Companheiro - Simbolismo Do Segundo Grau

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jSIMBQLISMO

Segundo Grau
'Jompanheiro

MADRAS
Rizzardo da Camino, que presen-
teia seus leitores com mais este
trabalho (no total de 50 livros
publicados, sendo 40 voltados a
Magonaria), e um dos nomes mais
respeitados na atualidade. Suas
obras abrangem as areas magonica,
espiritualista e juridica.
Gaucho da cidade de Garibaldi,
Camino foi bacharel em Jomalis-
mo e magistrado em Ciencias Ju-
ridicas pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, graduado
em 1945.
No mundo magonico, foi inicia-
do em 1946, na Loja Electra ng
21, da Grande Loja do Rio Gran­ 5
de do Sul.

MADRAS*
Rizzardo da Camino
Ex-Libris

SIMBOLISMO
do Segundo Grau
Companheiro
© 2021, Madras Editora Ltda.
Editor.
Wagner Veneziani Costa (in memoriam)

ProcluQao e Capa:
Equipe Tecnica Madras

Ilustraqdo Capa:
Mario Diniz

Revisdo:
Joao Ricardo Alves
Arlete Genari

Dados Internacionais de Cataloga^ao na Publica^ao (CIP)


(Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Camino, Rizzardo da, 1918-.
Simbolismo do Segundo Grau: companheiro/
Rizzardo da Camino. - 6. ed. - Sao Paulo: Madras, 2021.
ISBN 978-85-370-0484-5
I. Magonaria 2. Magonaria - Rituals
3. Magonaria - Simbolismo I. Titulo.
09-04109 CDD-366.12
Indices para catalogo sistematico:
1. Magonaria: Simbolismo do Segundo Grau:
Companheiro: Rituais: Sociedades secretas366.12

Proibida a reprodugao total ou parcial desta obra. de qualquer forma on por


qualquer meio eletronico. mecanico, inclusive por meio de processes xerogra-
ficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permissao expressa da Madras
Editora. na pessoa de sen editor (Lei n- 9.610, de 19.2.98).
Todos os direitos desta edigao reservados pela
MADRAS EDITORA LTDA.
CEP: Rua Paulo Gongalves. 88 Santana
02403-020 — Sao Paulo/SP
Caixa Postal: 12183 CEP: 02013-970-
:s, Tel.: (11) 2281-5555 - (11) 98128-7754
madras'1'
www.madras.com.br

•u
Dedico este livro a minha mae
Victoria Helena Canini da Camino.
Ao prezado Irmdo, amigo e confrade
Adauto Barreto da Silva Nen,
a homenagem do autor.
(Homenagem postuma)
Nota de Lembranqa
Na qualidade de esposa do saudoso Rizzardo da Camino, nao
posso deixar de fazer uma homenagem, pois no dia 14 de dezembro
de 2013 fez seis anos que perdemos o nosso querido Da Camino,
que leve o privilcgio de viver ate os 90 anos com sua mente pei leita,
sempre estudando e escrevendo, o que mais gostava de fazer!
Ficamos casados por 60 anos, os quais me deixam muitas
saudades.
Felizmente, estou acompanhada dos nossos tilhos, Eloisa,
Beatriz e Paulo - que e tambem maqom, agora da mais nova Loja,
a Percepqao n° 235, que foi criada em homenagem ao sen pai, o
que muito me felieito.
Da Camino foi magistrado atuando como Juiz de Direito em
varias cidades, onde sempre foi urn maqom dedicado; deixou mais
de 50 livros publicados nesses sens 60 anos de Maqonaria!
Muitos Irmaos nao o conheceram pessoalmente, somente
pel os sens livros, artigos, revistas e jomais maqonicos. Assim, deixo
aqui mens agradecimentos a todas as Lojas e Irmaos que sempre
foram presentes na vida de Da Camino.
Ten ho a incumbencia e a obrigaqao de agradecer,
principalmente, a Loja Fraternidade n° 100 do Rio de Janeiro/RJ,
a qual Da Camino pertenceu, pela sua grande gentileza para comigo!
A Madras Editora, meus sinceros agradecimentos por todos
esses anos editando e publicando os livros do men querido esposo!
E dificil, ainda, viver na ausencia do men esposo, restando
somente a imagem do Da Camino na memoria, mas tenho a certeza
de que ele certamente deva estar ao lado do Grande Arquiteto do
Universo!
Por fim, meus agradecimentos, conjuntamente com “nossos1
filhos, a todos os Irmaos que prestigiam o Da Camino lendo os
sens livros, os quais ajudam a resolver as duvidas, tomando todos
os homens mais “Justos e Perfeitos !
Com saudades,
Odeci Da Camino
iJnctiez

Prefacio........................................................... 11
Manoel Gomes................................................ 13
Apresentagao................................................... 15
Desenvolvimento do Ritual............................. 19
Os Cinco Sentidos...................................... 26
O Numero Cinco dentro da Numerologia .. 28
A Estrela de Cinco Pontas......................... 30
A Cinco Viagens do Grau.......................... 30
Os Cinco Degraus do Trono...................... 31
Sao Joao.......................................................... 35
Sao Joao da Escocia........................................ 44
Ritual de IniciaQao......................................... 70
Elevagao ao Grau de Companheiro macom 70
O "Delta Misterioso”...................................... 86
O Simbolismo das Cinco Viagens.................. 106
A Primeira Viagem...................................... 106
Os cinco sentidos........................................ 106
A Visao....................................................... 107
A Audigao................................................... 109
O Olfato...................................................... 110
O Paladar.................................................... 111
O Tato......................................................... 1 12
A Segunda Viagem....................................... 113
A Terceira Viagem........................................ 117
Gramatica.................................................... 118
Retorica....................................................... 118
Logica......................................................... 119
Aritmetica................................................... 121
Os Numeros........................................... 121
7
8 Simbolismo do Segunclo Gran

As Medidas..................... 122
Sistema Metrico Decimal 123
Geometria....................... 124
Musica............................. 124
Astronomia..................... 131
A Quarta Viagem.............. 132
Solon............................... 132
Socrates.......................... 133
Licurgo........................... 136
Pitagoras........................ 138
I. N. R. I.......................... 142
A Quinta Viagem............. 143
A Palavra Sagrada............... 148
A Palavra de Passe.............. 150
O Sinai do Gran.................. 155
As Colunas.......................... 160
AEstrela de Cinco Pontas.... 170
A Estrela Flamigera............. 173
A Letra “G”......................... 175
A Idade do Companheiro.... 178
O que e o pensamento?... 180
O que c a consciencia?.... 180
O que e a inteligencia?.... 181
O que e a vontade?......... 181
O que e liberdade?......... 182
O Avental no 2- Grau.......... 183
A Marcha do 2fi Grau.......... 189
As Pedras do 2° Grau.......... 193
O Alfabeto........................... 198
A Parabola dos Talentos...... 200
Os Oraculos......................... 206
As Instruqoes do 2g Grau.... 208
Primeira Instrugao.......... 209
Segunda Instmgao.......... 214
Terceira Instrugao.......... 238
Orador....................... 241
Indice 9

O Tetragrama Hebraico 243


O Quatemario.............. 244
O Quinario................... 245
O Hexagrama............... 246
O Setenario.................. 247
O Exame............................ 248
Pa lavras Finals.................. 253
.
^Px^j-dcio

Lemos com atencao e avidez mais este livro de Rizzardo da


Camino, Segundo de Lima serie de tres, dedicados aos Graus da
MaQonaria Simbolica.
Ao fazermos este prefacio que nos pediu o autor, qneremos dei-
xar, primeiramente, as nossas palavras de estimulo para que continue
o Irmao Rizzardo da Camino a enriquecer a bibliografia maqonica,
acrescendo-a de peqas tao valiosas.
Sens livros, escritos em estilo elegante e de facil assimilaqao,
fogem ao comum e procuram, de forma assaz rica em didatica, dar a
mensagem sensata e correta.
Nesta sua serie - SIMBOLOGIA DOS GRAUS. vindo de pa-
cientes e prolongadas pesquisas. busca Rizzardo da Camino dar mais
difusao ao Simbolismo, que entendeu um estudo fundamental e impe-
rativo a todos os macons, por ser sobre o que se eleva toda a filosofia
e Doutrina da Sublime Instituiqao.
Em verdade, o Simbolismo c a alma e a vida da Maqonaria,
nasceu com ela. E o germe do qual brotou a arvore maqonica que
ainda a nutre e anima. E o veiculo que trouxe ate nos o conhecimento
dos grandes luminares da Antiguidade.
Ciencia que a Maqonaria adotou para desenvolver e revelar
aos sens filiados as grandes verdades que ensina, seguindo os sabios
preceitos que Ihe foram transmitidos desde os tempos mais remotos.
Tern as suas origens nos simbolos primitivos, que foram as
expressoes resultantes dos primeiros retlexos da inteligencia para a
representaqao de uma ideia formulada na mente Humana.
Nao e, como pretendem alguns, o Simbolismo maqonico, uma
tradiqao respeitavel, apenas; on, uma arte decorativa dos templos;
tampouco. a convencional e rudimentar representaqao de sentenqas

11
12 Simbolismo do Segundo Gran

morais. Pelo contrario - simbolo e a sintetizagao de um pensamento


que, de maneira simples, representa.
Nos instrumentos de trabalho - o ESQUADRO, o COMPAS-
SO. o CINZEL, o MAQO. o PRUMO, o NIVEL, a REGUA. e outros,
buscados na arte de construir, neles nao ve o mapom, evidentemente,
o significado que pode sugerir sen uso mecanico, mas a motivacao
para pensamentos mais nobres e sublimes, ao mesmo tempo que
o coloca em permanente contato com os principios normativos da
Instituiqao.
O SIGNO DE SALOMAO - duplo triangulo, simbolizando a
manifestagao e evolugao duais do Cosmos;
O DELTA - invocando a ideia de existencia de um ser supe­
rior, criador de todos os Universes;
O SOL - a maior gloria do criador;
A ROMA - simbolizando a familia magonica;
A ESTRELA FLAM1GERA - afirmando que a inteligencia e a
compreensao procedem, igualmente, da razao e da imaginagao;
A ACACIA - simbolo da imortalidade e outros tradicionais,
pitagoricos e cabalisticos, que se prestaram a um significado
magonico, seja com um sentido esoterico, seja como formulas
encerrando significados educativos.
O templo de Salomao, tambem um simbolo, representando o
templo Ideal, de cuja construgao o magom participa com a sua pedra
- esquadrejada e polida no silencio do recolhimento e da meditagao.
Pois tudo isso Rizzardo da Camino sabiamente coloca ao alcance
de todos nesta sua serie de livros dedicados ao Simbolismo, por uma
sequencia de argumentos e comentarios exatos, com a beleza das
coisas que sao feitas com muito amor - inegavelmente, uma obra de
verdadeira erudigao.
Manoel Gomes'

1. Autor de Manual do Mestre Ma^orn e A Magonaria na Histdria do Brasil


Madras Editora. Sao Paulo.
J\Aanos IQomzi

O prefacio de uma obra sempre e apresentado por Lima persona-


lidade ilustre que tece criticas a obra, uma vez que recebe as provas,
seja diretamente da editora, ou do proprio autor.
Fugindo ao normal, que e a limitaqao da publicaqao do pre-
lacio, dada a personalidade de Manoel Gomes, o editor sente-se na
obriga<?ao de fazer uma apresentagao, para a qual nos servimos das
palavras de Rodolfo Bosco. autor do prefacio da sua obra Manual
do Mestre Magom.
“Manoel Gomes, na Magonaria catarinense, foi urn apostolo,
integrado na solene disposigao do amor, praticando-o por meio das
virtudes que Ihe omam a alma. Viveu a Sublime Instituigao no seu
Simbolismo e identificou-se no sentido espiritual e moral de sua li-
turgia. Cedo, formou um conceito da Arte Real que iria projeta-lo no
tempo. De simples jovem animado de ideal profundo, empunhou o
malhete de Grao-Mestre da Grande Loja Simbolica de Santa Catarina.
“Na caminhada das Colunas ao altar dos juramentos, Manoel
Gomes tragou a linha reta que seguiu sempre em sua vida, como chefe
de familia, como militar - um cidadao prestante a patria, a familia e
a sociedade. Na Magonaria, encontrou a forja para o melhor trabalho
fratemo resumido nas virtudes exaltadas pelo apostolo Paulo: a fe, a
esperanga e a caridade. Desbravou a floresta do desconhecido, para
penetrar nos segredos historicos e nos enigmas do Simbolismo. Com
maos herculeas e sem temeridade, afastou os ferrolhos da porta do
desconhecido, para nos apresentar uma Magonaria integrada nos sens
legitimos postulados, nos sens reais valores”.
Alem do Manual do Mestre Magom, obra ja consagrada, ex-
celente repositorio de conhecimentos indispensaveis para todos os
magons, e tambem autor do livro A Magonaria na Historia do Brasil,

13
14 Simholisino do Segundo Gum

obra que nos apresenta, correta e corajosamente, os verdadeiros as-


pectos dos eventos da nossa Historia. Sens trabalhos sao um retrato
da sua personalidade, revelando o escritor e apontando o homem que
caminha com o olhar fito no alem, perscrutando o enigmatico para
revelar a Grande Verdade...
0 editor
xzizntaydo

O Grau denominado de Companheiro e o Segundo dentio do


Rito Escoces Antigo e Aceito. Junto com o primeiro e terceiro, e
denominado dc Grau Simbolico, on Ma^onaria Azul. Os demais 30
Grans do Rito sao conhecidos como Gratis Filosoficos, ou Maconaria
Vermelha.
O Grau de Companheiro tern como objetivo o estudo das cien-
cias Naturais, da Cosmologia, da Astronomia, da Filosofia, da Historia
e a investigate da origem de todas as causas de todas as coisas.
Dedica-se, outrossim, ao estudo dos simbolos, como o faz o 1"
Grau; procura conhecer o homem como ser titil a sociedade, buscando
coloca-lo a service da humanidade para semear bem-estar por meio
do trabalho, da cicncia e da virtude.
O Aprendiz mayom que conclui sen tempo no estagio que I he foi
proposto julga ter estudado e absorvido os ensinamentos de todos os
simbolos que encontrou dentro do templo, contudo verificara que, ao
passar para o 21J Grau, surgem novos simbolos e novas interpretaqoes.
O sen caminho sera urn pouco mais precise e filosofico/pratico,
sem, obviamente, somar profundos conhecimentos maqonicos, exi-
gidos gradativamente em sua exaltagao ao 39 Grau.
Por ser o Grau intermediario dentro da Maqonaria Simbolica,
assume relevante posiqao o estudo. Ser Companheiro significa o laqo
de uniao entre o Aprendiz e o Mestre.
Sem ser ja Aprendiz e sem ter alcanqado a posiqao de Mestre, o
Companheiro coloca-se como se fora o fiel de Lima balanca imaginaria,
equilibrando posiqoes, aspiraqoes e tendencias.
Apos cumprido sen periodo, que tambem c longo, paciencioso
e constante, a sua fidelidade Ihe dara um premie valioso, o de ser
aceito como Mestre, que e a ultima posiqao na Maconaria Simbolica.

15
16 Simbolismo do Segumlo Grau

A origem da palavra “Companheiro”, no sentido ma^onico, c


um tanto nebulosa, pois nao ha, precisamente, documentos a respeito.
Em latim, companarius, c aquele que acompanha ou que esta
na companhia de outrem.
Quando da construqao do templo de Salomao, os artifices (nao
confundir com os operarios) eram divididos em tres escaloes: Apren-
dizes, Companheiros e Mestres, porem, essa divisao nos chegou pelas
lendas, e nao por documento.
A adoqao da nomenclatura provem de epoca recente; no idioma
saxonico, temos: /e/aw, como em ingles/e/ow, composto das palavras
fe e hoy, que poderiam significar “ligados em confianqa mutua”.
Poderia ter outro significado originado da palavra anglo-saxo-
nica/b/g/a/?, que quer dizer “seguif, no sentido de “precursor .
Tanto por ocasiao da reconstruqao do templo de Salomao,
destruido por Nabucodonosor, como na Idadc Media, teriam existido
apenas dois grupos destinados as construqoes: Os “cortadorcs” e os
“pedreiros”, porem sem a organizaqao maqonica, isto e, sem que
os “cortadores” fossem os “Aprendizes" e sem que os "pedreiros”
fossem os “Companheiros”.
Nao resta duvida, porem, de que o nome “Companheiro tinha
significado mais profundo, expressando uma posiqao de destaque
dentro de uma “fraternidade universal”.
“Companheiro” expressava um vinculo mais profundo que
“Irmao”; todos os homens podiam ser "irmaos”, porem nem todos
podiam ser “companheiros”.
A denominaqao sempre aparece junto a criaqao dos primeiros
agrupamentos gremiais, seja no Egito, seja na Caldeia ou na Siria.
Os agrupamentos “profissionais” passaram do Egito a Asia
Menor; desta a Peninsula dos Balcas, logo para a Italia, Alemanha,
Franqa e Inglatena.
Na Inglatcrra, em 1717, surgiram os agrupamentos tidos como
maqonicos.
Em todos os ritos maqonicos conhecidos, em uso ou nao, o
Grau de “Companheiro” aparece como Segundo escalao hierarquico,
representando a segunda fase da vida do homem: a da virilidade.
ApresenlaQao 17

Outro aspecto importante diz respeito ao fato de que a admissao


ao Segundo Grau, ou seja, ao de Companheiro, em todas as epocas
sempre constituiu selecao, pois nem todos possuem o mesmo m'vel
intelectual; em epocas passadas, a instrucao era privilegio de pou-
cos, dal permanecerem na Magonaria, a grande maioria, no primeiro
esealao, on seja, como Aprendizes; “Eternos Aprendizes”, homens
de bem, iniciados, com plena capacidade espiritual, mas que nao
poderiam absorver a cultura, posto que incipiente.
Hoje, evidentemente, houve uma mudanga de 180°, porque
qualquer jovem de 16 anos, que conclua o primeiro ciclo de estudos,
sabe muito mais que os jovens do passado.
Assim, se o 2<J Grau significava um avango no caminho magonico
reservado a poucos, hoje, apenas constitui uma complementagao da
Magonaria Simbolica; o magom atinge a sua plenitude simbolica ao
ser exaltado Mestre.
A relevante importancia do Grau de Companheiro o diz a sua
propria “iniciagao”; se fosse apenas mais um degrau, nao haveria
necessidade de “iniciagao”; tem-se diminuido a importancia da “ini-
ciagao” ao 2" Grau, denominando-se a cerimonia de “Elevagao”, o
que constitui uma diminuigao injustificada.
Desde remota antiguidade, muito antes da criagao do Rito Es-
coces Antigo e Aceito, quando a Magonaria possuia tao-somente tres
Grans, estes possuiam as suas proprias iniciagoes e os sens temas de
estudo, enfeixando um ciclo perfeito.
Quern estuda os 33 Grans do Rito Escoces Antigo e Aceito,
encontrara um perfeito entrosamento entre todos, e sempre os tres
primeiros Grans constituirao a fundamentagao dos demais. No Grau
32, ha remissao ao Grau de Companheiro, em uma explanagao mais
ampla, mas subsistindo as bases solidas de sua filosofia.
Hoje, a Magonaria tern em mira os ties aspectos essenciais: a
instrugao moral, fisica e intelectual; a moral abrange a espiritualida-
de; a fisica, o conhecimento complete da natureza;2 e a intelectual, a
mistica, parapsicologia e ciencias afins.

2. Phisis, em grego
18 Simbolismo do Segmdo Gran

O Gran cle Companheiro avanca, paralelamente, para o futuro e,


paradoxalmente, “avanca” para o passado, estudando o pensamento
dos filosofos, sejam os que foram maqons, on nao.
O fator tempo, no 2- Gran, desaparece; sempre e o presente.
Trata-se de uma das primeiras liqoes que o Companheiro absorve:
tempo e espaqo sao apenas atributos do Grande Arquiteto do Uni verso.
*
* *
(JO [(jimznto do

A praxe, que sempre constitui urn mal, porque conduz ao


relaxamento na observancia dos Ritos, faz com que as reunioes de
Companheiros iniciem-se com o 1'-’ Grau, fazendo a transtormagao
dentro da Loja.
O correto sera iniciar o 2s Grau, desdc o ingresso no templo que
devera estar preparado para o Grau. isto c, com as luzes apro-priadas
e os instrumentos de trabalho que Ihe correspondam, inclusive a cor
das paredes, que devera ser azul.
A abertura e o encerramento dos trabalhos nas Sessoes comuns
descnvolvem-se quase da mesma forma como no 1<J Grau; apenas na
cerimonia de Elevagao surge a diferenga.
Quando o Veneravel Mestre, ja colocado em sen altar, comanda
o inicio, declarando a Loja abeita, solicita ao Irmao Primeiro Vigilante
que cumpra o sen primeiro dever.
A cobertura do templo apresenta dois momentos: o Cobridor
Interno, que ja fechara a porta externa quando por ultimo ingressara
o Veneravel Mestre, da as pancadas do Grau, que sao repetidas pelo
Cobridor Externo.
O certo c que as pancadas sejam as do Grau e nao como de “pra-
xe , que se inicie com as do 1" Grau. Nao se deve confundir quan-
do alguem, apos iniciados os trabalhos, “bate a porta do templo”,
obviamente, no 1- Grau, eis que ignora em que Grau a Loja esta
trabalhando.
O Segundo momento diz respeito a Cobertura Esoterica, isto e,
o significado filosofico de encontrar-se urn templo a coberto.
Sendo a Loja uma oficina que trabalha dentro de urn templo,
facil e compreender que toda mistica religiosa se faz presente, apos
o fechamento da porta de entrada; a Loja. que surge no momento em
que reune sens membros, atrai a presen^a do Grande Arquiteto do
Universe.
19
20 Simholismo do Segum/o Gran

A “onipresen^a”, urn dos atributos do Grande Arquiteto do Uni-


verso, nao deve ser confundida com a mistica da “Sintonia”; apesar de
sempre presente, o Grande Arquiteto do Universe faz-se “pensamento”
e desperta no Membro da Loja a “Sinfonia”, ou seja, a cons-cientizaqao
da existencia de urn elo entre a criatura e o Criador.
A Loja, apos receber o “SoirT das pancadas a sua porta, passa-
ra a ESTAR A COBERTO, ou melhor, recebera a “Cobertura”, ou
“Presenga” do Grande Arquiteto do Universo.
So com a “Presenga" do Grande Arquiteto do Universo e que o
Vencravel Mestre podera dar comeqo aos trabalhos.
A segunda ordem e, portanto, o Segundo dever do Primeiro Vigi­
lante, sera verificar se todos os presentes sao Companheiros-magons.
O sinal do Grau, evidentemente, e um gesto e uma postura ade-
quada e necessaria para os trabalhos; contudo, o Primeiro Vigilante
devera “sentir” a presenga de um Companheiro, pois o 2Q Grau e um
escalao de muita importancia dentro do Rito Escoces Antigo e Aceito.
Nao basta um mero sinal de postura, e mister que haja entre o
Primeiro Vigilante e o Companheiro, uma “Sintonia” perfeita, a ponto
de, se surgir um “mistificador”, ser ele desmascarado.
A“sensibilidade do Primeiro Vigilante deve ser cultivada, pois
ele sera o sucessor do Veneravel Mestre.
Os Landmarks nao dispuseram em vao, que os substitutes do
Veneravel Mestre sao os Vigilantes.
Dentro do conjunto de uma Loja, os que evoluem de forma
natural, dado a sua privilegiada posigao e protegao, sao os Vigilan­
tes; seria risco eleger como Veneravel Mestre a qualquer Irmao do
quadro, posto possa qualquer um, e tenlla o direito, de ver-se votado;
a experiencia recomenda e os resultados estao presentes, que durante
o ano o Primeiro Vigilante receba de todas as luzes, a orientagao
necessaria para ocupar o future cargo.
Conhecer o Ritual e desenvolve-lo nao e suficiente; faz-se ne-
cessario “viver” a liturgia e ter plena consciencia do significado de
cad a pa lavra e gesto.
Feita a verificagao, o Primeiro Vigilante responde: “Todos os
presentes sao Companheiros-magons”.
Evidentemente, em uma Loja do 2- Grau nao e admitida a
presenga de Aprendizes; contudo, pode haver a presenga de Mestres.
Desenvolvimento do Ritual 21

O Veneravel de uma Loja magonica sempre e o Veneravel da


Loja de Companheiros.
Porem, ha possibilidade das luzes serem apenas Companheiros?
Trata-se de uma questao ainda nao definida, porque a Loja Simbo-
lica compreende o conjunto dos tres primeiros Graus. Desconhecem-se
Lojas exclusivamente de Aprendizes on de Mestres. O Rito Escoces
Antigo e Aceito divide os sens Graus em grupos; portanto, um Ve­
neravel Mestre e eleito para dirigir uma Loja que trabalha nos tres
primeiros Graus. Ocorre dai que, embora um Companheiro fosse
antes um Aprendiz, em Sessao de 2" Grau sera considerado somente
Companheiro macom. Nem todo Companheiro, obviamente, c Mestre
Maqom, mas todas as luzes e Oficiais serao Mestres, por forqa do
regulamento Interno da Loja.
Os ocupantes das Colunas, incluindo os Vigilantes, dentro de
uma Sessao de Companheiros, nivelam-se pelo 2- Grau. Os Mestres
sao eternos Aprendizes e eternos Companheiros.
O Veneravel Mestre aceita as informaqoes de que todos os pre-
sentes nas Colunas sao Companheiros e diz: “Desde que a Loja esteja
justa e perfeita, proeedamos a abertura dos trabalhos”.
O que se entende por uma Loja encontrar-se justa e perfeita?
Aqui temos uma Loja do 2‘- Grau, ou seja, Loja de Companhei­
ros maqons; uma Loja justa e perfeita, porque, realmente os presentes
foram reconhecidos Companheiros; todos passaram a “sintonizar”
dentro de um identico “Plano”, em que a maior Presenqa e a do Grande
Arquiteto do Universo.
Deus e justo, a sua obra e perfeita, eis a origem da frase.
Temos, ainda, para analisar a diferenqa entre o Ritual do Grau de
Aprendiz, com o do Companheiro, quanto as presenqas dos obrciros,
pois, quando o Primeiro Vigilante responde ao Veneravel Mestre que
todos os “presentes” sao magons, este da o testemunho de que tambem
os que ocupam o Oriente o sao.
Na Loja de Aprendizes, o Primeiro Vigilante nao afirma que os
componentes das Colunas sao Aprendizes, mas generaliza dizendo
que “todos os presentes nas Colunas" sao “magons”; ele nao destaca
a presenga de “Aprendizes”, mas, apenas, de “magons”.
A Loja de Aprendizes divide-se em duas partes, o Oriente e o
Ocidente; a de Companheiros apenas possui um piano no qual os
22 Simbulismo do Sc^uiulo Gran

Companheiros devem sentar; e cerio que existe o Oriente, mas este


e ocupado pelo Vcneravel Mestre, Diacono. Secretario. Orador.
Porta-Estandarte e Porta-Bandeira.
O Veneravel Mestre nao confirma ao Primeiro Vigilante a pre-
sen<;a de Companheiros no Oriente.
Uma unica vez o Primeiro Vigilante informa, respondendo a sua
pergunta, ao Veneravel Mestre, que o mesmo esta sentado no Oriente.
A seguir, o Veneravel Mestre destaca a presen^a dos Diaconos,
perguntando-lhes onde se encontram.
O Segundo Diacono diz que o sen lugar e junto ao Primeiro
Vigilante, a sua direita, com a fmalidade de transmitir as suas ordens
ao Segundo Vigilante .
Porem, nao existent ordens a ser transmitidas de Vigilante para
Vigilante; o que os Diaconos transmitem no inicio e fun da Sessao
e a Palavra Sagrada.
A fungao dos Diaconos e “disciplinar”, eis que observant se os
obreiros se conservam nas Colunas com o devido respeito e disciplina.
Dentro de uma Loja, que e justa e perfeita, havera lugar para
desrespeito e indisciplina?
Cremos que nao, portanto devemos buscar o verdadeiro signi-
ficado de “respeito” e “disciplina”.
“Respeito e disciplina” nao constituent comportamento, eis que,
dentro de uma Loja magonica, nao haveria lugar para pessoas mal
comportadas, uma vez que todo iniciado c portador de um desusado
interesse para com a Arte Real, que procura absorver paulatina, mas
metodicamente.
O “respeito” lent mais a ver com a “postura”, que e cumprir
com o que e ensinado, conscientemente; “respeitar” e sinonimo de
“venerar"; portanto, o magom que se mantem na postura adequada,
estara capacitado a “venerar” os simbolos. As posturas sao inumeras:
o “de pe e a ordem”, o modo de permanecer sentado, a posigao de
dar sen obolo, a de colocar a sua “proposigao” no saco de propostas
e informagdes, o ajoelhar, marchar, ocupar lugares que llte sao des-
tinados, enfim, toda a sistematica preestabelecida no Ritual, para um
pcrfeito desenvolvimento da Sessao.
Desenvolvimento do Ritual 23

A “disciplina” nao e, propriamente, um ato de submissao, mas


sim, de acatamento a hierarquia maconica, tanto para com os obreiros
como para si mesmo; a “autodisciplina” constitui uma forma de aceitar
a filosofia magonica, mesmo como uma “Tccnica de vida", em busca de
uma feiicidade que nem sempre e encontrada no mundo profano.
Disciplinar constitui uma resultante da iniciagao. pois a nova
criatura que renasceu necessita obscrvar as regras que nao Ihe sao
impostas, mas que aceita porque as compreende perfeitas.
Os obreiros devem “conservar-se" nas Colunas com o devido
“respeito” e “disciplina”; isso sugere uma atengao permanente. A
Magonaria e vida dinamica e jamais, estatica.
Pergunta-se: e no Oriente, os obreiros nao necessitam do “res-
peito" e da “disciplina", uma vez que o Ritual silencia a respeito?
Supoe-se que no Oriente nao ha Companheiros, mas se houver,
obviamente, manterao a mesma atitude.
O Primeiro Diacono, que esta a direita do Veneravel Mestre e
abaixo do solio, tern uma missao: a de transmitir as ordens do Vene­
ravel Mestre a todas as “Dignidades” e “Oficiais”, com a finalidade
de os trabalhos serem executados com prontidao e regularidade.
O que entendemos por “Dignidade” e “Oficiais”?
Em primeiro lugar, nao ha distingao entre “Digndade”, membro
de uma Loja, e “digndade”, visitante.
Uma Dignidade e quern ocupa um cargo honorifico. Os Vigi­
lantes nao sao Dignidades, mas Luzes; portanto, as “Dignidades' de
uma Loja serao os membros que mereceram posigoes honorificas.
“Nem todos os rituais sao identicos.” Nos estamos comentando
um dos bons rituais brasileiros,3 que dispos sobre as reunioes tidas
como “economicas”; no Ritual de iniciagao ao 2" Grau, nao ha o
preambulo a que estamos dedicando nossa atengao.
Os Oficiais sao todos os obreiros que ocupam cargos na Loja,
com excegao dos Vigilantes.
Os Vigilantes nao recebcm ordens, pois sao o deslocamento no
espago do proprio Veneravel Mestre.
O “Past-Master” c a denominagao dada aos ex-Veneraveis
nas Grandes Lojas; no Grande Oriente, sao denominados “Mestres
Instalados”
3. Ritual da Grande Loja do Rio Grande do Sul.
24 Simbolismo do Segundo Gran

Embora nao haja Lima referencia exata, consta4 que o habito de


“instalar” Mestres foi iniciado pelos “amigos”, depois de 1750, cons-
tituindo quase um Gran; a praxe tern determinado que as decisoes
de maior relevancia sejam tomadas pelos “Past-Masters” da Loja.
Cada Grande Obediencia possui o sen proprio ritual de instalaqao
que, obviamente, nao faz parte do Rito Escoces Antigo e Aceito, como
nao fazem parte, os rituais de adogao, pompa funebre, confirmacao
de casamento, etc.
A seguir, o Veneravel Mestre pergunta ao Primeiro Diacono,
onde tem assento o Segundo Vigilante .
A fmalidade de se encontrar o Segundo Vigilante ao Sul e
identica a do 2" Grau; as palavras nao mudam portanto, o Segundo
Vigilante mantem a mesma atribuigao do HH.
Contudo, embora o Primeiro Vigilante permanega no Ociden-
te, as palavras que profere sao um pouco alteradas, permanecendo,
porem, a sua essencia, igual a do lfJ Gran.
E como no livro dedicado ao 1Q Grau ja aludimos a saciedade
sobre esta parte, remetemos o leitor aquela obra.5
A fmalidade da reuniao dos Companheiros em Loja difere da
dos Aprendizes.
“A promogao do bem-estar da humanidade, o erguimento de
templos a viitude e a construgao de masmorras ao vicio.”
O bem-estar da humanidade poderia, hoje, ser traduzido como
“justiga social”.
O govemo brasileiro, na ultima decada do seculo XX, esmerou-se
em proporcionar a todos os brasileiros o bem-estar que merecem, pela
grandiosidade da patria e pela conservagao da tradigao da familia.
O bem-estar c uma aspiragao de todos, ricos ou pobres; e um equi-
librio emocional, pois traduz, em ultima analise, a propria felicidade;
bem-estar e conforto, saude, instrugao, desenvolvimento e diversao.
Mas a “justiga magonica” e um pouco diferente da justiga so­
cial; a Magonaria visa a atingir um ponto mais alto, dando aos sens

4. Freemason - Guide and Compendium de Bernard E. Jones. Edigao 1950, pag.


248. Biblioteca de Kurt Prober, vol. n.u 1950/921.
5. Obra do mesmo autor, Simbolismo do I "Grau (Madras Editora).
Desen volvimen to do Ritual 25

Iniciados uma visao mais ampla de bem-estar, que abranja, tambem,


a espiritualidade.
Promover significa “impulsionar”, dar o primeiro passo, mostrar
o caminho.
A Magonaria impele o Iniciado a conscientiza^ao de que deve
preocupar-se com o bem-estar da humanidade. A Ma^onaria prepara
o cidadao, o chefe de familia, enfim, o membro da Comunidade.
Masons, nos os temos em toda parte; nos os temos Iniciados, e
os temos como prolongarnento nos sens filhos e netos. Urn neto de
um magom trara em si a forga impulsora que seu avo recebeu, quando
membro de uma Loja magonica!
Muitos entendem que o ma^om deve, em sens trabalhos, pro-
gramar realiza^oes sociais, envolver-se nos multiplos setores da
Administragao Publica e tomar parte em todas as iniciativas para
atender as necessidades sociais.
Essa tarefa sera do cidadao, que tern o dever de cooperagao; mas
o magom apenas recebe os “Impulsos”, dentro dos tempios; fora, no
mundo profano, ele sabera comportar-se e cumprir com os seus deveres
de cidadao, dentro da comunidade onde vive e tern os seus interesses.
Levantar tempios a virtude e uma das mais belas tarefas do
Companheiro magom.
Erguer, pedra por pedra, um edificio, adorna-lo, consagra-lo ao
Grande Arquiteto do Universe, transformando-o em templo, e o seu
maior virtuosismo.
Que podemos entender por virtude?
O Ritual de iniciagao do 1‘- Gran diz: “E uma disposigao da
alma que nos induz a pratica do bem”.
Entao, o Companheiro magom devera levantar tempios a dis­
posigao de sua alma indutora a pratica do bem?
Certamente que nao e essa a definigao de virtude do 2Q Grau.
Os vocabulos, como os simbolos, nao possuem definigoes es-
teticas; os simbolos, que sao elementos de uma linguagem mlstica,
adquirem de Grau a Grau, novos aspectos, nuangas e significados,
assim como os vocabulos.
Virtude, no 2y Grau, e sinonimo do Grande Arquiteto do Uni-
verso, pois so a Ele e permitido erguer tempios! So a Ele e devida
toda honra e gloria, obediencia, aplauso e amor!
26 Sinibo/isnio do Segitmlo Gran

Em oposigao, surge o Vicio.


Diz o Ritual do 1" Gran, sobre o Vicio: “E tudo o que avilta o
homem. E o habito desgragado que nos arrasta para o maf .
Portanto, Vicio e oposigao, o opositor a que a religiao da nomes:
Satanas, Belzebu, Diabo.
E a forma negativa e a propria negagao da virtude, ou seja, de
“Deus".
“Cavar masmorras" c soterrar, em lugar profundo e baixo, a
negagao, o pessimismo, o desinteresse, o egoismo, enfim, os aspectos
contrarios a nossa evolugao.
Deve-se notar que o Ritual nao faz referencia a “vicios’ no
plural, mas sim a Vicio, que se deve grafar com maiuscula, por ser
nome proprio!
Torna-se precise urn longo periodo de exercicio para conseguir
dominar as forgas contrarias que se opoem aos nossos ideais. Porem,
jamais a Virtude podera permitir Lima presenga paralela com o Vicio.
Um Companheiro magom, logo exaltado, nao possui a perfeigao
do Grau; faz-se nccessario um periodo de CINCO AN OS de dedicagao,
estudo e perseveranga para que ele atinja a “maturidade".
O numero CINCO tern especial significado dentro do Grau.
Os cinco sentidos do homem,6 o numero cinco dentro da “nu-
me-rologia” e da matematica; a estrela de cinco pontas; as cinco
viagens do Grau.

OS CINCO SENTIDOS
Partindo do cerebro, por meio de nervos motores, o corpo hu-
mano estabelece relagoes com o mundo externo.
“Sentir”, raiz da palavra “sentido”, diz respeito, tambem, a parte
“espiritual” do homem; os “sentidos" comuns partem do cerebro,

6. Cada sentido sera desCrito a parte.


Desenvolvimentu do Ritual 27

porem, os “sentidos" espirituais partem do que se convencionou


chamar de “espirito”; assim, o homem podera “enxergar" com “olhos
espirituais”, ouvir com “ouvidos espirituais”, enfim, aplicar os sens
“sentidos” em dupla fungao, inclusive o “transporte" espiritual que
seria a locomoqao atraves do espaqo, deixando a materia em repouso,
ou mesmo, o “transporte” vertical, que seria a “levitaqao”.
O primeiro sentido e o da visao; com ele, apreciamos a forma
de todas as coisas. Os olhos sao sens orgaos.
O Segundo sentido e a audigao; a percepgao dos rumores, hoje,
ampliada pela tecnologia, a ponto de, empregando instrumentos
sofisticados, poder se escutar Lima pessoa falando dentro de urn raio
de um quilometro de distancia, sem que haja da parte de quern fala,
aparelho de transmissao; sem mencionarmos as transmissoes partidas
do Cosmos, a milhoes de quilometros.
O terceiro sentido e o do olfato; sentido que percebe os odores,
apenas de certa distancia; apesar de secundario, desempenha fungoes
excitantes e distingue as espccies necessarias para a alimentagao. Esta
relacionado com o sexo.
O quarto sentido, o do paladar, tambem c restrito as fungoes
organicas imediatas. O olfato e o paladar sao sentidos que podem se
tornar requintados, por meio de um periodo de cducagao.
O quinto e ultimo sentido e o do tato, o qua! da ao homem a
faculdade de aproveitar a natureza e executar as tarefas que Ihe agra-
dam e desempenhar os sens deveres e obrigagoes, dentro da profissao
que abragou.
O tato e o responsavel pela dor e pelo prazer e se desenvolve pela
parte externa do organismo, especialmente pela pele. Aparentemente
secundario, constitui um dos principais, se nao o principal dos sentidos.
A par dos cinco sentidos fisiologicos, o homem possui os sen­
tidos “animicos”, que nao devem ser confundidos com os “sentidos
espirituais”.
Os sentidos “animicos” sao:
O sentido humanitario, que leva o homem a auxiliar o proximo
com a sua solidariedade.
O sentido moral, que visa ao bem-estar social, ao interesse do
homem pelo seu semelhante.

lM
28 Simbolismo do Seginulo Gnta

O sentido da estetica, que conduz o homem a distinguir a per-


feigao, ver a diferenpa entre o belo e o imperfeito, a deleitar-se diante
de uma obra de arte, fruto do trabalho de um artista, on da propria
natureza.
O sentido intelectual, que impulsiona o homem a buscar o co-
nhecimento por intermedio da experiencia dos sabios; a ilustrar-se,
diante dos ensinamentos dos mestres, e a ver o exemplo de nossos
semelhantes, buscando solugoes para os problemas aparentemente
sem definipao.
O sentido religiose, que e a inclinagao aos assuntos “divinos”,
o estudo do “Livro Sagrado”, a harmonia com o Grande Arquiteto do
Universe e compreensao das coisas sutis e espirituais.
*
* *

O NUMERO CINCO DENTRO DA


NUMEROLOGIA
Tern a denominapao de “quinario”, sugere a “quintessencia"7 da
fase do 2° Grau, ou seja, a perfeigao a que deve atingir o Companheiro
magom, antes de encetar a viagem para o Grau seguinte.
Traduz a essencia vital, a vida espiritual, o aperfeigoamento
genealogico e a propria forga intelectual.

7. Extrato levado ao ultimo apuramento; a parte mais pura; o requinte.


8. Pentacamara: fruto de cinco camaras; Pentacarpo: fruto que tern cinco carpelos;
Pentacontaedro: cristal com cinquenta faces; Pentacontarco: comandante de 500
homens nos exercitos gregos; Pentacordio: lira com cinco cordas; Pentacosio-me-
dimno: renda de ateniense, equivalente a uma medida dc trigo; Pentacotomo: que se
divide em cinco partes; Pentacrostico: grupo de versos, composto demaneira a ler-se
cinco vezes o nome que e objeto de um acrostico dividindo-se toda a composicao em
cinco partes; Pentadactilo: que tern cinco divisoes; Pentadelfo: estames cujos filetes
estao reunidos em cinco fascicules; Pentaedro: solido com cinco faces; Pentaeteride:
espa^o de cinco anos que decorria entre duas celebragoes sucessivas dos grandes jogos
gregos; Pentaglota: escrito em cinco idiomas; Pentagono: poligono de cinco lados;
Pentagrama: as cinco linhas da pauta musical; Pentagino: que tern cinco pistilos:
Pentalepido: partes vegetais que tern cinco estames; Pentamero: insetos cujo tarso
Desenvolvimento do Ritual 29

O numero cinco representa os elementos da natureza: a terra, a


agua, o ar, o logo e a semente, on germen.
PENTA, em grego, expressa o numero cinco e serve dc prefixo
para um sem-numero de palavras, entre as quais o PENTAGRAMA.8
O pentagrama e a figura geometrica formada de cinco triangulos
agrupados; assim, o poligono de Ires lados, continua scndo a base de
todas as medidas, dai a sua aplicacao na Trigonometria.
O numero cinco e tornado como medida; por exemplo, o
lustro, que se compoe dc cinco anos; a felicidade e composta de
cinco Eases: o adorno. o amor, o socorro, o trabalho e o gozo; o
mundo divide-se em cinco grandes partes: Europa, Asia, Africa,
America e Australia; Companheiro quando elevado a sua Camara,
sao feitas cinco pergunlas; faz cinco viagens; cinco sao as baterias
do Grau; cinco sao os pontos de esquadria que forma para executar
sua postura; cinco sao os seus toques; sao cinco os degraus que de-
vera subir, cinco sao as luzes que iluminam sen trajeto; a estrela do
Grau tern cinco pontas; cinco sao os anos de estudo e dedicacao; os
instrumentos de trabalho sao cinco: o maqo, o cinzel. o compasso, o
esquadro e a regua.
Encontraremos, dentro da presente obra, inumeras e infindaveis
vezes, a aplicacao do numero cinco.
Dentro das cinco vogais do alfabeto, iremos encontrar, na ana-
lise do nome e da assinatura do Companheiro, o signifieado mental

se acha dividido em cinco articulos; Pentametro: verso de cinco pes; Pentangular:


que tern cinco angulos; Pentapetalo: que tem cinco petalas; Pentapole: reuniao de
cinco cidades: Pentapilo: que tem cinco port as: Pentarquia: governo exercido por
cinco chefes: Pentaspermo: que contem cinco sementes: Pentassilabo: que tem cinco
silabas; Pentateuco: os cinco livros de Moises: Genesis, Exodo, Lcvitico, Numeros
e Deuteronomio; Pentatlo: conjunto dos cinco exercicios dos atletas gregos: luta,
carrcira, disco, salto e pugilato: Pentatono: intervalo de cinco sons na antiga musica
grega; Pentacampeao: (brasileirismo) campeao cinco vezes; Pentacapsular: que tem
cinco capsulas; etc.
30 Simbnlisnw do Segwulo Gran

e espiritual, deixando para as consoantes a descrigao de sua parte


fisica e material.1'
*
*

A ESTRELA DE CINCO PONTAS10


No presente estudo, preocuparemo-nos apenas como o desen-
volvimento do Ritual, portanto diremos tao-somente, em resumo, as
questoes principals.
O “Pentalfa”, figura geometrica construida pelos Pitagoricos,
tern como base um triangulo; a uniao de cinco dessas figuras forma
a estrela de cinco pontas, que se constituiu como o emblema da Per-
feigao e da Sabedoria.
A estrela de cinco pontas simboliza o proprio homem: a cabe^a,
os bragos e as pernas, ocultando o “membro virif’, revelado na estrela
de David, on seja, de seis pontas.
Os cristaos primitivos tomaram a estrela de cinco pontas como
simbolo das feridas de sen Salvador.
O simbolo magonico c “quinario” e representa a Paz e o Amor
Fraterno.
A estrela de cinco pontas representa os cinco sentidos do
homem; os cinco elementos do ser: a materia, o espirito, a alma, a
forga e a vida.

AS CINCO VIAGENS DO GRAU"


A primeira viagem e consagrada aos cinco sentidos do homem;
a segunda objetiva o estudo das cinco ordens da Arquitetura: dorica,
jonica, corintia, composita e toscana; a terceira e dedicada as artes

9. Diz respeito a grafologia ou “terapeutica do destine”.


10. Vide estudo a parte, pagina 179.
11. As cinco viagens serao estudadas em capitulo a parte.
Desenvolvimento do Ritual 31

liberals: gramatica, retorica, logica, musica e astronomia; a quarta


simboliza a dedicacao a memoria dos grandes filosofos: Solon, So­
crates, Licurgo e Pitagoras, e a quinta c ultima viagem e dedicada a
glorificaqao do trabalho.

OS CINCO DEGRAUS DO TRONO


As tres primeiras viagens findam junto ao trono do Segundo
Vigilante ; a quarta e a quinta viagens sao concluidas junto ao trono
do Primeiro Vigilante . O novo Companheiro devera ascender a cinco
degraus, que simbolizam as cinco etapas da elevacao; essas etapas
podem ser representadas por cinco tonalidades: azul e vermelha;
negra, incolor e branca.
A “incolor"’, on “policromica” (a soma das cores) corresponde
a “quintessencia”.
Assim, a idade do Companheiro maqom expressa toda a filosofia
do 29 Grau.
Prossegue o Veneravel Mestre, perguntando sobre o horario
de trabalho.
A Loja do 2" Grau trabalha, simbolicamente, durante 12 boras,
que abrangem metade do dia e metade da noite.
E a expressao do equilibrio, pois os trabalhos iniciam quando o
sol se encontra em sen zenite, on seja, no centra da Abobada Celeste,
que corresponde ao “meio-dia”.
E de se supor que os Companheiros ja tenham feito a sua refeiqao.
O inicio dos trabalhos obedece a urn cerimonial, pondo-se todos
de “pc e a ordem. ”12
O Primeiro Diacono sai do sen lugar, que e a direita do Ve­
neravel Mestre e abaixo do solio de sen trono, sobe os degraus,
posta-se a frente do Veneravel Mestre e o sauda maqonicamcnte,
como Companheiro.

12. Em capitulo a parte, ja foi descrito sobre o “de pe e a ordem" do 2- Grau.


32 Simbolismo do Segundo Gnm

E a primeira sauda^ao que o Veneravel Mestre recebe desde


que foi fechada a porta e a Loja foi coberta.
O Veneravel Mestre responde a sanda^ao, fazendo o sinal
convencional se tiver a destra desocupada; se estiver empunhando
o malhete, o que seria de prever, pois acabara de dar uma batida no
timpano, coloca-o a altura de sen coragao, erguendo sempre o bra$o
esquerdo e espalmando a mao.
Em sinal de agradecimento, o Veneravel Mestre chama a si o
Primeiro Diacono e Ihe sussura ao ouvido a Palavra Sagrada.
O Primeiro Diacono, satisfeito pela honraria, desce os degraus
do Trono e se dirige ao Trono do Primeiro Vigilante, a quern sauda
tambem e transmite, de igual forma, a Palavra Sagrada recebida, co-
locando-se a seguir, apos descer os degraus, a frente da coluna “B"
e permanecendo de pe.
Os Diaconos empunham, com a mao esquerda, a ferula1' ou o
cajado; o braco direito permanece caido, junto a coxa.
O sinal, como todos os sinais da sauda^ao, e o de “pe e a ordem”,
devem ser executados no seu todo; nao se pode conceber uma postura
incompleta. Os Diaconos transportam o bastao com finalidade dupla:
a de demonstrar o cargo que possuem e a de formar o Palio, sob o
qual o experto ira abrir o Livro da Lei.
A sauda^ao c feita apcnas com a mao direita sobre o coragao;
nao se podera confundir postura com saudagao.
Os militares a paisana, quando ouvem o Hino Nacional, ficam
de pc. eretos e colocam sua mao direita sobre o coragao; se tiverem
chapeu, colocam-no sobre o coragao. Isso nao significa que estejam
na posigao de “sentido”, como concebe o regulamento militar.
A Magonaria tern posigoes militares, pois surgiu na sua forma
atual. dentro das fileiras, hierarquia e disciplina dos exercitos.
Quando o Segundo Diacono sai de seu lugar, no topo da coluna
“B” e se dirige ao Primeiro Vigilante, sobe os degraus do trono, faz
a saudagao e recebe, tambem como recompensa, a missao de levar a

13. Bastao oco. onde Prometeu escondeu o fogo furtado dos deuses, quando pas-
seava pelos Ceus no carro do Sol (Mitologia).
Desenvolvimento do Ritual 33

Palavra Sagrada ate o Trono do Segundo Vigilante: depois, o Segundo


Diacono vai postar-se, de pe, a frente da coluna “J”, para junto com
o Primeiro Diacono acompanhar o Mestre de Cerimonias que forma
urn Palio triangular, sob o qual se coloca o Experto.14
Os quatro encetam a marcha em direqao ao ARA e la estando,
o Experto avanqa urn passo; poe-se a ordem, uma vez que ja esta de
pe e sauda o Veneravel Mestre.
Os Diaconos, assim como o Mestre de Cerimonias, nao saudam
o Veneravel Mestre.
Nesse momento, tudo esta justo e perfeito, e o que afirma o
Segundo Vigilante .
Tal afirmaqao e feita pelo Segundo Vigilante, porque e quern
reteve a Palavra Sagrada e a retem ate o fim da Sessao.
A expressao magonica por excelencia “justo e perfeito” tern
variadas interpretagoes, dependendo do momento em que e proferida.
Aqui, ao abrir-se o Livro da Lei e declararem-se abeitos os
trabalhos, sintetiza o equilibrio e a expectativa da presenga “mate-
rializada" do Grande Arquiteto do Universe, com a cerimonia da
abertura do Livro da Lei.
O Experto, oficial que desempenha o magno papel de media-
dor, pois c ele quern conduz os candidates atraves das viagens e das
varias etapas da elevagao, responsavel pelo exito da cerimonia, e
quern devera proceder a abertura do Livro da Lei e a leitura do trecho
convencional.
E praxe atribuir-se a cerimonia ao mais modemo dos ex-Vene-
raveis, on ao “Past-Veneravel”.
Ha quern exija que o Livro Sagrado seja aberto tao-somente por
um Mestre Instalado.15
Para a instalagao de um Mestre, este deve ser antes eleito Ve­
neravel.
Como ja vimos, a cerimonia do “Mestre Instalado” surgiu no
ano 1750, constituindo-se quase “Grau”, obviamente, nao dentro do
Rito Escoces Antigo e Aceito.

14. Ha variances ritualisticas, de acordo com a potencia Maponica.


] 5. Vide obra do mesmo autor: Introdugao a Magonaria.
34 Simbolismo do SeguncJo Grau

Se os tres primeiros Graus simbolicos pertencem ao referido


Rito, nao se podera fazer essa exigencia, ou seja. de so abrir o Livro
da Lei ou ocupar o Trono do Veneravel, um “Mestre Instalado”.
Considerando que o Livro da Lei esta sobre o ARA, o Experto
devera, antes de abri-lo, ajoelhar-se.
Aberto o livro, o experto ou no caso, o oficiante, fara a leitura
de um texto.
A praxe recomenda a leitura do capitulo 7, versiculo 7, do livro
de Amos:16
“Isto me mostrou ele: eis que estava Jeova junto a um muro,
feito a prumo, e tinha na mao um prumo.
Jeova disse-me: que ves tu, Amos? Eu respondi: Um prumo.
Entao, disse Jeova: Eis que porei um prumo no meio do men povo
de Israel, e nao tomarei mais a passar por ele; os altos de Isaac serao
desolados, e os santuarios de Israel serao assolados, e me levantarei
com a espada contra a casa de Jeroboao”.
Em algumas Lojas17 e lido o versiculo 34 do capitulo 20 do livro
dos Atos dos Apostolos:
“A ninguem pedi ouro. nem prata, nem veste; bem sabeis que
estas minhas maos me forneceram o sustento, a mini e aos meus
companheiros ”18
Nao ha, propriamente, um texto definitive ou regulamentar.
Ha quern sugira que a leitura deve ser de texto adaptavel ao dia da
reuniao, consoante a bora, a latitude e a longitude.
De qualquer modo, o principal e valido e realizar a leitura do
Livro Sagrado. Nao basta abri-lo. O som da palavra deve ser ouvido
por todos e as suas vibraqoes devem permanecer no recinto.
Iniciados os trabalhos com plena forqa e vigor, o Veneravel Mestre
convida a todos para que procedam a saudagao e a Bateria do Grau.
*

16. Nas Grandes Lojas quem abre o Livro da lei e o Past-Maste; no Grande Oriente,
e o Orador.
17. Grande Oriente do Brasil. Seminario Geral de M.. M.. 1966.
18. Versao de Huberto Rohden.
<S>ao ^J.oao

A Loja do 2" Grau, como no 1 - Grau, e dedicada a honra de Sao


Joao.
Patrono e sinonimo de defensor, advogado; na antiga Roma, o
escravo libertado chamava sen antigo dono de patrono; com o surgi-
mento do Cristianismo e o reconhecimento pela autoridade dos papas,
os patronos passaram a denominar-se “padroeiros”.
De qualquer forma, na linguagem magonica, “patrono” tern sua
origem no Cristianismo.
A existencia dos “essenios”, constatada por meio das descobertas
dos manuscritos de Qumram, criou a lenda de que Jesus Cristo tenha
pertencido aquela confraria, e que durante o periodo de silencio dos
Evangelhos o divino Mestre teria obtido, pela iniciaqao, os misterios
da Ma?onaria|,, e, como consequencia, o Evangelho Cristao ou o
Cristianismo, nao passaria de uma filosofia magonica.
Ha uma unica razao de ser, dessa lenda: que o divino Mestre
pregou o “amor fraterno”.
Amar ao proximo como a si mesmo; perdoar os ofensores; morrer
em beneficio da humanidade, seriam os reflexos da iniciaqao magonica.
Essa versao nao e aceitavel. A Ma^onaria medrara sempre
entre os poderosos, e Jesus era o simbolo da humildade, posto de
descendencia real, sendo os seus proselitos gente do povo, pecadores,
enfermos e atribulados.
Contudo, os Evangelhos contem todos os postulados magoni-
cos, sem que isso signifique qualquer ligaqao entre Cristianismo e
MaQonaria.

19. O autor denoraina de "Movimento”. Vide a primeira parte do livro Trilogia


Simbolica, do mesmo autor.

35
36 Simbolismo do Segumio Gran

Mas a influencia do Cristianismo foi tao forte que, ao surgir a


Instituiqao, na passagem de “Movimento” para a organiza9ao modema
coin a denominagao de Ma^onaria, apresentou-se totalmente crista.
A Magonaria modema, nos paises onde a religiao predominante
nao e a crista, obviamente se apresenta com tendencias as religioes
professadas; porem, os ritos usados, mormente o Escoces Antigo e
Aceito, sao cristaos. Pode-se afirmar que a Magonaria foi introduzida
nos paises nao cristaos, pelos magons cristaos.
Dos evangelistas, Sao Joao se destaca pelo fato de ter absorvido
do divino Mestre toda filosofia do amor. Fora o discipulo amado, em
seu Evangelho, um cantico de amor.
A alma da Magonaria e a dedicagao que os Irmaos oferecem
uns aos outros. O amor fraterno e a luz que ilumina a Loja e, por
isso, Sao Joao passou a ser considerado o “patrono” da Magonaria,
evidentemente sem o cunho vulgar que as pessoas imprimem aos
santos, em busca de protegao vinda dos ceus.
Joao Evangelista era filho do pescador Zebedeu e de Salome,
parenta da mae de Jesus, irmao mais novo de Tiago Maior.
Natural de Betsaida sobre o lago de Genezare, exercia na mo-
cidade a profissao de pescador.
Foi discipulo de Joao, o Batista, e depois, seguiu o divino Mestre
com Andre.
No Colegio Apostolico, ocupava Joao o lugar mais saliente,
depois de Simao Pedro, e era o discipulo predileto de Jesus que na
Cruz o recomendou a Maria, sua mae.
Essa predilegao decorre da idade de Joao, que ainda nao atingira
a puberdade.
Depois da ascensao do Senhor, ficou em Jerusalem ate a morte
de Maria, pregando o Cristianismo na Judeia e na Samaria; mais tarde,
quiga depois da morte de Sao Paulo, vivia em Efeso, onde formou
os seus discipulos, entre eles o bispo Papias de Hierapolis, Inacio de
Antioquia e Policarpo de Smima.
Sob o imperio de Domiciano foi desterrado para a Ilha de
Patinos, de onde regressou para Efeso durante o govemo de Nerva,
vindo a falecer, de morte natural, no templo de Trajano, com apro-
ximadamente 100 anos.
Sao Jocio 37

A tradi9ao atribui o quarto Evangelho e o Livro do Apocalipse


a Sao Joao, posto que Santo Irineu tenha deixado escrito:
“Depois destes (isto e, dos tres primeiros Evangelistas)
tambem, Joao, discipulo do Senhor, que reclinou sobre o
peito dele, editou um Evangelho, quando vivia em Efeso”.
Consoante a tradiqao antiga, foi o quarto Evangelho escrito de­
pois dos sinoticos. E certo que Sao Joao demandou a Asia so depois
da morte de Sao Paulo, isso no ano 67; sendo que, por outro lado, o
Evangelho supoe um apostolado de maior duragao entre os cristaos
daquela provincia. Teremos de buscar a origem desse documento
sacro la pelo ano 90 do primeiro seculo.
O Evangelho de Sao Joao difere, notavelmente, dos tres primei­
ros, quer quanto ao conteudo, quer quanto a forma.
Tudo faz supor que Sao Joao, ao escreve-lo, ja conhecia os tres
primeiros Evangelhos.
Sao Joao especializa-se em descrever a vida de Jesus em
Jerusalem e acrescenta varios discursos inexistentes nos outros
Evangelhos. E aqui que se nota a presenga da Mav'onaria por meio
da dedicaqao aos assuntos do amor fraternal.
Ha a presenqa de multiplos simbolos e alegorias doutrinarias.
Mas Sao Joao escreveu, tambem, tres Epistolas destinadas: a
primeira, a alguns hereges; a segunda, a Senhora Eleita e seus filhos,
e a terceira, a Gaio.
A tonica das cartas e o canto ao amor ffatemo e a evidencia de
uma trilogia: Pai, Verbo e Espirito Santo.
O Livro do Apocalipse, todo figurative e pleno de simbolos, faz
acreditar em uma Magonaria futura, com seus aspectos evolutivos e
sua gloria suprema!
O fecho do Livro esta em uma linguagem toda ma^onica:
“Declare a todo homem que tiver conhecimento das Pa-
lavras profeticas deste livro: quern Ihe acrescentar alguma
coisa, sobre esse mandara Deus cair os flagelos descritos
neste livro. E quern tirar alguma das palavras deste Livro
38 Simbolismo do Segwulo Gran

profetico, Deus Ihe tirara o quinhao na Arvore da Vida


e na Cidade Santa, das quais trata este Livro”.
O Grande Arquiteto do Universe determinou aos sens en-
genheiros a construqao de urn templo, mas que fosse, ao mesmo
tempo, de pedra e que com a evolu9ao natural da civilizagao foi
denominado de Igreja; e paralelamente, um templo vivo, a trans-
formaqao do homem em luz universal!
Outra nao tern sido a orientaqao da Igreja, e outra nao tern sido
a orientaqao da Maqonaria!
Uma coexistencia pacifica, porque o resultado de todos os
esfor^os visa a perfeiqao do homem, mormente dentro da filosofia
do 2- Grau.
*

A MaQonaria cultua outros Joaos, outros Patronos: Sao Joao


Batista e Sao Joao da Escocia.
Pouco se sabe a respeito de Sao Joao da Escocia.
O Batista e suficientemente descrito pelos quatro evangelistas,
que narram a mesma historia:
Vi via nos dias de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote de nome
Zacarias, da classe sacerdotal de Abias. Sua mulher era da estirpe de
Aarao e chamava-se Isabel. Ambos eram justos aos olhos de Deus e
andavam irrepreensiveis em todos os Mandamentos e Preceitos do
Senhor. Mas nao tinham filhos, porque Isabel era esteril e ambos
se achavam em idade avanqada.
Ora, em certa ocasiao, desempenhava Zacarias as fungoes sa-
cerdotais perante Deus, porque era a vez da sua classe.
Segundo o costume do sacerdocio, tocou-lhe por sorte entrar
no templo do Senhor para oferecer o incenso.
Todo o povo estava na parte de fora e orava durante o sacrificio
do incenso.
Apareceu-lhe, entao, a direita do altar de incenso, um anjo do
Senhor. A vista dele ficou Zacarias aterrado e transido de medo.
Disse-lhe, porem, o anjo:
“Nao temas, Zacarias; foi ouvida a tua oraqao. Tua esposa Isabel
te dara um filho, a quern poras o nome de Joao. Encher-te-as de gozo
Sao Joao 39

e regozijo, e muitos hao de alegrar-se com o sen nascimento, porque


sera grande diante do Senhor”.
“Nao tomara vinho, nem bebiba inebriante, e desde o seio de sua
mae sera repleto do Espirito Santo; convertera ao Senhor, sen Deus,
muitos dos filhos de Israel e seguira diante dele no espirito dos pais e
reconduzira os rebeldes aos sentimentos dos justos, a fim de preparar
ao Senhor um povo docil”.
Disse Zacarias ao anjo: “For onde me certificarei disso? Pois
eu sou velho e minha mulher avangada em anos”.
Respondeu-lhe o anjo: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus,
e fhi enviado para falar-te e dar-te esta boa nova. Mas, como nao deste
credito as minhas palavras, que a sen tempo hao de se cumprir, eis que
ficaras mudo e sem poder falar ate o dia em que isso se realizar”.
Entrementes, esperava o povo por Zacarias, admirado da sua
longa demora no templo. Quando Zacarias saiu, nao pode proferir
palavra; e eles compreenderam que tivera alguma visao no templo.
Falou-lhes por acenos e permaneceu mudo.
Assim que terminaram os dias do seu ministerio, regressou para
casa. Depois desses dias, concebeu sua mulher Isabel; retirou-se por
espaqo de cinco meses e dizia: “Foi o Senhor que isso me concedeu;
nesses dias fez cessar benignamente o men oprobrio diante dos lio­
mens .
Chegou o tempo em que Isabel devia dar a luz um filho.
Ouviram os vizinhos e parentes que o Senhor Ihe fizera grande
misericordia e congratularam-se com ela. No oitavo dia, vieram para
circuncisar o menino, e quiseram pdr-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
“De nenhum modo, - replicou a mae, - o seu nome sera Joao".
Ao que Ihe observaram: “Mas nao ha ninguem em tua parentela
que tenha esse nome”.
Perguntaram, entao, por acenos ao pai do menino como queria
que se chamasse. Pediu ele uma tabuinha e escreveu: “Joao e o seu
nome”.
Pasmaram todos. No mesmo instante, desimpediu-se-lhe a boca
e soltou-se-lhe a lingua, e falava bendizendo a Deus.
Entao se encheram de temor todos os vizinhos, e por todas as
montanhas da Judeia se divulgaram esses fatos.
40 Sinibolistno do Segimdo Gran

E todos os que dele tiveram noticia ponderavam-se consigo


mesmos, dizendo: “Que sera deste menino? Porque a mao do Senhor
estava com ele”.
Sen pai Zacarias ficou repleto do Espirito Santo e rompeu nestas
palavras profeticas:
“Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e redimiu
sen povo. Suscitou-nos uni Salvador poderoso na casa de seu servo
Davi; salva^ao dos nossos inimigos e das maos de todos os que nos
odeiam, assim como desde seculo prometera, por boca dos santos
profetas, para fazer misericordia aos nossos pais e recordar-se da
sua santa alianga, do juramento que fez a nosso pai Abraao; para
conceder-nos que, libertados das maos inimigas o servissemos sem
temor, em santidade e justiqa, todos os dias de nossa vida.
“E tu, menino, seras chamado profeta do Altissimo; iras ante
a face do Senhor para preparar-lhe o caminho e fazer conhecer ao
seu povo a salvagao pela remissao dos pecados, gramas a entranhavel
misericordia de nosso Deus; pois que das alturas nos visitou o sol
nascente; a fim de alumiar aos que jazem nas trevas sombrias da
morte, e dirigir os nossos passes ao caminho da paz”.
O menino crescia e se fortalecia no espirito. Vivia no deserto
ate o dia em que havia de manifestar-se a Israel.
Era no decimo quinto ano do reinado do imperador Tiberio.
Poncio Pilatos era govemador da Judeia; Herodes, tetrarca da Galileia;
seu irmao Felipe, tetrarca da Itureia e da provincia de Traconites;
Lisanias, tetrarca de Abilene; Anaz e Caifaz eram sumo sacerdotes.
Foi entao que a palavra de Deus veio a Joao, filho de Zacarias,
no deserto.
E pos-se ele a andar por todas as terras do Jordao, a pregar o
batismo de conversao para perdao dos pecados, conforme esta descrito
nas palavras do profeta Isaias: “Uma voz de quern clama no deserto;
preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas; encher-se-a
todo o vale e abater-se-ao todos os monies e outeiros; tomar-se-a reto
o que e tortuoso, e o que e escabroso se fara caminho piano; e todo
homem vera a salvagao de Deus”.
Assim falava Joao as turbas que afluiam para se fazerem ba-
tizar por ele: “Ratpa de viboras! Quern vos disse que escapareis ao
Sao Joao 41

jiiizo da ira que vos ameaga? Produzi frutos de sincera conversao,


e nao digais: temos por pai a Abraao. Pois, eu vos digo, que destas
pedras pode Deus suscitar filhos a Abraao. O machado ja esta a raiz
das arvores: toda arvore que nao produzir fruto bom sera coitada e
langada ao fogo”.
Ao que Ihe perguntaram as turbas: “Que nos cumpre, pois, fazer?”
Respondeu-lhes ele: “Quern possui duas vestes de uma a quern
nao tem; e quem tern de comer faga o mesmo”.
Apresentaram-se-lhe tambem publicanos para que os batizas-
sem; e perguntaram-lhe: “Mestre, que devemos fazer?
Respondeu-lhes: “Nao exijais mais do que vos foi ordenado”.
Vieram, tambem, soldados a interroga-lo: “E nos, que faremos?”
Disse-lhes: “Nao useis de violcncia, nem de ffaude para com
ninguem, e contentai-vos com o vosso soldo”.
O povo estava em grande expectativa. Todos pensavam de si
para si, que talvez Joao fosse o Cristo.
Ao que Joao declarou a todos: “Eu vos batizo com agua; mas
vira outro mais poderoso do que eu; eu nao seu digno de Ihe desatar
as correias do calgado. Ele e que vos batizara com o Espirito Santo
e com fogo. Traz a pa na mao e ha de limpar a sua eira, recolhendo o
trigo em seu celeiro e queimando a palha em um fogo inextinguivel”.
Ainda, muitas outras exortagdes dirigia ele ao povo, anuncian-
do-lhe a Boa Nova.
O tctrarca Herodes, que fora por ele repreendido por causa de
Herodias, mu 1 her de seu irmao, como tambem por todas as outras
maldades, acrescentou a tudo aquilo mais essa, a de langar Joao ao
carcere.
Quando todo o povo se fazia batizar, foi tambem Jesus receber
o batismo.
Enquanto orava, abriu-se o ceu, e o Espirito Santo desceu sobre
ele em forma corporea, como uma pomba, e uma voz bradou do ceu:
“Tu es meu filho querido; em ti pus a minha complacencia”.
42 Simbolismo do Segundo Grau

Os discipulos perguntaram a Jesus: “Por que 6 que os escribas


dizem que primeiro ha de vir Elias?”
Respondeu Jesus: “Elias, certo vira e restabelecera tudo; mas eu
vos declare que Elias ja veio; mas eles nao o reconheceram e fizeram
dele o que queriam. Da mesma forma, tera tambem o Filho do homem
que padecer da parte deles”.
Entao, compreenderam os discipulos que Jesus se referia a Joao,
o Batista, que era sen primo-irmao.

Herodes mandara prender e lanqar ao carcere Joao, por causa


de Herodias, esposa de sen innao Felipe, a qual ele tinha levado por
mulher. Pois Joao tinha censurado Herodes, dizendo: “Nao te e licito
possuir a mulher de ten irmao”.
Por isso, Herodias Ihe guardava rancor, e bem quisera mata-lo;
mas nao o podia, porque Herodes reverenciava a Joao; sabia que era
homem justo e santo, e o protegia.
Toda vez que ouvia, sentia-se muito perturbado; mas nem por
isso deixava de ouvi-lo com gosto.
Chegou entao o dia azado. No sen aniversario natalicio, ofereceu
Herodes urn banquete aos grandes da Corte, Tribunos e Proceres da
Galileia.
Nisso entrou a filha de Herodias e pos-se a danqar, e tanto agra-
dou a Herodes e aos convivas, que o rei disse a menina: “Pede-me o
que quiseres, que to darei”. Chegou a jurar: “Dar-te-ei tudo o que me
pedires, ainda qua seja metade de men reino”.
Saiu ela e perguntou a mae: “Que hei de pedir?” Respondeu ela:
“A cabeqa de Joao. o Batista”.
Tornou a entrar sem demora e, apresentando-se pressurosa ao
rei, exigiu: “Quero que me des, agora mesmo, em uma bandeja, a
cabeqa de Joao, o Batista”.
Entristeceu-se profundamente o rei; mas, por causa do juramento
e dos convivas, nao Iho quis recusar.
Enviou pois, o rei, imediatamente um dos sens guardas com a
ordem de trazer a cabeqa.
Sao Joan 43

Foi-se ele e degolou no carcere a Joao e veio com a cabega em


uma bandeja e entregou-a a menina, e esta a foi levar a sua mae.
A essa noticia, vieram os discipulos de Joao, levaram o corpo
e o sepultaram.
*
* *
<zSdo ^odo da S^aocta

Ha bein poucos anos, o patrono da Magonaria no Brasil era Sao


Joao da Escocia, porem, com a verificagao de que se tratava de um
simbolo, foi substituido apenas pelo nome JOAO.
Nada ha de positive sobre a existencia de Sao Joao da Escocia,
que nao passa de uma lenda, quipa oriunda do titulo de uma Loja
fundada em Marselha (Franga), no ano de 1751.
Diz a tradigao ter sido essa Loja fundada por um viajante, cujo
nome e demais circunstancias permanecem no esquecimento. A tra-
digao falha em certos aspectos, pois nos sabemos que uma Loja nao
pode ser fundada por uma so pessoa.
A Loja “Sao Joao da Escocia”, de Marselha, apos a Revolugao
Francesa, toma outras denominagoes: “Loja Mae de Marselha” e,
posteriormente, “Loja Mae Escocesa da Franga”.
Essas mudangas comprovam que o nome de “Sao Joao da Es­
cocia” nao tinha aquela importancia a ponto de ele vir a se tomar o
patrono da Magonaria.
Porem, Sao Joao da Escocia poderia ter sido o nome dado a
outros personagens, como “Sao Joao Esmoler” ou “Esmoleiro” e
“Sao Joao de Jerusalem”.
Toma-se necessario, para que se possa ter uma visao ampla sobre
o assunto, discorrer a respeito desses personagens, que na realidade
se fundem em um so.
A grande confusao reside no fato de que certas Lojas tomaram
o nome de “Sao Joao”, como pessoa, originando, assim, a crenga da
existencia real de um personagem protetor.
“Sao Joao de Jerusalem" era o titulo de uma ordem de Cava-
Iheiros espanhois, bem como “Sao Joao da Palestina” seria outra
ordem semelhante.

44
Sdo Jodo da Escocia 45

Os mais credenciados tratados masonicos afirmam, e nos aceita-


mos, que as Lojas Ma^onicas nao estejam dedicadas a Sao Joao Batista
ou a Sao Joao Evangelista, mas sim a “Sao Joao, o Esmoleiro”, que
fora o Grao-Mestre dos “Cavaleiros de Sao Joao de Jerusalem”, no
seculo VIII, honrado e venerado pelos Templarios.
“Sao Joao, o Esmoleiro”, teria nascido no ano 550 e morrido
no ano 619, na cidade de Amatonte (Chipre), filho do rei de Chipre e
que por ocasiao das Cruzadas, seguindo uma voca^ao, abandonou sua
patria indo a Jerusalem socorrer os feridos e enfermos que lutavam
movidos pela fe crista.
Com sens recursos de berQO, auxiliava tambem os peregrinos
que visitavam o santo sepulcro.
Sua tarefa nao foi tao simples, porque assumia toda sorte de riscos,
enfrentando os infieis, a peste, a lepra e mil outros perigos, tendo sido
ferido varias vezes ate encontrar a morte em tao longinquas terras.
O seu desprendimento fora tao sublime, e o seu amor aos se-
melhantes tao engendrado, que, reconhecido pelo proprio papa, foi
canonizado com o nome de “Sao Joao, o Esmoleiro”, ou “Sao Joao
de Jerusalem”.
Os masons que, quase em massa, haviam se deslocado para as
guerras das Cruzadas, ao restaurarem os temples cristaos que haviam
sido destruidos pelos infieis, escolheram “Sao Joao, o Esmoleiro”,
para patrono da Ordem.
A titulo de ilustragao, consignaremos que alem de Sao Joao
Batista, Sao Joao Evangelista, a Ma^onaria cultuara a “Sao Joao
Marcos", “Sao Joao Crisostomo”, “Sao Joao de Boston”, “Sao Joao
de Deus”, “Sao Joao de Edimburgo” e, evidentemente, “Sao Joao,
o Esmoleiro”, ou “Sao Joao de Jerusalem”, ou ainda, “Sao Joao da
Escocia”.

*
Considerando que a Maqonaria criou, em tomo do nome de
Sao Joao, uma serie de crengas e festividades, e de todo convenien-
te e util uma digressao mais profunda, face a grande confusao que
existe e, tambem, omissao resultante da escassez de obras sobre tao
palpitante assunto.
46 Simbolisnu) do Segundo Gran

Para nos, os ocidentais, especialmente os da America Latina,


a Magonaria se apresentou com caracteristicas nitidamente cristas.
A grande influencia da Igreja, devido justamente a construpao
de templos dedicados ao Senhor, trouxe-nos a remota origem da cons-
trucao do templo de Jerusalem, quando o rei Salomao transformara-se
em um dos principais marcos da Maqonaria.
Com o advento do Cristianismo e as perseguigoes dos primeiros
seculos, pareceu que a Maqonaria tivesse sido destruida e fenecera,
mas eis que ressurge com entusiasmo, como necessidade para que o
Cristianismo nao corresse risco de desintegrapao.
A Maponaria nao se fez crista, mas protetora da “filosofia crista”,
porque os pontos essenciais eram coincidentes.
O “sigilo maponico”, as “palavras de passe”, toda organizapao mi-
lenardo“Movimento” que Ihe dava seguranpa, foram restabelecidos,
surgindo entao, as Comunidades, as Confrarias, estas recomendadas
ate pelo proprio Nazareno, que ensinava: “Vivei em comum”; “Amai-
vos uns aos outros”.
E possivel que Jesus tivesse amplo conhecimento da existen-
cia, forpa e poder do “Movimento”, integrado em todos os setores,
obviamente ate entre os essenios, e que confiasse em sua protepao
para preservar, nao a sua vida, mas o que julgava mais importante:
a sua “doutrina”.
Dizer que Jesus foi mapom e afirmar uma hipotese sem qualquer
fundamento ou raiz; mas dizer que Jesus confiara o seu “Movimento
revolucionario”, a protepao do “Movimento" que mais tarde formaria
a Maponaria, e de todo provavel.
Os pagaos dedicavam os seus templos as divindades, e esse
costume foi adotado pelos primeiros cristaos, que passaram a con-
sagrar aos seus irmaos martires, por eles considerados “santos”, as
novas Igrejas, posto humildes e ocultas em Roma, nas catacumbas.
Teria entao surgido o primeiro nome: “Sao Joao Batista”, de tao
grata memoria, o primeiro decapitado, tanto por ter sido primo-irmao
de Jesus, como porque fora quern o precedera na anunciapao da vinda
do “Messias” e quern, finalmente, o batizara.
“Sao Joao Evangelista" nao foi martir, apesar de ser considerado
o discipulo amado do Mestre.
Sao Joao da Escocia 47

Em meados do seculo II, o Colegio de Artifices de Roma abra-


9011 o Cristianismo e adotou sem vacila9ao, como patrono, o nome
de “Sao Joao Batista".
O Colegio de Artifices de Roma fora instituido por Numa
Pompilio a quern, evidentemente, se imputa a tarefa de ter mantido
a Ma^onaria em grande evidencia.
O Colegio de Artifices de Roma abrangia uma serie de agre-
miaqoes, de acordo com as ocupagoes de sens membros, mas, aos
poucos, Numa Pompilio foi perdendo prestigio, surgindo dissengoes
e com essas, a separagao das agremiagoes do Colegio.
Essa luta interna foi benefica, porque as agremiagoes foram se
disseminando pela Europa, adquirindo novas denominagoes mais
proximas da Magonaria.
Na Italia, passaram a denominar-se de “Conffatemidades Mago-
nicas”; na Franga, “Innaos magons"; na Inglaterra, “Franco-magons”,
“Irmaos” on “Confratemidades de Sao Joao".
Essas confrarias nao eram compostas somente de arquitetos ou
de construtores; os obreiros mais habeis, os artesaos, aqueles que iam
encontrando uma especializagao, por sua vez se reuniam e formavam
a sua confraria.
Os padres, com grande vantagem sobre os demais, porque dis-
punham de conventos e igrejas, aderiram com extrema facilidade a
essas organizagoes, e no inicio dos tres primeiros seculos, inexistia
qualquer constrangimento entre cristao e artifices quando se uniam
para exercer a arte de construir e edificar.
Para os magons, construir um templo significava executar
livremente, sob a protegao dos reis, os segredos da arquitetura,
exercitando, assim, o sen privilegio; porem, para os cristaos, a
construgao de um templo tinha maior significado: mais um local para
honrar e glorificar o Senhor.
Os conventos passaram a ser abrigo seguro quando surgiam
1 utas e perseguigoes.
No seculo X, surge um fenomeno curioso: 0 nome de “sao joao”,
como sinonimo de “magom”!
A transformagao teve origem na propria historia do santo: ju-
deu e filho do sacerdote Zacarias, nascido por um “sopro divino”,
48 Simbolismo do Segundo Gran

precursor do Cristianismo, retirado ao deserto durante 30 anos, ali-


mentando-se de frutos silvestres, mel e insetos e, por fun, decapitado,
porque ousou enfrentar a licenciosidade de um potentado. Sao Joao
Batista, apesar de ter batizado Jesus, nao foi um dos sens discipulos
on seguidores.
Posto isso, “Sao Joao Batista” foi aceito tanto por judeus como
por cristaos.
A grande influencia do Judaismo na Maqonaria vem demons-
trada nos seus rituais, historia e tradiqao; tal influencia e paralela a
influencia do Cristianismo.
A “Franco-Magonaria de Sao Joao” passou a ser uma deno-
minaqao uniforme para, mais tarde, simplificar-se com o nome que
subsiste ate nossos dias: “Magonaria”.
Na Idade Media, as corporagoes dos construtores tomou vulto
jamais previsto; e a Magonaria, de sua posigao iniciatica, passou para
a “operativa”.
Precisava-se construir. Apos essa febre, que proporcionou a
Europa os mais belos monumentos de arte, a Magonaria, gradati-
vamente retomou a fase “especulativa”, e passou a sentir a grande
necessidade de “reconstruir”, nao um templo on monumento de pedra,
mas o proprio HOMEM!
Abragou todos os ramos da Ciencia e das Artes e verificou que
o elemento mais belo e precioso continuava sendo o proprio homem.
A Magonaria nao podia abrir mao do Simbolismo, e eis que
passa a firmar-se no terreno simbolico.
Tanto o Judaismo como o Cristianismo haviam consolidado a
sua filosofia no Simbolismo; eram pontos comuns.
E aqui que iremos encontrar, por grande coincidencia e agrado,
o Segundo significado do nome “JOAO”.
O homem e universal (um em diversos), e o astro rei, o sol,
sempre o iluminou.
Por esse fato, o homem viu no sol algo para ser adorado, porque
era quern Ihe proporcionava a vida, a fecundidade e o calor.
O sol era o supremo construtor, seu deus!
O guardiao do infinite. A luz.
SaoJoao da Escocia 49

Os pagaos aceitavam essa presen^a fiscalizadora e denomina-


vam o Ser Supremo como JANUS, aquele que guardava as “portas
dos ceiis’' (portas do infinito).
JANUS nada mais e do que JO AO.
Os etruscos, totalmente desaparecidos, mas que povoaram a
Italia, tinham um culto muito afei^oado a Janus, dedicando-lhe o
primeiro mes do ano (Janeiro), porque tudo o que tivesse comego
com Janus, teria um bom termo.
A Janus eram consagrados as casas, os trabalhos, os templos e
as guerras nao se faziam sem o seu beneplacito, tanto que posterior-
mente em Roma, o seu templo, em tempo de guerra, nao cerrava as
portas. Era o famoso templo “Janus Quirinus”.
Posteriormente, surgiu um “Jano" que reinou na Italia central,
no Lacio, sendo bom rei com reinado felicissimo entrosado por acon-
tecimentos mitologicos, como quando acolhera a divindade Satumo,
que fora expulsa por seu filho.
A festa do Solsticio, dedicada a Sao Joao, tambem fora dedicada
a Jano.
Portanto, a tradigao autoriza a confirmar que Jano, ou Janus, fora
o padroeiro dos magons pagaos, e com o advento do Cristianismo, a
substituigao fora, comodamente, aceita por todos.
O patrono da Magonaria, para solucionar a permanente confu-
sao, deveria ser um simbolo que concentrasse as qualidades daqueles
santos com o significado dos seus nomes: “Joao”.
*

O Veneravel Mestre e quern profere as palavras sacramentais


de abertura da Loja, abertura liturgica ate o ponto em que se possam
iniciar os trabalhos denominados “economicos”, ou seja, adminis-
trativos, que iniciam com a leitura da ata dos trabalhos realizados na
iiltima reuniao.
O Veneravel Mestre diz que declara aberta a Loja, sob os auspi-
cios da sua Grande Loja, ou no caso de se tratar de Grande Oriente, de
seu Grande Oriente, dando-lhe, evidentemente, a denominagao; caso a
Loja seja irregular, isolada, a “descoberto”, entao nao havera ligagao
alguma com uma Potencia; as Lojas sao autonomas, mas obedecem a
50 Simbolismo do Segundo Gran

uma Constitui^ao e um Regulamento Geral, oriundos de uma Grande


Loja ou Grande Oriente; cada Loja possui o sen regimento interne.
Uma Loja “filiada" a um poder central, on uma Potencia, possui
uma “carta constitutiva”, ou seja, uma “credencial” ou “autorizagao”
para funcionar; eis por que, o Veneravel Mestre, ao abrir os trabalhos,
invoca esses “auspicios”.
Outrossim, o Veneravel Mestre invoca os “poderes de que
esta investido”, obviamente, pela Legislagao magonica, que reune,
alem da Constituigao, Regulamento Geral, Regimento Interne, os
Land-marks da ordem magonica universal e o Rito que adota para os
trabalhos liturgicos.
E nesse momento que o Veneravel Mestre declara qual o Grau
em que trabalhara a Loja; no caso, o de Companheiro.
Assim, os trabalhos iniciam tomando “plena forga e vigor”,
limitados aos dispositivos da ja referida Legislagao.
“Forga e vigor” e uma expressao que constitui linguagem ma­
gonica, somente apos a abertura ritualistica dos trabalhos e que ha a
possibilidade de prosseguirem as tarefas equacionadas previamente;
“forga e vigor” significa que tudo esta em ordem e que os obreiros
encontram-se aptos para os trabalho.
Dito isso, passa o Veneravel a “convocar” os obreiros e os
chama com a seguinte expressao; “A mim, mens Irmaos, pelo sinal
e pela bateria”.
O sinal constitui um dos “segredos” magonicos e e repetido
varias vezes, mas em situagoes sempre diferentes; o sinal aqui nao e
saudagao nem postura.
O sinal nesse momento e feito por todos, com uniformidade e
ritmo; com o sinal e iniciado um movimento, cujo som tern a finalidade
de por termo as vibragoes existentes, surgidas por meio dos outros
“sons”, produzidos pelos atos liturgicos anteriores .
E o som produzido pela bateria; o bater das palmas, com unifor­
midade, tantas vezes quantas admitidas pelo Grau, alem de deslocar
o ar, produz um “som”, que surge do “choque” entre o “positive” e o
“negative”. E o romper violent© de uma postura que tern suas raizes
no passado, quando expirando Jesus crucificado, rompera-se o veu
do templo de Jerusalem.
Sdo Jodu da Escocia 51

Os presentes sentam-se. O Primeiro Diacono, ao retomar ao sen


lugar, de passagem, abre o “painel” da Loja.
O ‘■‘painel” do 2Q Grau, como no la Grau, nao passa de um “es-
tandarte”, on quadro, no qual sao gravados os simbolos apropriados
a Loja de Companheiro.
O Primeiro Diacono o busca do sen lugar, onde e guardado,
e o coloca a frente dos degraus, que conduzem para o Oriente,
diante do Ara.
Em tempos idos, o “painel" era desenhado sobre um pano on
tela, c conservava-se “enrolado”, como sao os livros hebraicos lidos
nos templos; hoje e apresentado, ao gosto do Arquiteto da Loja, de
fonna mais comoda e simplifkada.
A rigor, a figura apresentada no “Painel” deveria existir, na
realidade, como entrada de uma Loja de Companheiro; a escada de
tres lances deveria, realmente, conduzir a uma camara, onde deveriam
desenvolver-se os trabalhos.
Porem, ainda nao temos no Brasil templos adequados e apropria­
dos para cada Grau do Rito Escoces Antigo e Aceito; limitamo-nos a,
dentro da Maqonaria Simbolica, ter uma Loja de Aprendizes e, rara-
mente. uma “camara do meio”, destinada ao 3Q Grau ou de Mestre.
Nos Grans denominados filosoficos, encontramos, raramente,
um templo para os ultimos Grans.
Assim, a Magonaria brasileira trabalha sempre improvisadamen-
te, adaptando o templo do Grau de Aprendiz para os demais trabalhos.
Nos Estados Unidos da America, em vista da grande expressao
numerica e economica, existem muitos templos especificos a cada
grupo de Grans.
Nos nos contentamos em “ver" no “painel" o que deveria existir,
para o desenvolvimento ritualistico do 2~ Grau.
O “painel" nao e uniforme, pois em algumas Lojas vem sim-
plificado.
No primeiro piano vem o Portico de um templo, com as suas duas
Colunas, “J” e “B” suportando nos sens capiteis as esferas terrestre
e celeste; as Colunas encontram-se sobre o pavimento de mosaicos:
apos as Colunas inicia a escada com cinco degraus, que fmdam na
porta do templo.
52 Simbolismo do Segundo Grau

Apos um descanso, partem outros sete degraus que conduzem


a Camara.
No resto do painel, combinados artisticamente, os simbolos do
Grau: o esquadro com suas extremidades ou bravos voltados para o
Leste, um malhete e uma prancheta com figuras geometricas; nivel,
prumo, pedra cubica piramidal, Estrela Flamigera, pedra bruta, regua
de 24 polegadas e trolha.
O painel e circundado por um cordao com dez nos equidistantes.
Nos cinco primeiros degraus, sao escritos os cinco sentidos, nos
outros sete, as artes liberais: gramatica, retorica, logica, aritmetica,
geometria, musica e astronomia.
A gramatica, que ensina com regras proprias, a linguagem, o
expressar das ideias.
A retorica, que adorna e embeleza a palavra, criando um estilo
individual.
A logica, para formar juizos e concep^oes exatos de todas as
coisas.
A aritmetica, que empresta valor verdadeiro aos numeros, a fun
de nao errar nos calculos.
A geometria, que proporciona o conhecimento das propor^oes
e dimensoes dos coipos.
A musica, que da doQura e harmonia aos sons, com reflexes
gratos ao coragao e sentimentos.
A astronomia, que ensina e demonstra a ordem e o equilibrio
perfeito do firmamento.
Usa-se, tambem, expor em quadros afixados em uma parede, os
nomes dos cinco sentidos, em vez de escreve-los nos cinco primeiros
degraus.
Precedem esses cinco degraus, outros tres que dao acesso ao
portico.
Apos a subida, ve-se uma porta fechada por uma cortina; no
umbral, a efigie de uma pomba que esparge raios luminosos, como
simbolo da paz e do Cristianismo; acima, uma expressao escrita em
hebraico, que significa a presenga do Judaismo.
Ao lado esquerdo, a letra “G" dentro de um “hexagrama”.
*
* *
Sao Joan da Escocia 53

Aberto o Livro da Lei, ou Livro Sagrado, o oficiante coloca em


sen centro, entrela^ados, o esquadro e o compasso que se encontram
ao lado do livro, o esquadro a esquerda, e o compasso, a direita.
O esquadro e o compasso sao utensilios, instrumentos ou joias,
dependendo de onde se encontram.
Junto ao Livro Sagrado, passam a constituir a maior das joias
ma^onicas; sao tres elementos unidos e devem ser considerados
como tal.
Entrosados com o Livro Sagrado aberto, o esquadro e o com­
passo tern o significado de unir o magom ao sen “Deus Arquiteto
criador”, na autentica unificagao, em plena harmonia, dentro “do
reino dos ecus”, sob a filosofia crista, e do significado judaico da
escada de Jaco.
As extremidades do esquadro voltam-se para o oriente e o seu
vertice para o Ocidente, na forma equilibrada de uma perfeita perpen­
dicular; e a verticalidade da posi^ao do ma<pom, que visa a subir ao
Cosmos nos dois sentidos, da direita e da esquerda, sem urn possivel
encontro, mas ao mesmo tempo um afastamento que permanece
solidamente unido no seu vertice.
E o caminho vertical, mas reto, para o alto, em busca do pleno
conhecimento da vontade do Criador.
O compasso que permanecia sob o esquadro, com as suas pontas
dirigidas para o Ocidente, em um aspecto igual ao esquadro, porem
em posigao invertida, eis que em sua anatomia o compasso e figura
igual ao esquadro, e sua “cabega'? voltada para o Oriente simboliza a
profundidade do conhecimento humano, que deve penetrar atraves de
suas pontas agudas, para o interior do mundo, buscando na materia o
conhecimento dos misterios da criagao.
O compasso traga circulos; o esquadro traga retas; o Universe e
composto de retas e curvas, em uma harmonizagao estetica e cientifica.
Fundem-se os tres tragados: o ponto, a reta e a curva e com eles, tudo
podera ser construido.
Nos tres Graus simbolicos, as posigoes do esquadro e do com­
passo, sobre o Livro Sagrado, alteram-se.
No Grau de Aprendiz, o esquadro cobre totalmente o compasso;
sao os tragados das retas, as preliminares da construgao.
54 Simbolismo do Seguiulo Gran

No Grau de Companheiro, ja a “perna” direita do compasso


ficara sobre o brago direito do esquadro.
No Grau dc Mestre, o compasso ficara todo sobre o esquadro.
As posturas das joias merecem estudo, eis que, infelizmente, a
esse respeito, a literatura magonica c escassa.
O Livro Sagrado permanecendo aberto esta “falando a sua
mensagem; e a presenga reavivada do Senhor dentro do templo.
Aqui, o Grande Arquiteto do Universo assume o aspecto hu-
mano ; desce para a compreensao do magom e se faz entender com
extrema facilidade, pois fala.
O oficiante le o Livro Sagrado, transmitindo, assim, a mensagem.
O oficiante e o “alto falante” do Senhor, a sua “caixa de som”,
que transmite pela sua garganta a vontade do Senhor.
O Grande Arquiteto do Universo assume a postura de Senhor.
O compasso que permanecia incite sob o esquadro revela-se, por
metade, ao magom Companheiro; contribui com a sua postura, para
tragar urn semicirculo; enceta uma caminhada mais sutil, envolvendo
com as suas curvas as retas ja tragadas.
Assume o templo vivo, os contomos esteticos da moral.
Se no Grau de Aprendiz a conduta fora reta, dentro de uma
moral do comportamento, agora, essa moral penetra o espirito; ha o
inicio da construgao do pensamento, da voligao, da espiritualidade,
sem conflitos, mas com harmonizagao e colaboragao estreita entre o
espirito e a materia.
A Palavra Sagrada junta-se ao esquadro e ao compasso para
que a obra resulte justa e perfeita, porem, ainda nao totalmente
acabada.
Ainda nao surgiu o sabado de aleluia, que e dedicado ao des-
cango apos os seis dias de Criagao.20
O oficiante, apos abrir o Livro Sagrado e fazer, em voz alta,
a leitura, toma das duas restantes joias - com liturgico cuidado, o
compasso com a mao direita e o esquadro com a esquerda, e as coloca
sobre o Livro aberto. So entao recua um passo, em sinal de inissao
cumprida.

20. Na tradigao crista, o descanso e no domingo.


Sao Jodo da Escocia 55

Essa cerimonia, de tao relevante significado, deve ser executa-


da conscientemente e o Veneravel Mestre devera, com frequencia,
explicar aos Irmaos as sutis li9oes que encerra.
*
* *
O Veneravel Mestre, ao acionar o malhete, inicia a abertura dos
trabalhos, dizendo: “A Gloria do Grande Arquiteto do Universo".
A expressao “A Gloria” vein repetida muitas vezes, e e praxe
que os obreiros, ao falarem, sempre precedam sen discurso com essa
exclama^ao.
Toda “honra e gloria” deve ser dada ao Grande Arquiteto do
Universo. A Ele, sempre, o reconhecimento do que existe, espe-cial-
mente, a criatura Humana.
Se nos estamos dentro de um templo maqonico, devemos o
fato, exclusivamente, a vontade de Deus, e isso para nos constitui
uma gloria!
A expressao significa um louvor. Vamos encontra-la no Livro
dos Salmos de Davi, que sao canticos em louvor ao Senhor.
A preocupa^ao do magom sempre foi colocar, em primeiro
lugar, o louvor a Deus.
E nisso que a Magonaria se evidencia como religiao.
O valor da glorificapao reside no fato de que o magom reconhece
o poder de Deus, em todas as circunstancias, dentro do espa^o e do
tempo.

*
Concluida a cerimonia da abertura, todos os obreiros em sens
lugares, o Veneravel Mestre solicita ao Secretario que de leitura ao
“balaustre” dos ultimos trabalhos, on seja, da reuniao anterior.
O vocabulo “BALAUSTRE” vem de um adorno colocado no
capitel da coluna jonica.
E, portanto, uma linguagem arquitetonica que significa “ata”,
ou seja, o resumo registrado em livro dos trabalhos da reuniao.
A “ata”, ou “balaustre”, diz respeito ao historico da Loja, pois
nao tern outro significado senao o de registrar para a posteridade o
56 Simbolismo do Segwuio Gran

que se tratou em uma reuniao. Contudo, esse registro e pratica bem


moderna, pois, no tempo das perseguigoes, nao eram registrados
os trabalhos, por temor de que caissem os registros em maos dos
opressores.
Nao se consegue a historia da Magonaria, afora o que a tradigao
transmitiu, justamente pela falta de registro dos acontecimentos.
A partir do momento em que o Secretario faz leitura do balaus-
tre, os trabalhos passam a ser considerados “economicos", on seja,
a fase quando sao tratados os assuntos administrativos, de interesse
da propria Loja.
A Ordem do Dia estabelece os assuntos a serem tratados e nela
sao previstos os trabalhos literarios que os obreiros deverao apresentar.
bem como palestras, conferencias, discursos dos proprios obreiros ou
de Irmaos convidados pertencentes a outras Lojas.
A Ordem do Dia e preparada com antecedencia pelo Veneravel
Mestre que convoca as luzes e determinados obreiros, para assim
proporcionar trabalhos interessantes, proveitosos e do agrado de todos.
O progresso de uma Loja esta na dependencia de uma Ordem
do Dia bem elaborada.

*
Finda a fase administrativa ou economica, o Veneravel Mestre
determina o encerramento dos trabalhos, que sera sempre da forma
liturgica.
O ritual preve o encerramento que se desenvolve quase com as
mesmas palavras da abertura.
Os Vigilantes repetem o anuncio de encerramento; os Diaconos
repetem a sua posigao.
Apenas e alterada a palavra do Primeiro Vigilante, que diz ter
sua posigao no Ocidente, para fechar a Loja.
O Veneravel Mestre pergunta se os obreiros estao satisfeitos, e eles
respondem, batendo a mao direita sobre o avental, de forma unissona,
mantendo-se sentados.2'

21. Esta passagem ritualistica inexiste nas Lojas do Grande Oriente do Brasil.
Sdo Jocio da Escocia 57

Trata-se de uma resposta simbolica, eis que as pancadas produ-


zirao um “som” abafado.
A resposta, portanto, nao sera por meio da palavra, mas de um
gesto e de um som.
O bater no avental significa que o trabalho foi agradavel, cons-
trutivo e que a obra transcorreu normalmente.
Ha, porem, um destaque a fazer: as luzes nao batem no avental,
pois sao elas que dirigem os obreiros.
Deve-se observar que o Ritual diz textualmente: “Os obreiros
estao satisfeitos, pois o afirmam em ambas as Colunas”.
A “satisfagao” devera, pois, ser “afirmada”; isto posto, tenha sido
estabelecido no Ritual ha mais de dois seculos, evidencia a necessidade
da comunicagao ; nao bastao gesto, o bater nos aventaisfaz-se neces-
sario, e obrigatorio que o obreiro bata conscientemente.
E se algum obreiro nao se sentir satisfeito? Podera ele deixar
de bater em seu avental?
Essa recusa sera observada? Constituira um ato de indisciplina?
Ou faz parte da liberdade de agao, garantida pelo regulamento da Loja?
E aconselhavel que, ou os vigilantes, ou os Diaconos, ou mesmo
o Mestre de Cerimonias, o Guarda da Lei ou o proprio Veneravel
Mestre observem os obreiros.
Caso algum nao “afirmar” sua satisfa^o, entao, havera a opor-
tunidade de suprir a falha, dentro da Cadeia de Uniao, quando sera
possivel “equilibrar” todos, com a “magia” desse ato liturgico por
excelencia.22
Os Irmaos que sentam no Oriente nao sao obrigados a “afirma-
pao”; desejando, porem, podem bater nos aventais.
A “afirma^o” parte dos ocupantes das Colunas, e antes de o
Primeiro Vigilante responder ao Veneravel Mestre sobre o com­
portamento final dos obreiros, devera te-los observado, um a um; a
pi axe dos trabalhos nos demonstra que o Primeiro Vigilante responde
precipitadamente a pergunta do Veneravel Mestre, quando a resposta
deve tardar, a fim de possibilitar o exame e a observa^ao.

22. A Cadeia de uniao e Sens E/os, do mesmo autor.


58 Simbolismo do Segundo Gran

Por sua vez, o obreiro, ao hater com sua mao direita sobre o
avental, devera deixa-la por instantes, antes de conduzi-la ao joelho,
restabelecendo a “postura” anterior.
Esse lapso de tempo significa que a “satisfaQao” nao e momen-
tanea, fugaz e ligeira, mas duradoura.
Qual a idade do Companheiro magom?
todos sabemos, porem, sobre ela teceremos, oportunamente,
algumas considera^oes.23
Em que consiste a “satisfa^ao" do obreiro? E a concordancia
com o “salario” distribuido.
O proprio vocabulo obreiro, conduz a percep^ao de urn salario,
pois o “trabalhador faz jus ao seu salario”, sao palavras evangelicas.
Qual o salario distribuido? Evidentemente, e o lucro que o
obreiro teve, apos a dedica(;ao, o esforQO e o interesse demonstrado,
entregando “alguma coisa”.
O obreiro, para merecer urn salario, devera produzir e apresentar
um resultado positive.
Assim, surge uma troca: o obreiro recebe o salario apos o tra-
balho. Podera nao ficar satisfeito e tera todo o direito de reclama^ao,
assim como, hoje, as leis sociais admitem e garantem o direito da
reclamaqao.
Reclamar nao e insurgir-se, e um direito. Assim, o obreiro, antes
de “passar o recibo”, tera a oportunidade de manifestar-se, eis que
Ihe e oferecida a palavra durante duas oportunidades; em resumo, a
MaQonaria incentiva a comunicagao.
A parte maior de um “trabalho” dentro da Loja, afora as “pos-
tnras” e o cerimonial, a apresentagao de “pe^as de arquitetura”, a
contribui^ao de seu obolo, sera, evidentemente, o trabalho mental,
a permuta psiquica, a troca espiritual.
A soma dos esforgos mentals, o desejo de aceitar a presenga
do Irmao, a benquerenga, a tolerancia. enfim, a sintonizaqao perfeita
das personalidades merecem. inquestionavelmente, o salario, porque
o obreiro, mormente o Companheiro, esta “construindo , ainda, o
templo, em sua fase mais bela, a dos adomos.

23. Vide capitulo a parte.


Sao Joao cla Escocia 59

O Companheiro orgulha-se cm hater cm sen avental, sentir-lhe


a presenga, notar-lhe o som, participar de sen Simbolismo e fundir-
se harmonicamente, sem envergonhar-se das tarefas mais pesadas e
grosseiras.
A tarefa grosseira, primaria, rude, e a comprovagao da capaci-
dade de humildade perante os demais; de tolerancia, compreensao e,
sobretudo, dedicagao.
Tanto uma pedra tosca, escondida, enterrada porque faz parte
do mais profundo alicerce, quanto o adorno mais rico e burilado, sao
necessarios para o todo. Um templo e a soma dos esforgos dos sabios
e dos humildes; a modestia sempre sera exaltada, porque dignifica.
O origem das idades dos Grans simbolicos remonta a epoca da
construgao do templo de Salomao; os Aprendizes permaneciam no
sen aprendizado por um determinado periodo; os Companheiros, da
mesma forma, para atingir o mestrado.
Nao ha uma razao especial para afirmar-se que um Companheiro
deva permanecer durante cinco anos em seu trabalho.
O numero cinco, aqui, e hoje, e mantido por uma questao de
tradigao e Simbolismo: nao constitui principio esoterico, nem tern
uma razao cientifica ou filosofica.
E conservado, dada a importancia da numerologia dentro do 2s
Grau; o numero cinco integra o rito em diversos e multiples aspectos,
ja referidos anteriormente.
A seguir, o Veneravel Mestre pergunta a que horas e permitido
aos Companheiros deixar o trabalho.
A pergunta, na sua singeleza, recorda o tempo da escravidao,
quando faz referencia a “permissao”.
Na construgao do templo de Salomao, nao foram ocupados
escravos; todos eram obreiros contratados, selecionados e divididos
em Gratis, percebendo no fim da jornada, seu salario.
Contudo, os grandes monumentos foram erguidos com mao
escrava.
Ninguem podia deixar o trabalho sem uma ordem expressa,
havia um periodo exato que compreendia 12 horas.
O periodo de trabalho, para os Aprendizes, Companheiros e
Mestres Magons, finda a MEIA-NOITE, quando o astro rei se encontra
na parte oposta do local de trabalho.
60 Simbolismo do Segundo Gran

De meia-noite ao meio-dia, os obreiros masons nao trabalham.


Em todos os Graus do Rito Escoces Antigo e Aceito, ha bora
para o inicio e termino dos trabalhos; genericamente, os trabalhos
iniciam ao amanhecer e findam ao escurecer; ha Graus em que a
hora e imprecisa; outros, na “hora preestabelecida” para o inicio e
“hora cumprida para o termino; curiosos, alguns Graus iniciam os
labores no “inicio do sacrificio dos filhos de Hiram” e, “ao termino
do sacrificio”; a “hora da verdade” e a “hora da difusao da verdade”,
“quando e noite fora e o sol brilha dentro do templo ; “quando a lua
surge” e “quando a lua desaparece”.
Sempre, em cada Grau, o inicio e o termino dos trabalhos
obedecem rigorosamente a urn horario, significando a disciplina,
a programagao e, sobretudo, a influencia dos astros nos diversos
trabalhos, comprovando, assim, a importancia da astrologia dentro
da Magonaria.
Nao basta, porem, que o Primeiro Vigilante informe ao Vene-
ravel Mestre sobre o horario e a hora; ele batera com o sen malhete
as pancadas previstas no ritual, produzindo o “som apropriado para
a abertura e o encerramento dos trabalhos.
Em cada trono das luzes, ha urn malhete que, tocado, produz
uma determinada nota da escala musical.24
Sera, sempre, o som apropriado para a preparagao do ambiente
harmonico, tanto para o inicio quanto para o termino da Sessao.
O som e, no inicio dos trabalhos, forte e, no fim, os malhete
sao tocados de leve, produzindo urn som minimo, que representa a
extingao dos trabalhos.
A soma dos toques nos malhetes, em suas tres variagdes, forma
a melodia25 indispensavel para os atos liturgicos.
As vibragoes sonoras, ocupando todo o espago, precederao a
ordem dada pelo Veneravel Mestre: “de pe e a ordem”.
E a postura, essencialmente simbolica, e em sua plenitude.
Ja tecemos alguns comentarios a respeito das diversas posturas
e nunca sera demasiado complementa-las:

24. Vide obra do autor: Introdugdo d Magonaria.


25. Vide obra do mesmo autor: Cadeia de Uniao e Sens Elos.
Sao Joao da Escocia 61

“De pe e a ordem”, postura em que o ma^'orn permanece imovel,


estatico, a caminho do “extase”.
"Sauda(;ao”, quando de pe e feita a sauda^ao simples e triplice.
“Glorificagao”, quando o oficiante abre o Livro da Lei e precede
a leitura com a saudagao que faz ao delta sagrado.
“Advertencia”, para controlar as emoQdes e paixoes relembran-
do, ao mesmo tempo, a forma de castigo ritualistico, quando usa da
pa lavra.
“Marcial”, quando entre Colunas ingressa na Loja com a marcha
do Grau.
"Mistica quando ajoelhado, presta juramentos.
“Em descanso”, quando sentado.
“Em elo”, quando forma a Cadeia de Uniao.
“Em dinamica”, quando executa trabalhos, desempenhando
cargos, como os de Mestre de Cerimonias, Diaconos, Hospitaleiro,
Experto e Cobridor.
Ha uma tendencia que se torna praxe, do abuso da postura “es-
tatica”, o de “pe e a ordem”, feita em qualquer oportunidade , mesmo
em movimento, saudando, ou prestando juramentos.
Essa praxe constitui urn vicio tolerado que reflete a falta de
orientagao recebida das luzes e a falta de estudo.
Encontrando-se todos os Irmaos de “pe e a ordem”, o Veneravel
Mestre repete a transmissao da Palavra Sagrada.
Houve nessa cerimonia final quern Ihe desejava dar sentido
diverse, ou seja, que a Palavra Sagrada deveria ser “recolhida” ao
termino dos trabalhos, indo o Segundo Diacono busca-la do Segundo
Vigilante, leva-la ao Primeiro Vigilante, de onde o Primeiro Diacono
a buscaria para devolve-la ao Veneravel Mestre.
A primeira vista, isso pareceria certo, mas nao o e, porque o
encerramento nao constitui urn “retomo” aos momentos iniciais, mas
sim, urn fecho dos trabalhos.
Ja dissemos que os vigilantes provem do aspect© triplice do
Veneravel Mestre; sao um deslocamento no espago de uma trindade.
A Palavra Sagrada nao e tripartida, nao e distribuida para ser
recolhida, mas constitui um “mantra”, isto e, um “som” destinado a
manter unissonas as luzes.
62 Simbolismo do Segundo Gran

E quern “conduz o som” sao os “pombos da paz", os mensageiros


de Jeova, os Diaconos.
Apos o trajeto realizado pelos Diaconos, repetem o ato liturgico
inicial da abertura do Livro Sagrado, encerrando-o o oficiante.
Sera sempre o mesmo oficiante a “desmontar os utensilios e
fechar o Livro Sagrado.
Podera, porem, suceder quc por qualquer motive imprevisto, o
oficiante da abertura tenha se retirado. Sera, obviamente, designado
pelo Veneravel Mestre, outro Past-Master, on o Expeito.
Aqui, a substituiqao nao alterara a “composiqao” da Loja.
Antes do ingresso em Loja do Veneravel Mestre, o Mestre de
Cerimonias observara se os titulares dos cargos se encontram nos
sens lugares e devidamente paramentados.
Caso falte um titular, o Mestre de Cerimonias convidara mem-
bros da Loja ou visitantes a ocuparem os cargos vagos. Lie estara
“compondo” a Loja.
A composiqao equivale a criaqao do mundo, que foi executada
pelo Grande Arquiteto do Universe, simbolicamente em seis dias e
ordenadamente.
Consumada a criagao, manifestado o justo e perteito, nada mais
ha que realizar.
Assim, e erro grosseiro, quando tardiamente comparece o titular
de um cargo ja preenchido e e feita a substituigao, apos iniciados os
trabalhos!
Como sera possivel retroceder no piano da criagao?
Mas a praxe nos tern demonstrado que o erro vem sendo, insis-
tentemente, mantido.
Logo, o oficiante, que nao e participe na composigao da Loja,
pois nao ocupa qualquer cargo, podera ser substituido, sem causar
“caos” ou desarmonia.
Quern fecha a Loja e o Primeiro Vigilante, comprovando, assim,
o sen atributo de Veneravel.
Fechada a Loja, o Veneravel Mestre conclama a todos para que
saudem, aplaudam e aclamem.
Sobre a saudagao e o aplauso (bateria), o significado ja foi antes
esclarecido.
Sao Joao da Escocia 63

A aclama^ao constitui na repeti9ao, em voz alta, da expressao:


“HUZZE, HUZZE, HUZZE”.
A palavra “Huzze” e de origem hebraica; os arabes a pronun-
ciam “HUZZA e HOUZZE”. Significa: Ciencia, justi^a, trabalho.
Em arabe: for^a e vigor.
No 2- Livro de Samuel, capitulo 6 das Sagradas Escrituras,
encontramos:

“Tornou Davi a ajuntar todos os escolhidos de Israel,


em numero de 30 mil.
Levantou-se e partiu com todo o povo que estava com
ele de Baale de Juda, para fazerem subir de la a Area
de Deus, a qual e chamada pelo nome de “Senhor dos
Exercitos”, que se assenta sobre os querubins.
Colocaram a Area de Deus sobre o carro novo, e leva
-ram-na da casa de Abinadab, que estava sobre o outeiro.
Huzza e Ahio, filhos de Abinadab, guiavam o carro novo.
Levaram-no com a Area de Deus, da casa de Abinadab
e Ahio ia adiante da area.
Davi e toda a casa de Israel danqavam diante de Jeova
com todas as suas forqas, com canticos, e ao som de
harpas, salterios e tambores, pandeiros e cimbalos.
Quando chegaram a eira de Nacon, lanqou Huzza
a mao a Area de Deus e pegou nela, porque os bois
tropeqaram.
A ira de Jeova se acendeu contra Huzza, e Deus o feriu
ali pela sua temeridade.
Huzza ali morreu junto a Area de Deus”.
Esse episodic, que entristeceu Davi, certamente foi relevante,
eis que Davi batizou o local de “PEREZ-HUZZA”.
Erich von Daniken, em sen livro Emm os Deuses Astronautas,
aventa a possibilidade de a Area de Deus ter sido uma “pilha”,
quiqa atomica, dai Huzza ter sido “fulminado” por uma descarga
eletrica.
Para os antigos arabes, “Huzza” era o nome dado a uma especie
de Acacia consagrada ao sol, como simbolo da imortalidade e sua
64 Simbolismo do Segundo Gnm

tradugao significa: “forga e vigor", palavras simbolicas que fazem


parte da triplice saudagao feita na “Cadeia de Uniao”.
A nossa literatura magonica e pobre sobre a descrigao e signi-
ficado da aclamagao.
No Pequeno vade-mecum magonico, do falecido magom Her-
nani Haefner, lemos: “Houzze \ grito de alegria dos magons do “Rito
Escoces”.
No Dicionario de Magonaria, de Joaquim Gervasio de Figuei
-redo, lemos: “Huze”, grito de aclamagao do magom escoces”.
O ritual magonico contem varias expressdes, cujo significado
e esoterico, isto e, palavras que nos parecem estranhas, as quais
pretendemos dar significados filosoficos, quando a sua importancia
deriva do “som” que emana ao serem pronunciadas.
“Huzze” e formada de duas silabas que, por constituir uma acla­
magao, sao pronunciadas com voz forte, servindo de uma verdadeira
“descarga” de dentro para fora, purificando o ser.
As vibragoes que se formam pelas vozes de muitos atingem a
todos, propiciando os beneficios necessarios para aquela ocasiao.
A aclamagao “Huzze” e feita apenas duas vezes em cada reuniao,
por ocasiao da abertura e do encerramento dos trabalhos.
A aclamagao “Huzze” so e feita apos o sinal do Grau, estando
todos de “pe e a ordem”, na forma estatica. Nao se faz isoladamente.
No inicio dos trabalhos, completa a dualidade, ou seja, feito o
“sinal”, e pronunciada a aclamagao.
No encerramento, completa a trilogia, pois feito o “sinal e dada
a “bateria”, e apos, conclui-se com o “Huzze”.
A Magonaria francesa atribui a aclamagao uma saudagao equi-
valente ao “viva o rei”.
Apos, o Primeiro Diacono dirige-se ao seu lugar, bem como
os demais acompanhantes do oficiante e, de passagem, “recolhe” o
painel da Loja.
A “joia" fixa da Loja de Companheiro e guardada, face o seu
significado simbolico e “valor”.
Adomo e simbolo, deve ser guardada com cuidado, pois e o “reco-
Ihimento” de todos os simbolos que constituem a Loja de Companheiro.
Sao Joao chi Escocia 65

Como dissemos antes, infelizmente nao temos, no Brasil,


templos proprios e exclusivos para cada Grau. Todos sao adaptados
grosseiramente do templo de Aprendizes.
Complementa e completa a Loja de Companheiro, o painel, pois
nele estao inseridos todos os simbolos do Grau.
Como o Primeiro Vigilante fecha a Loja ritualisticamente, o
Primeiro Diacono fecha a Loja fisicamente.
O painel simboliza o “ramo de oliveira”, recolhido pelo “pom-
bo , mensageiro de Jeova; como adaptagao, o ramo pode ser substi-
tuido pela acacia.
Concita o Veneravel Mestre, apos declarar encerrados os tra-
balhos, a todos os presentes para que “jurem” nada revelar sobre o
que foi feito na Loja.
E a postura do juramento, todos de pc, erguendo o brago dircito
horizontalmente.26
Nesse momento, embora se encontrem os magons de pe, ja nao
estarao fazendo o sinal “de pe e a ordem”; assim, o brago esquerdo
ja estara abaixado ao nivel da coxa.
E erro erguer o brago direito para o juramento do silencio , con-
servando o brago esquerdo na postura “estatica”.
O juramento abrange, obviamente, o “Sigilo” magonico, mas
nao o “Segredo” magonico.
O juramento sempre foi pratica religiosa de todos os povos;
encontramos referencias em todo o Velho Testamento, desde o Livro
de Genesis.
A cerimonia do juramento e ato liturgico, cercado de misticis-
mo e pompa; e o momento culminante de todo cerimonial, e temos,
em todos os Graus do Rito Escoces Antigo e Aceito, as fases dos
juramentos.
Porem, encontramos no livro de Sao Mateus, o seguinte:
“Eli, porem, vos digo que de maneira nenhuma jureis:
nem pelo ceu, porque e o trono de Deus; nem pela terra,
porque e o escabelo de sens pes; nem por Jerusalem,

26. Passagem ritualistica inexistente nas Lojas do Grande Oriente do Brasil.


66 Simbolismo do Segundo Gran

porque e a cidade do grande rei. Nem juraras pela tua


cabeqa, porque nao podes tornar um cabelo branco em
preto.
Seja, porem, o vosso falar: sim, sim; nao, nao; porque o
que passa disto e de procedencia maligna.”
(Mateus 5: 34-37)

A Maqonaria ocidental, que inclui a da America Latina, tern


alicerces no Cristianismo.
Logo, os juramentos encontram na palavra de Jesus, o Cristo,
severa censura; o que o Evangelista transcreveu revela uma liqao de
psicologia, pois o homem normal devera honrar a sua palavra, seja
afirmativa, seja negativa.
O homem nao deve jurat' pelo que o Grande Arquiteto do Universe
criou; nao deve jurar por seu corpo, porque nao o pode comandar.
Estamos diante de um impasse: se no ritual vein conservado o
juramento, devemos segui-lo, sob pena de desobediencia.
E aceitavel o juramento do Candidate, dentro do cerimonial do
ly Grau; apos, quando o recipiendario e recebido magom, deveria
cessar todo e qualquer juramento.
A Maqonaria e uma escola de saber, aperfeiqoa a mente, bem
como o comportamento social. Uma vez que o maqom recebe uma
nova imagem de vida, nenhuma necessidade teria em repetir em cada
Sessao de sua Loja um novo juramento, mormente aquele de que
guardara o segredo maqonico.
Ha, evidentemente, um cheque entre a “doutrina crista e a
“doutrina maqonica”.
Contudo, se analisarmos com mais acuidade o signiticado do
juramento, encontraremos uma soluqao pratica.
Os aspectos esotericos devem ser vistos dentro do “tempo ’ e
do “espago”. Em epocas remotas e mesmo na Idade Media, havia
necessidade imperiosa de jurar e manter o segredo.
O juramento era consequencia da seguranqa; o segredo tambem
era condigao de seguranga.
Hoje nao tern qualquer cabimento jurar pelos segredos con-
lidos no Ritual, como a “Palavra Sagrada , a palavra de passe ,
a “palavra semestral , os “toques , as “posturas , pois tudo isso, e
SaoJoaoda Escocia 67

muito mais, encontra-se escrito em qualquer livro maqonico, seja do


seculo XX ou do XIX.
Temos alguns autores, como Cassard, Magister, editoras como
a Kier, que tem publicado com clareza solar, tudo sobre o Ritual.
Sobraria, entao, o segredo dos assuntos tratados em Loja.
Isso nao seria, propriamente, urn segredo, mas urn comporta-
mento discrete.
Ha Lojas que apresentam a orientagao de que, ao fmdarem os
trabalhos, e jurado manter sigilo sobre os assuntos que nao conve-
nham ser divulgados.
A conveniencia fica adstrita ao criterio de cada magom, homem
criterioso que deve distinguir o que pode e o que nao pode ser revelado.
Por conseguinte, o “segredo” magonico, ou o “sigilo” magoni-
co, pertence ao proprio magom, que assume a responsabilidade de o
revelar ou nao.
Supondo-se que dentro de uma Sessao um Irmao, por qualquer
motivo e circunstancia, pronuncie uma injuria contra alguem, seja
profano ou magom; essa hipotetica injuria que constitui crime podera
estravasar dos limites da Loja e tenninar nos tribunais profanes?
Obviamente que nao; contudo, se a autoridade judiciaria profana
requisitar o Livro de Atas, a Loja podera negar-se a apresenta-lo?
Essa situagao hipotetica vein demonstrar que, em ultima analise,
inexiste um “sigilo” ou “segredo” magonico.
A escassez de documentos magonicos teve como causa, pre-
cisamente a preoenpagao das Lojas, nas epocas de perseguigoes e
despotismos, de nao registrar os assuntos que poderiam comprometer
a qualquer de seus membros. Exemplo marcante o tivemos durante
o julgamento de “Tira-dentes”, expoente da Magonaria libertaria,
que foi sacrificado porque nao revelara o nome dos “conspiradores”.
Hoje, dentro das Lojas, nas assemblers de uma jurisdigao, em
conclaves nacionais ou internacionais, publicam-se os anais, relato-
rios, teses e, minuciosamente, os debates.
Nao ha razao, portanto, de maior preoenpagao quanto a pretenses
sigilos ou segredos.
O juramento que os obreiros fazem, ao retirarem-se dos traba­
lhos, constitui apenas o prosseguimento de uma tradigao e um gesto
de autodisciplina, de reserva, discrigao e obediencia, face o fato que
jamais deve ser esquecido de que, alem do mais, uma Loja e uma
68 Sinibolismo do SegumJo Gran

escola, na qual aprende e se ensina a tecnica da vida, em beneficio


da hannonia social e, sobretudo, da irmandade ma^onica.

“Retiremo-nos em paz”, diz o Veneravel Mestre, desfazendo


o sinal.
A retirada induz, sempre, uma luta, a organizaqao maqonica.
o sen Ritual tem inspiraqao militar, pois sac conservados os atos
cavalheirescos das Cruzadas e, posteriormente, da Idade Media; a
nomenclatura e instrumentos, as annas e a linguagem conservam-se
em todos os Graus.
Sempre devera ter presente esse aspecto, para compreender o
significado de certas palavras e expressoes.
A “retirada” de urn templo processa-se inversamente da entrada.
Porem, nao sera uma “retirada” de derrota, mas programada, tanto
que a "retirada” e feita em paz, ou seja, sem luta, quer contra alguem.
quer consigo mesmo.
Quando iniciados os trabalhos, o Veneravel pergunta: por que
motivo os obreiros se encontram reunidos?
A resposta c: “Para promover o bem-estar da humanidade, le-
vantando templos a Virtude e cavando masmorras ao Vicio”.
No desenvolvimento do Ritual de iniciagao a elevagao do 2,J Grau,
as viagens sao etapas de uma batalha, como veriftcaremos a seguir.
A “retirada” do templo e comandada pelo Veneravel, que se
retira em primeiro lugar: por ocasiao da entrada no templo, o Vene­
ravel ingressa por ultimo.
Ninguem podera retirar-se sem permissao; a disciplina esteia-se
no fato de que nao ha o pretense “livre-arbitrio”, mas uma obe-dien-
cia consciente. 27 Para a “retirada”, taz-se necessario reunir todas as
joias, instrumentos, paramentos, utensilios e simbolos, para que nao
se deixe no “campo de batalha nacia de sagrado, nenhuma pista para
que o “inimigo” possa identificar uma presenga, tampouco para que
saiba o lugar para onde os magons se retiraram.

27. Vide do mesmo autor: O Delta liiminoso.


Sao Joiio da Escocia 69

A “retirada” tambem abrange o aspeto mistico e espiritual; a


"Cadeia de Uniao”, que precede a “retirada”, equilibra a todos. per-
mitindo que o Veneravel Mestre possa determinar que a “retirada”
seja processada em paz.
O Guarda do Temple, o ultimo a se “retirar”, tern a incumbencia
de “apagar as luzes” e “fechar a porta”.
Apagar a luz tern o sigmficado de ocultar o local onde, ha poucos
instantes, desenvolvera-se tremenda batalha, como o que descreveu
John Milton em sua obra Paraiso Perdido.2*
O Guarda do Temple apagara as luzes, quando ja nao houver
ninguem dentro do Templo. Fechara a porta, pelo lado extemo , sim-
bolizando que o local das batalhas e sempre sagrado e que ninguem
Podera descobrir o verdadeiro campo, onde tantos sucumbiram.
Cada aresta que o magom perde na luta simboliza o derrama-
mento de sangue, o sac rifle io e a forqa de vontade que o homem novo
enfrenta em busca da autoperfeiqao.
O Guarda do Templo arrecadara o que, porventura, algum
obreiro tiver deixado atras; ele e guarda, nao so do templo editlcio,
mas tambem do templo vivo que represerrta cada maqom.
A permanente vigilancia exercida pelo guarda do templo the da
uma tarefa relevante; com a espada que sempre traz consigo demons-
tra que, se necessario, empregara a forqa para cumprir o sen dever;
enquanto os demais “depoem as armas, deixando-as no recinto,
para que o “Arquiteto” do Templo (nao confundir com o Grande
Arquiteto do Universe), que e o obreiro encarregado de prover todo
o necessario para o im'cio da reuniao, as possa an ecadar, o Guarda do
I emplo levara consigo, para fora, ate fechar a porta, a sua espada, e
a guardara em local apropriado, no atrio, fora, portanto, do Templo.

28. Vide obra do mesmo autor deste livro: Principe Rosa-Cruz e sens Misterios
(Madras Editora).
dz fJniciafdo

ELEVAQAO AO GRAU
DE COMPANHEIRO MAQOM
A iniciaQao e o prosseguimento do Ritual de abertura dos tra-
balhos do Grau de Companheiro.
A iniciagao faz parte da Ordem do Dia. Os trabalhos comuns
sao suspenses e o Veneravel Mestre solicita ao Mestre de Cerimonias
que informe se ha visitantes na Sala dos Passos Perdidos, que desejam
assistir a cerimonia da iniciagao.24
O ingresso dos visitantes, que, obviamente, deverao ser Compa-
nheiros magons, ou possuidores de Grans superiores, obedece a certos
preceitos; os visitantes sao introduzidos e colocados entre Colunas;
fazem a saudagao de praxe e sao submetidos a "trolha , ou seja, sao
interrogados sobre os aspectos da iniciagao.
Alguns autores denominam o interrogatorio de “catecismo
ele e procedido encontrando-se o visitante entre Colunas e serve nao
apenas para identificar o visitante, mas tambem como instrugao para
os presentes.
Introduzidos os visitantes, o Veneravel Mestre ordena ao Ex-
perto que prepare o Candidate e faga-o penetrar no templo.
E pela mao do Experto, tambem no 2y Grau, que o Candidate e
elevado; o Experto e intercessor, guia e fiador do Candidate; escla-
rece-lhe o que deve fazer e o conduz ate a parte final da cerimonia;
o Experto representa o pessoa de Jesus, dentro, evidentemente, das

29. Atualmente, e praxe os visitantes entrarem "em familia”, juntos com os Innaos
do Quadro.

70
Ritual de Inicia^ao 71

limitagoes do cerimonial; trata-se de uina representa<;ao meramente


simbolica que demonstra que todo Candidate esta na dependencia de
alguem, para penetrar nos misterios magonicos.
O Experto prepara o Candidate; em tempos idos, o Candidate
apresentava-se totalmente despido, cingindo apenas o avental.
Hoje o Candidate e apenas despido de todos os metais que
porta, ou seja, de dinheiro, chaves, fivelas, adornos, fica sem casaco
e a camisa Ihe e aberta no peito.
O Candidate segura com o mao esquerda uma regua de 24
polegadas, que descansa sobre o ombro esquerdo, cinge o avental
de Aprendiz, e conduzido pelo Experto ate a porta do Temple e bate
como no 1Q Grau.
O Guarda do Templo anuncia ao Veneravel Mestre que estao
batendo a porta.
Apos, faz a verifica^ao e informa ao Veneravel Mestre que e o Ex­
perto conduzindo urn Aprendiz que deseja passar do prumo ao nivel.
Ja temos tres elementos para nos deter em estudo: a regua de
24 polegadas, o nivel e o prumo.
Sao tres instrumentos primarios para inicio de qualquer edificaqao.
A regua e um instmmento de trabalho que se destina ao traqado
de linhas retas. One a distancia entre dois pontos e dita as normas do
comportamento humane.
A retidao sempre foi a preocupagao principal da Magonaria,
pois decorre de um principio natural. E a observancia das leis, e sem
a obediencia nao podera haver ordem.
A natureza toda “obedece”, pois e regida por leis primarias e
imutaveis, como a da gravidade, que abre as portas a um numero
infinite de condigoes para a existencia.
Sao as leis do Grande Arquiteto do Universe, estabelecidas para
que o Universe possa ser perene e infinito.
A regua e uma medida. A medida e o equilibrio de todas as
agoes. A regua e um metodo de realizagao.
Os gregos atribuiam a construgao da regua a “Rhico”, celebre
arquiteto que construiu o labirinto de Samos.
A regua magonica, usada nos Gravis simbolicos, e dividida em
24 polegadas, e representa a medida de um dia, definindo a unidade
de tempo, consoante a evolugao do sol em torno da Terra.
72 Simbolismo do Segundo Grau

A rcgua e a insignia do Mestre de Cerimonias, que divide as 24


boras de um dia da seguinte forma: oito boras para o trabalho; oito boras
para o repouso e oito boras para os exercicios fisicos e mentais.
A recreate para o ma$om consiste em descansar o corpo,
porem, jamais a mente; sen divertimento sera conduzir a mente para
as “regioes” alem dos limites sensoriais; o misticismo e a meditagao
constituem partes de grande satisfa^ao para o Companheiro que nao
tern tempo para gastar com o superfluo.
A regua de 24 polegadas e instrumento de medida para avaliaqao
de si mesmo e para o conhecimento dos demais.
A linba reta e propria ao l9 Grau, porem, na iniciaqao do 29 Grau,
o Candidate conduz a regua de 24 polegadas, em uma afirmaqao de
que a sua vida de Aprendiz tern sido pautada por meio de atitudes
corretas, medidas e calibradas.
O Candidate Aprendiz segura com a mao esquerda a regua de
24 polegadas, deixando a mao direita livre, para com ela receber um
novo instrumento que o auxilie najomada que enceta.
A regua de 24 polegadas tern servido ao Aprendiz para medir
horizontalidades; auxilia seu trabalho com o nivel, instrumento que
Ihe foi entregue imediatamente apos receber a regua de 24 polegadas.
O nivel simboliza a igualdade magonica e a vida espiritual,
mental e social.
O Aprendiz tern uma vida horizontal, conbece a essencia das
coisas e penetra nos misterios da filosofia; porem, falta-lhe nivelar
seu viver com os que possuem mais experiencia.
E por isso que o desejo do Aprendiz, quando bate a porta de uma
Loja de Companheiro, e passar de seu estado horizontal primario, para
o horizontal sutil. Ele busca, portanto, conquistar o nivel.
O prumo e um instrumento que consiste em uma pepa de metal
suspensa por um fio e que serve para verificar verticalidade.
Tambem e umajoia, usada pelo Segundo Vigilante, em seu colar.
O Companheiro, nos seus estudos, encontrara a resposta para as
suas duvidas e compreendera a existencia de um ser supremo, que esta
acima de tudo. E o topo da escada de Jaco, cujos degraus horizontais
conduzem a um fim supremo, por meio de uma ascengao.
Ritual de Iniciacao 73

O Candidate entra, permanece entre Colunas, de “pc e a ordem”


com o sinal de Aprendiz.
No caso, o Candidate nao entra com os olhos vendados, como
quando de sua iniciacao ao 1" Grau. O Candidate ve os obreiros, sauda
os Vigilantes e recebe as homenagens a sua aspiragao.
A seguir, o Veneravel Mestre pergunta, em voz alta, ao Primei-
ro Vigilante se o Candidate preencheu sen tempo de trabalho e se a
Vigilancia esta satisfeita com a sua conduta e o sen aproveitamento.
Nessa oportunidade, caso o Candidate nao preencha as condi-
9des necessarias, sera rejeitado e retirado do Templo. Mas nao e so
a opiniao do Primeiro Vigilante que prevalece.
O Veneravel Mestre solicita, tambem, o parecer de todos os
obreiros presentes, que se concordarem, erguem o braqo direito, per-
manecendo de pe.
Aprovado o Candidate, todos se sentam.
O Veneravel Mestre dirige-se ao Candidate e Ihe diz:
“Meu Irmao, nos tempos primitives de nossa Ordem era precise
que o Aprendiz trabalhasse, ininterruptamente, durante cinco anos,
para poder passar a Companheiro”.
"Hoje, aquele periodo de tempo tornou-se simbolico, e c abre-
viada a estada no l9 Grau, pois abertos os vossos olhos a verdadeira
luz, terminastes vosso trabalho na horizon talidade, tomando-vos aptos
para serdes urn obreiro da inteligencia”.
“Ao som do malho, simbolo da for^a impulsora das atividades
humanas, compreendestes, paulatinamente, que tudo entre nos signifi-
ca trabalho, em todos os niveis, por meio dos instrumentos simbolicos
que aprendestes a manejar”.
“As instru^oes que recebestes vos dao pleno direito a que uma
ponta do veu se nossos misterios se levante aos vossos olhos, enri-
quecendo os vossos conhecimentos”.
“Tereis um aumento de salario e conhecereis o significado
vertical de outros simbolos”.
"Passareis do numero tres para o cinco; progredireis no caminho
que encetastes desde vossa primeira iniciacao”.
“Cinco e um numero misterioso, porque se compoe do binario,
simbolo do que e falso e duplo, e do temario, cujo segredo ja conheceis”.
74 Simbolismo do Segundo Gran

“Cinco nos da ideia da perfeigao e da imperfeigao, da ordem


e da desordem, da felicidade e da infelicidade, da vida e da morte .
“Aos antigos dava a ideia dos mans principios, lan9ando o caos
do mundo, isto e, o binario agindo sobre o temario”.
“Cinco lembra, tambem, os anos de aprendizado dos iniciados”.
“Cinco serao as viagens exigidas nessa segunda iniciagao, a fim
de que possais obter uma solida instrupao no campo moral, social,
intelectual e espiritual”.
“Esta, ainda cm vossas maos, a regua de 24 polegadas, para
vos lembrardes de sen significado, slmbolo da Lei, da ordem, da
inteligencia, norteando os vossos estudos .
“As viagens vos dirao que o movimento e vida e que no Universe
tudo se move, tudo e dinamica”.

Feita a explanagao, o Veneravel Mestre ordena ao Mestre de


Cerimonias que retire da mao do iniciando a regua e que em sen lugar
Ihe apresente o mago e o cinzel.
O Candidate enceta a sua primeira viagem, conduzido pelo
Experto.
O trajeto percorrido relembra as viagens que o Candidate fez,
quando de sua iniciacao a Maconaria; simboliza a primeira fase dos
estudos entremeados com trabalho; e a Maqonaria Especulativa e
Operativa. Desbastou a pedra bruta e a comegou a burilar.
O mago, que e o seu primeiro instrumento, exige esforgo fisico,
pelo seu peso e pela quantidade de pedra que deve trabalhar.
Sempre que se faz referencia a pedra bruta, temos a imagem de
um pedago de pedra tosca, que se pode segurar com as maos. Porem,
o Aprendiz magom tern diante de si, durante o tempo que Ihe foi des-
tinado, uma verdadeira “Pedreira” para desbastar, sendo possivel que
deva preparar pedra suficiente para construir o seu templo.
O mago, emblema do trabalho e da forga material, serve para
suprimir os obstaculos e as dificuldades. Nao so os obstaculos e
dificuldades ja existentes la colocados dentro da programagao pre-
estabelecida pelo criador dos mundos, mas tambem os obstaculos e
Ritual c/e Inicia^ao 75

dificuldades que sao cria^ao do proprio homem, que ve dificuldades


onde nao existem e encontra obstaculos onde nao ha.
As adversidades nao devem propriamente ser suprimidas, mas
contornadas, evitadas, superadas; o homem nao tern o poder de aplai-
nar o sen proprio caminho, e e por isso que sen guia e o Experto, que
sabe, com inteligencia, transpor as adversidades e chegar ao termino
com seguranga e dentro do prazo previsto.
O homem aspira a felicidade, mas dentro de urn determinado
prazo; esperar ate o findar de sens dias, uma kWcidadQpost-mortem,
on fora do espago em que vive, nao o satisfaz.
Diz uma cangao: “O lugar e este e a hora e agora”; em uma
conccpgao popular muito feliz.
O cinzel, por si so, e instrumento dependente: sem o mago,
nada faz.
O cinzel e essencialmente humano, na dependencia do Dirigente
dos mundos; precisa ser conduzido para cumprir a sua obra que deve
resultar sempre bela.
O mago sozinho nada e; o cinzel por si so nada produz; ambos,
para cumprirem sen “destino”, necessitam do impulse do homem; e
a Trilogia em agao.
Na fase essencialmente Operativa da Magonaria Moderna,
dava-se ao mago e ao cinzel uma importancia relevante; a obra
material era muito importante, pois a arquitetura, posto engati-
nhando, produzia monumentos de rara beleza, que ate os dias atuais
contemplamos.
Foi, porem, na Magonaria Especulativa Moderna, que o mago e
o cinzel foram usados para esculpir a obra mais importante: o embe-
Jezamento do templo humano, revelando a sociedade a parte preciosa
e moral, devolvendo ao Grande Arquiteto do Universo a magnifica
realidade: o homem divino.
A compreensao da autoperfeigao e, consequentemente, da valo-
rizagao do homem, diante de si mesmo, da sociedade e do Universo,
e fruto que o Candidate colhera de sua primeira Jornada.
Feita a primeira viagem, o Candidate, que esta de pe, coloca-se
a ordem como Aprendiz e faz o sinal “gutural” ao Primeiro Vigilante.
76 SimboUsmo do Segundo Gran

Embora, dentro do cerimonial do 2- Grau. o Candidate ainda


nao viu o novo sinal do Grau.
Ele so sabe cumprimentar como Aprendiz, e o faz antes de
encetar a Segunda Viagem.
Nao se trata de urn cumprimento, mas de uma reafirmagao a
respeito do significado daquele sinal.
A seguir, o Mestre de Cerimonias retira da mao esquerda do
Candidate, o maqo e o cinzel e os substitui pela regua de 24 polegadas
e pelo compasso.
So existe uma regua dentro da instrumentagao simbolica: a de
24 polegadas.
O Candidate ja nao recebe a regua, com a qual adentrou o tem-
plo, mas junto a ela o compasso.
O compasso e joia e instrumento, porque entrela(;ado com o
esquadro, so podera traqar um semicirculo; o Companheiro nao pode
usar o compasso em toda sua plenitude; com ele podera tragar o arco
-iris, que e metade de uma circunferencia e assim podera compreender
o significado do espapo entre o Oriente e o poente.
Compoe-se de dois bravos articulares que se abrem ate format
uma linha reta, e se unem ate format um ponto, que e a caminhada
para a grande aventura da vida.
Com a regua e o compasso, porem usando a regua horizontal-
mente e o compasso, por metade, o Candidate executara a infinita
serie de curvas e de poligonos.
Sempre conduzido pelo Experto, o Candidate percorre o mesmo
caminho da viagem anterior.
Agora ele ve novos aspectos em sen percurso e pode medir com
mais precisao, e organizar os seus pianos com mais perfei^ao. O local,
aparentemente, e o mesmo, mas tudo o que e “espago altera-se na
conjungao com o “tempo”.
O tempo transforma os simbolos; o espago e estatica; o tempo,
dinamica.
O simbolismo do compasso nao permanece definido, dentro do
ritual, de forma definitiva; a definigao amplia-se paralelamente ao
conhecimento adquirido nas “ciencias”, nas “Artes e nas '"profissoes
liberais”.
Ritual de Inicicicao 77

A Ciencia , e isso seria desnecessario referir, apresenta um


quadro de natural evolugao.
Portanto, a “viagem”, feita nesta segunda etapa, embora dentro
de um templo totalmente igual, com instrumentos, joias e elementos
idcnticos, de gera9ao em geraqao assume nova visao e nova perspec-
tiva. Obviamente, tambem nova simbologia.
O ma^om nao pode deter-se na leitura dos sens livros recebidos
das maos de sens antepassados; a sabedoria daqueles ensi-namentos,
devera acrescentar o resultado de seu proprio “aperfei-qoamento”.
Ha masons que se situam, sempre e invariavelmente, em uma
unica posigao: aquela, quando de sua iniciaqao, e nao admitem e
tentam nao permitir a existencia de uma evolugao, recebendo, com
amargas criticas, os novos autores de obras magonicas.
Essa posigao, que nao deixa de ser comoda, vein em oposigao
ao espirito do Ritual, que orienta no sentido de serem usados os ins-
trumentos para um continue aperfeigoamento.
A “evolugao” nao e restrita a “ciencia”, mas se aplica, tambem,
as “artes”.
As “artes tern se apresentado as novas geragoes de forma es-
t ran ha, com dimensoes que causam certa resistencia aos de mais de
50 anos de idade.
O desenho, a pintura, a escultura, expressam-se por meio da
cor e da forma, sem preocupagao de perspectiva, regras on estetica.
As Bienais e outras exposigoes nos revelam isso; verdadeiros “ab-
surdos ’ na concepgao dos “conservadores” constituem arte moderna
consagrada e aceita em toda parte.
A danga, por sua vez, apresenta-se apenas como “movimento”,
divorciada das concepgoes classicas.
A musica resumiu-se na simplicidade dos “sons”, produzidos
com os mais diversos elementos. Se a muitos fere a audigao, a mo-
cidade agrada.
Essa mocidade que iniciou a transigao, hoje ja constitui uma
grande parcela de homens maduros, com mais de 40 anos, o que quer
dizer que, passados mais 20 anos, o que ira predominar no campo das
"artes sera o gosto dos renovadores.
78 Simbolismo do Sesumlo Gran

E dentro dos templos maQonicos? Permaneceremos no passado,


divorciados dos sentimentos dos novos magons que estao ingressan-
do nos Quadros das Lojas? Devemos considerar que a musica que
nos agrada e a classica e de camara, e nao aquela dos tempos do rei
Salomao, dos romanos, dos Hindus, dos egipcios, etc.
Torna-se muito dificil, nesse terreno, fazer afirmaqoes e dar
orientaqoes, mas isso e referido para exemplificar sobre o sentido da
evoluqao frequente e da mensagem constante que os simbolos nos
transmitem.
A mensagem de ontem, nos temos meios para guarda-la e pre-
serva-la; a mensagem de hoje nao podemos repeli-la e repudia-la,
porque sera, fatalmente, o fato ocorrido para ser, por sua vez, pelos
que nos sucederem, preservado.
Incluiu o ritual no esclarecimento sobre a Segunda Viagem, o
aperfeiqoamento nas “profissoes liberais’.
Isso foi consignado para evocar a fase operativa, quando, real-
mente, as “profissoes” se tornaram liberais, como dura conquista dos
nossos Irmaos maqons do passado!
Tambem e urn alerta para que atraiamos para os Quadros das
Lojas candidates a altura de absorverem os novos e constantes conhe-
cimentos que estao surgindo; isso nao significa que as Lojas devam
ser formadas pelos “bachareis”.
Com a regua e o compasso, “suprimem-se todas as imper-
feiqoes nas artes e nas produces literarias”. Portanto, a missao
do Companheiro nao se fixa apenas no aperfeiqoamento em todos
os campos do saber, mas tambem na supressao de todas as imper-
feiqoes que possa descobrir; para tanto, devera ser bem dirigido
e possuir conhecimentos suficientes e capazes para desempenhar
a sua missao.
“Da retidao da moral e da sabedoria, de onde emanam o amor e
a fe, ressaltam a perfeiqao individual e o conhecimento dos homens
pelos ensinamentos superiores, como da justiqa e da sabedoiia pio-
manam os bons governos das naqoes”.
Essas palavras do ritual demonstram que o comportamento
social do maqom e relevante.
O amor e a fe emanam do comportamento e do conhecimento.
Porem, o ritual diz: “da retidao da moral e da sabedoria ’, o que
Ritual de Iniciacao 79

equivale dizer. da perfeita aplicaqao da moral e da perfeita percep-


Qdo da sabedoria e, em palavras mais praticas: o cumprimento das
regras da moral e a dedicaqao ao conhecimento.
Logo, o magom devera ter urn comportamento compativel com
os preceitos da moral, nao se descurando do estndo da Arte Real.
A moral maqonica e a mesma moral social e religiosa, porem, o
conhecimento difere porque nao basta a instruqao profena; o conheci­
mento da filosofia maQonica constitui obrigaqao para o Companheiro.
Os ensinamentos da justiQa e da sabedoria constituent ensina-
mentos "superiores o que significa ensinamentos espirituais. E a
visao que foge ao comum; os “bons govemos das nagoes” sao produto
de uma visao mais ampla dos problemas e dos cidadaos; sao gover-
nos incomuns, nos quais os comandantes possuem conhecimentos
provindos de um piano superior.
Concluida essa explana^ao sobre a Segunda Viagem, o Ve-
neravel Mestre ordena que o iniciando de ao Segundo Vigilante, o
toque de Aprendiz.
Depois de o Segundo Vigilante ter recebido o toque, diz: “Este
toque vos da o direito de serdes admitido no templo do trabalho”.
O Toque e a credencial que apresenta o Aprendiz, seu cartao de
identidade, seu documento maximo.
E o contato pessoal de sua destra com a destra do Segundo
Vigilante ; e a unifica^ao dos sentidos; e o “dar e receber”.
O toque e a chave que abre o templo do trabalho. Templo de
trabalho nao e sinonimo de Loja ma^onica e sim a oficina maqonica,
onde o trabalho se transformara em culto liturgico. E a espirituali-
zaqao do trabalho.
A seguir, o Mestre de Cerimonias substitui, nas maos do Ini­
ciando, o compasso pela alavanca.
A alavanca e um instrumento de ferro, de aproximadamente
60 centimetros, em forma de barra, sendo uma de suas extremidades
ponteaguda e a outra achatada, e serve para erguer objetos pesados,
firmado em um ponto de apoio.
A sua origem e ignorada, porem, o grande matematico Ar-qui-
medes, nascido em Siracusa em 287 a.C, ja dissera: “Dai-me uma
alavanca e um ponto de apoio, que eu removerei o mundo”.
A alavanca, portanto, e entregue ao Candidate a Terceira Viagem,
com duplo significado: aquele figurative da remo^ao de qualquer di-
80 Simbolismo do Segundo Gran

ficuldade, encontrando urn ponto de apoio, e o de recordar a figura


de Arquimedes.
O homem que porta ein seu ombro esquerdo a alavanca en-
contra-se armado com o instrumento necessario para remover os
obstaculos que se apresentarem a sua Jornada; porem nao basta ao
homem possuir o instrumento, se nao souber encontrar o "ponto de
apoio” que a alavanca necessita para, sem esforgo maior, remover
grandes pesos.
A alavanca e o poder material; a parte fisica do instrumento; o
meio que e entregue ao homem para a conclusao de sua viagem; meio
que Ihe e proporcionado no inicio da Jornada.
O ponto de apoio e a parte invisivel e espiritual, que vein de sua
mente, do seu intelecto, do seu conhecimento, que o homem annazena
dentro de si como complemento para a conquista de sua vitoria.
A alavanca e o simbolo da forga.
Surgem ocasides, na vida, nas quais a forga deve ser, obrigato-
riamente, empregada. E da natureza do homem usar a forga de sens
musculos, para tanto, e exercitado.
O caminho que o iniciado percorre nesta Terceira Viagem e o
mesmo, mas agora ele esta apto para remover os obstaculos, usando
a sua forga, pois possui o instrumento necessario.
A forga que o Iniciando emprega nao sera urn trabalho desorien-
tado; continua em suas maos a regua de 24 polegadas, simbolizando
que para o emprego da forga devera, antes, programar todos os deta-
Ihes, para que nao haja desperdicio e nao surja o cansago.
O esforgo queima energias e forma toxinas; urn esforgo bem
dirigido colimara o resultado desejado.
A forga sempre deve ser empregada com equilibrio.
A alavanca, simbolo por excelencia da forga, serve para levantar
os mais pesados fardos.
Morahnente, representa a firmeza da alma, a coragem do homem
resolute e independente; o poder invisivel e invencivel, que desen-
volve o amor da liberdade, poder do ser inteligente.
Intelectualmente, simboliza a forga do raciocinio, a seguranga
da logica.
E a imagem da filosofia esteiada em principios invariaveis, mas
em evolugao constante.
Ritual de Iniciu^au 81

A alavanca e usada para remover os fardos mais pesados da


humanidade, que sao a fantasia e a superstigao.
Esse poder conferido pela regua de 24 polegadas e da alavanca
e o centre da autoconfian<;a.

Terminada a Terceira Viagem, o Mestre de Cerimonias substitui


a alavanca por um esquadro.
Essa penultima viagem e fisicamente identica a anterior, porem
a fungao do esquadro dispensa a forga que o magom teve de empregar
para remover os obstaculos e preparar os alicerces da construgao.
O esquadro da forma regular a toda especie de material; forma
regular significa forma convencional, porque ha certas regras que
sao imutaveis; o tempo passa, sucedem-se os dirigentes, mudam os
materials, mas certas regras mantem-se fixas, pois sao as mesmas leis
que dirigem a natureza, como por exemplo, a da gravidade, e outras
que dizem respeito ao equilibrio.
O esquadro com sen angulo reto simboliza a conduta irre-pre-
ensivel que os homens devem manter na sociedade, mas tambem, a
conduta irrepreensivel do trabalho.
Manter fixos os rituais, on seja, imutaveis, sem alterar-lhes o
esplrito que seus inspiradores idealizaram, obse'rvando-os nos sens
minimos detalhes, significa saber usar o esquadro.
O que pode alterar-se em um ritual e a sua interpretagao.
Enriquecer os conceitos, aprofunda-los, descobrir novos signi-
ficados, revelar novas facetas, enfim, buscar evolugao interpretativa,
nao e vedado, uma vez que sejam mantidas intactas as suas palavras.
Simplificar um ritual e mutilagao.
O esquadro e formado de duas linhas: uma perpendicular sobre
outra horizontal, iniciadas em um unico ponto, mas se prolongarmos
alem desse ponto ambas as linhas, teremos o cruzamento e a formagao
de quatro angulos iguais, ou seja, quatro esquadros.
Esse conjunto traduz a igualdade social que o Grande Geometra
estabeleceu entre os homens.
Essa igualdade, porem, tern limitagoes; a Magonaria considera
todos os homens iguais para as oportunidades que Ihes sao proper-
82 SimboUsmo do Segundo Gran

cionadas; nem a cor da pele, nem a origem da ra9a, nem a condi^ao


social e economica apresentam dificuldades.
O que a Maqonaria exige e a igualdade intelectual, e por ela
luta, propiciando aos sens membros o conhecimento necessario para
uma evoluqao relativa.
A Maqonaria da America Latina diverge bastante da europeia e
da America do Norte, pois esses povos possuem mais status intelec­
tual, sejaporque as oportunidades sao maiores, seja porque a tradigao
nesse sentido vein de longa data.
O magom latino-americano e de cultura media e isso constitui
um dos maiores empecilhos para a evolugao social da Magonaria.
Nao se podera exigir uma igualdade rigida para todos os homens,
se estes nao possuem o mesmo Grau de intelectualidade.
A intelectualidade conduz a evolugao espiritual, pois na Ma­
gonaria, espiritualismo e fruto de conhecimento e nao simplesmente
de um “dom natural”, ou de uma inclinagao maior ou menor aos
assuntos espirituais; obviamente, espiritualismo aqui nao traduz reli-
giao. A espiritualidade religiosa equivale a uma dedicagao especifica
a determinada doutrina. A espiritualidade magonica diz respeito a
compreensao da filosofia magonica; espiritualidade magonica asse-
melha-se ao conhecimento dos principios que regem a instituigao.
O Aprendiz entrega a alavanca e recebe o esquadro, porem,
mantem em seu poder a regua.
A regua continua a sua missao; acompanha o esquadro para dar
a todos os trabalhos a diregao necessaria.
A regua diz respeito mais a horizontalidade do trabalho, enquan-
to o esquadro tern um de sens lados em sentido vertical.
Assim, se para o esquadro ha igualdade de diregoes, uma horizontal
e outra vertical, com a soma da regua, o caminho a ser percorrido sera
mais horizontal que vertical, ou melhor, traduz um comportamento espi­
ritual dentro do percurso horizontal da vida. Os pes, ambos percorrendo
a terra, porem com o pensamento ao Alto.
Nao sera o trabalho encetado nesta Quarta Viagem, exclusivamente
em beneilcio da propria pessoa, mas muito mais: da humanidade toda.
Percorrido o trajeto da Quarta Viagem, o Aprendiz entrega o
esquadro e a regua.
Ritual ile Inicia^cio 83

Para a Quinta e ultima Viagem, e o Aprendiz quern faz a entrega


dos instrumentos que recebera do Mestre de Cerimonias; nas quatro
viagens anteriores, os instrumentos Ihe sao retirados.
Retirar equipara-se a despojar; mas, terminada a quarta viagem,
o Aprendiz ja adquiriu conhecimento suficiente para assumir respon-
sabilidades e, entao, e ele quern entrega as “dadivas" que recebera do
Veneravel Mestre ao Mestre de Cerimonias.
Enceta a Quinta Viagem sem nada carregar, as suas maos estao
vazias.
O Experto, o grande mediador e intercessor, coloca a sua espada
sobre o peito do Aprendiz, na altura de seu coragao.
O Aprendiz, com a sua mao direita, segura a ponta da espada,
usando os dedos indicador e polegar.
Tera ele forga e poder para evitar que a espada Ihe penetre o
coragao?
A espada e arma e, ao mesmo tempo, instrumento; nas maos
do Experto, e urn ferro em brasa que ira marcar o Aprendiz indele-
velmente.
A espada fere o coragao, mas nao apenas por um gesto unilate­
ral do Experto, o Aprendiz consente no sacrificio e com a sua mao
direita orienta o caminho da lamina para que nao haja desvio algum.
A mente do Aprendiz nao deseja que o coragao seja ferido e
penetrado.
A indecisao simboliza a fraqueza humana; assim sucedeu com
Jesus, o homem que rogou ao Pai para que o “calice passasse e Ele
nao fosse sacrificado.
E sempre com a mao direita que o Aprendiz participa de todos
os atos liturgicos.
Esse momento de sua Quinta Viagem e sublime, pois ira, sim-
bolicamente, verier seu sangue.
Finda aqui a fase do aprendizado.
Durante a iniciagao do 1 ~ Gran, tambem o Aprendiz, entao mero
Candidate, recebe a ameaga de um sacrificio de sangue, que aceita
com valentia, mas que nao chega a consumar-se.
Na elevagao, o Aprendiz e ferido de morte, com o seu consen-
timento e participagao.
84 Simbolismo do Segundo Gran

O fim do aprendizado significa a morte da ignorancia.


Nem dor, nem sangue, nem ferimento a espada causara ao
Aprendiz, porque se trata de um ato liturgico altamente simbolico;
porem, em sua essencia, o cora<;ao foi atingido, o sangue foi derra-
mado e a dor, sublimada.
Atrivialidade dos fenomenos dos quatro elementos simbolizados
nas quatro Viagens foi superada.
O Aprendiz iniciou a sua maior viagem: a do caminho que
conduz a verdade.
O inicio, os primeiros passos, o local e todas as primeiras situ-
ayoes da Jornada, o Aprendiz conhece; nao sabera, porem, a duragao
da viagem e, sobretudo, o destino.
E a transigao do piano fisico para o espiritual.
Apos o longo trajeto das cinco viagens, o Aprendiz apresenta-se
confuso, sofrido e perturbado.
O Venera vel Mestre faz um teste com o Aprendiz e I he determina
que de ao Segundo Diacono a Palavra de Passe.
O Aprendiz ja havia sido conduzido para “entre Colunas”.
Desloca-se sozinho, em uma demonstragao de independencia e
autonomia, ate o Segundo Diacono e Ihe da a Palavra Sagrada.
O Segundo Diacono dirige-se diretamente ao Veneravel Mestre
e confirma que a palavra recebida esta certa.
A Palavra Sagrada significa estabilidade e firmeza, demons-
trando assim, o Aprendiz, que retornou ao seu equilibrio emocional
e que pode manter a harmonia no convivio com a grande familia
magonica.
O Irmao Experto, concluida a sua missao, retorna ao seu lugar.
O Mestre de Cerimonias entrega ao Aprendiz o malho e o conduz
ate o altar do primeiro Vigilante .
O Aprendiz, recordando o seu primeiro trabalho, bate com o ma­
lho na pedra bruta as pancadas de seu Grau e retorna “entre Colunas”.
A cerimonia das cinco Viagens finda com o trabalho humilde
na pedra bruta. Isso simboliza que o Aprendiz ainda e pedra bruta,
ou seja, ainda tern arestas a desbastar, ainda tern muito para veneer
ate apresentar-se como pedra polida.
Ritual de IniciaQcio 85

Solenemente, o Mestre de Cerimonias anuncia em voz alta, ao


Veneravel Mestre e a todos os presentes, que o Candidate concluiu
sen trabalho de aprendizado.
Foram cinco anos de luta, sacrificio, esforqo e dedicaqao, mas
tudo vitoriosamente vencido.
Findou a primeira Jornada.
Inicia o ex-Aprendiz o caminho do Companheirismo.
Diz o Veneravel Mestre: “Men Irmao, contemplai este “Delta
misterioso” e nunca o afasteis de vosso espirito”.
*
* *
(D d\l\i$.t£.xios.o

Dois sao os “Deltas” que ornamentam a Loja, e podem ser


motive de certa confusao.
Delta, Segundo o dicionario, e a quarta letra do alfabeto grego,
correspondente ao nosso “D” e tem a forma do triangulo.
Convencionou-se, portanto, denominar de “Delta” apenas os
dois triangulos sagrados.
O triangulo resume todo Simbolismo ma^onico, pois o encon-
tramos dentro dos temples assumindo varias posigdes e compondo
varios aspectos simbolicos, adomando joias e servindo de destaque
muito visivel para os olhos dos iniciados.
Na parte fronteira do dossel e colocado um triangulo de “cristal
facetado”, transparente, equilatero e medindo os seus lados, con-
vencionalmente, cerca de 25 centimetros. Em sen centre, gravada
e recoberta a ouro, encontra-se a palavra hebraica “IOD”, que se
assemelha a uma virgula.30
Este triangulo e denominado “DELTA MISTERiOSO” ou
“DELTA SAGRADO”.
Sob o dossel, atras do trono do Veneravel Mestre, acima de sua
cabe^a, fixo na parede, apresenta-se um Segundo triangulo tendo ao
sen centre um “olho”; esse “Delta" e iluminado, denominando-se:
“DELTA LUMINOSO”.
O “Delta misterioso” que o Aprendiz contempla pela ultima vez,
na condicao de Candidate ao Grau de Companheiro, devera penetrar
profundamente em seu espirito.

30. Atualmente, esse triangulo e colocado acima do altar do Segundo Vigilante.

86
O "Della Misterioso " 87

Sobre a letra hebraica “lod”, ensina-nos o dicionario hebraico:


“Quando vogal, simboliza a divindade; e imagem da manifestagao
potencial, dura^ao espiritual, eternidade e poder ordenador. Tor-
nando-se consoante, designa dura^ao material”.
Sua traduQao comum sera: “mando e durapao .
- O ‘"lod” hebraico e a mesma letra “1”, e tambem a letra-nome:
“AHeleH”, que designa: “O EU, Supremo e Absoluto”; tern tambem
o significado: “sou o que sou”, ou seja, a “essencia dos seres .
Escrito, desenhado ou gravado, como uma “virgula”, significa:
“O principio das coisas”, ou o principio da materia.
E a decima letra do alfabeto hebraico e o numero apresenta
uma peculiaridade curiosa: formado dos algarismos 1 e 0, teremos a
unidade e o nada, mas a unidade precedendo o nada adquire o signi­
ficado que o Universe foi produzido do nada.
Na Geometria, IOD e representado pela circunferencia e seu
ponto central. O ponto representa Deus; a circunferencia, o Universe,
urn Universe limitado pela superficie, limitado em Deus. Para nos, o
Universe nao possui limites, mas, dentro de Deus, tern os seus limites.
Deus e conhecido por varies nomes, mas saibamos como Ele
mesmo “falando” a Moises se denominou:
“Disse Moises a Deus: eis que quando eu vier aos filhos
de Israel e Ihes disser: 'O Deus de vossos pais enviou-
me a vos’; e eles me perguntarem: Qual e o seu nome?
Que Ihes hei eu de responder?
Disse Deus a Moises: ‘Eu sou o que sou'; e acrescentou:
‘assim diras aos filhos de Israel: Eu sou enviou-me a
• ■»i
VOS .

“Eu sou o que sou” e a traduqao magonica da letra "IOD”, o


nome do Senhor, de Deus, do Grande Arquiteto do Universe.
Outra fonte de direito magonico, escrita, nao temos; o Velho
Testamento contem todo conhecimento magonico, bastando ana-
lisa-lo e entender, sobretudo, o seu contexto.

31. Exodo - Capitulo 3, versiculos 13 e 14.


88 Simbolismo do Segundo Gran

Para cada fungao ha urn nome divino; o hebraico expressa, com


perfeigao, todos os nomes divinos e as suas primeiras dez letras sao
dedicadas a esses nomes.
As tradu^'oes para outras Hnguas deturpam o verdadeiro sentido
das expressoes hebraicas.
Ja vimos, embora superficialmente, o significado da primeira
letra; deteremo-nos, agora, rapidamente, nas nove restantes:
- “laH’V2 O principio de todos os seres manifestados na vida
absoluta. E a uniao do espirito com a alma universal, ou seja, o poder
de Deus com sua cria^ao. A harmoniza^ao completa entre a criatura
e a sua obra. Ajustiga com a perfeigao, porque Deus somente podera
criar perfeiqoes.
O homem e urn ser perfeito porque e criatura de Deus, as “im-
perfeiqoes” que sao imputadas aos homens sao imperfe^oes sociais
ou patologicas “adquiridas” apos a criaqao, sem o envolvimento do
Criador.
“IEUE” ou “leHOaH” e a expressao mais importante de Deus a
tal ponto que os hebreus mais religiosos nao o pronunciam, chegando
a substitui-lo pelo vocabulo “Adonai”, de tanta significaqao maconica.
E o “tetragrammaton” da Cabala. Dele e derivado “IEUE” e
“Jeova”. “IEUE” simboliza a parcela feminina e a masculina em
unificaqao geradora.
Nos seculos passados, quando os escribas e copistas escreviam
os trechos biblicos, ao grafarem a palavra “Jeova”, rompiam a pena e
passavam a usar uma nova, porque o nome de “Jeova” jamais poderia
ser escrito com pena usada para outras palavras; era urn resquicio do
respeito existente entre hebreus e o sen Deus.
Essa pratica orientou a recomendaqao das leis magonicas de nao
permitir que a “Palavra Sagrada” fosse escrita, gravada, desenhada,
ou comunicada por qualquer meio.
A pratica sofreu uma alteraqao curiosa, pois entre o “respeito”
e a “proibicao" ha muita distancia.

32. Obeserve que a palavra e escrita com letras maiusculas e minusculas.


O "Della Mislerioso ” 89

A Magonaria, obviamente pela necessidade que teve com a na­


tural expansao de sua doutrina, resumiu o intrincado sistema hebraico
de designar Deus, adotando a palavra: “GRANDE ARQUITETO DO
UNIVERSO”.
E o enunciado do Landmark n- 19: “A cren^a na existencia de
Deus como “Grande Arquiteto do Universe'’.
Temos no Landmark duas partes distintas, a saber: a existencia
de um Deus e a fixa^ao convencional desse nome.
A Magonaria sempre comportou um espirito religiose; a reli-
giosidade sempre foi o fator unificador dos individuos; na atualidade,
com o surgimento do socialism©, a religiosidade cedeu terreno para
o interesse economico e do bem-estar do individuo, que abrange a
sua saude, mesa faita, vestuario, diversoes e o prepare profissional
por meio do estudo; certos paises, entre eles, a Russia e a China, tern
colocado como meta principal o bem-estar da coletividade, banindo e
perseguindo aqueles que depositavam, por fe, na religiao, a finalidade
de suas existencias.
A Magonaria, por tradigao e por principio. mantem acentuado o
espirito de religiosidade, prestando “culto" a Deus em atos liturgicos.
Os trabalhos sao abertos e fechados “sob os auspicios” do
Grande Arquiteto do Universo.
O Candidate, para ser admitido a iniciagao magonica, presta
juramento em obediencia aos rituais.
Os juramentos sao dirigidos a “algo superior”, pois o ser huma­
ne, desde os nossos indigenas ate as sociedades primitivas, colocava
os sens destinos e interesses aos cuidados de uma divindade.
Essa “fe” sempre esteve presente e nao seria agora, a titulo de
“evolugao”, que a Magonaria abriria mao de uma tradigao que nao
prejudica e que constitui um dos sens mais preciosos Landmarks.
Quando a religiao “escraviza” por meio do fanatismo, fatalmente
se torna nociva; mas sempre constituiu um freio, nao a liberdade do
homem, mas a sua libertinagem.
Se a religiao tern influencia no bem-estar do homem e se Ihe
proporciona felicidade, esperanga e fe, deve permanecer, e a Ma­
gonaria, em sua sabedoria, inseriu o espirito de religiosidade nos
Landmarks.
90 Simbolismo do Segundo Gnut

A Ma^onaria sempre foi chamada a participar de todos os mo-


vimentos que envolveram a “problematica religiosa”, como durante
os anos em que o positivismo entusiasmava os filosofos; contudo, a
sua atuagao sempre marcou o interesse em preservar a presents de
Deus e a crenqa no principio criador.
Porem, a Maqonaria nao saiu imune daquelas discussoes, tanto
que ainda hoje, mesmo no Brasil, ha Lojas que adotam ritos que
aboliram a presenga nas Lojas do Livro Sagrado, dos juramentos e
da invoca^ao ao Grande Arquiteto do Universe.
Por um principio de equilibrio natural, porem, os ritos mo-
demos,33 sem perceber, mantiveram o “Delta luminoso” e o “Delta
sagrado” em sens templos!
A Magonaria teve membros como Voltaire e, ainda hoje, possui
muitos que nao aceitam qualquer principio religiose dentro das Lo­
jas, e que nao creem em Deus, embora aceitem (quiqa, apenas, para
se manter nas fileiras da ordem) a existencia de uma inteligencia
Superior.
Ninguem e obrigado a entrar para a Maqonaria. mas se assim
o deseja, devera, ou aceitar a crenca em Deus por convicgao, ou em
obediencia as leis magnas da Maqonaria.
A defmigao constante do 19- Landmark nos conduz a aceitar
um Deus com a qualidade de Grande Arquiteto do Universo. Nao
basta defini-lo apenas como Grande, ou como Arquiteto, mas ha de
ser Grande Arquiteto do Universo, na forma tipica.
A designaqao maqonica abrange um Deus com toda gama de
personalidades, como Ser criador, nao so do mundo, mas de todo o
Universo, na sua concepgao filosofica de “Um em diversos”.
“AL-LAH” - adorar a Deus, “AL-KURAN - (Alcorao) Livro
de Deus, ou “El__ ” designam Deus como o Todo-Poderoso, sua
projecao no Universo material e no espiritual, no espa^o e no tempo,
ou seja, sua onipotencia, onisciencia e onipresen?a.
“ALOaH" ou “ELoah” (e variante de EL), que demonstra uma
das essencias de Deus: a vida absoluta e inteligente, ou seja, o Deus
do que foi criado e, especialmente, dos seres inteligentes.

33. Rito trances moderno.


0 "Delta Misterioso " 91

Ate ha bem pouco tempo, o unico ser Inteligente seria o homem;


hoje conhecemos e aceitamos inteligencia nos seres animados e ina-
nimados, ate uma inteligencia universal.
“ALHIM" on “Elohim” (plural de ELoah = Deus), sexo, nome
divino que representa as supremas potencias vivas.
E Deus “criando” in etemo, ou seja, continuadamente. Deus
em sen aspecto mais misterioso que nunca. Retirando do “nada’ a
perfeiqao.
“I EVE TseBAOTh”, Deus dos exercitos, da ordem cosmica,
diremos nos. Deus criador das leis que regem o Universe, ou os
Universes, em todas as gamas, fisicas e espirituais.
“ALHIM TseBAOTh” com o significado de: as supremas po­
tencias vivas das ordens cosmicas.
Hoje podemos compreender urn pouco mais essa denominate
de divindade, porque o que ontem era ignoto, hoje com as viagens
cosmicas transforma-se em conceito quase vulgar.
A penultima letra e “ShaDai”, que traduz o nome da divina
providencia, com a significa^ao divina, emanada de Deus. E o poder
altissimo da vida. A potencia divina.
Finalmente, a decima letra: “ADoNAI", com o significado final
de “Senhor”, urn Senhor Absolute, real a quern todos devem obedi-
encia. “Senhor”, “rei do Universe”, “Pai absolute”.
Com a colaborato do alfabeto hebraico, entenderemos urn pouco
mais o significado da letra “IOD” dentro do “triangulo misterioso”,
transparente, “Delta sagrado”, “equilatero de cristal”, tendo em seu
centre gravada a pequena “virgula”, expressando o maior poder de
todos os Universes; para os masons, o “Grande Arquiteto do Universe .
A “Manologia”34 herdou da pratica hebraica o sistema de dar a
Maria nomes diferentes para cada situaQao: Nossa Senhora das Dores;
Nossa Senhora do Parto; Nossa Senhora da Saude; Nossa Senhora da
Gloria; Nossa Senhora da Conceito, etc-
No “Delta sagraco” tambem e comum muitas Lojas substituir o
que ao nosso entender e errado, o nome “IOD” pela letra maiuscula “G

34. Marioiogia: culto a Maria, mae de Jesus.


92 Simbulismu do Segwulu Gran

Alem de significar a letra “G”, o “Grande Geometra”, aquele


que sinonimamente e o Grande Arquiteto do Universe, significaria
tambem a ciencia geometrica, ou seja, a “Geometria”, o que eviden-
temente esta errado, porque nao se podera dar ao “Delta misterioso”
dims aplica^oes, dois significados.
A respeito do Segundo Delta, o denominado “Delta luminoso”,35
sua presenga simboliza Lima “atua^ao” fisica de Deus dentro da Loja.
O triangulo e colocado atras do "Delta misterioso” e nao e
transparente.
Em sen centro esta desenhado, ou gravado, um “olho”.
O “olho”, embora com todo aspecto tlsico, humano, simboliza
o “olho” espiritual.
O “insistente” olhar, que nos vein do Delta luminoso, c uma
li<;ao constantc de que atras daquele “olho” se encontra um ser.
Simboliza, outrossim, a nossa propria capacidade de “ver”. Os
simbolos que formam o todo de uma Loja nao representam apenas
uma presen^a espiritual externa, mas tambem o nosso modo de ser,
para que possamos nos reeducar e sentir que o homem e muito mais
do que uma simples criatura comandada pelo Ser Supremo.
Nos enxergamos, nao porque temos visao, mas porque nosso
organismo humano, em sen todo, esta capacitado a desempenhar a
fungao de ver, ou seja, de viver por meio dos sentidos de que somos
dotados, principalmente no 2~ Grau, quando os pontos centrais do
conhecimento sao os cinco sentidos humanos.
Nao estamos longe do dia em que os cientistas aplicarao ao ser
humano uma “visao artificial”, assim como aplicam o "rim artificial”,
o “coraijao artificial , etc.; um aparelho ligado ao nosso sistema visual
capacitara o homem a ver, mesmo que Ihe seja extraido o orgao visual.
As profecias evangelicas ja anunciavam que com o advento do
Senhor os “cegos enxergariam”.
Despertar os cinco sentidos; po-los em funcionamento; valo-
riza-los, e a missao da Ma^onaria.

35. Vide obra do mesmo autor: O Delta Luminoso.


0 "Delta Misterioso " 93

O ‘'Delta luminoso” sugere que Dens esta presente, como


"Vigilante o "Observador” que desempenha funpao dupla: o de
"censor” e o de "protetor”.
A forma como e apresentado um "Delta luminoso” dentro das
Lojas tern variado Segundo o gosto do arquiteto e a falta de conhe-
cimento dos dirigentes.
Poucos se preocupam quanto ao aspecto fisico de uma Loja ma-
(r'onica. Juntam alguns simbolos, nem sempre coloeados nos lugares
exatos, geralmente de forma desordenada e, sobretudo, improvisada,
e formam um templo maqonico!
Cometem-se, assim, os maiores “pecados” impunemente, porque
nao ha um orgao orientador ou fiscalizador central.
Assim, o Delta luminoso e representado ora por um triangulo
equilatero,36 ora por um triangulo isoscele3 e no centro, um “olho”
humano ora o esquerdo, ora o direito, escuro, claro, enfim, de con-
formidade com a fantasia do pintor.
Nao se podera conceber o GRANDE ARQUITETO DO UNI-
VERSO com caracteristicas humanas.
Portanto, o “olho” devera tao-somente possuir o aspecto de um
globo ocular, redondo, merce o significado simbolico da circunfe-
rencia, com um ponto no centro, dada a alta simbologia do ponto.
A cor, ja que seria dificil faze-la “cristalina" ou transparente,
seguindo a tradiqao da Igreja, “poderia” possuir uma tonalidade roxa,
a cor dos bispos.
De outro lado, o formato com caracteristicas humanas, com-
pletaria o simbolo, de que e o nosso proprio olhar a nos ver, como
se fora, em vez da "voz da consciencia”, o “olhar da consciencia
De qualquer modo, deve-se emprestar ao simbolo todo cuidado
e procurar estudar o que represanta para nos. dentro das diversas
fases de um Gran.
O Delta luminoso irradia mensagens diferentes, dentro das
oportunidades que surgem. E, mais uma vez. a certeza de que os
simbolos possuem linguagem e nos falam.

36. Triangulo com os tres lados iguais.


37. Triangulo com dois lados iguais.
94 Simbo/ismo do Segundo Gran

Precisamos ter “ouvidos" para ouvir a “mensagem” dos si'mbolos!


Prossegue o Veneravel Mestre:
“Iniciastes hoje a ascensao da estrada de Jaco, pondo os pes no
primeiro degrau, que e o simbolizado pelo pressentimento de que,
com a vossa segunda iniciagao, adquiristes outras forgas, alem das
fisicas”.38
Ha muita diversidade entre rituais, face a pretensa “autonomia”
das Lojas, em “revisar" e “alterar” os rituais dos tres primeiros Grans.
Por causa disso, o que julgamos errado, eis que os rituais do
“Rito Escoces Antigo e Aceito” sao propriedade do “Supremo Con-
selho do Grau 33 do Rito Escoces Antigo e Aceito para a Republica
Federativa do Brasil" e so ele pode autorizar qualquer alteragao. As
sucessivas modificagoes causam deficiencias, omissoes e ate erros
filosoficos.
Tomamos a liberdade de “critical'" essa passagem do ritual,
porque a denominagao de “estrada de Jaco" nao condiz com o texto
biblico; deveria ser a “escada de Jaco", se considerarmos o verbo que
antecede o substantivo: “ascensao”; Jaco percorreu sen “caminho”,
sua “estrada”, mas em sentido horizontal.
Os pes no primeiro degrau dao a entender que se trata de uma
escada.
Contudo, a interpretagao nao condiz com a historia biblica do
sonho de Jaco.
Quern descia e subia os degraus da escada visualizada em sonho
eram os Anjos.
A Magonaria nao pode, de um momento para outro, mormente
no 2s Grau, ou seja, no inicio do rito, denominar o “iniciando” ao
Grau de Companheiro, de “anjo”, dentro do conceito biblico.
Jamais o texto biblico insinuou que Jaco subiu ou desceu a
escada visualizada em sonho.

38. Ritual da Grande Loja do Rio Grande do Sul. Nos rituais das Grandes Lojas e
do Grande Oriente do Brasil, realmente a frase e outra.
O "Delta Misterioso " 95

As cinco Viagens que o Candidate realiza nao significam a


ascensao de cinco degraus da escada de Jaco.
Ja nos referimos a isso anteriormente.
As “viagens pelos sentidos" devem ser interpretadas como
conhecimento de nosso corpo humano.
O homem e um Universe; os misticos o denominam de “Uni-
verso de dentro”, para distingui-lo do Universe cosmico.
O Universe cosmico ainda e um misterio para a humanidade e
so muito recentemente e que o homem conseguiu ultrapassar algumas
barreiras e penetrar um pouco alem do que constituia grande parcela
de imaginagao.
O que Julio Verne descreveu em sens romances de aventura do
seculo XIX, hoje o homem realizou.
Assim, no Universe humano a ciencia esta penetrando e des-
vendando, conquistando descobertas em diregao ao Grande Arquiteto
do Universe “de dentro”.
Os componentes do corpo humano, dentro do Universe, sao
simbolos, assim como os simbolos existentes dentro de uma Loja
magonica, a que nos denominamos de templo do Uni verso.
Os simbolos existem, sao visiveis, mas ao lado ou dentro de cada
um deles existem outros, invisiveis, ou pelo menos imperceptiveis.
O 2,J Grau e dedicado ao estudo dos cinco sentidos, que nada
mais sao do que os cinco grandes simbolos que enfeixam bilhoes ou
trilhoes de outros simbolos, se quisermos denominar cada celula de
nosso organismo como um simbolo.
O exterior e o interior de nosso corpo humano tern aparencia
igual ao corpo de qualquer homem; contudo, sao muito diferentes, de
individuo para individuo, mesmo que essas diferengas constituam-se
em meras nuangas.
O interior de nosso corpo nao c apenas o que nos revela um
tratado de anatomia.
Ha dois aspectos para serem analisados: um corpo humano com
vida, e outro sem vida.
Podemos conceber um Universe sem vida?
Nao basta abrir um cadaver para saber como funciona o orga­
nismo; nao se podera, jamais, conceber um corpo vivo, pelo estudo
de um cadaver.
96 Simbolismo do Segundo Gran

O iniciado e um corpo vivo; o profano, um cadaver - evidente-


mente no conceito maconico.
A distingao entre um cadaver e um coipo vivo e que, no homem
vivo, os seus cinco sentidos funcionam; posto se possa admitir que
mesmo um cadaver sempre possui vida e que a materia e eterna dado
as mutagoes constantes e que nada se perde e consome, pois o que
foi “criado” e sagrado e perdura.
O dualismo a que nos, magons, nos habituamos a encarar e
compreender, persiste no corpo humano, pois se temos o sentido da
visao fisica, temos junto o sentido da visao espiritual.
Os fenomenos da vida abrangem os dois aspectos da vida: o
comum e o espiritual; se o corpo humano esta sujeito as leis naturais,
tambem esta sujeito as leis espirituais.
Nos raramente conhecemos as leis naturais, a nao ser que seja-
mos medicos ou cientistas; e o que dizer das leis espirituais, a respeito
do nosso corpo humano?
As celulas humanas organizam-se em sociedade, assim como as
formigas ou as abelhas, ou os sistemas sociais politicos; obviamente
ha um comando, um ser supremo que, dirige tal sociedade celular.
Os fatores hereditarios dentro dessa sociedade celular devem ser
conhecidos; como entender que, hereditariamente, tambem podemos
herdar fatores espirituais? E os magons? Com a sua fonnagao sui ge­
neris, com o seu conhecimento “hermetico”, transmitem a sociedade
celular a sua influencia?
Estamos longe de conhecer as relagoes existentes entre as ce­
lulas que formam o esqueleto, os musculos, os orgaos, os sentidos
e as atividades mentais, as emocionais e as inclinagoes misticas e
espirituais.
Como conduzir a sociedade celular para que o individuo tenha
dentro da sociedade politica e economica uma posigao que Ihe de
poder, conforto, felicidade, bem como uma aproximagao com o seu
criador?
Que forga misteriosa selecionou, dentrc milhoes, o esperma-
tozoide que fecundou o ovulo que nos deu a vida?
Essa selegao fisiologica nao tera sido tambem uma selegao
espiritual?
O ‘'Delta Misterioso " 97

O que pode fazer a Magonaria para influenciar nessa selegao?


Os nossos cinco sentidos possuem valores espirituais mais re-
levantes que os fatores celulares; faz-se necessario, porem, que no 2e
Grau as luzes programem o seu trabalho em diregao a esse interesse:
conscientizar o Companheiro de que possui cinco sentidos, cujas
fungoes desconhece e que, como simbolos, deve entender, ouvir-lhes
a mensagem e, entao, poder conhecer-se e empreender a caminhada
para o 3Q Grau.
O ritual diz que os cinco sentidos sao os mais fieis companheiros
do homem. Seria mais exato dizer que eles sao o proprio homem. Sao
o “proximo” do homem, a quern cumpre amar.
O sentido do amor,39 mais tarde estudado, abrange os cinco
sentidos em uma compreensao esoterica.
O ritual diz que os cinco sentidos estao sempre prontos a dar
conselhos ao homem.
Sao as ligoes advindas da experiencia; se o dedo tocar o fogo,
queimara, e o sentido do tato ensinara que nao se deve aproximar o
dedo do fogo.
Essa e uma ligao fisiologica que nao exprime o real significado
da experiencia. Surgem as ligoes esotericas, tanto as que previnem
contra o mal, como as que impulsionam para o bem.
Os antigos dedicavam ao estudo de cada sentido urn ano
de trabalho; compreende-se facilmente isso, dado a escassez de
mestres; hoje o estudo e abreviado pelo avango da tecnologia, e na
Magonaria, os anos sao contados de maneira simbolica e nao como
tempo decorrido.
Os antigos usavam os cinco sentidos para a pratica da virtude,
esquecendo a propria personalidade humana; ensinavam que amparar
os outros fortalecia o carater: hoje a concepgao e diferente; o auxi-
lio aos demais constitui uma obrigagao social; o que importa e tern
validade e a valorizagao do proprio ser; isso nao e egocentrism© ou
egoismo, mas sim a autovalorizagao, o verdadeiro sentido do amor
ao proximo, pois mais proximo que o proprio ser, nao ha.

39. No Grau 18.


98 Simbolismo do Segundo Grau

O estudo dos cinco sentidos, na sua concep^ao dualistica, sig-


nifica “perseverar na virtude”.
Quern usa os sens sentidos na potencia total, reflete a verdadeira
luz sobre os demais.
“Perseverar” e uma atitude magonica essencial no 2" Grau; em
qualquer situaqao, a perseveranqa e uma disposigao da mente que
demanda muito esforqo e tenacidade tanto para o atleta, que subjuga
sua forsa muscular, como para aquele que se dispoe a dietas para
emagrecer, ou quern aspira veneer economicamente, o estudante,
enfim, em todos os campos de luta, sempre esta presente a perseve-
ranqa como ponto central da vitoria.
Afirmar isso e facil; todos nos sabemos da exatidao das maxi-
mas, porem, executar a perseveranqa constitui uma luta incessante, que
demanda esforgo gigantesco; veneer as dificuldades que se colocam
no caminho, sozinho, constitui uma tarefa ingente e quase impos-
sivel; a sabedoria magonica, porem, vem em nosso auxilio quando
reune em Loja urn grupo de pessoas abnegadas que nos auxiliam a
veneer as nossas fraquezas; a falta de perseveranga para tudo constitui
uma franqueza. So poderemos veneer, realmente, se nos entregarmos
nas maos de nossos irmaos que, espontaneamente, em nome do amor
fraterno e do ideal magonico vem em nosso auxilio.
Antes de chegarmos a situagao referida no ritual de “refletirmos
a verdadeira luz sobre nossos Irmaos”, devemos nos sentir “refleti-
dos”; luz que e irradiada do Veneravel Mestre, que enfeixa a soma
das luminosidades colhidas dentro da Loja.
A reflexao sempre e uma resultante de nossa propria disposi-
gao de alma; nao podemos receber a luz se luz nao refletirmos; e a
troca necessaria que, mesmo dando pouco, temos a possibilidade de
receber muito.
Essa ligao recebida do Veneravel Mestre tern como conclusao
as seguintes palavras:
“Irmao Mestre de Cerimonias, conduzi o Irmao Aprendiz ao
Irmao Segundo Vigilante, para que Ihe ensinc a dar os passos de
Companheiro magom e, depois, fazei-o ajoelhar, conforme nossos
usos, ante o altar dos Juramentos”.
O “Delta Misterioso” 99

Ainda nessa fase da cerimonia, o iniciando ou elevando e tratado


como Aprendiz. Ele e conduzido pelo Mestre de Cerimonias porque
a missao do Experto finda com a ultima Viagem.
O Candidate a elevaqao nao tern mais necessidade do “in-ter-
cessor”; agora ele executa, nao mais provas, mas cerimonias, ora
liturgicas, ora apenas formalisticas.
E precise destacar esta mutagao: o experto, ao entregar o Can­
didate ao Mestre de Cerimonias, retoma ao sen lugar.
A missao do Segundo Vigilante e ensinar o Candidate a “dar os
passes de Companheiro”; os primeiros passes, um vez que o Candi­
date desconhece outro caminhar que nao o da linha reta.
Os primeiros passos de uma crianga sao essenciais, pois Ihe
ensinam que pode usar, por si mesma, dos meios de locomogao que
sen corpo dispoe.
Tendo a “regua de 24 polegadas" como diretriz, o Aprendiz
magom segue sua trajetoria com relativa facilidade, pois os caminhos
sao retos; agora ele muda de diregao, ja que o seu trajeto devera ser
percorrido sobre um esquadro; o Aprendiz nao sabe mudar a diregao
de sens passos e, por isso, toma-se necessario o auxilio do Segundo
Vigilante .
O Segundo Vigilante sai do seu Trono, vai ao encontro do
Candidate e Ihe ensina os passos do 2y Grau.
Ha um percurso a trilhar.
A sua caminhada conduz a um destine.
Esse destine e o Altar dos Juramentos, onde o Candidate ira
prestar o seu “juramento”, que simboliza transpor o “umbral” de uma
porta desconhecida para um recinto sagrado desconhecido, onde ira
mudar de roupagem, de avental, de instrumentos e de nome.
O Mestre de Cerimonias “faz o Candidate ajoelhar-se”.
Nao ha uma espontaneidade da parte do Candidato.
Ele e compelido a ajoelhar-se, nao como obrigagao, mas porque
sozinho nao o sabe fazer naquela circunstancia.
O uso magonico forma um complexo de posturas no Altar dos
Juramentos, entrelagadas com as joias que se encontram no altar.
O juramento e feito em voz alta e e “recebido” por todos.
100 Simbolismo da Segundo Gran

Os Irmaos presentes, todos revestidos no Grau do Companheiro


e superior, recebem do Candidato o sen juramento.
Dentro da liturgia ma<?6nica temos diversos juramentos, feitos
ao Grande Arquiteto do Universo, ao dirigente da Lqja e aos proprios
Irmaos presentes.
O juramento que o Candidato presta e dirigido exclusivamente,
a uma “assembleia de homens", para onde o Candidato ira ingressar.
O juramento contem as minimas exigencias para o ingresso,
que constituem as garantias, a seguranqa de que os “segredos’ do
2'- Grau devem permanecer ciosamente guardados a fim de que nao
se vulgarizem e nao encontrem interpretaqoes “torcidas” entre os
profanos.
Os juramentos sao atos intimos, litiirgicos, que nao podem ser
revelados e mesmo nos rituais sao escritos com reticencias de modo
que nao possam vir a pi'iblico; nao contem qualquer misterio, mas
trata-se de uma discrigao propria da Instituigao magonica que todos
os magons respeitam.
Enquanto a cerimonia c presidida pelo Segundo Vigilante,
acompanhado pelo Mestre de Cerimonias, o Veneravel Mestre e
todos, estao de pe. O Veneravel Mestre esta empunhando a “espada
dos Juramentos", como simbolo de autoridade. Ele sera o justiceiro
que fara cumprir a sentenga que o proprio Candidato escolheu ao
jurar, caso se tornar perjuro.
Aqui cabe uma advertencia, pois em muitas Lojas se nota que
o Veneravel Mestre empunha a espada somente apos proferido o
juramento e ao descer de sen trono.
A espada deve ser empunhada antes de ser recebido o juramento.
Conservando-se ajoelhado, o Candidato recebe o Veneravel
Mestre, que estende a espada por sobre a sua cabega e recebe o Can­
didato. constituindo-o Companheiro magom.
Sobre a espada. bate com o malhete cinco pancadas, relcm-bran-
do as ligoes dadas sobre os cinco sentidos e, depois, segura a mao do
novo Companheiro e o faz levantar.
O novo Companheiro, apesar de ja ter aprendido a caminhar no
2" Grau. nao sabe erguer-se; auxiliado pelo Veneravel Mestre, isso
significa que adquire o auxilio da Sabedoria.
O "Delta Misterioso ” 101

Ainda diante do Altar dos Juramentos, o Veneravel Mestre abai-


xa a “abeta do avental40 do novo Companheiro e Ihe faz a entrega
simbolica dos instrumentos necessarios ao sen novo trabalho.
Agora, o avental transforma-se em “bolsa”, com sua “tampa”;
ja nao porta, o novo Companheiro. o avental do Aprendiz com a fi-
nalidade de cobrir apenas as suas partes genitals; o avental adquire
novas finalidades.
Ainda e feito do mesmo material, isto e, pele de cordeiro, alva,
imaculada e que se conservara limpa e pura.
O novo trabalho do Companheiro sera na pedra cubica.41
A pedra bruta ja foi trabalhada por ele on por sens pares; rece-
be, agora, nova tarefa: uma pedra cubica, que simboliza o homem
ja desfeito de suas arestas externas, mas que necessita polir as suas
faces a fim de que possa refletir a luz.
O Companheiro devera “burilar” a pedra cubica de tal modo
que sen “cinzef’ atinja tambem a parte interna, significando que o
homem tern muito ainda que trabalhar dentro de si mesmo.
O novo trabalho significa outrossim que urn Companheiro e
destinado a “reparar” as imperfeipoes do edificio, sendo tolerante
com as faltas dos demais, corrigindo-os, aconselhando-os com sen
bom exemplo.
A edificacao pode ser o simples sobrepor de pedras polidas , ou
o erguimento de um templo.
Entre o monumento e o templo, a diferenpa consiste que este
encerra o Universe e aquele reflete o Universe.
As edificapoes que os Aprendizes fizeram e cujos relatorios
de seus trabalhos trazem por ocasiao das suas elevapoes ao 2,J Grau,
sempre apresentaram imperfeipoes.
Por sua vez, as correpoes que os Companheiros fazem nas edifi-
capdes iniciadas no l9 Grau sofrerao, no 39 Grau, outras reparapoes.

40. Em capitulo a parte, estudaremos o avental do Companheiro.


41. Em capitulo a parte, estudaremos a pedra cubica pontiaguda.
102 Simbolismo do Segundo Gran

Sempre diante do Altar dos Juramentos, o Veneravel Mestre


transmite ao novo Companheiro os “misterios do 2" Grau constitu-
Idos pelas novas Palavras de Passe e Sagrada, toque, sinal e postura.
Esclarecido o novo Companheiro nesse sentido, recede o abraqo
fraternal, em nome da direqao da Oficina e de todos os presentes.
Trata-se de uma “quebra” no ambiente cerimonioso, degelando
o misticismo; e a presenqa do convivio da Comunidade maqonica; e
a familia fraterna.
O Segundo Vigilante retira-se para seu trono e, depois que o
Veneravel regressar ao seu lugar, o Mestre de Cerimonias conduz o
neofito ao trono do Segundo Vigilante, onde esta colocada a pedra
cubica.
Meramente como tarefa simbolica, o neofito recede o malhete
das maos do Segundo Vigilante e com ele da cinco pancadas na
pedra cubica.
Isso simboliza o inicio do trabalho e comprova a aptidao do
neofito para as suas tarefas.
Finda essa parte da cerimonia, o neofito recede os aplausos,
grava seu nome na “tabua” da Loja e vai sentar-se no topo da coluna
do Sul, onde permanecera durante o periodo necessario ate ser exal-
tado ao 3- Grau.
O Orador da Loja profere a sua oraqao; e uma mensagem bela
que content transcrita em sua Integra:
“Em vossa iniciaqao de Aprendiz fizestes tres Viagens
por entre ruidos e tinir inquietante de espadas; depois,
com o auxilio de vossos Innaos recebestes a luz. Ereis a
crianqa a aprender seu catecismo, o colegial a se embeber
nos primeiros elementos da ciencia sagrada.
Embora, com as primeiras noqoes do verdadeiro, do belo
e do sublime, nao podieis por em obra os materiais que
vieis, porque suas aplicaqoes, suas relaqdes intimas nao
vos eram conhecidas.
Encontrastes em vossa Oficina materiais diversos, es-
parsos e separados, e, por isso, sent relates de unidade
on de analogia.
O “Delta Misterioso” 103

Ordenaram-vos que estudasseis a sua natureza e o em-


prego a que eram destinados.
Depois de alguns estudos, vossa aptidao ao trabalho
desenvolveu-se e fostes julgado digno de prosseguir o
curso da hierarquia magonica. Foi nessa disposiqao que
viestes passar a Companheiro.
A primeira viagem de Companheiro e urn tecido de
medita9oes.
Confiaram-vos a pedra bruta para que desbastasseis as
suas imperfeigoes e para que I he desseis a forma e as
dimensoes de vossa arte, cujos fins devem ser penetra
-la por vosso pensamento; se souberdes apreender-lhe
as sublimes sutilezas e vencer-lhe as dificuldades, as
asperezas da pedra bruta cairao aos golpes de vosso
“ma9o”, como os frutos sazonados das arvores que os
produziram.
O “ma9o”, que vos colocaram nas maos, simboliza a
for9a que age sob a dire9ao do espirito, da sabedoria e
da ciencia; o “cinzel” tern, na simbologia do Segundo
Grau, um caracter eminentemente moral; e o agente
imediato do genio que aformoseia e aperfeigoa o que e
informe e grosseiro.
Armado de uma “regua e de um compasso”, encetastes
a vossa Segunda Viagem. Isto simboliza que vossa
consciencia e a “regua mistica” que deve medir, alinhar
vossas a9oes sobre o grande principio do bem moral.
Vossa razao e o “compasso” da justiqa que assegura o
direito e determina a sua origem e a sua legitimidade.
Fazendo-vos polir e repolir a pedra bruta, a Maqonaria
nao vos faz trabalhar cegamente, nem mesmo quer
exercer sobre vos o encanto de sua influencia on o
imperio de sua autoridade; sen grande desejo e que o
vosso trabalho seja o fruto da meditagao e do estudo
que vos mesmo fareis; ela quer que aprendais, apoiado
em vossa propria razao. Deveis repelir tudo aquilo que
ela nao aceitar.
104 Simbolismu do Segundo Grew

Dando-vos a “alavanca”, emblema do poder que sus-


tenta o fraco e faz tremer o mal, a Ma9onaria quis vos
simbolizar a expressao da forga divina, da forga moral,
da que resiste a tudo que e impure e corrupto, a tudo
que e arbitrario ou tiranico, a ignorancia, a superstigao,
aos vis impostores, que se aproveitam da ignorancia
dos povos para torna-los impotentes escravos de seus
caprichos.
Assim, em pleno oceano da vida, em meio das vagas
tempestuosas das paixoes, lembrai-vos que, ao serdes
consagrado magom, tivestes em vossas maos a “alavan-
ca”, talisma contra as tentacoes da inercia.
Revendo, entao, vosso passado, tereis, ante vossos olhos,
os juramentos sagrados que ligaram, aos nossos, o vosso
destino e que farao com que os germes das virtudes,
que a Ma9onaria vos inspirou, revivam em vosso cora-
9ao para que, retomando a “regua” simbolica de vossa
consciencia, traceis o mais curto, o mais digno e o mais
belo caminho da vida util e proveitosa, e vos torneis o
filho digno de vossas obras.
Perseverante, como e a Ma9onaria em sua obra de re-
genera9ao e de salva9ao social, sua sabia previsao nada
esqueceu para assinalar os perigos da vida e, a beira
de todos eles, ela coloca a flamula de aviso para livrar
seus adeptos.
A Ma9onaria emblematizou o pensamento simbolico da
Quarta Viagem na “regua'’ e no “esquadro”, dois instru-
mentos que, respectivamente, servem para verificar as
dimensoes das pedras e medir suas superficies e seus
angulos retos.
O simbolismo da Quinta Viagem vos mostra a nobre
aspira9ao que alenta vosso espirito. Subi com passes
firmes a Escada misteriosa de Jaco, no topo da qual
divisareis a Estrela Flamigera, fogo da verdadeira luz.
Elevai-vos, meu Irmao, a altura do pensamento subli­
me que preside nossa Institui9ao; servi a humanidade,
O "Delta Misterioso ” 105

afastando-vos dos turbilhoes das paixdes que agitam o


mundo profano; ficai estranho as lutas das ambiqSes,
aos tumultos e as querelas dos partidos; fugi ao espirito
acanhado da seita; deixai que a obra do mal se esboroe e
se extinga por sua propria nulidade; pautai vossas aqoes
pela virtude que todo maqom deve possuir; fazei-vos
amar pelo trabalho em prol da paz e da felicidade dos
povos e lembrai-vos de que os verdadeiros herois nao
foram os que, a custa do sangue fraterno, conquistaram
palmos de terra, mas os que se dedicaram, de alma e
coraqao, ao bem-estar da humanidade”.42
*
* *
O encerramento dos trabalhos de elevapao e igual ao das Sessoes
comuns ja comentadas.
Finda, assim, o comentario em torno do Ritual do 2° Gran.

* *

42. Esse texto sofre variances de acordo com a Potencia magonica em questao; sua
essencia, porem. permanece inalterada.
(D ^imljotifimo
dafL dinco £/21

J~)rLLmzLria Q/iacjsm
<

OS CINCO SENTIDOS
0 corpo humano, por meio do cerebro, estabelece um rela-cio-
namento perfeito com o mundo exterior.
E o mundo da percepgao pelos cinco sentidos “convencionais”.
A percep^ao com o Universe exterior, no sen aspecto “espiri-
tual”, e estabelecida tambem pelos mesmos cinco sentidos, mas com
fungdes esotericas.
“A alma vivente difere, em muito, do espirito vivificante”.
Contudo, nessa fase, preocupamo-nos mais em conhecer como
se estabelece a comunicagao entre o homem e o mundo exterior.
A comunicagao e a razao do viver; o homem isolado, encar-
cerado, tendo perdido os seus sentidos, aproxima-se muito do ser
inanimado; e a defmigao da morte; seria uma vida vegetativa.
Os agentes executives do cerebro sao os nervos motores; os
nervos sensitives sao as sentinelas que transmitem os “avisos” sobre
tudo o que ocorre de interesse ao organismo humano. para que o
cerebro decida o que Ihe convent executar.
Para que os nervos sensitives possam perceber as impressoes,
necessitam de aparelhos organicos, que constituent os cinco sentidos,
aos quais, vulgarmente denominamos “As janelas da alma”.

106
O Siinboli.smo das Cinco Viagens 107

“Sentido” e o vocabulo derivado do latim sentire e se aplica a


qualquer uma das aptidoes da alma.
Nao cabe discutirmos aqui a respeito dos animals on denials
seres que tambem possuem sentidos como as especies vegetais co-
nhecidas vulgarmente como “plantas carnlvoras”, on as delicadas
“sensltivas” que se retraem ao mais leve toque.
As “sensagoes” podem ser externas e internas: as internas
surgem de dentro do organism© humano, como sentir fome, sentir
dores, cansago, etc.; as externas consistem em ver, ouvir, degustar,
cheirar, sentir.
Cada um dos cinco sentidos possui um orgao isolado para a sua
fungao, on entao ha uma estreita ligagao entre todos.
Suscintamente, as fungoes dos sentidos sao as seguintes:

A VISAO
E o sentido por meio qual apreciamos ou percebemos a forma,
volume e cor das coisas; seus orgaos sao os olhos.
O globo ocular tern a forma quase esferica, e encontra-se alo-
jado na orbita do cranio, sendo composto de membranas, elementos
transparentes e partes acessorias.43
As principals membranas do olho sao: a esclerotica ou cornea
opaca, a coroide e a retina.
A esclerotica apresenta-se dura e opaca, com excegao em sua
parte anterior denominada de cornea transparente, por onde penetram
no olho os raios de luz.
A coroide e de coloragao negra e envolve a parte interna da
esclerotica.
A retina reveste intemamente a coroide na sua parte posterior;
e uma membrana esbranquigada, nervosa, formada pela expansao
do nervo otico.
Na parte de tras da cornea transparente, encontra-se a iris, um
prolongamento da coroide, de aspecto circular e de varias cores; parte
do azul-claro, com suas nuangas, ate o marrom escuro.

43. E usada linguagem vulgar e nao cientlfica.


108 Simbolismo do Segundo Gran

A iris possui um orificio central, a pupila, que aumenta ou di-


minui de tamanho conforme a intensidade da luz.
Os elementos transparentes sao: o humor aquoso, o cristalino
e o humor vitreo.
O humor aquoso e um Hquido semelhante a agua e aloja-se entre
a cornea transparente e o cristalino.
O cristalino e uma especie de lente biconvexa transparente.
O humor vitreo e um Hquido incolor, de consistencia gelatinosa
e transparente, envolto em uma fina membrana chamada hialoide e
que preenche o resto do globo ocular.
As partes acessorias do olho sao: sobrancelhas, palpebras, pes-
tanas ou cilios, glandulas lacrimais e musculos.
O olho funciona de forma identica a uma camara fotografica:
a pupila desempenha a fungao do diafragma, que permite a entrada
dos raios luminosos.
A coroide desempenha o papel da camara escura; o cristalino,
o da lente que produz as imagens; a retina, a placa sensivel que as
recolhe.
O nervo otico e o condutor por meio do qual transmite ao cerebro
as impressoes luminosas recolhidas pela retina.
As impressoes perduram gravadas na retina um decimo de
Segundo, e por causa disso nao se notam as interrupgoes da sucessao
de imagens colhidas; funciona como o aparelho projetor de filmes; o
filme e uma sucessao de quadros; para cada quadro ha movimentos
diversos, mas uma vez projetados na tela, o espectador nao nota a
sucessao dos quadros, mas sim uma imagem que se movimenta e
continua.
A visao normal distingue os objetos a qualquer distancia, uma
vez adequadamente iluminados; porcm, se esses objetos sao diminu-
tos, faz-se necessario uma aproximagao.
Para uma leitura normal, as letras devem estar a uma distancia de
25 a 30 centimetros; caso assim nao ocorra, a pessoa tera um “defeito”
de visao que pode classificar-se genericamente em:
Miopia, ou vista curta: quando o cristalino se apresenta de-
masiadamente convexo ou o globo do olho alargado pela parte pos-
te-rior. O miope necessita aproximar o objeto para distinguir suas
O Simbolismo das Cinco Viagens 109

caracteristicas; a idade diminui os efeitos da miopia; normaliza-se


o defeito com o uso de oculos com lentes biconcavas.
Presbiopsia, on vista cansada: os objetos sao visualizados com
mais clareza, ao longe; o cristalino, cm decorrencia da idade, resiste
a a^ao dos musculos.
Hipermetropia, on vista larga: cm tudo igual ao defeito ante
-rior, porem, ao contrario da miopia, o cristalino nao se apresenta
suficientemente convexo e o globo ocular encontra-se deprimido
pela parte posterior, motive por que ha necessidade de afastarem-se
os objetos para observar as suas particularidades. A correqao e feita
com lentes biconvexas.
Estrabismo: causado pelo man funcionamento dos musculos,
que nao controlam a posiqao normal do olho. A correcao e feita por
meio de cirurgia.
O orgao da visao e o mais delicado e complexo e o que exige
os maiores cuidados e profilaxia.

A AUDigAO
Ouvido e urn conjunto de orgaos capazes da fazer perceber as
vibraqoes que produzem os sons. E composto de duas partes: a ex­
terna, constituida pelo pavilhao da orelha e canal auditive externo.
O pavilhao da orelha, em forma de concha, apresenta sinuosidades e
saliencias que diferem entre os individuos. O canal auditive externo
finda na parte externa do timpano.
A parte interna contem as extremidades do nerve auditive: um
conjunto de pequenos ossos (ossiculos).
Entre a parte externa e a interna ha uma cavidade cheia de ar,
denominada de ouvido medio. E composta da caixa do timpano, especie
de tambor com as duas bases um tanto deprimidas; comunica-se pela
trompa de Eustaquio com a faringe.
Na parte interna dessa caixa, encontra-se a cadeia dos ossiculos:
martelo, bigoma e estribo.
110 Simbolismo do Segundo Gran

O ouvido intemo e a parte essencial do aparelho auditive, situ-


ando-se no rochedo e e constituido por uma serie de cavidades osseas,
nas quais se encontram as cavidades membranosas.
E o labirinto onde termina o nervo auditivo em uma infinidade
de ramificapoes.
As vibra^oes sonoras recolhidas pelo pavilhao do ouvido, que
as refor^a, chegam ao timpano, pondo-o em vibrato. A cadeia dos
ossiculos transmite essas vibratpoes ao labirinto e as ramifica^oes do
nervo auditivo. Obviamente, o cerebro registra os sons e os retem.
O cerebro retem na memoria qualquer uma das sensagoes reco­
lhidas pelos cinco sentidos.

O OLFATO
E o sentido por meio do qual o cerebro registra os odores. O
sen orgao e o nariz, que e constituido de duas cavidades, as tossas
nasais, revestidas por uma membrana mucosa, a pituitaria, onde se
localiza a sensagao do olfato.
Existe outro conduto que comunica com o lago lacrimal do olho,
e um Segundo canal, que conduz a faringe.
O nervo olfatico ramifica-se em toda membrana pituitaria.
As emanagoes penetram, por meio das fossas nasais, onde a
pituitaria as retem, para transmitir as sensagoes pelo conduto ao nervo
olfatorio, que se encarrega de conduzi-las ao cerebro.
A membrana mucosa recebe o liquido dos lacrimais, segrega-o
e serve para retcr as impurezas contidas nas emanagoes recebidas,
evitando que penetrem pelo conduto ate a faringe e dali aos pulmoes.
O orgao do olfato, que e o nariz, evidentemente possui outra
fungao, a da respiragao; ambas as fungoes sao distintas, mas, sem
aspirar o ar, a pituitaria nao receberia as emanagoes odorificas.
O olfato e uma das fungoes mais simples, eis que sao raras as
enfermidades ou os defeitos; apenas o catarro, proveniente de estados
gripais, e que ocasiona temporariamente a perda do olfato.
O olfato tern estreita ligagao com o paladar, uma vez que pode
despertar o apetite, assim como o faz a visao.
O Simbolismo das Cinco Viagens 111

Um odor apetitoso desperta a segregate glandular da digestao,


principiando pela saliva^ao.
Um odor acre ou fetido repele o alimento.
O cerebro registra ao mesmo tempo todas as percepgoes sen-
soriais, nao necessitando de descanso ou interrup^ao para registrar
esta ou aquela sensa9ao; apenas a dor podera, momentaneamente,
apresentar-se como fator preponderante, mas isso constitui mais uma
rea^ao do que dificuldade de registro.
O liquido lacrimal tern grande influencia sobre o olfato; se fluir com
excesso, havera diminuigao de olfato; por outro lado, o liquido lacrimal
“desinfeta” as fossas nasais, atuando como agente de limpeza.

O PALADAR
O paladar e o sentido por meio do qual percebemos e distingui-
mos os sabores dos corpos.
O seu orgao e formado pela lingua, pelos labios e papilas.
A lingua e de constituigao muscular, coberta por uma membrana
mucosa; sua grande mobilidade deve-se a infinidade de fibras que se
entrelagam na sua espessura.
A face superior desse orgao encontra-se coberta por pequenas
proeminencias, que se denominam papilas, nas quais terminam os
nervos gustativos, cujo objetivo e conduzir ate o cerebro a sensagao
dos sabores.
As papilas tern dupla fungao: as tateis e as gustativas; estas
ultimas sao as que distinguem os sabores das coisas e sao as que
transmitem ao cerebro as sensagoes do paladar.
As glandulas salivares sao despertadas, e os liquidos que
desprendem acentuam os sabores, dando as papilas gustativas mais
facilidade em seu trabalho.
As papilas tateis sentem imediatamente a presenga dos corpos
estranhos dentro da boca.
Os labios, o palato, as partes internas da boca, em seu conjunto,
formam o orgao do paladar.
Como dissemos anterionnente, o olfato tern estreito relaciona-
mento com o paladar, assim como a visao.
112 Simbolismo do Segundo Gran

OTATO
Assim como a visao, o tato c um dos principais sentidos do
corpo humane.
Perde-se o tato por meio da paralisia total dos membros, on por
efeito de anestesia.
O tato possui dois meios sensitives: a sensibilidade tatil e as
sensa^des da dor.
Com a anestesia, a dor desaparece, porem, se for, apenas
local, a sensagao do tato permanece; uma interven^ao cirurgica,
como, por exemplo, a extra^ao de um dente, e feita sem dor, porem,
o organismo humano acompanha, por meio do tato, todos os toques
que Ihe sao feitos.
A sensa^ao do peso dos objetos que nossos musculos erguem
e percebida pelo tato.
E por intermedio do tato que percebemos a consistencia dos
objetos, sua aspereza, textura, temperatura, forma, dimensao, etc.
A pele e o orgao geral do tato, porem a parte mais sensivel e
sentida pelas maos que, em virtude de sua forma anatomica, pode
amoldar-se aos objetos, mesmo que possuam dimensoes minimas.
A pele de todo o corpo humano e constituida de dims partes: a
epidemic, ou parte externa e a derme, ou parte interna.
A epidenne, epidenna, ou “capa cornea” e formada por celulas
“mortas” que se desprendem paulatinamente do corpo, sendo ime-
diatamente substituidas por outras novas.
A epiderme ou epidenna contem uma granula9ao de materia
corante, ou pigmento; e a que da a colora9ao a pele, a qual varia de
acordo com as raqas, a maior ou menor distribui9ao de pigmentos.
A derme apresenta, em sua parte superior, muitas asperezas ou
relevos, denominados "papilas”, sob as quais existem numerosos
vasos sanguineos que contem as terminais nervosas denominadas
“corpusculos do tato”.
As glandulas sudoriferas e sebaceas sao orgaos que tambem se
encontram na derme. As sebaceas sao mais abundantes em pessoas
obesas.
Em certas partes do corpo humano crescem unhas e pelos,
constituidos por uma substancia cornea.
O Simbolismo das Cinco Viagens 113

As fun^oes da pele sao varias: serve de cobertura ao corpo, para


protege-lo; e um orgao de secre^ao por meio das glandulas sudonferas;
regulariza a temperatura do corpo e, por fim, constitui o orgao do tato.
O sentido do tato e muito complexo, pois nos transmite varias
sensaQoes, como as “pressoes” e os “contatos”, por meio das quais
sentimos, como ja aludimos anterionnente, a forma, o tamanho, a
temperatura, a consistencia, a aspereza, a textura, porosidade, enfim,
a dezena de formas apresentadas pela natureza.
Todas essas sensa^oes sao transmitidas ao cerebro por meio das
papilas que as collie dos corpusculos do tato.
As sensagoes que o tato conduz ao cerebro tern relate intima
com o sexo, a ponto de alguns cientistas denominarem o tato de
“sentido auxiliar do sexo”.

sm
A Segunda Viagem e dedicada a arte da Arquitetura, base
simbolica da Magonaria, pois alem de considerar a arte de construir
principio operative, considera um conjunto arquitetonico a formagao
da personalidade Humana, incluindo o sen carater aspecto moral,
intelectual e, essencialmente, o espiritual.
A historia da Magonaria e calcada na construgao dos sens tem-
plos e monumentos, e a arte, ciosamente transmitida de pai para filho
atraves dos seculos.
Onde surgir um resquieio arqueologico, pode-se afirmar com
seguranga que ali a Magonaria esteve presente.
Dentro das nossas Lojas, tambem denominadas de Oficinas. Os
simbolos instrumentais evocam a presenga da arte de construir, hoje
denominada de Arquitetura, mas anterionnente sem denominagao
especifica.
O vocabulo Arquitetura deriva do latim: Architecture, a arte de
projetar e construir obras, edificios, monumentos, etc.
1 14 Simbolismo do Segundo Grau

A Arquitetura abrange varias classificagoes, como a Civil, que


se dedica propriamente a constru^ao de habitaQdes, templos, mo-
numentos, pontes, diques, enfim, as obras consideradas comuns; a
Naval, que se dedica a constru9ao do que flutua ou submerge, mais
propriamente, dos barcos e similares; a Aerea, ou aeronautica, que
constroi os avioes, dirigiveis, baloes, etc.; a Espacial, arte moder-
nissima que se dedica a construqao de naves espaciais, com todos os
seus complexes; a Militar, que se dedica as fortificagoes.
A Magonaria se utiliza da Arquitetura Civil, mas os conheci-
mentos auridos das demais classificagoes sempre Ihe serao uteis.
No entanto, o verdadeiro interesse da Magonaria e a “constm-
9ao” e “reconstrugao” arquitetonica do “templo humano”, em todos os
sentidos, seja material, seja espiritual; assim, ate as fantasmagoricas
“viagens” espirituais, as levitagoes, os transportes, estao na depen-
dencia de estudos arquitetonicos.
Fixemo-nos, porem, na Arquitetura Civil, na qual se encontrarao
as origens, os trabalhos e as finalidades da Ma^onaria, na concepcao
do 2s Grau.
O pedreiro, ou magom operative, constroi obras materiais des-
tinadas a fins profanes. Sao as obras sociais.
O ma^om, obviamente, deveria executar trabalhos sociais
em obras assistenciais por ele patrocinadas; temos varias dessas
institutes, fundadas, mantidas, ou auxiliadas exclusivamente por
Lojas Ma^onicas; porem, como a seara e grande e os trabalhadores
sao poucos, nem sempre se torna viavel, para uma Loja, manter um
trabalho de assistencia social; entao, o ma^om emprestara a sua con-
tribuigao isolada, comportando-se como membro da sociedade e nao,
propriamente, como magom.
O que preocupa a Magonaria e dar formagao aos seus membros,
no sentido de concientiza-los para com as suas obrigagoes sociais, ou
seja, “despertar” no magom o interesse para as obras assistenciais.
Dentro das Lojas, o magom dedica o sen tempo as construgoes
imateriais, invisiveis, porem de valor espiritual indiscutivel: aprimo-
ramento da virtude, dedicagao as ciencias, ao progress©, a natureza,
e hoje, diriamos, ao interesse em tomo da ciencia denominada “eco-
logia”, combatendo tudo o que possa poluir.
O Simbolismo das Cinco Viagens 115

Qualquer “obra” on “constru^ao” masonica deve orientar-se


pelas regras arquitetonicas e, sobretudo, suas obras devem ser bem
projetadas, fortes, perfeitas, belas e duradouras.
A Arquitetura antiga apresenta, no terreno das Colunas, tres
ordens, originals on primitivas, que foram batizadas com os nomes
dos locals gregos de origem: doricas, jonicas e corintias.
Posteriormente, na Italia, os pedreiros livres da Idade Media
inventaram duas ordens secundarias: toscana e composita.
A Arquitetura modema aumentou em mais sete ordens, as terci-
arias: atica, ou quadrada; salomonica; gotica; rostrada; abalaustrada;
embebida e solta ou isolada.
A decoratjao dos templos ma<;6nicos emprega, quase que exclu-
sivamente, as cinco primeiras ordens de Colunas.
Em cada degrau que sobe, o Companheiro encontra-se adornado
com uma das cinco Colunas; nos degraus estao escritas as iniciais e
denomina9oes a saber:
Ddorica, debex, que significa uniao.
J.'. jonicajophi, que significa beleza.
Ccorintia, cheved, que significa grandeza.
Ttoscana, thokath, que significa for^a.
C/. composita, chilliah, que significa perfeigao.
As Colunas tambem representam os cinco ramos ou temas de
estudo a que se dedica o Companheiro: inteligencia, retidao, valor,
prudencia e filantropia.
Inteligencia, vocabulo cuja raiz e latina intelligentia: e uma
faculdade inata do homem, misteriosa, ainda nao definida nem desco-
berta a sua “fonte” e que o faz discern ir, entender, aprender, perceber,
compreender, descobrir, etc.
Retidao, tambem de origem latina, rectitude: aplica-se ao ho­
mem reto e justo, aquele que conhece os seus deveres e obrigagoes,
que trabalha com conhecimento exato e justificando seus atos por
meio dos seus mais puros raciocinios.
116 SimhoIismo do Segundo Gran

Valor, do latim valorem-, e qualidade moral que eleva o homem


e o impele as obras arriscadas, sem temer os perigos, usando sua no-
breza, forga de vontade e abnegagao; agindo. porem, com prudencia
para nao cair em sacrificio extreme.

Prudencia, em latim prudentia: uma das quatro virtudes car-


deais, que consiste na arte de saber distinguir as boas das mas agoes,
aplicando conscientemente a temperanga, a cordialidade e o criterio,
a sensatez, o jin'zo moderado e a tolerancia.

Filantropia, palavra de origem grega, philaniropia: significa


acendrado amor a humanidade, o desejo de executar boas obras , sem
esperar qualquer recompensa; buscar os meios para o equilibrio das
miserias humanas, socorrendo o necessitado com verdadeira caridade,
sem humilhagao e, sobretudo, sem vangloria.

Portanto, como vimos, a Magonaria tern as suas bases para os


sens ensinamentos simbolicos na Arquitetura material, moral, fisica,
social, intelectual e espiritual.
Como material, usa a gama infinita dos simbolos fomecidos
pela Geometria, Aritmetica e Trigonometria.
Como moral, uma tecnica de vida para uma formagao perfeita
da personalidade como individuo e como chefe de familia.
Como fisica, a estrutura do corpo humano, na aparencia de urn
individuo equilibrado, em temperanga e educador; mens sana, in
corpore sano.
Como intelectual. a investigagao sobre tudo, mormente a natu-
reza e o proprio Uni verso.
Como social, o interesse na construgao da sociedade, da qual
e membro.
Como espiritual, a aproximagao ao sen criador, o sen Grande
Arquiteto, a sua espiritualizagao.
A Arquitetura fornece a linguagem magonica e a instrugao
simbolica, pois dentro dos sens emblemas, simbolos e alegorias, o
Companheiro encontrara os “meios” para a sua evolugao, ou seja, a
possibilidade de transpor, em sua Jornada, o caminho que o conduzira
ao Mestrado.
0 Siinbolismo das Cinco Viagens 117

A Magonaria, no sen 2° Gran, burila os tragados arquitetonicos


para o Companheiro.
*
* *

A Terceira Viagem e dedicada as Artes Liberais, concebidas


na epoca do surgimento do Rito Escoces Amigo e Aceito, a saber: a
Gramatica, a Retorica, a Logica, a Musica e a Astronomia.
Evidentemente, hoje teriamos uma gama bem diferente a con-
siderar, pois a evolugao da tecnologia ensejou o surgimento de novas
profissoes, jamais imaginadas na epoca em que surgiti o Rito.
Seguindo, porem, a tradigao e para enfatizar o instrumento que
o Candidato recebe ao encetar a sua terceira viagem, a alavanca,
restringiremo-nos as Artes Liberais antigas.
A alavanca, que materialmente e utilizada para erguer pesos,
simboliza a forga da inteligencia, subjugada pela vontade do homem;
o simbolo do imenso poder adquirido pela aplicagao das formulas
e principios das ciencias; o poder e a forga fisica individual que o
homem, sozinho, nao poderia conseguir.
Analisemos, porem superficialmente, as cinco Artes Liberais:

GRAMATICA
A arte de falar e escrever corretamente, no mundo modemo,
quando ha necessidade para a sobrevivencia de emprestar vital im-
portancia a comunicagao, o homem necessita saber esgrimir com
facilidade a palavra e a pena.
Saber usar a palavra certa no momento exato; saber transmitir a
sua mensagem e tambem saber entender as ligoes dos sabios. A Filo-
logia, que e a ciencia que estuda a composigao da palavra, constitui
meio caminho andado para o curso de filosofia.
A palavra e o “motor" que impulsiona a cultura fraternal; ela
deve ser cuidadosamente estudada, para a interpretagao perfeita dos
simbolos.
118 Simbolismu do Segundo Gran

A Gramatica e o melhor auxiliar da inteligencia, ja o dissera um


sabio; resume em suas regras a disciplina necessaria para a formagao
da frase.
A Ma^onaria nao busca atrair em sen seio homens intelectuais,
porem a cultura eleva o nivel do conhecimento e destaca a inteligencia.
Se o Aprendiz passa sen periodo em silencio, ouvindo a palavra
dos Mestres, estes, evidentemente, devem existir em numero suficien-
te para a forma^ao dos Companheiros; por sua vez, o Companheiro
“ensaia” os primeiros passes, nessa Terceira Viagem, para iniciar
o seu “voo” em dire^ao a comunica^ao; experimentara no uso e na
pratica as regras que Ihe foram ensinadas.
Gravitam em torno da Gramatica, a citeratura, as linguas basicas,
como o latim e o grego, as artes aplicadas, como o saber escrever,
discursar, enfim, o corolario de satelites conhecidos.

RETORICA
E a arte paralela a Gramatica, pois e um conjunto de regras da
oratoria para conseguir que o discurso seja persuasive, eloquente,
elegante e comunicativo.
A eloquencia e a arte do “falar bem”, inata em alguns e cultivada
em outros; pode ser o resultado de estudo, transformando-se em algo
artistico, como tambem pode resultar de um dom natural.
O Orador e o poeta nao sao “fabricados”; nascem assim. Conhe-
cem-se os “inspirados” quando improvisam, e o podem fazer, sim-
plesmente em discurso, ou versejando, pela palavra ou por canticos.
Os “menestreis”, os “trovadores” da Renascenqa, ou os nossos
“repentistas” do sertao ou dos pampas, sao exemplos comuns.
Porem, a dedicagao ao estudo supre a falta do dom; teremos o
Orador precise, eloquente, capaz e que pode, perfeitamente, transmitir
a sua mensagem.
A Magonaria tern peculiar interesse nao no genio, mas naquele
que necessita de cuidados e auxilios para o seu desenvolvimento e
evolugao.
Dentro das Lojas, que sao “oficinas de retorica”, todos, indistin-
tamente, sendo humildes, aprendem a falar em publico e expressar-se
com acerto.
O Simbolismo das Cinco Viagens 119

Nosso trabalho seria lacunoso se nao referissemos o nome dos


ilustres e antigos retoricos que tanto contribuiram para o aperfeiqoa-
mento da inteligencia humana:
EMPEDOCLES DE AGRIGENTO e o primeiro dos retoricos
de quern se tern registro; seguem-lhe os mestres dos sofistas, os sici-
lianos GORAX e TISIAS.
PLATAO, o grande filosofo, tambem foi retorico; bastariam os
seus dialogos: Georgias e Fedro.
ARISTOTELES, cognominado de “Principe dos Retoricos”; DIO-
NISIO DE HALICARNASO, LISIAS, ISOCRATES, ISEO, DEMOS-
TENES, HIPER1CLES, ESCHINES, glorias da retorica grega.
HERMOGENES DE TARSIS, AFTONO, DIONISIO LON­
GING de Atenas e DEMETRIO, tambem gregos.
PLACIO GALLO, o primeiro mestre retorico latino; CICERO,
o excelso mestre romano.
SENECA, a gloria espanhola; QUINT1LIANO, latino, e assim,
sucessivos nomes, ate os grandes tribunos do seculo XIX.
Hoje, sao tantos os bons oradores, que nao se destacam apenas
alguns, pois o saber falar convincentemente tornou-se uma arte mais
do que necessaria neste mundo onde a comunicagao e fator vital.

LOGICA
O raciocinio tern ligaqoes intimas com a meditaqao; no entanto,
a soluqao ou o resultado devera ter bases na Logica, que os antigos
maqons consideravam Arte, e hoje e exclusivamente Ciencia.
A Logica sustenta as leis da filosofia e ensina o Companheiro
a ser reto, justo, leal, compreensivo e tolerante.
Urn raciocinio logico nao e agao de qualquer pessoa; as con-
clusoes da razao devem provir de uma mente treinada e tranquila,
ponderada e reflexiva.
Trata-se da ciencia da vida, ajustada pelo raciocinio, dando a
palavra o verdadeiro sentido e o equilibrio social.
120 Simbolismo do Segundo Grcni

Dentro da natureza, existe o que e certo; sobre o que e certo surge


uma base; esta resulta boa e concreta. porque o pensador e li vre e de bons
costumes; e uma questao natural, simples, que flui sem esfor^o, porque
ha uma vivencia limpa, sem sacrilcgios e desconfiangas. E a Ldgica
que, juntamente com a Gramatica e a Retorica, da uma formaqao e
um sentido natural a personalidade do Companheiro.
Essa vivencia ou ensaio da vida encontra algo maior que a pro­
pria Logica, que o proprio raciocinio: o Grande Arquiteto do Universe.
A medigao “logica” e um canal que conduz a presen^a do
Grande Geometra.
O impulse do raciocinio, a analise do pensamento, a conclusao
da meditate conduzem a um ponto infinite, inexplicavel; nas pro-
fundezas do “oceano de dentro” de nosso espirito, esbarramos com
uma porta fechada; por ela so se passa acompanhado; a companhia,
qual Experto do 1- Grau, sera um mediador; para o cristao, Jesus, o
Cristo, que conduz o Companheiro na presen^a do criador.
A cada nascer do sol, o novo dia nos aguarda com novas li^oes
e novos impulses a meditate; precisamos, na trajetoria quotidiana,
encontrar o nosso semaforo e parar quando a luz esta vermelha; parar
para encontrar o sentido da vida, e isso, diariamente.
O Grande Arquiteto do Universe, que construiu a nossa vida,
nos conduz pelo caminho da fratemidade; so Ele conhece o intrincado
caminho, pois e obra Sua.
Na Rerceira Viagem, o Companheiro tern nas maos a “regua
de 24 polegadas” e a alavanca; ja sabemos o signifeado desses dois
instrumentos simbolicos; a “regua” e o tragado para um caminho
reto e sem empecilhos, porque a “alavanca os remove, afastando-os.
A “alavanca” e um instrumento que serve para deslocar obsta-
culos pesados; estes sao deslocados e nao destruidos; os obstaculos
permanecem, mas, temporariamente, nao constituem empecilho para
a Jornada.
A linha reta ou o ideal nobre e o caminho tragado pelo Grande
Arquiteto do Universe; nos iremos percorrer um caminho ja tragado,
pois o homem nao pode tragar o seu destino.
A nossa vida ja esta organizada; antes da construgao de um
temple, sao necessarios os calculos e os desenhos, onde os mmimos
detalhes sao langados e calculados.
O Simbolismo das Cinco Viagens 121

Onde o homem tentar refazer um tra^ado, alterando-o a seu


bel-prazer, sob o pretexto da existencia de um “livre-arbitrio”, corre
o risco de provocar o desmoronamento da obra.
Nos podemos “construir” o nosso proprio templo, mas usando
os calculos e as plantas que o Arquiteto organizou.

ARITMETICA
A arte de calcular chama-se Aritmetica, uma Ciencia exata. E
imprescindivel para um Mestre Magom o conhecimento dessa arte;
seu estudo, obviamente, come9a no 1- Grau; e no 2° Grau adquire
conhecimentos quase totals.
A aite de calcular e de origem arabe, e os numeros usados hoje
nos foram legados pelos sabios arabes.
Algebra, Matematica e ciencias correlatas, todas constituem a
Aritmetica.
A Algebra se apresenta muito mais abreviada, e tern aplicagoes
nos calculos superiores.
A Aritmetica simboliza um atributo do Companheiro, por-
que Ihe ensina a multiplicar a sua benevolencia e sua sabedoria
dedicadas aos sens Irmaos, considerando toda recompensa como
uma cifra aritmetica, posto que esteja resgatando uma divida para
consigo mesmo ao realizar a boa 3930.

OS NUMEROS
Com o nascimento do comercio e a necessidade de se registrar
os objetos das trocas, e com o progresso sobre o conhecimento do
tempo, motivado pelo avan90 da Astronomia, o homem obrigou-se
a classificar as coisas no tempo e no espa90.
Encontrada, posteriormente, a 00930 de “quantidade”, passou-se a
subdivisao, e assim, chegou-se ao conhecimento da “unidade”.
Nasceu, assim, a ciencia dos numeros, ou Aritmetica. Os pri-
meiros calculos eram feitos com os dedos de uma mao, ou sistema
“pentanumeral”, convertido, mais tarde, em “decimal”.
Entre varios sistemas, o mais pratico foi o dos romanos, enquan-
to os gregos, hindus e arabes contribuiram com grande parcela para
0 desenvolvimento dessa ciencia.

m
122 Simbolismo do Segundo Grau

A evolu^ao foi muito lenta, eis que somente em 1200, Campano


de Novara apresentou quatro postulados, demonstrando como a serie
dos numeros era infinita; como um so numero podia ser divisivel em
determinado numero de vezes; como, dado um numero, podia-se sem-
pre encontrar outro superior a ele, e como poderiam ser conseguidos
numeros iguais ou multiples de outros.
Na atualidade, denominamos a numerate de sistema “arabe”,
posto que em arabe seja o sistema de escrita muito diferente da latina,
ou germanica, ou eslava.
Face ao intenso comercio da Antiguidade entre arabes e Hindus,
parece que os arabes importaram o sistema numerico da India.
Leonardo Pisano, matematico que publicou um livro no ano
1202, esteve varias vezes visitando o Oriente, de onde trouxe os
elementos basicos para a sua obra.
A matematica e Lima ciencia ardua e misteriosa, face o emprego
dos sens “sinais” e simbolos.
Os “simbolos”: e opinam alguns cientistas, teriam se
originado da pratica dos alemaes em assinalar, nos armazens, as caixas
com falta ou excesso de peso; estes sinais passaram a ser aplicados
na segunda metade do ano 1500, Segundo relata o matematico Stifel,
em sua obra editada em 1544.

AS MEDIDAS
Medir uma “quantidade” corresponde a encontrar um numero,
indicando as vezes que uma determinada unidade dc medida esteja
contida na citada quantidade.
O problema da medida nasceu com o homem; levou muito tempo
ate se chegar ao conceit© de largura e comprimento.
O problema surgiu no antigo Egito, quando necessitavam redis-
tribuir as terras apos cada inundagao das aguas do Nilo.
As extensoes eram calculadas pela quantidade de terras aradas
por uma junta de bois em um dia de trabalho.
Foram os egipcios que estabeleceram as medidas do “covado”,
“pal mo” e “dedo”.
Os romanos adotaram, como medida, o “pe”, devido as mar-
chas de suas famosas legioes, derivando. mais tarde, para gradus
m
9
«
O Simbolismo das Cinco Viugens 123

e millia passum, surgindo depois e ainda hoje utilizada a palavra


“milha” como medida de distancia.

SISTEMA METRICO DECIMAL


O sistema metrico decimal tern como unidade principal de lon­
gitude, o “metro” com seus multiples e submultiplos.
Antigamente, cada pais possuia o sen proprio sistema de medida,
chegando a Franga possuir 490 sistemas diferentes.
Aconfusao levou a Assembleia Nacional Francesa anomear uma
comissao para unificar os sistemas. Tal medida ja havia sido iniciada,
sem exito, por Felipe IV, Felipe V, Luiz XI, Francisco I e Luis XVI.
A primeira reuniao da comissao aconteceu no dia 9 de maio
de 1790.
Em 1795, Delambre e Mechain receberam a incumbencia de
medir o “arco do meridiano”, compreendido entre Dunkerque e
Barcelona.
Biot e Arago continuaram as medidas ate a ilha de Formentera.
Estabelecida a medida do quadrante do meridiano, encontraram
que sua milionesima decima parte era igual a 3 pcs, 11 linhas e 44
centesimos; os trabalhos foram concluidos no ano 1799.
Daquela medida resultou o “metro”, que foi construido na forma
de uma regua de platina, em forma de urn X, que se encontra ate hoje
no Arquivo Nacional de Paris, em urn subterraneo, bem protegida,
no “Bureau International des Poids et Mesures .
As cautelas encontram justificativa face a preciosidade do metal
empregado e o valor historico da “reliquia”, pois aquela medida encontrou
substitute na medigao, em certas condigoes, da onda do gas “Cripton .
O sistema metrico decimal trances nao se divulgou imedia-
tamente; chegado Napoleao ao poder, tratou de anular a decisao da
comissao, que fora influenciada por Talleyrand.
Desaparecido Napoleao, o sistema metrico decimal retomou
com entusiasmo, firmando-se em 1875.
So em 1924 os paises asiaticos passaram a adota-lo; nos ultimos
anos, todos os paises uniformizaram as suas medidas, aplicando o
sistema metrico trances ou decimal.
124 Simbolisnu) do Segunc/o Gran

GEOMETRIA
A Geometria tem ligagao muito estreita com a Aritmetica, pois
surge por intermedio das joias depositadas no altar: “compasso c
esquadro”, auxiliadas pela “regua”.
A Geometria fomece a Matematica os numeros, como vimos
no estudo anterior, e ela 6 responsavel pela construgao de toda obra
edificada.
Nao ha um simbolo, seja Lima coluna, on um avental, uma
estrela ou outro qualquer que dispense, para a sua criagao, o tragado
geometrico; e e tamanha a importancia dessa ciencia-arte, que o ma-
gom denomina no 2" Grau, o Grande Arquiteto do Universo, como o
Grande Geometra, analisando, com profundidade, a letra “G”.
Os angulos, triangulos, poligonos e circunferencias, ponto, retas
e curvas sao os elementos componentes da Geometria.

MUSICA
A Musica tem a SLia definigao convencional, por exemplo: “A
arte de produzir e de combinar os sons de um modo tao agradavel ao
ouvido, que as suas modulagoes comovam a alma”.
Sem duvida, uma definigao poetica, contudo devemos partir dos
sons naturals que nos chegam, sem que a mao Humana interfira na
sua produgao, como o som que produz o vento entre as folhagens, o
bater do coragao. ou o eco dos trovoes.
A origem do vocabulo provem de musa, porque teriam sido as
musas a inventarem a arte musical; outros Ihe dao origem egipcia.
De qualquer forma, a Musica e uma das primeiras artes que o homem
cultivou; a noticia nos vein das inscrigoes dos antigos monumentos
que afirmam ter existido entre os povos, sejam barbaros, embrutecidos
selvagens. ou ao contrario, ja civilizados. O canto e a Musica tem as
suas origens nas manifestagoes religiosas e belicas.
Os maiores sucessos historicos tem sido transmitidos por meio
de poemas, o que comprova que a musica vocal teve inicio antes da
instrumental.
A origem dos sons pertence a natureza, mas a do canto, o homem
a encontrou na voz dos passaros.
0 Siinbo/ismo das Cinco Viagens 125

Os sons que o vento produz ao passar por entre as canas desper-


taram o interesse do homem para os instrumentos de sopro, porem,
os instrumentos de percussao os precederam, porque bastou os sons
saidos do baler de duas pedras, obedecido urn determinado ritmo, on
o simples bater das palmas das maos, inspirou os primeiros passos
para a danga.
Som, danca e canto cresceram juntos.
Os Chineses encontraram urn personagem, o rei Fou-Ti, que
reinou no ano 2.435 a. C.. responsavel pelo invento dos instrumentos
musicais.
Segundo a tradigao grega, foram os “curetas”, cerca de 1.930
anos a.C., os primeiros a se dedicarem a Musica.
A invengao tambem e atribuida a Jupiter, Mercurio, Pan, Apolo
e outros deuses.
Certos autores sustentam que foi Cadmo quern levou aos gregos
a arte musical, desde a Fenicia, entregando-a a hermoine, on harmonia.
Chiron, Demodoco, Hermes, Orfeu, Phenico e Zeprando, ao
tempo de Licurgo, encarregaram-se de estabelecer regras para a
Musica; foi, porem, Pitagoras quern deu regras fixas a Musica, apos
uma longa observagao a respeito dos sons emitidos pelos martelos
na bigorna.
Todos os povos antigos emprestaram a Musica urn papel rele-
vante em todas as situagoes de alegria, tristeza, vitorias, invocagoes
a Deus e ate para a cura de cnfermidades.
Lemos nas Sagradas Escrituras que os sons melodiosos da harpa
de Davi curaram .Saul de sua nostalgia.
Porem, sem sombra de diivida, foram os egipcios que conside-
raram a Musica uma ciencia, cultivando-a paralelamente as demais
ciencias; Moises extraiu deles os pontos principais e os entregou ao
sen povo, os hebreus.
Os egipcios abominavam a musica suave, a que denominavam
de efeminada, preferindo a Musica viril, plena de energia e que,
alem de dar entusiasmo, impulsionava a luta.
Heredoro confirma isso quando descreve as diferentes festas
dos egipcios, os quais cantavam hinos acompanhados do som das
flautas.
126 Simbolismo do Segundo Gran

Estrabao diz que os egipcios nao usavam em seus templos o


instrumento musical, limitando-se ao cantico.
No mosaico da Palestina, e em algumas pinturas, em Herculano
e Pompeia, ha cenas representando egipcios tocando instrumentos.
Osiris teria sido o inventor da flauta; Hermes teria inventado a
harpa, cujo nome primitive era photin.
Os tambores de guerra tambem sao de invenqao egipcia.
Atenco descreve as festas dadas por Ptolomeu Philadelpho,
em Alexandria, celebres pelos concertos musicais e os corais com-
postos por mais de 500 pessoas, 300 citaristas e o povo possuia
orientagao adequada, tanto que ao menor sintoma de desafinaqao,
surgiam duras criticas.
Os hebreus foram os primeiros a dar realce a Musica em seus
cultos religiosos, que formavam com grande pompa.
Moises, ao cruzar o Mar Vennelho, entoou junto com o povo o
cantico da vitoria, do qual participaram homens, mulheres e crianqas.
Os fenicios cultivavam a Musica, chegando a inventar alguns
instrumentos, como o antigo psalterio, usado para animar as festas
dedicadas a Baco; nas festas funebres, tocavam o gingria, especie de
flauta larga.
Os sirios e os babilonios, por sua vez, introduziram alguns
instrumentos originais, como o triangulo, usado ate nossos dias, a
pandorra e o pentacorde; as flautas eram os instrumentos comuns a
todos os povos antigos.
Os gregos referiam-se a Musica como um dom dos deuses;
atribuiam a Jupiter a inven^ao da arte musical; a flauta de muitos
furos era invengao atribuida a Minerva; a lira, a Mercurio; Apolo
era cognominado o deus da Musica; Baco era mestre da arte e as
suas festas eram animadas por estrepitosa musica; as musas alem de
inventoras eram as professoras da arte, fornecendo aos ventos os can-
ticos e acordes mais harmoniosos, deliciando os deuses e os mortais.
Pan, os satires e as sereias faziam uso da Musica, sendo estas
ultimas as que atraiam com os seus canticos os incautos navegadores
que se perdiam entre os rochedos.
Os romanos simplificaram a escrita musical, reduzindo as com-
plicadas notas gregas.
O Simbolismo das Cinco Viagens 127

O aperfeigoamento da arte e recente, pois foi o papa Gregorio


Magno, no ano 590 e o beneditino Guido Aretino, em 1024 que, ao
primeiro introduziu a repetigao das oitavas ascendentes e descenden-
tes; e ao ultimo a introdugao do pentagrama, sobre o qual, em suas
cinco linhas, eram escritas as notas, em pontos negros.
O som44 e urn elemento que conduz, por caminho natural e
sua-ve, a meditagao.
Quando mencionamos o som, chega-nos, imediatamente a com-
preensao, a Musica; urn fundo musical propicio e urn som musical,
eis que nem todo som e musical.
Hoje, Musica apresenta conceito um tanto dificil para ser expres-
sado, mormente, se atentarmos ao que se ve, em fungoes liturgicas
religiosas, dentro de ambiente, o mais convencional possivel, sons de
guitarras eletricas e o frenesi da Musica denominada “jovem”, sim-
bolizando com isso uma Musica da atualidade, ou melhor ainda, do
“momento”, com os sens “sons” diferentes, nem sempre harmoniosos
ou, pelo menos, agradaveis aos ouvidos.
Vemos nas missas solenes dentro de igrejas catolicas romanas,
tanto aqui como em filmes, em outros paises, jovens usando as suas
vestes caracteristicas e multicoloridas, emitindo sons e cantando
estranhos ritos; ao som da Musica jovem, o sacerdote impassivel,
cumprindo seu cerimonial.
Nesse misto que denominamos de som “jovem”, ha tambem
muito de folclore.
Registramos isso porque em nossos templos magonicos “ainda”
nao ocorreram fatos identicos; fazemos alusao as igrejas, porque a
liturgia e semelhante a que nos usamos e o ambiente sacro, a tradigao
e o receio de novagoes sao fatores comuns.
Ariel Ramirez, natural da Argentina, compos a sua Missa
Criolla apresentando um estudo serio, nao so dentro de sua patria
como no Institute de Cultura Hispanica de Madrid e no proprio
Vaticano.

44. Do livro A Cadeia de Unido e Sens Elos, do mesmo autor.


128 Simbolismo do Segundo Gran

Sua original ideia de realizar uma missa cantada, com temas


exclusivamente folcloricos, encontrou estimulo e assessoramento de
parte de alguns sacerdotes da Basilica do Socorro.
Compos uma obra para solistas, coro e orquestra, elementos
necessarios para abranger a riqueza de sua compos^ao.
Os instrumentos, tambem, nao poderiam ser exclusivamente
convencionais.
A percussao, formada por bombos, bateria, tumbadora, gongos,
cocos, cincerros, instrumentos tipicos de cada regiao da America
Latina, deram muito colorido e expressao a obra.
Embora ja decorridos alguns anos da notavel experiencia, Ra­
mirez nos deixa uma obra moderna, jovem, mas com caracteristicas
exclusivamente folcloricas; nada na obra, para chocar, ensurdecer ou
desviar o ponto central, que e a missa.
A Missa Criolla inicia-se com o “Kyrie", concebido sobre dois
ritmos: “vidala” e “baguala”, aptos para expressar a profunda suplica
da litania.
O “gloria”, demarcado com o ritmo de uma das dangas mais
populares argentinas: O Carnavalito, uma forma popular eleita para
traduzir o jubilo da gloria do Senhor.
Urn dos momentos mais dificeis e, sem duvida, o do “credo”,
pela extensao do seu tema e pelo ritmo escolhido, a “chacarera trunca”,
melodia muito popular em Santiago del Estero.
O ritmo e obsessionante, quase exasperado, de uma formosura
“nervosa”.
O “sanctus” foi composto sobre urn dos ritmos bolivianos, o
camaval de Cochabamba, de compasso batido, apropriado a aclama-
9ao que enche os ceus e a terra.
O “Agnus Dei” e dito em urn estilo “pampeano intimo”, temo
e solene.
Diz o comentarista introdutor da obra, que a Missa Criolla e
uma sintese e um convite.
Abre os bracos ao homem para dizer-Ihe: vem a Igreja com
tudo o que ha em sua came e em seu sangue; com sua cultura e seus
ritmos, com sua forma de expressao e suas paisagens. A Igreja nao
quer que no templo se fale uma lingua estranha.
O Simbolismo das Cinco Via.gens 129

Sua linguagem e a do Pentecostes, lingua matema que o homem


aprendeu no contato aspero e vital com seu proprio solo.
Venha a danga e ao compasso; venha a terra mesmo.
A Igreja esta enamorada da terra porque e criatura de Deus.
A terra assumira seu proprio espirito, integrara seu proprio tino
e o transformara em veiculo de expressao para Deus.
E o homem sentir-se-a na casa do Pai, como se estivesse em
seu proprio lar.
Se compararmos a Missa Criolla, com a musica da Pascoa
em canto gregoriano, com seu responsorio “Christus resurgens”,
a “Pascha Nostrum”, o “Salve Festa Dies”, com as suas antifonas,
evidentemente nao saberiamos o que dizer.
E se, tambem, comparassemos a musica “jovem” ao som das
guitarras eletricas, ritmadas pelas caracteristicas dos “Beatles”, ou
dos nossos Caetano Veloso, Dorival Caymmi ou Tom Jobim, muito
menos saberiamos o que dizer.
Mas poderiamos escrever da propriedade ou da impropriedade
dos ritmos “jovens”, dentro da liturgia magonica!
E evidente que se deve distinguir entre musica “jovem” apro-
priada e ritmo inapropriado.
Ja tivemos oportunidade, em varies Estados do Brasil, dentro
de vetustos templos, de apresentarmos em palestras a ideia, um tanto
incipiente e ousada, de introduzir dentro dos templos magonicos a
musica atual, fugindo daquele som classico de musica de camara.
Tocamos discos de todas as especies, desde os canticos grego
-rianos, comparando-os com a musica dos Beatles, demonstrando
a semelham^a harmonica, como as velhas melodias hindus, o hino
a Brahma, os classicos e a musica “jovem”, a “louca musica”; to­
camos o folclore intemacional e nos detivemos em nossos sambas
classicos, para demonstrar que certos ritmos atuais podem conduzir
perfeitamente a meditagao, que e o escopo, a finalidade a atingir,
quando o Mestre da Harmonia organiza o seu programa.
Veihos templos foram sacudidos ao ritmo do “rock" americano
ou “rock sinfonico ingles” e ao som das “batucadas” brasileiras; nao
houve escandalo, mas surgiram entusiastas que aderiram ao que, ate
aqui, representa apenas uma ideia.
130 Simbolismo do Segundo Gran

Julgamos que o soin deva conduzir a medita<?ao; por isso,


qualquer “som” sera apropriado, mesmo que nao seja melodico; uma
simples nota,45 algo unissono, sempre igual, porem que conduza a
mente aos “paramos” celestes.
Um som vibrante, seja em ritmo popular, classico, tudo e indi-
ferente. O valor do som nao esta na melodia nem no ritmo.
O valor do som e o reflexo que ele produz.
Nas Lojas maqonicas atuais, a Musica e apresentada por meio
de CD ou fita, sendo selecionada com total preferencia para as pegas
tradicionais classicas. Nao ha uma previa programagao; nao faz parte
da “plataforma” de um Veneravel Mestre, quando inicia seu mandate.
Fica a merce, quase sempre de modo improvisado, de dois fatores: os
CDs ou fitas existentes, e o gosto do Mestre da Harmonia.
Rarissimas Lojas conservam o orgao e se algumas ainda o pos-
suem, falta-lhes o organista.
O som dentro dc uma Loja, entregue sob a responsabilidade do
Mestre da Harmonia, nao significa parcela muito importante, mas o
“som”, enquanto se forma a “Cadeia de uniao”, adquire importancia
relevante, total e indispensavel.
O Veneravel Mestre deve conscientizar os membros do quadro
sobre o efeito do “som" na meditagao.
A musica eletronica, os “sintetizadores”, sao expressoes mo-
dernas; trata-se de uma notagao musical inteiramente diferente da
tradicional, estranha, posto que nao se note, imediatamente, tratar-se
de algo artificial.
Novos metodos, novas tecnicas, novos instrumentos e novos
sons conduzem-nos a novos conceitos, novas aplicagoes e, mormente,
a novos estudos.
Surgiu, nos ultimos tempos, a expressao considerada maxima do
chamado “rock sinfonico”, uma fase aperfeigoada da musica “pop”,
ja por muitos considerada enfadonha e superada.
O “rock sinfonico” utiliza instrumentos eletricos, os mais so-
fisticados, como guitarras, baixos. teclados e baterias amplificadas, e

45. O Samba de Uma Nota So, de Vinicius de Morals e Tom Jobim.


O Simholismo das Cinco Viagens 131

elementos de musica erudita, orquestras sinfonicas e corals e tambem,


nao raramente, bailados.
O ponto de partida e o “rock”, que iniciou com um ritmo
aspero dos negros norte-americanos; o limite e a musica erudita,
porem arranjados de tal forma, que nada e “rock” e nada e “erudito”,
mas apenas um espetaculo fantastico, no qual o “som” majestoso
e o amplificador e os sintetizadores emprestam o ambiente irreal.
O jogo das luzes coloridas, os impactos das explosoes das
luminarias, o ensurdecedor bramido dos baixos e repentinamente...
momentos de bonanzas, o teclado purissimo de um piano, de um
clavicordio, de um orgao, tocando o tema central da pe9a.
E a Musica de Rick Wakeman,46 um jovem ingles, filho do
conhecido pianista ingles Cyril Wakeman, que tomou em suas maos
temas como Viagem ao Centro da Terra, O Rei Artur e os Cavaleiros
da Tavola Redonda, As Esposas de Henrique VIII e muitos outros,
e Ihes deu um movimento musical de tal monta, que revolucionou
tudo e encantou a todos.
Ha muito de ma^onico na obra de Rick Wakeman, nao por ele,
jovem demais, mas qui^a, por seu pai.
E essa a arte que se espera que refloreqa para o deleite da huma-
nidade e que se espera que a Ma^onaria, mormente os Companheiros,
I he deem mais atenqao.

ASTRONOMIA
As Lojas possuem entre os sens simbolos muitos astros: o sol,
varias estrelas, enfim, a propria abobada celeste, sem, contudo, deter-
se no estudo dessa ciencia.
O Rito Escoces Antigo e Aceito nao se preocupa com dois
aspectos: os mares e oceanos e o espaqo.
Entre os antigos sabios e astronomos, encontramos excelsos
maqons; as suas descobertas foram fruto de observagao, usando
instrumentos primaries.

46. Richard Wakeman.


132 Simbolismo do Segunclo Gran

Hoje, evidentemente, na era espacial, a Astronomia assume


foros de ciencia especializada.
Nao confundamos Astronomia com Astrologia; a primeira, Lima
Ciencia; a segunda, qui(,:a, apenas, uma Arte.
Estudar os astros para observar o destine de uma pessoa, orga-
nizando um “horoscope”, tern sido pratica antiquissima, na qual nao
se consegue vislumbrar a fronteira entre a realidade e a mistificagao.
Essa “arte" astrologica tern penetrado nos templos maqonicos
causando certas confusoes; dai a advertencia para que nao haja con-
fusao alguma entre Astrologia e Astronomia.
A evoluqao tecnologica da era espacial, porem, nao conseguiu
penetrar nas Lojas Maqonicas; estas “estacionaram" nos conceitos
da Astronomia dos scculos passados, usando-os simplesmente como
referencias para explicar o significado de certos simbolos.
Ha, portanto, muito ainda para estudar, analisar e por em pratica;
o trabalho do Companheiro apresenta-se arduo, sempre mais, a cada
ano que passa; se isso assim permanecer, o Companheiro do Terceiro
Milenio ainda “balbuciara" definiqoes primarias.
*
* *

E essencialmente filosofica e em homenagem a todos os fllo-


sofos. Destaca a figura de quatro filosofos antigos: Solon, Socrates,
Licurgo e Pitagoras.
Por fim, encerra o pensamento com momentos de meditaqao
em tomo da sigla I.N.R.I.

SOLON
Um dos primeiros legisladores de Atenas, considerado um dos
sete sabios da Grccia.
Nasceu em Salamina no ano 640-558 a.C. Elevou o espirito
nacional dos atenienses; diminuiu os impostos dos cidadaos pobres
O Simbolismo das Cincu Viagens 133

e restabeleceu a harmonia na cidade, dando-lhe uma constituigao


mais democratica.
Dividiu os cidadaos em classes, fundadas nao no nascimento,
mas na fortuna e concedeu a todos uma parte no governo da cidade.
Poeta emerito, cuja obra se perdeu, conservando-se apenas
fragmentos de sua poesia, de uma grande beleza.
O sen nome passou a ser sinonimo de sabio e legislador.

SOCRATES
Nasceu Socrates em 470 a.C. em Atenas, filho de Sofronico,
urn escultor, e de Fenareta.
Nos primeiros anos, Socrates aprendeu a arte do pai e, enquanto
esculpia, meditava e estudava; por meio da reflexao pessoal, buscava
na elite de Atenas o conhecimento filosofico da epoca.
Seu casamento com Xantipa em nada alterou o sen modo de vida.
Ingressou na politica, tornando-se funcionario publico e niagis-
trado, mantendo-se, porem, rigido em seu modo de pensar; foi soldado
valoroso e a politica nao conseguiu deturpar a sua formaqao, o seu
temperamento critico; servia a patria, vivendo justamente e formando
cidadaos sabios, honestos e temperados, divergindo nisso dos sofistas,
que agiam para o proprio proveito.
O seu modo rigido de vida criou-lhe inimizades e descontenta-
mento gerai, hostilidade popular.
Com aparencia de chefe de uma aristocracia intelectual, teve
contra si acusaqoes serias partidas de Mileto, Anito e Licon, de cor-
romper a mocidade e negar os deuses da patria introduzindo outros.
Sua defesa foi fragil, preferindo o juizo eterno da razao.
Foi condenado a pena capital; deram-lhe de beber cicuta, uma
infusao de ervas venenosas.
A caracteristica de sua Filosofia e a introspecqao e exprime-se
no celebre lema: “conhece-te a ti mesmo”, isto e, “torna-te consciente
de tua ignorancia”, como sendo o apice da sabedoria, que e o desejo
da ciencia mediante a virtude.
Socrates nao deixou nada escrito; foram os seus discipulos
Xenofonte e Platao os responsaveis pelo registro dos ensinamentos
e da biografia do grande mestre.
134 Simholismo do Segimdo Gran

Toda filosofia de Socrates volta-se para o mundo humano,


espiritual, com fmalidades praticas e morais.
Mostra-se cetico a respeito da Cosmoiogia e da metaflsica, um
ceticismo de fato e nao de direito; dedica-se a uma ciencia da pratica
dirigida para os valores universais.
O fim da filosofia e a moral; no entanto, para realizar o proprio
fun, toma-se precise conhece-lo; para construir uma etica e necessaria
uma teoria, a “gnosiologia” deve preceder logicamente a moral. Se
o fim da filosofia e pratico, o pratico depende, por sua vez, inteira-
mente, do “teoretico”, no sentido de que o homem tanto opera quanto
conhece; virtuoso e o sabio, malvado o ignorante.
O moralismo socratico e equilibrado pelo mais radical intelec-
tualismo, racionalismo, que se coloca contra todo voluntarismo,
sentimentalismo, pragmatismo, ativismo, etc.
A filosofia socratica resume-se na gnosiologia e na etica, sem
metafisica: a gnosiologia de Socrates, que se concretiza no sen en-
sinamento dialogico, dc onde deve ser extraida, e se esquematiza
nos seguintes pontos fundamentais: ironia, maieutica, introspeegao,
ignorancia, indugao e definicao.
Antes de tudo, cumpre desembaraqar o espirito dos conheci-
mentos errados, dos preconceitos, das opinioes; e esse o momento
da ironia, on seja, da critica.
Socrates, como os sofistas, porem com finalidade diversa,
reivindica a independencia da autoridade e da tradigao, a favor da
reflexao livre e da convicgao racional.
Logo, sera possivel realizar o conhecimento verdadeiro, a cien­
cia, mediante a razao.
Isso significa que a instrugao nao deve consistir na imposigao
extrinseca de uma doutrina ao discipulo, mas o Mestre deve tira-la da
mente do discipulo, deve eduzi-la pela razao imanente e constitutiva
do espirito humano, o qual e um valor universal.
E a famosa “maieutica” de Socrates, que declara auxiliar os
“partos” do espirito. Ha aqui uma certa influencia da genitora de
Socrates, que era parteira.
Essa interioridade do saber, essa intimidade da ciencia, fixa-
se no famoso dito socratico muito usado na linguagem magonica:
O Simbulismo das Cinco Viagens 135

“conhece-te a ti mesmo", que no pensamento do filosofo significa,


precisamente, consciencia racional de si mesmo, para organizar ra-
cionalmente a propria vida.
Entretanto, consciencia de si mesmo quer dizer, antes de tudo,
consciencia da “propria ignorancia" inicial e, portanto, necessidade
de supera-la pela aquisigao da ciencia.
Essa ignorancia nao e ceticismo sistematico, mas apenas me-
todico, urn poderoso impulso para o saber, embora o pensamento
socratico fique no agnosticismo filosofico por falta de uma metaflsica,
pois Socrates achou apenas a forma conceitual da ciencia, nao o sen
conteudo.
Por ciencia, natural mente, Socrates nao limitou o conhecimento
da epoca, mas quis se referir a necessidade da investigagao, do estndo.
O procedimento logico para realizaro conhecimento verdadeiro,
cientifico, a indugao, ou melhor, remontar do particular ao universal,
da opiniao a ciencia, da experiencia ao conceito.
Como Socrates e o fundador da ciencia em geral, mediante a
doutrina do conceito, assim e o fundador, em particular, da ciencia
moral, mediante a doutrina de que eticidade significa racionalidade,
a^ao racional.
Virtude e inteligencia, razao, ciencia, nao sentimento, rotina,
costume, tradiqao. lei positiva, opiniao comum.
Tudo isso tern de ser criticado, superado, subindo ate a razao,
nao descendo ate a animalidade.
Socrates levava a importancia da razao para a a^ao moral, ate
aquele intelectualismo que, identificando conhecimento e virtude,
bem como ignorancia e vicio, tornava impossivel o “livre-arbitrio”.
Socrates nao exauriu a problematica levantada, mas deixou para
Platao e Aristoteles o inicio do estudo da metafisica e o complemento
de sua obra.
Nas licoes ma^onicas, os conceitos socraticos sao repetidos.
ainda hoje, pois o itinerario tra^ado por Socrates e diuturnamente
percorrido pelos masons, que nao esgotaram a ciencia da moral.
A filosofia socratica constitui uma das pedras angulares do
grande ediflcio da filosofia ma^onica.
136 Simbolismo do Segundo Gran

LICURGO
Filho de Eunomo, rei de Esparta, nasceu no ano de 868 a.C. e
foi legislador de Lacedemonia. Morto sen innao Polidecto, no ano
898 a.C. foi proclamado rei por faltar descendencia a Polidecto, eis
que se ignorava se a rainha viuva estaria on nao gravida.
A primeira proclamaqao de Licurgo foi que se a rainha desse a
luz um sucessor da coroa de sen irmao, ele seria o primeiro a reconhe-
ce-lo, jurando que entao reinaria apenas como tutor do futuro principe.
A rainha, contudo, propos a Licurgo que se casaria corn ele e
evitaria o nascimento do filho, proposta que Licurgo repeliu, e quando
nasceu o herdeiro, tomou-o nos braqos e o apresentou ao povo e aos
magistrados, dizendo: “Este e o rei que nos nasceu”.
A alegria que esse homem extraordinario demonstrou por um
acontecimento que Ihe iria privar do trono, sua conduta, suas virtudes
e sua sabedoria com que soube administrar Esparta, granjearam-lhe
o amor e o respeito dos sens concidadaos.
Porem, a rainha nao perdoara ter sido repelida por Licurgo,
passando a fomentar intrigas entre os grandes do Estado e entre sens
parentes, a ponto de conseguirem desgostar o rei, que abandonou sua
patria, refugiando-se em Creta.
Em Creta, travou intima amizade com Tales, aprofundando os
seus conhecimentos.
Ultimou sen projeto de uma legislaqao aperfeigoada, tendo em
vista as diversidades de govemos e costumes, percorrendo, para tanto,
toda a Costa da Asia.
So encontrou leis e almas sem vigor.
Os cretenses, com um regime simples e severe, eram felizes;
os ionios, que presumiam possuir a mesma felicidade, na realidade
eram infelizes, escravos dos prazeres e da licenciosidade.
Enquanto Licurgo percorria as mais longinquas regioes, estudando'
as obras dos legisladores ao recolher as suas sementes preciosas, os
lacedemonios, cansados de softer os desacertos dos seus governantes
e desejosos de por fim as funestas divisoes que tanto os enfraqueciam,
enviaram varios mensageiros para rogar a Licurgo que retomasse e
assumisse o poder.
O Simbolismo das Cinco Viagens 137

Licurgo resistiu o quanto pode aos rogos do seu povo, mas


vencido e convencido, retornou a patria.
Apenas chegado, desde logo compreendeu que o caso nao era
somente o de ajustar o emaranhado de leis estabelecidas, mas que era
necessario destruir toda a legisla^ao e formar outra com bases solidas.
Os obstaculos que tinha pela frente eram gigantescos, mas nao
desanimou, pois tinha ao seu lado o prestigio e a venera^ao que Ihe
tributavam a sua sabedoria e a sua virtude, os sens concidadaos.
Nada melhor que Licurgo para dominar as vontades e recon-
ciliar os espiritos, posto os mais exaltados; prevenira-se o grande
legislador em obter os favores dos deuses, consultando o Oraculo
de Delfos.
O Oraculo respondeu: “E do maior agrado dos deuses sua
homenagem, e sob os seus auspicios tu formaras a mais perfeita das
constituigoes politicas”.
A Pitonisa, em perfeita harmonia com Licurgo, foi imprimindo
a cada nova lei o selo da “divina autoridade”.
Depois de muita luta, revoltas e motins, conseguiu Licurgo
veneer e ver sua constitui<?ao unanimemente aprovada.
A Constituigao era tao bem fonnulada, tao harmonica, que pela
sua perfeiqao o povo deveria ser feliz.
Contudo, Licurgo nao estava satisfeito e, congregando, o povo
Ihe disse: “Falta o artigo mais importante de nossa legislate, quero
acrescenta-lo; porem, nao o farei senao apos ter consultado o Ora­
culo em Delfos. Prometei-me, pois, que durante minha ausencia nao
tocareis nas leis estabelecidas”.
O povo prometeu, mas Licurgo exigiu um juramento mais for­
mal e irrevogavel. Os reis, os senadores e todos os cidadaos juraram
solenemente tomando os deuses por testemunha.
Imediatamente, Licurgo partiu para Delfos, onde perguntou ao
Oraculo se as novas leis seriam suficientes para assegurar a felicidade
dos lacedemonios.
A Pitonisa respondeu: “Esparta sera a mais florescente de todas
as cidades, uma vez que se observem as suas leis”.
138 Simbolismo do Segundo Gran

Licurgo enviou a resposta a Lacedemonia e para garantir que


o povo cumprisse o juramento, condenou a si mesmo ao ostracismo
e a emi gra^ao.
Poucos anos depois, morreu longe de sua patria, por cuja feli-
cidade tao generosamente se tinha sacrificado; e a fama de Esparta
correu o mundo.
Esparta dedicou um templo a Licurgo, tributando-lhe honrarias
impares e perpetuas homenagens.
Licurgo, nao so foi o excelso legislador, como tambem filosofo
profundo e ilustrado reformador, pois sua legislaqao era um sistema
perfeito de moral e politica.
Esse sabio legislador foi o primeiro que conheceu a forqa e a
fraqueza do homem, e soube conciliar a lei com os deveres e neces-
sidades do cidadao.
Esparta, um dos menores estados da Grecia, chegou a ser o
mais poderoso.
Licurgo e evocado nessa Quarta Viagem justamente como gran­
de legislador, em uma demonstragao de que a Magonaria encontra
um dos seus motives de existir no aperfeigoamento das leis, sejam
as de sua propria Instituigao, sejam de todos os paises, onde exerga
a sua benefica influencia.
Licurgo preconizou e pos em pratica a sua moral filosofica de
que os interesses dos cidadaos se encontram sempre confundidos com
o interesse do Estado, pois este nao e apenas uma administragao, mas
sim a chefia da grande familia.
O Companheiro desde cedo deve preocupar-se com o aperfei­
goamento das leis e respeita-las.
Licurgo conseguiu o respeito a sua legislagao por meio de jura-
mentos solenes; os iniciandos dentro da Magonaria juram solenemente
respeitar as leis do pais onde vivem.

PITAGORAS
Pitagoras, o fundador da Escola Pitagorica, nasceu em Samos
pelos anos 571-70 a.C.
Em 532-31 foi para a Italia, na magna Grecia, e fundou em
Crotona, colonia grega, uma associagao cientifico-etico-politica, que
O Simbolismo das Cinco Viagens 139

foi o centre de irradia’^ao da Escola e encontrou partidarios entre os


gregos da Italia Meridional e da Sicilia.
Pitagoras aspirava fazer coin que a educaqao etica da Escola se
ampliasse e se tomasse reforma politica.
Nao conseguindo o seu intento, levantou oposiqoes e foi obri-
gado a deixar Crotona, mudando-se para Metaponto, onde morreu,
em cerca de 497-96 a.C.
Os discipulos de Pitagoras dividiam-se em duas classes: os
iniciados e os publicos.
Os iniciados formavam uma especie de comnnidade religiosa,
levando vida em comum, sujeitando-se a muitas provas; somente
depois e que eram conduzidos a presenqa do Mestre, para receber a
doutrina “misteriosa”.
Tal era a veneragao para com o Mestre que os discipulos o
consideravam quase uma divindade, a ponto de, quando diziam: “O
Mestre disse”, nao comportava o assunto qualquer discussao.
Os discipulos publicos recebiam ensinamentos considerados
comuns, sem receber a “doutrina misteriosa”.
Os ensinamentos de Pitagoras abrangiam a filosofia das esco-
las por onde passara: a elevagao, o espirito mistico e simbolico dos
orientais, o carater, ao mesmo tempo belo e positive, que distinguia
os gregos. A matematica, a fisica, a astronomia, a musica, o canto, a
poesia, ao lado da harmonia das “esferas celestes” e da transmigragao
das almas.
Pitagoras admitia a existencia de uma grande Unidade, da qual
emana o proprio mundo e este, por sua vez, era urn conjunto de outras
unidades subalternas.
Ele dava ao numero muita importancia, chegando a afirmar que
a nossa alma e um numero.
Essa concepgao, evidentemente simbolica, servia para ocultar
a doutrina misteriosa; tal comportamento era necessario para evitar
as perseguigoes que fatalmente surgiriam, ao contrariar as crengas
populares.
Pitagoras explicava a formagao do mundo da seguinte forma
simbolica: a grande monada, ou unidade tinha produzido o numero
binario, depois, formou-se o temario, e assim, sucessivamente, conti-
140 Simbolismo do Segundo Gran

nuando por uma scric de unidades e numeros, ate chegar ao conjunto


de unidades que constituiram o Universo.
A primeira Unidade era representada pelo ponto. O numero
binario, por uma linha. O numero ternario, por uma superficie. O
quaternario, por um solido.
A “metempsicose”, ou transmigraqao das almas de um corpo
para outro, e encontrada tambem na filosofia oriental, de onde e
provavel que Pitagoras a tenha absorvido.
A sua escola reconhecia na alma duas partes: inferior e su-
pe-rior, ou seja, paixao e razao. As paixoes devem ser dirigidas e
govemadas pela razao, harmonizando-as; essa harmonia se chama
virtude.
O Universo foi considerado um grande todo harmonico, o Cos­
mos; e a musica das esferas e a harmonia admiravel que reina nos
movimentos dos corpos celestes.
Apesar da escassez dos meios de observaqao, os pitagoricos
fizeram notaveis descobrimentos no terreno da Astronomia; para
exemplificar, bastaria citar a descoberta que Pitagoras fez a respeito
do duplo movimento da Terra, doutrina a que deu publicidade e en-
tregou ao sen discipulo Filolau.
A Escola Pitagorica exerceu grande influencia na Italia, onde
Cicero esclareceu que o rei Numa, a quern se atribui responsabilidade
no crescimento da Magonaria Operativa, nao era pitagorico, eis que
reinara dois seculos antes do nascimento de Pitagoras.
Os discipulos de Pitagoras nao se dedicavam somente a As­
tronomia e a Matematica; aplicavam-se ao estudo da organizaqao
social e politica.
A atitude de Pitagoras em manter em sigilo a sua doutrina,
formando uma “seita” religiosa — o que convinha na epoca, dada a
intolerancia existente leva a crer que sua inten^ao era criar uma
transformaqao social.
As suas tentativas de uma nova organizaqao social sao notadas
pelas condiqoes que impunha aos discipulos: viver em comunidade,
dedicaqao ao jejum, a oraqao, ao trabalho, a contemplaqao, e a ins-
truqao em geral, visando ao aperfeiqoamento da sociedade.
O Simholismo das Cinco Viagens 141

Embora nao tenha ficado comprovado, parece que Pitagoras foi


assassinado justamente pelo seu movimento social e politico.
Deve-se a Pitagoras a origem do vocabulo “filosofia”.
Os gregos chamavam a sabedoria de “Sofia” e aos sens sabios
de “Sofos”. Pitagoras achou muito elevado denominar-se de “Sofos”,
e preferiu ser chamado de “amante da sabedoria”; preferiu, em vez
de atribuir-se a realidade da sabedoria, a denominapao de quern ex-
pressava o desejo e o amor com que buscava fazer-se sabio.
Cicero faz a seguinte referenda a origem do termo “filosofia”;
“Heraclides de ponto, varao muito dotado e discipulo de Pla-
tao, escreve que, tendo ido Pitagoras visitar o rei Leao, teve com ele
longa entrevista; este, admirado do tamanho saber e da eloquencia de
Pitagoras, perguntou-lhe qual era a arte que professava.
“Nenhuma arte conhego, respondeu Pitagoras; sou filosofo”.
Estranhando o rei a respeito do nome que jamais ouvira, per-
guntou o seu significado e em que consistia a diferenga para com os
demais homens.
Pitagoras respondeu: “A vida Humana me parece uma das
assembleias que se reunem nos jogos publicos da Grecia. Ali aco-
dem para ganhar o prcmio com sua robustez e destreza, os atletas;
outros para negociar, comprando e vendendo; outros, que sao
certamente os mais notaveis, nao buscam nem louros nem lucres,
e so assistem para ver e observar o que se faz e de que maneira;
assim, nos os filosofos, contemplamos os homens como vindos de
outra vida e natureza, reunirem-se em assembleias deste mundo;
uns andam em busca de gloria, outros de dinheiro, e sao poucos
os que so se dedicam ao estudo da natureza das coisas.
A esses poucos os chamamos de filosofos; e assim, como na
assembleia dos jogos publicos, representa um papel mais nobre aquele
que nada adquire e so observa, cremos, tambem, que se sobrepoe muito
as demais ocupagoes, a contemplagao e o conhecimento das coisas”.
Pitagoras foi Mestre Magom por excelencia, a base filosofica
do Rito Escoces Antigo e Aceito, o fundamento inalteravel de todo
conhecimento atual, por maior que tenha sido, neste campo, a evolugao.
Na Matematica e na Geometria, nas Ciencias e nas Artes exis-
tentes em todos os simbolos magonicos, a presenga de Pitagoras e
142 Simbolismo do Segiuulo Gran

a constante daqueles que se dedicam a meditagao e que colocam a


razao na posigao elevada, dentro do complexo que se chama mente
do homem.

I. N. R. I.
Sao as iniciais misteriosas que encerram o “segredo” da Palavra
Sagrada dos Cavaleiros Rosa-Cruz, palavra que nao se pronuncia;
serve para inquirir, por meio de um questionario, o verdadeiro Ro-
sa-Cruz, que assim sabe encontrar por duas vezes a Palavra Sagrada
que solicita.
Essas quatro letras, em lingua hebraica, sao as iniciais do nome
dos quatro elementos primitives, conhecidos na antiga fisica.
Ha confusoes em torno da inscrigao I.N.R.I., atribuida, exclu-
sivamente, a frase resumida colocada no cimo da cruz onde Jesus
foi sacrificado.
Essas quatro letras eram conhecidas pelos antigos filosofos,
que tinham arrancado da natureza os seus segredos, dizendo que a
natureza se renova em sen proprio seio.
Essa doutrina de renovagao tern sido sempre a doutrina mago-
mca.
Os antigos Rosa-Cruzes formavam os seguintes aforismas:

Igne natura regenerando integral


Igne natura renovatur Integra
Igne nitrum rorsis invenitur.
Outros as interpretam, considerando-as iniciais da palavra he­
braica dos quatro elementos da antiga fisica:

Lammin (Agua) - Nour (Fogo)


Roauhh (Ar) - Labeschech (Terra).
Os modernos Rosa-Cruzes47 as dao como iniciais das palavras:
India, Natureza, Regeneragao, Ignorancia.
E tambem: Indefeso nusu repellamus ignorantiam.

47. Nao confundir com o Grau 18, Principe Rosa-Cruz, da Maq:onaria.


O Simbolismo das Cinco Viagens 143

Adefinigao mais vulgarizada a respeito das iniciais I.N.R.I. e a


de que sao as iniciais da sentenqa escrita em latim, colocada sobre a
cruz onde morreu Jesus: Jesus Nazarenus Rex Judeorum.4*
A seita ou escola dos “Rosicrucians” fazia uso das iniciais para
expressar um dos segredos da alquimia: “O fogo renova completa-
mente a natureza”. Tambem adotaram as iniciais para expressar seus
tres elementos principals, que eram o “sal, o enxofre e o mercurio”.

Quinta Q/iagzm
De tudo o que foi dito sobre a quinta e ultima Viagem, pinqa-se
um aspecto relevante que diz respeito a liberdade.
A liberdade tanto pode ser um elemento da propria natureza,
como condiqao intrinseca do homem, ou um estado emocional.
Ele tern tido os seus mementos de evoluqao e os seus conceitos
ampliam-se, alteram-se ou modificam-se. O conceito de liberdade de
mil anos atras, evidentemente, nao era o mesmo de hoje.
Todos os pensadores, os grandes homens, os filosofos, os sabios,
os grandes condutores de homens, tern definido liberdade de multiplas
formas, contudo, todos mantiveram um denominador comum: a liberdade,
para o homem, esta na dependencia de sua propria vontade.
Liberdade, conceituada quanto a livre locomoqao, pertence ao
campo politico e social.
As Constitutes dos paises destacam a importancia dessa
liberdade.
A Maqonaria tern lutado para manter a liberdade no mundo, e
isso vein comprovado na fase historica da Maqonaria.
A luta pela liberdade e um sentimento inato no homem e nao
dependera da Maqonaria mante-la, inspira-la ou cultiva-la.
Outras Institutes, que nao a maqonica, tern em seus programas,
tambem esse proposito, de modo que, para a Maqonaria nao e uma
questao filosofica.

48. Jesus nazareno, rei dos judeus.


144 Simbolismo do Segundo Gran

Alem da liberdade de locomoQao, “ir e vir”, na linguagem ju-


ridica, ha outra liberdade a considerar: a liberdade de todas as rayas
possuirem os mesmos direitos.
Ate pouco, a Magonaria dos Estados Unidos nao admitia em suas
Lojas membros de cor preta, on que possuissem sangue, de qualquer
percentagem, da raga negra. Isso, no pais considerado o mais civili-
zado e lider dos povos; felizmente, tal discriminagao tenninou.
Felizmente, no Brasil, a Magonaria nunca teve esses problemas.
Liberdade para todas as ragas e um ideal magonico vivo nos paises
onde surge a necessidade de luta, para banir a errada concepgao de que
um homem difere dos demais por ter outra cor em sua pele.
Hoje, nao temos mais no mundo restrigoes quanto a liberdade
cultural e religiosa; cada homem tern o pleno direito de dedicar-se ao
estudo, escolher uma profissao e professar o seu culto.
Alguns paises, ainda em fase experimental nesse terreno, posto
passados ja longos anos, constituent excegao. A Magonaria nao pode
lutar em beneficio desses homens, porque tambem ela c banida; os
govemos excepcionais tern duragao limitada, enquanto a Magonaria
possui tradigao secular; sempre chegara, como sempre chegou, o dia
da emancipagao desses povos.
Essa liberdade de fazer, estudar, adorar a Deus, ir e vir, votar
ou ser votado, embora constitua relevante condigao social e politica
do homem, nao tern muito importancia.
Liberdade, como estado emocional, e a que apresenta mais
interesse de estudo e que na Quinta Viagem, sobressai.
A partir de Socrates, com a sua maxima: “Conhece-te a ti mes-
mo”, liberdade necessitou de novo conceito.
Conhecer-se a si mesmo nao e somente estar a par dos minimos
detalhes quanto ao organismo humano, em sua parte tisica ou psiquica;
isso sera de grande importancia, mas nao e tudo.
Socrates diz que o homem deve conhecer. ou melhor, reconhe-
cer a propria ignorancia. Esse e o sentido do pensamento socratico.
Porem, isso tambem nao e tudo, pois o homem sensato de hoje
tern consciencia de sua ignorancia, mormente face a evolugao tec-
nologica e do pensamento humano.
0 Simbolismo das Cinco Viagens 145

Um grande escritor modemo disse que “A liberdade e a faculda-


de humana para conduzir o pensamento e a ai^ao para um determinado
sentido, com o menor numero de obstaculos”.49
Liberdade, na Quinta Viagem, tern o significado de Libertac^ao.
Dissemos inicialmente que para o homem, a sua liberdade esta
na dependencia de sua propria vontade.
Mas, na realidade, essa concepgao “humana” choca-se com a
liberdade, elemento da natureza.
Ha leis estabelecidas nos tres Universes: no Universe Cos-
mologico; no Universe de dentro do homem; no Universe espiritual
de Deus.
Essas leis foram estabelecidas pelo construtor dos Universes,
o Grande Arquiteto, Deus para a MaQonaria.
O que o Grande Arquiteto estabeleceu foi definitive, permanente
e perfeito, pois Ele e justi<;a e perfeipao, o dualismo, sempre repetido
e aceito, em todas as reunifies magfinicas.
A liberdade filosofica deve ser conduzida nesse sentido, isto e,
libertar o homem de sua ignorancia, a respeito da real concep^ao do
termo liberdade.
Este voo de liberdade em direcao a liberdade no “seio” de Deus,
e a verdade ma^finica.
O Mestre Nazareno ja dizia: “Conhecereis a Verdade e a Ver­
dade vos libertara”.
O “Conhece-te a ti mesmo”, de Socrates, nada mais e do que
a descoberta, dentro da mente do homem, de que ainda e escravo de
suas paixfies, emogfies e ignorancia e que precisa ser libertado e que
essa libertagao nao depende de mais ninguem, a nao ser de si mesmo.
Porem, como o estudante necessita de um Mestre. de uma escola
e de outros meios para aprender, o homem em busca de libertagao
necessita, tambem, dessas condigfies.
Como isso constitui um trabalho, somente em uma Oficina ele
encontrara as condigfies de que precisa. Essa oficina sera uma oficina
magfinica.

49. Alfredo M. Saavedra.


146 Simbolismo do Segunclo Grau

O trabalho dentro de uma Oficina e de investigate; inicial-


mente, o pensamento e conduzido pela mao de um Mestre; parecera
que cada um absorve a concep^ao filosofica do Mestre; isso apenas
no inicio, pois o alimento recebido fara o organismo crescer ate o
momento propicio a autocritica e autoanalise.
Entra sempre, obviamente, a presen9a de Deus, que inspira, da
abertura, alimenta a tolerancia e penetra na razao do Companheiro
que, aparentemente por si mesmo, evolui, mas que, na realidade,
cresce merce o auxilio amoroso de sen “Pai”, o Grande Arquiteto
do Universo.
No 2y Grau, o Companheiro pertence ao grupo “iniciatico” do Rito.
No 1Q Grau, o Aprendiz tern diante de si um panorama geral
sobre a Magonaria e se detem no estudo exterior dos simbolos.
Sera como Companheiro que o magom buscara na filosofia
afirmar-se no proposito de atingir o mestrado.
Muitos magons inexperientes criticam o porque de a Magonaria,
ainda e sempre, estudar os conceitos dos sabios antigos e dar pouco
significado aos filosofos modemos e atuais.
A explicagao e primaria: as linhas mestras da filosofia magonica
sao imutaveis, porque sao esteiadas nas leis da natureza; e foram os
sabios antigos que nos revelaram o significado dessas leis e sobretudo
sobre os conceitos filosoficos de justiga, liberdade e fratemidade.
Nada ha a acrescentar aos conceitos antigos, pois o pensamento
atual nada mais e que uma adaptagao ao mundo de hoje, dos conceitos
de on tern.
Em verdade, temos certas facetas curiosas, como o que nos traz
a Parapsicologia.
Mas isso constitui uma especializagao sobre o conceito da mente
humana; e uma ampliagao ousada, ainda no campo experimental,
uma especie da “parapsicologia operativa”, em termos magonicos.
Isso nao impede que nas Lojas magonicas tambem haja excursao,
no campo da Filosofia, da Psicologia, da Logica, da Parapsicologia
e demais ciencias correlatas.
Porem, devemos nos render a uma realidade, para sermos honestos
e justos: a tendencia ao estudo de parte do magom latino-americano e
modesta.
O Simbolismu das Cinco Viagens 147

No Brasil, a luta para que cada Loja possua a sua biblioteca para
propiciar aos sens membros facilidades de estudo tem sido ingloria;
os proprios autores de literatura magonica sao escassos; estamos na
dependencia dos autores estrangeiros e sem possibilidades de termos
obras traduzidas.
O objetivo primordial do Companheiro e o estudo da Ciencia;
ciencia diz respeito ao estudo de todos os ramos do conhecimento
humano, sem segredos, com abertura e disposi^ao humilde de
aprender.
Seria ridiculo pretendermos que a Ma^onaria atual distribuisse
conhecimentos cientificos aos sens membros, face a existencia de
escolas e Universidades em numero suficiente para que todos encon-
trem o que aspiram ou necessitam.
Tambem as livrarias estao superlotadas com livros de todos os
gostos e matizes, tecnicos e praticos.
Por isso, a Ma^onaria dedica-se ao estudo de apenas “alguns
aspectos” cientificos, sobre assuntos que interessam a formagao social,
moral e espiritual do homem.
O coroamento desse estudo, portanto, e a libertagao da mente
Humana em busca de seu “eterno refugio”, o Grande Arquiteto do
Universe.
^ £Pa/:auza zada

A referencia mais antiga que temos sobre a Palavra Sagrada e


encontrada no 1Q Livro dos Reis, capitulo 7, versiculo 21 da Historia
sagrada.

“...Depois levantou as Colunas no portico do templo:


e levantando a coluna direita, chamou o sen nome JA-
QUIM...”

A sua tradugao no vernaculo Ihe da o significado de ESTA-


BILIDADE.
Alguns autores Ihe dao origem grega: uma palavra composta
de: “Jah”, que significa Deus, e “lachin”, com o significado de: es-
tabelecera, on seja: “Dens estabelecera”.
A Biblia nao esclarece os motives que Salomao tivera para
colocar a palavra Jaquim na coluna do “Suf . posto que, analisadas
as escrituras, encontremos muitos nomes iguais ou dele derivados:
No Livro de Genesis, surge como o quinto filho de Simeao,
filho de Jaco e pai dos jaquinitas.
Os jaquinitas formavam uma associa^ao conhecida como a dos
homens justos.
No Livro das Cronicas encontramos urn chefe de uma familia
de sacerdotes a service do templo de Jeova.
A coluna, denominada Jaquim, e que se podera resumir como a
coluna “J", recebe outros significados, como sendo a da: estabilidade,
firmeza, durabilidade, etemidade, imortalidade, constancia. engenho,
talento, perseveran^a, beleza, etc.
O consagrado principio ma<?6nico “A minha perseveranga esta
no bem constituiu a base solida para que Hiram gravasse a inicial

148
A Palcivra Sagrada 149

“J” na coluna do Sul, no templo de Salomao, coluna que, junto com


a do Norte e inicial “B”, sustem o mundo simbolico ma^onico.
Se a coluna “B” sustem o mundo material, a coluna “J” sustem
o mundo espiritual.
Se a Palavra Sagrada do 1<J Grau representa a materia com todas
as suas formas materiais, a Palavra Sagrada do 2- Grau simboliza as
formas espirituais. Sao, somadas, a defini^ao aurea da Magonaria, de
forma “real e verdadeira”.
Real, no sentido material; verdadeira, no sentido espiritual.
Trata-se de assimilar o significado da palavra Jaquim, dentro
do filosofismo profundo emanado de um dos principals simbolos do
29 Grau, a sua coluna mestra.
Como o Aprendiz foi chamado para a pratica de atos de eleva-
da moral, magnitude e poder, o Companheiro, ja de posse daquelas
virtudes, dirige seu interesse no sentido de desenvolver de forma
consciente as obras sociais, cientificas e morais que beneficiam a
humanidade, preparando as gera^oes vindouras.
A tarefa maqonica constitui o saber ser util a sociedade, a patria
e a humanidade, mesmo que isto Ihe traga sacrificios e em resumo,
conscientizar-se o magom de sens deveres para com o Ser Supremo,
para com seu semelhante e para consigo mesmo.
Essas praticas decorrentes do significado da Palavra Sagrada
nao sao executadas dentro das Lojas, pois nao e trabalho imediato e
coletivo, mas sim fora da Loja, na condigao de membro da sociedade,
cidadao e chefe de familia, bem como dirigindo o seu cuidado para
consigo mesmo, em todos os sentidos. Sera o reflexo da dedica^ao e
do estudo que sai de dentro da Loja e se espalha pelo mundo.
aLauxa ds dP
De conformidade com a primeira instru^ao de nosso Ritual,50 a
Palavra de Passe tern origem nas Sagradas Escrituras,51 na epoca em
que o exercito dos efraimitas atravessou o rio Jordao para combater
Jefte, famoso general gileadita. A desaven<;a originou-se do fato de
nao serem os efraimitas convidados a participar da honra da guerra
amonita, o que quer dizer da nao participagao dos ricos despojos dos
vencidos. Os efraimitas eram turbulentos e se empenharam na des-
truigao dos gileaditas. Jefte tentou, por todos os meios, contornar a
crise em busca da paz e, na impossibilidade, aceitou o desafio, lutou,
venceu e derrotou os efraimitas, pondo-os em fuga.
Para assegurar definitiva a sua vitoria, Jefte enviou destacamen-
tos para guardar as passagens do rio Jordao, por onde tenta-riam os
insurretos retomar ao seu pais.
Deu ordens drasticas para que todo fugitivo que tentasse retomar
fosse executado.
Como os efraimitas eram astuciosos, usaram de todos os sub-
terfugios para enganar os soldados.
Por defeito vocal, os efraimitas nao podiam pronunciar a palavra
schibolet; diziam sibolet.
Esse defeito foi usado por Jefte, e todos que tentavam ultrapassar
o rio Jordao pronunciando sibolet eram mortos.
As Escrituras Sagradas informam que morreram, no campo de
batalha e na tentativa de regresso, 42 mil efraimitas.
Como a palavra schibolet resultou uma senha segura, o rei
Salomao a usou, posteriormente, como Palavra de Passe para os
Companheiros.

50. Ritual da Grande Loja do Rio Grande do Sul.


51. Juizes 12: 1 - 7.

150
A Palavra de Passe 151

Essa palavra foi adotada pela Masonaria, tanto pela sua origem
historica, como pelo sen significado.
Apesar de sua origem hebraica, a forma de grafia difere um
pouco entre os masons de varias nacionalidades.
Nas Escrituras Sagradas, a versao brasileira vem escrita como
“chibolete”; originariamente, deveria ser escrita: schibboleth\ ha
outras formas: shibbolet, chibolett, shibolet, cibolet, etc.
O valor da palavra e a sua pronuncia e nao a forma de escreve-la,
pois em certas linguas, como o italiano, o “CH” e pronunciado como “Q ,
a palavra seria “quibolef, o que desnaturaria a sua fungao.
A Palavra da Passe e pronunciada com um “chiado”, enquanto
a que pronunciavam os efraimitas era sibilada.
Para a Magonaria, agora, apenas importa a pronuncia hebraica,
ou seja, “chiada”, pois a sua forma incorreta nao tern mais razao de ser.
Para a Magonaria, o valor da Palavra de Passe e o seu signifi­
cado simbolico.
Em hebraico significa “espiga de trigo” e tambem, “corrente
de agua”.
“Numerosos como a espiga de trigo”, no sentido de “uniao ,
como simboliza a roma.
A Palavra de Passe representa o Reino Vegetal.
O trigo sempre foi considerado um grao sagrado, indispensavel
a vida humana; o pao quotidiano, tornado por Jesus Cristo como
simbolo da sua propria came.
No que diz respeito a “corrente de agua”, seu Simbolismo toi
tornado por ser a agua um dos principais elementos da natureza,
indispensavel a vida.
O trigo vale pela sua madureza; estara pronto para servir de
alimento quando os sens graos estiverem secos e puderem fornecer
a farinha.
O trigo tern relagao intima com os Misterios de Eleusis; em
grego stachys, tern como raiz o elemento “sta”, que se pode traduzir
por “estar”; a espiga de trigo vem colocada como “a que esta”, ou
“estacionada”, que equivale dizer sazonada, amadurecida, atingindo
a posigao que alcangou apos passar o ciclo evolutive natural.
152 Simkolismo do Segumlo Gran

Em hebraico, a etimologia da palavra “trigo” tem a raiz semiti-


ca SBL, que significa “derramar”, “espargir”, “proceder”; a palavra
shabil traduz-se como “sendeiro ou caminho”. Em resumo pode-se
entender que o trigo e urn ramo produzido per uma corrente de agua,
atraves de urn caminho percorrido, produzindo “pedras preciosas” ou
“graos preciosos”.
“Cibelis”, introduzida dentro do hebraico, ou seja, a “terra fe-
cunda e produtiva”, o que e muito considerado nos misterios.
Em grego, sibo lithon, ou sebo lithon, que significa: “cultivo”
ou “hom o a pedra”.
Em latim, spica, que significa “agudez” ou “penetragao”, rela-
cionando-se com o verbo spesere, “olhar”.
Em sanscrito spac, seguindo o mesmo sentido latino.
Portanto, a palavra schibole reune os significados de “estabilida-
de produtora”, “caminho fecundo”, “maturidade elevada”, “produ^ao
preciosa" e “penetragao clarividente”.
A espiga de trigo encontra-se representada tambem no fir-ma-
mento, como a estrela mais luminosa da constelagao de Virgo; trata-se
de urn simbolo comum a todos os Misterios da Antiguidade.
Encontramos as espigas de trigo omamentando os cabelos das
deusas egipcias; na liturgia catolica romana, a espiga simboliza a
eucaristia.
Nos Misterios de Eleusis, comparava-se o iniciado com uma
espiga de trigo, como produto fecundo do esforgo vertical e da ati-
vidade do grao oculto no seio da terra, germinando favorecido pela
umidade, abrindo caminho, contornando as dificuldades e vencendo
a forga da gravidade, em busca dos beneficos raios solares, ate que
o esforgo seja gratificado com o amadurecimento do fruto que passa
a ser util para a vida.
O misterio da fecundidade encontra na espiga de trigo o sen
maxi mo Simbolismo.
Germinando o grao, crescendo a planta, no sentido oposto a
forga da gravidade de seus instintos e paixoes, o Aprendiz vence e
se transforma em Companheiro, quando se encontra e estabelece no
piano elevado, para amadurecer e, por sua vez, frutificar.
A Palavra de Passe 153

O grao de trigo amadurecido tem duas fun^oes: a de servir como


alimento e a de ser Lima semente para multiplicar-se.
O Aprendiz e o grao de trigo com vida latente, que conserva o
misterio da reprodutpao. Conservado em lugar e ambiente apropriados,
nao germina, mas subsiste.
Temos exemplos por demais conhecidos de graos de trigo encon-
trados nos tumulos dos farads egipcios, que apos cinco, seis ou mais
milenios plantados e umedecidos, germinaram e produziram fruto.
O trigo tem a faculdade de manter-se indefinidamente integro.
O Aprendiz, por sua vez, dado os conhecimentos que annazenou,
tambem pode manter-se integro, com for^a latente, esperando a
oportunidade de encontrar terra fertil.
Sendo o Aprendiz o proprio grao de trigo, pode permanecer
indefinidamente no estado de grao, porque tem consciencia de que o
Grande Arquiteto do Universe ha de prover o seu destine.
Destine aqui deve ser entendido como destinacao, ou seja, a
missao que devera cumprir dentro da multiplicidade ma<;6nica refle-
tida em sens diversos Grans.
O Companheiro e o grao germinado; caso o Companheiro de-
monstre pressa e deseje afoitamente germinar para encetar o caminho
da multiplica^ao, corre o risco de ser langado em lugar inapropriado e
secar ou ser devorado por aves daninhas.
E bela a parabola do semeador:52
“Eis que o semeador saiu a semear. E quando semeava,
uma parte da semente cam ao pe do caminho, e vieram
as aves, e comeram-na.
E outra parte cam em pedregais, onde nao havia terra
bastante, e logo nasceu, porque nao tinha terra funda.
Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque nao
tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e
sufocaram-na.

52. Mateus 13: 3-8.


154 Simbolismo do Segundo Gran

E outra caiu em boa terra, e deu fruto: urn a cem, outro


a sessenta e outro a trinta”.
A sabedoria do Nazareno demonstrou que apenas uma quarta
parte da semente germina e produz fruto.
Atirar em lugar facil, comodo e precipitadamente os ensinamentos
ma^onicos equivale a semear ao longo do caminho, onde facilmente
a semente e colhida pelos oportunistas. A palavra torna-se va e nao
produz resultado algum.
Atirar os ensinamentos magonicos em local inapropriado, posto
com resultados aparentes, mas superficiais, equivale aos que trazem
afoitamente para dentro das Lojas os entusiasmados e levianos profanes.
Aparentemente se integram no ideal, mas nao sintonizam espiritualmen-
te; o entusiasmo fenece sufocado pelas paixdes e interesses egoisticos.
O sol, que e luz, nem sempre da benelicios por meio de seus
raios; pode queimar e prejudicar. Muitos se queimam e jamais retor-
nam as I ides magonicas.
Os timidos e os despreparados aceitam o convite, mas logo se
veem sufocados pelos circunstantes e desanimam, retirando-se porque
o meio ambiente nao Ihes e propicio.
Finalmente, quando a semente e langada em terra adubada,
umida e dada toda assistencia, o Aprendiz aproveita a oportunidade
e cresce, lutando para seguir urn caminho vertical, criando raizes
profundas para que os ventos nao o perturbem, subindo em diregao
a luz e ao calor.
Com o devido tempo, dentro do piano divino, o Aprendiz encon-
tra, como Companheiro, o caminho de sen ideal em busca dc novos
horizontes. Percorre dentro da verticalidade, tambem paralelamente,
o caminho horizontal da fraternidade, do bom exemplo e do aprovei-
tamento das ligoes que recebc.
A Palavra de Passe tern este significado: a trajetoria encetada
pelo Aprendiz em busca do mestrado.
(D Jbinat do ^xau

O “de pe e a ordem” difere de Grau a Gran, como diferem as


Palavras Sagradas e de Passe.
O “sinal” e feito de pe; os pes em esquadro como no 1° Grau;
coipo ereto; a mao esquerda espalmada, mantido o polegar afastado,
formando urn angulo de 90Q; bra^o erguido, formando com o ante-
brago outro esquadro; a mao nao podera ultrapassar a cabega, com
o significado de que a mente deve permanecer sempre em posigao
mais elevada.
A mao esquerda e o embriao de um estandarte que, em Graus
mais avangados, passa a ser usado; o homem sempre criou para
si uma imagem de vitoria, uma bandeira, um estandarte, algo que
pudesse transportar mostrando poder e conquista; sua mao esquerda
revela, por outro lado, pelos seus sinais, suas linhas e elevagoes,
como “carteira de identidade”, comprovando a todos ser um indi-
viduo “aberto”, que nao teme revelar o sen “passado” ou o que Ihe
preserva o future.
A quiromancia, do grego: kheir = mao; manteia — adivinhagao ,
constitui uma ciencia-arte de adivinhar o carater e o future de uma
pessoa, pelo exame das linhas, dos sulcos e elevagoes das maos; a
quiromancia era praticada por todos os povos da Antiguidade; cgip-
cios, caldeus, assirios e hebreus; foi estudada pelos filosotos gregos
e latinos; na Idade Media foi muito cultivada.
No inicio do seculo XVII, o capitao frances d’Arpentigny e seu
amigo Desbarolles publicaram as primeiras obras sobre o assunto.
O exame do quiromante e procedido, preferencialmente, na
mao esquerda, que e a menos deformada pelo trabalho e tida como
a mao do “coragao”.

155
156 Simbolismo do Segundo Gran

As primeiras quatro linhas a serein estudadas que formam urn


“M” - (Magonaria) constituem a “linha da vida”, a “linha da cabega”,
a “linha do coragao” e a “linha da fortuna ou da sorte”; esta ultima
linha e chamada tambem de “linha de Satumo”.
As saliencias que se encontram na base dos dedos representam
o “Gran das qualidades”:
“O monte de Jupiter” indica a religiao, a ambigao, a alegria e a
felieidade; o “monte de Satumo”, a sabedoria e a sorte.
O “monte de Apolo” ou do “Sol”, a gloria, a inteligencia e o
gosto do belo; o “monte de Mercurio”, o amor ao trabalho, o comer-
cio e a cicncia; o“monte de Marte”, a coragem; o “monte da Lua”, o
sonho, a melancolia e a castidade; o “monte de Venus”, a caridade,
a elegancia e o amor.
Tambem sao estudadas as linhas secundarias, as “cruzes”, as
“estrelas” e os “angulos”.
Hoje, a quiromancia e uma pratica em desuso, porem o estudo
das maos assume novos campos da psicologia.
Se o sinal do Aprendiz e feito com a mao espalmada para bai-
xo, no do Companheiro, a mao e erguida, tambem para efeitos mais
esotericos.
As maos assumem importancia vital por serem a expressao mais
forte do sentido do tato.
Urn contato entre maos consola, alivia, traduz sentimentos.
Foi sempre o gesto das maos53 que trouxe cura para os enfer-
mos. Nenhum Ritual se desenvolve sem os movimentos adequados
das maos.
Jesus usou muito o toque para os sens “milagres”.
Na “Cadeia de Uniao”, o estreitar das maos deve ser forte e deve
ser possivel sentir por meio desse aperto, a passagem de energia.
Nos cultos, as maos tern fungao mistica, seja no gesto de uma
extrema-ungao, ou no simbolo de uma bengao.
O Aprendiz magom usa as maos para desbastar a pedra bruta; o
Companheiro, para burila-la, ambos, com gestos precisos.

53. Vide A Cadeia de Unido e Sens E/os, do mesmo autor.


O Sinai do Gran 157

Paulatinamente, educando-as, o homem aprende a usar as maos


e dar a cada uma, uma tarefa diferente, usando-as ao mesmo tempo.
Com o buril em uma delas e o mapo na outra, a obra surge entre
vigor e beleza.
A energia e transmitida em grande parcela pelas maos, saida
das formas advindas de um poder central; aquele que se empenha
em doar, recebera em proporgao maior. Nao se trata apenas de uma
“troca”, nem singela comunicagao, mas um real contato dinamico.
distribuindo equilibrio.
Porem, a “dadiva” nao vein somente por meio do contato. No
caso do Companheiro, ao erguer a mao esquerda, esta “dadiva ' vem
distribuida pelo simples fato de que antes e “captada”, e depois, “re-
fletida”. A mao transforma-se em “receptor-transmissor” de ondas
eletricas magneticas, enfim, distribuidora de benesses.
A mao esquerda erguida e espalmada torna-se um elemento de
acumulagao; o acumulador nao pode tao-somente acumular energias,
sob pena de explodir. As forgas contidas no ser humano nao podem
ser apenas armazenadas; torna-se precise distribui-las para que possa
haver mais produgao e criatividade; e o preceito evangelico do “da
e receberas”.
A “mao” traduz poder. Lemos no livro do Exodo, capitulo 7,
versiculo 4: “Colocarei a minha mao sobre o Egito”, disse Jeova.
E mais adiante: “Quando Moises erguia sua mao, os israelitas
venciam .
E no livro de Deuteronomio, capitulo 32, versiculo 40: “Eu ergo
a mao ao ceu, e digo...”
O sinal e completado com a mao direita em forma de garra
sobre o coragao.
Esse gesto diz respeito ao juramento do Grau, de que prefere
que Ihe seja arraneado o coragao e dado como paste aos abutres, a
revelar os segredos recebidos.
Esse castigo provem da mitologia grega, na qual descreve o
suplicio de Prometeu.
Prometeu, deus ou genio do fogo, filho do tita Japeto e irmao
de Atlas, e dado como iniciador da primeira civilizagao Humana; de­
pois de formar o homem com o limo da terra, furtou, para o animar,
o fogo do ceu.
158 Simbolisnw do Segundo Gran

Jupiter o castigou e mandou Efaisto acorrenta-lo no cimo do


Caucaso, onde um abutre Ihe devorava o figado que continuamente
renascia.
Hercules, posteriormente, liberta-o matando o abutre.
O abutre representaria o pensamento negative que atormentava
o cora^ao de Prometeu, tornando-o impotente atraves das cadeias
que o atavam.
O coragao sempre simbolizou o principio vital que anima o
organismo.
O limo da terra, formado de po e agua, significa o produto da
evolugao natural dos elementos, de cima a baixo; do mais dense ao
mais sutil. E o centre do homem, a sua consciencia, o seu Eu.
O fogo sagrado que Prometeu buscou no ceu e a chispa divina,
a razao que no homem e dirigida per Jupiter, on seja, o criador.
O castigo obviamente nao e decorrencia da revelagao dos discu-
tidos “segredos” magonicos, mas sim o retorno as paixoes da came,
com o abandono das elevadas conquistas espirituais.
Jupiter nao representa castigo on vinganga, mas o cumprimento
da Lei universal; cada ser se autocastiga pela desobediencia.
Vulcano, o mitologico deus encarregado do castigo a Prome­
teu, representa os “metais” ou qualidades materiais do homem que
o escravizam e acorrentam ao Caucaso da materia, ate que nao se
adapte a verdade.
O abutre e o simbolo do arrependimento interior, o sentimento
de culpa que se aninha em seu coragao, conscio de sua condigao de
escravo e do desejo de sua libertagao, que finalmente se realiza gragas
aos sens esforgos, personificado por Hercules.
As forgas intemas e espirituais libcrtam o homem da escravidao.
Ele prefere arrancar o simbolo da vida que e o seu coragao, a deixar
de lutar pela sua total libertagao, no esforgo da autorrealizagao.
O Companheiro, ja iniciado, fiel ao seu ideal, deve zelar para
nao recair a vida anterior, quando se entregava as paixoes, tomando-as
alimento para os sens desejos inferiores.
O sentimento de culpa e a longa caminhada para veneer os
obstaculos tornam o castigo.
O Sinai do Gran 159

O sinal deve ser feito no seu todo; pes em esquadria, corpo


ereto, rosto erguido, olhar a frente, labios cerrados, mao esquerda
erguida, mao espalmada, polegar esquerdo em esquadro, mao direita
em garra sobre o corapao.
O conjunto do sinal e que constitui a posigao mistica do Com-
panheiro. Nessa posi^ao de “pe e a ordem”, ele jamais podera ter
recaida e retornar ao passado de escravidao; e um sinal de vitoria,
erguendo o estandarte, irradiando formas, sustendo seu centre vital
de energia e colocando-se em posigao vertical, fugindo da hori-zon-
talidade material.
Se o sinal recorda o juramento, tambem demonstra que esta
observando os preceitos do Gran e mantendo viva a promessa feita
no altar.
O sinal e “armado” obedecendo a uma ordem preestabelecida:
ao erguer-se, ou estando de pe, assume o corpo posigao de “sentido
militar. A Magonaria tern posturas e hierarquia militares.
Com todos os musculos sob controle, em primeiro lugar vein os
pes em esquadro, significando que sobre a terra, entre os seus seme-
Ihantes, na familia, coloca-se o Companheiro dentro de duas linhas
retas que se encontram em 90-, formando um angulo de ajuste, de
equilibrio e de normalidade.
As suas pernas, quais Colunas de um templo humano, eretas,
mantem os musculos energicamente distendidos, prontos para en-
frentar possivel luta.
Seu abdomem, pescogo e cabega, rigidos na expectativa de
enfrentar um impacto, sao as forgas negativas que passam a atingir o
homem, na tentativa de vence-lo e escraviza-lo. Prevenido, o Com­
panheiro nao sera, jamais, surpreendido.
Ao mesmo tempo, em gestos sincronizados, ao erguer-se o brago
esquerdo, o direito o acompanha e, simultaneamente, espalma-se a
mao esquerda e contrai-se a direita; sao os movimentos opostos do
equilibrio; e a maxima Evangelica de que a mao direita nao sabe o
que a esquerda faz; sao atitudes unissonas, porem independentes.
Assim, em postura perfeita, o Companheiro agiganta-se; o
conjunto de gigantes dentro de uma Loja de Companheiros forma a
forga irresistivel de que a Magonaria tanto se orgulha.
dotunai54

Ao nos referirmos as Colunas magonicas, seja-nos permitido


dizer que o desenvolvimento da Arquitetura afastou dos templos
magonicos o estilo primitive, pois as que se adotam na atualidade
sao de tres ordens: dorica, jonica e corintia.
Ate as duas Colunas do atrio distanciaram-se tanto das idealiza-
das por Salomao, que apenas conservam os simbolos representados
pelas romas.55
A historia das Colunas c atraente, embora pouco se saiba a
respeito dos seus criadores.
Iniciaremos o estudo descrevendo o que e uma coluna no as-
pecto material.
Trata-se de urn pilar cilindrico destinado a sustentar uma abo-
bada ou usado para omamentagao.
As primeiras Colunas foram erguidas para expressar sentimentos
religiosos, isoladas, como um bloco monolitico, encontradas, simul-
taneamente, em todos os povos e em todas as epocas.
As Colunas nao sao necessariamente construidas de pedra ou
alvenaria. As Colunas de um jornal; coluna de vertebras; de obje-
tos superpostos; de fogo; de agua; de fumaga; de soldados, coluna
moral, etc.
No antigo Egito, as Colunas eram monoliticas.
Temos, na ordem arquitetonica classica, oito especies: salo-
monica, egipcia, assiria, dorica, jonica, corintia, composita, toscana.
Cada coluna obedece a medidas exatas e se divide em nove
partes.

54. Vide Introchiqao a Maqonaria, do mesmo autor.


55. Referimo-nos aos templos brasileiros.

160
As Colunas 161

Consoante o estilo em cada uma dessas partes, surgem os orna-


mentos peculiares, como bem demonstram as ilustra9oes.
Em toda parte, desde a Antiguidade ate os nossos dias, erguem-
se Colunas comemorativas. As mais celebres sao: as de Trajano,
em memoria da vitoria de Trajano imperador sobre os Dacios,
com altura de 29 metros; a Antonina, erigida no campo de Marte
a Antonino o Pio, 23 metros da altura; a coluna de D. Pedro IV,
em Lisboa; a coluna de Nelson, em Londres; a coluna do Grande
Exercito, em Bolonha.
Com a arquitetura modema, tudo o que se ergue ao alto tambem
e uma coluna, embora assumam formas e posiqoes inusitadas.
Ha uma coluna de ferro em Nova Delhi que nao oxida devido
ao clima seco, como ha outras curiosidades em toda parte, desde a
Ilha de Pascoa ate as grandes metropoles.
As Colunas denominadas “maqonicas” diferem em pequenos
detalhes uma das outras.
A coluna dorica, que e a mais simples e vigorosa, tambem e a
mais antiga. Caracteriza-se pela ausencia de base, assentando sobre o
embasamento geral; e de forma conica com um ligeiro engrossamento
do ter^'o superior; o fuste e canelado com arestas vivas; o capitel tern
varies filetes, um toro ou espinha dilatadas, que suporta uma goteira
quadrada.
O entablamento compoe-se de uma arquitrava elevada e lisa, de
um friso decorado com metopes e triglifos e de uma cornija guamecida
de mutulos inclinados.
A coluna jonica caracteriza-se por possuir um capitel ornado
com duas volutas laterals.
A coluna cormtia e a mais formosa pela harmonia de suas
proporqoes e pela decoracao de folhas de acanto dos seus capiteis. A
principio essa ordem foi usada, isoladamente, como omamento, como
no monumento Coregico de Lisicrato e Torre dos Ventos, em Atenas
e, posteriormente, como as demais Colunas nas partes secundarias
dos grandes edificios.
Os exemplares mais perfeitos encontram-se na Italia: no templo
de Vesta, em Tivoli; de Minerva, em Assis; no Panteon e no templo
de Antonino, em Roma.
162 Simbolisnio do Segundo Grau

A coluna corintia possui um fuste liso ou canelado com 20 a


32 caneluras. A base e atica ou jonica. A altura do entablamento e a
quinta parte da altura da coluna.
O friso e muito ornamentado ou liso e a cornija tambem varia
nas suas propor^oes e decora^ao.
As Colunas arabes, que se veem em Portugal e Espanha, fogem
aos estilos classicos romano e grego.
A coluna Composita e a fusao de varios estilos.
Miguel Angelo, Bellini e outros adornaram o Vaticano com Co­
lunas de varios estilos, inclusive com a coluna salomonica em espiral.
Alem dos estilos classicos referidos, encontramos outros mais:
atico, gotico, rostado, abalaustrado, embebido, isolado, etc.
As Colunas do templo magonico modemo sao em numero de
12, correspondendo cada uma delas a um signo do zodiaco, porem,
cada qual em estilo diferente; todavia, genericamente essas Colunas
obedecem o estilo jonico.
Os construtores de templos modernos nao se puseram, ainda, de
acordo para unificar um “estilo magonico”; em cada templo, vemos
uma confusao de estilos e colocagao desordenada.
A colocagao das duas Colunas “B” e “J”, por exemplo, nao
obedecem aos mo Ides do templo de Salomao; em vez de serem co-
locadas em um atrio, precedendo a entrada do templo, sao colocadas
dentro do templo.
Temos, assim, dentro dos templos, nao 12 Colunas, mas sim, 14.
As Colunas sao colocadas, seis ao Norte e seis ao Sul; represen-
tam, tambem, os 12 meses do ano; os 12 discipulos do Senhor, etc.
O sen sentido simbolico tern muito mais amplitude, porque as
Colunas sao a base “mental” da Loja.
As principals Colunas, porem, sao duplices porque estao repre-
sentadas: Adorica, pelo Primeiro Vigilante; a jonica, pelo Veneravel
Mestre; e a corintia, pelo Segundo Vigilante .
Ha uma coluna totalmente invisivel, a que nao pertence a ne-
nhuma ordem ou estilo. E a coluna que se ergue a partir do Ara ate
o Grande Arquiteto do Universe.
Essa coluna e a soma das outras tres, como o espirito Uno e a
soma: Pai, Filho e Espirito Santo, ou de qualquer outra Trindade:
Shiva, Vishnu e Brahma.
As Colunas 163

A sabedoria, a for^a e a beleza sao os tres atributos do Grande


Arquiteto do Universe.
No Cristianismo maqonico, o Veneravel Mestre representa a
vontade cristica; o Primeiro Vigilante, o amor cristico e o Segundo
Vigilante, o pensamento cristico.
Cada Dignidade e Oficial da Loja representa uma coluna, bem
como cada Mestre, Companheiro e Aprendiz.
Podemos dizer, para que haja exata compreensao, que uma Loja
e um conjunto de Colunas visiveis e invisiveis e que cada coluna tern
de sustentar um “encargo”.
Essas Colunas nao sao da mesma dimensao e altura, pois as
medidas variam conforme o conhecimento que cada um possui,
condiqao para evoluqao mental.
Mas todas se dirigem aos astros, como demonstraremos a
seguir: a do Veneravel Mestre, ao Sol (ciencia e virtude); a do Pri­
meiro Vigilante, a Netuno (purificaqao e estabilidade); a do Segundo
Vigilante, a Urano (eternidade e imortalidade); a do experto, a Sa-
turno (consciencia, firmeza e experiencia); a do Orador, a Mercuric
(forqa e firmeza); a do Secretario, a Venus (beleza e candura); a do
Tesoureiro, a Marte (honra e valor); a do Mestre de Cerimonias, a
luz (pureza e temperanqa).
As duas Colunas colocadas no Portico (atrio), que se denominam
de Colunas de Salomao, sao as Colunas espirituais da Loja.
Por sua vez, elas tambem sofreram alteraqoes desde as epocas
imemoraveis, pois representavam as Estrelas do Norte e do Sul
(Polares), Horus e Set, para modificarem-se com os nomes de Tat
e Tatu, que significa “em fortaleza” e “estabilidade” e, finalmente,
com as palavras “Boaz” (em fortaleza) e “Jachin”56 (estabelecer),
com o significado final de que a “Casa do Senhor sera estabelecida
em fortaleza”.
Dentro do templo de Salomao as duas Colunas representam a
lembranqa da fuga do povo de Israel do Egito, quando Jeova o dirigia
de dia, por meio de uma coluna de fumaqa, e a noite, uma de fogo.

56. Na grafia atual “Jaquinf'.


164 Simbolismo do Segundo Gran

Segundo a descriyao feita no 1" Livro dos Reis, capitulo 7, ver-


siculos 15 a 22, assim eram as referidas Colunas:
“Pois formou as duas Colunas de bronze, tendo cada uma delas
a altura de 18 cubitos (ou covados, igual a 66 centimetros) e uma
circunferencia que correspondia a uma linha de 12 cubitos.
Fez, tambem, dois capiteis de bronze fundido para os por sobre
o alto das Colunas; um capitel tinha cinco cubitos de altura, o outro
capitel, tambem cinco cubitos de altura.
Havia redes de malha e grinaldas de cadeias para os capiteis
que estavam sobre o alto das Colunas: sete para um capitel e sete
para o outro.
Fez as Colunas, e havia duas ordens de romas ao redor por cima
de uma rede para cobrir os capiteis que estavam no alto das Colunas;
assim tambem, fez para o outro capitel.
Os capiteis que estavam no alto das Colunas no Portico, na parte
que figuravam Hrios, tinham quatro cubitos cada um.
Perto da parte globular, proximo a rede, os capiteis que estavam
em cima sobre as duas Colunas tinham 200 romas dispostas em ordem
ao redor sobre um e outro capitel.
Levantou as Colunas no Portico do templo: tendo levantado
a coluna direita, pos-lhe o nome de “Jachim”; e tendo levantado a
coluna esquerda, pos-lhe o nome de “Boaz”.
O trabalho figurando Hrios estava em cima das Colunas; assim,
acabou a obra das Colunas”.
Os detalhes de construqao das Colunas obedeceram, evidente-
mente, a riqueza do artesanato da epoca, ciosamente, guardado em
segredo.
As Colunas eram ocas e serviam para a guarda dos arquivos, os
“Livros da Lei" e outros documentos.
O formato do capitel, lembrando uma uma, sugeriu a alguns
autores que simbolizaria o Globo terrestre, com os polos achatados.
A primeira noticia a respeito de que a Terra seria redonda, a
temos dos gregos e tudo nos faz acreditar qua Fliram conhecia per-
feitamente a teoria e a concretizara nas Colunas.
Somente com a descoberta da America e que ficou comprovado
que a Terra teria o formato de um globo.
c
As Colunas 165

Os omamentos compostos de Hrios, folhas e romas, certamente


deviam ter significado esoterico, uma vez que o Hrio era uma flor
mistica, assim como o era o lotus para os povos orientals.
A grinalda, composta de tres fileiras de lirios, que encobre a linha
que une o fuste com o capitel, mostra as flores abertas e desabrochadas
intercaladas com folhas. A grinalda colocada acima e composta de
botoes de lirios, pendentes e de pe.
Nao podemos esquecer o significado das Colunas, de que “como
e acima, tambem o e abaixo”, ou seja, que a terra reflete os ceus.
Se acima do fuste foram colocadas flores. frutos e uma rede,
forqosamente, simbolizariam algo de espiritual.
O lirio tambem simboliza a “candura” do homem em extase.
Os lirios sao os “iniciados” e sao dispostos em tres etapas; os
botoes da fila superior simbolizam os iniciados nos misterios de Isis;
os da fila central e desabrochados simbolizam os iniciados de Serapis,
com o seu esplendor: a terceira fila, de Osiris, que desceu ao mundo
para auxiliar e iluminar a humanidade.
Magonicamente, lembram os tres Grans: Aprendiz, Compa-
nheiro e Mestre.
As romas sao os frutos que surgem do labor executado pelos
iniciados. Cada roma contem em si um sem-numero de sementes,
perfeitamente unidas e dispostas com equilibrio de uma cor vermelho
luminosa. Simboliza a uniao e a fecundidade.
As cadeias com os seus elos diferentes simbolizam as ra^as,
mormente porque diversos povos foram empregados na construgao
do templo.
A rede que envoive o capitel simboliza a evoluqao, formada de
figuras geometricas todas iguais, a semelhanqa de um favo de abelha.
Nao ha referencia de que material teria sido construida a rede, mas,
sem duvida, o foi de fios de ouro.
O aspecto colorido das Colunas de bronze, encimadas com
flores brancas, frutos sazonados, rede dourada, devia apresentar um
efeito artistico muito belo.
O segmento superior e esferoide apresentava-se completamen-
te liso e despido de omamentos, o que significava que ainda havia
alguma coisa inexpressivel e incognoscivel.
J
166 Sinibolismn do Seguiub Gran

A colocaQao das Colunas obedecia a uma razao iniciatica, porque


por elas teriam de passar os que provinham do mundo profano em
busca de iniciaqao, perdendo as suas paixoes e vontades.
Entre Colunas, o profano neutralizava-se e despia-se de tudo o
que julgava possuir valor. Somente depois de o homem “estar esta-
belecido em fortaleza” teria forqas para viver em sabedoria.
Jamais podemos esquecer, contudo, que muitas das interpre-
ta^oes que os autores cabalisticos e teosoficos pretendem dar as
Colunas, nao podem ser aceitas sem antes verificarmos se nao vao
de encontro a tarefa que Salomao se propusera a executar: construir
urn templo ao Senhor!
As unicas figuras que Salomao se pennitira colocar dentro do
templo foram os querubins e os touros, no “mar de bronze”; nao ha
nenhuma imagem, nem de Isis ou Osiris.
Nao poderia Salomao enganar ao seu Senhor, construindo as
Colunas em substituiqao as imagens, para que simbolizassem outros
poderes e que viessem, mais tarde, dar margem a idolatria de seu povo.
Nao ha, tambem, explicaqao de por que terem sido colocados
querubins e nao apenas anjos.
Porem, analisando com profundidade os textos biblicos pode­
mos deduzir deles grande parte do significado simbolico, nao so das
Colunas, mas de tudo o que fora construido. Esse sera um trabalho
de erudiqao e que foge ao programado para a presente obra.
As Colunas modemas sao uma palida imagem das Colunas
do templo de Salomao e de uma forma geral encontramos nos
templos as da ordem dorica, jonica ou corintia, prevalecendo esta
ultima encimada por um globo terrestre e celeste, sobre os quais se
colocam romas.
Sao construidas de gesso, mantendo-se brancas e, raramente,
pintadas em dourado.
Constituem uma “fantasia” na qual a improvisaqao e a falta de
imaginagao e gosto sao coisas para se lamentar.
A rigor, seriam a coluna “B”, bronzeada e a coluna “J", dourada,
sendo uma opaca e a outra, brilhante.
A coluna “B” recorda a coluna de fumaga que obscurecia a visao
dos egipcios perseguindo os israelitas em sua fuga.
As Colunas 167

Simboliza a for^a e representa a terra, eis porque e encimada por


um globe terrestre. Essa coluna deveria, pelo menos, center alguns
Hrios, tudo coberto por uma rede.
O tamanho das Colunas usadas nos templos modernos nao obe-
decem a regra alguma, nem segue qualquer proporqao, fixando-se,
geralmente, em 2,5 a 3 metros de altura.
As originals deveriam ter 15 metros e 18 centimetros, ou seja,
23 cubitos ou covados.
As Colunas atuais servem exclusivamente como ornamento, pois
nao sao ocas e nao contem os tres compartimentos onde deviam ser
colocados as ferramentas, os tesouros e os Livros da Lei.
A coluna “B” pertence ao Primeiro Vigilante, e aos seus pes e
colocada uma pedra bruta, tendo ao lado, um maqo.
A coluna “.C deveria ser construida de uma ordem diversa da
coluna “B”, sendo o ceito a ordem jonica. E de cor mais clara e bri-
Ihante, embora esse detalhe nao seja observado; representa a coluna
de fogo que dirigia os fugitives pelo deserto.
A coluna e encimada por uma esfera celeste representando o
proprio Universe; possui as mesmas romas, Hrios e rede.
Aos seus pes se coloca a pedra polida e pertence ao Segundo
Vigilante .
Sao tres as Colunas do templo e representam: o saber, o belo
e a forqa.
Ha muito convencionalismo dentro de uma Loja maqonica e
isso nos torna fleugmaticos. A rotina mata o entusiasmo maqonico.
As tres Colunas do templo, certa ocasiao foram colocadas no
monte denominado “calvario”.
A do centro estava ocupada pelo Cristo; o Supremo Saber; ao
sen lado direito, Dimas, o belo; sua beleza proveio do arrependimento
e do pedido humilde que fez ao Mestre: “Lembra-ta de mim, quando
estiveres em ten reino”.
A forqa e representada por “Gestas", o malfeitor a sua esquerda:
um homem, tambem filho de Deus, mas que so conhece um atributo;
por mais absurdo que pareqa e por mais contraditorio que possa ser,
o quadro se completa com as tres cruzes, que se fundem em uma so.
Dentro do templo temos a fraqueza Humana, equilibrada pela
humildade e beleza de quern se arrepende. Tudo isso e sabedoria.
168 Simbolismo do Segundo Gran

Jesus morrera crucificado, conduzindo consigo, em sua sorte,


que no momento parecia pesadelo, os outros dois, que diante das leis
humanas eram considerados malfeitores.
Cumprira-se uma profecia, mais que isso, uma trilogia descon-
certante, mas gloriosa.
Aquilo que possa escandalizar o homem, para o Grande Arqui-
teto do Universe e tra9ado perfeito.
A compreensao de um simbolo deve ser as vezes afastada do
convencionalismo.
A simetria, as regras, as habitualidades, as rotinas devem des-
moronar.
O proprio veu do templo de Salomao nao se rasgara com a morte
dos tres crucificados?
As tres Colunas do templo sao vivas; perfeitas sempre, porque
e obra de Deus. Incompreensiveis para os homens, porque o templo
e de Deus. Desconcertantes, porque o que deve imperar e a vontade
de Deus e nao a dos homens!
“Ninguem pode julgar ningueirT'.
A Maconaria esta acima da concep<;ao humana, do que possa
estar certo ou errado. Ainda hoje, ha Lojas nos Estados Unidos que
vedam a entrada de 111390115 negros.
Nos recebemos 0 ma9om negro, mas Ihe exigimos certas qua-
lidades que nao possui, o que, em ultima analise, tambem e uma
restri9ao.
Muito do que alegamos ser certo, esta errado e nao podemos ter
certeza nas afirma9oes; os erros e os acertos tambem podem ser sim-
bolicamente interpretados, dependendo do estado da alma de cada um.
Sao tres as Colunas do templo: o men “EU” superior e intemo;
0 men “ego" que esta na superficie de men ser; e a minha “persona-
lidade' que amoldo conforme as conveniencias.
Sao tres as Colunas do templo: “eu”; men proximo 111390111;
meu “proximo" profano.
Posso unir os tres? Posso coloca-los no topo de um “calvario”?
Podera meu “eu” cristico (ou excelso arquitetonico universal)
redimir “esses” dois “proximos”?
As Colunas 169

As Colunas do templo sao tres: a sabedoria de minha com-


preensao e entendimento; a beleza de minha alma, refletindo o
conhecimento; e a fortaleza de meu espirito enriquecido pela
trindade simbolica magonica.
Fugindo ao convencionalismo, entremos em nos mesmos, dentro
do verdadeiro templo, e coloquemo-nos ajoelhados diante de cada
coluna, quando sentiremos a sua benefica inspiragao.
*
* *
Sitxzta dz dinao dPontai

A estrela, por ser um astro, on seja, urn corpo celeste com luz
propria, sempre foi a “quintessencia” do misterio; hoje, ja temos
uma visao mais palpavel sobre a vida das estrelas, fotografias muito
proximas e conhecimento aprofundado sobre as suas origens e a suas
fimgdes, posto constitua em Astronomia uma alta especializa^ao, a
qual o profano, seja pela escassez de literatura, ou pelo elevado custo
dos livros, nao tern muito alcance.
Pelo seu misterio, a estrela constituiu-se em um dos principals
simbolos maqonicos, omamentando a “Abobada Celeste" dos templos
e fixando o simbolo do Companheiro, representada como um poligono
estrelado com cinco pontas.
As estrelas, como os planetas, obviamente, sao corpos celestes
arredondados; o que denominamos de estrela, com as caracteristicas
do desenho e formato, e apenas a reproducao do ponto brilhante, que
sugere o espargimento de raios luminosos “universais” e a propria
“natureza”.
Opentalpha e uma figura geometrica constmida pelos pitagori-
cos, que tomaram por base um triangulo, assim unindo cinco dessas
figuras sobre um pentagono, e formaram a estrela de cinco pontas.
O simbolo, porem, nao permaneceu na simplicidade dos cinco
triangulos; os Pitagoricos, tomando o centre do pentagono. traqaram
linhas ate os seus vertices, resultando outros cinco triangulos no
interior do pentalpha, os quais, somados aos anteriores, resultaram
em numero de dez; cada triangulo foi subdividido em outros quatro,
formando um conjunto de 40 triangulos menores; assim, o centra da
estrela de cinco pontas apresentou outro pentalpha.
Foi assim que os pitagoricos consideraram a figura geometrica
alcan^ada como o “emblema da perfeiqao e o supremo saber".

170
A Estrela de Cinco Pontas 171

Como simbolo magonico, representa a “unidade humana”, o


“homem”, a “fraternidade rr^onica”, a “paz mundial”, o “amor
fratemal”.
A estrela de cinco pontas, como emblema magonico, tern ori-
gem no pentalpha de Pitagoras”, palavra derivada do grego: penta
= “cinco” e alpha = “A”, on seja, a primeira letra do alfabeto grego,
que se escreve, desenhando um pequeno triangulo para todos os lados.
Aparentemente, os pitagoricos, ao construirem a estrela de
cinco pontas, tomaram como base o “triplice triangulo” entrelagado
usado pelos druidas e pelos essenios; estes dedicavam o emblema a
divindade, tendo como base a estrutura geometrica e o significado
esoterico, representando a inteligencia, a forga, a vida, a geragao e a
natureza, cinco elementos constitutivos do ser humano.
Como se nota, a base ou origem geometrica do pentalpha e o
triangulo, portanto a ciencia basica sera a Trigonometria.
Essa base triangular, a Magonaria a usa em todas as suas deco-
ragoes, seja no formato dos tronos, dos papeis, dos estandartes, do
Ara, enfim, joias, ornamentos e utensilios.
Tern tambem o nome de “estrela quinaria”, que significa a “paz”
e o “amor fraternal”.
Nao se devera, porem, confundir a estrela de cinco pontas com
a Estrela Flamigera, e muito menos com o o “Selo de Salomao”!
A Estrela Flamigera expele chamas e faiscas.
O “Selo de Salomao” e formado por dois triangulos, entrelaga-
dos, formando seis pontas.
A estrela de cinco pontas, repetimos, apresenta-se com diversos
nomes: pentalpha, “Pentagrama” ou “estrela quinaria”.
Ela representa o ser humano, porque nela estao marcadas as
cinco extremidades do homem: a cabega, os dois bragos e as duas
pernas; seus cinco sentidos: a visao, a audigao, o olfato, o paladar e
o tato; e os cinco elementos naturais dos seres animados: a materia,
o espirito, a alma, a forga e a vida.
Interpretada fisicamente, simboliza que no corpo humano con-
centram-se as cinco forgas ou elementos que a natureza impoe para
perpetuar a especie e atuagao no mundo: a Terra, a Agua, o Ar, o Fogo
e o Tempo; cada triangulo do Pentagrama representa um dos fatores
172 Simbolismo do Segundo Gran

referidos, atuando como fenomenos quimicos sobre os “seres" e as


“coisas”, indispensaveis para a “eternidade da vida".
A estrela de cinco pontas representa, no campo genealogico, o
fenomeno do retorno as origens; com a reprodu^ao quase infinita de
figuras triangulares, dentro de cada pentagrama, cada vez menores,
cheganamos ao ponto, ou seja, a partida inicial; dai outra solu9ao:
nao tedamos que reiniciar a construgao do simples triangulo e assim
os ciclos se repetiriam eternamente.
E a reprodugao dos seres; nascem, vem a vida, crescem, a na-
tureza os alimenta; reproduzem-se, continuando a obra da “criagao",
e morrem, retomando as origens, para depois repetir o mesmo ciclo
indefinidamente de nascimento, vida e mode, representado por cada
triangulo, com relagao aos misterios da geragao e da germinagao
desenvolvidas pela propria natureza.
Como se verifica, o simbolismo da estrela de cinco pontas, ou
“estrela do Companheiro magom", apresenta muitas aplicagoes, nem
todas reveladas, pois a “descoberta” depende do crescimento do Com­
panheiro, de sen proprio esforgo e do desenvolvimento espiritual.
A base e o triangulo dessa figura geometrica; a gama de con-
cepgoes e aplicagoes e infinita; assim atua a natureza, que em si e
representada pelo triangulo.
A estrela de cinco pontas e uma insignia que representa o novo
ser que nasce.
Foi a estrela que anunciou o nascimento de Jesus em Belem.
E a insignia que se da aos Lowtons quando ingressam na Ordem,
representando o Candidate ja pre-educado pelos pais magons, para
a Arte Real.
A estrela de cinco pontas e comum a Loja de Companheiro e a
Loja de Aprendiz; seu estudo, porem, toma-se mais minucioso no 2g
Grau, face ser a estrela de cinco pontas, o pentagrama considerado o
numero cinco, como estudo especifico do 2° Grau.
O tetragrama, ou estrela quinaria, e representado pelo poligono
de cinco lados, tendo inserido em seu centre a letra “G”.
A Estrela Flamigera e o mesmo pentagrama. porem, sem a in-
ser^ao da letra “G”, mas que irradia ou expele chamas.
Nao confundam as chamas com os raios luminosos.
As chamas nos vem dos egipcios que consideravam o simbolo
estrelado como a uniao da filha de Isis com o filho do Sol. Da Estrela
Flamigera, considerada ponto de partida, semente universal de todos
os seres.
Para o macom, constitui o emblema do genio, que eleva a alma
para a realizagao das supremas tarefas.
Pitagoras recomendava aos seus discipulos que nao deixassem
de se referir as “chamas” quando falassem em assuntos divinos.
A Estrela Flamigera simboliza a “estrada luminosa” da Ma-
Qonaria; as chamas purificadoras; a luz que ilumina os discipulos,
o simbolo dos livres pensadores; a etema vigilancia e a protegao
objetiva do Grande Geometra.
Quando Jeova determinou ao anjo que expulsasse dos ceus os
anjos rebeldes, Gabriel o fez, empunhando uma espada flamejante.
A espada em si representa a for^a e o poder; a espada cercada
de chamas simboliza a forga e o poder divinos.
Assim, as chamas que saem de tras da estrela de cinco pontas
representam a divindade do simbolo.

173
174 Simbulismo do Segundo Gran

O pentagrama e um shnbolo celeste, porem se situa no piano


objetivo.
A Estrela Flamlgera c o simbolo no piano subjetivo, e o fogo
interno, o ardor que cada Companheiro coloca dentro de si, para
queimar todas as “oposi<;6es” e aspectos negatives do ser humano.
Dentro do pentagrama, o homem c colocado com bravos e per-
nas abertos; dentro do pentagrama envolto em chamas, o “homem”
material e consumido e ja nao e visivel; a sua posi^ao passa a ser
exclusivamente no piano espiritual, pois sen corpo foi “consumido”
pelas “chamas” purificadoras.
Assim, nao seria racional colocar um mesmo simbolo para
representar dois aspectos.
Embora cada simbolo suporte multiplas interpreta^oes e Ihe
sejam atribuidas mais de uma fun^ao, no caso das “estrelas”, as
distin^oes entre a Estrela Flamigera e o pentagrama vem confirmar
a existencia de dois simbolos diferentes, colocados em dois locais
distintos: ao Ocidente e ao Sul.
A Estrela Flamigera e colocada, dentro da Loja, sobre o trono
do Segundo Vigilante .

* *
I (( »

zLxa

A letra “G”, dentro do triangulo, constituiu um simbolo da


sublime interpretagao do “genio do homem" subjugado pela forga
da vontade.
Simboliza, atualmente, o nome do Grande Geometra, ou seja,
do Grande Arquiteto do Universe.
Sao-lhe dadas significagoes as vezes “arranjadas”, e assim
resumidas:
O uso e a figura que representam a letra “G” provem da gamma
grega, do ghimel fenicio, do gomal sirio ou do gun arabe; constitui a
7a letra do alfabeto, com dois sons: um duro, diante das vogais “A”,
“O” e “U”, e outro mais suave, diante das vogais “E” e “1”.
Nos idiomas hebraico e grego, representa o numero 3.
Nas inscrigoes latinas da Idade Media, a Arqueologia revelou,
ao decifrar os hieroglifos que aparecem nos templos e monumen-
tos da epoca, que a letra “G”, possui os seguintes significados:
gades, gains, gallia, gallius, gagneus, nome das ciencias que se
praticavam.
No terreno eclesiastico, e a setima das letras denominadas “do-
minicais”, e marca o domingo no calendario nos anos em que esse
dia da semana cai no dia 7 de Janeiro.
No formulario quimico, a letra “G” e o simbolo do “glucinio”,
metal descoberto e obtido por Wochler em 1827, semelhante ao
alummio.
Como emblema magonico, e dada a letra “G”, como originaria
da lingua inglesa, expressando GOD, ou seja, Deus, letra sagrada,
misteriosa, que resplandece sempre sobre a estrela de cinco pontas.
Na maioria dos idiomas, o nome de Deus inicia com a letra “G”,
como: “Grande Arquiteto do Universe"; em sirio e Gad, no idioma
judaico Cannes, em alemao Got, em sueco Gud, etc.

175
176 Simbolismo do Segundo Grau

Por ocasiao da grande conven^ao realizada na Inglaterra em


1721, pelos altos corpos da Franca, 811193 e Alemanha, concordaram,
pela primeira vez, em colocar a letra “G" dentro do compasso e do
esquadro, para estabelecer o emblema universal da Ma9onaria e que
hoje denominamos escudo magonico.
No infmito campo das interpretagoes fllosoficas e simbolicas,
a letra “G” constitui um ponto de partida para o campo cientifico
da Ordem, e por isso ela e encontrada com muita frequencia nas
ciencias: Genealogia, Generagao, Geometria, Geografia, Gramatica,
Geologia, Gnose, etc.
Na atualidade, a letra “G” e colocada, dentro da Loja magonica,
no centro de um triangulo ao alto da porta de entrada. antes das duas
Colunas.57
Para 0 2Q Grau, a presenga da letra “G” e de relevante importan-
cia, pois dela “emanam” os raios refulgentes de seus ensinamentos.
Nao ha certeza a respeito da data em que o simbolo descrito foi
introduzido nos templos; e um simbolo que foi usado pelos pedreiros
construtores da Idade Media.
Alguns autores afirmam que o simbolo se originou da alteragao
de um simbolo cabalistico de origem hebraica e que constitui o “lOD”,
que representa o nome sagrado de Deus; tambem e o que forma a
palavra “misteriosa” composta das quatro letras que aparecem no
Tetragrama.
“IOD” e a inicial da palavra Jeova. E encontrada constantemente
nos livros hebraicos, como abreviatura ou simbolo do nome sagrado
de Deus, que na realidade jamais foi escrito, mas que tao-somente
tern sido marcado por meio de simbolos, alegorias ou emblemas; pro-
vavelmente, esta foi a razao por que o Grande Congresso Magonico
de 1 721 a tenha introduzido e adotado como um simbolo da Ordem,
universalmente aceito.
Os pitagoricos aplicavam a letra “G” na forma da gamma
grega, para expressar simbolicamente a gravidade, a geometria e a
gravitagao universal.

57. Tambem e habito coloca-la no interior da Estrela Flamigera.


A Letra “G " 177

Para o Companheiro, a letra “G” constitui, simbolicamente,


o principio de seus estudos, que devem iniciar sob os auspicios do
Grande Arquiteto do Universe.
*
* *
{Jdadz do domjianli&Lxo

A idade do Companheiro foi fixada em cinco anos, dois a mais


que o Aprendiz. Isso significa o tempo que o Companheiro deve per-
manecer no sen Grau antes de encetar a ultima jomada pelo caminho
do Simbolismo e alcanqar, pela exaltaqao, o Grau de Mestre.
Como vemos, o questionario nao diz respeito, propriamente, a
“idade” magonica do Companheiro, mas ao tempo de estagio.
Ha uma pratica em desuso, que e a de proceder-se a um exame
para apreciar-se o adiamento do “Candidato” ao mestrado.
Esse exame deve confer os pontos principais do 2e Grau, e sera
formulado pela administraqao da Loja.
Atualmente, o exame e substituido por “trabalhos” periodicos,
escritos on orais, sobre temas da livre escolha do Candidato, o que
resulta em uma pratica perigosa, eis que o despreparo mostra-se alar-
raante para os Companheiros que ainda nao alcan^aram a maturidade
necessaria ao mestrado.
As constituiqoes, regulamentos e regimentos internos que
disciplinam os trabalhos preveem idades diversas para o ingresso
na ordem magonica: 21 anos para os casos gerais e 18 anos para o
Candidato “Lowton”.
Portanto, o Companheiro so poderia atingir o seu Grau aos 24
e 21 anos e, consequentemente, o mestrado aos 29 e 26 anos.
Isso nao e observado porque a idade e simbolica, mormente no
mundo moderno, quando o homem evolui rapidamente e amadurece
mais ligeiro ainda.
O homem possui a “idade de sua espinha", diz um dito japones.
Isso significa que a idade fisica e aquela revelada pela disposi^ao
do organismo; vemos, com frequencia, pessoas “velhas” em idade
possuirem um organismo sadio; e ao contrario, jovens enfraquecidos,

178
A Idade do Cumpanheiro 179

que nao podem executar sequer os trabalhos corriqueiros de suas


profissoes.
A idade “mental” e a lucidez de sua mente, a agilidade de suas
conclusoes e a correspondencia de seus reflexos.
A idade “espirituaf, e atribuida ao homem que compreendeu
realmente a presenpa do Grande Arquiteto do Universo em sua vida.
Temos, portanto, a vida vegetativa dos cinco sentidos, ja ana-
lisada.
Temos a vida mental, tambem exercida pelos mesmos cinco
sentidos, na compreensao do que simbolizam.
Temos a vida espiritual, sempre, dos cinco sentidos, quando
usados no piano espiritual, como uma visao espiritual, uma audi^ao
espiritual, o transporte espiritual, enfim, a vivencia espiritual dirigida
pela forga superior.
O exame a que deve ser submetido o Companheiro, e que
sempre e exigido, e o que realiza no templo da luz, a autoanalise ,
a “autocritica”, em busca da “autoperfeigao .
E o exame silencioso da consciencia; e o repasse do que apren-
deu durante o periodo de escuta e de realizagao de obras fisicas.
Enfim, o Companheiro deve “descobrir" por meio da virtude
que praticou, a “sua” Verdade.
Para cada ser humano existe uma Verdade, que e a concepgao
do momento, em torno de urn assunto, problema ou equagao.
A “verdade verdadeira”, como insinuou o Mestre de Nazare,
difere da verdade comum, revelada a qualquer urn.
O homem passa por tres fases: a infancia, a maturidade e a
velhice.
Qual e a fase realmente importante na vida do Companheiro?
E evidente que a vida e a soma das tres fases e todas tern a
mesma importancia; na intancia, o homem esta na tase experimental,
na maturidade, executa o que aprendeu, e na velhice, medita sobre
o que realizou.
Cinco perguntas devem preocupar o Companheiro, a saber: O
que e o pensamento? O que e a consciencia? O que e a inteligencia?
O que e a vontade? E o que e a liberdade?
A cada pergunta corresponde um ano de estudo, por isso, sera
de suma importancia para o Companheiro, buscar respostas a essas
perguntas.
180 Simbolismo do Segundo Gran

Sem preocupa^ao maior, e sem Lima incursao mais aprofundada,


mas apenas com o escopo de orientar, apresentaremos as seguintes
respostas:

O que e o pensamento?
Urn filosofo popular gaucho, o saudoso Lupisdnio Rodrigues,
em uma de suas composigoes musicals, apresenta esta resposta:
"O pensamento parece uma coisa a toa, mas como e que
a gente voa, quando comega a pensar?”

Basta pensar, para que todas as coisas, mesmo no campo do


absurdo, se realizem.
Feche os olhos, contemple o Infinito, busque no Horizonte do
mar o impulse para o surgimento da “fantasia” e eis que toma formas
e passa a ser uma “realidade”.
E o fenomeno da meditagao, quando se busca e se encontra a
resposta para tudo.
E o lado divino do ser humane, sem limites, onde nao existe
tempo nem espago.
Se o homem nao pensasse, nao poderia subsistir.
Obviamente, se orientarmos nossos pensamentos, eles irao em
busca de coisas construtivas e poderao nos conduzir, pelo “caminho
de dentro”, ate o nosso Criador.
O pensamento e atributo divino colocado misteriosamente
dentro do homem, ocupando todos os sentidos, pois estes sao por
ele comandados.

O que e a consciencia?
O homem e periferia e centro; a periferia se denomina Ego; o
centro, EU.
Quando Jesus disse: “Eu e o Pai somos Urn”, Ele se referiu ao
seu Eu centrico.
Poitanto, o EU e divino; o Ego, humane. De Ego deriva o vo-
cabulo “egoista , o que define, perfeitamente, a diferenga.
Quando o pensamento da vida periferica consegue penetrar no
“mundo de dentro”, estara penetrando na Consciencia do homem.
A Ic/ade do Companheiro 181

O meio mais comodo para atingirmos o nosso EU e a medita^ao


dirigida.
Uma vez disciplinados os nossos pensamentos, o caminho ate
a Consciencia passa a ser possivel.
Ha muita diferen^a entre o pensamento do Ego e o pensamento
do Eu; neste, interfere a vontade do Grande Arquiteto do Universe.

O que e a inteligencia?
Ha bem pouco tempo, a inteligencia era atributo exclusivo do
homem; hoje, sabemos que todo ser criado possui inteligencia.
A inteligencia nao e cultivada, forma-se nos primeiros instantes
de vida do ser; ha seres, incluindo os humanos, com potencial maior
e outros com potencial menor de inteligencia, mas sempre suficiente
para desempenhar a sua “missao”.
A inteligencia faz parte do todo do organismo, tanto que pode
nascer afetada, ou alterar-se no decurso do tempo.
Muitos confundem memoria com inteligencia; os estudantes
que possuem boa memoria podem memorizar o que leem e aprendem
obtendo resultados invejaveis.
O inteligente, sem memoria, podera parecer urn fracassado;
o inteligente com memoria passara a ser uma pessoa excepcional,
surgindo o virtuoso, o genio e o lider.
Portanto, a inteligencia e a faculdade que o homem possui de
discernir e penetrar no amago dos misterios.
A inteligencia e uma diretriz segura, que orienta a vida, aproxima
a Deus e toma o homem realizado.

O que e a vontade?
Vontade e um impulse vital; para exercitar os cinco sentidos, o
homem deve acionar a sua vontade.
Contudo, a vontade tern limites, pois ninguem pode sempre
fazer exatamente o que deseja, eis que podera encontrar oposi^ao
e freios.
A vontade tern limite no direito e nas leis humanas, Divinas e
da natureza.
182 Sinibulismo do Segundu Gran

A manifestacpao da vontade e normalizada pela moral.


A vontade, no esquema da vida, seria a execugao de um projeto
preestabelecido.
Vontade e liberdade estao na dependencia uma da outra; a
vontade deve ser dirigida e o Companheiro, justamente trabalha para
dominar o que vicia a vontade, que sao as paixoes e os vicios.

O que e liberdade?
A faculdade de exercer a vontade encontra barreiras nas leis da
natureza, dos homens e nas Divinas.
O homem nao pode exercer sua vontade contrariando as leis da
natureza, porque sofrera as consequencias de sua “desobediencia”; as
enfermidades surgem, de modo geral, pela inobservancia dessas leis.
As leis sociais, de prote^ao aos direitos dos individuos, devem
ser observadas, porque o meu direito nao podera ferir o direito alheio.
Assim como existem leis da natureza e leis sociais, o Grande
Arquiteto do Universe estabeleceu leis de conduta espiritual, que nao
poderao ser transgredidas.
A liberdade, portanto, encontra limites e se manifesta conforme
o crescimento espiritual do homem; atingindo esse o conhecimento da
verdade, a sua vontade confundir-se-a com a vontade do ser supremo e
encontrara entao um caminho perfeitamente livre, realizando o desejo
supremo de conhecer a Verdade.
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertara”, dissera o
divino Mestre.
Considerar o livre-arbitrio um aspecto filosofico, com correntes
favoraveis e desfavoraveis, que suscita polemicas, nao sera conhecer
a resposta a inquirigao feita, mas sim, colocar-se ao lado de uma
corrente e gastar tempo em provas hipoteticas.
A liberdade, por ser um direito natural e social, deve ser cons-
cientizada, para que nao se transforme em “libertinagem”, “despo-
tismo” e “escravidao".
(D cjfyuzntat no 2Q ^xau

Este simbolo acompanhara o magom ate o ultimo Grau do filo-


sofismo, porque ele jamais deixara de ser considerado um “pedreiro
livre”.
Como ja afirmamos, os interesses cientificos ma^onicos fixam-se
na Terra; nao temos noticia alguma de que os masons da Antiguidade
tenham construido navios ou espagonaves, ou tenham tentado, como
Icaro, imitar o voo dos passaros.
Como nas catedrais a parte central, o que denominariamos de
“camara do meio”, se chama “nave”; posto que tenhamos a historia
de Noe, construindo a sua area; o rei de Tiro tenha usado barcos
para transportar materiais para a edifica^ao do templo de Salomao,
o Rito Escoces Antigo e Aceito silencia a respeito dos “mares” e dos
“ares”. Nada temos como simbolos, joias, utensilios, instrumentos,
que identifiquem uma atividade naval, embora, para a construpao de
navios, sejam usados os mesmos instrumentos. A Ma^onaria e, por
excelencia, construtora de edificios.
O avental, assim, e usado com varies significados, a saber:
Quern o usa devera apresenta-Io sempre imaculado, demons-
trando um comportamento digno e sem manchas.
Trata-se de certo paradoxo, pois todo trabalhador usa o avental
para poupar a sua roupa ou para proteger-se, tanto que, con forme a
atividade, o avental e feito de material diferente; para exemplificar,
temos o avental de chumbo que os radiologistas vestem para se pro-
teger contra os raios maleficos dos aparelhos radioativos; os aventais
de couro espesso usados pelos ferreiros, para evitar queimaduras ao
forjarem ferro em brasa; os de plastico ou borracha, para os operarios
que lidam com elementos molhados, como nos frigorificos, nas la-
vanderias etc., tambem, para se preservar; podemos afirmar que toda

183
184 Simbolismo do Segumio Gran

profissao usa um meio de prote^ao, alias regulamentado e fiscalizado


pelo Ministerio do trabalho.
Sendo assim, como usar um objeto protetor sem macula-lo?
Porem, o paradoxo e aparente, porque o uso do avental magonico
e simbolo e todo simbolo sempre possui o dom de representar varios
aspectos e conter varias interpretagoes.
O Aprendiz usa o avental para cobrir a sua “nudez” espiritual e
simbolica; para proteger-se e conscientizar-se de que e um “operario”.
O avental e formado de dois triangulos, que unidos nos apre-
sentam o quadrado; foi tomada como base na construgao do avental,
a figura geometrica, buscando a mais perfeita delas; tomou-se, pri-
meiramente, um ponto de partida, para tragar uma linha.
A linha nao e uma figura geometrica perfeita.
Com uma segunda linha, formou-se um angulo, figura geome­
trica que se assemelha a perfeigao.
Somente com a terceira linha, usando o numero simbolico, e
que uniu as extremidades do angulo, formando o triangulo, a figura
geometrica perfeita.
A unidade de superficie, provinda do triangulo, passou a ser a
base de toda medida.
Como a soma dos dois triangulos forma um quadrado, sua su­
perficie passou a ser a segunda superficie.
O triangulo representa o espirito e todas as forgas espirituais
suscetiveis de educagao e de progress©; educagao, aqui, tomada no
verdadeiro sentido do termo, ou seja, educere, eduzir, tirar de dentro,
ou revelar; progress©, no sentido de evolugao.
O quadrado representa a materia e todas as forgas materials
suscetiveis de modelagem e transformagao, tornado o corpo humano
como massa argilosa.
O avental, alem de seu formato quadrado, apresenta uma “abe-
ta , em forma de triangulo, na parte superior.
Essa “abeta”, o Aprendiz a usa erguida, isto e, levantada , e a
ponta atinge o “plexo solar”.
Essa posigao simboliza a nudez do Aprendiz, no sentido de sua
passividade e idade, ainda nao atingida a puberdade.
Apesar de o avental cobrir o orgao sexual do Aprendiz, a “abeta”
erguida simboliza a sua inocencia.
O Avental no 2~ Gran 185

O cordao que fixa o avental simboliza a “circuncisao”.


O Companheiro, ao passar para a coluna da beleza, ja atingiu a
puberdade e “cai” nos bragos de Venus. Ele ja pode produzir, criar
e procnar.
Aqui, deve-se gizar com enfase da impropriedade da mulher
fazer parte da Magonaria.
Embora a mulher lute para obter igualdade de direitos com o
homem, a sua natureza a define como criatura diferente do homem.
Podera ter direitos iguais, nos sentidos social e politico, mas nos
sentidos fisiologico, psicologico, etico e intelectual, o sen organismo,
o seu todo, e diferente.
Nao sera uma campanha, uma luta de ideais, um espirito de
classe, que ira alterar aquilo que o criador estabeleceu.
O Companheiro usara o avental, com a “abeta” abaixada, sim-
bolizando que o seu orgao reprodutor tern uma missao sagrada: a de
perpetuar a especie humana.
O Companheiro demonstrara com isso, que conseguiu com que
seu espirito penetrasse na materia, ou seja, que conseguiu dominar as
suas paixoes, sens erros e sens vicios.
O Companheiro corrigiu seu defeito, nao apresenta qualquer
aresta para ser desbastada.
Compreendeu os ensinamentos que a obra do Criador Ihe
transmitiu, ou melhor, alcan<;ou o conhecer, as bases da geracao da
criagao e da morte.
O triangulo luminoso de sua inteligencia o depositou sobre o
quadrado material da vida.
O quadrado de seu avental simboliza os quatro elementos da
natureza: a Terra, a Agua, o Ar e o Fogo; sao os elementos materials
da natureza, que o Companheiro sabe utilizar com temperanga.
Os quatro lados do quadrado representam os pontos cardeais,
indicadores do rumo que devera tomar na sua peregrinagao longa, no
campo do conhecimento, embora com trabalho e sacrificio.
Dizia Jeova a Adao que ganharia o pao com o suor de seu rosto;
sem trabalho e sacrificio. nao ha salario.
O Companheiro usa o avental forrado de negro e ergue a
ponta esquerda do quadrado, dobrando-a e formando um pequeno
triangulo negro.
186 Simbolismo do Segundo Grau

Essa pratica e pouco usada entre nos.


Esse triangulo negro simboliza o misterio, o conhecimento eso-
terico do “mais alem”, que existe e nos preocupa, causa-nos temor e
curiosidade e mesmo tentasao em defini-lo.
Os estudos atuais, no campo da ciencia, tem observado, pesqui-
sando entre centenas de pessoas que “morreram” clinicamente, por
paradas cardiacas e que foram, tambem, clinica e cirurgicamente “res-
suscitadas”, que ha algo palpavel depois da morte; todas essas pessoas
sentiram prazer no momento de seu “desligamento” o desejo de uma
repetiqao de seu estado.
Penetraram em uma fase desconliecida, porem, alegam, feliz.
A ciencia esta, tentando comprovar fisiologicamente a existencia
de “algo" apos a morte fisica.
O triangulo negro representa, outrossim, a ciencia da Astrono-
mia e o proprio Firmamento, em uma noite sem lua, quando os astros
iluminam a Abobada Celeste.
O pequeno triangulo negro simboliza a posigao do espirito, da
inteligencia e da consciencia, elementos de liga^ao com o Grande
Arquiteto do Universo; e o triangulo da divindade.
O esquadro, sob o ponto de vista do 2~ Grau, representa a equi-
dade, a razao e a humildade, divisas do Companheiro, quando em
contato com os sens Irmaos e semelhantes.
O esquadro e o simbolo da honra, do labor e da perseveranga,
pois representa o trabalho.
O avental do Aprendiz deve ser confeccionado em pele de cor-
deiro, simbolizando a imaculagao, e na Magonaria Crista, o cordeiro,
filho de Deus.
Hoje, nao se observa mais isso; os aventais sao confeccionados
em “curvin’’, material sintetico que imita, perfeitamente, a pele de
cordeiro; sempre, porem, uma “imitagao”, o que e perigoso.
O avental do Aprendiz e alvo, sem nenhum simbolo gravado.
Os aventais dos demais Gratis, porem, contem outros simbolos.
O cordao que fixa o avental, alem de representar a “circuncisao",
constitui a figura geometrica do Circulo.
Circulo e a superflcie formada por uma so linha cujo percurso
nao tem fim, interpretando. assim, a missao do Companheiro que
O Avental no .2° Grau 187

deve percorrer, nao so o mundo, como o interesse dos homens, para


instruir, dirigir e retirar o fanatismo. Note que a missao do Compa-
nheiro nao e limitada a Loja.
A circunferencia formada pelo cordao do avental simboliza
que o Companheiro tem limites nos seus direitos, limite que Ihe sao
vedados ultrapassar; simboliza a origem, o meio e o fim de todas as
coisas existentes na natureza, sendo que apenas conhece o meio, eis
que ignora a origem e o fun.
Sao as tres etapas da vida que contem os dois misterios na per-
gunta: de onde viemos, para onde vamos?
Logo, a interpreta^ao do avental no 2<J Grau deve abranger o
triplice aspecto: fisico, simbolico e espiritual.
For fim, quanto a cor do avental, continua branca, indicando nao
so a pureza, como tambem a polarizagao das demais cores.
E a simbologia do branco e preto, que geralmente sao tornados
como cores, quando nao o sao; o branco e a representa9ao da luz, e
o negro, a sua nega^ao dentro do dualismo preconizado em todos os
Graus do Rito.
Dentro dos Graus simbolicos, em uma reuniao de Aprendizes,
sempre estarao presentes Companheiros e Mestres, cada qual com os
seus respectivos Aventais.
O que se exige, dentro de uma “Obediencia , e a uniformidade
dos simbolos; assim, cada Grau tendo o sen avental, este sera con-
feccionado de forma idcntica.
Os aventais nao comportam varia9oes, porque quando executada
alguma postura em conjunto, como a formagao da Cadeia de Uniao, a
distribuigao dos obreiros presentes no circulo devera ser feita de modo
que haja equilibrio e ordem, assim, os Aprendizes ficarao colocados
ao lado de sua coluna; os Companheiros da sua, e equitativamente
distribuidos os cargos administrativos.
Os Aprendizes devem ter o cuidado de zelar para que a abeta
de seus aventais permanega erguida; os Companheiros, para que a
abeta esteja de\ idamente abaixada.
A ordem hierarquica deve ser sempre observada, cabendo ao
Mestre de Cerimonias zelar para que nao haja esquecimento de
parte dos obreiros e evitar que os Vigilantes possam fazer qualquer
observagao publica.
188 Simbolismo do Segunc/o Gran

A ordem hierarquica e o equilibrio constituem observancias


necessarias, eis que isso constitui o exerdcio indispensavel praticado
constantemente, como meio de obter urn comportamento que resulte,
ao fim, uma tecnica de viver adequada para o ma5om.
Com o “surgimento" do “ritual” do “Mestre Instalado”, sao
dados aos Veneraveis, Aventais especiais, que fogem ao estabelecido
no Rito Escoces Antigo e Aceito. Os “Past-Masters”, ou seja, os ex-
veneraveis, continuam usando os Aventais especiais.58
*
* *

58. Este assunto esta focado corn mais detalhes no livro do mesmo autor: Simbolismo
do Terceiro Gran.
<^J\l\axa^ia do 2<J ^ xau

O Aprendiz, ao ingressar em Loja, da porta as Colunas, da tres


passes indecisos, arrastados, em linha reta.
As nossas atuais Lojas nao obedecem ao ligorismo arquitetonico
do templo de Salomao; as altera^oes surgem conforme as necessidades,
porque uma coisa temos que confessar: a Mai^onaria brasileira e muito
pobre, raros sao os templos construidos especificamente para os traba-
Ihos; de um modo geral, ou sao adaptacoes em edificios ja construidos,
on adaptaqoes para comportar a parte administrativa, dentro de uma
area limitada.
Sao rarissimos os templos cujas salas de trabalho se encontram
isoladas por corredores, nas quatro partes.
Exteriormente, temos poucos templos cuja caracteristica seja,
realmente, obra arquitetonica que revele uma obra magonica; ape-
nas alguns “sinais muito profanatizados”, como Colunas, triangulos,
e o emblema constituido do esquadro entrelagado com o compasso.
Nao ha um estilo, dentro da arquitetura, que se possa afirmar
ser “estilo magonico".
Dentro das Lojas, a confusao e desanimadora, pois as “adapta-
goes”, os “arranjos’* e, sobretudo, as "improvisagdes”, sao dolorosas.
De uma forma geral, deveria existir, precedendo a entrada, uma
antecamara denominada “atrio”, onde o obreiro, antes de entrar, deve
“preparar-se" adequadamente, mental e espiritualmente.
Nao confunda o “atrio” com a antecamara comum, onde todos
os obreiros se reunem antes de ingressar em conjunto na Loja, pre-
cedidos pelo Mestre de Cerimonias.
As duas Colunas deveriam ser colocadas no “atrio”; portanto, ao
se abrir a porta do “atrio”, o obreiro encetara a sua “marcha”; logo, o
inicio da marcha tern partida das Colunas para a frente.
O que temos atualmente?

189
190 Sim hoi si mo do Segundo Gran

A porta de entrada que se abre, o obreiro entra (quando vem


so) e para; assume a sua postura e enceta a marcha, parando ao nivel
das Colunas.
Enquanto a Magonaria brasileira pennanecer pobre, os templos
continuarao deficientes; lamentavel e que as novas construgoes acom-
panham as deficiencias apontadas; nao ha interesse em uma tomada
de posigao dos Poderes Centrals (confederagoes, mesas redondas,
assembleias, etc.) para iniciarem a corajosa reforma.
E evidente que, dentro da Loja, multiplas disposigoes estao
deficientes e, as vezes, omissas.
Porem, essas divagagoes sao ainda prematuras e nao consti-tuem
a essencia do presente capitulo.
Embora a Loja devesse estar “decorada” para o 2Q Grau, ela se
apresenta como se fosse realizada uma Sessao de Aprendiz.
Apenas para exemplificar: se a Loja no 1- Grau apresenta uma
abertura (janela), no 2~ Grau deve apresentar tres aberturas; nelas
entram, respectivamente: a luz do Oriente, a luz do Ocidente e a luz
do Meio-Dia.
A luz do Oriente e o Universe, que sustem todas as leis dos
Universos; a luz do Ocidente c a que ampara as leis da materia, pro-
priamente de nosso globo terrestre; a luz do Meio-Dia, pertence ao
mundo interior do ser criado e do homem, no sen aspecto triplice da
inteligencia, da vontade e do espirito.
Representam os tres universos: o divino, o fisico e o mental.
Ingressado o Companheiro na Loja, da os tres passes de Apren­
diz, na postura do 1 - Grau.
Aqui, cabe um reparo sobre a postura; inumeras sao as “postu-
ras” que em todos os Graus do Rito o obreiro tern oportunidade de
fazer; porem, entre tantas, destacamos duas: a denominada “de pe e
a ordem” e “marcha”.
A postura “de pe e a ordem” e feita conservando-se o obreiro
erguido, em pe, com os pes em “esquadra”, e os bragos nos lugares
apropriados para cada Grau.
Essa “postura” e denominada “estatica” porque o obreiro man-
tem-se parado; podera falar, porem, sem gesticular; presenciamos,
com muita frequencia, o obreiro ao falar, deslocar sua mao esquerda
e, com ela, complementar a palavra.
A Marcha do 2- Gran 191

A postura assim desfeita deixa de ser a “postura do Grau”, e a


sua “fungao”, o seu “efeito”, ficam neutralizados.
O costume on pratica, on mesmo, com certa benevolencia, a
“praxe” do Veneravel Mestre “liberar” o obreiro que esta falando, de
sua “postura”, apesar de altamente condenavel, ainda e menos grave
que uma “postura” defeituosa.
A segunda “postura’' que se comenta e a “marcha”, quando
nao sera necessario, ao caminhar, manter os bragos na “postura
do Grau, eis que, desfazendo a “esquadra” formada com os pes,
toda “postura” do Grau desmorona. Ou se faz a “postura” perfeita
e completa, ou nao se a faz.
Logo, a “marcha” e feita como se o obreiro estivesse caminhando
com toda naturalidade.59
O Mestre de Cerimonias, o Cobridor Intemo, o Hospitaleiro,
quando executando as suas tarefas, devem manter-se com naturalidade
e sem a “postura” do “de pe e a ordem”.
Assim, o obreiro, ao ingressar na Loja, ao dar os tres primeiros
passes, o faz com naturalidade, posto que, pela sua condigao, devera
arrastar os pes e “marchar” em “esquadria”.
Somente apos dados os tres passes, o Aprendiz para “entre
Colunas”, toma a “postura” do Grau e faz as saudagoes.
O Companheiro, antes de se “postar”, devera completar a marcha
do Grau e deslocara os passes, primeiro para sua direita, em diregao
ao Segundo Vigilante, e apos, retornara ao caminho reto; so depois
fara a saudagao triplice.
Feita a saudagao, o obreiro desfaz a “postura” do Grau e “mar-
chara" normalmente para o seu lugar, ou para onde o Veneravel
Mestre determinar.
Isso, porem, nao esta sendo observado nas Lojas; a “marcha ’
e feita com a “postura” do Grau, de forma truncada; nao sera, entao,
nem “postura” nem “marcha”, mas uma confusao.
Os dois passes que o Companheiro da, passes complementares,
tern varies significados; ele os da para completar o numero cinco,
porque em seu Grau devera obedecer sempre o quinario.

59. Atualmente, tanto nas Grandes Lojas quanto no Grande Oriente, a marcha e feita
concomitantemente com o sinal de ordem.
192 Simbolismo do Segundo Gran

Os dois passes complementares sao diferentes, porque o cami-


nho do Companheiro passa a ser outre; nao e o mesmo que ja trilhou
quando Aprendiz.
A soma dos passos recordara ao Companheiro as cinco viagens
de sua “iniciacao os cinco golpes; as cinco pancadas da bateria e o
sinal dc reconhecimento, com os sens cinco pontos de toque.
Os tres primeiros passos simbolizam as tres primeiras viagens,
esfor^os para a evolu^ao.
O quarto passo, que se dirige a regiao Sul, demonstra a dire^ao
para onde o Companheiro se dirigira e as li^oes contidas na Quarta
Viagem.
O quinto passo e o retorno a linha reta, em diregao a sabedoria,
em busca das coisas espirituais.
O Companheiro tern uma “Jornada” e, por consequencia, uma
“caminhada” muito mais longa que o Aprendiz; ja possui as bases,
mas devera propala-las, primeiramente, entre os sens companheiros
de Grau, mantendo-os atentos, conscientes, e recordando as promes-
sas trocadas.
O desvio para a direita, com o passo lateral, signitlca que a
sua agao deve deslocar-se no sentido da “beleza”, da “geragao”, da
“criatividade”, pois agora, atingida a puberdade, esta apto a exercer
a sua missao no mundo, dirigindo-se, em companhia de Venus, que
representa a mulher, para o mundo profano, onde ira “contribuir” para
o aperfeigoamento, em todos os sentidos, de seu proximo.
A mulher nao participa dos misterios ma^onicos, mas nao fiea
a margem dos trabalhos que o homem executa.
Isso nao significa participaqao secundaria, mas condizente com
a sua formagao fisiologica, mental e espiritual.
As entidades “paramai^onicas” nao dispensam a colabora^ao e
a participapao da mulher.
O aperfeigoamento do magom, dentro dos ensinamentos do 2s
Grau, no mundo social, fora dos templos, nao dispensa, em momento
algum, a presenga da mulher, seja como mae, esposa, filha, irma, e
assim em qualquer graduagao de parentesco de sangue ou civil.
0~}zci
< xait

No l9 Grau temos a pedra bruta, um pedago de pedra sem


forma definida, retirado diretamente de uma pedreira, on com for-
mas irregulares, porem, arredondadas, retirada do seio da propria
terra, on de algum rio, com um volume aproximadamente entre
5 e 10 quilos.
A pedra bruta, consoante a regiao onde funciona a Loja, pode
ser de granito, arenito, basalto, marmore, enfim, qualquer substancia
inorganica compacta.
A pedra bruta simboliza o Aprendiz, homem que ainda traz
consigo aspectos informes, arestas que necessitam ser removidas,
pois ocultam a sua verdadeira personalidade, o carater, as virtudes.
No 29 Grau, temos duas pedras: a primeira, que fica ao pe do
trono do Segundo Vigilante, ja com as arestas removidas, ja com
determinada forma, no geral, um cubo ou uma piramide, simboli-
zando que o Companheiro ao ingressar no 2° Grau ja revela a sua
personalidade, seu carater, e que ja pode ser usado para a construcao
do edificio.
E a pedra burilada, mas que ainda nao se encontra polida.
O polimento ocorre durante o periodo de aprendizado que
conduz ao mestrado.
Pedra burilada nao reflete a luz, como o faz a pedra polida que.
em si, constitui um espelho.
O Companheiro, antes de sua exaltagao a Mestre, contempla o
seu rosto refletido na pedra polida e tern consciencia de seu prepare.
A pedra cubica, como denominaremos de modo simplificado,
apresenta todas as figuras geometricas conhecidas.
Possui nove faces que encerram uma filosofia peculiar, devido
a variedade das gravagoes, signos e figuras que ela contem.

193
194 Simbolismo do Segundo Gran

A face que se observa do Ocidente divide-se em cem casas , ou


seja, o dez elevado ao quadrado. Vinte e seis dessas casas contem
os hieroglifos ma^dnicos; outras 26 contem as letras denominadas
italicas, correspondendo a tradugao das 26 primeiras.
A seguir, quatro casas ostentam os hieroglifos compostos;
seguem-se outras quatro casas com letras italicas explicativas das
quatro primeiras.
A pontuagao geografica ocupa 12 casas; outras 12, com os
caracteres vulgares equivalentes.
As ultimas 32 casas sao ocupadas por cifras, desde o numero
1 ate o 70.
Dentro do triangulo que forma a parte frontal da face, aparece
a “chave” dos hieroglifos magonicos; aos sens lados, surgem:: ao
esquerdo, um prumo; ao direito, um nivel. Isso para demonstrar que
a instrugao iguala os homens, porem, que o talento dos humildes os
eleva ao nivel dos grandes homens.
A face que esta voltada para o Sul e a “obra-mestra”, porque
se compoe de 81 casas, ou seja, nove elevado ao quadrado; nessas
81 casas encontram-se todas as Palavras Sagradas, desde o Grau de
Aprendiz ate o 339 do Rito Escoces Antigo e Aceito, evidentemente
na dependencia de decifragao.
As 16 casas triangulares da parte frontal correspondente formam
um grande triangulo ou delta, emblema da divindade, representado
em Loja pelo Delta Luminoso60 colocado no Oriente, sob o dossel
que cobre o trono do Veneravel Mestre.
Dentro dessas 16 casas estao colocadas as letras que formam
a palavra tetragramaton , ou seja, o nome do grande Jeova, que se
encontra esculpido dentro do Delta Sagrado.
A lace que esta voltada para o Norte apresenta quatro circulos
concentricos, e representa as quatro regioes que, Segundo os antigos,
existiam em torno da Terra, denominadas quatro pontos cardeais:
Oriente, Ocidente, Sul e Norte, bem como as quatro estagoes do ano:
primavera, verao, outono e invemo.

60. Vide obra do mesmo autor: O Delta luminoso.


As Pedras do 2s Gran 195

Os antigos iniciados nos Misterios magonicos nos legaram a


cicncia e a combinagao dos numeros por meio dos calculos, orien-
tando-nos para o estudo da Geometria e da Aritmetica.
A Geometria comega com o conhecimento dos numeros, cuja
forma e geometrica por estar contida dentro dc uma “chave”.
Foi urn legado dos sabios egipcios.
O triangulo que encima essa face encerra a “chave” numcrica
egipcia.
O quadrado perfeito divide-se em quatro partes iguais por meio
de duas linhas, uma perpendicular e a outra horizontal.
Outras duas linhas, porem, em sentido diagonal, subdividem, de
angulo a angulo, o quadrado, resultando oito triangulos.
Dai, resultam os dez Signos Geometricos de 1 a 10; essas cifras
sao denominadas “cifras angulares”.
Burilados os caracteres dai resultantes, dando-lhes “elegan-
cia”, surgiram os atuais numeros, denominados, impropriamente,
de “arabes”.
As investigacoes dos sabios antigos orientaram-se, depois, para
a imensidao da abobada celeste, que continha o que realmente era
considerado “misterioso”.
Assim, surgiu a ciencia da Astronomia.
Essa ciencia propiciou o descobrimento das leis e dos fenomenos
da natureza, mediante a minuciosa observaqao do astro rei, da lua e
das estrelas, conjugados com as quatro estates do ano.
A face que esta voltada para o Ocidente apresenta urn Grande
Circulo dividido em 360", percorrido pelo sol em 24 horas, dando
origem ao dia e a noite.
Dentro do circulo surgem tres triangulos superpostos que for-
mam 26 casas triangulares, dentro das quais se encontram os nomes
das ciencias misticas.
Ao centre da figura, ha outro triangulo menor que contem o
“lOD” hebraico.
Para compreender os ensinamentos sugeridos por essa lace,
devc-se principiar pelo pequeno triangulo, que tern o nome de “ge-
nio”, pois representa todas as forqas geradoras, germinadoras, como
tambem o germem contido na natureza.
196 Simbolismo do Segunc/o Grau

Desde esse triangulo central, que tambem representa a inte-


ligencia humana, admiram-se todas as maravilhas criadas pelo Ser
Supremo.
O homem e colocado no centro do infinito, como contemplador
da construgao maravilhosa; admira os fenomenos meteorologicos,
cosmicos e astronomicos.
Descobre, apos “despolarizar” a luz, as cores primarias: ver-
melho, amarelo e azul.
Inspirado por tantas descobertas, passa a investigar e descobre
a imortalidade.
O homem quis medir sens conhecimentos e, partindo do ponto,
traqou uma linha; a seguir, o angulo, e depois, o triangulo, encontrando
a primeira superficie; com o triangulo. formou o quadrado, e encon-
trou a segunda superficie; logo, lembrou-se de procurar o volume e,
com o triangulo, formou a piramide; com esta, formou o cubo. que e
a segunda medida do volume, e desta forma, com o concurso desses
dois corpos geometricos, construiu a pedra cubica pontiaguda, em-
blema da perfeiqao e da Geometria.
Insatisfeito, o homem, entendeu medir o tempo, e o conseguiu
tomando como ponto de partida o sol. e assim, sucessivamente, sur-
giram novos horizontes, novas ciencias e novas aplicaqoes.
Finalmente, conseguiu praticar todas as ciencias contidas nos
27 triangulos do Universo.
O triangulo que corresponde a essa face contem os sete corpos
celestes conhecidos na Antiguidade, venerados a ponto de dar sur-
gimento a Mitologia.
O sol representa Apolo, deus da luz, das ciencias e das artes;
ilumina a inteligencia.
A lua representa a deusa Diana, irma de Apolo, a luz noturna
ou seja, a luz da segunda Ordem, tenebrosa penumbra do talento
despreparado.
Marte e o emblema de deus na guerra, que preside as batalhas.
Mercurio e o interprete da luz divina, condutor da verdade e
da eloquencia.
Jupiter, o senhor dos deuses, e o simbolo da inteligencia e do
poder divino.
As Peelras do 2" Gmu 197

Venus, a deusa da beleza, mae do amor, conduz a fecundidade.


Saturno e o dens do tempo, que nasce diariamente e se destroi,
devorando os sens proprios filhos: os dias.
Diziam os antigos que a natureza se renova constantemente,
pois tambem e filha do tempo.
A base da pedra cubica contem os circulos concentricos, onde,
nos espaqos intermediarios, aparecem nove estrelas pequenas, e no
centre de toda figura, surge a estrela de cinco pontas, com a letra “G”
inserida em sua parte central.
A estrela de cinco pontas representa o homem, dono do Universe
e proclamado rei da criaqao; as nove estrelas representam os fatores
que utiliza para dominar o mundo, que sao: a materia, a agua, o ar, o
fogo, o germem, a tisica, a quimiea, a forqa e a inteligencia.
Moralmente, a pedra cubica apresenta outras explicates; a
Piramide representa a verdade, porque esta tormada pela primeira
superflcie e constitui a primeira unidade de volume.
O cube sitnboliza a moral, porque representa a Loja, a unidade
maqonica.
As faces da pedra cubica sao nove, numero que representa a
perfeiqao, porque as suas combinaqdes nao se reproduzem por meio
de nenhuma outra cifra; e o emblema da geraqao, da reproduce e
da imortalidade.
A decifraqao da pedra cubica demanda muita paciencia e muito
estudo.
Raras sao as Lojas que a possuem e mais raros ainda, os maqons
que conhecem o sen significado.
E considerada um elemento cabalistico, dentro da Loja, o que
nao e certo.
O Companheiro deve conhecer o significado simbolico revelado
pela pedra cubica. Esse conhecimento e o que da ao Companheiro o
“polimento” necessario.
sto

O alfabeto teria sido inventado pelos femcios, contudo, a historia


nao registra a sua origem exata.
Dois mil anos antes de Cristo, na Peninsula do Sinai, no local
denominado “Serabit-el-Khaden”, foram encontrados 16 textos em
lingua semitica, que apresentavam 27 sinais diferentes.
Aproximadamente no ano 900 a.C. os gregos adotaram o alfa­
beto fenicio; no seculo IV a.C. eles Ihe deram formaqao definitiva,
denominando-o Alfabeto Jonico, composto de 24 letras e que ainda
hoje e empregado.
Como se verifica por meio das inscriqoes nos monumentos an-
tigos, os povos antigos nao possuiam um alfabeto para expressar as
suas ideias; os sistemas existentes, todos muito semelhantes entre si,
apesar da distancia dos povos, baseavam-se na “ideografia”, ou seja,
a representagao da “ideia” pelo desenho ou pela pintura.
Poster!ormente, foram criadas palavras que correspondiam aos
desenhos; paulatinamente, o sistema foi evoluindo ate surgir a escrita
“cuneiforme”, na Mesopotamia, e “hieroglifa”, no Egito; isso, registra
a historia, desde o ano 3000 a.C.
Todos os atuais alfabetos sao derivados do alfabeto fenicio; o
alfabeto latino, adotado em quase todo o mundo, derivou-se do gre-
go. Inicialmente, dispunha de apenas 16 letras; G, H, J, K, Q, V, X e
Y foram adotados mais tarde; o H constituia uma especie de acento
destinado a marcar a “aspiragao”, que, inicialmente, era indicada pelo
F.l e J eram uma unica letra, bem como o U e o V.
Foi a partir do seculo VI d.C. que essas letras tiveram valores
diferentes.
O X toi adotado no comego da Republica de Roma, como abre-
viagao de um grupo de letras em que entrava o S final.

198
O Alfabeto 199

A letra Z foi introduzida em ultimo lugar, como pronuncia mais


suave e afetada das damas romanas.
Os hieroglifos egipcios apareciam apenas nos monumentos
arquitetonicos; a escrita “hieratica" e que era usuda nos documentos
e obras literarias.
Existe uma teoria de que o alfabeto fenicio teria sido inspirado
dessa escrita “hieratica”.
Os romanos com as suas conquistas disseminaram o alfabeto
latino por toda a Europa.
Somente no seculo XVI e que os caracteres italicos entraram
em uso, empregados especialmente pelos breves pontificios e outros
documentos oficiais.
Os caracteres de escrita dos Chineses, japoneses e outros povos
orientais nao constituem propriamente um alfabeto, pois o mimero
de caracteres esta entre 3 mil e 4 mil.
Os povos antigos, incas e astecas, que habitavam as Americas,
tinham o seu alfabeto em forma de “artesanato”, isto e, era constituido
de nos dados em cordoes coloridos amarrados em torno de urn basto-
nete; as mensagens eram assim “escritas” e raros sao os exemplares
guardados nos museus.
Os caracteres arabes, hebraicos, eslavos e goticos constituem
alfabetos, porem formados de sinais diferentes dos hoje denominados
latinos ou italicos.

* *
LParia(jo[a doi ^Uatzntoi
<

A Maconaria brasileira, quase em sua totalidade, e composta de


membros cristaos; os poucos israelitas, maometanos, budistas aceitam
a filosofia crista, porem, quando recebidos em alguma Loja, prestam
seus juramentos sobre o Livro Sagrado de sua escolha.
Nao temos, propriamente, um cerimonial de substituigao de Li-
vros Sagrados, contudo o Veneravel Mestre da Loja sabera como agir.
O comum e regulamentar e adotar-se a “Biblia”, que e o
Livro Sagrado “Judaico-cristao", formada pelos Velho e Novo
Testamentos.
O aspecto historico da Maconaria nos vem de epocas anterio-res
ao Cristianismo; mormente para o 2y Grau, destacamos a influencia
dos filosofos antigos, como Socrates, Platao, Solon, Licurgo e Pita-
goras.
Nao ha, especificamente, um estudo sobre Jesus, o Cristo, como
no Grau 18,61 e poucas sao as referencias feitas aos Evangelhos.
No Velho Testamento, encontramos motive de referencias, face
os comentarios sobre a construgao do templo de Salomao, mas que,
no 3y Grau, encontra motivagao de estudo mais prolongado.
Ha, porem, na filosofia crista, ligoes preciosas para o Compa-
nheiro, e uma delas e a Parabola dos Talentos:62
“Pois 6 assim como um homem que, partindo para outro pais,
chamou os seus servos e Ihes entregou os seus bens: a um, deu cinco
talentos; a outro, dois; e a outro, um, a cada qual Segundo a sua ca-
pacidade; e seguiu viagem.

61. Vide a obra: Principe Rosa-Cruz e Sens Misterios, do mesmo autor.


62. Tradugao do grego: publicagao de American Bible Society. New York.

200
A Parabola dos Talentos 201

O que recebera cinco talentos foi, imediatamente, negociar com


eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois,
ganhou outros dois.
Mas o que tinha recebido um so, fez uma cova no chao e escon-
deu o dinheiro do sen senhor.
Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e
ajustou contas com eles.
Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros
cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui estao
outros cinco que ganhei.
Disse-lhe o sen senhor: Muito bem, servo bom e fiel, ja que foste
fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do ten senhor.
Chegou, tambem, o que recebera dois talentos, e disse: Senhor,
entregaste-me dois talentos; aqui estao outros dois que ganhei.
Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, ja que
foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo de teu senhor.
Chegou, por fun, o que havia recebido um so talento, e disse:
senhor, eu soube que es um homem severe, ceifas onde nao semeastc,
e colhes onde nao joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento
na terra; aqui tens o que e teu.
Porem, o seu senhor respondeu: Servo man e pregui^oso, sabias
que ceifo onde nao semeei, e que recolho onde nao joeirei ? Devias,
entao, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, teiia
recebido o que e meu com juros.
Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tern os dez talentos;
porque a todo o que tern, dar-se-lhe-a, e tera em abundancia; mas ao
que nao tern, ate o que tern, ser-lhe-a tirado.
Ao servo inutil, porem, langai-o nas trevas exteriores; ali havera
o choro e o ranger de dentes”.
Temos tres situaqoes dentro da parabola: a do servo que recebcu
mats que os demais, devido a sua capacidade, ja conhecida pelo seu
senhor; a do servo que recebera menos que a metade, isto e, dois
talentos, tambem, cuja capacidade ja era presumida pelo senhor,
fmahnente, a do servo que recebeu um so talento.
Os dois primeiros servos foram ''negociar os sens talentos e
os duplicaram.
202 Sinibolismo do Segundo Gran

O ultimo nao seguiu o exemplo dos sens companheiros; timi-


damente “enterrou” o seu talento, conservando-o intacto.
Evidentemente, os servos, no longo periodo que tiveram para
produzir, preocuparam-se em “conservar” o que receberam.
A comercializaqao dos talentos pelos dois primeiros servos
presume uma “troca” uma “permuta” de interesses; na “negociagao”,
podem entrar dims ou mais partes; e a “comunicagao” entre os homens
No caso em tela, o servo toma o lugar do Companheiro, que
recebe os ensinamentos conforme a sua capacidade de absorgao.
O Companheiro ditere do Aprendiz, pois enquanto este se limi-
ta a “ouvir”, o Companheiro deve “distribuir”, trocar experiencias,
dialogar, enfim, “negociar ’ os talentos recebidos para, no minimo,
duplica-los.
Tanto duplicou sens talentos quern recebera cinco, como quern
recebera apenas dois.
O importante e “somar” para obter o acrescimo que e evolugao.
A parabola diz que: “depois de muito tempo”, o senhor voltou.
Nao ha tempo fixo e preestabelecido para o trabalho com os
talentos; nao ha pressa, pois o tempo nao conta quando a permuta
se processa.
E evidente que o senhor dera tempo suficiente aos sens servos,
e os dois primeiros o souberam aproveitar.
Para o terceiro, tanto o senhor poderia ter retomado logo, como
demorado mais; o seu talento estava em lugar seguro.
O servo que recebera apenas urn talento nao agiu com deso-
nestidade, toi infiel no sentido de que o talento recebido deveria ter
pi oduzido ti uto, pois constituia “urn bem para o senhor, que esperava,
pelo menos, collier os juros.
Juros, aqui, e sinonimo de “afirmagao”; recebido o ensinamento,
se o C ompanheiro o compreendeu, ja Ihe produziu, no minimo, juros,
porque Ihe proporcionou alguma coisa de positive.
Receber urn ensinamento e “enterra-lo” quer dizer po-lo de
lado, em lugar seguro.
E o ensinamento que nao toi discemido, que apenas foi langado
e apanhado, mas que nao foi tornado em consideragao.
A Parabola dos Talentos 203

Possuir um Ritual e nao estuda-lo; possuir uma biblioteca e


deixa-la nos armarios; ter condigoes de trabalho e nada tazer; ter
bens e guarda-los egoisticamente para si, isso e “enterrar o talento.
Dentro das Lojas, os Mestres sempre tem uma palavra preciosa
para o Companheiro, e se isso nao ocorre, o Companheiro ja tem em
sen poder os talentos recebidos por ocasiao de sua elevagao.
O senhor premiou os servos bons e fieis, dando-lhes os talen­
tos que estavam na posse e mais, convidando-os a participar de sen
bem-estar.
A ligao final foi: “ja que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito”.
Os talentos recebidos pelos servos eram considerados o “pouco”
pelo senhor.
Foi, portanto, uma experiencia para selecionar os servos que
deveriam administrar os bens do senhor.
O premio para os Companheiros sera o ingresso no “gozo do
Senhor”, que representa a exaltagao ao Grau de Mestre, a ultima etapa
da Magonaria Simbolica.
O servo man justificou a Ihlta de produgao de sen talento, di-
zendo: “Senhor, eu soube que es um homem severe, ceifas onde nao
semeaste e colhes onde nao joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o
ten talento na terra, aqui tens o que e ten”.
Ha diferenga entre as resposta do servo man e a dos demais;
estes apresentaram os talentos duplicados ao senhor, mas nao os
devolveram; aguardaram ordens.
O servo mau apressou-se em devolver o sen talento, porque
aquele bem Ihe queimava as maos; desejava livrar-se o quanto antes
do incomodo fardo e responsabilidade.
O servo mau, apos receber o talento, foi buscar informagoes
sobre o seu senhor, mostrando-se inteligente e esperto.
Caso tivesse, antes, conhecimento sobre a personalidade de seu
senhor, nao teria aceitado o talento.
Assim, teve tempo suficiente para meditar, planejar e tomar
uma decisao; a sua escolha foi desastrosa.
O senhor ceifava onde nao semeava; collier na seara onde nao
limpava era, portanto, alem de severe, exigente, obrigando os sens
204 Simbolismo do Segundo Gran

servos a estar atentos e prover para que a seara sempre se encontrasse


pronta a apresentar frutos.
Aquele senhor era igual a todos os senhores, pois se os servos
estavam sob o seu comando, tinham obrigaqoes a cumprir.
Na MaQonaria, o Candidate e escolhido e convidado a ingressar
na Ordem.
Ninguem ingressa na Maqonaria porque quer, e ninguem se
candidata.
Porem, quando Aprendiz, cumprindo as suas tarefas, e dele a
escolha para a subida de Grau.
O Companheiro esta “servindo ao seu senhor, espontaneamen-
te; sabe o que quer, onde esta e para onde deseja ir.
Tem, portanto, obrigaqao de trabalhar o seu talento, apesar de
saber que o senhor e severo.
Os outros dois servos da parabola tambem sabiam da persona-
lidade de seu senhor.
Existem muitos senhores para o maqom, se tomannos o vocabulo
como sinonimo de deveres.
As leis, o proximo, a sociedade, sao senhores severos, que co-
Ihem onde nada foi semeado.
Faz-se necessario, para o Companheiro, enfrentar os seus
senhores, mesmo que tenham fe, esperanqa e amor para com o seu
senhor dos universes.
A decisao do senhor da parabola foi drastica e justa: premiou os
servos bons e expulsou o servo mau, retirando-lhe, antes, o talento
que Ihe havia entregado.
O Senhor entrega a cada urn de nos, talentos; com habilidade e
perseveranqa, podemos usufruir as benesses desses talentos, duplica
-los e ate multiplica-los e gozar os seus frutos.
Mas tambem corremos o risco de perder o talento recebido.
“Aquele que nada tem, ate o que tem, ser-Ihe-a tirado”; o servo
mau nada tinha; nem sequer a disposiqao para o trabalho; o pouco
que Ihe havia sido dado Ihe foi tirado.
Quern nada tem, o despreparado para enfrentar a vida, perde ate
o que tem, isto e, a oportunidade que Ihe e dada.
A Parabola Jos Talentos 205

O piano de salva^ao crista e um talento; e dado com a condigao


de que frutifique, isto 6, que faga com que o seu Cristo intemo cresqa;
se o talento nada produz, perdera a oportunidade.
A Parabola dos Talentos 6 uma li^ao apropriada para os Com-
panheiros, que deve ser profundamente meditada.
*
* *
(Di (Dzdcufoi

Oraculo era a resposta dada por um deus, quando consultado.


Os povos antigos conservavam os sens oraculos em templos
luxLiosos, onde sacerdotes e profetas, de ambos os sexos, interpreta-
vam a vontade divina.
Reis e nobres, politicos e comerciantes, acreditavam piamente
nas predigoes e nao empreendiam tarefa alguma sem antes obterem
orientagao de determinado deus.
As “consultas” eram pagas com alto preqo, para o sustento do
temp I o.
Entre os mais celebres oraculos da Antiguidade, destacou-se
o de Apolo, em Delfos, cidade antiga da Grecia, que hoje se chama
Castri.
Era um templo suntuoso, ornado de ouro e prata; a profetisa
Pitia era a mais celebre interprete de Apolo.
Outros oraculos notaveis foram os de Jupiter, em Dodona, antiga
cidade do Epiro. O templo erguia-se nas proximidades de uma floresta;
o ruido da floresta era interpretado pelos sacerdotes e profetas como
resposta as consultas.
O Oraculo de Esculapio, no Epidauro, cidade da antiga Argolia,
na Grecia, o templo era frequentado pelos doentes.
Amon, na Libia; Hercules, em Atenas; Venus, em Pafos, na
ilha de Chipre; Pela, na Macedonia, onde nasceu Alexandre Magno,
o Grande.
Os oraculos fixaram-se na Grecia e Roma e, evidentemente,
nos povos vizinhos.
Como expressa o vocabulo, oraculo era a resposta oral; ha-
via, tambem, consultas a profetas que manuseavam instrumentos,
visceras de animais, desenhos na areia, bem como cartas, sinais no

206
Os Oraculos 207

firmamento; as respostas podiam ser dadas imediatamente, on em


epoca fixada pelo adivinho.
Hoje, posto o esclarecimento dos povos, as consultas aos “adivi-
nhos” constituem uma pratica usual; monnente nos centres religiosos
do folclore africano, o langamento dos “buzios” e a leitura das cartas
estao muito difundidos.
A leitura das linhas das maos, a analise das assinaturas, a con-
sulta dos signos zodiacais, apesar de constituirem um metodo mais
“cientifico”, encontram adeptos certos; pelos jornais e televisoes,
diariamente, sao compostos horoscopes que predizem o futuro.
A “consulta” aos oraculos ou a qualquer outro meio “informa­
tive'’ nao constitui pratica magonica.
E feita aqui a referencia aos oraculos, face o comportamento dos
sabios antigos, como Licurgo, com a finalidade de cotejar a cren^a
dos antigos com o que hoje ja se conhece.
Contudo, o Companheiro descobrira, por si, que dentro de cada
um de nos, por meio da Meditagao, existem meios para conhecer o
que nos espera o amanha, sem que isso signifique o reconhecimento
de poderes “ocultos”, dogmas ou fanatismos.
Como cientificamente existe uma “terapeutica" do destine,
existem no Companheiro poderes ainda nao vulgarizados e que
pertencem a cada individuo que tern o dever de sobre eles manter o
mais absoluto sigilo.
iJmt’iuydzi do 2Q ^xaa

Da mesma forma como no 12 Grau, os Companheiros recebem,


em Loja, instragoes, em numero de tres.
As instru9oes contem o resumo da inicia^ao e sao lidas em voz
alta, e delas participam o Veneravel Mestre, o Orador e os Vigilantes.
No transcurso do presente trabalho, ja nos referimos, minucio-
samente, a respeito de quase tudo o que contem as ligoes; no entanto,
nos as comentaremos, ainda que isso signifique, de algum modo,
uma repetigao.
As instrugoes nao fazem parte do Ritual; sao apenas esclareci-
mentos dados pelo Veneravel Mestre. Cada Companheiro recebe, na
opoitunidade, um exemplar impresso das mesmas.
Findas estas, o Companheiro passa por um exame, como vere-
mos em capitulo a parte.
As instrugoes podem ser alteradas a vontade, aperfeigoadas,
ampliadas on resumidas; podem ser lidas em voz alta, dentro da
Loja, ou os participantes podem fazer uma explanagao, comportando
discussoes, sempre com interesse em oferecer aos Companheiros os
maiores subsidies possiveis para o seu progresso.
E sempre recomendavel que o Companheiro receba do Vene­
ravel Mestre uma relagao dos livros que deva adquirir, ou recebe-los
em carga, se a Loja possuir uma biblioteca.
E curial que o Companheiro apenas por meio das instrugoes,
nao podera adquirir o conhecimento necessario para o seu “curso”,
a fim de habilitar-se ao mestrado.
Recomenda-se que as instrugoes sejam lidas pausadamente,
podendo os participantes estenderem-se em consideragoes oportunas,
citando exemplos, testemunhos ou experiencias, para enriquecer o
trabalho.

208
As Instrugoes do 2Q Gnui 209

Nem todas as instrugoes nas denominadas “Obediencias”63 sao


iguais; extraimos as nossas64 do Ritual que nos parece um dos mais
inteligentemente elaborados e a cuja fidelidade,65 nao ha qualquer
diivida, suspeita, ou reparo a ser feitos.
*
*

0~)riL)7i£L’ia iJmtxu^do
<
A primeira ligao e dada para que o Companheiro, na medida de
seus conhecimentos, possa contribuir para o progress© da humanidade,
que e a fmalidade geral da Instituigao magonica.
Como progress© da humanidade, entende-se o bem-estar so-cial
e a evolugao cientifica, pois desses dois fatores se refletirao as demais
necessidades, como o amor fraternal entre os povos, a felicidade e a
harmonia com Deus.
A primeira instrugao diz respeito ao Painel da Loja de Compa­
nheiro; o Painel resume as atividades do “curso” do 2" Grau. Sendo
a Magonaria tambem uma escola, cada Grau representa um curso, e
devera haver, entao, um “curriculo” a ser desenvolvido, e os elementos
indicadores serao obtidos pela interpretagao do Painel.
A origem dos componentes da Magonaria Simbolica vein da
construgao do tempi© de Salomao; os operarios, artifices, mestres e
construtores recebiam, semanalmente, sustento e salario.
O sustento consistia em uma ragao de trigo, uma de vinho e
outra de azeite.
A comercializagao era possivel entre os trabalhadores porque
do salario recebido em “dinheiro” surgiam as trocas e a aquisigao de
outros produtos para a complementagao do aliment©.
Nao ha noticia a respeito dos gastos com vestuario, tampouco
com a manutengao de cada familia.

63. Grandes Lojas, Grande Oriente do Brasil, Grandes Orientes Estaduais.


64. Grande Loja do Rio Grande do Sul.
65. Supremo Consclho do R. E. A. A. para a R. F. do Brasil.
210 Simbolismo do Segitndo Gran

Nem todos os trabalhadores se faziam acompanhar pdas suas


familias; porem, surgiam em torno do templo de Salomao e nos locals
de onde provinham os materials, as Oficinas, as matas de onde eram
extraldas as madeiras; acampamentos, onde, durante longos anos, as
familias cresciam, e os filhos juntavam-se aos pais, para prosseguirem
na construgao.
Ate a constmgao ter atingido determinada evolugao, os paga-
mentos eram feitos “em campo”, isto e, nos locals do trabalho; mas,
logo que a nave do templo ficou pronta e as suas respectivas Colunas,
os pagamentos passaram a ser feitos no Atrio, e aos pes das Colunas,
onde eram arquivados o que hoje denominariamos de “fichas", os
nomes e especializagoes de cada trabalhador.
Como as identificagoes, devido ao grande numero de trabalha­
dores, cada vez eram mais dificeis, foram organizadas as Palavras de
Reconhecimento para cada especializagao.
A Historia Sagrada descreve com minucias as duas Colunas,
que denominamos, em linguagem magonica, de coluna “J” e coluna
“B”. Alias, e a unica descrigao existente que se conhece, dando as
medidas em covados.
As Colunas eram de bronze, construidas nos terrenes argilosos
das margens do rio Jordao, entre Sucote e Zeredata: o fundador mestre
era Hiram A biff.
Todo esse bronze, junto com os vasos e outros omamentos, como
o “Mar de Bronze'’, as juntas de bois, foram, posteriormente, retirados
pelos invasores sucessivos, que os refundiram para annas de guerra.
Do templo de Salomao, temos apenas uma recordagao minima,
hoje o “Muro das Lamentagoes”, local sagrado para o povo israelita.
As Colunas desempenhavam, tambem, as fungoes de “casa
forte”, ou “cofre”, onde eram depositados os documentos e registros
correspondentes a edificagao do templo.
A origem dessas duas Colunas a entrada do templo (alem de
servirem como ornamentagao e cofre) vamos encontra-la no aconte-
cimento misterioso durante a fuga do Egito, do povo de Israel, que
em pleno deserto, eram dirigidos, de dia, por uma imensa coluna de
fumaga, e a noite, por uma coluna de fogo.
As Ins tru^des do 2" Gran 211

Essas Colunas nao sustentam qualquer teto; foram colocadas


como simbolo.
Dentro dos templos atuais, elas tambem nao sao sustentaculos;
as 12 Colunas que circundam a nave do templo, estas sim, sustentam
o teto ou Abobada Celeste.
O significado dessas duas Colunas hoje engloba uma serie de
estudos e simboliza muito mais que as do templo de Salomao.
Cada trabalhador tinha a sua tarefa para cumprir, orientado
pelo Mestre da obra; assim, os Companheiros abandonavam o grupo
geral, deixavam os Aprendizes para tras e subiam por uma escada em
caracol; ao pe desta, encontrava-se um Vigilante, que exigia de cada
Companheiro uma resposta individual, de ouvido a ouvido, sinais e
a Palavra Sagrada. Sendo perfeita a resposta, o Companheiro subia
a escada.
A Palavra de Passe esta representada no Painel por uma espiga
de trigo junto de uma queda d'agua.
A Palavra Sagrada foi retirada de uma lenda, referida nas Sa-
gradas Escrituras, envolvendo os Efraimitas.
A escada em caracol era constituida por trcs, cinco, sete ou
mais degraus.
A interpreta^ao desses numeros hoje foi simplificada na orga-
nizagao da Loja; tres governam a Loja, o Veneravel Mestre e os dois
Vigilantes; cinco a constituem, que sao os tres governantes e mais
dois Companheiros; sete a tomam perfeita, que sao os ja mencionados,
acrescidos por dois Aprendizes ou Companheiros.
Tres governam a Loja porque tres foram os Grao-Mestres que
presidiram a construqao do primeiro templo de Jerusalem: Salomao,
rei de Israel; Hirao, rei de Tiro, e Hiram Abif, da tribo de Neftali.
Cinco constituem a Loja, em considerate as cinco ordens
nobres da Arquitetura: dorica, jonica, corintia, toscana e composita.
Sete ou mais a tornam perfeita, porque Salomao gastou mais de
sete anos na construqao, no acabamento e na consagraQao do templo
de Jerusalem ao serviqo de Jeova. Nesse numero ha referencia as sete
artes e ciencias: Gramatica, Retorica, Logica. Aritmetica, Geometria,
Musica e Astronomia.
Os Companheiros que subiam a escada em caracol, atingido o
cimo, encontravam a porta da Camara do Meio, que estava aberta,
212 Simbolismo do Segundo Gran

porem impedida a passagem pela presenga do Segundo Vigilante,


para todos os que nao fossem Companheiros.
Recebidas as provas convincentes da condigao de Companhei­
ros, passavam para a Camara do Meio do templo, onde encontravam
os simbolos usados hoje em toda Loja magonica.
Ha aqui na descrigao uma certa falha, eis que esta descrito um
templo ja acabado, quando a presenga dos trabalhadores era justificada
pelo trabalho que deviam executar.
A presenga da escada em caracol constitui uma lenda, pois nao
ha na Historia Sagrada qualquer referencia a respeito.
Ela e uma alegoria, representando um jovem que, tendo passado
a sua adolescencia como Aprendiz e a sua virilidade como Com-
panheiro, tenta, ousadamente, avangar e subir, apesar do caminho
apresentar-se tortuoso e a subida ser dificil. Pela diligencia e pela
perseveranga, chega a idade madura como convem a um esclarecido
Mestre.
No Vaticano, na sala de recepgoes, onde se encontra o trono
do papa, foram colocadas duas Colunas, denominadas “Colunas de
Salomao”, como slmbolo da sabedoria; essas Colunas, que refletem
uma arquitetura artistica, impar e sem imitagoes, sobem em caracol,
justamente para afirmar a alegoria e a lenda aplicadas ao 2y Grau.
Os antigos magons artifices esculpiam na pedra os seus traba-
Ihos; nao os construiam com argamassa ou modelagem, mas direta-
mente no granito ou marmore.
Para eles, era um trabalho ambicioso, uma obrigagao religiosa,
quando “transmitiam” a sua “mensagem”.
Em um sentido geral, a “mensageirT era pessoal, e o artifice,
apos passar pelo aprendizado, nao se limitava a entregar a obra; com
ela, entregava uma mensagem tao duradoura como a propria obra.
Outros, recebiam a “ordem” dos Mestres para confeccionar a
obra com a “mensagem” por eles sugerida.
O estudo da Geometria e da Matematica era tao necessario como
o manejo dos instrumentos.
Faziam da Geometria sen principal estudo, porque cada detalhe
de sua obra deveria obedecer as proporgoes tiradas da propria natureza,
onde encontravam a inspiragao.
As histnigdes do 2" Gran 213

Se no aprendizado, o artifice estudava o manejo dos instrumen-


tos que Ihe haviam side entregues, como Companheiros dedicavam-
se ao estudo acurado da Geometria hermetica, isto e, extraiam de
“dentro de si mesmos” as medidas equilibradas para a “verdadeira
constru9ao”, por isso que, em cada obra, havia uma “mensagem”,
fruto da meditaqao e revelagao da personalidade plasmada a luz da
inspiraqao propiciada pelo Grande Geometra.
Eram os tesouros extraidos das duas mais puras fontes: a verdade
e a justiqa emanadas de um coraqao puro.
Aquele estudo e a dedicaqao amorosa e perseverante, na qual
o tempo nao era fator importante, criavam uma obra perfeita, algo
palpavel, flsico, duradouro e que, ate hoje, grande volume de obras
permanecem para admiraqao e contemplagao de toda a humanidade.
O maqom, quando ve uma obra arquitetonica, acervo de mu-
seus, reliquias ciosamente preservadas, e que pode passar as suas
maos sobre a pedra burilada, pelos conhecimentos que possui, pode
perfeitamente rcceber a mensagem vinda do passado, que e sempre
nova e oportuna.
Essas velhas tradigdes nao constituem apenas o orgulho de
uma Arquitetura do passado, nem valem pelo que representam em
moeda, mas sim a dedicagao, a perseveranga, o esforgo e, sobretudo,
o “resultado” de um trabalho proveitoso.
Tudo isso esta no Paine! da Loja de Companheiro, e dela, todos
nos participamos, porque a sua “mensagem” hermetica nos atinge
mesmo se ainda nao conseguimos penetrar no significado simbolico.
Basta a existencia da obra para “testemunhar” a existencia da possi-
bilidade da evolugao criativa e tomar-se o Companheiro um sabio,
um artista ou um cientista, dentro da Arte Real, que e nossa Oficina.
O anatomista, ao estudar o esqueleto humano, tern diante
de si um amontoado de ossos; cada um desempenha sua fungao,
em local exato; cada um apresenta uma forma diferente da do ou-
tro, embora alguns apresentem semelhangas; cada um apresenta
saliencias, cavidades, protuberancias, enfim, desde os minimos
orificios ate as ranhuras profundas, cada aspecto recebe um nome;
assim, o anatomista conhece a estrutura do corpo humano, nos
seus minimos detalhes.
214 Simbolismo do Segitmlu Gran

E assim prossegue com o estudo dos nervos, dos musculos, das


entranhas, das partes perifcricas. Cada milimetro apresenta aspectos
diferentes, sem contar o intrincado sistema das celulas, dos humores,
do sangue.
A obra esta diante do anatomista que a conhece, porem a conhece
como obra inerte.
O organismo humano, vivo, apesar de apresentar toda estrutura
e conjunto de aspectos identicos ao cadaver, e urn corpo diferente,
porque tem vida.
As suas “reaqdes’ nao sao encontradas no cadaver, nem as
emogdes, o sistema nervoso e a inteligencia.
A obra arquitetdnica e semelhante; o corpo humano e um mo-
numento construido pelo Grande Arquiteto do Universe, de forma
hermetica, que o homem atual ainda nao conseguiu desvendar.
A obra arquitetonica de pedra assemelha-se ao corpo humano
inerte; ela possui todos os elementos para ser uma “criatura”, porem,
falta-lhe a vida; essa vida, para o Companheiro, sera a mensagem que
extraira da obra e com ela podera ter uma tccnica de vida ate entao
desconhecida e viver feliz; sobretudo, transmitir essa felicidade ao
sen proximo.
Esses sao os ensinamentos contidos nesta primeira instrugao.

iJnit'iuqao
A segunda instrugao contem todos os ensinamentos ja propor-
cionados ao Companheiro, um repasse on recapitulagao para que o
Companheiro perceba se esta apto a prosseguir, ou se devera fazer
uma pausa e revisar os sens estudos.
A instrugao c aplicada por meio de um dialogo mantido entre o
Veneravel Mestre e os dois Vigilantes O Companheiro nao participa
do dialogo; limita-se a ouvi-lo.
O Veneravel pergunta e os Vigilantes respondem:
As InstniQoes do 2- Gran 215

P. VENERAVEL: ‘‘Sois Companheiro, Irmao Primeiro Vigi­


lante ?”
A pergunta inicial constitui o principio do “catecismo”, cuja
resposta deve ser exata e empregar palavras convencionais, que ser-
vem tambem de “senha
O Primeiro Vigilante da a resposta adequada, referindo-se a um
dos primeiros simbolos que se estuda no 2y Grau.
P. VENERAVEL: “Como podeis justificar essa vossa afir-
mativa?”
Nao basta uma resposta, ela deve ser consciente; o Primeiro
Vigilante responde que faz a afirmagao porque adquiriu consciencia
de si memo, conhecendo-se, podendo fazer afiimagoes com seguranga
e precisao.
Evidentemente, o Primeiro Vigilante sera sempre um Mestre,
dada a posigao que ocupa, e nessa condigao as suas respostas sao
positivas e exatas.
P. VENERAVEL: “Que e ser Companheiro?’'
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “O Membro de uma Lqja de
Companheiros, obviamente, e reconhecido por todos os presentes,
apto para exercer a sua ‘arte’, ou seja, as suas tarefas correspondentes
ao Grau com energia de trabalho. Nao e suficiente o trabalho, mas
este deve ser desempenhado com energia, pois o Companheiro trouxe
para a sua coluna, a Torga’ adquirida na coluna de onde proveio; o
Companheiro tern o dever de realizar o piano teorico tragado pelos
Mestres, transformando-o em pratica”.
Aqui, podera surgir certa confusao: os pianos teoricos sao
apresentados ao Companheiro pelo Segundo Vigilante, porem, de
que pianos se trata? Dos pianos filosoficos, que constituem a base do
Grau, vindos dos nossos antepassados, ou dos pianos que os Mestres
atuais elaboram para os Companheiros?
A Magonaria atual muito tern que acrescentar as ligoes recebidas
do passado; todo Mestre esta apto para oriental’ os sens “discipulos”,
que sao os Aprendizes e Companheiros; assim, competira aos Mestres
da Lqja de Companheiros elaborar os pianos de estudo e de trabalho
teorico, a fim de possibilitar que os Companheiros possam, com os
conhecimentos queja possuem, transformar os pianos em obras.
216 Simbolismo do Segundo Gran

P. VENERAVEL: “For que destes o vosso consentimento em


serdes recebidos como Companheiro?”
Tanto no primeiro como no segundo Grau, o Veneravel, antes
de receber os Candidates, pergunta a eles se concordam em prestar
os compromissos do Ritual, que Ihes sao explicados.
Qualquer compromisso on juramento nao sao impostos; os Can­
didates tern toda a liberdade de recusar; nao sao raros os casos em que
Candidatos, ja em meio a uma inicia^ao, retiram-se, sob a alegagao de
nao se encontrarem preparados para o passo que decidiram dar.
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “Porque tinha desejo de conhe-
cer os misterios da natureza e da Ciencia, bem como o significado da
letra IOD, que corresponde a nossa letra G”.
O desejo de conhecer os misterios da natureza e da Ciencia nao
significa “curiosidade”.
A “curiosidade” poderia ser de urn profano, mas jamais de um
iniciado e, sobretudo, de um Companheiro.
“Desejo”, aqui, e sinonimo de “fome”; o Companheiro necessita
de alimento para o sen crescimento, e o alimento Ihe e fator vital.
Alem dos “misterios” da natureza e da Ciencia, o Companheiro
deseja penetrar no hermetismo da letra hebraica IOD.
Os masons israelitas, obviamente, conhecem o significado da letra
IOD; esse conhecimento, que faz parte de sua educagao, torna-se um
“privilegio” que os demais nao possuem; assim, sera a respeito das
lendas e historico contidos nas Sagradas Escrituras, que e um livro
muito “familiar" para o israelita.
Da mesma forma, para o cristao consciente e estudioso, o co­
nhecimento dos Evangelhos Ihe dara vantagem sobre aqueles que
encontrarao, somente nas Lojas, as noticias, as novidades, a explica­
te de muitos simbolos, embora os Evangelhos tenham estado a sua
disposi^ao desde a meninice.
P. VENERAVEL MESTRE: “Que significa a letra G?”
O significado da letra G e profundo, como ja expomos em capi-
tulo anterior; o Veneravel Mestre nao questiona o Primeiro Vigilante
sobre todos os aspectos da letra G, apenas em quatro.
As ln.strii(;des do 2° Gran 217

R. PRIMEIRO VIGILANTE: “Geometria, Gravidade, Genio


e Gnose”.
O Veneravel Mestre dirige as proximas quatro perguntas ao
Segundo Vigilante, que e o capacitado a responder, uma vez que a
letra G encontra-se no centre da Estrela Flamigera, que e o simbolo
por exeelencia do 2- Grau.
P. VENERAVEL MESTRE: k'De que Geometria se trata aqui,
Irmao Segundo Vigilante ?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Da aplicavel a construgao
universal; o polimento do homem. para que seja digno de ocupar seu
lugar no edificio social".
A construgao universal diz respeito exclusivamente a quern pode
criar, ou seja, ao Grande Arquiteto do Universo; so por meio de sua
obra e que se podem extrair os conhecimentos para dar polimento
ao homem.
“Polir , aqui, significa tornar o homem de tal forma receptive
que possa “refletir” a luz recebida. Sera o “refletor" da vontade do
Grande Geometra, Deus; somente entao podera o Companheiro ocupar
urn lugar no edificio social, porque nessa sociedade, dos hermeticos,
todos refietem a luz divina.
P. VENERAVEL MESTRE: “Que relagao existe entre a ge-
ragao e o Companheiro?”
A pergunta sugere dois pianos distintos; a geragao nao e um
significado da letra G, mas um desdobramento da Geometria; a per­
gunta ainda e feita dentro do assunto Geometria.
R. SEGUNDO VIGILANTE: “O Companheiro e chamado a
fazer a “obra de vida”, pondo em agao sua energia vital, que extrai dos
conhecimentos que possui sobre a sua propria existencia, obedecendo
as leis que regem a Geometria".
E o conhecimento Socratico do “conhece-te a ti mesmo"; quan-
do o homem conhecer a sua “natureza". conhecera todo o Universo;
conhecer-se a si mesmo, eduzir de si mesmo, da fonte permanente,
eterna. universal, que se situa dentro de si, seja em sua mente, em
sua consciencia, onde for, constitui o “realizar a obra de vida”;
218 Sinibolismo do Segundo Gran

a realizagao significa por em agao uma energia vital que sempre


existiu no homem.
Essa e a ligao dos nossos sabios antigos e, por incrivel que pare-
ga, embora tenham passado alguns seculos e a tecnologia se apresente
assombrosa, o homem ainda nao busca a si mesmo, ao sen “Cristo”
interne, para desvendar todos os misterios.
P. VENERAVEL MESTRE: “Em que pode a gravidade in-
teressar a Magonaria?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “A Atragao universal”, que
tende a aproximar os corpos da ordem fisica, corresponde, na ordem
social, a uma forga misteriosa analoga que tende a reuniao, e mesmo
a fusao das almas. Corresponde a forga que une os coragoes, que
assegura a solidez do edificio magonico, cujos materiais sao seres
vivos, indissoluveis pela profunda afeigao que sentem uns pelos
outros. O amor fraternal e, na Magonaria, um principio vital de
ordem, harmonia e estabilidade, assim como a gravidade o e dos
corpos celestes”.
A resposta e dada em sentido generico, pois a gravidade nao
constitui, para a filosofia hermctica, apenas a atragao exercida pelos
corpos celestes, incluindo a Terra.
Hoje sabemos, com as viagens espaciais, e por experiencia
vivida, que ha atragao na Lua e em diversos outros corpos celestes.
Cada Universe possui o sen centro de gravidade, como possui
um sol, e demais corpos celestes, diversos daqueles que “gravitam”
em tomo da Terra.
O interesse do estudo e a fungao da gravidade, que em resumo
pode ser defmida como uma “forga misteriosa que atrai a si”.
Dentro do Cristianismo, a forga da gravidade e o espirito cris-
tico. Dentro da Magonaria, a forga da gravidade e o amor fraternal.
O magom sente-se “atraido” a sua Loja e a frequenta com sa-
tisfacao; e a forga da gravidade do edificio magonico.
Edificio social nao significa um predio ou o agrupamento da
familia magonica. E a forga misteriosa que atrai as almas. Alma, no
sentido de um ser vivo; uma alma vivente, mas vida magonica e nao
vida vegetativa comum, ou sociedade comunitaria dos povos.
As /nstni^des do 2" Gnui 219

Quando se menciona a “ordem social”, significa o conjunto


de leis que a ordem magonica estabelece para serein observadas; a
Ma^onaria nao prepara apenas as leis; prepara os individuos para que
possam obedecer as “suas leis”, que sao inspiradas nos legisladores
antigos, como Licurgo de Atenas.
P. VENERAVEL MESTRE: “Em que consiste o genio?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Na exalta^ao fecunda de
nossas faculdades intelectuais e imaginativas. Desde que o espirito,
cal-culadamente, adquira a posse de si mesmo, nao sai dos limites
do talento que possa center.
Para chegar a ser genio, e necessario que se abandone as in-
fluencias superiores, que se entusiasme, que se vibre aos acordes de
uma harmonia mais elevada”.
Nao esquegamos que a pergunta e feita dentro de uma Loja de
Companheiros. Genio”, na pergunta, nao significa uma mente excep-
cional com urn Q.I. superior ao normal.Significa o resultado obtido
peio Companheiro de, apos longo e orientado periodo de meditagao,
ter chegado ao “conhecimento de si mesmo”.
O Segundo Vigilante empregou com acerto o vocabulo “espi­
rito” em vez de “mente”, “intelecto” on “alma”.
Espirito significa a “mente do Grande Geometra”.
Nao esquegamos que estamos dentro do significado da letra “G”.
A presenga de Deus em nos deve ser “consciente”.
Uma “presenga” inconsciente em nada nos serviria, porque Deus
“sempre” esta presente em sua criatura, quer queiramos, quer nao,
quer saibamos ou ignoremos.
Mas, uma “Presenga” consciente significa “Comunhao” com
Deus.
O “espirito” tomando “posse” do que e sen, comandando as
agoes do “involucre”, do “continente”, sendo ele o conteudo.
A “presenga” do Grande Geometra, no Companheiro, nao ex-
travasa os limites do talento natural.
O Companheiro possui um manancial de talentos suficiente para
a realizagao do piano divino.
Quando a “presenga" do Grande Geometra for notada, sentida
e conscientemente vivida, surgira o genio.
220 Simbolismo do Se^undo Gran

P. VENERAVEL MESTRE: “Que significa gnose?”


R. SEGUNDO VIGILANTE: "Em grego querdizer: “conheci-
mento”. E o conjunto das nogoes comuns a todos os iniciados que, a
forga de aprofundar, acabam por se encontrar na mesma compreensao
da causa das coisas”.
Finda aqui a primeira parte do dialogo mantido entre o Vencravel
Mestre e o Segundo Vigilante .
O grego, o latim e o hebraico sao linguas usadas na Ma^onaria,
porem, apenas para identificar alguns simbolos on esclarecer a res-
peito da filosofia; esse uso encontra explicagao no fato de os nossos
filosofos antigos provirem da Grecia, de Roma e do Oriente.
Hoje, pouco a pouco, dada a simplifica^ao dos ensinos, os termos
gregos, latinos e hebraicos vein sendo substituidos por vocabulos
comuns a cada lingua propria de cada povo.
A tendencia e o uso de todos os termos estrangeiros devidamente
traduzidos; na Universidade, ja nao se estudam essas linguas, tidas
como “mortas”.
Gnose e conhecimento. Conhecimento e a ativa^ao do desejo de
saber; da fome a respeito do desconhecido, para que seja desvendado.
Gnose e representado pelo “rompimento do veu” que separava,
no templo de Salomao, o local considerado santo, onde o sacerdote
praticava os atos liturgicos; com a morte de Jesus, o veu rasgou-se,
propiciando, assim, a qualquer homem, o caminho em busca do
conhecimento.
P. VENERAVEL MESTRE: “Como fostes recebido, Com-
panheiro?”
A linguagem maconica deve ser, sempre que possivel, observa-
da; o Companheiro e “recebido”, e nao “iniciado”; ainda que se trate,
realmente, de uma “iniciagao”.
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “Passando de uma coluna para
outra”.
As lnstru(;des do 2s Gran 221

P. VENERAVEL MESTRE: “Que representa essa passagem?”


R. PRIMEIRO VIGILANTE: “Uma complementa^ao no
programa iniciatico. Quando Aprendiz, recebeu sen “salario” junto
a sua coluna, a que representa a for^a; para tanto, o Aprendiz teve
necessidade de basear-se na razao, para poder discernir entre a luz e
as trevas, entre a verdade e o erro.
Sem se afastar de sen aprendizado, mantendo a mesma dis-
ciplina, como Companheiro devera exercitar a sua “imaginagao” e
desenvolver a sua “sensibilidade". Depois, estara capacitado a dirigir
o sen pensamento as raizes de todos os “fenomenos”, “inisterios” e
“hermetismos”.
O programa iniciatico abrange as bases de todos os Grans, desde
o \Q ate o 33-; esse programa e estabelecido no aprendizado do 1-
Grau, e nao se altera na ascensao, mas complementa-se, enriquece-se
e amplia-se.
O “salario" do Aprendiz c a autorrealizacpao; contudo, aqui, para
efeito dessa instrugao, sera a premiapao com a eleva^ao ao 2" Grau.
A razao e a “presen^a” do Grande Geometra em fungao; isso
nao absol ve a “imaginagao” do Companheiro.
“Imaginagao” pode significar “intuigao”; nao devemos esque-
cer que o Companheiro, para atingir o topo de sua coluna, fez cinco
viagens e que em uma delas se deteve no estudo dos cinco sentidos.
Basta fechar as palpebras, recolher o pensamento ocupado por
meio de urn dos cinco sentidos e, quietamente, dar vasao a imaginagao,
que sera aqui uma fungao ampliada pelos conhecimentos adquiridos. A
“imaginagao” so e possivel de ser criativa e util quando elaborada por
uma mente disciplinada. Isso o Companheiro aprende.
A “imaginagao” deve ser exercitada, on seja, “burilada”, para
que produza; seu fruto sera: “sensibilidade”, isto e, sensivel para
reagir a qualquer provocagao dos seus sentidos.
Em meditagao, o Companheiro podera “dirigir” o seu pensa­
mento e buscar as solugoes de que necessita; solugoes que nao sao
necessariamente convencionais; podem extravasar ao comum e viajar
para lugares ignotos e “criar” novas situagoes.
A meditagao nao significa “concentragao”; ela nos vem, sofis-
ticada, da India.
222 Simholismo do Segumio Gran

O Companheiro, em casa, senta-se comodamente em uma pol-


trona, fecha os olhos e fixa o pensamento em urn “mantra”, isto e, em
uma palavra adequada que o Ritual pode Ihe fornecer; a certa seria a
Palavra Semestral, recebida durante a formagao da Cadeia de Uniao.
Com essa palavra na mente, sen pensamento comega a divagar,
“nas asas de sua imaginagao”, ate que encontra o “caminho para
dentro de si mesmo”.
E evidente que o Companheiro devera solicitar a urn Mestre,
orientagao. Com perseveranga, ha de sentir o resultado e, entao, eis
que os sens “sentidos” iniciam uma fungao ate entao, para ele, desco-
nhecida; a visao e a audigao espirituais sao as primeiras manifestagoes
da meditagao.
Qualquer livro sobre a Meditagao Transcendental do Maharichi
Maechi logi servira para o aperfeigoamento da tecnica.
P. VENERAVEL MESTRE: “Que vos ensinaram no decorrer
de vossas viagens?”
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “A me servir de utensilios
precisos para transformar a pedra bruta em pedra cubica, talhada de
acordo com as exigencias da arte”.
A pedra bruta, merce do trabalho do Companheiro, “transfor-
ma-se”; o homem e sempre o mesmo, nada se Ihe soma ou diminui;
apenas eduzem-se dele os valores ocultos; assim passara por uma
transformagao.
As arestas retiradas da pedra bruta sao simbolicas, pois a pe­
dra da Loja magonica permanece inalteravel. Simbolicamente, o
Companheiro ja nao tern nenhuma aresta que possa desvalorizar a
sua personalidade e se apresenta como pedra polida, que tambem se
denomina pedra cubica; a pedra bruta informe passa a ser uma figura
geometrica perfeita: o cubo.
O Companheiro recebe na sua trajetoria, desde a iniciagao para
o aprendizado ate os ultimos instantes em que e Companheiro, os
instrumentos necessaries para o trabalho na pedra.
As Instruqdes do 2° Gran 223

P. VENERAVEL MESTRE: “Quais sao esses instrumentos?”


R. PRIMEIRO VIGILANTE: “Aprincipio, o mapo e o cinzel;
em seguida, a regua e o compasso; depois, a alavanca; e, finalmente,
o esquadro”.
Sao seis instrumentos rudimentares; evidentemente, ninguem
podera trabalhar na pedra com a finalidade de burila-la e poli-la apenas
com estes instrumentos, considerando que a regua, o compasso e o
esquadro sao instrumentos para a mediqao; e a alavanca, apenas um
auxiliar para se remover a pedra.
A liqao que retiramos da simplicidade dos elementos dados aos
magons dos 1 - e 2° Graus nos faz compreender que o trabalho e mais
mental que fisico.
Quais sao os instrumentos mais importantes? Sao justamente
os de medida; porem, devemos “trabalhar” com um conjunto de
instrumentos; para cada Grau conquistado, novos instrumentos sao
acrescentados, ate que o magom adquira o conhecimento do manejo
de todos os elementos que Ihe sao proporcionados para veneer.
P. VENERAVEL MESTRE: “Que significam o maco e o
cinzel?”
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “Como instrumentos destinados
a desbastar a pedra bruta, mostram-nos como devemos corrigir nossos
defeitos, tomando resolugoes sabias (cinzel), que uma determinagao
energica (mago) poe em execugao".
Ha uma informagao falsa de que a Magonaria modifica o homcm,
como se fosse uma escola.
Em tudo, nota-se que o trabalho e autorrealizado; e o proprio neofito
que percebe as suas arestas; ele sabe perfeitamente que ele. a pedra bruta.
possui arestas superfluas e as vai retirando, uma a uma.
Nao sao os Vigilantes nem o Veneravel Mestre que manejam
o mago e o cinzel; tampouco os Mestres indicarao quais as arestas
a retirar.
A pedra bruta representa o homcm comum; as arestas do homem
normal, a que nos denominamos “profano”, sao elementos naturais,
surgidos com a propria vida.
224 Simbolismo do Segundo Grew

As a^oes maleficas; a intolerancia; o desamor para com o pro­


ximo, o egoismo, sao atitudes normals no homem profano; atitudes
aceitas por todos, que provocam, evidentemente, reaqoes tambem
desagradaveis. Assim, porem, e a humanidade.
O neofito, mais tarde Aprendiz; o Companheiro, mais tarde
Mestre, adquirem, pondo em funcionamento os sens “sentidos”, a
consciencia de suas “imperfei^oes”.
O portador de “arestas”, contudo, nao e um individuo “imper-
feito”, pois e criatura de Deus, e o Grande Geometra cria sempre,
com justiqa e Perfeiqao.
Trata-se de “pinqar”, com muita sabedoria, dentre milhares de
individuos, aqueles. talvez, “predestinados” a serem as “exceqoes”,
transformando-se em “lideres” espirituais, para conduzirem o resto
da humanidade, sem alarde; silenciosamente, tambem, pelo exemplo.
Constitui um “privilegio” ingressar na Maqonaria, quando o
“recipiendario” sabe ver-se quotidianamente, descobrir arestas e
elimina-las.
Os nossos “defeitos”, que sao sinonimo de ‘‘arestas”, devem
ser “corrigidos" por nos mesmos; ninguem retirara de nos as nossas
proprias arestas e tampouco nos podemos retirar dos nossos Irmaos
as suas arestas. Trata-se de um trabalho individual.
P. VENERAVEL MESTRE: “Qual a relagao existente entre
a regua e o compasso?”
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “A regua. permitindo tragar
linhas retas que podem prolongar-se ao infmito, simboliza o direito
inflexivel, a lei moral no que ela tern de mais rigorosa e imutavel. A
esse “absolute" se opoe o circulo da relatividade, cujo raio se mede
pelo afastamento das pemas do compasso. Ora, como nossos meios
de realizagao sao limitados, devemos tragar nossos programas de
trabalho considerando nao so a ideia do abstrato que nos incumbe
seguir (regua), como a realidade concreta (compasso) com as quais
estamos habituados”.
Nao basta termos em maos uma regua. Precisamos usa-la e fazer
o tragado, que e o piano, a meta e o ideal; o Mestre realmente nos
auxilia na elaboragao dos pianos, assim como na construgao arqui-
/is Inslru^des do 2- Gran 225

•*
tetonica o mestre orienta o operario; este executa a obra seguindo as
plantas que o engenheiro elaborou.
Nao podemos vacilar no uso da rcgua, porque o tra^'ado devera
ser reto e sempre para o “infmito".
Esse infinite deve ser “verticalidade", porem, com os movimen-
tos de rotapao da Terra, nao sabemos. nunca, em que diregao esta a
verticalidade, tomando, porem. como limite a “luz” de uma estrela,
saberemos que a diregao sera sempre vertical.
A linha tragada devera ser sempre reta, sem interrupgoes. Nao
confundamos o tragado da regua com o tragado por meio do esquadro;
ambos os instrumentos tragam retas. porem. com o esquadro sabemos
distinguir, imediatamente, uma linha vertical e outra horizontal.
A reta representa o direito. inflexivel, e a Lei moral, que sem­
pre sao caminhos retos, defmidos e conhecidos. Uma conduta reta
significa um comportamento dentro dos limites tragados pelo direito,
que representa o conjunto de todas as leis.
O compasso “limita" nosso percurso; o limite e necessario
porque nao convem ao magom conduzir o sen conhecimento alem
do que pode absorver; nosso tragado e limitado pelo circulo; estamos
presos a limites por nos mesmos tragados, eis que nossa pesquisa
e estudo sao conscientes; nos devemos ter a consciencia de nossa
ignorancia; como disse Socrates, o “conhecer-se a si mesmo” sig­
nifica conhecer o Gran de sua propria ignorancia.
O caminho tragado pela regua e infinito, portanto, abstrato; a
limitagao do circulo nos da a realidade concreta; paulatinamente,
chegado o tempo, esse circulo se abre, e nossa mente podera abranger
outros pianos.
P. VENERAVEL MESTRE: “A que alude a alavanca, Irmao
Segundo Vigilante ?"
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Ao poder irresistivel de uma
vontade inflexivel, quando inteligentemente aplicada”.
A forga de vontade tern sido privilegio de poucos; os vencedores
podemtertido origem humilde, bergo pauperrimo, porem, a persisten-
cia, a perseveranga, a insistencia, a forga de sua mente, a necessidade
da vitoria, constituem elementos escassos nos individuos.
226 Simbolismo du Segunclo Gran

Dentro das Lojas magonicas, cultiva-se uma tecnica de vida que


conduz, justamente, ao exercicio da forqa de vontade.
Ela e representada pela alavanca.
A forga da vontade deve ser dirigida pela inteligencia; todos os
individuos possuem igual quantidade de inteligencia, portanto, todos
poderiam dirigir sua vontade.
Dentro de uma Loja, por meio dos exercicios feitos, o magom,
com sua inteligencia, robustece sua forqa mental e realiza o seu ideal.
Inteligencia pode ser compreendida tambem como parti cipaqao
da Suprema inteligencia em nos.
P. VENERAVEL MESTRE: “Por que a regua deve juntar-se
a alavanca?"
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Porque a vontade so e inven-
civel quando posta a serviqo do direito absoluto”.
A forqa de vontade, por si so, sendo fruto de um trabalho dis-
ciplinado, obviamente, sera empregada a luz das leis morais, sociais
e divinas.
P. VENERAVEL MESTRE: “Qual a importancia do esqua-
dro?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Pennite controlar o corte das
pedras, que devem ser estritamente regulares para se ajustarem, com
exatidao, entre si. Assim, simbolicamente, o esquadro determina as
condiqoes de solidariedade; emblema da sabedoria, ensina-nos que
a perfeiq-ao consiste, para o individuo, na justeza com que se coloca
na sociedade".
Na presente instru^ao, nota-se que os instrumentos sao conside-
rados na sua a^ao produtiva; sao os simbolos em dinamica.
A instrugao diz que o esquadro permite controlar o corte das
pedras.
Ha, portanto, um seccionamento na pedra que se apresenta ja,
isenta de crostas; trata-se de utilizar a pedra ja preparada na construcao
do edificio maponico; em ultima analise, e a “multiplicaqao" de si
mesmo; e a “produqao”, a “colheita”, na seara que levou tanto tempo
no amaino da terra, no plantio da semente, no ajoiramento.
As Instni<,-des do 2s Grew 227

As pedras devem ser perfeitamente regulares para se ajustarem


umas as outras; desaparece aqui a individualidade, pois cada obreiro
junta as suas pedras ja elaboradas, une-as as pertencentes aos sens
Irmaos, e todos se poem a edificar.
Assim, as condigdes da solidariedade, do conjunto, sao deter-
minadas pelo esquadro.
O magom contribui para a sociedade magonica, que difere da
sociedade profana.
Por reflexo, o magom beneficiara nao so a sociedade profana,
mas tambem o mundo espiritual dos sete que habitam os outros
pianos, e que poderemos referir como a Sociedade Celestial,
conhecida tambem pelo nome de Fraternidade Universal on Fra-
ternidade Branca.
P. YEN ERA YE L MESTRE: “Por que a ultima viagem do
Companheiro deve ser feita sem instrumentos de trabalho?"
R. SEGUNDO YIGILANTE: “Porque a sua transformagao
em pedra cubica esta completa e, assim, nao mais tern de se preoeupar
com o sen aperfeigoamento. Cabe-lhe, desde entao, concentrar-se e
observar, tornando-se acessivel aos claroes intelectuais que devem
iluminar, progressivamente, o seu entendimento”.
Concluindo o trabalho, obviamente o Companheiro descansa, e
ao mesmo tempo deixa de lado os seis instrumentos recebidos.
Como pedra cubica, possui o “autopolimento” suficiente para
refletir os claroes recebidos do alto, do seu Mestre absolute, do Grande
Arquiteto do Universe; esses claroes iluminam. ao mesmo tempo, o
seu entedimento e o entendimento de seu proximo.
P. YENERAYEL MESTRE: “Como urn Companheiro se faz
reconhecer?”
R. PRIMEIRO YIGILANTE: “Por urn sinal e por toque”.
O Primeiro Vigilante da uma explicagao minuciosa sobre o modo
como um Companheiro pode ser reconhecido; trata-se de sigilo do
Grau que nao pode, de forma alguma, ser revelado.
P. YENERAYEL MESTRE: “Que significa a Palavra de
Passe?”
228 Simho/ismo do Seguiu/o Gran

R. PRIMEIRO VIGILANTE: “Fartura, abundancia, dai sua


representacao no painel da Loja per uma espiga dc trigo”.
Evidentemente, “fartura c abundancia”, riquezas do intelecto;
sabedoria e conhecimento. E o alimento espiritual representado por
uma espiga de trigo, o cereal nobre, que representa o pao da vida.
A origem da Palavra de Passe proveio de uma passagem na
guerra entre os israelitas e os efraimitas, como vein referido nas
Sagradas Escrituras, o que foi objeto de estudo em capitulo anterior.
A Palavra de Passe, traduzida em linguagem hermetica, tern
significaQao mais iniciatica, relacionando-se com os Misterios de
Ceres, cujo Simbolismo era agricola; o iniciado, simbolicamente,
devia em Eleusis sofrer a sorte do grao do trigo que morre, no
inverno, sob a terra para renascer, na primavera, sob a forma de
planta nova.
P. VENERAVEL MESTRE: “Dizei-me Palavra Sagrada,
Irmao Segundo Vigilante .”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Apalavra (daa Palavra Sagra­
da) signitlca estabilidade, firmeza. E o nome de uma das Colunas de
bronze erguidas na entrada do templo de Salomao, onde os Compa-
nheiros reeebiam o sen salario”.
Estabilidade e firmeza, provenientes do armazenamento de
conhecimentos.
As Colunas de bronze correspondiam aos obeliscos dos san-
tuarios egipcios. Deveriam ter sido cobertas de hieroglifos ou ideo-
gramas que os iniciados aprendiam a decifrar.
A Historia sagrada, no Livro do Exodo, faz uma descrigao
minuciosa, com medidas exatas das Colunas, e silencia a respeito de
qualquer inscri^ao.
A fmalidade primeira daquelas Colunas, como ja foi referido,
era a de facilitar o controle, para pagamento de salaries, sobre os
milhares de artifices e operarios contratados para a construgao do
templo. Talvez, mais tarde, concluido o Santuario, elas tivessem outra
fmalidade iniciatica; isso. porem, e mera suposiqao.
A doutrina iniciatica trazida por Moises do Egito foi mantida
em sigilo; pelos atos de Moises, nota-se o emprego da magia, porem,
tudo era atribuido a acao de Jeova.
As In.stni(, des do 2" Gran 229

Contudo, as Colunas eram confeccionadas em bronze para indi­


car que os principios da iniciaqao sao imutaveis e que se transmitem
de uma civiliza^ao a outra.
As dimensoes das Colunas eram de 18 covados de altura, sem
contar o capitel, que media cinco. Alem disso, havia urn rendilhado de
12 covados cercando cada coluna. Os capiteis terminavam em calota,
cercada de uma dupla fila de romas. Essas propoi\'6es dao as Colunas
urn aspecto “falico” e as aproximam dos numerosos monumentos
fenicios consagrados ao poder gerador masculino.
A espessura era de quatro polegadas, porque se supoem ocas para
guardar os tesouros e as fenamentas dos Aprendizes e Companheiros.
Nao e aceitavel, porem, a interpretaqao de que as Colunas ocas
fossem destinadas a guardar as ferramentas dos milhares de artifices
e operarios; as Colunas deveriam ter proporgdes dez vezes maiores,
para tal finalidade.
Assim, as Colunas deveriam guardar apenas os instrumentos
preciosos ou sagrados.
P. VENERAVEL MESTRE: “Que representa o Tesouro
Oculto das Colunas?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “A Doutrina iniciatica, cujo co-
nhecimento esta reservado aos que nao param na superficie e sabem
aprofundar-se
O conhecimento nao vein ao homem gratuitamente; ele e con-
quistado com trabalho. O salario corresponde a premiacao do esforgo.
O conhecimento e dado a todos. mas isso constitui urn conhecimento
de superficie. So o verdadeiramente interessado e que pode aprofun­
dar-se e mergulhar no oceano iniciatico.
P. VENERAVEL MESTRE: “Por que a marcha do Compa-
nheiro comporta passos laterais?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Para indicar que o Companheiro
nao e obrigado a seguir invariavelmente a mesma diregao. Para que
possa collier a verdade por toda parte I he e permitido afastar-se do
caminho normalmente tragado. A exploragao do Misterio, porem, nao
o deve desorientar, e, por isso, todo afastamento momentaneo da ima-
ginagao deve ser seguido de uma pronta volta a retidao do raciocinio”.
230 Simbolismo do Segundo Gran

Parece existir uma contradi^ao; o Companheiro recebe urn tra-


9ado, que e elaborado pelos Mestres ou por si mesmo; esse tragado,
que e resultado de esforgo e estudo, e minuciosamente calculado, nao
havendo possibilidade de erro.
Contudo, faz-se necessario palmilhar o caminho da expe-
ricncia; para apreciar a luz, nada melhor que conhecer as trevas; o
campo experimental e o laboratorio do Companheiro; ele se afasta
temporaria e aparentemente do tracado defmitivo, porem, feita a
exploragao, conhecido o terreno que lire parecia misterioso, retorna
ao piano original, que e aquele que Ihe satisfaz.
P. VENERAVEL MESTRE: “Quais sao, Irmao Primeiro
Vigilante, os ornamentos de uma Loja de Companheiros?”
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “O Pavimento de Mosaico, a
Estrela Flamigera e a Orla Dentada”.
“O Pavimento de Mosaico e o soalho do grande Portico; a Estrela
Flamigera brilha ao centre da Loja para ilumina-la e a Orla Dentada
limita e decora as extremidades”.
“Os ladrilhos do Pavimento de Mosaico sao de iguais dimen-
soes, alternadamente brancos e pretos, traduzem a rigorosa exatidao
que a tudo equilibra no dominio de nossos sentimentos, submetidos
fatalmente a lei dos contrastes”.66
Os Ornamentos Sempre sao simbolos; eles sao colocados dentro
de uma Loja ma$6nica, com especifica fmalidade; na atualidade, o
Pavimento de Mosaicos e restrito a um quadrilatero central, sobre
o qual e colocado o Ara sagrado.
Aqui, ja nao tern aplica^ao a defini^ao dos “contrastes" a que
se presta o simbolo com o branco e negro dos seus ladrilhos.
“Qual operario aplicado a realiza9ao da Grande Obra, o ini-
ciado no Segundo Grau deve estar compenetrado do interesse de
prosseguir na conquista de uma felicidade continua e sem mescla.
Uma felicidade que se perpetue e que nao seja perturbada, nao pode,
como tal, ser considerada; transforma-se em suplicio, porque ela

66. Vide obra do mesmo autor, Introdugao a Maqonaria.


As Instni^oes do 2" Gran 231

fatiga e conduz ao aniquilamento, a morte. A nossa vida consiste


na agao, na luta contra todos os obstaculos, no trabalho penoso, mas
perseverante empreendido por um ideal a realizar. O esforgo, sofri-
mento provado, e o premio da vida, cujas alegrias sao exatamente
proporcionais as agoes empregadas para possui-las”.
Assim, para o Companheiro, o ladrilho branco devera ser bran-
co, e o negro, pennanecer negro; a definigao dos sens propositos; a
exatidao do sen querer.
P. VENERAVEL MESTRE: “Por que a Estrela Flamigera e
o simbolo do Companheiro?”
R. PRIMEIRO VIGILANTE. “Porque o Companheiro e
chamado a tornar-se um fogo ardente, fonte de luz e de Calor. A ge-
nerosidade de sens sentimentos deve incita-lo ao devotamento, sem
reservas, mas com discernimento. de uma inteligencia verdadeiramente
esclarecida, porque esta aberta a todas as compreensoes”.
O Companheiro e “chamado” por quern? Pelo Grande Geometra,
que o atrai a si e o ilumina. De corpo que reflete, passa a ser refletor,
a center em si a luz recebida de “sua" estrela, ardendo nas chamas e
no calor, fonte que se “eterniza”, pois quern se aproxima de um “sol”,
por ele e atraido, podendo ocorrer uma “fusao”.
P. VENERAVEL MESTRE: “Por que essa estrela e de cinco
pontas?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “E para figurar os quatro mem-
bros do homem e a cabega que os govema. Esta, como centre das
faculdades intelectuais. domina o “quatemario” dos elementos on
da materia. Assim, a estrela de cinco pontas e, mais particularmente,
emblema do poder da vontade”.
Mais um simbolo subjetivo; o homem, perfeitamente enqua-
drado dentro de figuras geometricas, que em conjunto formam a
estrela de cinco pontas,67 ja referida inumeras vezes e descrita em
capitulo anterior.

67. Nao confundir com a Estrela Flamigera.


232 Simbolismo do Segwulo Gran

Os quatro membros do homem sao inteiramente “comandados”;


nao possuem, como os orgaos intemos, movimentos autonomos que
independem de urn “comando”.
O divino Mestre ja deixava o conselho: “Se a tua mao comete
escandalo, corta-a e lan^a-a fora"; isso significa que os membros
obedecem cegamente ao comando da mente, embora possam sofrer
as consequencias de atos inapropriados.
O “comando" impulsiona a perna a dar um passo, porem, se
esse passo conduz a beira de um abismo, somente a propria mente
podera sustar a queda; a perna, o pe, nao tern discernimento nem
vontade propria.
O conjunto das aqoes deve ser equilibrado a ponto de nenhum
membro sofrer.
A estrela de cinco pontas nao comporta a “sexta ponta”; deveria
center o sexo, on seja, o membro viril.
Sera a denominada “estrela de Davi”, de seis pontas, a con-
dicionar a atividade sexual.
P. VENERAVEL MESTRE: “Que lugar ocupa a Estrela Fla-
migera em rela^ao ao Sol e a Lua?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Esta colocada entre esses cor-
pos de maneira a, com eles, format um triangulo”.
“Porque a Estrela Flamigera irradia a luz do Sol e da Lua, afir-
mando que a inteligencia ou a compreensao precede igualmente da
razao e da imagina^ao”.
“Porque a Estrela Flamigera irradia a luz do Sol e da Lua, da Loja
de Companheiro; a colocacao e simbolica, bem como a afirma^ao de
que a Estrela Flamigera irradia a Luz do sol e da Lua.
Na realidade, apenas a Lua, por ser satelite. poderia receber a ir­
radiate luminosa da Estrela Flamigera, porem, invisivel para a Terra.
O Sol e o astro rei, que possui luz propria.
Mas, na simbologia da disposi<?ao dos simbolos, formam o Sol,
a Lua e a Estrela Flamigera, um triangulo.
O significado dado pela instrugao do ritual68 diz respeito a razao,
imaginato e inteligencia ou compreensao; a inteligencia proviria da

68. Ritual da Grande Loja do Rio Grande do Sul.


As InstniQdes do 2" Gran 233

Estrela Flamigera, que contem dentro dc si, a figura do Companheiro,


em sua ponta vertical, a cabega, logo, o ponto onde esta situada a
inteligencia.
A razao proviria do Sol, fonte de todas as energias, simbolo do
Grande Arquiteto do Universe; a Lua seria a imaginac^ao, por nao
possuir luz propria, mas ser iluminada pelo Sol.
P. VENERAVEL MESTRE: “Que entendeis por orla denta-
da?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “E o lambrequim69 onde corre
a corda formada por uma serie de nos, os “lagos do amor’. E a “Ca-
deia de Uniao”, cujas extremidades, desfiadas em borlas, se reunem
proximo as duas Colunas. O todo e o emblema dos lagos que unem
todos os magons para constituirem uma unica familia sobre a Terra”.
A resposta apresenta-se um pouco confusa, pois poderia sugerir
ser a orla dentada, a propria corda dos 81 nos.
A orla dentada, ou o lambrequim, e o ornamento colocado a guiza
de “lambrequim”, entre o teto e a parede, em forma de “triangulos” em
cadeia, isto e, uma corrente formada pela sucessao de triangulos.
Nem sempre a corda dos 81 nos e colocada sob, ou sobre a orla
dentada; ela pode ser colocada nas Colunas, em numero de 12, que
circundam a Loja, formando a sua nave.
Tambcm, a orla dentada e vista em algumas Lojas desenhada
em, torno do pavimento de mosaico, seja no quadrilatero simbolico
na parte central da Camara do Meio, seja contornando o soalho, onde
limita com as quatro paredes.
O nome dado a corda dos 81 nos. de “cadeia de uniao , nao
significa a “Cadeia de Uniao”, ato liturgico; a corda dos 81 nos e uma
“cadeia” de nos que simbolizam uniao ou lagos de amizade.
P. VENERAVEL MESTRE: “Ha outras joias na Loja?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Sim, Veneravel Mestre, tres
moveis e tres imoveis; as moveis sao: O “esquadro , insignia do
Veneravel Mestre; o “nivel”, que decora o Irmao Primeiro Vigilante,

69. Ornato que pende do elimo sobre o escudo, em cavalaria.


234 Simbo/ismo do Segumlo Gran

e o “prumo”, de que me acho revestido. Sao denominadas de joias


moveis porque, alem de passarem, anualmente, a novos serventuarios,
o esquadro controla o talho das pedras, de que o nivel assegura a po-
sipao horizontal, enquanto que o prumo permite que sejam colocadas
verticalmente”.
Essas joias moveis nao devem ser confundidas com os instru-
mentos de trabalho, embora na sua forma fisica sejam identicas.
Sao joias porque adornam os colares usados pelas tres luzes,
adornando, tambem, os tronos.
A instruqao Ihe da o titulo de joias moveis porque sao trans-fe-
ridas aos novos titulares, periodicamente; nao se faz necessario que o
periodo seja de urn ano; isso depende do que estabelece o Regimento
Intern© da Loja.
Elas sao constituidas joias-simbolo, dada a sua dupla fungao; a
de instrumentos, como necessarios para a edificagao, isto e, no seu
aspecto objetivo; no seu aspecto subjetivo tern outras defmigoes.
P. VENERAVEL MESTRE: “Sob o ponto de vista moral,
essas joias significam alguma coisa, Irmao Primeiro Vigilante ?”
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “O esquadro nos induz a cor-
rigirmos os defeitos que nos impegam de manter firmemente nossa
posigao, na construgao humanitaria; o nivel exige que o magom tenha
como iguais a todos os homens, enquanto o prumo incita o Iniciado
a elcvar-se acima de todas as mesquinharias, fazendo-o conhecer o
valor das coisas”.
O significado subjetivo do esquadro abrange a todos os ma-gons;
nao se refere, apenas, aos Companheiros; notamos nas instrugoes,
ligao dirigida direta e exclusivamente ao Companheiro e tambem,
em sentido generico, a todos os obreiros da Instituigao.
A corregao dos “defeitos” sera agao individual; cada urn de nos
tern a obrigagao de descobrir e corrigir os proprios defeitos; nao se
faz preciso que alguem nos alerte a respeito; nas Lojas Magonicas
ha muita tolerancia e so em casos extremos e que sao tomadas as
iniciativas para chamar a realidade e consciencia o obreiro faltoso.
O nivelamento humano diz apenas que todos os homens sao
iguais nos sens direitos e oportunidades. Porem, nao sao iguais nas
hierarquias, na cultura e no comportamento. Diz-se do Candidate
As Instru^des do 2- Gran 235

apto a ser aceito a iniciagao “livre e de bons costumes”; essas sao as


condicoes minimas para o nivelamento.
Raga, cor da pele, condi^ao social, nao serao jamais, para a
Magonaria, obstaculos de ingresso.
A condi^ao economica, porem, deve ser analisada com precisao,
porque o maqom deve possuir meios suficientes, alem dos obrigatorios
para o sustento de sua familia, para “socorrer” os necessitados e atender
os gastos para a manutengao da Instituigao.
A condiqao intelectual tambem e atributo de seleqao, porque ha
necessidade de longos e profundos estudos.
O prumo “incita” o maQom, isto e, impulsiona a colocagao do
maqom em um piano superior ao das “mesquinharias , ou seja, dos
assuntos pueris, pomograficos, no qual a luxuria, a vaidade, o ocio
ocupam inadequadamente o pensamento. O magom deve “conhecer”
o valor das “coisas”. O vocabulo “coisas” e empregado para definir o
curial, o que nao possui valor algum, mas que, para tantos, constitui
o todo de suas pobres vidas.
O desprezo das “coisas vas” e resultante do esforgo realizado
para que o magom se coloque, como tecnica de vida, em uma posigao
“superior”, no sentido moral, sem desprezar os sens semelhantes, mas
influencia-los pela palavra e pelo exemplo.
A maxima socratica do “conhece-te a ti mesmo” relaciona-se a
maxima do 2a Grau: “conhegas o valor das kcoisas"’.
P. VENERAVEL MESTRE: “Quais sao as joias fixas?”
R. PRIMEIRO VIGILANTE: “Apedra bruta, a pedra cubica e
o painel da Loja. A pedra bruta e a materia sobre a qual se exercitam
os Aprendizes, a pedra cubica serve para os Companheiros ajustarem
sens instrumentos e o painel da Loja permite aos Mestres tragarem
seus pianos.
A pedra bruta representa o homem grosseiro e ignorante, susce-
tivel, porem, de ser educado e instruido; a pedra cubica figura o ini-
ciado que, livre de erros e de preconceitos, adquiriu os conhecimentos
necessarios e a habilidade para participar utilmente da Grande obra
de Construgao universal; o painel da Loja relaciona-se aos Mestres,
cuja autoridade se baseia no talento, de que sao provas, e no exemplo
que devem dar”.
236 Simbolismo do Segititc/o Gran

As “joias fixas ’ ou “imoveis” sao consideradas no sen aspecto


fisico; sao simbolos objetivos, ja analisados em capitulo anterior.
Aqui, a instruqao faz alusao a tarefa dos Mestres, indicando, de
modo lento, o que espera a ordem do Companheiro, quando atingir
a exaltaqao a Mestre.
Os 33 Graus do Rito Escoces Antigo e Aceito entrosam-se de
forma sutil e, pela falta de conhecimento, tanto os Aprendizes como
Companheiros e Mestres nao se dao conta de que alguns ensinamentos
constituem o portico de Graus mais elevados. Quando os perten-
centes aos Graus simbolicos ingressarem nos denominados Graus
Filosoficos, irao se admirar de encontrar esclarecimentos que ja Ihe
haviam sido administrados, embora em linguagem mais simples e
menos hermetica.
P. VENERAVEL MESTRE: “Quantas sao as janelas existen-
tes na Loja de Companheiro?”
R. SEGUNDO VIGILANTE: “Sao tres, ao Oriente, ao Sul
e ao Ocidente; no setentriao nao existe janela, porque a luz nunca
vein de la; as janelas sao destinadas a iluminar os obreiros, quando
ingressam ou se retiram da Loja”.
A Loja de Aprendiz difere da Loja de Companheiro; pela po-
breza da Maqonaria brasileira, inexistem, como ja referimos, templos
que contenham Lojas para os tres Graus simbolicos; sao necessarias
adaptaqoes e estas sempre sao grotescas, inadequadas e improvisadas.
P. VENERA VEL MESTRE: “Onde tern assento os Compa-
nheiros?
R. SEGUNDO VIGILANTE: "Ao Sul, trabalhando com li-
berdade, alegria e fervor”.
O Ritual faz referencia ao "assento” dos obreiros porque e a
postura mais longa dentro da Loja.
Se e importante, relevantemente importante a "postura” de pe,
mais relevante e observar a “postura” sentada, para que seja mantida
dentro das normas ritualisticas e simbolicas.
A '“postura sentada e estatica; a imobilidade do obreiro constitui
um exercicio para disciplinar o corpo fisico, submete-lo a uma posiqao
As lnstni(,‘des do 2- Gran 237

adequada para que a mente possa receber o ensinamento, “livre” de


qualquer “condicionamento” imposto pelo seu corpo.
Todos os magons sabem qual e a postura correta, e isso constitui
um beneficio para o corpo; c o exercicio “Yoga” que, dominando o
corpo, liberta a mente.
Quern nao se disciplina, julga erradamente que a posigao longa
a que os obreiros sao submetidos constitui um sacrificio, provoca
caimbras e cansago; ao contrario. Uma posigao correta permite su-
portar, por um longo periodo, a "postura".
A posigao dada aos Aprendizes, sem Ihes permitir encostarem
a parte dorsal, porque os seus lugares nao possuem encostos, bem
como a posigao dos Companheiros, um pouco mais comoda. embora,
beneficia a “espinha dorsal”, “coluna” do organismo.
Furtando do afa da vida moderna, algumas boras semanais
das posigoes rotineiras, a “postura" correta dentro da Loja e alta-
mente recomendavel, proporcionando aos obreiros os beneficios
espirituais e fisicos.
Os Vigilantes tern obrigagao de chamar a atengao, por sua
autoridade, dos obreiros de suas Colunas, quando nao se postam
adequadamente.
Faz-se necessario, outrossim, dar orientagao aos obreiros sobre
esses aspectos.
A “postura” sentada e comum a todos os tres Grans simbolicos,
enquanto a “postura” de pe difere de um Grau a outro.
E os obreiros que se encontram no Oriente, nas Lojas de Apren­
dizes e Companheiros? A “postura” c igual.
Os obreiros que ocupam os lugares destinados as luzes, on
seja, Veneravel Mestre e Vigilantes, e os Oficiais, como o Orador, o
Secretario, o Chanceler e o Tesoureiro, que possuem tronos, como
devem se sentar?
Sua “postura" sentada difere em parte, porque as suas maos
estao executando alguma tarefa; porem, quando nao ocupados, devem
manter a mesma “postura" dos demais.
As luzes, por terem malhetes em suas maos, mantem posturas
diferentes; quando de pe, a posigao dos pcs continua em esquadria; a
mao esquerda, no local adequado ao Grau, e a direita elevara o malhete
238 Simbolisnio do Segunclo Grew

a altura do coraQao; porem, se preferirem, poderao abandonar o malhete


sobre o trono e colocarem-se na postura comum ao Grau.
*
* *

iJmtxuydo
A terceira e ultima instrugao consiste na administragao de nogoes
de Filosofia Iniciatica, da parte do Veneravel Mestre, e de Simbologia
Numerica, da parte do Orador.
Sao nogoes que dizem respeito ao 2“ Grau70 e ja referidas no
presente trabalho; as repetigoes, tratando-se de uma obra “didatica”,
como pretende o autor, sao toleraveis.
Dois sao os temas escolhidos: o Enigma da Vida e a Meditagao
da Verdade.
O primeiro tema com porta as perguntas: O que e a vida? Para
que ela serve? Qual e o sen fun?
Essa trilogia se desdobra em questoes secundarias, como: Por
que o homem nao aceita a vida, como fazem os animais, tal como se
apresenta? Goza-la do melhor modo, com feliz despreocupagao, nao
seria mais pratico, mais acertado do que torturar o espirito querendo
penetrar esses misterios insondaveis?
Essas questoes nao impressionam a grande massa dos povos,
que so almejam satisfagoes materiais e imediatas, acreditando em um
Deus que castiga e que deve ser venerado.
Porem, e felizmente, sempre existiram homens que buscaram
penetrar no amago dessas questoes, alguns, ate com verdadeira
obsessao, em todos os povos. Os sinais dessa preocupagao per-
maneceram, desde os sumerianos, aos hindus, egipcios, hebreus,
gregos e latinos, no esbogo do que passou a constituir a civilizagao
e chegaram ate nos; alguns intactos, outros fragmentados, ate o
surgimento dos livros impresses.

70. Extraidas de varias obras de Oswald Wirth.


As Ins tru^oes do 2-Gran 239

Assim, a Magonaria seguiu os passes desses “pensadores”,


verdadeiros sabios, coletando todas as impressoes e as redistribuindo,
selecionadas e, em muitos casos, ampliando-as dentro do pensamento
filosofico modemo.
Dentre o grupo de homens interessados, ha os que, pelo in-
cessante trabalho mental, buscam conhecer a existencia de outros
universos, interrogando, ansiosamente, o Cosmos; e dentro do nosso
mundo, a natureza.
Esses pensadores de todas as epocas so se satisfazem quando
encontram as explicagoes almejadas.
Desses esforgos todos, surgiram os sistemas filosoficos; alguns
transformados em religiao; outros em doutrina, mas todos com a fi-
nalidade de corresponder as necessidades de saber, inatas no homem
em geral.
Assim, encontramos dentro dos “resultados” concebidos apenas
pela mente Humana verdadeiras heresias e discrepancias.
Ainda nao foi conquistado o denominador comum, que seria a
“posse” da verdade.
O misterio persiste; apenas foram definidos raros aspectos; pa-
rece que quanto mais avanga a humanidade no terreno tecnologico,
mais recua o interesse a respeito da verdade.
Quern faz alarde de sua propria sabedoria e anuncia descobertas
definitivas, comprova a pobreza de sen espirito.
O verdadeiro sabio, que e iniciado, sempre se mostra humilde
em presenga de uma verdade, pois a reconhece superior a sua com-
preensao. Foge, se Ihe solicitam ser o instrutor das multidoes porque
tern consciencia de que jamais poderia satisfazer a curiosidade dos
discipulos.
O sabio e iniciado, porem, possui a capacidade de encontrar o
sen discipulo; aquele que, como terra fertil, recebe a semente e tern
condigoes de germina-la.
A pretensao de, satisfazendo uma curiosidade, o individuo querer
“adivinhar” o etemo enigma resultara em fracasso certo e previsto.
Nunca sabera a verdade.
A verdade adquire vida e corporifica-se, e como tal, e muito sutil
e vivaz para deixar-se prender, penetrar e encontrar; foge.
240 Simbolismo do Segumlo Gran

Ha os que nos apresentam a verdade vestida com os trajes es-


colhidos pelos proprios impostores; a personagem podera enganar
os incautos, porem os verdadeiramente iniciados distinguirao com
facilidade a mistificapao.
Fugir da mistifica^ao e a^ao habil, prudente e propria dos espi-
ritos humildes e conscienciosos.
O magom, desde os sens tempos de Aprendiz, e agora na
condicao de Companheiro, recebeu a orientagao certa: ele repele
as “sugestoes” recebidas dos pseudo-sabios; esquece o que se Ihe
pretendeu impingir; medita e penetra dentro de si, desce no infinite
de dentro, dos proprios pensamentos, e assim, aproxima-se da “fonte
pura da verdade”.
O aprendizado, totalmente a margem de qualquer ensino con-
vencional, devidamente orientado pelos exercicios ja executados, pela
vivencia magonica, encontrara como Mestre, o Grande Geometra;
como compendio, sen proprio ser, a sua parte divina; e como escola,
o sen “intemo”, a sua mente, o sen coragao.
A soma de todas as suas novas sensagoes, a compreensao dos
simbolos que compoem a edificagao da obra, que e sinonimo de vida,
e vida Humana, representa o caminho na diregao certa.
O Companheiro nao deve afastar-se da seguinte norma:
“Em materia de saber, a qualidade supera a quantidade.
Sabei pouco, mas esse pouco, sabei-o bem. Aprendei,
principalmente, a distinguir o real do aparente. Nao vos
deixeis apegar as palavras, as expressoes, por mais belas
que paregam; esforgai-vos sempre para discernir aquilo
que e inexpiicavel, intraduzivel. a Ideia-Principio, o fundo,
o espirito, sempre mal e imperfeitamente interpretado
nas frases mais buriladas. E desse modo, unicamente por
esse meio, que afastareis as trevas do inundo profano e
atingireis a clarividencia dos Iniciados”.71

71. Terceira Instrufao do Ritual da Grande Loja do Rio Grande do Sul.


/Is Instniqdes do 2- Gran 241

Cumpre ao Companheiro selecionar as obras para oriental' o


estudo; os livros indicados pelos Mestres sao necessaries, porque a
vida moderna nao pennite longos momentos de meditaqao.
A escassa meditaqao praticada dentro das Lojas tambem nao
proporciona proveito como necessitam os Companheiros; a meditaqao
e pratica muito recomendada, mas pouco usada; faz-se mister uma
renovaqao nos habitos exercitados dentro das Oficinas.
Para suprir as deficiencias por todos conhecidas, as Lojas
deveriam72 organizar as suas proprias bibliotecas, enriquecendo-as
com obras adequadas. A meditate, para surtir eficiencia, necessita
de um ponto de partida; o assunto a pesquisar na “Universidade de
dentro” devera estar ja elaborado; e sem a experiencia dos que se tern
dedicado a escrever, o caminho a percorrer sera mais lento e longo.
O Enigma da Vida e a Meditaqao da Verdade constituem o
“desafio” a perseveranga do Companheiro.
Chegara para ele a oportunidade.

ORADOR
A “gnose numerica” foi arquitetada pelos sabios magons an-
tigos, em dados abstratos ligados, particularmente, as propriedades
intrinsecas dos numeros.
A ciencia dos numeros, on a Numerologia, torna-se base para
a compreensao dos simbolos.
O Aprendiz estudou os numeros ate a tetrade pitagorica, on
seja, ate o n2 3; o Companheiro partira do niimero 4, para chegar aos
numeros 5, 6 e 7.
Geometricamente, 1 representa o ponto; 2, a I inha; 3, a super-
ficie, e 4, o solido, cuja medida e o cubo.
— “l,o ponto sem dimensoes, e, porem, o gerador abstrato de
todas as formas imaginaveis. E o nada contendo o todo em potencia,
digamos, o criador, o principe anterior a toda manifestagao, o archeo,
o obreiro por excelencia.

72. Opiniao do autor.


242 Simbolismo do Segundo Gran

— 2, a linha, nada mais e que 1, o ponto em movimento e,


portanto, a agao, a irradiagao, a expansao ou a emanagao criadora, o
verbo ou o trabalho.
— 3, a superficie, apresenta-se como o piano em que se preci-
sam as intengoes, em que o ideal se determina e se fixa. E o dominio
da lei necessaria, que govema toda a agao, impondo a toda arte suas
regras inevitaveis.
— 4, o solido, o cubo, mostra a obra realizada, por meio da
qual se nos revela a arte, o trabalho e o obreiro”. O quatemario existe
em todas as coisas; faz-se mister, porem, descobri-lo. A concepgao
quatemaria e pratica, enquanto a temaria e abstrata.
Cumpre ao Companheiro que nao se satisfaz com coneepgoes
teoricas realizar as suas ambigoes, no terreno pratico.
Portanto, as coneepgoes abstratas ficaram no aprendizado do 1 -
Grau; o Companheiro tera no 4 o sen ponto de partida.
O Ideografismo, que e a expressao da ideia escrita, tern como
fundamento os seguintes sinais:
O circulo, a cruz (simples), o triangulo (com o vertice para
cima) e o quadrado.
Era a Geometria Filosofal da escola platonica; diferente da
Geometria de Euclides, que era a ciencia da medida e do espago.
A Geometria Filosofal e sutil, espiritual, mais arte que ciencia.
Partindo das formas, as mais simples, dando-lhes um sentido,
o espirito pode elevar-se a alturas jamais imaginadas.
Nem sempre a expressao verbal satisfaz; frequentemente, falseia
a verdade.
Assim, encontramos, desde os tempos primitives, homens sabios
ocultando sen conhecimento, por meio de uma linguagem figurativa: a
Alquimia dava os nomes dos elementos, por formas, partindo, sempre,
dos sinais acima referidos, fazendo combinagoes entre si.
A materia-prima da grande arte devera ser extraida da “mina”,
que esta em nos mesmos.
Assim agiram os hermetistas da Made Media, que aspiravam
a transmutagao do chumbo em ouro; o vulgo suponha que a trans-
muta-gao realmente fosse no metal, quando, na realidade, os sabios
hermeticos desejam transformar o homem rude em homem sabio.
/Is InstniQdes do 2- Gran 243

A materia-prima era Humana.


O seu alfabeto era secreto, formado por signos; nao revelava
a ideografia iniciatica; a Intui<;ao. personificada por Isis, deveria
instrui-los.
O circulo vincula-se, Segundo as no^oes pitagoricas, a Uni-
dade; a cruz, ao Binario; o triangulo, ao Ternario e o quadrado, ao
Quaternario.
Tres das quatro figuras possuem superficie; a cruz, porem, nao
e uma figura “fechada”; a cruz simples, formada por dois traqos,
um horizontal e outro vertical, em Alquimia, nao designa nenhuma
substancia; ela serve para as combinagoes; a cruz vein substituida
pelo triangulo invertido, ou seja, com o vertice para baixo.
Com essas quatro figuras, a insergao da cruz as modifican-
do, foram denominados os elementos; a cruz une-se facilmente ao
circulo, realizando uma conciliagao ideal dos contraries; ha uma
afinidade entre a cruz e o quadrado, cujos lados formam o esquadro;
a menor afinidade esta entre a cruz e os triangulos; somente na base
dos triangulos, pela parte externa, e oposta a cruz, representando o
elemento de conciliagao, o signo religiose, a ligagao que verifica e
poe em movimento.
Em Astrologia, cada signo foi demarcado com um sinal, mantido
em segredo pelos hermeticos.

O TETRAGRAMA HEBRAICO
Jeova, o Ser dos seres, o Ser em Si, Aquele que E, representado
nas Sagradas Escrituras hebraicas por 4 letras que nao se podiam
pronunciar, mas apenas escrever; letras, naturalmente hebraicas, em
que a primeira, o IOD conhecido pelos Aprendizes, esta inserida no
triangulo sagrado.
IOD representa o principio ativo; e o Ser que pensa, que ordena;
representa o fogo, como na sarga ardente.
HE, a segunda letra, representa o sopro animador, aquele que
deu vida a Adao, feito com barro; representa a vida.
VAU representa a ligagao do abstrato ao concrete; e a lei; e o
amor que une o pai a mae, engendrando o filho.
244 Simbolismo do Segundo Gran

HE e a segunda letra duplicada, que representa a manifesta^ao


“visivel”.
O conjunto constitui a fonte perene da natureza, o supremo
misterio da cria^ao; resumindo. as quatro letras hebraicas indicam
o nome do ser criador que se divide em quatro partes: o sujeito;
o atributo; o objeto e o complemento (direto on indireto); e uma
concepgao da gramatica.

o quaternArio
A Magonaria, porem, nao se fixa apenas no Tetragrama Hc-
braico; busca, sempre na Antiguidade, outras defini^des para a
Numerologia.
Assim pensavam os antigos:
O quadrado e o simbolo do quaternario; em uma linguagem
filosofica, c a quadratura de todo circulo e que expressa o “ciclo da
manifesta^ao".
O Quaternario da limitacao e definigao a natureza, que e
constituida de tres principios ativos, on qualidade: raja, on enxofre,
representando o principio da “atividade”; tamas, ou sal, principio da
resistencia; satva, ou mercurio, principio ritmico.
O quaternario geometrico (o circulo, a cruz, o triangulo e o qua­
drado) une-se a outras representagoes: os quatro pontos cardeais; as
quatro dimensoes einsteinianas; os quatro bravos de Brahma; e a cruz
(de quatro bravos), as quatro estates do ano, os quatro elementos da
natureza (Ar, Agua, Fogo e Terra); os quatro Vedas, os quatro evan-
gelhos, as quatro verdades; os quatro animals sagrados constitutivos
da cruz zodiacal, fonnando a esftnge e a coroa dos magos: o touro,
o leao, a aguia e o filho do homem.
O quadrado e a expressao do Quaternario, sintese da Nature­
za; e a imagem de um templo perfeito, representando o templo de
Salomao.
O templo maQonico e um quadrilongo que se estende do Oriente
ao Ocidente e de Norte a Sul.
Depois do circulo, o quadrado e a mais perfeita das figuras pla-
nas, por possuir sens quatro lados iguais, perfeitamente esquadrejados.
As Instru^des do 2Q Gran 245

reproduzindo sens quatro angulos, os 360- da circunferencia, dai o


nome “Quadratura do Circulo”.

O QUINARIO
A uniao do ternario com o quaternario forma a piramide, o
perfeito quinario.
As piramides sao os testemunhos vivos da sabedoria do antigo
Egito, sabedoria arquitetonica que tern urn liame perfeito com a
Magonaria.
Na piramide, encontramos o ternario divino, que se realiza em
cada uma de suas faces, correspondentes aos quatro elementos, cada
um dos quais surge cm sen aspecto triplice (atividade, inercia e ritmo),
como no zodiaco. Os quatro espigoes que unem as faces represen-
tam as qualidades comuns aos elementos (masculinos e femininos;
positives e negatives).
O vertice superior indica a quintessencia; o quinto principio,
o elemento que corresponde ao verbo inteligente que se manifesta
na Loja. E o principio que deu origem ao Uni verso. A Loja, como a
piramide, constitui uma representagao perfeita do Universe.
A piramide e colocada sobre a pedra quadrada, como simbolo
da construgao perfeita, social e humana. E a pedra cubica com ponta.
O quinto elemento nos faz passar do quaternario ao quinario,
e do dominio da materia ao da vida e da inteligencia. No piano da
criagao, foi no quinto dia que Deus criou os animais, deixando-os na
Terra, Segundo nos relata o Genesis. Na vida do homem, mormente
do Companheiro, a quintessencia e o elemento espiritual que o im-
pulsiona a agao.
A vida vegetativa nao tern comparagao com a vida espiritual;
espirito, aqui, representa a presenga do Grande Geometra na mente
do Companheiro.
Entre os homens, a “espiritualidade” apresenta gamas diversas:
o “crescimento” de que nos falam os Evangelhos e as Cartas de Sao
Paulo e comparado ao crescimento comum e vegetative do ser.
Esse estado espiritual. no magom, surge desde a iniciagao, mas
se manifesta com mais potencia no Companheiro. Seria a definigao
246 Simbulismo do Segunclo Gran

da quintessencia dos elementos; a razao dos filosoios, a cristiamza-


qao dos cristaos e o nirvana dos hindus. Em Lima linguagem poetica,
podenamos definir a quitesscncia como o reino dos ecus.
As cinco fases consideradas pelos hermeticos, a saber: primeira,
a de sua origem (a criagao a partir do nada); segunda, como origina-
ria dos quatro elementos; a terceira. a energia neles contida, como
centre estatico equilibrante; quarta, a vida que os anima; e quinta,
a inteligencia que govema a vida organica, ponto de partida para as
demais “possibilidades”, bem demonstram que Dies faltava apenas
um simples toque para a definigao final.
Hoje, pelo conhecimento que temos oriundo da Psicologia sobre
o que seja a inteligencia, temos consciencia de que algo muito superior
govema o individuo que sabe raciocinar.
O saber que Deus esta em nos; que nos somos parcela divina; que
fomos criados perfeitos, nao basta para amenizar a grande ansiedade
de um conhecimento mais claro.
O Companheiro sabe de sua origem; sabe por onde andou e
SLl speita qual sera o sen fim; “suspeita", porem, nao tern coragem de
penetrar no misterio da Quintessencia.
O Companheiro chegou ate aqui. A sua ultima Instruqao e com-
plexa. Sua mente busca, nao Lima resposta, mas situar-se no caminho
que esta trilhando.
Resta-lhe, apenas, uma atitude a tomar: isolar-se um pouco do
mundo profano, com as suas obriga^des fatais.
Medite. Entre em si mesmo e busque na propria fonte a resposta
aos seus anseios.
Essa e a li^ao que a numerologia Ihe propicia, quanto ao numero
de seu Grau.

O HEXAGRAMA
Quando surgiu o quinario, nascido do centre do quaternario,
originou-se a atmosfera psiquica envolvendo a personalidade do
Companheiro.
Hermeticamente, essa atmosfera psiquica surgiu da agua vaporiza-
da pelo fogo, ou agua ignea, fluido vital carregado de energias ativas.
As Instrugoes do 2" Gran 247

Essa uniao e representada pela estrela de seis pontas, on deno-


minada signo de Salomao.
Sao dois triangulos entrelagados, representando, o primeiro, o ser
masculine, e o Segundo, o feminine; o primeiro representa a energia
individual; o Segundo, o triangulo invertido, simbolizando uma ta<;a,
recebe o “orvalho” depositado pela umidade difundida pelo espa^o.
A estrela de seis pontas representa o macrocosmo, ou seja, o
grande Universe em toda a sua extensao infinita.
O hexagrama expressa o principio da analogia e a correspon-
dencia universal dos hermeticos: “O de cima e como o de baixo; o
de baixo, como o de acima”. Sao os triangulos do mundo divino e do
mundo material; no centro do hexagrama, encontra-se a representagao
do mundo subjetivo, ou o interior do homem.
O hexagrama e representado em duas cores: o triangulo de cima,
na cor vermelha; o de baixo, na azul ou preta.
O hexagono formado na parte interna do hexagrama e encon-
trado nos favos das abelhas e na forma da maioria dos cristais; essas
figuras sao chamadas de “arquitetura organica”.

O SETENARIO
Sete e o numero da harmonia, que resulta do equilibrio estabe-
lecido pelos elementos heterogeneos.
E formado pelo numero 3 somado ao numero 4, ou seja, pelo
tetragrama, mais o triangulo.
E o simbolo do delta sagrado, sendo o tetragrama central for­
mado de quatro letras hebraicas, envolvidas pelo triangulo equilatero.
O conhecimento do setenario diz mais de perto ao 3" Grau,
representa a “essencia do ser”, ou seja, a alma humana purificada,
fortificada, temperada pelas provas da existencia, tendo atingido um
estado que Ihe permite realizar a “magia”, denominada pelo profano
de “milagres”.
E o numero do iniciado perfeito, que e o Mestre.
Representa o dia do “descanso” do Senhor, o dia sagrado, quan-
do a criatura rende homenagem ao sen criador.
(D Sxamz
Todos os compcndios sobre o 2° Grau se referem ao exame
ao qual o Companheiro deve ser submetido, fornecendo ate alguns
modelos de questionarios.
A “passagem da perpendicular ao nivef, formula aplicavel ao
Companheiro, permitira daquele momento em diante, que ele participe
nos trabalhos da Loja.
A perpendicular suporta a “chumbada”, que simboliza a descida
em “si mesmo” (a transformagao alquimica do chumbo em ouro);
meditaqao grandiosa que proporciona a oportunidade de tudo analisar
detalhadamente.
Concluido o trabalho individual, finda a “descida”, o Compa­
nheiro volta-se aos demais Irmaos e “nivela” sen comportamento,
permanecendo, todos, no mesmo piano.
O Companheiro, na condiqao de “livre-construtor”, devera
preparar-se para assimilar as li^oes contidas nos simbolos.
O Aprendiz reeebe a primeira letra de sua Palavra Sagrada, porem,
necessita proporcionar a segunda, para entao receber a terceira.
Desde os primeiros passes, o Companheiro luta para absorver
o que aprende.
Nao podera, porem. estacionar no 2° Grau, mas nao tern o “di-
reito” de buscar a exaltaqao.
A admissao de um Candidate profano decorre de um longo
estudo, de parte, primeiramente, de quern o apresenta; em Segundo
lugar, da Comissao de Sindicancia e, em terceiro lugar, da aprovagao
per unanimidade da Assembleia.
Em tese, o sistema de arregimentagao de Candidates e perfeito;
porem, na realidade, cada Loja segue a sua “praxe” e nem sempre a
escolha c acertada.
Em cidades pequenas, todos sao conhecidos e torna-se muito
facil saber quern serve e da conveniencia ou nao de solicitar o inte-
resse do profano.

248
O Exame 249

Porem, nas cidades maiores e mormente nas capitals, o problema


torna-se diflcil dc equacionar.
Geralmente, posto seja altamente condenavel, basta a propria
apresentapao fcita por um Mestre do Quadro. Este merece fc; o pres-
suposto de que a sua convivencia com o Candidate e razao suficiente
para que Ihe seja perfeitamente conhecido; a confianga que os obrei-
I'os depositam no proponente; as infonnaqoes elogiosas iniciais, sao
fatores de plena e geral convicqao.
A propria comissao de sindicancia busca informaqoes superfi-
ciais, dado o pressuposto de que o proponente merece fe.
Os aspectos negatives surgem do fator basico de que o des
-prepare existente nas Lojas brasileiras nao capacita a maioria dos
proponentes a uma escolha acertada.
Dessa deficiencia e que surgiu a frase que se tornou axioma:
"Se o Candidato nao for digno, ele nao permanecera por longo
tempo na Loja”.
A sua escassa permanencia decorre de sua propria vontade.
Perdendo o interesse, afasta-se.
E temos entao o resultado comum a todas as Lojas: Sessoes
pouco frequentadas; membros do quadro que permanecem longo
periodo afastados do convivio dos Irmaos e que, muitas vezes, sao
elevados e exaltados por “antiguidade".
Portanto, quando o Aprendiz se mostra apto a elevagao, surge a
oportunidade de Ihe exigir trabalhos, com a fmalidade de compeli-lo
ao estudo e a dedicaqao. Um bom Aprendiz sera um Companheiro
promissor.
Mas, se o Companheiro, vencido sen tempo para se candidatar
a exalta(;ao, nao estiver devidamente preparado, teremos um Mestre
que nao tera condiqoes dc apresentar candidates. Estara formado o
circulo vicioso, e a Loja se apresentara como Loja fraca e inexpressiva
dentro da Jurisdi^ao.
Dai a necessidade, recomendada pela experiencia. de submeter
o Companheiro a um exame. Esse exame devera ser feito dentro da
Loja, e o Companheiro devera responder as questoes oralmente.
Apresentar um trabalho escrito nao comprovara o conhecimento
adquirido, porque sera extremamente facil a consulta aos compendios.
Porem, as questoes devem ser elaboradas inteligentemente e
250 Simbolismo do Segundo Gran

preparadas de forma individual, para evitar a rotina.


Cada resposta deve comportar uma disserta^ao e proporcionar
a todos os membros da Loja a oportunidade de apartes e perguntas
suplementares.
Atingir o 3g Grau nao significa apenas a passagem por meio de
um cerimonial, para nova situa^ao ma^onica, mas a definitiva posi-
Qao dentro da Loja, onde existe um mesmo piano de conhecimentos
e oportunidades, e que podera conduzir qualquer membro a posi<?ao
de Veneravel Mestre.
O questionario para o exame devera ser elaborado pelo Orador
e devera atingir nao somente a parte doutrinaria, mas a personalidade
do examinado, a fim de que todos os presentes passem a conhece-lo
e a saber das possibilidades amplas que o novo Mestre tera para o
“coroamento da obra”.
O exame deve atingir o “comportamento” do examinado; isso
constitui a “ciencia do comportamento”.
O comportamento humano e complexo; de um lado, temos a
Fisiologia, investigando os orgaos e celulas que executam o trabalho
organico; de outro lado, as ciencias sociais, estudando o homem dentro
do grupo humano; ha a posigao intermediaria, que centraliza a aten-
gao sobre o “individuo”, que e a Psicologia; esta estuda as atividades
do individuo durante toda a sua vida, desde o periodo embrionario,
continuando pela infancia, meninice e adolescencia, ate a maturidade.
Durante esse periodo, o “individuo” mantem-se o mesmo, porem
sen comportamento apresenta dualidade: continuidade e modificagoes.
A Psicologia compara a crianga e o adulto, o normal e o anormal,
o humano e o animal; aplica as leis gerais que regulam as atividades
dos individuos muito diferentes entre si; leis do crescimento, da
aprendizagem, do pensamento e da emogao.
Em suma, a Psicologia pode ser definida como a ciencia das
atividades do individuo.
A atividade inclui, alem das atividades motoras, como andar e
falar, as cognitivas (aquisigao de conhecimentos), como ver, ouvir,
lembrar e pensar; e atividades emocionais, como rir e chorar, sentir
alegria ou tristeza.
O tema constante das ligoes do Ritual, para o Companheiro,
O Exume 251

sao os sens cinco sentidos. Dai a necessidade de se conhecerem essas


atividades, apos transcorrido o periodo do companheirismo.
Segundo o ponto de vista cientifico, a Psicologia trata das ati­
vidades mentais, como aprender, lembrar, pensar, planejar, observar,
desejar, amar, odiar.
A atividade mental, porem, tambem e atividade corporal; o
cerebro entra ativamente em toda atua^ao mental; os musculos e os
orgaos tambem desempenham o sen papel.
Descobrir o funcionamento dos orgaos diz respeito a Fisiologia,
ciencia que subdivide os organismos em suas partes componentes e
procura determinar a contribuipao de cada orgao para a vida, consi-
derados um conjunto.
A Fisiologia estuda a fun^ao dos olhos na visao; dos orgaos da
linguagem nas comunicagdes verbais; dos musculos no ato de pegar
um objeto e, assim, investiga como e que esse orgao a que chamamos
de cerebro Integra as atividades do individuo obrigando-o a acomo-
dar-se ao ambiente.
O individuo deve ser estudado como um todo, embora as ativida­
des individuais possam ser decompostas. O individuo e uma unidade,
e quern ama ou odeia, realiza ou falha; executa tarefas, soluciona
problemas, adapta-se com o meio ambiente e na coexistencia com
outras pessoas.
Essas “interagoes” entre o individuo considerado um todo e o
mundo ao sen redor requerem investigagoes cientificas; esse estudo
e levado a efeito pela Psicologia.
O individuo humano “interage" com outros individuos, toman-
do parte em atividades grupais. E o individuo dentro da Magonaria.
Pode-se tomar o grupo que compoe uma Loja como unidade; o
estudo dessas atividades denomina-se Sociologia.
A atividade de uma Loja poderia ser considerada um todo, mas,
ao mesmo tempo, descrita individualmente, na medida das realizagoes
de cada comporente.
Logo, ao estudarmos a atividade mental e social do Compa-
nheiro, deve-se considerar como individuo e, ao mesmo tempo, como
componente de um grupo.
O Companheiro durante seu aprendizado deu provas de ser
tolerante? A Loja o submeteu a testes? O Companheiro mostrou-se
252 Simbolismo do Segwu/o Gran

eficaz por ocasiao de urn trabalho em grupo? O Companheiro tomou


alguma iniciativa que atingisse todo o grupo? Individualmente, fora
da Loja, entrou cm contato, “com o trabalho maqonico”, visitando
Irmaos enfermos; oferecendo auxilio aos necessitados; empreendendo
atividade isolada e mais tarde relatada em Loja?
Em suma, o exame deve abranger o trabalho operativo indivi­
dual e em grupo, o trabalho especulativo, por meio de sens estudos,
iniciativas no campo cultural e cientifico, bem como o discernimento
a respeito dos simbolos, da liturgia; o conhecimento do Rito, dos
rituais e das leis magonicas.
Faz-se necessario que uma Loja, por intermedio de sen Vene-
ravel Mcstre, programe esses exames e pratique, a guisa de cnsaios,
ocupando todos os obreiros Mestres, para que os resultados sejam
proveitosos.
Sem duvida, uma Loja “intelectualizada” tera mais e melhores
probabilidades de evolugao, as Lojas cujos componentes sejam cul-
turalmente mediocres.
O campo experimental e de suma importancia, mormente em
uma Loja de Companheiros, uma vez bem conduzido o Ritual e as
suas instrugoes.
Os Veneraveis Mestres. por ocasiao dos sens encontros com Ve-
neraveis Mestres das demais Lojas de uma jurisdigao, deverao trocar
ideias e permutar experiencias, para que o trabalho e as realizacoes
atinjam a maioria, em bencficio de uma instituigao progressista.
auxai ^JinaLh
Encerramos, aqui, a segunda parte da “trilogia” que nos propn-
semos a apresentar, sobre o Simbolismo dos tres primeiros Grans.
A terceira parte completara o que se convencionou denominar
de “Maqonaria Simbolica”, ou “Maqonaria Azul”, on seja, os tres
primeiros Graus do Rito Escoces Antigo e Aceito.
Tentamos, de forma simples, e ao alcance de todos, esclarecer
os “misterios” sobre o 1" Grau. o de Aprendiz, porem, fugindo ao que
ja existe entre nos e ingressando em urn terreno mais pratico, qual
seja, a interpretaqao do Ritual.
Recomendamos aos Aprendizes e aos Companheiros que, ao
iniciarem a leitura desses dois primeiros livros, facam-no tendo ao
lado os respectivos rituais.
O “desenvolvimento” do Ritual, seja na parte correspondente
as “Sessoes economicas”, ou na parte da “iniciaqao”, obedece rigo-
rosamente a ordem estabelecida nos rituais.
Se ao leitor parecer que de um assunto o autor passa bmscamente
a um outro, isso se deve, justamente, a obediencia estabelecida aos
referidos rituais.
Os leitores que lerem essas duas primeiras obras, se forem
membros ativos de Loja maqonica, verificarao, imediatamente, a
existencia de uma continuidade, eis que, a leitura dos rituais ja Ihes
sera familiar.
Para os instrutores, as presentes obras fomecem material farto,
equacionado e apto para a apresentaqao de qualquer assunto, bas-
tando apresentar um resumo para que seja desenvolvido no decorrer
do trabalho, com a participaqao dos Aprendizes ou Companheiros.
O Companheiro, apos ler com atenqao este livro, estara pronto
para apresentar sens trabalhos e ser chamado a exaltaqao.
O 3- Grau. o do Mestre, ou como se costuma dizer, o do “mes-
trado”, contem, obviamente, a parte mais dificil da trilogia, eis que os
alicerces do 3y Grau sao constituidos por uma “lenda” que vein sendo

253
254 Simbulismo do Segundo Gran

interpretada ha seguramente um seculo, das mais variadas formas.


E recomendavel que tanto os Aprendizes como os Companheiros
ja formem a sua “biblioteca ma^onica”, adquirindo as obras que se
encontram a venda, tanto nas sedes de suas instituipoes como em todas
as boas livrarias do pais. (Existem livraria especializadas nas capitals)
Nao se pode classificar uma obra como boa ou ruim; todos nos
somos idealistas e nos propomos a colaborar com nossos esforgos para
possibilitar ao povo brasileiro, profano ou ma^onico, o conhecimento
acerca da Magonaria.
Os autores brasileiros sao poucos e encontram seria dificuldade
na impressao e sobretudo na distribuigao de suas obras, seja pela
escassez de editoras especializadas, seja pelo elevado custo do livro.
A Academia Ma^onica de Letras reuniu todos os que publicaram,
ou que pretendem publicar obras ma^onicas, em um esfor^o digno
dos maiores elogios e reconhecimento.
As obras estrangeiras, por sua vez, apresentam duas dificulda-
des: a lingua e o custo.
As bibliotecas (publicas ou privadas) sao pauperrimas em obras
magonicas, e nao oferecem nenhum subsidio valioso para a pesquisa.
Sendo assim, o leitor, devera aceitar os modestos trabalhos —
plenos de imperfeigoes e lacunas com a maxima boa vontade,
porque estamos construindo, para o Brasil, uma literatura magonica.
O leitor tambem deve prestigiar os autores nacionais, divulgando as
suas obras, fornecendo-lhes incentives, criticas e colaboragoes.
Foi Membro Emerito do Supre­
mo Conselho do Grau 33 do Rito
Escoces Antigo e Aceito da Ma-
Qonaria para a Republica Fede-
rativa do Brasil, tendo exercido
o cargo no Sacro Colegio. Foi
Delegado Especial para assuntos
de Divulgapao do Supremo Con­
selho da Ordem De Molay. Foi
membro fundador da Academia
Magonica de Letras; membro
da Loja “Fraternidade Brasilei-
ra” de Estudos e Pesquisas. Em
seus ultimos anos, foi membro
da Loja Fraternidade n- 100 do
Rio de Janeiro.
Nesta obra, Rizzardo da Camino
transmite todo o seu conheci-
mento a respeito do Simbolismo
que envolve o Segundo Grau na
Magonaria, o de Companheiro.
Que esta leitura possa ser util a
todo magom que se encontre nes-
i se estagio e a todos os Irmaos em
Ip sua Senda Magonica.

MADRAS*
Magonaria

SIMBOLISMO
DO Segundo Grau
K

Todo obreiro tera aqui as ferramentas


necessarias para rapidamente transpor
mais essa jornada e entrar na penultima
fase do Simbolismo de que se reveste a
Magonaria para a transmissao de
seus conhecimentos.

Que cada Ir.\ obreiro encontre


aqui a luz para dirimir
suas duvidas e ampliar a
compreensao desse vasto universe,
com o auxilio inestimavel dos
preciosos conhecimentos contidos
neste livro.

/madraseditora /madrased f|jj^ @madraseditora

ISBN 978-85-370-0484-5

MADRAS® 9 7 88537 00484 5

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