Direito Administrativo_parte1
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Direito Administrativo_parte1
Autor:
Herbert Almeida, Equipe Direito
Administrativo
04 de Junho de 2024
Índice
1) Conceitos Iniciais sobre Organização Administrativa
..............................................................................................................................................................................................3
3) Autarquias
..............................................................................................................................................................................................
34
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
A organização do Estado é matéria de ordem constitucional, tratando da divisão política do território
nacional, da estruturação dos Poderes, da forma de Governo, do modo de investidura dos governantes e
dos direitos e garantias fundamentais.1
Para o Direito Administrativo, por outro lado, cabe o estudo da organização administrativa, matéria que
estuda a organização das entidades estatais, das suas autarquias e das empresas estatais.
Nessa linha, devemos entender que a Administração é o instrumental de que dispõe o Estado para colocar
em prática as opções políticas do Governo. Em outras palavras, enquanto o Governo é o responsável pelo
estabelecimento de diretrizes e planos, a Administração é o aparelhamento utilizado para pôr em prática
essas decisões.
A atuação da Administração e do Governo ocorre por meio de entidades – pessoas jurídicas –, de órgãos –
centros de decisão – e de seus agentes – pessoas físicas investidas em cargos e funções2. Os agentes não
são objeto de nossa aula. Nesse momento, interessa-nos entender o conceito de entidade e de órgão,
conforme veremos nos tópicos seguintes. Vamos iniciar pelas entidades, depois debateremos os conceitos
de centralização, descentralização e desconcentração e, finalmente, vamos entender o que são os órgãos.
A Lei 9.784/1999 define entidade como “a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica” (art. 1º,
§ 2º, II). Possuir personalidade jurídica significa que o ente pode, em nome próprio, adquirir direitos e
contrair obrigações.
Assim, as entidades são unidades de atuação que possuem personalidade jurídica e, portanto, podem
adquirir direitos e contrair obrigações em seu próprio nome.
1
Meirelles, 2013, p. 63.
2
Meirelles, 2013, p. 67.
==1496dc==
3
Furtado, 2012, p. 140.
As entidades administrativas são pessoas jurídicas, de direito público ou de direito privado, criadas pelas
entidades políticas para exercer parte de sua capacidade de autoadministração. Assim, podemos dizer que
as entidades administrativas são criadas pelas entidades políticas para desempenhar determinado serviço
daqueles que lhes foram outorgadas pela Constituição Federal.
Enquanto as entidades políticas gozam de capacidade genérica, nos termos previstos na Constituição, as
entidades administrativas possuem somente a capacidade administrativa específica, ou seja, elas possuem
somente a capacidade de autoadministração, sendo ainda de forma restrita. Isso porque o ente político
cria a entidade administrativa para atuar em uma área específica, ou seja, a criação das entidades
administrativas ocorre para especializar a Administração.
Contudo, a diferença principal entre as entidades políticas e as entidades administrativas é que aquelas
possuem autonomia política, decorrente de sua capacidade de legislar (auto-organização). Ou seja, as
entidades políticas possuem capacidade para editar atos normativos que inovem na ordem jurídica, criando
direitos e obrigações.
4
Lembrando que os municípios não possuem Poder Judiciário próprio.
(FUB - 2013) As entidades políticas são aquelas que recebem suas atribuições da própria CF, exercendo-
as com plena autonomia.
Comentários: as entidades políticas possuem autonomia plena, pois possuem capacidade de autogoverno,
auto-organização e autoadministração. Com efeito, as atribuições dessas entidades decorrem diretamente
da Constituição Federal, em particular dos arts. 18 ao 32. Logo, o item está correto!
Centralização e descentralização
Somente os entes políticos recebem competências diretamente da Constituição para prestar serviço
público à sociedade. Assim, quando o Estado presta os serviços por meio de seus órgãos e agentes
integrantes da Administração direta, ou seja, que compõem as pessoas políticas, diz-se que o serviço é
prestado de forma centralizada.
Assim, os serviços são prestados pelos órgãos despersonalizados integrantes da própria entidade política.
Exemplo disso são os serviços prestados pelos ministérios, pelas secretarias estaduais e municipais ou por
seus órgãos subordinados.
Contudo, a entidade política pode optar por transferir a terceiro a competência para determinada atividade
administrativa, caso em que teremos a descentralização.
Segundo Maria Zylvia Zanella Di Pietro5, a descentralização é a distribuição de competências de uma para
outra pessoa, física ou jurídica. A autora classifica a descentralização em política e administrativa. Aquela
se refere à distribuição de competências previstas na Constituição, que dá origem à federação. Sendo
assim, quando os estados ou municípios prestam os serviços previstos na Constituição, eles estão prestando
os serviços próprios, que não decorrem do ente central. Em outras palavras, a descentralização política
envolve a distribuição de competências aos Estados-membros e aos municípios.
A descentralização administrativa, por sua vez, ocorre quando o Estado não executa o serviço por meio de
sua Administração direta. Envolve, portanto, duas pessoas distintas: o Estado – União, estados, Distrito
Federal e municípios – e a pessoa que executará o serviço, uma vez que recebeu essa atribuição do Estado6.
0(DPE AM - 2018) Considere que o Estado do Amazonas tenha decidido criar, por lei específica, uma
autarquia, atribuindo a ela o serviço público de transporte intermunicipal. A situação narrada constitui
exemplo de descentralização política, com transferência, nos termos da lei editada, do serviço público
antes titulado pelo Estado, dotando o novo ente de autonomia.
Comentários: a situação representa a descentralização administrativa. A descentralização política ocorre
no nível constitucional, quando os estados, o DF e os municípios recebem as suas atribuições próprias.
Desta forma, o item está incorreto.
5
Di Pietro, 2014, p. 481.
6
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 23.
A descentralização por outorga, por serviços, técnica ou funcional ocorre quando o Estado cria uma
entidade com personalidade jurídica própria e a ela transfere a titularidade e a execução de determinado
serviço público. Esse tipo de descentralização dá origem à Administração indireta (autarquias, fundações
públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas), pressupondo a elaboração de lei para
criação ou autorização da criação da entidade.
Na descentralização por delegação ou colaboração, uma entidade política ou administrativa transfere, por
contrato ou por ato unilateral, a execução de um serviço a uma pessoa jurídica de direito privado
preexistente. Assim, a pessoa que recebe a delegação poderá prestar o serviço diretamente à população,
em seu próprio nome e por sua conta e risco, sofrendo a fiscalização do Estado. Esse tipo de
descentralização dá origem aos delegatários de serviço público por meio de concessão, permissão ou
autorização. Um exemplo de descentralização por delegação ocorre com os serviços de telefonia,
prestados por empresas privadas.
É fundamental distinguir essas duas formas de descentralização. Na primeira hipótese, a outorga, a própria
titularidade do serviço é transferida ao terceiro por meio de lei e, por conseguinte, somente por lei poderá
ser retirada ou modificada. Ademais, a outorga tem presunção de definitividade, isto é, em tese será
exercida indeterminadamente pelo ente outorgado.
Por outro lado, na descentralização por delegação, transfere-se apenas a execução do serviço por ato
administrativo (unilateral) ou contrato administrativo (bilateral). Na primeira hipótese (ato administrativo
– autorização de serviços públicos), em regra, não há prazo determinado para a delegação, uma vez que
esse instrumento reveste-se de precariedade, isto é, pode ser revogado a qualquer tempo e, em geral, sem
direito à indenização. No caso do contrato (concessão ou permissão de serviços públicos), porém, a
delegação é efetivada por prazo determinado, estando sujeita às cláusulas legais e contratuais para
modificação e revogação do instrumento.
✓ a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é uma autarquia sob regime especial criada pela
Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, vinculada ao Ministério das Comunicações, com a função de
órgão regulador das telecomunicações (descentralização por outorga);
✓ a Empresa de Planejamento e Logística S.A. (EPL) é uma empresa pública cuja criação foi autorizada
pela Lei nº 12.404, de 4 de maio de 2011, vinculada ao Ministério da Infraestrutura, com o objetivo
de planejar e promover o desenvolvimento do serviço de transporte ferroviário de alta velocidade de
forma integrada com as demais modalidades de transporte (descentralização por outorga); e
✓ as diversas empresas de telefonia móvel (Oi, Tim, Claro, Vivo, etc.) oferecem os serviços de forma
descentralizada por meio de contrato de concessão de serviços públicos (delegação ou
descentralização por colaboração).
Na descentralização por outorga, não há hierarquia ou subordinação entre as pessoas envolvidas, mas
apenas vinculação. Assim, o órgão central realiza a tutela (administrativa), supervisão (ministerial) ou
controle finalístico sobre o exercício da atividade por parte do ente descentralizado, nos termos
estabelecidos em lei.
Nesse contexto, Hely Lopes Meirelles conceitua o controle finalístico da seguinte forma:
Assim, o controle finalístico é exercido pela Administração direta sobre a indireta, com o objetivo de
garantir que a entidade administrativa esteja realizando adequadamente as atividades para a qual se
destinam. Contudo, em razão da autonomia administrativa que as entidades da Administração indireta
detêm, este é um controle limitado, que necessita expressa previsão legal que determine os meios de
controle, os aspectos a serem controlados e as ocasiões em que ocorrerá.
No caso da descentralização por colaboração ou por delegação, as formas de controle são mais amplas do
que na outorga. Isso porque a delegação ocorre por meio de ato ou contrato administrativo, admitindo
alteração unilateral e diversas formas de fiscalização das condições do serviço prestado.
O entendimento é simples. Como a outorga é feita por lei, transfere-se a titularidade do serviço, permitindo
o desempenho da atividade com autonomia. Assim, as interferências do ente político são somente aquelas
admitidas na lei que transferiu a competência para a Administração Indireta.
Por outro lado, por meio da delegação – descentralização por colaboração – transfere-se apenas o exercício
da atividade, por meio de ato ou contrato administrativo. Dessa forma, a titularidade permanece com o
Estado, que poderá exercer formas de controle mais amplas.
Além das formas apresentadas acima, podemos falar, ainda, na descentralização territorial ou geográfica.
A Constituição Federal, no §2º do artigo 18, dispõe sobre a possibilidade de criação dos chamados
territórios federais, vejamos:
Essa é uma modalidade de descentralização na qual a União cria uma pessoa jurídica com limites territoriais
determinados e competências administrativas genéricas. Assim, enquanto as entidades que compõem a
Administração indireta apresentam capacidade administrativa específica para desempenhar a atividade
para a qual foram criadas, os territórios possuem capacidade administrativa genérica para atuar em
diversas áreas dentro do limite geográfico que os compõem.
Os territórios não integram a federação, mas possuem personalidade jurídica de direito público. Não
possuem também capacidade política, mas apenas administrativa genérica, por esse motivo alguns
doutrinadores chegam a chamá-las de autarquias territoriais ou geográficas. Por fim, cabe destacar que
atualmente não existem territórios federais no Brasil, apesar de existir a possibilidade de sua criação.
(SEFIN RO - 2018) Na centralização, o Estado executa suas tarefas diretamente, por intermédio dos
inúmeros órgãos e agentes administrativos que compõem sua estrutura funcional.
Comentários: quando os serviços são prestados diretamente pelos órgãos da Administração direta, diz-se
que o serviço foi prestado de forma centralizada. Portanto, o quesito está correto. Se, por outro lado, os
serviços forem prestados por entidades administrativas ou mediante delegação, aí o serviço será prestado
de forma descentralizada. Logo, o item está correto!
Concentração e Desconcentração
Para Hely Lopes Meirelles7 a desconcentração é uma técnica administrativa de simplificação e aceleração
do serviço dentro da mesma entidade, diversamente da descentralização, que é uma técnica da
especialização, consistente na retirada do serviço de dentro de uma entidade e transferência a outra para
que o execute com mais perfeição e autonomia.
7
Meirelles, 2013, p. 394.
Nesse contexto, há desconcentração quando a União se organiza em ministérios ou quando uma autarquia
ou empresa pública se organiza em departamentos para melhor prestar os seus serviços. Dessa forma,
podemos perceber que a desconcentração pode ocorrer tanto no âmbito das pessoas políticas (União, DF,
estados ou municípios) quanto nas entidades administrativas da Administração indireta.
A descentralização pressupõe a existência de, no mínimo, duas pessoas distintas: uma que transfere a
competência e a outra que recebe. Não há relação hierárquica.
A desconcentração ocorre dentro uma única pessoa jurídica, constituindo uma técnica administrativa
de distribuição interna de competências. Existe relação hierárquica.
Conforme destacado acima, a desconcentração ocorre na mesma pessoa jurídica e, por conseguinte,
realiza-se dentro de uma estrutura hierarquizada, com relação de subordinação entre os diversos níveis.
Nas entidades desconcentradas, temos o controle hierárquico, que compreende os poderes de comando,
fiscalização, revisão, punição, delegação, avocação, solução de conflitos de competência, etc.8
Por exemplo, as inspetorias especiais e alfândegas são órgãos subordinados às superintendências regionais,
que, por sua vez, são subordinadas à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nesses casos, as unidades
superiores controlam as inferiores por meio do controle hierárquico.
O inverso dessa técnica administrativa é a concentração, isto é, a situação em que a pessoa jurídica
integrante da Administração Pública extingue seus órgãos até então existentes, reunindo em um número
menor de unidades as respectivas competências. Podemos mencionar, como exemplo, uma situação em
que uma secretaria municipal de obras resolva diminuir o número de subsecretarias regionais com o
objetivo de cortar gastos, distribuindo as subáreas das unidades extintas entre as estruturas
remanescentes.
8
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 27.
Por exemplo, um serviço prestado por uma delegacia regional da Receita Federal é prestado de forma
centralizada – uma vez que a Receita Federal é órgão da Administração direta – e desconcentrada – pois a
delegacia regional é criada para desconcentrar as competências dentro do Ministério da Economia.
Outro exemplo é um serviço prestado pela Superintendência Regional do Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS, que é uma autarquia da União. Assim, o INSS pertence à Administração indireta. Assim, o
serviço em análise foi prestado de forma descentralizada – Administração indireta – e desconcentrada –
Superintendência Regional.
(TCE PB - 2018) No processo de descentralização por serviço, em que o órgão passa a deter a titularidade
e a execução do serviço, ocorre a distribuição interna de competências no âmbito de uma mesma pessoa
jurídica.
Comentários: a distribuição interna de competências é manifestação da desconcentração e não da
descentralização. Logo, o quesito está incorreto. Na verdade, a descentralização envolve a relação de mais
de uma pessoa jurídica, criando uma nova entidade (descentralização por serviço) ou firmando um vínculo
de delegação (descentralização por colaboração). Logo, o item está incorreto!
Órgãos Públicos
Conceito
Segundo Hely Lopes Meirelles, os órgãos públicos são “centros de competências instituídos para o
desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica”.9 Na
mesma linha, Maria Sylvia Zanella Di Pietro define órgão público como “uma unidade que congrega
atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do
Estado”.10
Os órgãos são, portanto, centros de competências, sem personalidade jurídica própria, que atuam, por
meio dos agentes nele lotados, em nome da entidade política ou administrativa que a integram. Nesse
9
Meirelles, 2013, p. 69.
10
Di Pietro, 2014, p. 590.
ponto, é importante destacar que os órgãos não possuem personalidade jurídica, pois fazem parte de uma
pessoa política ou administrativa, essas sim possuidoras de personalidade jurídica própria.
Dessa forma, o desempenho das atribuições dos órgãos é imputado à pessoa jurídica a que pertencem.
Por exemplo, a União, que é uma entidade política que recebe suas atribuições diretamente do texto
constitucional, pode se organizar por meio de ministérios (órgãos). A atuação de cada ministério, no
entanto, deverá ser atribuída à União – entidade política possuidora de personalidade jurídica própria.
Da mesma forma, quando a Superintendência Regional do INSS desempenha as suas competências, ela não
o faz em seu nome, mas sim em nome do INSS, que é uma autarquia federal – entidade administrativa com
personalidade jurídica própria.
O Estado – ou seus entes políticos – é uma pessoa jurídica, um ente abstrato, e, nessa condição, não pode,
por si só emitir declarações de vontade, não pode produzir atos jurídicos sozinho. Para tanto, ele atua por
meio de pessoas físicas, cujas manifestações representam a sua vontade. Tais pessoas físicas são
denominadas agentes públicos.11
No entanto, apesar de materialmente ser praticado pela pessoa física (agente público), a autoria dos atos
administrativos deve ser atribuída ao Estado, ou a pessoa jurídica que o agente representa.
Nesse contexto, existem três teorias principais para explicar a atuação do Estado por meio de seus
agentes:12
Teoria do mandato: o agente público é mandatário (como se atuasse por meio de uma procuração –
contrato de mandato) da pessoa jurídica. O mandato é um contrato e, como tal, pressupõe a existência de
duas pessoas com vontades próprias. Assim, a teoria foi criticada por não explicar como o Estado, que é um
ente abstrato e, portanto, sem vontade própria, poderia outorgar o mandato. Essa teoria não é adotada no
Brasil.
Teoria da representação: equipara o agente público à figura do tutor ou curador, que representa os
incapazes. Dessa forma, o agente público seria o representante do Estado por força de lei. Essa teoria foi
criticada por diversos motivos: (i) por equiparar a pessoa jurídica ao incapaz; (ii) por representar a ideia de
que o Estado confere representantes a si mesmo, quando não é isso que ocorre na tutela e curatela; (iii)
apresenta o inconveniente de que, quando o representante ultrapassasse os poderes da representação, a
pessoa jurídica não responderia por esses atos aos terceiros prejudicados. Também não é uma teoria
adotada no Brasil.
11
Barchet, 2008, p. 25.
12
Di Pietro, 2014, p. 589.
Teoria do órgão: a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio de órgãos, de modo que quando os
agentes que os compõem manifestam a sua vontade, é como se o próprio Estado o fizesse. Dessa forma,
substitui-se a ideia de representação por imputação. De acordo com Otto Gierke, idealizador dessa teoria,
o órgão parte do corpo da entidade e, assim, todas as suas manifestações de vontade são consideradas
como da própria entidade. Esta é a teoria adotada no Brasil.
A teoria do órgão fundamenta-se no princípio da imputação volitiva (teoria da imputação), que significa
que a manifestação emanada de um órgão – e materializada pelo respectivo agente público – é atribuída
externamente à pessoa jurídica a cuja estrutura organizacional pertença. Dessa forma, quando um órgão
externa a vontade, é a própria entidade, sob o ponto de vista jurídico, que a manifesta de forma a produzir
os efeitos jurídicos.13
Maria Di Pietro ensina que, enquanto a teoria da representação considera a existência da pessoa jurídica e
do representante como dois entes autônomos, a teoria do órgão funde os dois elementos, concluindo que
o órgão é parte integrante do Estado.
A teoria do órgão é utilizada para justificar a validade dos atos praticados por “funcionário de fato” 14.
Desde que a atividade provenha de um órgão, não tem relevância o fato de ter sido praticado por um
agente que não tenha investidura legítima. Basta a aparência de legalidade e o exercício da atividade
pelo órgão, pois os efeitos da conduta serão imputados à pessoa jurídica.15
Esse é o ponto fundamental para entender o que é um órgão público. O órgão nada mais é do que a parte
de um todo. É o mesmo raciocínio do corpo humano. O órgão (fígado, estômago, rim) não existe sozinho,
ele depende da pessoa. Da mesma forma, cada órgão desempenha uma atividade que, na verdade, é
imputada à pessoa.
É com fundamento nessa teoria que os órgãos, mesmo sendo despersonalizados, podem exercer as funções
superiores de direção ou mesmo as funções meramente executivas.
Nesse contexto, quando afirmamos que os órgãos são “centros de competências”, significa que eles são
unidades que receberam determinadas atribuições, devendo desempenhá-las, por meio de seus agentes,
em nome da entidade (política ou administrativa) que compõem.
Logo, quando um ministério firma um contrato, não o faz em seu nome, mas no da União, entidade a que
pertence. Isso porque os órgãos não podem adquirir direitos e obrigações. No mesmo sentido, se o
ministério descumprir o contrato, eventual demanda judicial terá como polo passivo a União, e não o órgão
público.
Capacidade processual
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar
em juízo.
Por conseguinte, a regra geral é que os órgãos não possuem capacidade processual, uma vez que são figuras
despersonalizadas. Assim, entende-se que os órgãos não podem figurar em nenhum dos polos de uma
relação processual.
Todavia, o entendimento tem evoluído para permitir que determinados órgãos públicos, de natureza
constitucional, possam impetrar mandado de segurança, na defesa de suas competências, quando violado
por outro órgão.
Essa capacidade processual excepcional alcança somente os órgãos mais elevados do Poder Público, ou
seja, aqueles que recebem suas competências diretamente da Constituição Federal. São os chamados
órgãos independentes, a exemplo da Presidência da República, Câmara dos Deputados, Senado Federal,
STF, STJ, TCU, MPU, etc. – sem deixar de incluir os seus simétricos nos demais entes da Federação.
Por exemplo, já se admitiu mandado de segurança impetrado por Câmara Municipal contra o Prefeito
Municipal para obrigá-lo a prestar contas, atendendo ao preceito do art. 3116 da Constituição Federal, que
atribui ao Poder Legislativo Municipal o exercício do controle externo do Poder Executivo.17
Outra exceção decorre do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), dispondo que são legitimados
para promover a liquidação e execução de indenização “as entidades e órgãos da administração pública,
direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos
interesses e direitos protegidos por este Código” (art. 82, III).
A criação dos órgãos públicos deve ocorrer na forma prevista na Constituição, existindo uma disciplina
diferente para cada Poder.
O Poder Executivo depende de lei em sentido formal para a criação ou extinção de órgãos públicos da
Administração Direta (CF, art. 61, §1º, II, “e”). Nesse caso, a lei será de iniciativa do chefe do Poder Executivo
(Presidente, governadores, prefeitos), devendo ser aprovado pelo Poder Legislativo.
A organização e o funcionamento dos órgãos da Administração Direta, quando não implicarem “aumento
de despesa nem a criação ou extinção de órgãos públicos”, será realizada por meio de decreto do Poder
Executivo (CF, art. 84, VI, “a”18). São os chamados decretos autônomos. Nesses casos, os órgãos já foram
criados por lei, sendo disciplinada apenas a organização e o seu funcionamento por decreto.
No Poder Legislativo, compete à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal dispor, por atos próprios de
cada Casa, sobre a sua organização, funcionamento, criação e extinção de órgãos públicos (Câmara: 51, IV;
Senado: art. 52, XIII; tudo da CF).
Já no Poder Judiciário, a criação, extinção e organização da estrutura judiciária depende de lei de iniciativa
do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justiça, conforme o caso, nos
termos do art. 96, II, “c” e “d” da CF. A mesma regra se aplica ao Ministério Público (CF, art. 127, §2º) e ao
Tribunal de Contas (CF, art. 73, caput), que podem iniciar o processo legislativo para dispor sobre sua
organização e funcionamento.
Ressalva-se, no entanto, que se a questão perguntar genericamente como são criados e extintos os órgãos
públicos, devemos responder que depende da edição de lei, uma vez que a situação no âmbito do Poder
Legislativo constitui apenas uma exceção.
16
CF/88: “Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo,
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.”
17 TJ-RJ, MS 2008.004.00067, Rel. Min. MARCOS ALCINO DE AZEVEDO TORRES, publ. em 18/9/2009.
(SEFIN RO - 2018) Centros de competência especializada dispostos na intimidade de uma pessoa jurídica,
sem personalidade jurídica e vontade próprias, com intenção de garantir a especialização nas atividades
prestadas com maior eficiência, são chamados pela doutrina de Direito Administrativo de órgãos, sejam
da Administração Direta, sejam as entidades de direito público da Administração Indireta, e somente
podem ser criados ou extintos por meio de lei.
Comentários: os órgãos públicos são centros de competência sem personalidade jurídica. Com efeito, em
virtude da teoria da imputação, podemos fizer que os órgãos não possuem vontade própria, já que as suas
manifestações são imputadas ao ente do qual fazem parte. Ademais, eles representam meio para
especializar tarefas e aumentar a eficiência. Normalmente, utiliza-se a expressão especialização para a
descentralização, mas também não é errado dizer que os órgãos são criados para se especializar em
determinada área.
Com efeito, podemos identificar os órgãos tanto da Administração direta como na Administração indireta,
já que eles são distribuições internas de competências. Por exemplo, uma autarquia pode se subdividir
internamente em unidades regionais, que serão seus órgãos internos. Logo, o item está correto!
Classificação
Há diversas classificações dos órgãos públicos, porém a mais utilizada é a de Hely Lopes Meirelles, conforme
iremos tratar a seguir.
Quanto à posição estatal – posição ocupada pelos órgãos na escala governamental ou administrativa – os
órgãos classificam-se em independentes, autônomos, superiores e subalternos:
Quanto à estrutura
a) simples ou unitários: são aqueles constituídos por um só centro de competência. Isso não significa
que não existem vários cargos dentro do órgão. Na verdade, o que caracteriza os órgãos simples é
Por exemplo, o Ministério da Justiça pode se dividir em diversos órgãos, como o Departamento de Polícia
Federal, que, por sua vez, poderá se subdividir em diversos outros órgãos (divisões, coordenadorias,
superintendências, etc.). Todas essas subdivisões formarão novos órgãos compostos até chegar ao nível
mais baixo, que são os “serviços”. Esses últimos órgãos não admitem mais subdivisão, ou seja, não podem
mais se desconcentrar, logo serão órgãos unitários.
a) órgãos singulares ou unipessoais – são os que atuam e decidem através de um único agente, que é
seu chefe ou representante. O órgão pode possuir centenas ou milhares de agentes, mas as decisões
são tomadas por uma única pessoa, o chefe. São exemplos: a Presidência da República, as
governadorias dos estados, as prefeituras municipais.
b) órgãos colegiados ou pluripessoais – são aqueles que atuam ou decidem pela manifestação
conjunta de seus membros. Não prevalece a vontade individual do chefe ou presidente, nem as
decisões isoladas de seus membros, mas sim a vontade conjunta, emanada por meio de
deliberações aprovadas pela maioria. São exemplos o Congresso Nacional (as corporações
legislativas em geral), o STF e demais tribunais, o TCU, etc.
Após a apresentação das classificações de Hely Lopes Meirelles, vamos apresentar outras três
classificações, uma de Bandeira de Mello e outras duas de Di Pietro.
Celso Antônio Bandeira de Mello classifica os órgãos quanto às funções que exercem em:
a) órgãos ativos: são os que expressam decisões estatais para o cumprimento dos fins da pessoa
jurídica. Ex.: os Ministérios;
b) de controle: são os prepostos a fiscalizar a controlar a atividade de outros órgãos ou agentes. Ex.:
TCU;
c) consultivos: são os órgãos de aconselhamento e elucidação (emissão de pareceres) para que sejam
tomadas as providências pertinentes pelos órgãos ativos.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, citando os ensinamentos de Renato Alessi, apresenta a classificação dos
órgãos públicos, quanto à sua estrutura, em burocráticos e colegiados:
a) burocráticos: estão a cargo de uma só pessoa física ou de várias pessoas físicas ordenadas
verticalmente, ou seja, encontram-se ligadas por uma estrutura hierárquica, ainda que cada uma
possa atuar individualmente – p. ex.: a Diretoria, sabe-se que existe um Diretor (responsável pelo
órgão), mas existem diversas pessoas ligadas a ele que podem atuar individualmente: secretários,
datilógrafos, contínuos, etc. Este tipo de estrutura se equipara aos órgãos unipessoais;
b) colegiados: são formados por uma coletividade de pessoas físicas ordenadas horizontalmente, isto
é, com base em uma relação de coordenação e coligação, e não de hierarquia.
Quanto à composição
a) singulares: quando integrados por um único agente – ex.: a Presidência da República e a diretoria
de uma escola;
b) coletivos: quando integrados por vários agentes – ex.: Tribunal de Impostos e Taxas.
(TRT MA - 2014) Considere a seguinte assertiva: A Câmara dos Deputados classifica-se, quanto à posição
estatal, como órgão independente. Isto porque, dentre outras características, não possui qualquer
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Administração Direta
A Administração Direta é o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas ou federativas (União,
estados, Distrito Federal e municípios), aos quais foi atribuída a competência para o exercício das atividades
administrativas do Estado de forma centralizada.1
Trata-se, portanto, dos serviços prestados diretamente pelas entidades políticas, utilizando-se, para tanto,
de seus órgãos internos, que são centros de competências despersonalizados.
Conquanto a função administrativa seja exercida com predominância pelo Poder Executivo, devemos saber
que existem órgãos da Administração Direta em todos os Poderes e em todas as esferas da federação. É
possível extrair este entendimento diretamente do art. 37, caput, da Constituição Federal, que dispõe que
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência [...]”.
Assim, é possível afirmar que existem órgãos da Administração Direta atuando na administração federal,
estadual, distrital e municipal, nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
No entanto, o que nos interessa é estudar o Poder Executivo, uma vez que quase todos os órgãos da
Administração Direta encontram-se subordinados a este Poder.
Nessa linha, vale mencionar o texto do Decreto Lei 200/1967, aplicável exclusivamente ao Poder Executivo
Federal, que dispõe que a “Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura
administrativa da Presidência da República e dos Ministérios” (art. 4º, I).
Assim, no âmbito do Poder Executivo, a Administração Direta é formada pela estrutura da Presidência da
República, incluindo a Casa Civil, e pelos Ministérios e seus órgãos subordinados.
Outros exemplos de órgãos da Administração Direta são a Secretaria da Receita Federal, que é um órgão
subordinado ao Ministério da Economia; o Departamento de Polícia Federal e o Departamento de Polícia
Rodoviária Federal, órgãos subordinados ao Ministério da Justiça.
Nos estados, Distrito Federal e municípios, a lógica é a mesma. Teremos os órgãos diretamente
subordinados aos governos estaduais e prefeituras municipais e os órgãos subordinados às secretarias.
Assim, são exemplos de órgãos da Administração Direta municipal as secretarias de educação, saúde, obras,
etc.
1
Carvalho Filho, 2014, p. 459.
Administração Indireta
A Administração Pública Indireta é composta pelas entidades administrativas, que possuem personalidade
jurídica própria e são responsáveis por executar atividades administrativas de forma descentralizada. São
elas: as autarquias, as fundações públicas e as empresas estatais (empresas públicas e sociedades de
economia mista).
A organização clássica da Administração Pública decorre do Decreto Lei 200/1967, conforme consta em seu
art. 4º:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
d) fundações públicas.
Algumas observações são importantes. A primeira delas é que o Decreto Lei 200/1967 só se aplica ao
Governo Federal, porém esse modelo de organização é adotado em todos os níveis de Federação, ou seja,
temos esse modelo de Administração Indireta nas administrações estaduais, distrital e municipais.
Além disso, a mesma observação sobre a possibilidade de existência de órgãos da Administração Direta em
todos os Poderes, decorrente do texto do art. 37, caput, da Constituição Federal, se aplica à Administração
Indireta. Vale transcrever o conteúdo do artigo novamente:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]:
Daí decorre o entendimento que é possível existir uma entidade administrativa vinculada aos Poderes
Legislativo ou Judiciário. É claro que, na prática, só observamos Administração Indireta vinculada ao Poder
Executivo, mas, do Texto Constitucional, seria possível, por exemplo, o Poder Legislativo criar uma fundação
responsável por fazer pesquisas sobre o impacto de possíveis propostas legislativas.
Outro ponto que vale ser mencionado é quanto à definição que apresentamos acima para a Administração
Indireta. A doutrina costuma dizer que a Administração Indireta é o conjunto de pessoas administrativas
que, vinculadas à respectiva Administração Direta, têm o objetivo de desempenhar atividades
administrativas de forma descentralizada.2
Entretanto, existem entidades administrativas que não desempenham atividade administrativa. É o caso
das empresas públicas e sociedades de economia mista criadas com o objetivo de explorar atividades
econômicas em sentido estrito3, conforme dispõe o art. 173 da Constituição Federal. Essas empresas
estatais não prestam serviços públicos nem exercem atividades próprias da Administração Pública, mas,
ainda assim, integram a Administração Indireta.
Por fim, além dos quatro tipos de entidades administrativas previstas no DL 200/1967, devemos mencionar
a existência dos chamados consórcios públicos. A doutrina apresenta entendimento diferente se elas
representam ou não uma quinta forma de pessoa jurídica da Administração Indireta. A doutrinadora Maria
Sylvia Zanella Di Pietro4, por exemplo, informa que a Administração Indireta é composta pelas autarquias,
fundações instituídas pelo Poder Público, as sociedades de economia mista, as empresas públicas e os
consórcios públicos.
Entretanto, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo entendem que não se trata de uma quinta forma de
pessoa jurídica da administração indireta. Perfilhamos com o entendimento dos autores, uma vez que os
2
e.g. Carvalho Filho, 2014, p. 463.
3
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 29.
4 Di Pietro, 2014, p. 493.
consórcios públicos, conforme dispõe a Lei 11.107/2005, podem adquirir personalidade jurídica de direito
público ou de direito privado. Na primeira hipótese, serão consideradas associações públicas, integrando
a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados (art. 6º, §1º). Nesse caso, nada mais
serão do que uma espécie de autarquias, conforme se depreende do art. 41, IV, do Código Civil, com a
redação dada pela própria Lei 11.107/2005:
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: [...] IV - as autarquias, inclusive as
associações públicas.
Na segunda hipótese, ou seja, quando adquirirem personalidade jurídica de direito privado, limitando-se à
interpretação da Lei 11.107/2005, os consórcios públicos não integram formalmente a administração
pública. Logo, também não podem ser considerados uma nova espécie de entidade administrativa.
(TCE PB - 2018) As entidades que integram a administração pública indireta incluem as autarquias, as
empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Comentários: fazem parte da Administração indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista. Note que a questão não menciona todas as entidades, mas
está correta, pois a pergunta não foi taxativa. Vale dizer: entre as entidades da Administração indireta,
incluem-se as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista. Correta, portanto, a
assertiva.
Características gerais
a) personalidade jurídica própria e, por isso, possuem responsabilidade por seus atos, patrimônio e
receita próprios e autonomia técnica, administrativa e financeira;
b) criação e extinção5 condicionada à previsão legal (lei cria ou autoriza a criação);
c) finalidade específica, definida pela lei de criação;
d) não estão subordinadas à Administração Direta, mas estão sujeitas a controle.
A personalidade jurídica própria significa que elas podem ser sujeitos de direitos e obrigações, sendo, por
conseguinte, responsáveis por seus atos. Para tanto, elas possuem patrimônio próprio,
independentemente de sua origem. Quando de sua criação, a entidade política que as criou transfere parte
de seu patrimônio que, a partir daí, passa a pertencer ao novo ente, servindo para viabilizar a prestação de
suas atividades e para garantir o cumprimento de suas obrigações.
Por exemplo, quando o Governo Federal criou a Agência Nacional de Aviação Civil – Anac, ocorreu a
transferência de patrimônio que antes pertencia ao Comando da Aeronáutica – órgão da Administração
Direta –, conforme determinou o art. 32 da Lei 11.182/2005 (Lei de criação da Anac): “Art. 32. São
transferidos à ANAC o patrimônio, o acervo técnico, as obrigações e os direitos de organizações do
Comando da Aeronáutica, correspondentes às atividades a ela atribuídas por esta Lei”.
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
5
Vamos analisar adiante que não há tanto rigor no que se refere à extinção de empresas estatais.
6 Por exemplo, a Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel, autarquia do Governo Federal, pode receber receitas
oriundas de taxas devidas pelas concessionárias, permissionárias e autorizadas dos serviços de telecomunicações ou,
ainda, receber dotações consignadas no Orçamento Geral da União.
Nesse contexto, Fernanda Marinela dispõe que por “lei específica” devemos entender a edição de uma lei
ordinária que terá como finalidade criar autarquias ou autorizar a criação das demais pessoas jurídicas.7
Na prática, a “lei específica” não significa que a lei tratará tão somente da criação da entidade. Por exemplo,
a Lei 10.233/2001 criou três autarquias – Agência Nacional de Transportes Terrestres; Agência Nacional de
Transportes Aquaviários; e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – e ainda dispôs sobre
o Sistema Federal de Viação e ainda criou um Conselho. Assim, o que não pode ocorrer é a criação ou
autorização genérica dessas entidades. Por exemplo, não pode uma lei autorizar o Poder Executivo a “criar
empresas públicas”. Cada entidade criada ou autorizada deve receber disposição legal para isso, ainda que
a lei trate de outras matérias conjuntamente.
Da mesma forma como ocorre na criação, também se exige previsão legal para extinguir ou autorizar a
extinção da entidade administrativa. Isso significa que não se pode extinguir a entidade por mero ato
administrativo, uma vez que deve haver paralelismo – o que foi feito por lei, somente por lei poderá ser
desfeito. ==1496dc==
A terceira característica é a finalidade específica, definida pela lei de criação (ou autorização). Assim, a
entidade se encontra vinculada a este tipo de atividade, atendendo ao princípio da especialidade. Se a
pessoa jurídica descumprir a sua finalidade, atuando em um escopo mais amplo do que o previsto, sua
atuação será ilegal, não podendo o ato administrativo contrariar aquilo que foi definido em lei.8
Por exemplo, o Departamento Nacional de Infraestrutura – DNIT, autarquia federal criada pela Lei
10.233/2001, tem o seu objetivo definido no art. 80 da Lei, compreendendo a implementação, em sua
esfera de atuação, da política formulada para a administração da infraestrutura do Sistema Federal de
Viação. Essa será a finalidade específica do DNIT, ao qual o Departamento encontra-se vinculado.
A última característica comum às entidades administrativas é que elas não estão subordinadas à
Administração Direta, embora estejam sujeitas ao controle destas. Já discutimos acima que, no caso de
descentralização, não há relação hierárquica. Contudo, as pessoas jurídicas integrantes da Administração
Indireta encontram-se vinculadas à Administração Direta, em geral ao ministério da área correspondente.
Por exemplo, a Anatel, que é uma autarquia sob regime especial criada com a função de órgão regulador
das telecomunicações, está vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Da
mesma forma, o INSS, que também é autarquia, tem por finalidade promover o reconhecimento de direito
ao recebimento de benefícios administrados pela Previdência Social, e, portanto, está vinculado ao
Ministério da Economia.
A vinculação, no entanto, não é subordinação nem relação hierárquica, mas tão somente uma forma de
assegurar o controle para fins de cumprimento das atividades da entidade. Nessa linha, o Decreto Lei
200/67 esclarece que o controle da Administração Indireta tem por objetivo (art. 26):
7
Apesar das considerações da autora, vamos observar adiante que, além das autarquias, as fundações públicas de direito
público também são criadas diretamente por lei específica.
8 Marinela, 2013, p. 112.
Por isso, diz-se que, entre as entidades administrativas e a Administração Direta, ocorre o chamado
controle finalístico, também chamado de supervisão ministerial.
Assim, essas pessoas jurídicas se submetem à fiscalização contábil, financeira e orçamentária dos Tribunais
de Contas; às ações do Ministério Público; e ao controle de legalidade do Poder Judiciário. Além disso,
também podemos mencionar as formas de controle da sociedade, como a ação popular ou representações
aos órgãos de controle do Estado.
Antes de finalizarmos, cumpre destacar que a doutrina diverge sobre a classificação do controle realizado
pela Administração Direta sobre a Indireta.
As entidades da Administração Indireta podem ser de direito público ou de direito privado. O que vai definir
isso será a forma de criação: serão de direito público quando criadas diretamente por lei específica e de
direito privado quando forem criadas pelo registro de seu ato constitutivo, após autorização para criação
em lei específica.
A matéria é tratada na Constituição Federal no inc. XIX do art. 37, nos seguintes termos:
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
A redação do inciso mencionado acima decorre de alteração da Emenda Constitucional 19/1998. Acontece
que, na antiga redação, as fundações também eram criadas diretamente por lei. Isso gerou muita polêmica
e divergência sobre a natureza jurídica e forma de criação das fundações públicas.
Atualmente, no entanto, o assunto foi resolvido pelo STF, que assentou o entendimento que atualmente
existem dois tipos de fundações públicas: as de direito público – criadas diretamente por lei específica; e
as de direito privado, criadas pelo registro de seu ato constitutivo, após receberem autorização legislativa.
Dessa forma, podemos concluir que as autarquias e fundações públicas de direito público são criadas
diretamente por lei específica. Ou seja, logo após a promulgação de suas leis, as entidades adquirem
personalidade jurídica, independentemente de qualquer procedimento complementar.
Por outro lado, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as fundações públicas de direito
privado são criadas após o registro de seu ato constitutivo no órgão competente, dependendo, para isso,
de autorização legislativa.
Quanto às fundações públicas, ainda vale destacar que a parte final do inc. XIX do art. 37 da CF/88
determina a edição de lei complementar para definir área de atuação das fundações públicas. Essa lei
complementar irá balizar a área de atuação tanto das fundações públicas de direito público quanto das de
direito privado. No entanto, até o presente momento, a mencionada lei não foi editada.
O quadro abaixo resume os procedimentos de instituição das pessoas jurídicas da Administração Indireta:
Aquisição da personalidade
Entidade administrativa Natureza jurídica
jurídica
Vigência da lei de criação Direito Público
▪ Autarquias
Vigência da lei de criação Direito Público
▪ Fundações públicas
Registro do ato constitutivo, Direito Privado
após autorização legislativa.
Registro do ato constitutivo, Direito Privado
▪ Empresas públicas;
após autorização legislativa.
▪ Sociedades de economia
mista
Encerrando o assunto, vale destacar novamente o que foi abordado no capítulo anterior. A doutrina
entende que a extinção de uma entidade administrativa deveria ocorrer pela mesma forma de sua criação.
Diz-se, assim, que há simetria entre a criação e a extinção. Em outros termos: se é necessária uma lei
específica para criar, teoricamente haveria a necessidade de uma lei para extinguir.
Entretanto, no julgamento da ADI 6241, o STF firmou um posicionamento menos restritivo para e extinção
das empresas estatais. Na visão do STF, basta uma autorização legislativa genérica, prevista em lei que
veicule programa de desestatização, para autorizar a desestatização (privatização ou extinção) de empresa
estatal. Por exemplo, o Programa Nacional de Desestatização – PND (Lei 9.491/1997) e o Programa de
Parceria de Investimentos (Lei 13.334/2016) autorizam genericamente a desestatização de empresas
estatais, conforme critérios definidos nestas leis. Contudo, duas regras devem ser observadas:
(i) a lei que autorizar genericamente as extinções de empresas estatais não pode “dar uma carta em
branco” para o Poder Executivo: a norma deve estabelecer uma política pública a ser atingida,
estabelecendo objetivos e regras. Por exemplo, a Lei do PND definiu uma política de redução do
tamanho do Estado, definindo casos de empresas estatais que poderiam ser extintas;
(ii) não será possível extinguir uma empresa estatal a partir de autorização legislativa genérica quando a
própria lei que autorizar a criação da entidade exigir uma lei específica para autorizar a sua extinção.
Por exemplo: a Lei X autorizou a criação de empresa estatal e, em um dos seus artigos, constava que
a extinção dessa entidade somente seria possível mediante autorização legislativa específica. Nesse
caso, a autorização genérica não será suficiente.
a) para as autarquias e fundações públicas deve-se observar a simetria, ou seja, se precisa de lei
específica para criar ou autorizar a criação, haverá necessidade de lei específica para extinguir ou
autorizar a extinção;
b) para as empresas estatais, em regra, não há necessidade de lei específica, bastante uma autorização
legislativa genérica, que estabelece uma política de extinção das estatais. Nesse caso, somente haverá
necessidade de autorização legislativa específica se a lei que autorizou a criação trouxe
expressamente esta necessidade.
Autarquias e
Por lei específica ou por autorização
fundações
em lei específica
públicos
Extinção de
entidade Regra: é suficiente a autorização
administrativa legislativa genérica
Empresas
estatais
Exceto: se a lei que autorizar a
instituição exigir lei específica para
autorizar a extinção
(EBSERH - 2018) Somente por decreto específico poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar definir
as áreas de atuação.
Comentários: o item é quase reprodução do art. 37, XIX, da Constituição Federal. Contudo, a criação e
extinção de entidades administrativas depende da edição de lei específica (e não de decreto). Por isso, a
assertiva está incorreta.
O Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello define autarquia como “pessoas jurídicas de Direito Público de
capacidade exclusivamente administrativa”. Para José dos Santos Carvalho Filho, pode-se conceituar a
autarquia como a “pessoa jurídica de direito público, integrante da Administração Indireta, criada por lei
para desempenhar funções que, despidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado”.
Outra importante definição é da lavra da Prof.ª Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que define autarquia como
a:
[...] a pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de autoadministração,
para o desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo
exercido nos limites da lei.
No ordenamento jurídico, é muito utilizada a definição prevista no Decreto-Lei 200/1967, que, apesar de
ser aplicado exclusivamente à Administração Pública federal, costuma servir de referência para os demais
entes. Vejamos, então, o conteúdo do art. 5º, I, do DL 200/1967:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
De forma mais simples, as autarquias representam uma extensão da Administração Direta, pois, em regra,
realizam atividades típicas de Estado, que só podem ser realizadas por entidades de direito público. Assim,
elas são a personificação de um serviço retirado da Administração Direta. Elas são criadas para fins de
especialização da Administração Pública, pois desempenham um serviço específico, com maior autonomia
em relação ao Poder central.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, há certo consenso entre os autores ao apontarem as características
das autarquias:
Assim como todas as demais entidades administrativas, não se encontram subordinadas a nenhum órgão
da Administração Direta, ou seja, elas não se submetem ao controle hierárquico da administração
centralizada, mas estão vinculadas à pessoa política que a criou, normalmente por intermédio do ministério
da área correspondente. Vejamos alguns exemplos de autarquias federais:
Quando se relacionam com os administrados, justamente pelo fato de serem pessoas jurídicas de direito
público, as autarquias agem como se fossem a própria Administração Pública central e, portanto, gozam
das mesmas prerrogativas e restrições que informam o regime jurídico-administrativo. Ademais, como
possuem personalidade jurídica própria, os seus direitos e obrigações são firmados em seu próprio nome.
Com efeito, ainda em decorrência da personalidade jurídica própria, como essas entidades recebem
competência em lei para desempenhar determinado serviço (princípio da especialização), as autarquias são
chamadas de serviço público personalizado.
No que se refere à relação com a Administração central, a Prof.ª Maria Di Pietro ensina o seguinte:
Complementa a autora afirmando que esse duplo aspecto – direito e obrigação – dá margem a outra
dualidade: independência e controle. Dessa forma, a capacidade de autoadministração é exercida nos
limites da lei; enquanto, da mesma forma, os atos de controle não podem ultrapassar os limites legais.
(TCE PB - 2018) Serviço autônomo com personalidade jurídica de direito público, patrimônio e receita
próprios, criado por lei para executar atividades típicas da administração pública que requeiram, para
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada é o conceito de autarquia.
Comentários: perfeito! As autarquias são entidades de direito público; possuem seu próprio patrimônio e
receita; são criadas por lei; e atuam de forma descentralizada. Vale lembrar que normalmente se utiliza a
expressão serviço público personalizado ou serviço autônomo para descrever a forma de criação dessas
entidades. Logo, o item está correto!
Conforme já estudado anteriormente, tanto a criação, quanto a extinção das autarquias devem ocorrer por
meio de lei específica, nos termos previstos no art. 37, XIX, da CF.
Na esfera federal, a lei para a criação ou extinção das autarquias é de iniciativa privativa do Presidente da
República, por força do art. 61, §1º, II, “e”1, da Constituição Federal. Essa regra aplica-se, por simetria, aos
estados, Distrito Federal e municípios. Assim, caberá aos governadores e prefeitos a iniciativa de lei para
a criação ou extinção de autarquia dentro da esfera de governo de cada um.
Entretanto, na hipótese de autarquia vinculada aos Poderes Legislativo ou Judiciário, a iniciativa de lei
caberá ao respectivo chefe de Poder.
Segundo o DL 200/1967, as autarquias são criadas para executar atividades típicas da Administração
Pública. A doutrina defende, então, que as autarquias devem executar serviços públicos de natureza social
e atividades administrativas, excluindo-se os serviços e atividades de cunho econômico e mercantil.2
1 Art. 61. [...] § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: [...]
II - disponham sobre: [...]
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI;
2 Carvalho Filho, 2014, p. 477.
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo mencionam como atividades desenvolvidas pelas autarquias a
prestação de serviços públicos em sentido amplo, a realização de atividades de interesse social e o
desempenho de atividades que envolvam as prerrogativas públicas, como o exercício do poder de polícia.
Com efeito, as autarquias podem ser criadas para o desempenho e fiscalização de obras, a exemplo do que
faz o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, criado pela Lei 10.233/2001.3
Como já abordado, as autarquias, assim como as demais entidades administrativas, não estão subordinadas
ao ente instituidor, ou seja, não há relação de hierarquia entre uma entidade autárquica e os órgãos da
administração direta do ente político que as instituiu. Diz-se, no entanto, que há vinculação administrativa,
normalmente com o ministério da área correspondente.
Por exemplo, o DNIT está vinculado ao Ministério da Infraestrutura; o INSS está vinculado ao Ministério da
Economia; a Anatel vincula-se ao Ministério das Comunicações; a Ancine4 encontra-se vinculada ao
Ministério do Turismo; e assim por diante.
O órgão da administração direta exerce sobre a autarquia o denominado controle finalístico – também
conhecido como tutela administrativa ou supervisão (normalmente chamada de “supervisão ministerial”
em decorrência da vinculação com os ministérios).
A grande diferença do controle hierárquico (quando há relação de hierarquia) e o controle finalístico, é que
o primeiro é mais amplo, sendo considerado presumido e permanente, abrangendo todos os aspectos da
atuação do subordinado controlado, independentemente de previsão legal; o controle finalístico, por outro
lado, só pode ocorrer nos limites expressamente previstos em lei.
(PC MA - 2018) As autarquias são pessoas jurídicas com capacidade de autodeterminação, patrimônio e
receitas próprias, criadas por lei para o desempenho de atividades típicas do Estado, submetidas ao
controle hierárquico pela administração pública direta.
3Lei 10.233/2001: Art. 80. Constitui objetivo do DNIT implementar, em sua esfera de atuação, a política formulada para a
administração da infra-estrutura do Sistema Federal de Viação, compreendendo sua operação, manutenção, restauração
ou reposição, adequação de capacidade, e ampliação mediante construção de novas vias e terminais, segundo os
princípios e diretrizes estabelecidos nesta Lei.
4 Agência Nacional do Cinema.
5 Meirelles, 2013, p.
Comentários: as autarquias não se submetem ao controle hierárquico, uma vez que não há subordinação
com o ente instituidor, mas apenas tutela ou controle finalístico. Desta forma, a assertiva está incorreta.
A Constituição Federal de 1988, na redação inicial do art. 39, determinava que a União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios deveriam instituir, no âmbito de sua competência, regime jurídico único (RJU) para
os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
Dessa forma, os entes da Federação deveriam instituir o mesmo regime jurídico para os servidores da
administração direta, autárquica e fundacional. A Constituição não determinou que o regime devesse ser
estatutário, apenas impôs que os entes adotassem um regime jurídico único. Contudo, o regime
estatutário, em virtude das inúmeras garantias que representa ao servidor, foi o que prevaleceu.6
No entanto, a Emenda Constitucional 19/1998 alterou a redação do art. 39, caput, da Constituição, tendo
por objetivo abolir o regime jurídico único. A nova redação, portanto, permitiu a adoção de regime jurídico
múltiplo, ou seja, um mesmo ente poderia utilizar tanto o regime estatutário quanto o regime celetista
para a administração direta, autarquias e fundações públicas. Para ter uma noção melhor, vamos comparar
as duas redações do art. 39, caput, antes e pós EC 19/1998:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,
regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das
autarquias e das fundações públicas.
Redação instituída pela EC 19/1998 (atualmente suspensa pela ADI 2.135):
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de
administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes.
Contudo, ao analisar a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 2.135, o STF, em sede de cautelar,
reconheceu a inconstitucionalidade formal da nova redação do art. 39 da CF, uma vez que não foram
observadas as regras para alteração do texto constitucional, resgatando, por conseguinte, o regime jurídico
único. Todavia, a medida foi tomada com efeitos ex nunc, ou seja, os efeitos valem da data da decisão
(2/7/2007) em diante. Com isso, toda a legislação editada durante a vigência da redação do art. 39, caput,
com redação dada pela EC 19/1998, contínua válida, bem como as respectivas contratações de pessoal.7
Assim, a partir da decisão e até que o STF pronuncie-se definitivamente sobre o mérito da ADI 2.135, voltou
a vigorar a redação inicial do art. 39, caput, da Constituição Federal. Dessa forma, atualmente os entes
devem possuir regime jurídico único, aplicável a todos os servidores da Administração Direta, das
autarquias e das fundações públicas. Com efeito, atualmente não é mais permitida a contratação
concomitante de servidores públicos (regime estatutário) e empregados públicos (regime celetista) na
administração direta, autárquica e fundacional dos entes políticos, uma vez que vigora novamente a regra
do regime jurídico único.
Tendo em vista que o regime estatutário foi adotado pelo Governo Federal, as autarquias e fundações,
atualmente, seguem este tipo de regime. Com efeito, o art. 1º8 da Lei 8.112/1990 – que institui o regime
jurídico dos servidores públicos civis da União – deixa claro que suas normas se aplicam às “autarquias,
inclusive as em regime especial” e às fundações públicas federais.
Nesse contexto, os agentes das autarquias, assim como todos os servidores públicos, sujeitam-se a regras
como: exigência de concurso público (CF, art. 37, II); proibição para acumulação (CF, art. 37, XVII); teto
remuneratório (CF, art. 37, XI); direito à estabilidade (CF, art. 41); regras de regime especial de
aposentadoria (CF, art. 40); seus atos são passíveis de remédios constitucionais e ao controle de
improbidade administrativa; bem como são considerados funcionários públicos para fins penais.9
A nomeação dos dirigentes das autarquias cabe privativamente ao Presidente da República, nos termos do
art. 84, XXV10, da Constituição Federal. Essa competência aplica-se, por simetria, aos governadores e
prefeitos.
A forma de investidura será disciplinada na lei que criar a entidade. Em alguns casos, a Constituição Federal
exige que o nome indicado pelo chefe do Poder Executivo dependerá de aprovação pelo Poder Legislativo,
como ocorre com a indicação do presidente e dos diretores do Banco Central (CF, art. 84, XIV11), que
depende de aprovação do Senado Federal (CF, art. 52, III, "d"). Ademais, a Constituição Federal prevê que
o Senado aprovará a escolha de “titulares de outros cargos que a lei determinar” (CF, art. 52, III, “f”). É o
que acontece, por exemplo, com a indicação dos diretores das agências reguladoras (Anatel, Antaq, ANP,
etc.), em que a legislação determina que a nomeação será aprovada previamente pelo Senado, tomando
como fundamento o art. 52, III, “f” da Constituição.
7
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 46.
8 Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
especial, e das fundações públicas federais.
9 Marinela, 2013, p. 128.
10 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...]
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
11 Art. 84. [...] XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do
banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
Por outro lado, o STF entende que a legislação estadual não pode submeter à aprovação prévia da
Assembleia Legislativa a nomeação de dirigentes das autarquias e das fundações públicas, de presidentes
das empresas de economia mista e assemelhados.12
No caso, o Supremo entende que a legislação estadual somente poderá condicionar a escolha dos diretores
de autarquias quando se tratar de agências reguladoras, uma vez que, nesse caso, existe previsão
equivalente em âmbito federal.
Ademais, o STF entende que é vedada e exigência de autorização legislativa para a exoneração de
dirigentes da administração indireta pelo chefe do Poder Executivo. Com efeito, também não é possível
que a exoneração seja efetivada diretamente pelo Poder Legislativo. Dessa forma, em respeito ao princípio
da separação dos poderes, não é possível que a exoneração de dirigentes das autarquias seja realizada pelo
Poder Legislativo, nem mesmo que se exija autorização desse Poder para que o chefe do Executivo possa
exonerá-los.13
a) a escolha e nomeação dos dirigentes de autarquias e de fundações cabe ao chefe do Poder Executivo;
b) em casos excepcionais, a escolha do dirigente poderá ser condicionada à aprovação pelo Poder
Legislativo (sabatina), como ocorre com os dirigentes do Banco Central e das agências reguladoras;
c) no âmbito dos estados, a legislação não poderá condicionar a escolha dos dirigentes à aprovação do
Legislativo, exceto no caso de agências reguladoras;
d) em nenhum caso, a exoneração poderá depender de aprovação do Legislativo nem ser realizada
diretamente por este Poder.
De acordo com o novo Código Civil, “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem” (CC, art. 98).
Por conseguinte, a natureza dos bens das autarquias é a de bens públicos, uma vez que essas entidades
são pessoas jurídicas de direito público. Em decorrência dessa qualificação, os bens das autarquias possuem
os mesmos atributos dos bens públicos em geral14, destacando-se a impenhorabilidade (não podem ser
objeto de penhora – assim, a execução de judicial em desfavor de uma autarquia se submete ao regime de
precatórios, nos termos do art. 100, CF); a imprescritibilidade (não podem ser adquiridos por meio de
usucapião); e as restrições quanto à alienação de bens públicos (que se submetem a regras específicas).
Ademais, o patrimônio inicial da autarquia é oriundo de transferências do ente que as criou, passando a
pertencer à nova entidade. Por outro lado, ao se extinguir a autarquia, os seus bens serão reincorporados
ao patrimônio da pessoa política15.
a) imunidade tributária recíproca: o art 150, §2º, da CF (c/c17 art. 150, VI, “a”), veda a instituição de
impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculadas a suas
finalidades essenciais ou às que delas decorram. O entendimento literal é que a imunidade protege
somente o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades essenciais das autarquias, ou
decorrentes dessas finalidades. No entanto, o STF possui um entendimento mais amplo,
estendendo a aplicação da imunidade tributária à renda decorrente de atividades estranhas às
finalidades da autarquia, desde que esses recursos sejam integralmente aplicados nas finalidades
essenciais da entidade.18
Assim, se uma autarquia federal alugar um imóvel pertencente ao seu patrimônio e empregar a renda
decorrente da locação em suas finalidades essenciais, o município em que está sediado o imóvel não poderá
cobrar-lhe o IPTU.
b) impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: os seus bens não podem ser penhorados como
instrumento coercitivo para garantia do credor. Os débitos decorrentes de decisões judiciais
transitadas em julgado devem ser quitados por meio do sistema de precatórios (CF, art. 100). As
regras de exigibilidade seguem as linhas próprias da legislação processual.19
c) imprescritibilidade de seus bens: os bens das autarquias são considerados bens públicos e,
portanto, não podem ser adquiridos por terceiros por meio de usucapião;
d) prescrição quinquenal: as dívidas e os direitos em favor de terceiros contra as autarquias
prescrevem em cinco anos (Decreto 20.910/1932, art. 1º20, c/c Decreto-Lei 4.597/1942, art. 2º21).
Dessa forma, se alguém tem um crédito contra uma autarquia, deverá promover a cobrança nesse
prazo, sob pena de prescrever o direito de ação;
e) créditos sujeitos à execução fiscal: possibilidade de inscrever os seus créditos em dívida ativa e
realizar a respectiva cobrança por meio de execução fiscal, na forma da Lei 6.830/1980;
f) principais situações processuais específicas:
→ prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais – (Novo CPC, art. 183);22
→ estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório, de forma que a sentença proferida contra
tais entidades, ou a que julgar, no todo ou em parte, embargos opostos à execução de sua dívida
ativa, só adquirem eficácia jurídica se confirmada por tribunal (Novo CPC, art. 496).
O duplo grau de jurisdição obrigatório significa que o juiz, ao prolatar a sentença, deverá determinar a
remessa dos autos ao tribunal, ainda que não tenha ocorrido recurso voluntário (apelação). Caso o juiz não
o faça, deverá o presidente do tribunal avocar os autos (Novo CPC, art. 496, § 1º). De forma simples, seria
como “um recurso de ofício”, aplicável a maioria das decisões proferidas contra as entidades políticas,
autarquias e fundações públicas. 23
→ isenção de custas judiciais, com exceção da obrigação de reembolsar as despesas judiciais feitas
pela parte vencedora (Lei 9.289/1996, art. 4º, I e parágrafo único);
→ dispensa de apresentação do instrumento de mandato, pelos procuradores de seu quadro de
pessoal, para a prática de atos processuais em juízo (Lei 9.469/1997, art. 9º);
contribuições, exigidas em virtude de lei federal, estadual ou municipal, bem como a todo e qualquer direito e ação contra
os mesmos.
22 Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal.
§ 1o A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o
ente público.
23De acordo com o Novo Código de Processo Civil, o duplo grau de jurisdição não se aplicará em dois grupos de casos. O
primeiro refere-se ao “proveito econômico obtido na causa”, isto é, quando o valor certo e líquido for inferior a (CPC, art.
496, § 3º):
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito
público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
O segundo grupo refere-se aos casos em que a sentença esteja fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
(TRT MS - 2017) Os bens e rendas das autarquias, não apenas quando vinculados a suas finalidades
essenciais, mas em toda e qualquer circunstância, possuem imunidade tributária.
Comentários: a imunidade tributária recíproca alcança o patrimônio, a renda e os serviços das autarquias,
desde que vinculadas a suas finalidades essenciais ou que sejam decorrentes dessas (CF, art. 150, VI, “a”
e § 2º). Portanto, em regra, a imunidade alcança tão somente os bens ligados às finalidades essenciais
dessas entidades. O STF até possui uma interpretação um pouco mais ampla, alcançando o patrimônio e a
renda não ligados diretamente às finalidades essenciais, mas desde que os recursos oriundos sejam
aplicados integralmente na finalidade essencial da entidade. Por exemplo: a renda decorrente da locação
de um imóvel pertencente a uma autarquia não será tributada se o recurso for integralmente aplicado na
finalidade da autarquia. Contudo, isso não significa que ela será aplicada a qualquer circunstância. A
questão, portanto, está incorreta.
A responsabilidade civil do Estado diz respeito ao dever de reparar danos causados pelos agentes públicos
a terceiros. Por exemplo: se um servidor de uma autarquia, cumprindo as suas atividades funcionais, causar
um acidente de trânsito, danificando veículos de terceiros, haverá a responsabilidade civil do Estado (por
intermédio da autarquia), que terá que indenizar os proprietários dos veículos danificados.
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público e, portanto, respondem na forma do art. 37, § 6º, da
Constituição Federal. Nesse caso, a responsabilidade civil será objetiva, pois independe de dolo ou culpa
e a teoria aplicável será a teoria do risco administrativo.
Esse tema tem vários detalhes e exceções. Por ora, vamos nos limitar a regra geral: as autarquias
respondem objetivamente pelos danos que os seus agentes públicos causarem a terceiros.
Nos termos do art. 109, I, da CF, serão julgadas na Justiça Federal as causas em que uma autarquia federal
for interessada na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes. Na mesma linha, os mandados de
segurança contra atos coatores de agentes autárquicos federais também serão processados e julgados na
Justiça Federal (CF, art. 109, VIII).
Súmula Vinculante nº 27
No caso das autarquias estaduais ou municipais, não existe regra específica. Por conseguinte, será da Justiça
Estadual as causas em que figurarem as autarquias estaduais e municipais, inclusive nos mandados de
segurança contra atos das autoridades dessas entidades.
Por fim, no que se refere às ações de relação de trabalho, a competência ocorrerá de acordo com o regime
de pessoal adotado. Na esfera federal, as causas entre os servidores públicos (vínculo estatutário) e as
autarquias, serão processadas e julgadas na Justiça Federal. Nos estados e municípios, essas mesmas
causas serão de competência da Justiça Estadual. Por fim, em qualquer caso, quando o regime for o
celetista (empregados públicos), as causas serão resolvidas na Justiça do Trabalho (CF, art. 114). Contudo,
é importante lembrar que, com o retorno da redação primitiva do art. 39, caput, da Constituição Federal
(regime jurídico único), não é mais possível a existência de dois regimes para o pessoal da administração
direta, autárquica e fundacional.
(TJDFT - 2013) Nos litígios comuns, as causas que digam respeito às autarquias federais, sejam estas
autoras, rés, assistentes ou oponentes, são processadas e julgadas na justiça federal.
Comentários: conforme redação do art. 109, I, da Constituição Federal, as causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes serão processadas e julgadas na Justiça Federal. Assim, o item está correto.
Existem dois tipos de atos, os atos administrativos, que gozam de certos atributos que colocam a
Administração em posição de superioridade perante o administrado, como a presunção de veracidade e de
legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade; e os atos de direito privado, que, de forma geral,
são produzidos em condições de igualdade na relação Administração e administrados.
Da mesma forma, os contratos podem ser contratos administrativos, que possuem as chamadas cláusulas
exorbitantes, que asseguram a posição de superioridade da Administração ante o administrado; e os
contratos de direito privado, em que as partes (Administração e administrados) estão em condições de
igualdade.
As autarquias, como são entidades de direito público e que realizam atividades típicas de Estado,
formalizam, em regra, atos administrativos e contratos administrativos. Vale dizer, seus atos possuem
todos os requisitos de validade (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) e possuem os atributos
de presunção de veracidade e de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade; enquanto os seus
contratos sujeitam-se ao mesmo regime jurídico direito público dos ajustes da administração direta.
Lembrando, é claro, que em algumas hipóteses, da mesma forma como na administração direta, as
autarquias realizarão atos e contratos de direito privado. É o que ocorre, por exemplo, em um contrato de
compra e venda da Administração.
Por fim, os contratos firmados pelas autarquias devem se submeter previamente à licitação, na forma da
Lei 14.133/2021 (Lei de Licitações), com exceção das ressalvas previstas na própria Lei de Licitações (as
exceções ao dever de licitar são denominadas de dispensa e inexigibilidade de licitação) (CF, art. 22, XXVII;
L14133, art. 1º, caput).
Os conselhos regionais e federais de fiscalização de profissão, com exceção da OAB, são autarquias
federais24 (conhecidas como autarquias corporativas ou profissionais), consoante entendimento do STF
(MS 22.643/SC).
Por conseguinte, os conselhos de fiscalização de profissão (exemplos: Conselho Federal de Medicina – CFM;
conselhos regionais de medicina – CRM; Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea; Conselho
Federal de Nutricionistas – CFN; conselhos regionais de nutricionistas – CRN), como entidades autárquicas
federais, são (RE 539.224/CE):
▪ criados por lei, tendo personalidade jurídica de direito público com autonomia administrativa e
financeira;
▪ exercem a atividade de fiscalização de exercício profissional, atividade tipicamente pública;
24Os conselhos regionais são entidades federais. Pode parecer confuso, mas os conselhos “regionais” não pertencem aos
estados. Por exemplo: o Conselho Regional de Medicina de São Paulo é uma entidade autárquica da União (e não do estado
de SP). Consequentemente, a prestação de contas destas entidades será analisada pelo TCU e a tutela é realizada pela
União.
Adicionalmente, também podemos afirmar que os conselhos devem fazer concurso público e licitação.
Todavia, o STF vem entendendo que os conselhos profissionais são “autarquias sui generis”, ou seja, são
autarquias que seguem um regime especial. Assim, ainda que sejam entidades de direito público, os
conselhos se submetem a um regime híbrido ou regime especial, misturando regras de direito público com
regras de direito privado.
Nessa linha, os conselhos contratam pessoal mediante concurso público. Porém, o STF admite que esse
regime seja o da CLT. Dessa forma, os agentes públicos dos conselhos são empregados públicos, que são
contratados por concurso, mas não adquirem estabilidade.
Além disso, o STF já entendeu que “os pagamentos devidos em razão de pronunciamento judicial pelos
conselhos de fiscalização não se submetem ao regime de precatórios” (RE 938.837). Esse "regime de
precatórios" é a forma como o Estado paga as suas "dívidas" decorrentes de decisões judiciais. Por exemplo:
se você processar o Estado e "ganhar" a ação, em regra, o seu pagamento ocorrerá por meio de um
"precatório", uma vez que os bens públicos não podem ser penhorados. Contudo, a cobrança de dívidas
dos conselhos segue regramento semelhante ao das entidades privadas, como por exemplo por intermédio
da penhora de seus bens, já que não se lhes aplica o regime de precatórios.
A situação da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, contudo, é diferente. Para o STF, a OAB não integra
a Administração Pública, sendo considerada um serviço público independente, categoria ímpar no elenco
das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro (ADI 3.026/DF). Consequentemente, a OAB:
Sobre este último item, o STF resolveu uma polêmica sobre o dever de prestar contas ao TCU. A Corte de
Contas entendia que, apesar de não compor a Administração, a OAB deveria prestar contas ao Tribunal,
pois as suas anuidades eram recolhidas compulsoriamente, possuindo natureza semelhante aos tributos.
O STF, contudo, afastou a determinação do TCU e a obrigação da prestação de contas, alegando que os
recursos da OAB não possuem natureza tributária que a entidade, em razão do seu papel constitucional,
não poderia se submeter a qualquer tipo de controle estatal. Ao final, foi fixada a seguinte tese de
repercussão geral: “O Conselho Federal e os Conselhos Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil não
estão obrigados a prestar contas ao Tribunal de Contas da União nem a qualquer outra entidade externa”.
Podemos concluir, dessa forma, que as entidades de fiscalização de profissão integram a Administração
Pública indireta federal, com exceção da OAB, que não faz parte da Administração Pública.
Autarquias
Administração indireta
Regime híbrido
Regra
Pessoal: CLT
Conselhos de
fiscalização
Não se submetem ao regime de
precatórios
Exceção OAB
(TJ CE - 2018) Embora seja reconhecida a natureza autárquica dos conselhos de classe, em razão da
natureza privada dos recursos que lhes são destinados, essas entidades não se submetem ao controle
externo exercido pelo TCU.
Comentários: os conselhos de fiscalização de atividade profissional possuem natureza autárquica,
conforme informado na questão. Consequentemente, por integrarem a Administração indireta federal,
submetem-se ao controle externo do TCU! Portanto, a assertiva está incorreta.
==1496dc==
Muito se tem falado sobre as “autarquias sob regime especial”. Porém, a legislação raramente apresenta
a definição adequada.
José dos Santos Carvalho Filho apresenta uma classificação das autarquias quanto ao regime jurídico em:
(a) autarquias comuns (ou de regime comum); (b) autarquias especiais (ou de regime especial). As
primeiras apresentam um regime sem qualquer especificidade, enquanto as últimas seriam regidas por um
regime com disciplina específica, atribuindo como característica algumas prerrogativas especiais e
diferenciadas a certas autarquias.
Todavia, o difícil é saber sobre o que elas se distinguem. Assim, alguns autores mencionam o regime
previsto no Decreto Lei 200/1967 como o regime ordinário, comum ou normal, enquanto as autarquias sob
regime especial receberiam de suas leis instituidoras as características próprias. No entanto, o DL 200/1967
aplica-se exclusivamente ao governo federal e, em geral, os entes administrativos não possuem uma norma
que discipline o regime ordinário dessas entidades.
De qualquer forma, devemos saber que as autarquias sob regime especial são entidades que recebem
características próprias do ordenamento jurídico, em geral com o objetivo de outorgar-lhes maior
autonomia em relação ao ente instituidor.
Atualmente, o exemplo mais comum são as agências reguladoras. Não significa que todas as autarquias sob
regime especial são agências reguladoras, porém este é o exemplo mais comum. Algumas universidades
também recebem a designação de autarquia especial e, para parte da doutrina, os consórcios públicos,
quando organizados na forma de associação pública, também são considerados autarquias sob regime
especial. Por fim, os conselhos de fiscalização de atividade profissional são entidades autárquicas, mas
sujeitos a regime especial com regras próprias.
Para exemplificar, vamos apresentar o conteúdo do art. 8º, caput e § 2º, da Lei 9.472/1997, que criou a
Anatel:
Importante também é destacar que não se confunde autarquia sob regime especial com agências
executivas, pois estas são autarquias que cumpriram os requisitos previstos em lei (Lei 9.649/1998, art. 51)
para receber a mencionada qualificação, podendo ser, inclusive, as autarquias “normais”; enquanto
aquelas são as autarquias que receberam um regime especial de sua lei instituidora.
Não há uma definição exata do surgimento das agências reguladoras no mundo. Segundo Alexandre Santos
Aragão, as agências reguladoras possuem como marco principal a Interstate Commerce Commission, criada
nos Estados Unidos da América em 1887 para regulamentar os serviços interestaduais de transporte
ferroviário.
No Brasil, as primeiras entidades com funções regulatórias e fiscalizatórias do setor econômico já existiam
no início do século XX, conforme destaca Maria Sylvia Zanella Di Pietro:26
No entanto, a adoção do modelo atual e a designação de “agência reguladora” surge no bojo da Reforma
Gerencial, a partir de 1995. Assim, as emendas constitucionais 8 e 9 de 1995 incluíram o termo “órgão
regulador” na Constituição Federal de 1988, especificamente para tratar da regulação dos serviços de
telecomunicações (art. 21, XI) e atividades relacionadas com o petróleo (art. 177, §2º, III), vejamos:
Art. 21. Compete à União: [...] XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
Art. 177. Constituem monopólio da União: [...] § 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: [...]
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;
A partir desses dispositivos, foram criadas as duas agências reguladoras que possuem respaldo
constitucional: a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), criada pela Lei 9.472, de 16 de julho de
1997, e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), criada pela Lei 9.478, de 6 de agosto de 1997.
Deve-se destacar que essas foram as primeiras agências reguladoras criadas com previsão constitucional,
mas há outras agências criadas pelo legislador infraconstitucional. Assim, atualmente, existem onze
agências reguladoras federais, sendo que somente a Anatel e a ANP possuem previsão na CF, vejamos:
Assim, podemos perceber que a primeira agência reguladora criada no âmbito federal foi a Agência
Nacional de Energia Elétrica, criada em 26 de dezembro de 1996 com a finalidade de regular e fiscalizar a
“produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as
políticas e diretrizes do governo federal” (art. 2º, Lei 9.427/1996).
As agências reguladoras surgiram no Brasil a partir da década de 90, durante o período da Reforma
Gerencial ou Reforma do Aparelho do Estado. Esse foi um período em que o modelo intervencionista, ou
de prestação direta de serviços, foi substituído por um modelo regulador, em que o Estado diminuiu a sua
atuação direta na economia, privatizando diversas empresas estatais. Todavia, para o desequilíbrio do
mercado em virtude do poder econômico das grandes empresas, foi necessário criar entidades
administrativas com grande capacidade técnica e autonomia para realizar a regulação da atividade
econômica. Essas entidades são as agências reguladoras.
No Brasil, elas se inserem no estudo da regulação. Inicialmente, foram criadas para regular atividades
econômicas atribuídas ao Estado, possuindo ou não natureza de serviço público, sendo objeto de
concessão, permissão ou autorização. Isso ocorreu primeiro nos setores de energia elétrica,
telecomunicações, exploração de petróleo e outras. Dessa forma, pode-se dizer que as agências
reguladoras passaram a desempenhar uma dupla função:27
a) de um lado, elas assumem os poderes e encargos do poder concedente nos contratos de concessão,
como os de fazer licitação, contratar, fiscalizar, punir, alterar, rescindir, encampar etc;
b) de outro lado, as agências exercem a atividade chamada de regulação propriamente dita que, em
sentido amplo, abrange a competência de estabelecer regras de conduta, fiscalizar, reprimir, punir,
resolver conflitos, não só no âmbito da própria concessão, mas também nas relações com outras
prestadoras de serviços.
A despeito de a primeira função praticamente estar abrangida pela segunda, Maria Di Pietro faz uma
abordagem em separado para destacar o papel clássico das agências de atuar em nome do poder
concedente, como parte do contrato de concessão, e, por outro lado, o papel mais amplo de resolver
conflitos e garantir a competição.
Para exemplificar, devemos lembrar que a Anatel é responsável pelos contratos de concessão de telefonia
e, ao mesmo tempo, promove a competição e resolve conflitos sobre a prestação de serviços.
No entanto, além desses papéis desempenhados pelas primeiras agências, atualmente a Administração
Federal possui agências com papel tipicamente de poder de polícia, voltadas para outras áreas de atividade
privada, sem que ocorra concessão de serviço público. São exemplos a Agência de Vigilância Sanitária
(Anvisa), a Agência Nacional de Saúde Pública Suplementar (ANS) e a Agência Nacional de Águas (ANA).
Ainda assim, essas entidades fiscalizam, reprimem, aplicam sanções e impõem outras limitações
administrativas. Percebe-se, portanto, que atualmente as agências reguladoras atuam em um campo mais
amplo que os serviços públicos.
Nessa linha, esse tipo de agência que exerce atividade típica de poder de polícia, não representa novidade
no Direito Público brasileiro. Isso porque, desde a década de 30-45, conforme vimos acima, já existiam
entidades que exerciam esse tipo de fiscalização. Dessa forma, o nosso ordenamento jurídico comporta, há
várias décadas, a existência de entidades que exercem o poder de polícia, nos moldes que fazem a ANS, a
ANA, a Anvisa, etc., mas, ainda assim, não recebem a designação de agências reguladoras.
Por exemplo, o Banco Central do Brasil (Bacen) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) possuem funções
normativas e de fiscalização, mas não são considerados agências reguladoras em sentido estrito.
Assim, de acordo com Maria Sylvia Di Pietro, agência reguladora, em sentido amplo, é “qualquer órgão da
Administração Direta ou Indireta com função de regular a matéria específica que lhe está afeta”. Dessa
forma, esse conceito abrange, além das “verdadeiras” agências reguladoras que vimos acima, o Bacen, a
CVM, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e outros órgão com função de regulação e
fiscalização.
Assim, nesse segundo conceito, no nível federal, encontramos apenas aquelas onze agências reguladoras
que mencionamos acima.
Em concursos e, por conseguinte, no restante da aula, vamos utilizar apenas o conceito estrito de agência
reguladora.
Em geral, costuma-se dizer que as agências reguladoras são autarquias sob regime especial. Diz-se especial,
pois essas entidades possuem algumas características distintivas das demais autarquias, concedendo-lhes
maior autonomia em relação ao ente instituidor.
A mais marcante característica das agências reguladoras se refere ao mandato fixo de seus membros,
conforme prazo disposto na Lei Geral das Agências Reguladoras.
Isso porque os dirigentes das autarquias “comuns” podem ser exonerados ad nutum, ou seja, o chefe do
Poder Executivo pode exonerá-los a qualquer momento. Dessa forma, apesar de todas as autarquias
possuírem maior autonomia em relação ao ente instituidor, os seus dirigentes podem ser exonerados a
qualquer momento.
Por outro lado, nas agências reguladoras, a aprovação e exoneração dos diretores não é tão flexível,
permitindo que eles atuem com maior autonomia em relação ao Presidente da República, por exemplo.
Outra característica dessas entidades é que elas devem possuir competência regulatória para serem
consideradas agências reguladoras. Ou seja, uma autarquia será considerada uma agência reguladora, em
sentido estrito, quando os seus membros possuírem mandato fixo e, ao mesmo tempo, possuírem
competências regulatórios em um setor específico (telecomunicações, petróleo, cinema etc.).
Por fim, outro ponto que define as agências reguladoras em sentido estrito é a designação formal. Em
outras palavras, uma entidade será considerada agência reguladora se a lei assim a designar.
Dois “conjuntos” de exemplos vão demonstrar isso. Primeiramente, todas as onze agências reguladoras do
governo federal são agências reguladoras simplesmente porque a Lei 13.848/2019 assim as denomina.
Vejamos a redação do art. 2º da citada norma:
Art. 2º Consideram-se agências reguladoras, para os fins desta Lei e para os fins da Lei
nº 9.986, de 18 de julho de 2000:
Por outro lado, o Banco Central do Brasil – Bacen possui características muito semelhantes a essas
entidades: exerce atividade de regulação e fiscalização; é formado por um colegiado; possui autonomia
acentuada, especialmente pelo mandato fixo dos seus membros (LC 179/2021, art. 4º). Todavia, o Bacen
não é considerado uma agência reguladora.
Simplesmente porque a legislação não chama o Bacen de agência reguladora. Portanto, a designação é
formal, ou seja, basta que a “lei” denomine a entidade como agência reguladora, além de lhe outorgar
funções e características desse tipo de entidade.
Depois dessa apresentação, vamos discutir o conceito e as características das agências reguladoras,
abordando inclusive as questões de autonomia.
[...] autarquias sob regime especial, dotadas de considerável autonomia frente à Administração
centralizada, incumbidas do exercício de funções regulatórias e dirigidas por colegiado cujos
membros são nomeados por prazo determinado pelo Presidente da República, após prévia
aprovação pelo Senado Federal, vedada a exoneração ad nutum.
Portanto, as agências reguladoras são autarquias sob regime especial, integrantes da Administração
indireta, criadas por lei, dotadas de autonomia financeira e orçamentária, organizadas em colegiado cujos
membros detém mandato fixo, com a finalidade de regular e fiscalizar as atividades de prestação de
serviços públicos. Não estão subordinadas a nenhum outro órgão público, sofrendo apenas a supervisão
ministerial da área em que atuam.
Assim, as agências reguladoras não representam uma nova entidade administrativa, elas são apenas uma
forma especial de autarquia. Ou seja, atualmente nós possuímos quatro tipos de entidades administrativas,
quais sejam as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista, sendo
que as agências reguladoras são apenas um modelo diferente das primeiras.
Percebam que o conceito que apresentamos de autarquia envolve a autonomia. Contudo, as agências
reguladoras possuem uma autonomia ainda maior, ao ponto de alguns autores chamarem de
independência. Lembramos, todavia, que a expressão “independência” é inadequada, já que a entidade se
submete a diversas formas de controle dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Nessa linha, Maria Di Pietro dispõe que o regime especial dessas entidades vem disciplinado em suas leis
instituidoras, dizendo respeito, em regra, (a) à maior autonomia em relação à Administração direta; (b) à
estabilidade de seus dirigentes, garantida pelo exercício de mandato fixo, que eles somente podem perder
nas hipóteses expressamente previstas, afastada a possibilidade de exoneração ad nutum, e; (c) ao caráter
final de suas decisões, que não são passíveis de apreciação por outros órgãos ou entidades da
Administração Pública (em regra).
Assim, a autora faz uma relação entre as margens de autonomia das agências em relação a cada um dos
três poderes:
a) em relação ao Poder Legislativo – porque dispõem de função normativa, que justifica o nome de
órgão regulador ou agência reguladora;
b) em relação ao Poder Executivo – porque suas normas e decisões não podem ser alteradas ou
revistas por autoridades estranhas ao próprio órgão;
c) em relação ao Poder Judiciário – porque dispõem de função quase-jurisdicional, no sentido de que
resolvem, no âmbito das atividades controladas pelas agências, litígios entre os delegatários
(empresas/pessoas que prestam serviços mediante concessão, permissão ou autorização) e entre
estes e os usuários dos serviços públicos.
Por exemplo, em relação ao Poder Judiciário, apesar de suas decisões (das agências) terem um caráter
quase-jurisdicional, uma vez que encerram a discussão no âmbito administrativo, não afastam a
possibilidade de apreciação da decisão pelo Judiciário, nos termos previstos no art. 5º, XXXV, da CF/88.
Com efeito, as agências reguladoras se submetem ao controle externo realizado pelos tribunais de contas,
que podem realizar auditorias e inspeções para verificar o desempenho das entidades, e do Poder
Legislativo. Ademais, o poder normativo das agências não pode conflitar com os regramentos previstos na
Constituição e nas leis.
Elas submetem-se também ao controle interno (como a Controladoria Geral da União – CGU) e à vinculação
ao ministério do setor correspondente, para fins de tutela ou supervisão ministerial.
Dessa forma, podemos perceber que a autonomia é muito relativa e só é marcante em relação ao Poder
Executivo. A autonomia elevada, nesse contexto, tem como principal função diminuir as influências
políticas sobre a atuação da agência como órgão regulador.
Além disso, a Lei 13.848/2019 dispõe que a natureza especial conferida à agência reguladora é
caracterizada pela (art. 3º):
Em geral, costumamos dizer que entre a Administração Direta e a Indireta existe “tutela”, que ocorre por
meio da vinculação ou controle finalístico. Esse é um termo doutrinário que explica como ocorre o controle
sobre as entidades administrativas.
O legislador, contudo, expressamente determinou que as agências reguladoras não se submetem à tutela!
Eu gostaria de dizer que “não concordo” com essa determinação, pois apesar da autonomia elevada, a
agência reguladora ainda sofre algum controle do poder público (supervisão ministerial, vinculação etc.).
Todavia, se o próprio legislador disse que não há tutela, temos que levar isso para a prova. Vale o que
consta na lei!
Ainda segundo a Lei 13.848/2019, a autonomia administrativa da agência reguladora é caracterizada pelas
seguintes competências:
Com efeito, as agências reguladoras se distinguem das demais autarquias por serem dirigidas por colegiado
cujos membros são nomeados por prazo determinado pelo Presidente da República, após prévia
aprovação pelo Senado Federal, vedada a exoneração ad nutum.
Nessa linha, a Lei 13.848/2019 fixa em cinco anos o prazo de duração do mandato dos dirigentes das
agências reguladoras federais, vedando a recondução.
A exoneração, portanto, não poderá ocorrer ad nutum. Nessa linha a Lei 9.986/2000, estabelece que os
conselheiros e os diretores das agências reguladoras somente perderão o mandato (art. 9º):
a) em caso de renúncia;
b) em caso de condenação judicial transitada em julgado;
c) em caso de condenação em processo administrativo disciplinar;
d) por infringência de quaisquer das vedações previstas na Lei 9.986/2000.29
Além do mandato fixo, os membros das agências reguladoras submetem-se a um período de quarentena.
Nesse contexto, a quarentena é o período em que os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria
Colegiada ficam impedidos de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela
respectiva agência, por período de seis meses, contados da exoneração ou do término de seu mandato,
assegurada a remuneração compensatória. Quem violar tal vedação incorrerá na prática de crime de
advocacia administrativa (Lei 9.986/2000, art. 8º).
Para exemplificar: um ex-dirigente da Anatel não pode, durante o período de seis meses contados de sua
exoneração ou término de mandato, prestar serviços para as empresas de telefonia, como TIM, Vivo, Oi,
Claro, etc.
Entende-se que, em regra, as decisões das agências reguladoras não podem ser revistas pelo ente central.
Contudo, a Advocacia-Geral da União emitiu parecer flexibilizando tal entendimento.
De acordo com o Parecer AGU 51/2006,30 o Presidente da República, por motivo relevante de interesse
público, poderá avocar e decidir qualquer assunto na esfera da Administração Federal, incluindo
competências das agências reguladoras.
29O art. 8º-B, da Lei 9.986/2000 enumera uma série de vedações aplicáveis aos diretores das agências reguladoras, tais
como exercer atividade político-partidária, atuar em situação de conflito de interesses etc. A infringência às mencionadas
vedações ensejará na perda do mandato.
30 https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:advocacia.geral.uniao:parecer:2006-06-05;ac-51
Além disso, o Parecer reconheceu a possibilidade de interposição de recurso hierárquico impróprio, desde
que a decisão da agência fuja às finalidades da entidade ou estejam inadequadas às políticas públicas
definidas para o setor.
Diante do que vimos até aqui, podemos resumir as características das agências reguladoras no Brasil da
seguinte forma:
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), que é o documento de referência da Reforma
Administrativa implementada no Brasil na década de 90, estabeleceu como objetivo para o setor das
atividades exclusivas31: transformar as autarquias e fundações que possuem poder de Estado em
agências autônomas, administradas segundo um contrato de gestão.
Percebam que o termo utilizado pelo PDRAE foi agências autônomas. Todavia, a Lei 9.649/1998, que dispõe
sobre a organização da Presidência da República e dos ministérios, preferiu utilizar o termo agências
executivas, estabelecendo algumas exigências para que a autarquia ou fundação receba tal qualificação.
Dessa forma, podemos perceber que as agências executivas não representam uma nova forma de entidade
administrativa, mas tão somente uma qualificação especial outorgada à autarquia ou à fundação pública
que celebre um contrato de gestão com o respectivo órgão supervisor. Busca-se, com o contrato de gestão
e, por conseguinte, com a qualificação, aumentar a eficiência das autarquias e fundações públicas.
Os requisitos para receber a qualificação estão disciplinados nos arts. 51 e 52 da Lei 9.649/1998, vejamos:
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou fundação
que tenha cumprido os seguintes requisitos:
Para receber a qualificação como agência executiva, a autarquia ou fundação pública deve:
A celebração do contrato de gestão com o respectivo Ministério é apenas um dos requisitos para receber
a qualificação. Contudo, é por meio de decreto que a autarquia ou fundação pública se torna agência
executiva. Vale dizer, após elaborar o plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento e ter
celebrado o contrato de gestão, será expedido um decreto, que efetivamente outorgará à qualificação à
entidade.
Além disso, a concessão da qualificação é ato discricionário do Presidente da República. Conforme dispõe
o caput do art. 51 da Lei 9.649/1998, o “Poder Executivo poderá qualificar” as entidades como agências
executivas. Dessa forma, mesmo que a entidade preencha os requisitos, caberá ao Presidente da República
decidir se concede ou não a qualificação.
Os contratos de gestão das agências executivas devem ser celebrados com periodicidade mínima de um
ano e estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem como
os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.
Após receber a qualificação, a autarquia ou fundação pública passa a se submeter a um regime jurídico
especial, em que há maior autonomia para atuação. Por exemplo, no que se refere às licitações e contratos,
as agências executivas possuem um limite duplicado para dispensa de processo licitatório. Nessa linha, a
Lei de Licitações (L14133, art. 75, § 2º) dispensa o dever de licitar quando o valor é muito baixo. Contudo,
o valor da dispensa para as agências executivas é multiplicado por dois, gerando mais flexibilidade para as
contratações dessas entidades.
É importante frisar que a Lei 9.649/1998 é uma lei federal e, portanto, aplica-se tão somente à União.
Assim, em tese, os estados e municípios deveriam elaborar as suas próprias normas se desejassem dispor
de mecanismo semelhante, estabelecendo o regramento de qualificação. Na prática, contudo, é raro de
ver norma estadual ou municipal sobre o assunto.
(TJ CE - 2018) Autarquias e fundações públicas podem receber, por meio de lei específica, a qualificação
de agência executiva, para garantir o exercício de suas atividades com maior eficiência e
operacionalidade.
Comentários: a qualificação das fundações e autarquias em agências executivas ocorre mediante decreto
do Poder Executivo. Logo, não ocorre por meio de lei específica. Vale lembrar, ademais, que a qualificação
depende da existência de um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento e de um contrato de gestão celebrado com o respectivo ministério supervisor. Desta forma, a
questão está incorreta.
Comentário:
a) as agências executivas podem ser autarquias ou fundações; já as agências reguladoras são autarquias
sob regime especial. Por isso, não se enquadram na descrição dos itens I e II – ERRADA;
b) as empresas públicas e sociedades de economia mista sempre terão personalidade de direito privado –
ERRADA;
c) de fato, as autarquias sempre têm personalidade de direito público; já os consórcios públicos podem ter
personalidade de direito público ou privado, a depender da lei de criação, nos termos do art. 6º da Lei nº
11.107/05 – CORRETA;
e) a fundação governamental pode ser sinônimo de fundações públicas. Nesse caso, poderá ser tanto
entidade de direito público como de direito privado. Já a autarquia sempre será de direito público –
ERRADA.
Gabarito: alternativa C.
a) embora somente possam ser criados por lei, os órgãos públicos podem ser extintos por decreto, desde
que todos os seus cargos estejam em situação de vacância.
b) a delegação de competências somente se pode dar entre órgãos pertencentes à mesma linha
hierárquica.
c) a deliberação de um órgão público de composição colegiada é classificada pela doutrina administrativista
como um ato administrativo simples.
d) a criação de novos órgãos públicos somente se pode dar por lei ordinária, excluída a possibilidade de uso
de medidas provisórias ou de leis delegadas para tanto.
e) embora não possuam personalidade jurídica, os órgãos públicos possuem personalidade política, visto
que lhes incumbe manifestar a vontade estatal.
Comentário:
a) os órgãos públicos devem ser criados e extintos por lei. O decreto pode dispor sobre organização e
funcionamento da administração, quando isso não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
de órgãos públicos (art. 84, VI, ‘a’, CF/88) – ERRADA;
b) a delegação independe da hierarquia, nos termos do art. 12 da Lei nº 9.784/99, que dispõe que “um
órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou
territorial” – ERRADA;
c) de fato, o ato simples é o que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, seja ele unipessoal
ou colegiado. O órgão unipessoal é aquele que tem uma autoridade com poder de decisão (chefe, diretor,
etc.). O órgão colegiado é aquele que adota as decisões pode meio de deliberações de seus membros, como
os tribunais e conselhos – CORRETA;
d) os órgãos públicos devem ser criados por lei, não havendo impedimento de que sejam criados por lei
delegada. Ainda que seja polêmico o tema, são comuns medidas provisórios criando ou extinguindo
ministérios (órgãos públicos) – ERRADA;
e) os órgãos públicos não possuem nem personalidade jurídica e nem política – ERRADA.
Gabarito: alternativa C.
3. (FCC – MANAUSPREV/2021) Pressupondo-se que dado ente político examinado possua regime
próprio de previdência e considerando o regime previdenciário aplicável às entidades da Administração
indireta, com base nas normas ora vigentes da Constituição Federal e da legislação federal aplicável,
extrai-se que todos os servidores integrantes do quadro
a) das agências estarão vinculados ao regime geral de previdência.
b) das empresas públicas estarão excluídos do regime próprio de previdência.
c) da administração autárquica estarão vinculados ao regime próprio de previdência.
Comentário: nos termos do art. 40, caput e §13, da Constituição Federal, apenas os servidores públicos
ocupantes de cargos públicos efetivos serão vinculados ao regime próprio de previdência social. Os
ocupantes de cargos em comissão e os empregados públicos vinculam-se ao regime geral. Agora, vamos
analisar cada opção:
a) as agências são autarquias ou fundações, de forma que seguirão o regime próprio de servidores, salvo
no caso de empregados públicos das fundações públicas de direito privado – ERRADA;
b) as empresas públicas, como entidades administrativas de direito privado, seguem o regime geral de
previdência, e, por isso, seus empregados estão sim excluídos do regime próprio – CORRETA;
e) os empregados das sociedades de economia mista vinculam-se ao regime geral de previdência – ERRADA.
Gabarito: alternativa B.
Comentário:
Os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica própria. São centros de competência que atuam,
por meio dos agentes nele lotados, em nome da entidade política ou administrativa que a integram. Podem
estar presentes tanto na estrutura da Administração Direta quanto da Indireta. Por exemplo, um ministério
é um órgão da Administração Direta; já uma unidade regional de uma autarquia é um órgão da
Administração Indireta (cuidado: a autarquia é uma entidade; mas as suas unidades regionais são órgãos
desta entidade).
Com essas informações, podemos eliminar as alternativas A, C, D e E, e chegar ao nosso gabarito, alternativa
B.
Gabarito: alternativa B.
Comentário:
a) os órgãos públicos, via de regra, são criados e extintos por lei – ERRADA;
c) os órgãos públicos não têm personalidade jurídica, e atuam em nome da entidade política ou
administrativa que integram – ERRADA;
d) a regra geral é que os órgãos não possuem capacidade processual, uma vez que são figuras
despersonalizadas. Mas determinados órgãos públicos, de natureza constitucional, podem impetrar
mandado de segurança, na defesa de suas competências, quando violado por outro órgão – ERRADA;
e) os órgãos públicos podem ser criados tanto no âmbito da administração direta, quanto da indireta,
quando vão compor a estrutura das entidades administrativas – ERRADA.
Gabarito: alternativa B.
6. (FCC – AGED MA/2018) Suponha que o Estado do Maranhão pretenda criar uma entidade
integrante da Administração pública indireta, com personalidade jurídica própria, sujeita ao regime
jurídico de direito público, para atuar no setor do agronegócio. Para atingir tal escopo, poderá se valer
da instituição de
a) um conselho consultivo.
b) uma empresa pública.
c) uma autarquia.
Comentário:
Empresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado da
administração indireta. Conselhos consultivos e organizações sociais não compõem a administração
indireta. As organizações sociais são entidades do terceiro setor que firma, com o poder público, o contrato
de gestão. Já a expressão “conselho consultivo” possui vários sentidos, como por exemplo de um conselho
consultivo que emite opiniões sobre a gestão de determinada empresa ou sobre a atuação da
Administração Pública (neste último caso, eles teriam um papel de apoio à participação social). Em qualquer
caso, eles não compõem a Administração.
Vale lembrar que a Administração indireta é composta pelas seguintes entidades administrativas:
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. Dentre elas, somente
as autarquias e as fundações públicas de direito público é que tem regime jurídico de direito público. Das
opções apresentadas pela questão, então, temos que a entidade mencionada no enunciado é uma
autarquia.
Gabarito: alternativa C.
Comentário:
O conceito de autarquia, na concepção de Di Pietro, diz que é “[...] a pessoa jurídica de direito público,
criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho de serviço público
descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei”.
Como pessoa jurídica da Administração Indireta, dotada de personalidade jurídica própria, as autarquias
possuem capacidade para responder pelos seus próprios atos, em nome próprio, de forma que somente
no caso de esgotamento dos recursos próprios é que o Estado responderá por ela.
Dessa forma, podemos perceber que as afirmações I, II e III estão corretas, enquanto a afirmação IV está
incorreta.
Gabarito: alternativa D.
8. (FCC – DPE AM/2018) Considere que o Estado do Amazonas tenha decidido criar, por lei específica,
uma autarquia, atribuindo a ela o serviço público de transporte intermunicipal. A situação narrada
constitui exemplo de
a) delegação política, condicionada aos termos da autorização do Poder Legislativo, que, em tal aspecto, se
sobrepõe à vontade do Poder Executivo.
b) descentralização política, com transferência, nos termos da lei editada, do serviço público antes titulado
pelo Estado, dotando o novo ente de autonomia.
c) desconcentração administrativa, baseada no princípio da especialização, mantendo o ente central a
titularidade do serviço e transferindo ao novo ente apenas a sua execução.
d) descentralização administrativa, com transferência da titularidade do serviço ao novo ente, dotado de
autoadministração.
e) descentralização por colaboração, sendo os limites e condições para o exercício do serviço delegado
estabelecida em contrato de concessão firmado entre o Estado e a autarquia.
Comentário:
d) a descentralização administrativa ocorre quando o Estado não executa o serviço por meio de sua
Administração direta. No caso das autarquias, elas surgem do processo de descentralização por outorga,
que ocorre quando o Estado cria uma entidade com personalidade jurídica própria e capacidade de
autoadministração, e a ela transfere a titularidade e a execução de determinado serviço público. Aplica-
se, nesse caso, o princípio da especialização, já que é criada uma entidade, por lei, para atuar em
determinada especialidade, da qual a entidade não pode se afastar – CORRETA;
e) a criação das autarquias faz parte do processo de descentralização por outorga. A descentralização por
delegação ou colaboração é aquela em que uma entidade política ou administrativa transfere, por contrato
ou por ato unilateral, a execução de um serviço a uma pessoa jurídica de direito privado preexistente –
ERRADA.
Gabarito: alternativa D.
Comentário:
a) a repartição de competências entre os entes políticos é feita justamente pela Constituição, mas isso não
impede que os entes firmem parcerias para a prestação de serviços, como ocorre, por exemplo, com os
consórcios públicos. Ademais, é possível a outorga da execução de serviços públicos a entidades que
integram a administração indireta ou a delegação a particulares, por meio da descentralização
administrativa – ERRADA;
b) a possibilidade de realização de consórcios públicos consta do art. 241 da CF/88, segundo o qual “a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e
os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos,
bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade
dos serviços transferidos”. Os consórcios públicos podem possuir personalidade jurídica de direito público,
caso em que serão constituídos na forma de associação pública, com natureza autárquica; ou podem
possuir personalidade jurídica de direito privado sem fins lucrativos, quando formarão associação civil, que
deverá seguir as regras previstas na legislação civil – CORRETA;
c) a divisão constitucional de competências não impede a prestação indireta desses serviços – ERRADA;
d) na descentralização por delegação, o serviço é prestado por entidades privadas, por sua conta e risco,
sob fiscalização estatal. O regime jurídico é misto, já que prestado por particulares, mas sujeito às regras
públicas do contrato de concessão. O item está errado, uma vez que a prestação de tais serviços,
normalmente, é onerosa, mediante o pagamento de tarifa – ERRADA;
e) como já explicado acima, os entes podem transferir a execução dos serviços públicos de sua titularidade
aos entes da administração indireta, com personalidade de direito público (como é o caso das autarquias)
ou de direito privado (como é o caso das empresas estatais) – ERRADA.
Gabarito: alternativa B.
Comentário:
a) não é possível delegar serviços de fiscalização à iniciativa privada. O STJ até admite a delegação de
serviços de consentimento e de fiscalização às empresas públicas e sociedades de economia mista, mas
não para entidades privadas (particulares) – ERRADA;
b) as empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito privado, e não público – ERRADA;
c) nos consórcios, o contrato de rateio define como serão os repasses de recursos e o contrato de programa
trata das obrigações (Lei 11.107/2005, arts. 8º e 13). Logo, isso não ocorre por convênio – ERRADA;
d) exatamente. As autarquias têm personalidade de direito público, sendo dotadas de poder de polícia,
autorizando o exercício das atividades de fiscalização e da aplicação de sanções e multas – CORRETA;
e) as pessoas jurídicas de direito público da administração podem sim exercer poder de polícia – ERRADA.
Gabarito: alternativa D.
11. (FCC – DPE AM/2018) Considere que determinado Município do Estado do Amazonas entendeu
por bem criar estruturas despersonalizadas e regionalizadas, integrantes de sua Secretaria da Saúde,
Comentário:
a) os órgãos públicos, via de regra, não possuem capacidade processual para figurar como autores ou réus
de ações judiciais. Essa possibilidade é uma exceção, para os casos em que seja necessária a defesa de suas
prerrogativas através de Mandado de Segurança, por exemplo – ERRADA;
b) de fato, o enunciado trata sobre a desconcentração, que dá origem aos órgãos públicos, na estrutura da
administração direta, que não possuem personalidade jurídica própria – CORRETA;
c, d, e) não se trata aqui de descentralização e nem de relação com o terceiro setor, não sendo certo dizer
que essas entidades passam a integrar a Administração – ERRADAS.
Gabarito: alternativa B.
Comentário:
a) isso mesmo. A descentralização transfere a titularidade e execução, ou somente execução dos serviços
a pessoas jurídicas distintas e autônomas – CORRETA;
c) nesses casos, temos exemplos de desconcentração, pois os Ministérios são partes integrantes da
estrutura da Administração Direta – ERRADA;
Gabarito: alternativa A.
13. (FCC – DPE AM/2018) Um determinado Estado da federação entendeu por bem distribuir
determinado feixe de competências à pessoa jurídica a ser instituída que deverá, para bem desempenhá-
lo, ter personalidade jurídica de direito público e integrar a Administração pública estadual. Para tanto,
a) poderá optar em criar, desde que obtenha autorização legislativa para tanto, autarquia, empresa pública
ou sociedade de economia mista, sendo que estas duas últimas entidades se submetem a controle central,
mas a autarquia, ao contrário, mantém relação de hierarquia com o ente criador.
b) poderá, por decisão discricionária, optar por criar autarquia ou empresa pública, a primeira por lei e a
segunda obtendo-se, previamente ao registro de seus atos, autorização legislativa.
c) deverá criar por lei específica autarquia, atribuindo-lhe a titularidade e execução das referidas
competências.
d) poderá, por contrato ou ato administrativo unilateral, transferir a execução das competências a pessoa
jurídica preexistente.
e) deverá criar, por lei específica, consórcio público, constituindo-o como associação pública ou pessoa
jurídica de direito privado, para a gestão das competências que se pretende descentralizar.
Comentário:
a) as autarquias, assim como as demais entidades administrativas, não estão subordinadas ao ente
instituidor, ou seja, não há relação de hierarquia entre uma entidade autárquica e os órgãos da
administração direta do ente político que as instituiu – ERRADA;
c) isso mesmo. As autarquias são criadas por lei específica, por descentralização por outorga, em que lhe é
transferida a titularidade e execução das referidas competências – CORRETA;
d) nesses casos, temos a descentralização por colaboração, em que se transfere somente a execução de
um serviço a pessoa jurídica de direito privado preexistente. Tal entidade não integrará a Administração –
ERRADA;
e) não existe consenso se os consórcios de direito privado fazem (ou não) parte da Administração. De
qualquer forma, o enunciado pediu uma entidade de direito público, mas os consórcios podem ser de
direito público ou privado – ERRADA.
Gabarito: alternativa C.
14. (FCC – TRT PE/2018) Na hipótese de a Administração pública estadual pretender descentralizar
serviço de sua competência para atribuí-lo a pessoa jurídica ainda inexistente, sujeita a regime jurídico
administrativo e com personalidade de direito público,
a) deve criar por lei específica autarquia, que passará a integrar a Administração pública indireta estadual.
b) deve obter autorização legislativa para criar autarquia, que integrará a Administração pública direta.
c) pode criar autarquia ou empresa pública, a primeira instituída por lei e a segunda pelo registro de seus
atos constitutivos, ambas integrantes da Administração pública indireta.
d) pode escolher entre criar autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista, todas por lei
específica, a última por lei complementar e as três integrantes da Administração pública indireta.
e) deve criar por lei específica autarquia, que passará a integrar a Administração pública direta estadual
juntamente com o ente instituidor.
Comentário:
A criação de pessoas jurídicas para receberem a titularidade e execução de serviços públicos se dá através
da descentralização por outorga, dando origem às autarquias, fundações públicas, sociedades de economia
mista e empresas públicas, entidades da Administração Indireta.
Com personalidade de direito público, temos somente as autarquias e as fundações públicas de direito
público; as demais tem personalidade de direito privado.
Isso porque as autarquias dependem da edição de lei específica para sua criação, e passam a integrar a
administração indireta, e não direta, do ente que a criou.
Gabarito: alternativa A.
d) os entes que integram a Administração pública indireta ficam adstritos ao escopo institucional previsto
nas leis ou atos que os instituíram, cabendo à Administração Central o acompanhamento dessa atuação,
no regular exercício do poder de tutela, que não implica, contudo, ascendência hierárquica sobre os
mesmos, salvo expressa disposição nesse sentido.
e) a discricionariedade, inerente à atuação da Administração pública direta, não se estende aos entes que
integram a Administração pública indireta, cuja atuação deve vir prevista em lei, à exceção das agências
reguladoras, que exercem poder normativo autônomo.
Comentário:
a) no caso do poder de polícia, existe uma certa discussão acerca de seu exercício pelas pessoas jurídicas
de direito privado integrantes da Administração Indireta (como empresas públicas e sociedades de
economia mista). Tanto a doutrina majoritária quanto o STF entendem que a delegação do poder de polícia
nesses casos não seria possível, pois este poder está baseado no poder de império do Estado, de forma que
somente poderia ser exercido por pessoas jurídicas de direito público. Contudo, devemos saber que o STJ
já se manifestou no sentido de que as etapas ou fases de consentimento e fiscalização podem ser delegadas
a entidades com personalidade jurídica de direito privado, integrantes da Administração. Assim, a
alternativa não poderia ter generalizado – ERRADA;
b) entre os entes da administração direta e as entidades da administração indireta não há hierarquia, mas
sim vinculação/tutela/supervisão ministerial – ERRADA;
c) a questão tratou do poder normativo do Chefe do Executivo, que, segundo Di Pietro, é mais abrangente
do que o poder regulamentar. Nesse sentido, temos que aqueles atos que complementam a lei, como é o
caso dos regulamentos, podem ser delegados a entidades da administração indireta, como seria o caso,
por exemplo, de uma agência reguladora – ERRADA;
d) isso mesmo. As entidades da Administração Indireta não possuem autonomia política e estão vinculadas
à Administração Direta. Vale dizer, a vinculação não é subordinação, mas apenas uma forma de controle
finalístico para fins de enquadramento da instituição no programa geral do Governo e para garantir o
atingimento das finalidades da entidade controlada – CORRETA;
e) a discricionariedade tem lugar quando o administrador possui certa margem de escolha na sua atuação,
decidindo com base em sua conveniência/oportunidade. Essa discricionariedade também incide nos entes
integrantes da administração indireta, em sua atuação – ERRADA.
Gabarito: alternativa D.
16. (FCC – TRF 5ª REGIÃO/2017) A Administração pública desempenha suas atividades por meio dos
diversos órgãos instituídos para essa finalidade, sendo também forma de distribuição de competências
a
a) desconcentração, que pressupõe a criação de pessoas jurídicas com competências próprias, que passam
a integrar a chamada Administração indireta.
b) descentralização, por meio da qual os órgãos administrativos se compõem, constituindo pessoas
jurídicas com personalidade jurídica de direito público, para que possam prestar, de forma autônoma, as
diversas atribuições estatais.
c) instituição de pessoas jurídicas, com personalidade jurídica de direito público, que compõem a chamada
Administração indireta, tais como autarquias, sociedades de economia mista, consórcios públicos e
fundações.
d) instituição de pessoas jurídicas de direito público, como autarquias, bem como de direito público
privado, como empresas públicas e sociedades de economia mista, como expressão da descentralização.
e) nomeação de servidores e empregados para funções de confiança, em substituição aos agentes públicos
originalmente eleitos para as funções administrativas.
Comentário:
a) na desconcentração, não há a criação de pessoas jurídicas, eis que esse fenômeno dá origem aos órgãos
públicos, que não possuem personalidade jurídica e são centros de distribuição interna de competências –
ERRADA;
b) na descentralização, podem ser criadas tanto entidades com personalidade de direito público quanto de
direito privado. Ademais, não dá origem a órgãos públicos, pois esses não possuem personalidade jurídica
– ERRADA;
c) as sociedades de economia mista têm personalidade jurídica de direito privado. Além disso, os consórcios
públicos e as fundações públicas podem ser criados tanto com personalidade jurídica de direito público
quanto de direito privado – ERRADA;
e) essa previsão da alternativa simplesmente não existe no ordenamento jurídico brasileiro. Não há que se
falar em nomeação de servidores ou empregados para substituir agentes políticos que exercem mandatos
eletivos – ERRADA.
Gabarito: alternativa E.
17. (FCC – TRF 5ª REGIÃO/2017) A União pretende descentralizar serviço público de sua competência,
atribuindo-o à pessoa com personalidade e natureza jurídica pública e capacidade de autoadministração.
Para tanto, o Chefe do Executivo deverá
a) optar por enviar projeto de lei para criar autarquia ou para autorizar a instituição de empresa pública ou
sociedade de economia mista, sendo, na primeira hipótese, transferida a titularidade do serviço e nas
demais apenas sua prestação.
b) enviar projeto de lei para autorizar a instituição de uma autarquia, transferindo-lhe, posteriormente, por
meio de concessão, a prestação do referido serviço.
c) enviar projeto de lei para criar uma empresa pública transferindo-lhe a titularidade do referido serviço.
d) enviar projeto de lei para autorizar a criação de uma empresa pública, transferindo-lhe a titularidade do
referido serviço ou, posteriormente, autorizando sua prestação por meio de permissão.
e) enviar projeto de lei para criar uma autarquia e transferir-lhe a titularidade do referido serviço público.
Comentário:
a) a primeira parte da assertiva está correta. A descentralização por outorga, por serviços, técnica ou
funcional ocorre quando o Estado cria uma entidade com personalidade jurídica própria e a ela transfere a
titularidade e a execução de determinado serviço público. Esse tipo de descentralização dá origem à
Administração indireta, tanto autarquias e fundações públicas, quanto sociedades de economia mista e
empresas públicas, pressupondo a elaboração de lei para criação ou autorização da criação da entidade –
ERRADA;
b) no caso da criação de uma autarquia, é a própria lei instituidora que transfere a titularidade e execução
do serviço a ser prestado, não havendo de que se falar em concessão, que é efetivada por um contrato ou
ato unilateral da administração, firmado com pessoa jurídica de direito privado preexistente – ERRADA;
c) e d) no caso das empresas públicas e sociedades de economia mista, a criação ocorre via autorização
legal. Assim, o projeto de lei deve ser para autorizar a criação da empresa, e não para cria-la diretamente
– ERRADAS;
e) isso mesmo. Com base no que já explicamos nas alternativas acima, é correto dizer que para criação de
uma autarquia, deve haver uma lei específica, que transfere a titularidade e a execução do serviço público
– CORRETA.
Gabarito: alternativa E.
18. (FCC – DPE RS/2017) A organização administrativa estruturada em administração direta e indireta
pressupõe a existência de pessoas jurídicas com personalidade jurídica e competências próprias, que
possuem características comuns, a exemplo
a) da necessidade de serem criadas por lei, na qual estarão previstas todas as competências, obrigações e
escopo de atuação, não dependendo de outros atos para serem formalmente instituídas.
b) da submissão a regime jurídico de direito privado, ainda que possam contar com participação pública
em sua formação, como os consórcios públicos, as sociedades de economia mista, as fundações e as
autarquias especiais.
c) da submissão a regime celetista ou estatutário, à semelhança do que se admite para a Administração
direta, que conta com a dualidade de regimes jurídicos para seus servidores.
d) do controle externo a que se submetem, tal qual o exercido pelo Poder Judiciário e pelos Tribunais de
Contas, estes últimos que analisam critérios de legalidade dos atos e negócios da Administração, mas
também examinam aspectos de economicidade.
e) do regime de execução próprio, sujeito a expedição de precatórios a serem pagos em ordem cronológica,
respeitados os débitos de pequeno valor, dotados de preferência, a fim de aplicação do princípio da
isonomia em relação aos credores.
Comentário:
a) nem todas as entidades da administração indireta são criadas por lei. As autarquias são criadas pela lei,
enquanto as empresas públicas, por exemplo, têm sua criação autorizada pela lei, sendo que a efetiva
criação ocorre com o registro de seus atos constitutivos no cartório competente – ERRADA;
b) da mesma forma, existem entidades com personalidade de direito público e com personalidade de
direito privado – ERRADA;
c) atualmente, vige o regime jurídico único, que prega que as entidades administrativas devem seguir um
único regime de pessoal, seja celetista, seja estatutário – ERRADA;
e) o regime de precatórios para o pagamento de dívidas, em virtude de sentença judiciária, previsto no art.
100 da CF, não se aplica às entidades de direito privado da Administração Indireta – ERRADA.
Gabarito: alternativa D.
19. (FCC – PC AP/2017) Uma autarquia municipal criada para prestação de serviços de abastecimento
de água
a) deve obrigatoriamente ter sido instituída por lei e recebido a titularidade do serviço público em questão,
o que autoriza a celebração de contrato de concessão à iniciativa privada ou a contratação de consórcio
público para delegação da execução do referido serviço.
b) integra a estrutura da Administração pública indireta municipal e, portanto não se submete a todas as
normas que regem a administração pública direta, sendo permitindo a flexibilização do regime publicista
para fins de viabilizar a aplicação do princípio da eficiência.
c) submete-se ao regime jurídico de direito privado caso venha a celebrar contrato de concessão de serviço
público com a Administração pública municipal, ficando suspensa, durante a vigência da avença, a
incidência das normas de direito público, a fim de preservar a igualdade na concorrência.
d) pode ser criada por decreto, mas a delegação da prestação do serviço público prescinde de prévio ato
normativo, podendo a autarquia celebrar licitação para contratação de concessão de serviço público ou
prestar o serviço diretamente.
e) possui personalidade jurídica de direito público, mas quando prestadora de serviço público, seu regime
jurídico equipara-se ao das empresas públicas e sociedades de economia mista.
Comentário:
a) as autarquias são criadas por lei e recebem a titularidade para a execução dos serviços públicos de sua
competência. Nesse sentido, estão autorizadas a celebrar contratos para delegação dos serviços, por
consórcio ou concessão, como seria o caso do serviço de transporte público – CORRETA;
b) não há que se falar em relativização ou flexibilização do regime público para aplicação do princípio da
eficiência. Esse princípio deve ser aplicado com observância e compatibilidade com os demais princípios
administrativos – ERRADA;
c) d) e e) como dissemos, as autarquias se submetem a regime de direito público, criadas por lei (e não por
decreto), não havendo que se falar em equiparação ao regime jurídico das EP e SEM, que são pessoas
jurídicas de direito privado – ERRADAS.
Gabarito: alternativa A.
b) alienar bens de sua propriedade, desde que de natureza comum, por meio de pregão, vedada a
modalidade eletrônica quando for necessária a prestação de garantia.
c) contratar bens e serviços por meio de regime jurídico de direito privado quando se tratar de sua atividade
fim e estiver sujeita a mercado concorrencial.
d) ser titular e executar serviços públicos essenciais quando assim lhe for atribuído pela lei que a criou e
que disciplina sua atuação, inclusive para fins de disciplinar o exercício dos poderes típicos da
Administração pública.
e) participar do capital social ou ser acionista de empresas estatais da mesma esfera de governo,
independentemente do que preveja a lei que a criou, bem como de seu escopo de atuação, tendo em vista
que também integram a Administração indireta e, como tal, sujeitam-se ao mesmo regime jurídico e
finalidade mediata.
Comentário:
a) as autarquias são pessoas jurídicas de direito público, de forma que seus servidores são regidos por
normas de direito público, devendo prestar concurso público para assumir os cargos, e não pela CLT, que é
o estatuto dos empregados públicos das entidades com personalidade de direito privado – ERRADA;
b) a alienação de bens das autarquias deve ser feita através de licitação, mas não na modalidade pregão,
que é utilizada para aquisição de bens e serviços comuns, mas não para a alienação – ERRADA;
c) a contratação de bens e serviços pelas autarquias deve ser feita através de procedimento licitatório –
ERRADA;
d) as autarquias recebem, pela lei que as cria, a titularidade e a execução dos serviços públicos repassados.
Essa lei disciplina toda a sua atuação, inclusive exercício dos poderes típicos da Administração pública –
CORRETA;
e) para que integre o capital das empresas estatais, as autarquias devem ser autorizadas por lei – ERRADA.
Gabarito: alternativa D.
21. (FCC – TJ SC/2017) Alberto Caeiro foi contratado pelo Conselho Regional de Contabilidade para
trabalhar como assistente administrativo naquela entidade, em janeiro de 2016. Em fevereiro do
corrente ano, foi dispensado, sem justa causa, da entidade. Alberto ajuizou ação em face da entidade,
perante a Justiça Comum Estadual, visando sua reintegração, sob alegação de que se trata de entidade
pertencente à Administração Pública e que seria ilegal a despedida imotivada. Ao apreciar a ação
proposta, o Juízo Estadual deve
a) aceitar a competência, visto que se trata de entidade autárquica estadual, sendo a relação de trabalho
de natureza tipicamente administrativa.
b) reconhecer a incompetência e remeter a ação para a Justiça do Trabalho, visto que, por se tratar de
entidade de direito privado, o vínculo sob exame é regido pelas normas da Consolidação das Leis do
Trabalho.
c) reconhecer a incompetência e remeter a ação para a Justiça Federal, haja vista tratar-se de entidade
autárquica federal, sendo o vínculo submetido ao regime jurídico único estatuído na Lei n° 8.112/90.
d) aceitar a competência, visto que se trata de típico contrato de prestação de serviços, regido pelas normas
do Código Civil.
e) extinguir a ação por impossibilidade jurídica do pedido, pois não cabe ao Judiciário interferir em atos de
natureza discricionária, como os que se referem a dispensa de servidores não estáveis.
Comentário:
As autarquias profissionais (CREA, CRM, CRA...) são pessoas jurídicas de direito público, integrantes da
Administração Indireta, criadas por lei para desempenhar funções que, despidas de caráter econômico,
sejam próprias e típicas do Estado, fiscalizando o exercício das profissões.
Reconhecidos o caráter público das atividades desenvolvidas pelos conselhos de fiscalização profissional,
exercidas como manifestação de poder de polícia, e, por consequência, a natureza autárquica dessas
instituições, é imperativa a aplicação a essas entidades do regime jurídico de direito público (estatutário).
Porém, o que ocorre na prática é que, a despeito de disposição constitucional expressa prevendo o regime
jurídico único para as entidades da administração indireta, os conselhos de fiscalização profissional, com
fundamento no artigo 58, parágrafo 3º, da Lei 9.649/98, que dispõe sobre a organização da administração
pública federal, e em leis específicas, como as que regulamentam categorias profissionais diversas, adotam
regime jurídico celetista para seus trabalhadores, o que descumpre, frontalmente, a ordem constitucional.
Mas, fora essa discussão e fora o que vemos na prática, podemos perceber que a Banca cobrou o
entendimento de que essas entidades, como autarquias que são, devem seguir o regime jurídico único, de
direito público, que, no caso da administração federal, é a lei 8.112/90.
Por isso, no caso da questão, a causa envolvendo servidor e conselho profissional federal deve tramitar na
justiça comum federal, e não estadual e nem na justiça do trabalho.
Gabarito: alternativa C.
22. (FCC – ARTESP/2017) Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua agência reguladora, em sentido
amplo como sendo qualquer órgão da Administração Direta ou entidade da Administração Indireta com
função de regular a matéria específica que lhe está afeta (in: Direito Administrativo, Atlas, 18. ed., p.
414). Mais adiante, cita o magistério de Calixto Salomão Filho, que destaca que a regulação, em sentido
amplo, engloba toda a forma de organização da atividade econômica através do Estado, seja a
intervenção através da concessão de serviço público ou o exercício do poder de polícia (p. 415). Nesse
sentido, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio,
a) apenas as agências reguladoras que exercem poder de polícia possuem poder normativo, sempre
limitado a aspectos técnicos de sua área de atuação.
b) as agências reguladoras que controlam as atividades objeto de concessão de serviço público
desempenham, nos termos da lei que as institui, atribuições de poder concedente.
c) as agências reguladoras constituídas sob a forma de autarquias de regime especial gozam de autonomia
e suas decisões não são passíveis de controle pelo Poder Judiciário.
d) apenas as agências reguladoras previstas na Constituição Federal gozam de autonomia administrativa e
orçamentária – financeira, que inclui mandato para seus dirigentes.
e) as agências reguladoras não integram o Poder Executivo, possuindo natureza de entes autônomos e
soberanos, sujeitos, apenas, ao controle do Poder Legislativo e Tribunal de Contas.
Comentário:
a) tanto as agências que exercem típico poder de polícia quanto as que regulam e controlam as atividades
que constituem objeto de concessão, permissão ou autorização de serviço público possuem poder
normativo – ERRADA;
c) e d) as agências criadas como autarquias de regime especial sujeitam-se às normas constitucionais que
disciplinam esse tipo de entidade. Suas decisões são passiveis de controle pelo Poder Judiciário, quanto aos
aspectos de legalidade de sua atuação. Esse regime especial diz respeito, em regra, à maior autonomia em
relação à Administração Direta; à estabilidade de seus dirigentes, garantida pelo exercício de mandato fixo
– ERRADA;
e) as agências reguladoras, apesar de terem autonomia, não são entes soberanos, estando sujeitas ao
controle legislativo, com auxílio dos Tribunais de Contas – ERRADA.
Gabarito: alternativa B.
23. (FCC – TRT 24ª Região (MS)/2017) Quanto à estrutura, os órgãos públicos podem ser classificados
em simples, também denominados de unitários, e compostos. Acerca do tema, considere:
I. São constituídos por um único centro de atribuições.
II. Possuem subdivisões internas.
Comentário:
a) simples ou unitários: são aqueles constituídos por um só centro de competência. Isso não significa que
não existam vários cargos dentro do órgão. Na verdade, o que caracteriza os órgãos simples é a inexistência
de outros órgãos em sua estrutura, ou seja, a inexistência de desconcentração. As portarias são exemplos
de órgãos unitários, pois desempenham suas competências de forma concentrada, ainda que existam
vários cargos ou agentes em sua estrutura.
b) órgãos compostos: são os que reúnem diversos órgãos menores em sua estrutura, como consequência
da desconcentração administrativa. São exemplos os Ministérios, as Secretarias de Estado
Das características apresentadas nas opções, apenas a I corresponde ao conceito de órgãos simples ou
unitários; as demais, são relativas aos órgãos compostos.
Gabarito: alternativa E.
24. (FCC – TRT 24ª Região (MS)/2017) Com relação à Administração indireta, no que concerne às
características das autarquias, considere:
I. As autarquias só por lei podem ser criadas.
II. Apenas no caso de exaustão dos recursos da autarquia é que incidirá a responsabilidade do Estado, que
é subsidiária.
III. As autarquias não são subordinadas a órgão algum do Estado, mas apenas controladas.
IV. Os bens e rendas das autarquias, não apenas quando vinculados a suas finalidades essenciais, mas em
toda e qualquer circunstância, possuem imunidade tributária.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e IV.
b) III.
c) II e IV.
d) I, II e III.
e) I e III.
Comentário:
I. As autarquias só por lei podem ser criadas – a autarquia é o serviço autônomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração
Pública – CORRETO;
II. Apenas no caso de exaustão dos recursos da autarquia é que incidirá a responsabilidade do Estado, que
é subsidiária – por possuírem autonomia e patrimônio próprios, as autarquias respondem diretamente
pelos atos praticados, de forma que, apenas em caso de incapacidade é que o Estado responderá, de forma
subsidiária – CORRETO;
III. As autarquias não são subordinadas a órgão algum do Estado, mas apenas controladas – as autarquias
possuem autonomia em relação ao ente da Administração Direta que a instituiu, havendo uma relação de
vinculação e controle de suas atividades – CORRETO;
IV. Os bens e rendas das autarquias, não apenas quando vinculados a suas finalidades essenciais, mas em
toda e qualquer circunstância, possuem imunidade tributária – a imunidade protege somente o patrimônio,
a renda e os serviços vinculados às finalidades essenciais das autarquias, ou decorrentes dessas finalidades.
No entanto, o STF possui um entendimento mais amplo, estendendo a aplicação da imunidade tributária à
renda decorrente de atividades estranhas às finalidades da autarquia, desde que esses recursos sejam
integralmente aplicados nas finalidades essenciais da entidade – ERRADO.
Gabarito: alternativa D.
Comentário:
Quanto à posição estatal – posição ocupada pelos órgãos na escala governamental ou administrativa – os
órgãos classificam-se em independentes, autônomos, superiores e subalternos:
b) órgãos autônomos – estão localizados na cúpula da Administração, imediatamente abaixo dos órgãos
independentes e diretamente subordinados a seus chefes. Possuem ampla autonomia administrativa,
financeira e técnica, caracterizando-se como órgãos diretivos, com funções precípuas de planejamento,
supervisão, coordenação e controle. São exemplos: os ministérios, as secretarias dos estados e municípios,
a Advocacia-Geral da União, etc.
c) órgãos superiores – são os que detêm poder de direção, controle, decisão e comando de assuntos de sua
competência específica, mas sempre estão sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia
mais alta. Não gozam de autonomia administrativa nem financeira. Representam as primeiras repartições
dos órgãos independentes a autônomos, recebendo diferentes denominações, como: gabinetes,
secretarias-gerais, inspetorias-gerais, procuradorias, coordenadorias, departamentos, divisões, etc.
d) órgãos subalternos – são os órgãos que exercem predominantemente atribuições de execução, com
reduzido poder decisório. Encontram-se subordinados a vários níveis hierárquicos superiores. Destinam-se
à realização de serviços de rotina, cumprimento de decisões, atendimento ao público, etc. São exemplos
as portarias e seções de expediente.
Na parte destacada, quanto aos órgãos superiores, constam as características mencionadas nos itens I, II e
III. Quanto ao exemplo do item IV, na verdade as Secretarias de Estado são exemplos de órgãos autônomos.
Gabarito: alternativa C.
26. (FCC – TRE SP/2017) A Administração pública, quando se organiza de forma descentralizada,
contempla a criação de pessoas jurídicas, com competências próprias, que desempenham funções
originariamente de atribuição da Administração direta. Essas pessoas jurídicas,
a) quando constituídas sob a forma de autarquias, podem ter natureza jurídica de direito público ou
privado, podendo prestar serviços públicos com os mesmos poderes e prerrogativas que a Administração
direta.
b) podem ter natureza jurídica de direito privado ou público, mas não estão habilitadas a desempenhar os
poderes típicos da Administração direta.
c) desempenham todos os poderes atribuídos à Administração direta, à exceção do poder de polícia, em
qualquer de suas vertentes, privativo da Administração direta, por envolver limitação de direitos
individuais.
d) quando constituídas sob a forma de autarquias, possuem natureza jurídica de direito público, podendo
exercer poder de polícia na forma e limites que lhe tiverem sido atribuídos pela lei de criação.
e) terão natureza jurídica de direito privado quando se tratar de empresas estatais, mas seus bens estão
sujeitos a regime jurídico de direito público, o que também se aplica no que concerne aos poderes da
Administração, que desempenham integralmente, especialmente poder de polícia.
Comentário:
As autarquias têm personalidade jurídica de direito público, criadas diretamente pela lei. Com isso, já
podemos considerar as alternativas A, B, C e E como ERRADAS.
Ademais, segundo o DL 200/1967, as autarquias são criadas para executar atividades típicas da
Administração Pública. A doutrina defende, então, que as autarquias devem executar serviços públicos de
natureza social e atividades administrativas, excluindo-se os serviços e atividades de cunho econômico e
mercantil.
Prestam serviços públicos em sentido amplo, realizam atividades de interesse social e o desempenham
atividades que envolvam as prerrogativas públicas, como o exercício do poder de polícia.
Gabarito: alternativa D.
Comentário:
De acordo com José dos Santos Carvalho Filho, autarquia é a “pessoa jurídica de direito público, integrante
da Administração Indireta, criada por lei para desempenhar funções que, despidas de caráter econômico,
sejam próprias e típicas do Estado”. Portanto, as autarquias são criadas por lei e possuem personalidade
jurídica de direito público (letra A).
A opção D está errada, uma vez que a personalidade jurídica das autarquias é sempre de direito público
(não se pode mudá-la ou defini-la por decreto). Todas as demais (letras B, C e E) mencionam a possibilidade
de as autarquias possuírem personalidade de direito privado, o que é errado, afora outros erros.
Gabarito: alternativa A.
28. (FCC – SEFAZ MA/2016) São exemplos de órgãos da Administração pública direta:
I. Partidos Políticos e Congresso Nacional.
II. Secretaria Estadual de Finanças e Secretaria Municipal de Planejamento.
Comentário:
Os órgãos são centros de competências, sem personalidade jurídica. Como exemplos temos a Presidência
da República, as casas legislativas, os tribunais do Poder Judiciário, os ministérios, as secretarias estaduais
e municipais, etc.
Os itens I e III estão incorretos porque os partidos políticos são entidades privadas, particulares, e por isso
não fazem parte da Administração Pública (nem direta, nem indireta). Já os itens II e IV trouxeram exemplos
de órgãos (secretarias e ministérios) e por isso estão corretos.
Por fim, o item V trouxe uma entidade política (União) e uma entidade administrativa (INSS, que é uma
autarquia).
Gabarito: alternativa C.
Comentário:
Mais uma questão sobre identificação das entidades administrativas. Vamos colocar cada alternativa,
escrevendo ao lado o tipo de entidade:
a) Banco do Brasil S.A. (sociedade de economia mista) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (é
um conselho de fiscalização de profissão, logo é uma autarquia federal).
b) Caixa Econômica Federal (empresa pública) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(autarquia federal).
c) Petróleo Brasileiro S.A. (sociedade de economia mista) e Instituto Nacional de Seguridade Social
(autarquia federal).
d) Casa da Moeda do Brasil (empresa pública) e Serviço Federal de Processamento de Dados (empresa
pública).
e) Instituto Nacional de Seguridade Social (autarquia federal) e Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (autarquia federal).
Gabarito: alternativa E.
30. (FCC – TRT 23/2016) Determinada autarquia do Estado do Mato Grosso foi condenada a pagar
indenização a um de seus servidores. Após a condenação, utilizou-se do prazo em quádruplo para
recorrer, e, na fase de execução da condenação, alegou a impossibilidade de arcar com a indenização por
não ter patrimônio próprio. A propósito dos fatos,
a) incorreto o prazo recursal, que é em dobro para recorrer, bem como o fundamento do patrimônio, pois
a autarquia tem patrimônio próprio.
b) correto tanto o prazo recursal, como o argumento relativo ao patrimônio.
c) correto o prazo recursal, mas incorreto o fundamento do patrimônio, pois a autarquia tem patrimônio
próprio.
d) incorreto o prazo recursal, que, na hipótese, é prazo simples, mas correto o fundamento do patrimônio.
e) incorreto o prazo recursal, que, na hipótese, é em dobro, mas correto o fundamento do patrimônio.
Comentário:
Uma das prerrogativas das autarquias, e das demais entidades de direito público, é que elas gozam do prazo
em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação
pessoal (Novo CPC, art. 183).
Antigamente, esse era em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer, mas agora é tudo em dobro.
Além disso, as autarquias possuem a sua própria personalidade jurídica, motivo pelo qual possuem também
o seu próprio patrimônio. Portanto, em relação aos fatos alegados, está incorreto o prazo recursal (é em
dobro) e também o fundamento do patrimônio, eis que a autarquia possui patrimônio próprio.
Gabarito: alternativa A.
Comentário:
Essa questão foi retirada de um pequeno trecho da obra da Profª. Maria Di Pietro, vejamos:
Portanto, os órgãos consultivos, a exemplo das consultorias jurídicas, fogem da hierarquia para o
desempenho de suas funções, uma vez que a emissão de pareceres ou opiniões deve ser exercida com
independência e imparcialidade. Porém, ficam esses órgãos subordinados para fins disciplinares, por
exemplo.
As letras A e B estão incorretas, pois os órgãos consultivos estão subordinados, pelo menos, para fins
disciplinares.
Também não há que se falar em avocação e delegação de atribuições dos órgãos consultivos, pois isso faria
perder o sentido a emissão de um parecer. Bastaria a autoridade competente avocar as atribuições do
órgão consultivo para poder emitir um parecer jurídico conforme quisesse. Da mesma forma, não há que
se falar em delegação das funções dos órgãos consultivos, pois em geral as atribuições deles são exclusivas.
A avocação e a delegação somente seriam possíveis dentro do próprio órgão consultivo, mas aí estaríamos
no nível dos agentes públicos e não dos órgãos. Em qualquer caso, as letras C e D estão incorretas: no nível
do órgão, não há que se falar em avocação e delegação; no nível de cada agente público, poderia ser
possível delegar e avocar, respeitando as atribuições exclusivas.
Gabarito: alternativa E.
32. (FCC – TRT 3ª Região/2015) O Estado de Minas Gerais, assim como os demais Estados-Membros e
também os Municípios, detêm competência legislativa própria que não decorre da União Federal, nem a
ela se subordina, mas encontra seu fundamento na própria Constituição Federal. Trata-se da denominada
a) descentralização funcional.
b) descentralização administrativa.
c) desconcentração.
d) descentralização política.
e) descentralização por colaboração.
Comentário:
A descentralização administrativa, por sua vez, é gênero que envolve as várias formas de descentralização
realizadas por lei, contrato ou atos administrativos. Portanto, a descentralização administrativa (letra B) é
gênero, da qual a descentralização funcional (letra A), a descentralização por colaboração (letra E) e a
descentralização territorial são espécies. Por fim, a opção C está errada, pois o caso não trata de
desconcentração, já que não houve distribuição interna de competências.
Gabarito: alternativa D.
Comentário:
Di Pietro classifica os órgãos administrativos, quanto à esfera de atuação, em órgãos centrais ou locais.
Os órgãos centrais exercem as suas atribuições em todo o território nacional, estadual ou municipal. Por
outro lado, os órgãos locais atuam em uma parte do território do ente que integram.
A ideia aqui é ver se o órgão atua em todo o ente ao qual pertence ou apenas em parcela do respectivo
território. Exemplo: uma secretaria municipal é um órgão municipal e atua em todo o território do
respectivo município, logo é um órgão central. Por outro lado, um posto de saúde também é um órgão
municipal, mas atua em apenas parcela do território desde municípios, motivo pelo qual é um órgão local.
Os ministérios são órgãos federais e atuam em todo o território federal, então são órgãos centrais. Agora
a delegacia da Receita Federal é um órgão federal, mas exerce suas atribuições em apenas parcela do
território federal.
Por fim, as delegacias são típicos órgãos que atuam em determinada parcela de território, logo são órgãos
locais. Exemplo: uma delegacia da Polícia Federal desempenha suas atribuições em parcela do território
federal; uma delegacia de polícia civil atua em parcela do território de um estado.
Dessa forma, podemos concluir que as secretarias municipais (item I) e os ministérios (item IV) são órgãos
centrais; enquanto os postos de saúde (item II), as delegacias de polícia (item III) e as delegacias regionais
da Receita Federal (item V) são órgãos locais.
Gabarito: alternativa B.
Bons estudos.
HERBERT ALMEIDA.
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3. (FCC – MANAUSPREV/2021) Pressupondo-se que dado ente político examinado possua regime
próprio de previdência e considerando o regime previdenciário aplicável às entidades da Administração
indireta, com base nas normas ora vigentes da Constituição Federal e da legislação federal aplicável,
extrai-se que todos os servidores integrantes do quadro
a) das agências estarão vinculados ao regime geral de previdência.
b) das empresas públicas estarão excluídos do regime próprio de previdência.
c) da administração autárquica estarão vinculados ao regime próprio de previdência.
d) das fundações governamentais estarão vinculados ao regime geral de previdência.
e) das sociedades de economia mista estarão vinculados a regime previdenciário complementar.
b) integram a estrutura da Administração pública direta e da indireta e não têm personalidade jurídica, ao
contrário das entidades.
c) têm personalidade jurídica própria e distinta da entidade que integram.
d) não têm personalidade jurídica própria, quando integram a estrutura da Administração pública direta,
mas são unidades de atuação, da Administração indireta, dotadas de personalidade jurídica.
e) confundem-se com os agentes públicos por congregarem as funções que estes exercem, sendo o todo
do qual aqueles são a parte.
6. (FCC – AGED MA/2018) Suponha que o Estado do Maranhão pretenda criar uma entidade
integrante da Administração pública indireta, com personalidade jurídica própria, sujeita ao regime
jurídico de direito público, para atuar no setor do agronegócio. Para atingir tal escopo, poderá se valer
da instituição de
a) um conselho consultivo.
b) uma empresa pública.
c) uma autarquia.
d) uma organização social.
e) uma sociedade de economia mista.
d) I, II e III, apenas.
e) III e IV, apenas.
8. (FCC – DPE AM/2018) Considere que o Estado do Amazonas tenha decidido criar, por lei específica,
uma autarquia, atribuindo a ela o serviço público de transporte intermunicipal. A situação narrada
constitui exemplo de
a) delegação política, condicionada aos termos da autorização do Poder Legislativo, que, em tal aspecto, se
sobrepõe à vontade do Poder Executivo.
b) descentralização política, com transferência, nos termos da lei editada, do serviço público antes titulado
pelo Estado, dotando o novo ente de autonomia.
c) desconcentração administrativa, baseada no princípio da especialização, mantendo o ente central a
titularidade do serviço e transferindo ao novo ente apenas a sua execução.
d) descentralização administrativa, com transferência da titularidade do serviço ao novo ente, dotado de
autoadministração.
e) descentralização por colaboração, sendo os limites e condições para o exercício do serviço delegado
estabelecida em contrato de concessão firmado entre o Estado e a autarquia.
c) instituir um consórcio com os demais entes políticos vizinhos, para otimizar e racionalizar custos,
devendo a execução da fiscalização ser estabelecida no convênio, que também disciplinará as atribuições
e o repasse de recursos para aquele ente.
d) instituir uma autarquia, cuja lei de criação contemple as atividades de fiscalização das normas sanitárias,
podendo autuar os estabelecimentos e praticar outros atos que caracterizem expressão do poder de
polícia.
e) instituir uma fundação ou uma autarquia, com personalidade jurídica de direito público, na forma do
que estiver previsto na lei de criação dos entes, não lhes sendo permitido a prática de atos que caracterizem
poder de polícia.
11. (FCC – DPE AM/2018) Considere que determinado Município do Estado do Amazonas entendeu
por bem criar estruturas despersonalizadas e regionalizadas, integrantes de sua Secretaria da Saúde,
destinadas à dispensação de medicamentos à população. A decisão considerou a grande dimensão
territorial e densidade demográfica da urbe, o que permitiu concluir que a partição de competências
racionalizaria e tornaria mais adequada a prestação do serviço público de saúde à população. As
repartições regionalizadas em questão são exemplo de
a) desconcentração, sendo que os órgãos criados, a despeito de integrarem a estrutura da Administração
direta, respondem pessoalmente por seus atos, podendo, como regra, figurar no polo passivo de ações.
b) desconcentração, técnica por meio da qual a Administração cria órgãos destituídos de personalidade
jurídica, que compõem a hierarquia da Administração direta.
c) descentralização, técnica por meio da qual a Administração cria órgãos com personalidade jurídica
própria, que passam integrar sua Administração indireta.
d) relação desenvolvida com o denominado terceiro setor, que passa a integrar a Administração, gerindo
equipamentos públicos.
e) descentralização, técnica por meio da qual a Administração cria pessoas jurídicas com personalidade
jurídica própria, mas subordinadas hierarquicamente à Administração central.
13. (FCC – DPE AM/2018) Um determinado Estado da federação entendeu por bem distribuir
determinado feixe de competências à pessoa jurídica a ser instituída que deverá, para bem desempenhá-
lo, ter personalidade jurídica de direito público e integrar a Administração pública estadual. Para tanto,
a) poderá optar em criar, desde que obtenha autorização legislativa para tanto, autarquia, empresa pública
ou sociedade de economia mista, sendo que estas duas últimas entidades se submetem a controle central,
mas a autarquia, ao contrário, mantém relação de hierarquia com o ente criador.
b) poderá, por decisão discricionária, optar por criar autarquia ou empresa pública, a primeira por lei e a
segunda obtendo-se, previamente ao registro de seus atos, autorização legislativa.
c) deverá criar por lei específica autarquia, atribuindo-lhe a titularidade e execução das referidas
competências.
d) poderá, por contrato ou ato administrativo unilateral, transferir a execução das competências a pessoa
jurídica preexistente.
e) deverá criar, por lei específica, consórcio público, constituindo-o como associação pública ou pessoa
jurídica de direito privado, para a gestão das competências que se pretende descentralizar.
14. (FCC – TRT PE/2018) Na hipótese de a Administração pública estadual pretender descentralizar
serviço de sua competência para atribuí-lo a pessoa jurídica ainda inexistente, sujeita a regime jurídico
administrativo e com personalidade de direito público,
a) deve criar por lei específica autarquia, que passará a integrar a Administração pública indireta estadual.
b) deve obter autorização legislativa para criar autarquia, que integrará a Administração pública direta.
c) pode criar autarquia ou empresa pública, a primeira instituída por lei e a segunda pelo registro de seus
atos constitutivos, ambas integrantes da Administração pública indireta.
d) pode escolher entre criar autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista, todas por lei
específica, a última por lei complementar e as três integrantes da Administração pública indireta.
e) deve criar por lei específica autarquia, que passará a integrar a Administração pública direta estadual
juntamente com o ente instituidor.
e) a discricionariedade, inerente à atuação da Administração pública direta, não se estende aos entes que
integram a Administração pública indireta, cuja atuação deve vir prevista em lei, à exceção das agências
reguladoras, que exercem poder normativo autônomo.
16. (FCC – TRF 5ª REGIÃO/2017) A Administração pública desempenha suas atividades por meio dos
diversos órgãos instituídos para essa finalidade, sendo também forma de distribuição de competências
a
a) desconcentração, que pressupõe a criação de pessoas jurídicas com competências próprias, que passam
a integrar a chamada Administração indireta.
b) descentralização, por meio da qual os órgãos administrativos se compõem, constituindo pessoas
jurídicas com personalidade jurídica de direito público, para que possam prestar, de forma autônoma, as
diversas atribuições estatais.
c) instituição de pessoas jurídicas, com personalidade jurídica de direito público, que compõem a chamada
Administração indireta, tais como autarquias, sociedades de economia mista, consórcios públicos e
==1496dc==
fundações.
d) instituição de pessoas jurídicas de direito público, como autarquias, bem como de direito público
privado, como empresas públicas e sociedades de economia mista, como expressão da descentralização.
e) nomeação de servidores e empregados para funções de confiança, em substituição aos agentes públicos
originalmente eleitos para as funções administrativas.
17. (FCC – TRF 5ª REGIÃO/2017) A União pretende descentralizar serviço público de sua competência,
atribuindo-o à pessoa com personalidade e natureza jurídica pública e capacidade de autoadministração.
Para tanto, o Chefe do Executivo deverá
a) optar por enviar projeto de lei para criar autarquia ou para autorizar a instituição de empresa pública ou
sociedade de economia mista, sendo, na primeira hipótese, transferida a titularidade do serviço e nas
demais apenas sua prestação.
b) enviar projeto de lei para autorizar a instituição de uma autarquia, transferindo-lhe, posteriormente, por
meio de concessão, a prestação do referido serviço.
c) enviar projeto de lei para criar uma empresa pública transferindo-lhe a titularidade do referido serviço.
d) enviar projeto de lei para autorizar a criação de uma empresa pública, transferindo-lhe a titularidade do
referido serviço ou, posteriormente, autorizando sua prestação por meio de permissão.
e) enviar projeto de lei para criar uma autarquia e transferir-lhe a titularidade do referido serviço público.
18. (FCC – DPE RS/2017) A organização administrativa estruturada em administração direta e indireta
pressupõe a existência de pessoas jurídicas com personalidade jurídica e competências próprias, que
possuem características comuns, a exemplo
a) da necessidade de serem criadas por lei, na qual estarão previstas todas as competências, obrigações e
escopo de atuação, não dependendo de outros atos para serem formalmente instituídas.
b) da submissão a regime jurídico de direito privado, ainda que possam contar com participação pública
em sua formação, como os consórcios públicos, as sociedades de economia mista, as fundações e as
autarquias especiais.
19. (FCC – PC AP/2017) Uma autarquia municipal criada para prestação de serviços de abastecimento
de água
a) deve obrigatoriamente ter sido instituída por lei e recebido a titularidade do serviço público em questão,
o que autoriza a celebração de contrato de concessão à iniciativa privada ou a contratação de consórcio
público para delegação da execução do referido serviço.
b) integra a estrutura da Administração pública indireta municipal e, portanto não se submete a todas as
normas que regem a administração pública direta, sendo permitindo a flexibilização do regime publicista
para fins de viabilizar a aplicação do princípio da eficiência.
c) submete-se ao regime jurídico de direito privado caso venha a celebrar contrato de concessão de serviço
público com a Administração pública municipal, ficando suspensa, durante a vigência da avença, a
incidência das normas de direito público, a fim de preservar a igualdade na concorrência.
d) pode ser criada por decreto, mas a delegação da prestação do serviço público prescinde de prévio ato
normativo, podendo a autarquia celebrar licitação para contratação de concessão de serviço público ou
prestar o serviço diretamente.
e) possui personalidade jurídica de direito público, mas quando prestadora de serviço público, seu regime
jurídico equipara-se ao das empresas públicas e sociedades de economia mista.
21. (FCC – TJ SC/2017) Alberto Caeiro foi contratado pelo Conselho Regional de Contabilidade para
trabalhar como assistente administrativo naquela entidade, em janeiro de 2016. Em fevereiro do
corrente ano, foi dispensado, sem justa causa, da entidade. Alberto ajuizou ação em face da entidade,
perante a Justiça Comum Estadual, visando sua reintegração, sob alegação de que se trata de entidade
pertencente à Administração Pública e que seria ilegal a despedida imotivada. Ao apreciar a ação
proposta, o Juízo Estadual deve
a) aceitar a competência, visto que se trata de entidade autárquica estadual, sendo a relação de trabalho
de natureza tipicamente administrativa.
b) reconhecer a incompetência e remeter a ação para a Justiça do Trabalho, visto que, por se tratar de
entidade de direito privado, o vínculo sob exame é regido pelas normas da Consolidação das Leis do
Trabalho.
c) reconhecer a incompetência e remeter a ação para a Justiça Federal, haja vista tratar-se de entidade
autárquica federal, sendo o vínculo submetido ao regime jurídico único estatuído na Lei n° 8.112/90.
d) aceitar a competência, visto que se trata de típico contrato de prestação de serviços, regido pelas normas
do Código Civil.
e) extinguir a ação por impossibilidade jurídica do pedido, pois não cabe ao Judiciário interferir em atos de
natureza discricionária, como os que se referem a dispensa de servidores não estáveis.
22. (FCC – ARTESP/2017) Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua agência reguladora, em sentido
amplo como sendo qualquer órgão da Administração Direta ou entidade da Administração Indireta com
função de regular a matéria específica que lhe está afeta (in: Direito Administrativo, Atlas, 18. ed., p.
414). Mais adiante, cita o magistério de Calixto Salomão Filho, que destaca que a regulação, em sentido
amplo, engloba toda a forma de organização da atividade econômica através do Estado, seja a
intervenção através da concessão de serviço público ou o exercício do poder de polícia (p. 415). Nesse
sentido, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio,
a) apenas as agências reguladoras que exercem poder de polícia possuem poder normativo, sempre
limitado a aspectos técnicos de sua área de atuação.
b) as agências reguladoras que controlam as atividades objeto de concessão de serviço público
desempenham, nos termos da lei que as institui, atribuições de poder concedente.
c) as agências reguladoras constituídas sob a forma de autarquias de regime especial gozam de autonomia
e suas decisões não são passíveis de controle pelo Poder Judiciário.
d) apenas as agências reguladoras previstas na Constituição Federal gozam de autonomia administrativa e
orçamentária – financeira, que inclui mandato para seus dirigentes.
e) as agências reguladoras não integram o Poder Executivo, possuindo natureza de entes autônomos e
soberanos, sujeitos, apenas, ao controle do Poder Legislativo e Tribunal de Contas.
23. (FCC – TRT 24ª Região (MS)/2017) Quanto à estrutura, os órgãos públicos podem ser classificados
em simples, também denominados de unitários, e compostos. Acerca do tema, considere:
I. São constituídos por um único centro de atribuições.
II. Possuem subdivisões internas.
24. (FCC – TRT 24ª Região (MS)/2017) Com relação à Administração indireta, no que concerne às
características das autarquias, considere:
I. As autarquias só por lei podem ser criadas.
II. Apenas no caso de exaustão dos recursos da autarquia é que incidirá a responsabilidade do Estado, que
é subsidiária.
III. As autarquias não são subordinadas a órgão algum do Estado, mas apenas controladas.
IV. Os bens e rendas das autarquias, não apenas quando vinculados a suas finalidades essenciais, mas em
toda e qualquer circunstância, possuem imunidade tributária.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e IV.
b) III.
c) II e IV.
d) I, II e III.
e) I e III.
26. (FCC – TRE SP/2017) A Administração pública, quando se organiza de forma descentralizada,
contempla a criação de pessoas jurídicas, com competências próprias, que desempenham funções
originariamente de atribuição da Administração direta. Essas pessoas jurídicas,
a) quando constituídas sob a forma de autarquias, podem ter natureza jurídica de direito público ou
privado, podendo prestar serviços públicos com os mesmos poderes e prerrogativas que a Administração
direta.
b) podem ter natureza jurídica de direito privado ou público, mas não estão habilitadas a desempenhar os
poderes típicos da Administração direta.
c) desempenham todos os poderes atribuídos à Administração direta, à exceção do poder de polícia, em
qualquer de suas vertentes, privativo da Administração direta, por envolver limitação de direitos
individuais.
d) quando constituídas sob a forma de autarquias, possuem natureza jurídica de direito público, podendo
exercer poder de polícia na forma e limites que lhe tiverem sido atribuídos pela lei de criação.
e) terão natureza jurídica de direito privado quando se tratar de empresas estatais, mas seus bens estão
sujeitos a regime jurídico de direito público, o que também se aplica no que concerne aos poderes da
Administração, que desempenham integralmente, especialmente poder de polícia.
28. (FCC – SEFAZ MA/2016) São exemplos de órgãos da Administração pública direta:
I. Partidos Políticos e Congresso Nacional.
II. Secretaria Estadual de Finanças e Secretaria Municipal de Planejamento.
III. Secretaria Estadual de Finanças e Partidos Políticos.
IV. Secretaria Municipal de Planejamento e Ministério do Turismo.
V. União e Instituto Nacional de Seguridade Social.
Está correto o que consta APENAS em
a) I e III.
b) II e III.
c) II e IV.
d) IV e V.
e) I e V.
30. (FCC – TRT 23/2016) Determinada autarquia do Estado do Mato Grosso foi condenada a pagar
indenização a um de seus servidores. Após a condenação, utilizou-se do prazo em quádruplo para
recorrer, e, na fase de execução da condenação, alegou a impossibilidade de arcar com a indenização por
não ter patrimônio próprio. A propósito dos fatos,
a) incorreto o prazo recursal, que é em dobro para recorrer, bem como o fundamento do patrimônio, pois
a autarquia tem patrimônio próprio.
b) correto tanto o prazo recursal, como o argumento relativo ao patrimônio.
c) correto o prazo recursal, mas incorreto o fundamento do patrimônio, pois a autarquia tem patrimônio
próprio.
d) incorreto o prazo recursal, que, na hipótese, é prazo simples, mas correto o fundamento do patrimônio.
e) incorreto o prazo recursal, que, na hipótese, é em dobro, mas correto o fundamento do patrimônio.
32. (FCC – TRT 3ª Região/2015) O Estado de Minas Gerais, assim como os demais Estados-Membros e
também os Municípios, detêm competência legislativa própria que não decorre da União Federal, nem a
ela se subordina, mas encontra seu fundamento na própria Constituição Federal. Trata-se da denominada
a) descentralização funcional.
b) descentralização administrativa.
c) desconcentração.
d) descentralização política.
e) descentralização por colaboração.
33. (FCC – TRE SE/2015) Considere:
I. Secretarias Municipais.
II. Postos de Saúde.
GABARITO
4. B 14. A 24. D
5. B 15. D 25. C
6. C 16. D 26. D
7. D 17. E 27. A
8. D 18. D 28. C
9. B 19. A 29. E
REFERÊNCIAS
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 19ª Ed. Rio de Janeiro:
Método, 2011.
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 31ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2014.
BARCHET, Gustavo. Direito Administrativo: teoria e questões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27ª Edição. São Paulo: Atlas, 2014.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª Edição. São Paulo: Atlas, 2014.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
MEIRELLES, H.L.; ALEIXO, D.B.; BURLE FILHO, J.E. Direito administrativo brasileiro. 39ª Ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2013.