Os Princípios Das Leis Maçônicas - Volume I
Os Princípios Das Leis Maçônicas - Volume I
Os Princípios Das Leis Maçônicas - Volume I
Est enfim unum jus, quo devincta est hominum societas, quod lex
constituit una; que lex est recta ratio imperandi atque prohibendi, quam
qui ignorat is est injustus.
Para
como maçom; cuja vida duradoura e útil tem sido bem aproveitada na
laboriosa perseguição da ciência, e a incessante conservação dos princípios
de nossa sublime instituição.
Prefácio ..............................................................................9
Mas um breve exame deste método me levou a perceber que estaria então
construindo apenas um compêndio de decretos, muitos dos quais seriam
provavelmente resultados de inexperiência, preconceito ou de visões errôneas
do sistema maçônico e dos quais os próprios autores têm, repetidas vezes,
voltado atrás, pois Grão-Mestres e Grandes Lojas, embora dignos de grande
respeito, não são infalíveis, e eu não poderia, conscientemente, consentir em
ajudar sem nenhum comentário competente, na extensão e perpetuação dos
editos e opiniões que, embora tenham sido emanados da alta autoridade, não
creio estarem em consonância com os princípios da jurisprudência maçônica.
Outra inconveniência que poderia ter surgido a partir da adoção de tal
método é que as decisões de diferentes Grandes Lojas e Grão-Mestres são, às
vezes, totalmente contraditórias acerca dos mesmos pontos da Lei Maçônica.
Ele deve considerar seu curso como um mapa geral da lei, delimitando a
forma do país, suas conexões e limites, suas divisões maiores e cidades
principais; não é seu objetivo descrever minuciosamente os limites
subordinados ou de fixar a longitude e latitude de toda tragédia
inconsiderável.
Tal tem sido a regra que me governou na compilação deste trabalho. Mas,
ao delinear esse "mapa geral" da Lei Maçônica, procurei, se posso continuar a
metáfora, definir limites e descrever países, não apresentar dificuldade ao
inspetor na "localização" (para usar um Americanismo) qualquer ponto
subordinado. Tratei, é verdade, de princípios, mas, no todo, não perdi de vista
os casos.
Seja lá qual for o veredito transmitido por meus Irmãos acerca de meus
trabalhos, confio que alguma clemência será estendida aos erros que eu possa
ter cometido, pelo proveito do objeto que eu tinha em vista: que, a saber, era
de apresentar à confraria um trabalho básico que possa capacitar todo Maçom
a conhecer seus direitos e aprender seus deveres.
A intenção era, indubitavelmente, boa. Como ela foi executada, não cabe a
mim, mas sim ao público maçônico determinar.
Albert G. Mackey
A lex non scripta, ou lei não escrita, da Maçonaria é oriunda das tradições,
usos e costumes da fraternidade, ao passo que existem desde a mais remota
antiguidade e são universalmente admitidas pelo consenso geral dos membros
da Ordem. Na verdade, nós podemos dar a essas leis não-escritas da
Maçonaria a definição dada por Blackstone das leges non scriptx da
constituição inglesa, que "sua instituição original e autoridade não são
colocadas por escrito, como atos de parlamento são, mas recebem direito de
compromisso e a força de leis por utilização duradoura e imemorial e por sua
recepção universal em todo o reino". Quando, no curso deste trabalho, me
referir a essas leis não-escritas como autoridade sobre qualquer ponto, eu o
farei sob a designação apropriada do "uso antigo".
Antes de concluir esta seção introdutória, pode ser necessário que algo seja
dito a respeito das Antigas Regras da Ordem, sobre as quais inúmeras
referências são feitas.
Várias definições foram dadas a respeito das regras. Alguns supõem que
elas foram constituídas a partir de todas as regras e regulamentos existentes
em período anterior ao reavivamento da Maçonaria em 1717, e que foram
confirmadas e adotadas pela Grande Loja da Inglaterra naquela época.
Outros, mais severos em suas definições, limitam-nas aos modos de
reconhecimento em uso entre a fraternidade. Estou disposto a adotar um meio
termo e a definir as Regras da Maçonaria que virão, todos os usos e costumes
da confraria, sejam rituais ou legislativos, que se relacionam com formas e
cerimônias ou com a organização da sociedade que existe de tempo
imemorial, e a alteração ou abolição da qual afetaria materialmente o caráter
distinto da instituição ou destruiria sua identidade.
Esse decreto que proibia tais reuniões, entretanto, jamais foi colocado em
prática; um antigo registro, citado no Livro das Constituições, fala da
Irmandade tendo frequentado essa "assembleia mútua" em 1434, no reinado
do mesmo rei. Temos outro registro da Assembleia Geral que foi realizada
em Iorque no dia 27 de dezembro, em 1561, quando a rainha Elizabeth, que
estava suspeitando do segredo, enviou uma força armada para dissolver a
reunião. Ainda há uma cópia preservada dos regulamentos que foram
adotados por uma assembleia semelhante realizada em 1663, no festival de
São João, o evangelista; nestes regulamentos é declarado que as Lojas
particulares deveriam prestar contas para a Assembleia Geral de todas suas
aceitações feitas durante o ano. Outro regulamento, entretanto, adotado na
mesma época, ainda mais explícito, reconhece a existência de uma
Assembleia Geral como o corpo go vernante da fraternidade. Diz o
documento: "que para o futuro, a dita fraternidade dos Maçons deverá ser
regulada e governada por um Grão-Mestre e tantos quantos Guardiães que a
dita sociedade achar necessário indicar em cada Assembleia Geral anual".
Mas em 1717 foi adotada uma nova organização do líder governante que
deu início ao estabelecimento de uma Grande Loja, na forma em que estes
organismos agora existem. Um período de tamanha importância na história
da Maçonaria exige nossa atenção especial.
Em 1702, após a morte do rei William, que também era Maçom e o grande
patrono da confraria, a instituição passou a fenecer, as Lojas decresceram em
número e a Assembleia Geral foi inteiramente negligenciada por muitos anos.
Algumas poucas Lojas perseveraram, é verdade, para se reunirem
regularmente, mas as Lojas eram constituídas apenas de poucos membros.
Esse regulamento tem (não sei por qual direito) se tornado obsoleto, e a
Assembleia Anual dos Maçons há muito cessou de ser realizada, uma vez que
as Grandes Lojas desde os primórdios do século XVIII assumiram a forma e
organização que ainda preservam, como organismos precisamente
representativos.
O assunto a ser discutido nesta seção é a resposta para a seguinte pergunta:
"Como uma Grande Loja deve ser estabelecida em qualquer estado ou país
onde tal organismo não existiu previamente, mas onde há Lojas subordinadas
funcionando sob garantias oriundas das Grandes Lojas em outros estados?"
Ao responder à pergunta, parece-me apropriado direcionar para o curso
adotado pela Grande Loja da Inglaterra, a original, no seu estabelecimento
em 1717, uma vez que aproximadamente quase todas as Grandes Lojas de
Iorque agora em existência têm sua autoridade obtida direta ou indiretamente
por meio dela, e o modo de sua organização tem, consequentemente, sido
admitido universalmente como regular e legítimo.
Três Lojas, portanto, em qualquer território onde uma Grande Loja ainda
não exista, pode unificar em convenção e organizar uma Grande Loja. Será
então necessário que estas Lojas entreguem as garantias sob as quais elas
estavam previamente funcionando e obtenham novas garantias da Grande
Loja que constituíram; e, a partir desse momento, toda a autoridade maçônica
está conferida à Grande Loja dessa maneira formada.
Uma vez que a Grande Loja foi constituída, a próxima questão é relativa
aos seus membros e oficiais, sendo que cada qual terá uma discussão distinta.
É fato indiscutível que a Assembleia Geral, que se reuniu em Iorque em
926 (d.C.), foi composta de todos os membros da fraternidade que dela
escolheram participar, e é de mesma sorte certo que, na primeira Grande
Loja, validada em 1717, após o reavivamento da Maçonaria, toda a confraria
presente exerceu o direito de associação na votação para os Grandes Oficiais,
e deve, portanto, ter considerado a todos como membros da Grande Loja. O
direito, entretanto, não parece ter sido reivindicado posteriormente. Nessa
mesma Assembleia, o Grão-Mestre eleito ordenou apenas aos Mestres e
Guardiães das Lojas para se reunirem com ele nas comunicações trimestrais;
e Preston, de forma distinta, afirma que, logo após, os Irmãos das quatro
Lojas que haviam constituído a Grande Loja, consideraram sua presença nas
futuras comunicações da sociedade desnecessária e, portanto, concordaram
com as Lojas que subsequentemente haviam recebido garantias na delegação
do poder de representação para seus Mestres e Guardiães, "descansando
tranquilos em relação ao fato de que nenhuma medida de importância seria
adotada sem a aprovação dos Irmãos".
No total, o resultado dessa pesquisa parece ser que ex-Mestres não têm um
direito inerente, oriundo das antigas regras, a um assento na Grande Loja;
mas toda Grande Loja tem o poder, dentro de certos limites, de fazer
regulamentos para seu próprio governo, podendo ou não admiti-los como
membros, de acordo com sua própria noção de utilidade.
SEÇÃO I. DO GRÃO-MESTRE
Parece agora ter sido estabelecido, tanto por uso antigo quanto à opinião
expressa da generalidade de Grandes Lojas e dos escritores Maçons, que não
há apelo desta sua decisão. Em junho de 1849, o Grão-Mestre de Nova
Iorque, Irmão Williard, declarou inapropriado um apelo e recusou-se a enviá-
lo à Grande Loja. Os procedimentos sobre essa importante ocasião têm sido
livremente discutidos pelas Grandes Lojas dos Estados Unidos, e nenhuma
delas condenou o ato do Grão-Mestre, ao passo que várias Grandes Lojas
aprovaram o ato com os seguintes dizeres: "Um apelo", diz o Comitê de
Correspondência de Maryland, "da decisão do Grão-Mestre é uma anomalia
em oposição a todos os princípios da Franco-Maçonaria, e tal ato não pode
ser tolerado ou apoiado em momento algum". Essa opinião também é
sustentada pelo Comitê da Grande Loja da Flórida no ano de 1851, e em
várias vezes por outras Grandes Lojas. Por outro lado, inúmeras Grandes
Lojas tomaram decisões adversas a essa prerrogativa, e os atuais
regulamentos da Grande Loja da Inglaterra parecem, por uma justa
interpretação de sua fraseologia, admitir um apelo do Grão-Mestre. A opinião
geral da confraria nesse país ainda parece sustentar a doutrina de que nenhum
apelo possa ser feito da decisão desse oficial. E essa doutrina tem obtido
muito suporte na forma de analogia do relatório adotado pelo Grande
Capítulo Geral dos Estados Unidos, declarando que nenhum apelo poderia
competir com a decisão do oficial presidente de qualquer organismo do Real
Arco.
Uma vez que enunciamos essa doutrina como lei maçônica, surge a
próxima pergunta: "De que maneira o Grão-Mestre deverá ser punido uma
vez que abusar dessa grande prerrogativa?". A resposta para essa pergunta
não admite dúvida. Encontra-se em um regulamento adotado em 1721 pela
Grande Loja da Inglaterra, e são estes os seus dizeres: "Se o Grão-Mestre
abusar de seu grande poder e se mostrar indigno da obediência e submissão
das Lojas, ele deverá ser tratado de forma e maneira a ser concordada sob um
novo regulamento". Mas a mesma série de regulamentos expressa
explicitamente como este novo deverá ser feito, a saber: "proposto e
concordado na terceira comunicação trimestral anterior à Grande Festa anual,
e oferecido, antes do jantar, por escrito, para o escrutínio de todos os Irmãos,
mesmo aos mais novos aprendizes iniciados; a aprovação e consentimento da
maioria de todos os Irmãos presentes sendo absolutamente necessária para
tornar a mesma firmada e obrigatória". Esse modo de fazer um novo
regulamento é explícito e positivamente estabelecido e não pode ser feito de
outra maneira, sendo que aqueles que aceitam os velhos regulamentos como a
lei da Maçonaria devem aceitar essa provisão com os regulamentos. Isso irá,
na atual organização de muitas Grandes Lojas, se mostrar praticamente
impraticável fazer tal novo regulamento, em cujo caso o Grão-Mestre deve
permanecer isento de outras penalidades por seus mal-feitos, além daquelas
que se originam de sua própria consciência, e a perda da estima e respeito por
parte de seus Irmãos.
1. O quarto antigo Regulamento dita que "nenhuma Loja fará mais do que
cinco novos Irmãos de uma e mesma vez sem uma necessidade urgente". Mas
acerca dessa necessidade o Grão-Mestre pode julgar e, embasado de bons e
suficientes motivos, sendo estes mostrados, ele pode conceder uma Dispensa,
capacitando qualquer Loja a suspender esse regulamento e fazer mais do que
cinco novos Irmãos.
2. O próximo regulamento dita que "ninguém pode ser aceito membro de uma
Loja particular sem notificação prévia, um mês antes, para que se faça
investigação devida acerca da reputação e capacidade do candidato". Mas
aqui, também, é estipulado que, em um caso apropriado de emergência, o
Grão-Mestre pode exercer sua prerrogativa e Dispensar essa sentença de um
mês, permitindo o candidato de fazer jus de sua aplicabilidade.
Esse é um dos mais importantes ofícios na Grande Loja e deve sempre ser
ocupado por um Irmão de inteligência e educação, cujas habilidades possam
refletir honra sobre a instituição da qual lhe atribuíram o órgão público. O
ofício foi estabelecido no ano de 1723, durante o Grão-Mestrado do duque de
Wharton, anterior ao período do qual as obrigações parecem ter sido retiradas
dos Grandes Guardiães.
Este é o último dos Grandes Ofícios que foi estabelecido, tendo sido
instituído no dia 1° de maio de 1775. As obrigações estão confinadas à leitura
de preces e outras porções sacras do ritual, em consagrações, dedicações,
cultos funerais etc. O ofício não confere nenhuma autoridade maçônica de
maneira alguma, exceto de uma cadeira e voto na Grande Loja.
Pouco precisa ser dito a respeito dos Grandes Diáconos. Suas obrigações
correspondem àquelas dos mesmos oficiais em Lojas subordinadas. O ofício
dos Diáconos, mesmo em uma Loja subordinada, é de instituição
comparativamente moderna. O Dr. Oliver comenta que eles não são
mencionados em nenhuma das primeiras Constituições da Maçonaria, nem
mesmo no final dos anos de 1797, quando Stephen Jones escreveu suas
"Miscelâneas Maçônicas", e acha que a obra "provou de maneira satisfatória
que os Diáconos não eram considerados necessários, no trabalho da atividade
de uma Loja antes do finalzinho do século XVIII".
Também é certo que o Diaconato alega uma origem anterior nos Estados
Unidos do que "no finalzinho do século XVIII"; e, como prova disso, pode
ser afirmado que, no Auxílio a um irmão da Pensilvânia, publicado em 1783,
os Grandes Diáconos são chamados entre os oficiais da Grande Loja como
"assistentes particulares para o Grão-Mestre e Guardião Sênior na condução
dos negócios da Loja". Eles são encontrados em todas as Grandes Lojas do
ritual de Iorque e são comumente nomeados o Sênior pelo Grão-Mestre e o
Júnior pelo Grande Guardião Sênior.
O Grande Porteiro é ora eleito pela Grande Loja, ora indicado pelo Grão-
Mestre.
SEÇÃO I. VISÃO GERAL
"Com estas visões a nos limitar, os poderes de uma Grande Loja podem
ser enumerados na língua que foi adotada nas constituições modernas da
Inglaterra e que nos parecem, após uma cuidadosa comparação, ser tão
completos e corretos como todos que pudemos examinar".
Qualquer Grande Loja pode, entretanto, constituir leis locais para a direção
de seus próprios assuntos especiais e também tem a prerrogativa de constituir
os regulamentos que devem governar todas as suas subordinadas e a confraria
geralmente em sua própria jurisdição. A partir desse poder legislativo, que
pertence exclusivamente à Grande Loja, segue que nenhuma Loja
subordinada pode fazer qualquer lei secundária nem alterar suas antigas leis
sem a aprovação e confirmação da Grande Loja. Portanto, as regras e
regulamentos de todas as Lojas são inoperantes até que sejam submetidas e
aprovadas pela Grande Loja. A confirmação desse organismo é a cláusula de
constituição e, portanto, rigidamente falando, pode ser dito que as
subordinadas apenas apresentam as leis secundárias, e a Grande Loja as
constitui.
Toda Loja de Maçons exige para sua apropriada organização, que ela tenha
sido congregada pela permissão de alguma autoridade superior que pode ser
tanto um Grão-Mestre ou uma Grande Loja. Quando a Loja é organizada pela
autoridade de um Grão-Mestre, diz-se que ela funciona sob uma Dispensa e,
quando é pela autoridade de uma Grande Loja, diz-se que funciona sob uma
garantia de constituição. Na história de uma Loja, a antiga autoridade
geralmente precede a última, a Loja geralmente funciona sob a Dispensa do
Grão-Mestre antes de regularmente receber a garantia da Grande Loja. Mas
esse não é necessariamente o caso. Uma Grande Loja concederá, às vezes,
uma garantia de constituição imediatamente, sem o prévio exercício
embasado na autoridade do Grão-Mestre de seu poder de Dispensa. Mas
como é, entretanto, mais comum à prática da Dispensa preceder a garantia de
constituição, explicarei a formação de uma Loja de acordo com esse método.
Dalcho diz que no mínimo três Mestres Maçons devem assinar a petição,
mas nisso ele difere de todas as outras autoridades que exigem no mínimo
sete. Essa regra, também, parece estar fundada na razão, pois, como ela exige
sete Maçons para constituir um quorum para abrir e manter uma Loja de
Aprendizes Iniciados, seria absurdo autorizar um número menor para
organizar uma Loja que, após sua organização, não poderia ser aberta nem
formar Maçons nesse nível.
Preston afirma que a petição deve ser recomendada "pelos Mestres de três
Lojas regulares próximas ao lugar onde a nova Loja deve ser mantida".
Dalcho diz que a petição deve ser recomendada "por três outros Mestres
Maçons conhecidos e aprovados", mas não faz nenhuma alusão a qualquer
Loja adjacente. As leis e regulamentos da Grande Loja da Escócia exigem
que a recomendação seja assinada "pelos Mestres e oficiais de duas ou três
das Lojas mais próximas". As Constituições da Grande Loja da Inglaterra
exigem que a petição seja recomendada "pelos oficiais de alguma Loja re
guiar". A recomendação de uma Loja da vizinhança é o uso geral da confraria
e objetiva certificar a autoridade superior a respeito da melhor prova que
pode ser obtida, a saber, de uma Loja próxima, que a nova Loja não será
produtora de nenhum dano à Ordem.
A tradição maçônica nos diz que nossos antigos Irmãos dedicaram suas
Lojas ao rei Salomão pelo fato de ele ter sido o primeiro e o mais excelente
Grão-Mestre deles, mas que os Maçons modernos dedicam suas Lojas a São
João Batista e a São João Evangelista, pois eles eram dois patronos eminentes
da Maçonaria. Uma seleção mais apropriada de patronos para quem dedicar a
Loja poderia ser facilmente feita; uma vez que João Batista, ao anunciar a
chegada de Cristo e pela ablução mística pela qual ele sujeitou seus prosélitos
e que posteriormente foi adotada na cerimônia de iniciação no Cristianismo,
pode também ser considerado como o Grande Hierofante da Igreja, ao passo
que a misteriosa e emblemática natureza do Apocalipse assimilou a forma de
ensinar adotada por São João, o Evangelista, para aquela praticada pela
fraternidade. Nossos Irmãos judeus geralmente dedicam suas Lojas ao rei
Salomão, assim retendo seu antigo patrono, embora eles desta forma percam
o benefício daquela porção das Palestras que referem às "linhas paralelas". A
Grande Loja da Inglaterra, no sindicato em 1813, concordou em dedicar a
Salomão e Moisés, aplicando paralelos para o criador do tabernáculo e o
construtor do templo, mas eles não têm garantia para isso no uso antigo, e
isso, infelizmente, não é a única inovação em relação às antigas regras que a
Grande Loja tem permitido ultimamente.
Selden diz que entre os judeus, objetos sagrados eram tanto dedicados e
consagrados, mas que os objetos profanos, tais como as casas particulares
etc., eram apenas dedicadas, sem consagração. O mesmo escritor nos informa
que os pagãos tomaram emprestado dos hebreus este costume de consagrar e
dedicar seus edifícios sagrados, altares e imagens.
Que o privilégio de se reunir como Maçons, que havia sido até aquele
tempo ilimitado, deveria ser conferido em certas Lojas ou assembleias
de Maçons, convocados em certos lugares; e que toda Loja a ser
convocada a partir daquela data, exceto as quatro antigas Lojas
existentes na época, deveriam ser legalmente autorizadas a agir por uma
garantia do Grão-Mestre para o tempo estipulado, concedido a certos
indivíduos porpetição, com o consentimento da Grande Loja em
comunicação, e que sem tal garantia, nenhuma Loja deveria ser daquele
momento em diante considerada regular ou constitucional.
Esse regulamento tem estado em vigor desde então, e é a lei original sob a
qual as garantias de constituição agora são concedidas pelas Grandes Lojas
para a organização de suas subordinadas.
É evidente, a partir do que foi dito, que há duas espécies de Lojas, cada
uma regular em si mesma, mas peculiar e distinta em caráter. Há Lojas
funcionando sob uma Dispensa e Lojas funcionando sob garantias de
constituição. Cada uma destas exige uma consideração separada. As Lojas
funcionando sob Dispensa são o assunto do presente capítulo.
Com essas visões da origem e caráter das Lojas sob Dispensa, nós
estaremos mais bem preparados para compreender a natureza e extensão dos
poderes que possuem.
Uma Loja sob Dispensa não pode constituir leis locais. Ela é governada,
durante sua existência temporária, pelas Constituições Gerais da Ordem e as
regras e os regulamentos da Grande Loja em cuja jurisdição ela se situa. Na
verdade, como as leis locais de nenhuma Loja são operantes até que sejam
confirmadas pela Grande Loja, e como uma Loja funcionando sob Dispensa
deixa de existir como tal no momento em que a Grande Loja se reúne, fica
evidente que seria absurdo produzir um código de leis que não teria eficácia,
pois precisaria de confirmação adequada, e que, quando o momento e
oportunidade para a confirmação tivessem chegado, seria inútil, uma vez que
a sociedade para a qual elas foram criadas então não tivesse nenhuma
existência legal - um novo organismo (a Loja garantida) tendo assumido o
seu lugar.
Uma Loja sob Dispensa não pode eleger oficiais. O Mestre e Guardiães são
indicados pelos Irmãos, e, se essa indicação for aprovada, eles são indicados
pelo Grão-Mestre. Ao dar-lhes permissão para se reunir e formar Maçons, ele
não lhes conferiu poder de fazer qualquer outra coisa. Uma Dispensa é
propriamente uma sepa ração da lei e uma exceção a um princípio geral; ela
deve, portanto, ser construída literalmente. O que não é concedido em termos
explícitos não é concedido de maneira alguma. E, consequentemente, como
nada é dito acerca da eleição de oficiais, tal eleição não pode ser realizada. O
Mestre pode, entretanto, e sempre o faz por conveniência, indicar um Irmão
competente para manter um registro dos procedimentos, mas isso é uma
designação temporária, de acordo com a conveniência do Mestre de quem ele
é deputado ou assistente, pois a Grande Loja apenas examina o Mestre nos
registros, e o oficio não é legalmente reconhecido. De mesma sorte, ele pode
designar um Irmão de confiança para assumir os fundos e deve, naturalmente,
de tempo em tempo, nomear os Diáconos e Porteiro para o funcionamento
necessário da Loja.
Não pode haver eleição, nem mesmo nenhuma posse, que, claro, sempre
supõe uma eleição prévia para um período determinado. Além do mais, a
posse de oficiais é uma parte da cerimônia da constituição e, portanto, nem
mesmo o Mestre e os Guardiães de uma Loja sob Dispensa são autorizados a
ser, dessa forma, solenemente empossados no ofício.
Uma Loja sob Dispensa não pode eleger nenhum membro. O Mestre e
Guardiães, que são nomeados na Dispensa, são, de fato, as únicas pessoas
reconhecidas como partes da Loja. A eles é concedido o privilégio, como
representantes do Grão-Mestre, de formar Maçons; e para esse propósito eles
são autorizados a congregar um número suficiente de Irmãos para ajudar nas
cerimônias. Mas nem o Mestre e Guardiães e nem os Irmãos, embora
congregados, receberam qualquer poder de eleger membros. Nem as pessoas
formadas em uma Loja sob Dispensa devem ser consideradas como membros
da Loja, pois, como já foi explicitado, eles não usufruem nenhum dos direitos
e privilégios vinculados à sociedade. Eles não podem criar leis locais nem
eleger oficiais. Eles, entretanto, se tornam membros da Loja tão logo recebem
sua garantia de constituição.
SEÇÃO I. DOS PODERES E DIREITOS DE UMA LOJA
Uma Loja tem o direito de selecionar seus próprios membros, com os quais
a Grande Loja não pode interferir. Esse é um direito que as Lojas têm
expressamente reservado a elas, e a estipulação está inserida nos
"regulamentos gerais" nas seguintes palavras:
Nenhum homem pode iniciar um Irmão em nenhuma Loja particular ou
admitir um membro a partir disso (thereof) sem o consentimento unânime de
todos os membros daquela Loja então presentes, quando o candidato é
proposto e quando o consentimento é formalmente pedido pelo Mestre. Eles
devem consentir de maneira prudente, seja virtualmente ou em forma, mas
com unanimidade. Esse privilégio inerente não está sujeito à Dispensa, pois
os membros de uma Loja particular são os melhores juízes nesse aspecto, e
porque, se um membro tumultuoso, agitado, tempestivo deve ser imposto
sobre eles, ele pode estragar a harmonia ou impedir a liberdade de
comunicação, ou mesmo destruir e dispersar a Loja, o que deve ser evitado
por todos os verdadeiros e fiéis.
Uma Loja tem o direito de eleger seus próprios oficiais. Esse direito é
garantido à Loja pelas palavras da Garantia de Constituição. E mais, o direito
está sujeito a certos regulamentos restringentes. A eleição deve ser realizada
em período próprio que, de acordo com o uso da Maçonaria, na maioria dos
lugares do mundo, é feita antes ou imediatamente anterior ao festival de São
João, o Evangelista. As qualificações adequadas devem ser consideradas. Um
membro não pode ser eleito como Mestre a menos que ele tenha previamente
servido como um Guardião, exceto no caso de uma Loja nova ou em caso de
emergência. Quando ambos Guardiães recusarem a promoção, quando o
Mestre presidente não se permitir ser reeleito e quando não houver ex-Mestre
que consinta assumir o ofício, então, e unicamente, um membro pode ser
eleito do plenário para presidir sobre a Loja.
O Mestre deve ser empossado por um ex-Mestre, mas após sua própria
posse ele tem o poder de empossar os demais oficiais. A cerimônia de posse
não é meramente algo ocioso, mas é produtiva e de importantes resultados.
Até que o Mestre e os Guardiães de uma Loja sejam empossados, eles não
podem representar a Loja na Grande Loja, se for uma nova Loja, nem poderá
a Loja ser registrada e reconhecida no registro da Grande Loja. Nenhum
oficial pode de maneira permanente tomar posse do ofício ao qual ele foi
eleito até que seja devidamente empossado. A regra da confraria é que o
antigo oficial permanece até que seu sucessor seja empossado, e essa regra é
de uso universal para oficias de todos os níveis, desde o Porteiro de uma Loja
subordinada ao Grão-Mestre dos Maçons.
Toda Loja tem o poder de constituir leis locais para seu próprio governo,
dado que não estejam em dissonância nem em inconsistência com os
regulamentos gerais da Grande Loja, nem com as regras da Ordem. Mas estas
leis locais não serão válidas até que sejam sub metidas e aprovadas pela
Grande Loja. E, se este for o caso, também, com todas as alterações
subsequentes das mesmas que devem, de mesma sorte, ser submetidas à
Grande Loja para aprovação.
Uma Loja tem o direito de arrecadar uma contribuição anual por sociedade,
se a maioria dos Irmãos achar necessário. Esse assunto é totalmente uma
questão de contrato que a Grande Loja, ou a confraria em geral, não tem nada
a ver. Isso é, de fato, um cos tume moderno, desconhecido dos tempos
antigos, e foi instituído para a conveniência e suporte das Lojas privadas.
Por fim, uma Loja tem certos direitos em relação a sua Garantia de
Constituição. Este instrumento, tendo sido concedido pela Grande Loja, não
pode ser revogado por qualquer outra autoridade. O Grão-Mestre, portanto,
não tem nenhum poder, como ele tem no caso de uma Loja sob Dispensa, de
retirar sua Garantia, exceto temporariamente, até a próxima reunião da
Grande Loja. Isso não está no poder de até mesmo a maioria das Lojas, por
qualquer ato próprio, de renunciar a Garantia. Pois foi estabelecido como lei
que, se a maioria dos membros resolvesse determinar desistir da Loja ou
renunciar sua garantia, tal ação não teria eficácia, pois a Garantia de
Constituição e o poder de se reunir permaneceriam com os demais membros
que mantêm sua fidelidade. Mas se todos os membros se retirarem, sua
Garantia cessa e se extingue. Se essa for a conduta de uma Loja, de
claramente perder sua carta régia, apenas a Grande Loja pode decidir essa
questão e pronunciar tal perda.
O primeiro grande dever, não apenas de toda Loja, mas de todo Maçom, é
de garantir que as regras da Ordem jamais sejam afetadas. Os Regulamentos
Gerais da Maçonaria, no qual todo Mestre, em sua posse, deve reconhecer
sua submissão, declara que "não está no poder de nenhum homem ou
organização de homens fazer inovações no organismo da Maçonaria". E,
portanto, nenhuma Loja, sem violar todas as obrigações implícitas e
expressas na qual entrou, pode, de nenhuma maneira, alterar ou fazer
emendas no trabalho, palestras e cerimônias da instituição. Como seus
membros receberam o ritual de seus predecessores, da mesma forma eles o
devem transmitir, inalterado, no nível mais detalhado, aos seus sucessores.
Na Grande Loja, unicamente, reside o poder de constituir novos
regulamentos, mas mesmo ela deve ser cautelosa de sorte que todo novo
regulamento e regras sejam preservados. Quando, portanto, ouvimos Mestres
jovens e inexperientes falarem de fazer melhorias (como eles, de maneira
arrogante, as chamam) sobre as velhas palestras ou cerimônias, podemos
estar certos de que tais Mestres não sabem nada acerca dos deveres aos quais
estão obrigados para com a confraria ou estão intencionalmente esquecidos
da obrigação solene que pactuaram. Algumas pessoas podem dizer que o
antigo ritual da Ordem é imperfeito e que exige emendas. Outros podem
pensar que as cerimônias são simples demais, e desejam aumentá-las; outro,
que elas são muito complicadas e desejam simplificá-las, e ainda alguém
pode estar descontente com a linguagem antiquada, outro, com o caráter das
tradições, ou com outra coisa. Mas a regra é imperativa e absoluta, que
nenhuma alteração pode ou deve ser feita para agradar o gosto individual.
Como os barões da Inglaterra, uma vez, com voz unânime, exclamaram:
"Nolumus legesAnglix mutare!", então todos os bons Maçons responderam a
todas as tentativas de inovação: "Não estamos dispostos a alterar os costumes
da Franco-Maçonaria."
Isso está em acordo com os antigos regulamentos, mas uma exceção a ela é
permitida no caso de uma emergência, quando a Loja pode ler a petição para
admissão, e, se o aplicante for bem recomendado, pode proceder de imediato
para eleger e iniciá-lo. Em algumas jurisdições, a natureza da emergência
deve ser afirmada pelo Grão-Mestre, que, se aprovar, concederá uma
Dispensa, mas, em outras, o Mestre ou Mestre e Guardiães são autorizados a
ser juízes competentes e podem dar seguimento para eleger e iniciar sem tal
Dispensa. A Grande Loja da Carolina do Sul adere ao antigo costume, e a da
Inglaterra, ao último.
Outro regulamento é que nenhuma Loja pode conferir mais do que dois
níveis em uma comunicação para o mesmo candidato. A Grande Loja da
Inglaterra é ainda mais rigorosa acerca desse assunto e declara: "não será
permitido a nenhum candidato receber mais de um nível no mesmo dia, nem
um nível mais alto na Maçonaria será conferido a qualquer Irmão em um
intervalo menor de quatro semanas do recebimento do seu nível anterior, nem
até que ele tenha passado no exame, em Loja aberta, naquele nível". Essa
regra também está em vigor na Carolina do Sul e várias outras jurisdições
estadunidenses. Mas a lei que proíbe que todos os reis da Antiga Confraria da
Maçonaria sejam conferidos, na mesma comunicação, para um candidato, é
universal em sua aplicação e, como tal, pode ser considerada uma das antigas
regras da Ordem.
Há outra regra que parece ser de extensão universal e está, de fato, contida
nos Regulamentos Gerais de 1767, para o seguinte efeito: "Nenhuma Loja
formará mais do que cinco novos Irmãos de uma única e mesma vez sem uma
necessidade urgente."
Todas as Lojas devem realizar seus encontros pelo menos uma vez por
mês, e toda Loja que negligenciar isso por um ano, portanto, perde sua
garantia de constituição.
Dalcho afirma a regra que "nenhum Maçom escolhido para qualquer ofício
pode recusar servir (a menos que já tenha exercido o mesmo ofício) sem
sofrer as penalidades estabelecidas pelas leis locais". Indubitavelmente, uma
Loja pode constituir tal regulamento e estipular qualquer penalidade razoável;
mas não estou ciente de qualquer antigo regulamento que torna obrigatório
que as Lojas subordinadas assim o façam.
Nenhum oficial pode renunciar seu ofício depois de ter tomado posse.
Todo oficial é eleito por 12 meses, e, na sua posse, ele, de maneira solene,
promete desempenhar os deveres daquele oficio até o próximo dia regular de
eleição, e, portanto, a Loja não pode permitir que ele, por renúncia, viole sua
obrigação de ofício.
Outra regra é que todo oficial permanece em seu ofício até que seu
sucessor tenha tomado posse. É a posse, e não a eleição, que coloca o oficial
em atividade; e fiel gestão dos assuntos que a Maçonaria exige, que entre a
eleição e a posse de seu sucessor, o predecessor não abandonará o ofício, mas
continuará a realizar seus deveres.
Uma qualificação necessária do Mestre de uma Loja é que ele deve ter
servido previamente no ofício de Guardião. Essa qualificação às vezes é
Dispensada como no caso de novas Lojas ou se nenhum membro de uma
antiga Loja que tenha servido como Guardião aceitar o ofício de Mestre. Mas
não é necessário que ele tenha servido como Guardião na Loja na qual lhe
propuseram ser eleito Mestre. A realização dos deveres de um Guardião, por
eleição regular e posse em qualquer outra Loja e em qualquer período
anterior, será uma qualificação suficiente.
O Mestre tem o direito de convocar uma reunião especial de sua Loja toda
vez que lhe aprouver e é o único juiz de qualquer emergência que possa
exigir tal comunicação especial.
Ele tem, também, o direito de fechar sua Loja a qualquer hora que possa
julgar apropriado, sem levar em conta que todo o negócio da Loja pode não
ter sido concluído. Esse regulamento surge das leis não escritas da
Maçonaria. Como o Mestre é responsável para com a Grande Loja em relação
ao trabalho realizado em sua Loja, e como todo o trabalho é, portanto,
desempenhado sob sua superintendência, segue que, para capacitá-lo a
cumprir essa responsabilidade, ele deve ser investido com o poder de
começar, continuar ou de suspender o trabalho a qualquer momento que
julgar, conforme sua sabedoria, ser o mais vantajoso para o edifício da
Maçonaria.
Surge a partir dessa regra que uma questão de recesso não pode ser
deliberada em uma Loja. A adoção de uma resolução de adiamento
envolveria a necessidade de o Mestre ter de obedecê-la. O poder, portanto, de
controlar o trabalho seria tirado de suas mãos e colocado nas mãos dos
membros, o que está em confronto direto com os deveres impostos sobre ele
pelo ritual. A doutrina de que uma Loja não pode adiar, mas deve ser fechada
ou cancelada a critério do Mestre, parece ser agora geralmente muito aceita.
Isso pode, à primeira vista, parecer dar muito poder despótico para o
Mestre. Mas uma leve reflexão convencerá qualquer um que pode ser, exceto
um pouco perigo de opressão de alguém tão guardado e controlado como o
Mestre é, pelas sagradas obrigações de seu ofício, e a supervisão da Grande
Loja, do que colocar nas mãos da confraria tão poderosa e, às vezes, com tão
má disposição, um privilégio tão perturbador como o do apelo imediato, seria
necessariamente tender a enfraquecer as energias e diminuir o prestígio do
Mestre, enquanto seria subversivo desse espírito de disciplina que permeia
toda parte da instituição e para a qual ela é principalmente
devedora/responsável para sua prosperidade e perpetuidade.
SEÇÃO V. DO SECRETÁRIO
É o dever do Secretário registrar todos os procedimentos da Loja, "que
pode ser colocado em papel", para conduzir a correspondência do
estabelecimento e de receber as quantias devidas à Loja de qualquer que seja
a fonte. Ele é, portanto, o oficial registrador, de correspondência e receptor da
Loja. Ao receber as quantias devidas à Loja em primeiro lugar e então
pagando-as ao Tesoureiro, ele se torna, como já observei, um auditor daquele
oficial.
Os deveres destes oficiais são muitos e importantes, mas também são tão
bem definidos no ritual que não exigem mais considerações aqui.
O Porteiro é ora eleito pela Loja, ora nomeado pelo Mestre. Geralmente se
admite que ele pode ser removido do ofício por má conduta ou negligência do
dever, pela Loja, se foi eleito, e pelo Mestre, se foi nomeado.
A segurança da minoria, a preservação da harmonia e o despacho de
negócios, todos exigem que deva haver em toda sociedade bem regulada
algumas regras e formas de governo de seus procedimentos, e, como já foi
justamente observado por um hábil escritor sobre lei parlamentar: "se estas
formas são em todos os casos as mais racionais ou não, isso não é realmente
de grande importância, pois é muito mais substancial que haja uma regra a
ser seguida do que o que a regra é". Por consentimento comum, as regras
estabelecidas para o governo do Parlamento na Inglaterra e do Congresso nos
Estados Unidos, e que são conhecidas coletivamente sob o nome de Lei
Parlamentar, foram adotadas para a norma de todos os corpos deliberativos,
sejam de natureza pública ou privada. Mas as Lojas de Maçons diferem muito
em sua organização e caráter das outras sociedades, que a sua lei será, em
muitos casos, encontrada aplicável, e, de fato, em muitos outros, de maneira
positiva, inaplicáveis. As regras, entretanto, para o governo das Lojas
maçônicas são, em geral, para serem oriundas dos usos da Ordem, a partir da
autoridade tradicional ou escrita e onde ambas são silenciosas, da analogia ao
caráter da instituição. Para cada uma destas fontes, portanto, aplicarei, no
curso do presente capítulo, e em alguns casos em que a lei parlamentar
coincide com a nossa, referências que serão feitas para a autoridade dos
melhores escritores sobre essa ciência.
Isso, à primeira vista, pode parecer dar muito poder despótico para o
Mestre. Mas uma leve reflexão convencerá qualquer um que pode ser, exceto
um pouco perigo de opressão por alguém tão guardado e controlado como o
Mestre é, pelas sagradas obrigações de seu ofício, e a supervisão da Grande
Loja, do que colocar nas mãos da confraria tão poderosa, e às vezes, com tão
má disposição, um privilégio tão perturbador como o do apelo imediato, seria
necessariamente tender a enfraquecer as energias e diminuir o prestígio do
Mestre, enquanto que seria subversivo desse espírito de disciplina que
permeia toda parte da instituição, e para a qual ela é principalmente
devedora/responsável para sua prosperidade e perpetuidade.
Em todo o caso onde um membro, por si só, acredita ter sido prejudicado
pela decisão do Mestre, ele deve fazer seu apelo à Grande Loja.
A regra de que a Loja não pode suspender, mas permanecer em sessão até
que fechada pelo Mestre é oriunda de uma sanção autoritária da seguinte
cláusula quinta, das Antigas Obrigações:
"A petição do Sr. F.E., um candidato para iniciação, tendo sido retirada
por seus amigos, foi declarada rejeitada sem haver eleição."
1 Jaime II, também conhecido como James II, foi rei da Inglaterra e Escócia.