05 Goularti
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“Marx começou seus estudos econômicos em Paris, em 1843, com os grandes autores
ingleses e franceses; dos alemães só conhecia Raul e List e já achava bastante”.
Friedrich Engels (Prefácio ao Livro II de O capital).
Resumo
O pensamento e a obra de George Friedrich List não são tratados com freqüência e com a
devida atenção pelos historiadores e pelos economistas, o mesmo ocorre com a Escola
Histórica Alemã. Apesar de alguns autores não considerarem List como membro da Escola
Histórica, há correlação muito próxima entre o seu pensamento e o da Escola Histórica. A
negação do dedutivismo, a crítica à Escola Clássica e a aplicação do empirismo e do
historicismo como métodos de análise fazem de List um dos precursores da Escola Histórica.
A presente nota tem por objetivo discutir o sistema nacional de economia política de Friedrich
List. Está estruturada da seguinte forma: primeiro, será discutida a influência do método
utilizado por List na Escola Histórica; em seguida, List será contextualizado na história
européia, com destaque à Prússia nos séculos XVIII e XIX; em terceiro lugar, serão
analisados sua obra e seu pensamento; e, por último, mostra uma possível relação com os
pensamentos keynesiano e cepalino.
4 Para Hegel o Estado é a síntese das contradições da sociedade civil e está acima dos interesses
antagônicos das classes sociais.
5 Foi no pensamento de Comte que os históricos buscaram a crítica ao dedutivismo, o qual leva a
generalizações abstratas, com isto, segundo Comte, a Economia Política se aproxima da Metafísica (Denis,
1982).
6 Em 1789, ainda não estava devidamente formado o Estado alemão. List nasceu em
Württemberg, que mais tarde, 1818, entrou na recém-formada Confederação Germânica.
7 Guerra entre os países da Europa Central e do Norte (1618-1648) para resolver problemas
religiosos.
8 Em 1685, foi decretado o fim do Edito de Nantes, que dava proteção aos protestantes no
Império Francês. List constantemente destaca esta expulsão dos protestantes como um dos fatores que
dinamizou a economia inglesa e prussiana.
9 List diferencia a tarifa alfandegária da fiscal; a alfandegária não inibe a produção e é necessária,
ao contrário da fiscal que, quando muito elevada, inibe a produção.
10 O Ato de Navegação obrigava todas as mercadorias destinadas a entrar ou sair dos portos
ingleses a serem transportadas por navios da Inglaterra.
11 Após o período Colbert, há retrocesso econômico porque Luís XIV libera o comércio e revoga
o Edito de Nantes (1685), expulsando vários protestantes da França. Em 1786, a França assina com a
Inglaterra o Tratado de Eden que dava amplos poderes à Inglaterra para comercializar com a França,
levando à ruína inúmeros pequenos proprietários.
12 Neste período a Itália era um território todo fragmentado, sem unidade nacional, condições
que levaram Nicolau Maquiavel a escrever O príncipe. Gênova, Veneza e Florença eram grandes pólos
comerciais, porém independentes. Florença também se constituía num pólo financeiro, porém o excesso de
proteção a levou ao isolamento e à decadência. A unificação italiana somente ocorreu em 1861, sendo que
Veneza e Roma foram incorporadas à Itália em 1866 e 1870 respectivamente.
13 Em 1705 Portugal assinou o Tratado de Methuen que beneficiava a industria têxtil inglesa por
meio da garantia de compra dos tecidos ingleses e em troca a Inglaterra comprava os vinhos portugueses.
Em 1713 a Espanha assina o Asiento que dá aos ingleses “o direito de introduzir anualmente certo número
de negros africanos na América espanhola, e de visitarem, uma vez por ano, o porto Portobello, com um
navio, o que servia aos ingleses como pretexto para introduzirem imensas quantidades de produtos nesses
países” (List, 1986).
Referências bibliográficas
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