dever de testemunhar em juízo, somente sendo obrigados a
responder em juízo quando convocados na condição de réu.
d) Podem ser presos, desde que em flagrante de crime inafiançável.
e) Perderão o mandato depois de transitada em julgado a sentença judicial condenatória por
quebra de decoro parlamentar.

9.   (UEG / PC-GO – 2013) Na divisão das funções entre os poderes da república, cabe ao
legislativo tarefas de legislar e fiscalizar, dentre outras. Essas tarefas são exercidas por meio
do Congresso, cujos trabalhos desenvolvem-se

a) no período da legislatura, que é de quatro anos e cujo término impede a continuidade das
comissões.
b) por meio de sessões legislativas ininterruptas, ordinárias e extraordinárias, em períodos
legislativos anuais.
c) no período da legislatura, que é de oito anos, coincidente com o mandato de senadores,
dividido em sessões legislativas.
d) em sessões legislativas ininterruptas, coincidentes com os mandatos dos deputados federais,
que são de quatro anos.

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10.   (FGV / TCE-RJ – 2015) Dois deputados federais, líderes dos seus partidos políticos na
respectiva Casa Legislativa, logo no início da legislatura, decidiram mobilizar-se com o
objetivo de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito. A respeito da comissão a ser
instaurada, é correto afirmar que:

a) por ter poderes de investigação próprios de autoridade judicial, pode vir a determinar, em
deliberação fundamentada, a quebra de sigilo telefônico;
b) por tratar-se de comissão temporária, não é preciso observar-se, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da
respectiva Casa;
c) comissão dessa natureza possui poderes próprios de autoridade judiciária, podendo convocar
qualquer membro do Poder Executivo para prestar esclarecimentos;
d) não pode convocar advogados para prestar esclarecimentos, pois esses agentes desempenham
função essencial à administração da justiça;
e) pode vir a determinar, em deliberação devidamente fundamentada, a realização de busca
domiciliar, a ser cumprida durante o dia.

11.   (FGV / ISS Niterói – 2015) Determinada Comissão Parlamentar de Inquérito, instituída
no âmbito da Câmara dos Deputados, deliberou, de maneira fundamentada e pela
unanimidade dos seus membros, que:

(1) o Chefe do Poder Executivo Federal deveria ser ouvido pela CPI;
(2) seria determinada a quebra do sigilo bancário e telefônico de alguns servidores públicos
federais titulares de cargos de provimento efetivo;
(3) seria determinada a indisponibilidade dos bens dos envolvidos em desvios de recursos
públicos;
(4) as autoridades policiais deveriam providenciar a interceptação telefônica dos suspeitos de
praticarem lavagem de dinheiro;
(5) poderia ser determinada a prisão em flagrante da testemunha que faltasse com a verdade
durante depoimento prestado à CPI.
Considerando que a Comissão Parlamentar de Inquérito possui poderes de investigação próprios
das autoridades judiciais, é correto afirmar que as providências descritas em:
a) (2) e (5) estão em harmonia com a ordem constitucional.
b) (1), (3), (4) e (5) destoam da ordem constitucional.
c) (2) e (3) destoam da ordem constitucional.
d) (2) e (4) estão em harmonia com a ordem constitucional.
e) (1) e (5) estão em harmonia com a ordem constitucional.

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12.   (FGV / TJ-PI – 2015) O Senado Federal e a Câmara dos Deputados decidiram instituir
comissão parlamentar de inquérito (CPI), formada por Senadores e Deputados Federais, com
o objetivo de investigar o teor de certas decisões proferidas por um Juiz de Direito, já que
sobre ele pesavam acusações de corrupção. Além disso, a comissão deveria apurar a
existência de diversas irregularidades detectadas em determinado serviço público estadual,
o qual estaria sendo prestado de maneira ineficiente, ensejando a proliferação da corrupção.

À luz da presente narrativa e da sistemática constitucional, é correto afirmar que a referida


CPI:
a) foi irregularmente constituída;
b) não pode investigar atos tipicamente jurisdicionais;
c) pode investigar o serviço público estadual;
d) teve o seu objeto regularmente delimitado;
e) pode tornar-se permanente, por decisão do Legislativo.

Fiscalização Contábil, Orçamentária, Patrimonial e Operacional

13.   (PUC-PR / TJ-MS – 2017) Assinale a alternativa CORRETA acerca dos Tribunais de
Contas.

a) As garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior


Tribunal de Justiça não se estendem aos Ministros do Tribunal de Contas da União, pois são
privativas de seu cargo.
b) Apenas o Presidente da República possui competência para a escolha dos Ministros do Tribunal
de Contas da União.
c) A Constituição Federal de 1988 exige que, para ser nomeado Ministro do Tribunal de Contas
da União, o candidato deve ser brasileiro e, obrigatoriamente, graduado em direito.
d) Os Tribunais de Contas dos Estados são compostos por nove Ministros.
e) Compete ao Tribunal de Contas da União auxiliar o Congresso Nacional no controle externo de
receitas públicas.

14.   (UEG / Prefeitura de Santa Helena – 2015) Nos termos da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, a fiscalização dos Municípios, realizada sobre as contas anuais
do prefeito, será exercida pelo Poder

a) Legislativo, mediante controle interno da Câmara Municipal, com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou Municípios ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios.

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b) Executivo, mediante sistemas de controle interno, com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Estados ou Municípios ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, e pelo controle
externo da Câmara Municipal.
c) Judiciário, mediante controle externo, com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou
Municípios ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal.
d) Legislativo, mediante controle externo da Câmara Municipal, com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou Municípios ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, e
pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal.

15.   (FGV / TCM-SP – 2015) Segundo a Constituição da República, o controle externo de


cada município é exercido pelo Poder Legislativo municipal com auxílio do órgão municipal
de contas, onde houver, ou de órgão estadual de contas.

Considerando esse modelo de controle externo, caso um município que ainda não possua, mas
pretenda instituir, um órgão de contas municipal:
a) poderá criar um tribunal de contas do município se previamente autorizado por lei municipal,
desde que previsto na lei orgânica do ente federado;
b) poderá criar um tribunal de contas do município se previamente autorizado por lei estadual
aprovada pela assembleia legislativa do estado e ratificada por lei municipal;
c) poderá criar um tribunal de contas do município se previamente autorizado por lei federal
aprovada pelo Congresso Nacional e ratificada por lei municipal;
d) de acordo com o arcabouço constitucional vigente, não poderá criar um órgão municipal de
contas, pois essa possibilidade é vedada pela Constituição da República;
e) poderá criar um conselho municipal de contas, única forma admitida pela Constituição da
República para novos órgãos municipais de contas, se previamente autorizado por lei municipal e
previsto na lei orgânica do ente federado.

16.   (FGV / TCM-SP – 2015) A respeito da atuação dos Tribunais de Contas na fiscalização
contábil, financeira e orçamentária, considere V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para
a(s) falsa(s).

( ) A fiscalização das empresas públicas e das sociedades de economia mista está limitada aos bens
ou valores públicos por elas administrados.
( ) O Tribunal de Contas possui competência para julgar as contas de gestão do Chefe do Poder
Executivo de qualquer ente federativo.
( ) Na medida em que o Tribunal de Contas está inserido na estrutura do Poder Legislativo, suas
decisões condenatórias estão suscetíveis à revisão dessa estrutura de poder nas hipóteses
previstas em lei.

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A sequência correta é:
a) V – F – F;
b) F – V – V;
c) F – F – F;
d) V – V – V;
e) V – F – V.

17.   (FGV / TCE-RJ – 2015) O Chefe do Poder Executivo de determinado município


nordestino formulou consulta à sua assessoria jurídica solicitando que fosse esclarecido para
qual órgão deveriam ser encaminhadas as contas a respeito da aplicação dos recursos
repassados pela União, em razão da participação do município no resultado da exploração
de gás natural realizada em seu território. De acordo com a sistemática constitucional, é
correto afirmar que as contas devem ser analisadas:

a) pelo Tribunal de Contas do respectivo município, pois a receita auferida se incorporou ao


patrimônio municipal;
b) exclusivamente pela Câmara Municipal, órgão competente para emitir parecer e julgar as contas
de governo apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo do município;
c) pelo Tribunal de Contas da União, pois os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são de
propriedade da União;
d) exclusivamente pelo Congresso Nacional, órgão competente para apreciar a correta aplicação
de bens e receitas da União;
e) pelo Tribunal de Contas do Estado, pois pertencem a cada ente federativo as receitas recebidas
a título de participação, sendo tão somente repassadas pela União.

18.   (FGV / OAB – 2013) Acerca do controle externo da Administração, assinale a


afirmativa correta.

a) O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, não pode apreciar a constitucionalidade


das leis e dos atos do poder público.
b) O Tribunal de Contas não tem competência para julgar as contas das empresas públicas e
sociedades de economia mista, por ausência de previsão constitucional.
c) A competência dos Tribunais de Contas dos Estados pode ser reduzida em relação ao modelo
federal, em decorrência da capacidade de auto-organização do Estado-membro.
d) As decisões do Tribunal de Contas, de que resulte imputação de débito ou multa, terão eficácia
de título executivo.
e) O controle externo da Administração é exercido pelo Poder Legislativo, com o auxílio do
Tribunal de Contas, e pelo Ministério Público de cada ente da Federação.

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19.   (FGV / SUDENE – 2013) Petrus é administrador público, chefe do executivo, tendo
sido comunicado pelo Congresso Nacional que deveria sustar a execução de determinado
contrato administrativo, por força da constatação de irregularidades pelo Tribunal de Contas
da União. Nos termos da Constituição Federal, cabe ao Tribunal de Contas, ao exercer o
controle externo,

a) imputar multa, sendo a decisão título executivo extrajudicial.


b) impor sanções pessoais aos administradores relapsos, equiparadas à prisão civil.
c) estabelecer a quebra dos sigilos bancários e telefônicos dos administradores.
d) determinar a sustação imediata de contratos, quando aferir irregularidades.
e) aguardar autorização do Ministério Público para realizar auditorias.

20.   (FGV / INEA – 2013) Após constatar irregularidades na execução de um determinado


contrato administrativo, o Tribunal de Contas da União determina que o Executivo deve
sustar a execução, até que as irregularidades sejam sanadas. Nos termos da Constituição
Federal:

a) a suspensão dos contratos administrativos é competência do Tribunal de Contas da União.


b) a competência para a sustação é do Congresso Nacional, comunicado pelo Tribunal de Contas.
c) o ato de sustação de contratos está no âmbito da fiscalização contábil.
d) a sustação dos contratos administrativos é atribuição privativa do Executivo.
e) a sustação dos contratos, quando irregulares, deve ser sugerida pelo Congresso Nacional.

21.   (FGV / Fundação Pró-Sangue – 2013) De acordo com a Constituição Federal de 1988,
o sistema de controle interno tem a finalidade de:

a) apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, na administração
direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão.
b) realizar, por iniciativa própria ou por determinação do Poder Legislativo, inspeções de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
c) assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade.
d) fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo,
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a um Estado, ao Distrito Federal ou a um Município.
e) comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal.

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22.   (FGV / Senado Federal – 2008) A respeito do Tribunal de Contas da União, assinale a
afirmativa incorreta.

a) Ao Tribunal de Contas da União compete julgar as contas dos administradores e demais


responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário.
b) Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.
c) O Tribunal de Contas da União, órgão integrante do Poder Judiciário, é composto de nove
ministros, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal, dentre
brasileiros de mais de trinta e cinco e menos de sessenta anos de idade, de idoneidade moral e
reputação ilibada.
d) Compete ao Tribunal de Contas da União prestar as informações solicitadas pelo Congresso
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de
auditorias e inspeções realizadas.
e) Compete ao Tribunal de Contas da União aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, dentre elas, multa proporcional
ao dano causado ao erário.

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GABARITO
1.   LETRA A 9.   LETRA A 17.  LETRA E
2.   LETRA C 10.  LETRA A 18.  LETRA D
3.   LETRA D 11.  LETRA A 19.  LETRA A
4.   LETRA A 12.  LETRA B 20.  LETRA B
5.   LETRA B 13.  LETRA E 21.  LETRA E
6.   LETRA C 14.  LETRA D 22.  LETRA C
7.   LETRA D 15.  LETRA D
8.   LETRA D 16.  LETRA C

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