Os Princípios Das Leis Maçônicas - Volume I

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Por Albert G. Mackey, M.D.

Grande Conferencista e Grande Secretário da Grande Loja da Carolina do


Sul; Secretário Geral do Concílio Supremo dos Ritos Antigos e Aceitos para
a jurisdição do Sul dos Estados Unidos.

Est enfim unum jus, quo devincta est hominum societas, quod lex
constituit una; que lex est recta ratio imperandi atque prohibendi, quam
qui ignorat is est injustus.

Cicero. De Legibus. c. XV.

Para

Irmão J.J.J. Gourgas,


Soberano Grão Inspetor Geral do Concílio Supremo para a jurisdição do
Norte dos Estados Unidos,

Eu dedico este trabalho,

como um singelo testemunho de minha amizade e estima por ele;

como homem, e de minha profunda veneração por seu caráter;

como maçom; cuja vida duradoura e útil tem sido bem aproveitada na
laboriosa perseguição da ciência, e a incessante conservação dos princípios
de nossa sublime instituição.
Prefácio ..............................................................................9

Introdução - As Autoridades para a Lei Maçônica ................ 13

Tomo 1 - A Lei das Grandes Lojas ................................. 17

Capítulo 1 - Esboço histórico ............................................ 19

Capítulo 2 - Do Modo de Organização das Grandes Lojas 25

Capítulo 3 - Dos Membros de uma Grande Loja ............... 29

Capítulo 4 - Dos Oficiais de uma Grande Loja .................. 33

Capítulo 5 - Dos Poderes e Prerrogativas de uma Grande Loja


............................................................. 53

Tomo II - Leis das Lojas Subordinadas ......................... 59

Capítulo 1 - Da Natureza e Organização das Lojas Subordinadas


........................................................ 61

Capítulo 2 - Das Lojas sob Dispensa .................................. 71

Capítulo 3 - Das Lojas funcionando sob uma Garantia de Constituição


..................................................... 75

Capítulo 4 - Dos Oficiais de uma Loja Subordinada.......... 87

Capítulo 5 - Das Regras de Ordem .................................... 99


Ao apresentar à fraternidade um trabalho acerca dos Princípios da Lei
Maçônica, é próprio para aqueles a quem se destina que algo deva ser dito do
propósito com o qual ele foi escrito, e do plano sobre o qual ele foi composto.
Não se almeja apresentar à confraria uma enciclopédia de jurisprudência, na
qual toda questão que possivelmente possa surgir nas transações de uma Loja
seja decidida com uma referência especial com suas circunstâncias
particulares. Se a realização de tal tarefa herculana fosse possível, exceto
após anos e trabalho intenso e interminável, o tamanho impraticável do livro
produzido e a natureza heterogênea de seus conteúdos, longe de serem
convidativos, ao contrário, tenderia a distrair a atenção e o objetivo de
comunicar um conhecimento dos Princípios da Lei Maçônica seria perdido
no exame de precedência, ordenado sem sistema científico e enunciado sem
explicação.

Quando eu primeiramente contemplei a composição de um trabalho acerca


desse assunto, um distinto amigo e Irmão, cuja opinião respeito muito e cujos
conselhos estou sempre ansioso a considerar, a menos pelas razões mais
satisfatórias, sugeriu um trabalho de coletar as decisões de todos os Grão-
Mestres, Grandes Lojas e outras autoridades maçônicas sob todo aspecto da
Lei Maçônica e de apresentá-los, sem comentário, a fraternidade.

Mas um breve exame deste método me levou a perceber que estaria então
construindo apenas um compêndio de decretos, muitos dos quais seriam
provavelmente resultados de inexperiência, preconceito ou de visões errôneas
do sistema maçônico e dos quais os próprios autores têm, repetidas vezes,
voltado atrás, pois Grão-Mestres e Grandes Lojas, embora dignos de grande
respeito, não são infalíveis, e eu não poderia, conscientemente, consentir em
ajudar sem nenhum comentário competente, na extensão e perpetuação dos
editos e opiniões que, embora tenham sido emanados da alta autoridade, não
creio estarem em consonância com os princípios da jurisprudência maçônica.
Outra inconveniência que poderia ter surgido a partir da adoção de tal
método é que as decisões de diferentes Grandes Lojas e Grão-Mestres são, às
vezes, totalmente contraditórias acerca dos mesmos pontos da Lei Maçônica.

O decreto de uma jurisdição acerca de qualquer questão particular


frequentemente será encontrado em discordância com outros da mesma sorte,
ao passo que um terceiro será diferente de ambos. O consultor de um
trabalho, abrangendo dentro de suas páginas tais julgamentos que desviam a
atenção, que não são explicados por comentário, ficariam em dúvida acerca
de qual decisão deveria adotar, de maneira que inspecionar com o intuito de
resolver uma questão legal ficaria constrangido a fechar o livro, em total
desespero de extrair a verdade ou informação de uma massa de contradições
tão confusa.

Esse plano, portanto, abandonei de pronto. Mas, sabendo que a


jurisprudência da Maçonaria é fundada, como toda ciência legal, sobre
princípios abstratos que governam e controlam o seu sistema, julguei ser um
curso melhor apresentar estes princípios aos meus leitores em um tratado
básico e metódico, e a desenvolver a partir deles as deduções necessárias que
o senso comum e a razão justificariam.

Portanto, isso é o que resolvi chamar de Princípios da Lei Maçônica. Não é


um código de legislação nem uma coleção de estatutos, muito menos um
compêndio de opiniões, mas simplesmente um tratado básico, que objetiva
capacitar a todos os que o consultarem, com julgamento competente e
inteligência básica, traçar para ele mesmo os produtos da lei sob qualquer
questão que ele procura investigar, e para formar, para ele mesmo, uma
opinião correta acerca dos méritos de qualquer caso particular.

Blackstone, cujo método de ensino eu me empenhei, embora confesse ab


longo inter-vallol buscar, ao falar do que um expositor acadêmico da lei faria,
diz:

Ele deve considerar seu curso como um mapa geral da lei, delimitando a
forma do país, suas conexões e limites, suas divisões maiores e cidades
principais; não é seu objetivo descrever minuciosamente os limites
subordinados ou de fixar a longitude e latitude de toda tragédia
inconsiderável.

Tal tem sido a regra que me governou na compilação deste trabalho. Mas,
ao delinear esse "mapa geral" da Lei Maçônica, procurei, se posso continuar a
metáfora, definir limites e descrever países, não apresentar dificuldade ao
inspetor na "localização" (para usar um Americanismo) qualquer ponto
subordinado. Tratei, é verdade, de princípios, mas, no todo, não perdi de vista
os casos.

Há certas leis fundamentais da Instituição às quais jamais houve disputa e


que chegaram a nós com todas as sanções da antiguidade e aceitação
universal. Ao anunciar estas leis, não pensei ser sempre necessário defender
sua justiça ou de apresentar uma razão para sua constituição.

O peso da autoridade unânime tem, nesses casos, sido considerado tanto


suficiente como digno de respeito e obediência.

Mas concernente a todas as outras questões em que a autoridade está


dividida, ou em que dúvidas da acurácia2 de minha decisão possam surgir,
me empenhei, por um curso de argumento o mais satisfatório que consegui, a
apresentar um motivo para minhas opiniões e a defender e reforçar minhas
visões por meio de uma referência aos princípios gerais da jurisprudência e o
caráter peculiar do sistema maçônico. Eu pergunto e não devo receber
nenhum acatamento de minhas teorias insustentadas, como um homem, eu
sou, claro, falível e posso ter decidido de maneira errônea. Mas eu realmente
reivindico para os meus argumentos todo o peso e influência dos quais eles
possam ser dignos, após um exame atento e sem preconceito. Aos que
primeiramente possam estar preparados, pois não concordo com todas as suas
opiniões pré-concebidas, a duvidar ou negar minhas conclusões, eu diria, nos
dizeres de Themístocles: "Batei, mas escutai-me."

Seja lá qual for o veredito transmitido por meus Irmãos acerca de meus
trabalhos, confio que alguma clemência será estendida aos erros que eu possa
ter cometido, pelo proveito do objeto que eu tinha em vista: que, a saber, era
de apresentar à confraria um trabalho básico que possa capacitar todo Maçom
a conhecer seus direitos e aprender seus deveres.

A intenção era, indubitavelmente, boa. Como ela foi executada, não cabe a
mim, mas sim ao público maçônico determinar.

Albert G. Mackey

Charleston, S.C., ao 1° de Janeiro de 1856.


As leis que governam a instituição da Franco-Maçonaria são de dois
gêneros, não-escritas e escritas, e podem, de certa maneira, ser comparadas
com a lex non scripta, ou lei comum, e a lex seripta, ou lei estatutária dos
juristas ingleses e estadunidenses.

A lex non scripta, ou lei não escrita, da Maçonaria é oriunda das tradições,
usos e costumes da fraternidade, ao passo que existem desde a mais remota
antiguidade e são universalmente admitidas pelo consenso geral dos membros
da Ordem. Na verdade, nós podemos dar a essas leis não-escritas da
Maçonaria a definição dada por Blackstone das leges non scriptx da
constituição inglesa, que "sua instituição original e autoridade não são
colocadas por escrito, como atos de parlamento são, mas recebem direito de
compromisso e a força de leis por utilização duradoura e imemorial e por sua
recepção universal em todo o reino". Quando, no curso deste trabalho, me
referir a essas leis não-escritas como autoridade sobre qualquer ponto, eu o
farei sob a designação apropriada do "uso antigo".

A lex scripta, ou lei escrita da Franco-Maçonaria, é oriunda de uma


variedade de fontes e foi estruturada em períodos diferentes. Os seguintes
documentos são os que considero possuir autoridade suficiente para
substanciar qualquer princípio ou para determinar qualquer assunto em litígio
na lei maçônica.

1. As "Antigas Obrigações Maçônicas, de um Manuscrito da Loja da


Antiguidade", e ditas terem sido escritas no reinado de Jaime III.

2. Os Regulamentos adotados na Assembleia Geral realizada em 1663, da


qual o Conde de Sr. Albans foi Grão-Mestre.
3. Os interrogatórios propostos pelo Mestre de uma Loja em sua instalação,
e que, a partir de sua adoção universal, sem alteração, por toda a
fraternidade, devem indubitavelmente ser considerados como parte da Lei
Fundamental da Maçonaria.

4. "As Obrigações de um Maçom, extraídas dos Antigos Registros de Lojas


além-mar, e das Lojas na Inglaterra, Escócia e Irlanda, para o uso das Lojas
em Londres", impressos na primeira edição do Livro das Constituições.

5. "Os 39 Regulamentos Gerais, adotados na Assembleia Anual e festa


realizada em Stationer's hall no dia de São João Batista, 1721", e que
foram publicados na primeira edição do Livro das Constituições.

6. Os regulamentos subsequentes adotados em vários relatórios anuais pela


Grande Loja da Inglaterra, até o ano de 1769, e publicados em edições
diferentes do Livro das Constituições. Estes, embora não de tal suprema
importância e aceitação universal como as Antigas Obrigações e os 39
Regulamentos, são, entretanto, de grande valia como meios de resolver
muitas questões em litígio, ao mostrar qual era a lei e o uso da fraternidade
nas épocas em que eles foram adotados.

Logo após a publicação da edição de 1769 do Livro das Constituições, as


Grandes Lojas da América começaram a se separar de sua matriz inglesa e a
organizar jurisdições independentes. A partir desse período, os regulamentos
adotados pela Grande Loja da Inglaterra pararam de ter qualquer eficácia de
vínculo sobre a colega neste país, ao passo que as leis adotadas pelas Grandes
Lojas estadunidenses perderam o caráter de regulamentos gerais e foram
aplicadas unicamente com autoridade local em suas várias jurisdições.

Antes de concluir esta seção introdutória, pode ser necessário que algo seja
dito a respeito das Antigas Regras da Ordem, sobre as quais inúmeras
referências são feitas.

Várias definições foram dadas a respeito das regras. Alguns supõem que
elas foram constituídas a partir de todas as regras e regulamentos existentes
em período anterior ao reavivamento da Maçonaria em 1717, e que foram
confirmadas e adotadas pela Grande Loja da Inglaterra naquela época.
Outros, mais severos em suas definições, limitam-nas aos modos de
reconhecimento em uso entre a fraternidade. Estou disposto a adotar um meio
termo e a definir as Regras da Maçonaria que virão, todos os usos e costumes
da confraria, sejam rituais ou legislativos, que se relacionam com formas e
cerimônias ou com a organização da sociedade que existe de tempo
imemorial, e a alteração ou abolição da qual afetaria materialmente o caráter
distinto da instituição ou destruiria sua identidade.

Assim sendo, por exemplo, entre as regras legislativas, eu enumeraria o


ofício de Grão-Mestre como o oficial presidente sobre a confraria, e entre as
regras rituais, a lenda do terceiro grau. Mas as leis, sancionadas de tempo em
tempo pelas Grandes Lojas para seu governo local, independentemente de
quão velhas sejam, não constituem regras e podem, a qualquer momento, ser
alteradas ou canceladas, uma vez que o 390 regulamento declara
expressamente que "anualmente a Grande Loja tem poder inerente e
autoridade de criar novos regulamentos ou de alterá-los (a saber, os 39
artigos) para o benefício real desta antiga fraternidade, contanto que as velhas
regras sejam sempre preservadas".
É propósito deste livro, primeiramente, apresentar ao leitor um breve
esboço histórico da ascensão e progresso do sistema das Grandes Lojas e,
então, explicar, nas seções subsequentes, a forma na qual tais organismos são
originalmente organizados, quem são seus oficiais e membros e quais são
seus privilégios reais.
As Grandes Lojas sob atual organização são, em respeito à antiguidade da
Ordem, de data comparavelmente moderna. Não ouvimos acerca de tais
organismos nos primórdios da instituição. A tradição nos informa que,
originalmente, as Grandes Lojas eram governadas pela autoridade despótica
de poucos chefes. No edifício do templo, temos motivos para acreditar que o
rei Salomão exerceu um controle ilimitado e irresponsável sobre a confraria,
embora uma tradição (não, entretanto, de autoridade inconteste) diga que ele
era assistido em seu governo por um conselho de 12 superintendentes,
selecionados das 12 tribos de Israel. Mas sabemos muito pouco, a partir de
materiais autênticos, do sistema preciso adotado naquele período remoto para
que sejamos capazes de fazer quaisquer deduções históricas concernentes ao
assunto.

A primeira informação histórica que possuímos da formação de um


organismo supremo controlador da fraternidade está nas "cons tituições
góticas", que afirmam que, no ano de 287, Sr. Alban, o protomártir da
Inglaterra, que era um patrono zeloso da confraria, obteve de Carausius, o
imperador britânico, "uma carta régia para os Maçons realizarem um concílio
geral e, para isso, deu o nome de `assembleia"'.

O registro posterior afirma que Sr. Alban participou da reunião e ajudou na


formação dos Maçons, dando a eles "boas obrigações e regulamentos". Não
sabemos, entretanto, se esta assembleia voltou a se reunir novamente, e se
aconteceu, por quantos anos ela continuou a existir. A história subsequente da
Maçonaria é inteiramente silenciosa acerca do assunto.

A próxima assembleia geral da confraria, da qual os registros da Maçonaria


nos informam, foi a que aconteceu em 926 na cidade de Iorque, na Inglaterra,
pelo príncipe Edwin, irmão do rei Athelstane e neto de Alfredo, o grande.
Essa, dizemos, foi a assembleia geral seguinte, pois dizem que o manuscrito
Ashmole, que foi destruído no reavivamento da Franco-Maçonaria em 1717,
afirmava que, na época, o príncipe obteve de seu irmão, o rei, uma permissão
para a confraria "realizar uma comunicação anual e uma assembleia geral". O
fato de tal poder de encontro ser concedido é conclusivo de que ele não
existia previamente: e parecia provar que as assembleias da confraria,
autorizadas pela carta régia de Carusius, havia acabado de existir há muito
tempo. Essa comunicação anual, entretanto, não constitui, pelo menos no
sentido de que concebemos, uma Grande Loja. O nome dado a ela foi
Assembleia Geral dos Maçons. Ela não era restrita, como agora, aos Mestres
e Guardiães das Lojas subordinadas, agindo na qualidade de delegados ou
representantes; mas era composta, como Preston observou, de tantos
membros da fraternidade possível, dentro de um intervalo conveniente, que
pudessem participar uma ou duas vezes no ano, sob os auspícios de um líder
geral, que fora eleito e empossado em uma dessas reuniões e que, pelo
período estabelecido, recebia a deferência como o governador de toda a
corporação. A qualquer irmão que fosse competente para executar as
atribuições era permitido, pelo regulamento da Ordem, abrir e manter Lojas
de acordo com sua vontade, em tais horários e lugares que fossem mais
convenientes para ele e sem a necessidade do que agora chamamos de
Garantia de Constituição e, então, de iniciar membros dentro da Ordem para a
Assembleia Geral. Entretanto, toda a confraria, sem distinção, era autorizada
a participar, cada Maçom presente era intitulado a fazer parte das
deliberações, e as regras e regulamentos sancionados eram o resultado dos
votos de todo o organismo. A Assembleia Geral era, de fato, precisamente
similar àquelas reuniões políticas que, em nossa língua moderna, chamamos
"assembleias deliberativas".

Essas assembleias deliberativas anuais ou Assembleias Gerais continuaram


a acontecer por muitos séculos após sua primeira realização, na cidade de
Iorque, e eram, durante todo aquele período, a judicatura suprema da
fraternidade. Há constantes referências às assembleias anuais da Maçonaria
em documentos públicos. O preâmbulo de um decreto sancionado em 1425,
durante o reinado de Henrique VI, apenas cinco séculos após a reunião de
Iorque, afirma que: "pelas congregações anuais e alianças feitas pelos
Maçons em suas assembleias gerais, o bom curso e efeito do estatuto dos
trabalhadores foram abertamente violados e quebrados".

Esse decreto que proibia tais reuniões, entretanto, jamais foi colocado em
prática; um antigo registro, citado no Livro das Constituições, fala da
Irmandade tendo frequentado essa "assembleia mútua" em 1434, no reinado
do mesmo rei. Temos outro registro da Assembleia Geral que foi realizada
em Iorque no dia 27 de dezembro, em 1561, quando a rainha Elizabeth, que
estava suspeitando do segredo, enviou uma força armada para dissolver a
reunião. Ainda há uma cópia preservada dos regulamentos que foram
adotados por uma assembleia semelhante realizada em 1663, no festival de
São João, o evangelista; nestes regulamentos é declarado que as Lojas
particulares deveriam prestar contas para a Assembleia Geral de todas suas
aceitações feitas durante o ano. Outro regulamento, entretanto, adotado na
mesma época, ainda mais explícito, reconhece a existência de uma
Assembleia Geral como o corpo go vernante da fraternidade. Diz o
documento: "que para o futuro, a dita fraternidade dos Maçons deverá ser
regulada e governada por um Grão-Mestre e tantos quantos Guardiães que a
dita sociedade achar necessário indicar em cada Assembleia Geral anual".

E, portanto, os interesses da instituição perduraram, até o início do século


XVII ou por aproximadamente 800 anos, para serem confiados àquelas
Assembleias Gerais da fraternidade que, sem distinção de grau ou ofício,
reunia-se anualmente em Iorque para legislar no que diz respeito ao governo
da confraria.

Mas em 1717 foi adotada uma nova organização do líder governante que
deu início ao estabelecimento de uma Grande Loja, na forma em que estes
organismos agora existem. Um período de tamanha importância na história
da Maçonaria exige nossa atenção especial.

Em 1702, após a morte do rei William, que também era Maçom e o grande
patrono da confraria, a instituição passou a fenecer, as Lojas decresceram em
número e a Assembleia Geral foi inteiramente negligenciada por muitos anos.
Algumas poucas Lojas perseveraram, é verdade, para se reunirem
regularmente, mas as Lojas eram constituídas apenas de poucos membros.

Após um longo período, na ascensão de George 1, os Maçons de Londres e


seus arredores determinaram reviver as comunicações anuais da sociedade.
Havia naquela época apenas quatro Lojas no sul da Inglaterra, e os membros
destas, com inúmeros velhos Irmãos, reuniram-se em fevereiro de 1717, na
Apple Tree Tavern, na rua Charles, Covent Garden, e organizaram ao colocar
o mais antigo Mestre Maçom, que era o Mestre de uma Loja, como
presidente; eles então se constituíram naquilo que Anderson chama de "a
Grande Loja pro tempore", decidiram realizar a assembleia e a festa anual e,
então, escolher um Grão-Mestre.

Dessa forma, no dia 24 de junho de 1717, a assembleia e a festa foram


realizadas; e ao Mestre mais antigo de uma Loja como presidente foi
apresentada uma lista de candidatos, da qual o Sr. Anthony Sayer foi eleito
Grão-Mestre e o capitão Joseph Elliot e o Sr. Jacob Lamball, Grandes
Guardiães.

O Grão-Mestre ordenou que os Mestres e Guardiães das Lojas reunissem


trimestralmente os Grandes Oficiais, em comunicação, no lugar que ele
definiria em suas convocações enviadas pelo Porteiro.

Esse foi, então, indubitavelmente, o início daquela organização dos


Mestres e Guardiães de Lojas em uma Grande Loja, que existe desde aquela
época.

Entretanto, a fraternidade, posteriormente, continuou a reivindicar o direito


de estar presente na assembleia anual e, na verdade, naquela reunião, sua
presença pontual na próxima assembleia era recomendada.

Na mesma reunião, ficou resolvido que "o privilégio de reunir os Maçons,


que até aquele momento era ilimitado, deveria ser conferido em certas Lojas
e assembleias de Maçons reunidos em certos lugares; e que toda Loja reunida
a partir dessa data, exceto as quatro antigas Lojas existentes naquela época,
deveriam ser legalmente autorizadas a agir por uma garantia do Grão-Mestre
por determinado tempo, concedido a certas pessoas por petição, com o
consentimento e aprovação da Grande Loja em comunicação e que, sem tal
garantia, nenhuma Loja deveria ser a partir daquela data regular e
constitucional".

Como resultado desse regulamento, inúmeras outras Lojas receberam


Garantia de Constituição e foi ordenado aos seus respectivos Mestres e
Guardiães a estarem presentes nas comunicações da Grande Loja.
Posteriormente, os irmãos conferiram todos os seus privilégios às quatro
Lojas antigas, na confiança de que eles jamais infringiriam as antigas
obrigações e regras; em troca, concordaram que aos Mestres e Guardiães de
cada nova Loja que poderia vir a ser constituída, deveria ser permitido
compartilhar todos os privilégios da Grande Loja, exceto o de precedência de
ranque. Os Irmãos, diz Preston, consideraram desnecessárias suas
participações adicionais nas reuniões da sociedade após a adoção desses
regulamentos e, portanto, confiaram implicitamente aos seus Mestres e
Guardiães o governo da confraria. Daquele momento em diante, a Grande
Loja tem sido composta de todos os Mestres e Guardiães das Lojas
subordinadas que constituem a jurisdição.

Entretanto, o antigo direito da confraria, de participar dos procedimentos


da Grande Loja ou Assembleia Geral foi plenamente reconhecido por um
novo regulamento, adotado aproximadamente na mesma época, no qual foi
declarado que todas as alterações das Constituições devem ser propostas e
concordadas na terceira comunicação trimestral anterior à festa anual, e que
também seja oferecido, antes do jantar, para o escrutínio' de todos os Irmãos e
até mesmo para os Aprendizes Iniciados.

Esse regulamento tem (não sei por qual direito) se tornado obsoleto, e a
Assembleia Anual dos Maçons há muito cessou de ser realizada, uma vez que
as Grandes Lojas desde os primórdios do século XVIII assumiram a forma e
organização que ainda preservam, como organismos precisamente
representativos.
O assunto a ser discutido nesta seção é a resposta para a seguinte pergunta:
"Como uma Grande Loja deve ser estabelecida em qualquer estado ou país
onde tal organismo não existiu previamente, mas onde há Lojas subordinadas
funcionando sob garantias oriundas das Grandes Lojas em outros estados?"
Ao responder à pergunta, parece-me apropriado direcionar para o curso
adotado pela Grande Loja da Inglaterra, a original, no seu estabelecimento
em 1717, uma vez que aproximadamente quase todas as Grandes Lojas de
Iorque agora em existência têm sua autoridade obtida direta ou indiretamente
por meio dela, e o modo de sua organização tem, consequentemente, sido
admitido universalmente como regular e legítimo.

Em primeiro lugar, é essencialmente necessário que a existência ativa de


Lojas subordinadas em um estado deva preceder a formação de uma Grande
Loja, pois as primeiras são as únicas fontes le gítimas da posterior. Uma
assembleia parlamentar de Maçons não pode reunir e organizar uma Grande
Loja. Um certo número de Lojas, detentoras de garantias legais de uma
Grande Loja ou de diferentes Grandes Lojas, deve se reunir por meio de seus
representantes e dar início à formação de uma Grande Loja. Quando esse
processo estiver concluído, as Lojas subordinadas retornam as garantias, sob
as quais até aquele momento funcionaram, para as Grandes Lojas das quais
originalmente receberam tais benefícios, e recebem novas garantias do
organismo que formaram.

O fato de uma assembleia parlamentar da fraternidade de qualquer estado


ser incapaz de organizar uma Grande Loja foi definitivamente resolvido, não
apenas pelo uso geral, mas pela ação expressa das Grandes Lojas dos Estados
Unidos que se recusaram a reconhecer, em 1842, a Grande Loja de Michigan,
que havia sido estabelecida irregularmente no ano anterior. O organismo não
reconhecido foi então dissolvido pelos Irmãos de Michigan que iniciaram o
estabelecimento de quatro Lojas subordinadas sob garantias concedidas pela
Grande Loja de Nova Iorque. Estas quatro Lojas subsequentemente se
reuniram em convenção e organizaram a presente Grande Loja de Michigan
de maneira genuína.

Parece, entretanto, ter sido resolvido no caso de Vermont, que onde a


Grande Loja havia estado inoperante por muitos anos, e todas as suas
subordinadas extintas. Entretanto, se quaisquer dos Grandes Oficiais, últimos
eleitos, viverem e estiverem presentes, eles podem reavivar a Grande Loja e
iniciar constitucionalmente o exercício de suas prerrogativas.

A próxima questão é concernente ao número de Lojas exigidas para


organizar uma Grande Loja. Dalcho diz que cinco Lojas são necessárias; e
nessa opinião ele é apoiado pelo "Auxílio a um Irmão da Pensilvânia",
publicado em 1783 por William Smith, D. D., na época o Grande Secretário
daquela jurisdição, e também por algumas outras autoridades. Mas tal
regulamento não é encontrado no Livro das Constituições, que agora se
admite conter a lei basilar da instituição. De fato, sua adoção teria sido uma
condenação da legalidade da Grande Loja Mãe da Inglaterra, que foi formada
em 1717 pela união de apenas quatro Lojas. A regra, entretanto, é encontrada
no "Auxílio a um Irmão de Laurence Dermott", que foi adotado pela Grande
Loja dos Antigos Maçons e que se separou da Grande Loja legítima em 1738.
Mas como aquela instituição foi, indubitavelmente, sob nossas atuais visões
da Lei Maçônica, cismático e ilegal, seus regulamentos nunca foram
considerados pelos escritores Maçons como detentores de nenhuma
autoridade.

Na ausência de qualquer lei escrita acerca do assunto, somos compelidos a


examinar o precedente por autoridade, e, embora as Grandes Lojas nos
Estados Unidos raramente tenham sido estabelecidas com uma representação
de menos de quatro Lojas, o fato de que a do Texas foi organizada em 1837
pelos representantes de apenas três Lojas, e que a Grande Loja dessa maneira
instituída foi prontamente reconhecida como legal e regular por todas suas
Grandes Lojas irmãs, parece resolver a questão de que três subordinadas são
suficientes para instituir uma Grande Loja.

Três Lojas, portanto, em qualquer território onde uma Grande Loja ainda
não exista, pode unificar em convenção e organizar uma Grande Loja. Será
então necessário que estas Lojas entreguem as garantias sob as quais elas
estavam previamente funcionando e obtenham novas garantias da Grande
Loja que constituíram; e, a partir desse momento, toda a autoridade maçônica
está conferida à Grande Loja dessa maneira formada.

Uma vez que a Grande Loja foi constituída, a próxima questão é relativa
aos seus membros e oficiais, sendo que cada qual terá uma discussão distinta.
É fato indiscutível que a Assembleia Geral, que se reuniu em Iorque em
926 (d.C.), foi composta de todos os membros da fraternidade que dela
escolheram participar, e é de mesma sorte certo que, na primeira Grande
Loja, validada em 1717, após o reavivamento da Maçonaria, toda a confraria
presente exerceu o direito de associação na votação para os Grandes Oficiais,
e deve, portanto, ter considerado a todos como membros da Grande Loja. O
direito, entretanto, não parece ter sido reivindicado posteriormente. Nessa
mesma Assembleia, o Grão-Mestre eleito ordenou apenas aos Mestres e
Guardiães das Lojas para se reunirem com ele nas comunicações trimestrais;
e Preston, de forma distinta, afirma que, logo após, os Irmãos das quatro
Lojas que haviam constituído a Grande Loja, consideraram sua presença nas
futuras comunicações da sociedade desnecessária e, portanto, concordaram
com as Lojas que subsequentemente haviam recebido garantias na delegação
do poder de representação para seus Mestres e Guardiães, "descansando
tranquilos em relação ao fato de que nenhuma medida de importância seria
adotada sem a aprovação dos Irmãos".

Quaisquer dúvidas acerca do tema foram, sem embargo, logo disseminadas


pela sanção de uma lei positiva. Em 1721, 39 artigos para o futuro governo
da confraria foram aprovados e confirmados, sendo o décimo segundo o
seguinte:

A Grande Loja consiste e é formada por Mestres e Guardiães de todas


as Lojas regulares particulares sob registro, com o Grão-Mestre como
presidente, seu Deputado à sua esquerda e os Grandes Guardiães em
seus lugares devidos.
De tempo em tempo, o número destes constituintes de uma Grande Loja
aumentou pela extensão das qualificações para associação.
Consequentemente, em 1724, os ex-Grão-Mestres e, em 1725, ex-Deputados
Grão-Mestres, foram admitidos como membros da Grande Loja. Por fim, foi
decretado que a Grande Loja deveria consistir dos quatro atuais e todos os ex-
Grão-Oficiais, o Grande Tesoureiro, o Secretário, o Portador da Espada, o
Mestre, os Guardiães e nove assistentes da Loja do Grande Administrador e
os Mestres e Guardiães de todas as Lojas regulares.

Ex-Mestres, de pronto, não foram admitidos como membros da Grande


Loja. Não há identificação deles nas antigas constituições. Walworth acha
que apenas após 1722 é que eles foram introduzidos. Expandi minhas
pesquisas para alguns anos após esse período, sem nenhum êxito na tentativa
de encontrar ex-Mestres como membros sob a Constituição da Inglaterra. É
verdade que, em 1722, Dermott apresentou uma nota para esta edição do
Auxílio a um irmao na qual afirma que: "há registros de que ex-Mestres de
Lojas de garantias receberam esse privilégio (de sociedade) conquanto
continuassem a ser membros de qualquer Loja regular". E, sem dúvida, é
embasado nessa autoridade imperfeita que a Grande Loja dos Estados Unidos
começou em período tão primitivo a admitir seus ex-Mestres na Grande Loja.
No Livro das Constituições autorizado nós não encontramos tal cláusula. De
fato, Preston registra que, em 1808, na colocação da pedra fundamental do
Covent Garden Theatre pelo príncipe de Gales, como Grão-Mestre, "a
Grande Loja foi aberta por Charles Marsh, auxiliado pelos Mestres e
Guardiães de todas as Lojas regulares", e, por toda a descrição cerimonial,
não há registros de ex-membros como participantes de qualquer parte da
Grande Loja. O primeiro registro que fomos capazes de obter de ex-Mestres
como participantes de qualquer parte da Grande Loja da Inglaterra está nos
Artigos da União entre as duas Grandes Lojas da Inglaterra, adotados em
1813, que declaram que a Grande Loja consistirá dos Grandes e Ex-Grandes
Oficiais, dos atuais Mestres e Guardiães de todas as Lojas funcionando sob
garantia, e dos "ex-Mestres de Lojas que serviram e que passaram à
presidência antes do dia da União, continuaram, sem secessão, membros
contribuintes regulares de uma Loja sob garantia". Mas é estipulado que, após
o falecimento de todos estes antigos ex-Mestres, a representação de cada Loja
será a de seu Mestre e de seus Guardiães e de apenas um ex-Mestre. Não há,
suponho, dúvida de que, a partir de 1772, ex-Mestres tinham um assento na
Grande Loja dos antigos Maçons e que não tinham assento na Grande Loja
original, e isso é, creio eu, fato indisputável. Pelas Constituições da Grande
Loja Unida da Inglaterra, ex-Mestres são membros da Grande Loja enquanto
continuam membros contribuintes de uma Loja particular. Em algumas das
Grandes Lojas dos Estados Unidos, tem sido permitido a ex-Mestres
manterem sua associação, ao passo que, em outras, eles foram privados.

No total, o resultado dessa pesquisa parece ser que ex-Mestres não têm um
direito inerente, oriundo das antigas regras, a um assento na Grande Loja;
mas toda Grande Loja tem o poder, dentro de certos limites, de fazer
regulamentos para seu próprio governo, podendo ou não admiti-los como
membros, de acordo com sua própria noção de utilidade.

Algumas das Grandes Lojas têm não apenas desfranqueado ex-Mestres,


mas Guardiães também, e restringido a associação apenas para Mestres
atuantes. Essa inovação surgiu do fato de que o pagamento de milhagem e
gastos para três representantes consistiria em um pesado fardo no orçamento
da Grande Loja. O motivo pode ter sido imperativo, mas na prática a
utilidade monetária foi feita para anular um antigo uso.

Então, ao determinar quem são os membros constituintes de uma Grande


Loja, traçando sua associação a partir do direito inerente, eu diria que eles são
os Mestres e Guardiães de todas as Lojas regulares da jurisdição, com a
Grande Loja escolhida por eles. Todos os outros, que por regulamentos locais
são constituídos membros, o são apenas por cortesia, e não por preceito ou lei
antiga.
Os oficiais de uma Grande Loja podem ser divididos em duas classes,
essenciais e acidentais ou, como são comumente chamados, grandes e
subordinados. Os primeiros dessas classes são, como o nome diz, essenciais
para a composição de uma Grande Loja e são encontrados em todas as
jurisdições, tendo existido desde os tempos mais primórdios. Eles são o Grão-
Mestre e Deputado Grão-Mestre, os Grandes Guardiães, o Grande Tesoureiro
e o Grande Secretário. O Grande Capelão também é enumerado entre os
Grandes Oficiais, mas o oficio é de data comparavelmente moderna.

Os oficiais subordinados de uma Grande Loja consistem dos Diáconos,


Marechal, Seguidor ou Portador de Espada, Administradores e outros, cujos
títulos e obrigações variam em diferentes jurisdições. Dedicarei uma seção
em separado para a consideração das obrigações e prerrogativas de cada um
desses oficiais.

SEÇÃO I. DO GRÃO-MESTRE

O oficio de Grão-Mestre dos Maçons existe desde a origem da instituição,


pois sempre foi necessário para a fraternidade ter um presidente. Houve
períodos na história da instituição quando nem mesmo Deputados e Grandes
Guardiães foram mencionados, mas não há um período da existência da
Maçonaria em que não haja um Grão-Mestre; e por isso Preston, ao falar
daquela era remota na qual a fraternidade era governada por uma Assembleia
Geral, diz que essa Assembleia ou Grande Loja "não era então restrita, como
hoje se entende, aos Mestres e Guardiães de Lojas particulares, com o Grão-
Mestre e seus Guardiães como líder; ela era formada por todos os membros
que pertenciam à fraternidade na sua totalidade, e dentro de um prazo
conveniente poderiam participar, uma ou duas vezes por ano, sob os
auspícios de um líder geral que era eleito e instalado em um desses encontros;
e que, pelo prazo definido, era homenageado como o único governador de
toda a instituição". O oficio é de grande honra como também de poder e
geralmente é conferido a um indivíduo distinto por sua posição de influência
na sociedade, de maneira que seu ranque e caráter possam refletir crédito
sobre a confraria.

O oficio de Grão-Mestre é um cargo eletivo, a eleição é anual e


acompanhada com cerimônias maravilhosas de proclamação e reverência
feitas a ele por toda a confraria. De uso uniforme, como também a explícita
declaração dos Regulamentos Gerais, parece exigir que ele deva ser
empossado pelo último Grão-Mestre. Mas, em sua ausência, o Deputado ou
algum ex-Grão-Mestre pode exercer as funções de posse ou investidura. Na
organização de uma Grande Loja, um antigo precedente e a necessidade do
fato autorizarão o desempenho da ação de posse pelo Mestre da mais antiga
Loja presente, que, entretanto, exerce, pro hac vices, as prerrogativas e
assume o lugar de um Grão-Mestre.

O Grão-Mestre possui uma grande variedade de prerrogativas, algumas das


quais são oriundas da lex non scripta, ou uso antigo e outras da lei escrita ou
estatutária da Maçonaria.

1. Ele tem o direito de convocar a Grande Loja quando lhe aprouver e de


presidir sobre sua deliberação. Na decisão de todas as questões pela Grande
Loja, ele tem o direito de dois votos. Este é um privilégio segurado a ele pelo
Artigo XIII dos Regulamentos Gerais.

Parece agora ter sido estabelecido, tanto por uso antigo quanto à opinião
expressa da generalidade de Grandes Lojas e dos escritores Maçons, que não
há apelo desta sua decisão. Em junho de 1849, o Grão-Mestre de Nova
Iorque, Irmão Williard, declarou inapropriado um apelo e recusou-se a enviá-
lo à Grande Loja. Os procedimentos sobre essa importante ocasião têm sido
livremente discutidos pelas Grandes Lojas dos Estados Unidos, e nenhuma
delas condenou o ato do Grão-Mestre, ao passo que várias Grandes Lojas
aprovaram o ato com os seguintes dizeres: "Um apelo", diz o Comitê de
Correspondência de Maryland, "da decisão do Grão-Mestre é uma anomalia
em oposição a todos os princípios da Franco-Maçonaria, e tal ato não pode
ser tolerado ou apoiado em momento algum". Essa opinião também é
sustentada pelo Comitê da Grande Loja da Flórida no ano de 1851, e em
várias vezes por outras Grandes Lojas. Por outro lado, inúmeras Grandes
Lojas tomaram decisões adversas a essa prerrogativa, e os atuais
regulamentos da Grande Loja da Inglaterra parecem, por uma justa
interpretação de sua fraseologia, admitir um apelo do Grão-Mestre. A opinião
geral da confraria nesse país ainda parece sustentar a doutrina de que nenhum
apelo possa ser feito da decisão desse oficial. E essa doutrina tem obtido
muito suporte na forma de analogia do relatório adotado pelo Grande
Capítulo Geral dos Estados Unidos, declarando que nenhum apelo poderia
competir com a decisão do oficial presidente de qualquer organismo do Real
Arco.

Uma vez que enunciamos essa doutrina como lei maçônica, surge a
próxima pergunta: "De que maneira o Grão-Mestre deverá ser punido uma
vez que abusar dessa grande prerrogativa?". A resposta para essa pergunta
não admite dúvida. Encontra-se em um regulamento adotado em 1721 pela
Grande Loja da Inglaterra, e são estes os seus dizeres: "Se o Grão-Mestre
abusar de seu grande poder e se mostrar indigno da obediência e submissão
das Lojas, ele deverá ser tratado de forma e maneira a ser concordada sob um
novo regulamento". Mas a mesma série de regulamentos expressa
explicitamente como este novo deverá ser feito, a saber: "proposto e
concordado na terceira comunicação trimestral anterior à Grande Festa anual,
e oferecido, antes do jantar, por escrito, para o escrutínio de todos os Irmãos,
mesmo aos mais novos aprendizes iniciados; a aprovação e consentimento da
maioria de todos os Irmãos presentes sendo absolutamente necessária para
tornar a mesma firmada e obrigatória". Esse modo de fazer um novo
regulamento é explícito e positivamente estabelecido e não pode ser feito de
outra maneira, sendo que aqueles que aceitam os velhos regulamentos como a
lei da Maçonaria devem aceitar essa provisão com os regulamentos. Isso irá,
na atual organização de muitas Grandes Lojas, se mostrar praticamente
impraticável fazer tal novo regulamento, em cujo caso o Grão-Mestre deve
permanecer isento de outras penalidades por seus mal-feitos, além daquelas
que se originam de sua própria consciência, e a perda da estima e respeito por
parte de seus Irmãos.

II. O poder de conceder Dispensas é uma das mais importantes


prerrogativas do Grão-Mestre. Uma Dispensa pode ser definida como uma
isenção da observância de alguma lei ou da execução de alguma obrigação.

Na Maçonaria ninguém tem a autoridade de conceder essa isenção, exceto


o Grão-Mestre; e, embora o exercício dela está limitado à observância das
antigas regras, a operação da prerrogativa ainda é extensiva. O poder de
Dispensa pode ser exercido sob as seguintes circunstâncias:

1. O quarto antigo Regulamento dita que "nenhuma Loja fará mais do que
cinco novos Irmãos de uma e mesma vez sem uma necessidade urgente". Mas
acerca dessa necessidade o Grão-Mestre pode julgar e, embasado de bons e
suficientes motivos, sendo estes mostrados, ele pode conceder uma Dispensa,
capacitando qualquer Loja a suspender esse regulamento e fazer mais do que
cinco novos Irmãos.

2. O próximo regulamento dita que "ninguém pode ser aceito membro de uma
Loja particular sem notificação prévia, um mês antes, para que se faça
investigação devida acerca da reputação e capacidade do candidato". Mas
aqui, também, é estipulado que, em um caso apropriado de emergência, o
Grão-Mestre pode exercer sua prerrogativa e Dispensar essa sentença de um
mês, permitindo o candidato de fazer jus de sua aplicabilidade.

3. Se a Loja omitiu por quaisquer causas eleger seus oficiais ou qualquer um


deles na noite constitucional de eleição, ou se qualquer oficial eleito tiver
falecido, deposto ou removido da jurisdição subsequente à sua eleição, o
Grão-Mestre pode promulgar uma Dispensa, dando poderes à Loja de iniciar
uma eleição ou de preencher a vacância em qualquer outra comunicação
especificada; mas ele não pode conceder uma Dispensa para eleger um novo
mestre como consequência de falecimento ou exoneração do antigo, enquanto
os dois Guardiães ou qualquer um deles permanecer, pois os Guardiães
sucederão por direito e por ordem de idade para a vaga de mestre em aberto.
E, de fato, é posto que, enquanto um dos três oficiais permanecer, nenhuma
eleição se realizará, mesmo por Dispensa, para preencher os outros dois
lugares, embora as vacâncias nelas possam ter ocorrido por falecimento ou
exoneração.

4. O Grão-Mestre pode conceder uma Dispensa capacitando uma Loja a


eleger um Mestre entre os membros da assembleia, mas isso deve ser feito
apenas quando todo ex-Mestre, Guardião e ex-Guardião da Loja recusarem
servir, pois um requisito bá rico de qualificação para o ofício de mestre é que
o candidato tenha servido previamente no ofício de Guardião.

5. No ano de 1723, um regulamento foi adotado estabelecendo "que nenhum


Irmão deve pertencer a mais de uma Loja dentro dos coeficientes de
mortalidade". Interpretando a última expressão, significa 4.800 km, que agora
supõe ser o limite geográfico de uma jurisdição de uma Loja, esse
regulamento pode ainda ser considerado como uma parte da lei da
Maçonaria; mas em algumas Grandes Lojas, tal como a da Carolina do Sul,
por exemplo, o Grão-Mestre, às vezes, exercerá sua prerrogativa e,
Dispensando esse regulamento, permite que um Irmão pertença a duas Lojas,
embora elas possam estar a menos de 4.800 km de distância uma da outra.

6. Mas o poder mais importante do Grão-Mestre relacionado com sua


prerrogativa de Dispensa é aquele da constituição de novas Lojas. Já foi
apresentado aqui que, antigamente, não era exigida uma garantia para a
formação de uma Loja, mas que se um número suficiente de Maçons se
reunissem dentro de um certo limite, eram autorizados, sob o consentimento
do xerife ou chefe magistrado do lugar, a formar Maçons e praticar os ritos da
Maçonaria sem tal garantia de Constituição. Mas no ano de 1717 foi adotado
como regulamento que toda Loja, a ser convocada a partir daquela data,
deveria ser autorizada a funcionar por uma garantia do Grão-Mestre por um
tempo estipulado, concedida a certas pessoas por petição, com o
consentimento e aprovação da Grande Loja em comunicação. Desde então,
nenhuma Loja tem sido considerada legalmente estabelecida a menos que
tenha sido constituída pela autoridade do Grão-Mestre. Nas Constituições
Inglesas, o instrumento que então autoriza uma Loja de se reunir, quando
concedido pelo Grão-Mestre, é chamado de Garantia de Constituição. É
concedido pelo Grão-Mestre, e não pela Grande Loja. Isso parece ser um
instrumento final, apesar da provisão decretada em 1717, exigindo o
consentimento e aprovação da Gran de Loja; pois na Constituição da Grande
Loja Unida da Inglaterra não há nenhuma alusão a esse consentimento e
aprovação.

Mas nesse país, o processo é de alguma forma diferente, e o Grão-Mestre é


privado de uma porção de sua prerrogativa. Aqui, o instrumento concedido
pelo Grão-Mestre é chamado de Dispensa. A Loja que a recebe não é
permitida ser admitida nos registros de Lojas nem é considerada como
detentora de quaisquer direitos e privilégios de uma Loja, exceto àquele de
formar Maçons, até que uma Garantia de Constituição seja concedida pela
Grande Loja. A antiga prerrogativa do Grão-Mestre é, entretanto, preservada
no fato de que, quando uma Loja recebe uma garantia pela Grande Loja, a
cerimônia de constituição que abraça sua consagração e a instalação de seus
oficiais apenas pode ser realizada pelo Grão-Mestre em pessoa ou por seu
Deputado especial indicado para esse propósito.

III. A terceira prerrogativa do Grão-Mestre é a visitação. Ele tem o direito


de visitar qualquer Loja dentro de sua jurisdição a qualquer momento que
quiser e quando lá presidir; e é obrigação do Mestre oferecê-lo o assento (a
cadeira) e seu martelo, que o Grão-Mestre pode recusar ou aceitar a seu bel-
prazer. Essa prerrogativa não admite indagação, como é claramente declarada
no primeiro dos 39 regulamentos, adotados em 1721 com as seguintes
palavras:

O Grão-Mestre ou Deputado tem autoridade e direito não apenas de estar


presente, mas de presidir em toda Loja, com o Mestre da Loja à sua
esquerda, e de ordenar a seus Guardiães de atendê-lo, que não devem
agir como Guardiães de Lojas particulares, mas em sua presença e a seu
comando; pois o Grão-Mestre, enquanto em uma Loja particular, pode
ordenar aos Guardiães daquela Loja, ou quaisquer outros Mestres
Maçons, agir como seus Guardiães, pro tempore.

Mas em um regulamento subsequente ficou estabelecido que, como o


Grão-Mestre não pode privar os Grandes Guardiães desse ofício sem o
consentimento da Grande Loja, ele não deve indicar quaisquer outras pessoas
a agirem como Guardiães em sua visita a uma Loja particular, a menos que os
Grandes Guardiães estejam ausentes. Esse regulamento, em inteireza, ainda
está em existência.

A questão recentemente levantada, caso o Grão-Mestre recusar presidir,


ele, entretanto, não se colocará na posição de um Irmão particular e se tornará
sujeito, como todos os outros presentes, ao controle do Venerável Mestre.
Respondo que, claro, ele deve se sujeitar e respeitar essas regras de ordem e
decoro que são obrigatórias a todos os bons homens e Maçons, mas que ele
não pode, pelo exercício de um ato de cortesia ao recusar presidir, se despir
de sua prerrogativa, que, além de tudo, ele pode a qualquer momento durante
a noite assumir e exigir o martelo. O Grão-Mestre dos Maçons não pode, sob
nenhuma circunstância, se tornar sujeito aos decretos do Mestre de uma Loja
particular.

IV. Outra prerrogativa do Grão-Mestre é o da nomeação que, contudo, tem


sido muito diminuída nesse país. De acordo com os antigos regulamentos, e o
costume ainda permanece nas Constituições da Grande Loja da Inglaterra, o
Grão-Mestre tem o direito de nomear seu Deputado e Guardiães. Nos Estados
Unidos, o ofício foi privado dessa alta prerrogativa, e estes Oficiais são
eleitos pela Grande Loja. O Deputado, entretanto, ainda é nomeado pelo
Grão-Mestre. Em alguns dos estados, como Massachussets, Carolina do
Norte, Wisconsin e Texas, a nomeação dos principais oficiais subordinados
também é dada ao Grão-Mestre pelas Grandes Lojas americanas.

V. O último e mais extraordinário poder do Grão-Mestre é o de formar


Maçons imediatamente.

O poder de "formar Maçons imediatamente" é um termo técnico que pode


ser definido pelo poder do Grão-Mestre de iniciar, aprovar e levantar
candidatos, em uma Loja de emergência ou, como é chamada no Livro das
Constituições, "uma Loja ocasional", especialmente convocada por ele e
constituída de tais Mestres Maçons conforme ele quiser convocar para aquele
propósito apenas, deixando a Loja de existir tão logo que a iniciação,
aprovação ou levantamento for Dispensado pelo Grão-Mestre.

Se tal poder é conferido ao Grão-Mestre, é uma questão que tem sido


discutida calorosamente nos últimos anos por algumas das Grandes Lojas
deste país; mas não estou ciente de que até recentemente a prerrogativa tenha
sido disputada.

No Livro das Constituições, entretanto, muitos exemplos são fornecidos do


exercício deste direito por vários Grão-Mestres.

Em 1731, sendo Lorde Lovel o Grão-Mestre, ele "formou uma Loja


ocasional em Houghton Hall, na casa de Sir Robert Walpole em Norfolk", e
lá formou o Duque de Lorraine, posteriormente Imperador da Alemanha, e o
Duque de Newcastle, Mestres Maçons".

Não cito o caso da iniciação, aprovação e levantamento de Frederick,


príncipe de Gales, em 1737, que foi feito em uma "Loja ocasional" sobre a
qual o Dr. Desaguliers presidiu, pois como Desaguliers não era o Grão-
Mestre, nem mesmo, como tem sido incorretamente afirmado pelo Comitê de
Correspondência de Nova Iorque, Deputado Grão-Mestre, mas apenas um ex-
Grão-Mestre, o caso não pode ser chamado de formação imediata. Ele
provavelmente agiu sob a Dispensa do Grão-Mestre que naquela época era o
Conde de Darnley.

Mas, em 1776, o Lorde Blaney, que era então o Grão-Mestre, estabeleceu


"uma Loja ocasional" e iniciou, aprovou e levantou o Duque de Gloucester.

Novamente em 1767, John Salter, o Deputado, então agindo como Grão-


Mestre, estabeleceu "uma Loja ocasional" e conferiu três níveis para o Duque
de Cumberland.
Em 1787, o príncipe de Gales foi feito Maçom "em uma Loja ocasional
estabelecida", diz Preston, "para o propósito, em Star & Garter, Pall Mall,
sobre o qual o duque de Cumberland (Grão-Mestre) presidiu em pessoa".

Mas é desnecessário multiplicar os exemplos deste direito exercido pelos


antigos Grão-Mestres, de convocar Lojas ocasionais e formar Maçons
imediatamente. Tem-se dito que, entretanto, pelos opositores desta
prerrogativa, estas "Lojas ocasionais" eram apenas comunicações especiais
da Grande Loja, e as "formações" são, portanto, supostas terem acontecido
sob a autoridade daquele organismo, e não do Grão-Mestre. Os fatos,
entretanto, não sustentam essa posição. Em todo o Livro das Constituições,
outros encontros, sejam regulares ou especiais, são evidentemente registrados
como encontros da Grande Loja, ao passo que estas "Lojas ocasionais"
parecem apenas ter sido estabelecidas pelo Grão-Mestre para o propósito de
formar Maçons. Além do mais, em muitos casos, a Loja foi realizada em um
lugar diferente do lugar da Grande Loja, e os oficiais não eram, com a
exceção do Grão-Mestre, os oficiais da Grande Loja.

Assim sendo, a Loja ocasional, que iniciou o Duque de Lorraine, foi


realizada na residência do Sr. Robert Walpole em Norfolk, enquanto a
Grande Loja sempre se reunia em Londres. Em 1766, a Grande Loja realizou
suas comunicações em Crown e Anchor, mas a Loja ocasional, que no
mesmo ano conferiu os níveis para o duque de Gloucester, foi estabelecida na
Horn Tavern. No ano seguinte, a Loja que iniciou o duque de Cumberland foi
estabelecida na Thatched House Tavern, a Grande Loja continuava a se reunir
na Crown e Anchor.

Isso pode ser considerado prova conclusiva da existência da prerrogativa


do Grão-Mestre que agora estamos discutindo, mas o argumento afortiori,
extraído de seu poder de Dispensa, tenderá a confirmar a doutrina.

Ninguém duvida ou nega o poder do Grão-Mestre de constituir novas


Lojas por Dispensa. Em 1741, a Grande Loja da Inglaterra esqueceu disso
por um momento e adotou um novo regulamento que nenhuma nova Loja
deveria ser constituída até que o con sentimento da Grande Loja tivesse sido
obtido, "mas essa ordem, após surgir", diz o Livro das Constituições, "ser
uma infração sobre a prerrogativa do Grão-Mestre, e para atender com as
muitas inconveniências e com dano para a confraria, foi rescindida".

Ela é, então, uma prerrogativa indubitável do Grão-Mestre de constituir


Lojas por Dispensa e, nestas Lojas então constituídas, Maçons podem ser
legalmente iniciados, aprovados e levantados. Isso é feito todos os dias. Sete
Mestres Maçons, solicitando ao Grão-Mestre, os concede uma Dispensa sob a
autoridade da qual eles iniciam a abertura e reúnem uma Loja, e formam
Maçons. Essa Loja é, entretanto, admitida ser uma mera criatura do Grão-
Mestre, pois ela está em seu poder e pode, a qualquer momento, revocar a
Dispensa que concedeu e, portanto, dissolver a Loja.

Mas, se o Grão-Mestre tem o direito de capacitar outros a conferir os níveis


e formar Maçons por sua autoridade individual fora de sua presença, não
somos nós permitidos a discutir afortiori que ele também tem o direito de
congregar sete Irmãos e fazer com que um Maçom seja formado na sua
presença? Ele pode delegar um poder a outros que ele mesmo não possui? E é
sua convocação de "uma Loja ocasional" e formação, com a ajuda dos Irmãos
então reunidos, de um Maçom "imediatamente", quer dizer, em sua presença,
qualquer coisa mais ou menos do que o exercício de seu poder de Dispensa
para o estabelecimento de uma Loja sob Dispensa, por um período
temporário e para um propósito especial. O propósito tendo sido realizado, e
o Maçom formado, ele revoca sua Dispensa, e a Loja é dispensada. Se
presumirmos qualquer outra base além dessa, estamos compelidos a dizer
que, embora o Grão-Mestre possa autorizar outros a formar Maçons quando
estiver ausente, como no uso comum de Lojas sob Dispensa, no momento em
que ele tentar conduzir os mesmos poderes a serem exercidos em sua
presença e sob sua supervisão pessoal, sua autoridade terminaria. Essa linha
de raciocínio necessariamente levaria a uma contradição em termos, se não
para um verdadeiro absurdo.

É próprio afirmar, em conclusão, que as visões aqui apresentadas não são


consideradas pelo muito capaz Comitê de Correspondência Internacional da
Grande Loja da Flórida, que apenas admite o poder do Grão-Mestre de
formar Maçons na Grande Loja. Por outro lado, a Grande Loja de Wisconsin,
em sua última comunicação, adotou um relatório afirmando "que o Grão-
Mestre tem o direito de formar Maçons imediatamente, em casos que ele
pode julgar necessário", e o Comitê de Correspondência de Nova Iorque
declara que, "desde o momento em que a memória do homem não indica o
contrário, o Grão-Mestre tem usufruído o privilégio de formar Maçons
imediatamente, sem quaisquer preliminares e a qualquer momento e lugar
convenientes".

As opiniões das últimas duas citações das Grandes Lojas incorporam o


sentimento geral da Confraria acerca desse assunto. Mas, embora a
prerrogativa seja, portanto, quase universalmente cedida aos Grão-Mestres,
há muitas dúvidas pertinentes como da utilidade desse exercício, exceto sob
circunstâncias extraordinárias de emergência.

Na Inglaterra, a prática foi geralmente confinada à formação de príncipes


da família real que, por motivos de estado, não estavam dispostos a se
rebaixar ao nível dos candidatos normais e de receber sua iniciação
publicamente em uma Loja subordinada.

Mas, no exercício dessa prerrogativa, o Grão-Mestre não pode Dispensar


com quaisquer das formas indispensáveis de iniciação, estabelecidas pelas
leis orais da Ordem. Ele não pode comunicar os níveis, mas deve aderir a
todas as cerimônias estabelecidas, a conferência de níveis por "comunicação"
é uma norma desconhecida no rito de Iorque. Ele deve ser ajudado pelo
número de Irmãos necessário para abrir e manter uma Loja. A investigação
necessária deve ser feita acerca do caráter do candidato (embora o Grão-
Mestre possa, como no caso de emergência, Dispensar do período de teste de
um mês). Ele não pode interferir nos negócios de uma Loja regular ao fazer
uma que foi rejeitada, nem terminar uma que foi começada. Ele também não
pode conferir os três níveis em uma e única comu nicação. Em resumo, ele
deve, ao formar Maçons imediatamente, estar em conformidade com os
antigos usos e regras da Ordem.

SEÇÃO 11. 0 DEPUTADO GRÃO-MESTRE


O ofício de Deputado Grão-Mestre é de grande dignidade, mas não de
muita importância prática, exceto no caso de ausência do Grão-Mestre,
quando assume todas as prerrogativas daquele oficial. Nem é o ofício,
comparativamente falando, de uma data muito antiga. Na primeira
reorganização da Grande Loja em 1717, e por dois ou três anos depois disso,
nenhum Deputado foi nomeado, e não foi até 1721, quando o duque de
Montagu conferiu a dignidade ao Dr. Beal. A princípio, pretendia-se que o
Deputado aliviasse o Grão-Mestre de todo o fardo e pressão da atividade, e o
36° Regulamento, adotado em 1721, afirma que: "diz-se que um Deputado
sempre foi necessário quando o Grão-Mestre fosse de origem nobre", pois era
considerado como uma depreciação da dignidade de um nobre entrar em
atividade simples da confraria. Portanto, encontramos entre os Regulamentos
Gerais um que descreve esse princípio nas seguintes palavras:

O Grão-Mestre não deve receber qualquer intimação particular de atividade


concernente aos Maçons e à Maçonaria, mas primeiramente de seu
Deputado, exceto em casos em que sua reverência possa facilmente julgar;
e, se a aplicação ao Grão-Mestre for irregular, sua reverência pode ordenar
aos Grandes Guardiães ou quaisquer outros que possam se aplicar, a
esperar pelo Deputado que deve imediatamente cuidar do assunto e de
apresentar de maneira ordeira a sua reverência.

O Deputado Grão-Mestre exerce, na ausência do Grão-Mestre, todas as


prerrogativas e desempenha todas as obrigações daquele oficial. Mas ele só o
faz não por virtude de qualquer novo ofício que ele adquiriu por tal ausência,
mas simplesmente em nome e como representante do Grão-Mestre, de quem
unicamente se origina toda a sua autoridade. Tal é a doutrina sustentada em
todos os precedentes registrados no Livro das Constituições.

Na presença do Grão-Mestre, o ofício de Deputado é meramente honroso,


sem a necessidade de desempenhar quaisquer obrigações e sem o poder de
exercer nenhuma prerrogativa.

Não pode haver mais de um Deputado Grão-Mestre em uma jurisdição, de


maneira que a nomeação de um número maior, como é o caso em alguns dos
estados, é uma inovação manifesta em relação aos usos antigos. Deputados
Distritais Grão-Mestres, cujos oficiais são uma invenção moderna desse país,
parece substituir de algum modo os Grão-Mestres Provinciais da Inglaterra,
mas a eles não lhes são conferidas as mesmas prerrogativas. O oficio é de
origem local e seus poderes e obrigações são estabelecidos pelos
regulamentos locais da Grande Loja que pode o ter estabelecido.

SEÇÃO III. DOS GRANDES GUARDIÃES

Os Grandes Guardiães Sênior e Júnior eram originalmente nomeados,


como o Deputado, pelo Grão-Mestre, e assim ainda o são na Inglaterra; mas
neste país eles são universalmente eleitos pela Grande Loja. Suas obrigações
não se diferem materialmente daquelas desempenhadas pelos oficiais
correspondentes em uma Loja subordinada. Eles acompanham o Grão-Mestre
em suas visitas e assumem as posições dos Guardiães da Loja visitada.

Em conformidade com os regulamentos de 1721, o Mestre da Loja mais


antiga presente era levado a ocupar a presidência da Grande Loja tanto na
ausência do Grão-Mestre como do Deputado; mas isso foi provado ser uma
interferência com os direitos dos Grandes Guardiães e foi, portanto,
subsequentemente declarado que na ausência do Grão-Mestre e Deputado, o
último ex-Grão-Mestre ou Deputado deveria presidir. Mas se nenhum ex-
Grão-Mestre ou ex-Deputado Grão-Mestre ou Deputado estiver presente,
então o Grande Guardião Sênior deveria ocupar a cadeira, e, em sua ausência,
o Grande Guardião Júnior e, por último, na ausência de ambos os guardiães,
então o mais antigo Maçom[26] que é o atual Mestre de uma Loja. Nesse
país, entretanto, a maioria das Grandes Lojas alteraram esse regulamento, e
os Guardiães substituem a cadeira do Grão-Mestre e Deputado ausentes de
acordo com a senioridade, em preferência a qualquer ex-Grão Oficial.

SEÇÃO IV. DO GRANDE TESOUREIRO

O ofício de Grande Tesoureiro foi primeiramente estabelecido em 1724,


como consequência de um relatório do Comitê de Caridade da Grande Loja
da Inglaterra. Mas nenhum ocupou a posição de confiança até o dia 24 de
junho de 1727, quando, a pedido do Grão-Mestre, a nomeação foi aceita por
Nathaniel Blackberry, Deputado Grão-Mestre. As obrigações do ofício de
maneira nenhuma diferem daquelas exercidas por um correspondente em
outras sociedades; mas, como a confiança é importante do ponto de vista
monetário, tem sido geralmente considerado prudente que a posição seja
confiada a "um irmão de boa substância terrena", cujas posses o colocariam
acima das possibilidades de tentação.

O ofício de Grande Tesoureiro tem essa peculiaridade, ao passo que todos


os outros ofícios abaixo do Grão-Mestre foram originalmente, e ainda são na
Inglaterra, nomeados; esse unicamente sempre foi eletivo.

SEÇÃO V. DO GRANDE SECRETÁRIO

Esse é um dos mais importantes ofícios na Grande Loja e deve sempre ser
ocupado por um Irmão de inteligência e educação, cujas habilidades possam
refletir honra sobre a instituição da qual lhe atribuíram o órgão público. O
ofício foi estabelecido no ano de 1723, durante o Grão-Mestrado do duque de
Wharton, anterior ao período do qual as obrigações parecem ter sido retiradas
dos Grandes Guardiães.

O Grande Secretário não apenas registra os procedimentos da Grande Loja,


mas conduz sua correspondência e é o meio pelo qual todas as aplicações
concernentes a assuntos maçônicos devem ser feitas ao Grão-Mestre ou à
Grande Loja.

Em conformidade com os regulamentos das Grandes Lojas da Inglaterra,


Nova Iorque e Carolina do Sul, o Grande Secretário pode nomear um
assistente, que não é, entretanto, por virtude de tal nomeação, um membro da
Grande Loja. O mesmo privilégio também se estende no estado da Carolina
do Sul para o Grande Tesoureiro.

SEÇÃO VI. DO GRANDE CAPELÃO

Este é o último dos Grandes Ofícios que foi estabelecido, tendo sido
instituído no dia 1° de maio de 1775. As obrigações estão confinadas à leitura
de preces e outras porções sacras do ritual, em consagrações, dedicações,
cultos funerais etc. O ofício não confere nenhuma autoridade maçônica de
maneira alguma, exceto de uma cadeira e voto na Grande Loja.

SEÇÃO VII. DOS GRANDES DIÁCONOS

Pouco precisa ser dito a respeito dos Grandes Diáconos. Suas obrigações
correspondem àquelas dos mesmos oficiais em Lojas subordinadas. O ofício
dos Diáconos, mesmo em uma Loja subordinada, é de instituição
comparativamente moderna. O Dr. Oliver comenta que eles não são
mencionados em nenhuma das primeiras Constituições da Maçonaria, nem
mesmo no final dos anos de 1797, quando Stephen Jones escreveu suas
"Miscelâneas Maçônicas", e acha que a obra "provou de maneira satisfatória
que os Diáconos não eram considerados necessários, no trabalho da atividade
de uma Loja antes do finalzinho do século XVIII".

Porém, embora os Diáconos não sejam mencionados nos vários trabalhos


publicados anteriormente a esse período citado pelo Dr. Oliver, é certo que o
ofício existiu em um tempo muito anterior ao do que ele supõe. Em um
trabalho que está em minha posse e que agora se encontra na minha frente,
chamado Every Young Man's Companion etc., de autoria de W. Gordon,
Professor de Matemática, 6a edição impressa em Londres, em 1777, há uma
seção que se estende da página 413 à 426 que é dedicada ao assunto da
Franco-Maçonaria e à descrição dos trabalhos de uma Loja subordinada.
Aqui os Diáconos Sênior e Júnior são enumerados entre os oficiais, suas
posições exatas descritas e suas obrigações detalhadas, não diferindo de
maneira nenhuma das explicações de nosso próprio ritual na
contemporaneidade. O testemunho positivo desse livro pode, claro, sobrepor
o testemunho negativo das autoridades citadas por Oliver e mostra a
existência de Diáconos na Inglaterra, pelo menos, no ano de 1777.

Também é certo que o Diaconato alega uma origem anterior nos Estados
Unidos do que "no finalzinho do século XVIII"; e, como prova disso, pode
ser afirmado que, no Auxílio a um irmão da Pensilvânia, publicado em 1783,
os Grandes Diáconos são chamados entre os oficiais da Grande Loja como
"assistentes particulares para o Grão-Mestre e Guardião Sênior na condução
dos negócios da Loja". Eles são encontrados em todas as Grandes Lojas do
ritual de Iorque e são comumente nomeados o Sênior pelo Grão-Mestre e o
Júnior pelo Grande Guardião Sênior.

SEÇÃO VIII. DO GRANDE MARECHAL

O Grande Marechal, como um oficial de conveniência, existe desde um


período remoto. Encontramos este na procissão da Grande Loja, estabelecida
em 1731, onde é descrito como portando um "bastão azul com a extremidade
dourada", insígnia que ele ainda retém. Ele não faz parte do trabalho comum
da Loja, mas suas obrigações são confinadas à proclamação dos Grandes
Oficiais em suas instalações e ao preparo e superintendência das procissões
públicas.

O Grande Marechal é frequentemente nomeado pelo Grão-Mestre.

SEÇÃO IX. DOS GRANDES ADMINISTRADORES

A primeira menção que é feita de um Administrador está nos Antigos


Regulamentos, adotados em 1721. Antes desse período, os preparos da
Grande Festa eram colocados nas mãos dos Grandes Guardiães, e era para
aliviá-los deste trabalho que o regulamento foi adotado, autorizando o Grão-
Mestre ou seu Deputado a nomear um certo número de Administradores que
deveriam agir em consonância com os Grandes Guardiães. Em 1728, foi
ordenado que o número de Administradores a serem nomeados deveria ser
12. Em 1731, um regulamento foi adotado permitindo que os Grandes
Guardiães nomeassem seus sucessores. E, em 1735, a Grande Loja ordenou
que: "em consideração de seus serviços anteriormente prestados e futura
utilidade", eles deveriam constituir uma Loja de Mestres, a ser chamada de
Loja dos Administradores, que deveria ter um registro na lista da Grande
Loja e exercer o privilégio de enviar 12 representantes. Essa foi a origem
desse organismo hoje conhecido nas Constituições das Grandes Lojas da
Inglaterra e Nova Iorque, como a Grande Loja dos Administradores, embora
ela tenha sido extensivamente modificada em sua organização. Em Nova
Iorque, ela agora não é mais do que um Subcomitê (Standing Committee) da
Grande Loja; e, na Inglaterra, embora ela seja regularmente constituída como
uma Loja de Mestres Maçons, ela é privada, por um regulamento especial, de
todos os poderes de iniciar, passar ou levantar Maçons. Em outras
jurisdições, o ofício de Grandes Administradores ainda é preservado, mas
suas funções estão confinadas ao propósito original de preparar e administrar
a Grande Festa.

A nomeação dos Grandes Administradores deve ser, de maneira


apropriada, conferida ao Grande Guardião Júnior.

SEÇÃO X. DO GRANDE PORTA-ESPADA

O Grande Porta-Espada era um antigo costume feudal em que todos os


grandes dignatários deveriam ter uma espada de estado carregada diante deles
como insígnia de sua dignidade. Esse uso perdura até o presente na
Instituição Maçônica, e a espada de estado do Grão-Mestre é ainda carregada
em todas as procissões públicas por um oficial especialmente indicado para
esse propósito. Alguns anos após a reorganização da Grande Loja da
Inglaterra, a espada era carregada pelo Mestre da Loja à qual ela pertencia;
mas, em 1730, o duque de Norfolk, sendo então o Grão-Mestre, apresentou
para a Grande Loja a espada de Gustavus Adolphus, rei da Suécia, que tinha
sido anteriormente utilizada na guerra por Bernard, duque de Saxe Weimar, e
que o Grão-Mestre ordenou que deveria ser daquele momento em diante
adotada como sua espada de estado. Como resultado dessa doação, o ofício
de Grande Porta-Espada foi instituído no ano seguinte. O ofício ainda
permanece, mas algumas Grandes Lojas alteraram o nome para o Grande
Heráldico.

SEÇÃO XI. DO GRANDE PORTEIRO

É evidente nas Constituições da Maçonaria, como também do caráter


peculiar da instituição, que o ofício de Grande Porteiro deve existir desde os
primórdios da organização de uma Grande Loja. Portanto, a partir da natureza
das obrigações que ele tem de desempenhar, o Grande Porteiro é
necessariamente impedido de partilhar das discussões ou testemunhar os
procedimentos da Grande Loja; isso tem sido muito comumente determinado,
a partir do princípio de utilidade, que ele não será um membro da Grande
Loja durante o mandato de seu ofício.

O Grande Porteiro é ora eleito pela Grande Loja, ora indicado pelo Grão-
Mestre.
SEÇÃO I. VISÃO GERAL

Uma vez que foram apresentados os oficiais comuns e necessários de uma


Grande Loja, os poderes e prerrogativas de tal organismo são os próximos
assuntos de nossa investigação.

A pedra de fundação, sobre a qual toda a superestrutura da autoridade


maçônica na Grande Loja está construída, encontra-se naquela cláusula
condicional anexada aos 38 artigos, adotada em 1721 pelos Maçons da
Inglaterra e que consta dessas palavras:

Anualmente, toda Grande Loja tem o poder inerente e autoridade para


fazer novos regulamentos ou para alterar estes para o beneficio real
dessa antiga fraternidade; ESTABELECIDO SEMPRE QUE AS
ANTIGAS REGRAS (LANDMARKS) POSSAM SER
CUIDADOSAMENTE PRESERVADAS e que tais alterações e
regulamentos possam ser propostos e concordados na terceira
comunicação trimestral anterior à Grande Festa, e que também possam
ser oferecidos para o escrutínio de todos os Irmãos, por escrito, antes da
ceia, até mesmo para o mais novo Aprendiz Iniciado: a aprovação e
consentimento da maioria de todos os Irmãos presentes é totalmente
necessária para fazer com que os regulamentos e alterações sejam
firmados e obrigatórios.

A expressão que é colocada em letra maiúscula: "estabelecido sempre que


as antigas regras sejam cuidadosamente preservadas", é a cláusula-limite que
se deve ter firmemente em mente toda vez que tentarmos enumerar os
poderes de uma Grande Loja. Jamais deve ser esquecido (nas palavras de
outro regulamento, adotado em 1723 e incorporado ao ritual de instalação)
que: "nenhum homem ou organismo de homens têm o poder de fazer
qualquer alteração ou inovação no organismo da Maçonaria".

"Com estas visões a nos limitar, os poderes de uma Grande Loja podem
ser enumerados na língua que foi adotada nas constituições modernas da
Inglaterra e que nos parecem, após uma cuidadosa comparação, ser tão
completos e corretos como todos que pudemos examinar".

Essa enumeração é mostrada a seguir:

"Na Grande Loja, unicamente, reside o poder de constituir leis e


regulamentos para o governo permanente da confraria e de alterar,
revogar e aboli-los, sempre cuidando para que as antigas regras da
ordem sejam preservadas. A Grande Loja também tem o poder inerente
de investigar, regular e decidir todas as questões pertinentes à confraria
ou às Lojas particulares, ou aos Irmãos, que a Grande Loja pode
exercerporsi mesma ou por tal autoridade delegada, à sua maneira e
sabedoria que lhe couber nomear; mas na Grande Loja unicamente
reside o poder de anular Lojas e expulsar Irmãos da confraria, um poder
que não deve ser delegado a nenhuma autoridade subordinada da
Inglaterra".

Nessa enumeração, descobrimos a existência de três classes distintas de


poderes: 1. Poder Legislativo; 2. Poder judiciário e 3. Poder Executivo. Cada
um dos quais ocupará uma seção separada.

SEÇÃO II. DO PODER LEGISLATIVO DE UMA


GRANDE LOJA

Na passagem já citada das Constituições da Grande Loja da Inglaterra é


dito: "na Grande Loja, unicamente, reside o poder de constituir leis e
regulamentos para o governo da confraria e de alterar, revogar e aboli-los".
Os regulamentos gerais para o governo de toda a confraria em todo o mundo
não podem mais ser constituídos por uma Grande Loja. A multiplicação
desses organismos, desde o ano de 1717, tem divido tanto a supremacia que
nenhum regulamento agora constituído pode ter a força e autoridade daqueles
adotados pela Grande Loja da Inglaterra em 1721, e que agora constitui uma
parte da lei fundamental da Maçonaria, e que como tal são inalteráveis por
qualquer Grande Loja moderna.

Qualquer Grande Loja pode, entretanto, constituir leis locais para a direção
de seus próprios assuntos especiais e também tem a prerrogativa de constituir
os regulamentos que devem governar todas as suas subordinadas e a confraria
geralmente em sua própria jurisdição. A partir desse poder legislativo, que
pertence exclusivamente à Grande Loja, segue que nenhuma Loja
subordinada pode fazer qualquer lei secundária nem alterar suas antigas leis
sem a aprovação e confirmação da Grande Loja. Portanto, as regras e
regulamentos de todas as Lojas são inoperantes até que sejam submetidas e
aprovadas pela Grande Loja. A confirmação desse organismo é a cláusula de
constituição e, portanto, rigidamente falando, pode ser dito que as
subordinadas apenas apresentam as leis secundárias, e a Grande Loja as
constitui.

SEÇÃO III. DO PODER JUDICIÁRIO DE UMA


GRANDE LOJA

A passagem já citada das Constituições Inglesas continua a dizer: "a


Grande Loja também tem o poder inerente de investigar, regular e decidir
todas as questões pertinentes à confraria ou às Lojas particulares, ou aos
Irmãos, que a Grande Loja pode exercer por si mesma ou por tal autoridade
delegada, à sua maneira e sabedoria que lhe couber nomear". Sob a primeira
cláusula desta seção, a Grande Loja é constituída como o Tribunal Supremo
Maçônico de sua jurisdição. Mas como seria impossível para esse organismo
investigar toda ofensa maçônica que ocorrer dentro de seus limites territoriais
com plena e cuidadosa atenção que os princípios da justiça exigem, ela tem,
sob a última cláusula dessa seção, delegado essa obrigação, em geral, para as
Lojas subordinadas que devem agir como seu comitê e devem relatar os
resultados de suas investigações para sua disposição final. Desse curso de
ação surgiu a opinião errônea de algumas pessoas de que a jurisdição da
Grande Loja é apenas apelante em seu caráter. Tal não é o caso. A Grande
Loja possui uma jurisdição original sobre todas as causas que ocorrem dentro
de seus limites. É apenas por utilidade que ela remete o exame dos méritos de
qualquer caso a uma Loja subordinada como um quase comitê. Ela pode, se
achar adequado, iniciar a investigação de qualquer assunto relativo ou a uma
Loja ou a um Irmão dentro de seu próprio seio, e toda vez que é feito um
apelo da decisão da Loja, que, na realidade, é apenas uma dissensão do
relatório da Loja, a Grande Loja realmente recomeça a investigação e, tirando
o assunto da Loja, para quem no seu uso geral teria sido primeiramente
confiado, ela coloca o assunto nas mãos de outro comitê de seu próprio
organismo para um novo relatório. O curso de ação é, se verdadeiro, parecido
com um apelo da lei de um tribunal inferior para o superior. Mas o princípio
é diferente. A Grande Loja simplesmente confirma ou rejeita o relatório que
foi feito e pode fazê-lo sem que nenhum apelo tenha sido feito. Ela pode, na
verdade, Dispensar a necessidade de uma investigação e relatório de uma
Loja subordinada de uma só vez e se incumbir do julgamento desde seu
início. Mas isso, embora seja constitucional, é um curso incomum. A Loja
subordinada é o instrumento que a Grande Loja emprega ao considerar a
investigação. Ela pode ou não fazer uso do instrumento, como lhe aprouver.

SEÇÃO IV. DO PODER EXECUTIVO DE UMA


GRANDE LOJA

As Constituições Inglesas concluem na passagem que já tem sido utilizada


como base de nossos comentários anteriores, ao afirmar que: "na Grande Loja
unicamente reside o poder de anular Lojas e expulsar Irmãos da confraria, um
poder que não deve ser delegado a nenhuma autoridade subordinada". O
poder da Grande Loja de anular Lojas é acompanhado de um poder
concomitante de constituir novas Lojas. Esse poder ela originalmente
compartilhava com o Grão-Mestre e ainda assim o é na Inglaterra, mas nesse
país o poder da Grande Loja é superior ao do Grão-Mestre. O Grão-Mestre
pode apenas constituir lojas por Dispensa, e seu ato deve ser confirmado ou
pode ser anulado pela Grande Loja. A Loja só poderá assumir seu ranque e
exercer as prerrogativas de uma Loja legal e regular quando receber sua
Garantia de Constituição da Grande Loja.

O poder de expulsão é muito propriamente confiado a Grande Loja, que é


o único tribunal que deve impor uma penalidade que afete as relações da
parte punida com toda a fraternidade. Algumas das Lojas nesse país
reivindicaram o direito de expulsão independentemente da ação da Grande
Loja. Mas a reivindicação é fundada em uma suposição errônea de poderes
que jamais existiram e que não são reconhecidos pelas antigas constituições
nem pelos usos gerais da fraternidade. Uma Loja subordinada testa seu
membro delinquente sob as provisões que já foram apresentadas e, em
conformidade com o uso geral de Lojas nos Estados Unidos, o declara
expulso. Mas a sentença não tem eficácia nem efeito até que ela tenha sido
confirmada pela Grande Loja, que pode ou não dar a exigida confirmação e
que, de fato, frequentemente recusa a assim deliberar, mas na verdade reverte
a sentença. É aparente, do ponto de vista já expresso acerca dos poderes
judiciais da Grande Loja, que a sentença de expulsão emitida pela
subordinada é para ser levada em conta no sentido de um relatório de
recomendação e que é a confirmação e adoção daquele relatório pela Grande
Loja que unicamente dá vitalidade e efeito.

O poder de expulsão supõe, claro, coincidentemente, o poder de


reinstalação. Como somente a Grande Loja pode expulsar, somente ela
também pode reinstalar.

Estas constituem os poderes gerais e prerrogativas de uma Grande Loja.


Claro que há outros poderes locais adotados por várias Grandes Lojas e
diferentes em inúmeras jurisdições, mas eles são todos oriundos de algumas
destas três classes que enumeramos. A partir dessa ideia, parecerá que uma
Grande Loja é a autoridade suprema legislativa, judiciária e executiva da
jurisdição Maçônica, na qual ela se situa. Ela é, para utilizar um termo feudal,
"o senhor supremo" na Maçonaria. Ela é um organismo representante em que,
portanto, seus constituintes delegaram tudo e não reservaram direitos para
eles mesmos. Sua autoridade é quase ilimitada, pois é restrita por um único
empecilho: ela não pode alterar ou remover as antigas regras.
Tendo, portanto, sucintamente tratado da lei concernente às Grandes Lojas,
venho a refletir sobre a lei no que diz respeito à organização, aos direitos, aos
poderes e aos privilégios das Lojas subordinadas; e a primeira pergunta que
atrairá nossa atenção será ao método peculiar de organizar uma Loja.
As antigas obrigações definem uma Loja como "um lugar onde os Maçons
se ajuntam e trabalham" e também como "assembleia ou sociedade
corretamente organizada de Maçons". A preleção sobre o primeiro grau
apresenta uma definição ainda mais precisa. Ela diz que "uma Loja é uma
assembleia de Maçons, corretamente congregada, tendo a Bíblia Sagrada,
esquadro, compasso e uma carta régia ou uma garantia de constituição
autorizando-os a trabalhar".

Toda Loja de Maçons exige para sua apropriada organização, que ela tenha
sido congregada pela permissão de alguma autoridade superior que pode ser
tanto um Grão-Mestre ou uma Grande Loja. Quando a Loja é organizada pela
autoridade de um Grão-Mestre, diz-se que ela funciona sob uma Dispensa e,
quando é pela autoridade de uma Grande Loja, diz-se que funciona sob uma
garantia de constituição. Na história de uma Loja, a antiga autoridade
geralmente precede a última, a Loja geralmente funciona sob a Dispensa do
Grão-Mestre antes de regularmente receber a garantia da Grande Loja. Mas
esse não é necessariamente o caso. Uma Grande Loja concederá, às vezes,
uma garantia de constituição imediatamente, sem o prévio exercício
embasado na autoridade do Grão-Mestre de seu poder de Dispensa. Mas
como é, entretanto, mais comum à prática da Dispensa preceder a garantia de
constituição, explicarei a formação de uma Loja de acordo com esse método.

Qualquer número de Mestres Maçons, não menos que sete, desejando se


unir em uma Loja, envia uma petição ao Grão-Mestre para a necessária
autoridade. Essa petição deve descrever que eles agora são, ou foram,
membros de uma Loja regularmente constituída e devem designar, como
motivo de sua aplicação, que desejam formar a Loja "para a conveniência de
suas respectivas moradias" ou algum outro motivo suficiente. A petição deve
também nomear os Irmãos que desejam agir como Mestre e Guardiães e o
local onde pretendem se reunir, e isso deve ser recomendado pela Loja mais
próxima.

Dalcho diz que no mínimo três Mestres Maçons devem assinar a petição,
mas nisso ele difere de todas as outras autoridades que exigem no mínimo
sete. Essa regra, também, parece estar fundada na razão, pois, como ela exige
sete Maçons para constituir um quorum para abrir e manter uma Loja de
Aprendizes Iniciados, seria absurdo autorizar um número menor para
organizar uma Loja que, após sua organização, não poderia ser aberta nem
formar Maçons nesse nível.

Preston afirma que a petição deve ser recomendada "pelos Mestres de três
Lojas regulares próximas ao lugar onde a nova Loja deve ser mantida".
Dalcho diz que a petição deve ser recomendada "por três outros Mestres
Maçons conhecidos e aprovados", mas não faz nenhuma alusão a qualquer
Loja adjacente. As leis e regulamentos da Grande Loja da Escócia exigem
que a recomendação seja assinada "pelos Mestres e oficiais de duas ou três
das Lojas mais próximas". As Constituições da Grande Loja da Inglaterra
exigem que a petição seja recomendada "pelos oficiais de alguma Loja re
guiar". A recomendação de uma Loja da vizinhança é o uso geral da confraria
e objetiva certificar a autoridade superior a respeito da melhor prova que
pode ser obtida, a saber, de uma Loja próxima, que a nova Loja não será
produtora de nenhum dano à Ordem.

Se essa petição for concedida, o Grande Secretário prepara um documento


chamado Dispensa, que autoriza os oficiais nomeados na petição a abrir e
manter uma Loja e de "iniciar, aprovar e levantar Maçons". A duração dessa
Dispensa é geralmente expressa na sua parte primeira que diz: "até que seja
revogado pelo Grão-Mestre ou Grande Loja, ou até que uma garantia de
constituição seja concedida pela Grande Loja". Preston diz que os Irmãos
nomeados na petição são autorizados "a se reunir como Maçons por 40 dias e
até tal tempo que uma garantia de constituição possa ser obtida por ordem da
Grande Loja ou que a autoridade seja cancelada". Mas, geralmente, é de
costume continuar a Dispensa apenas até o próximo encontro da Grande
Loja, quando ela ou é revogada ou uma garantia de constituição é concedida.

Se a Dispensa é revogada ou pelo Grão-Mestre ou pela Grande Loja (pois


ambos têm poder para tal), a Loja, claro, imediatamente deixa de existir.
Sejam lá quais forem os fundos ou propriedades que a Loja tenha acumulado,
eles são revertidos, como no caso de todas as Lojas extintas, para a Grande
Loja que pode ser chamada de herdeira natural de suas subordinadas.
Entretanto, todo o trabalho feito na Loja sob Dispensa é regular e legal, e
todos os Maçons formados por ela são, em todo o sentido do termo, "Irmãos
verdadeiros e legítimos".

Vamos supor, portanto, que a Dispensa é confirmada ou aprovada pela


Grande Loja, e nós, consequentemente, chegamos a outro patamar na história
da nova Loja. Na próxima sessão da Grande Loja, após a Dispensa ter sido
emitida pelo Grão-Mestre, ele afirma esse fato para a Grande Loja, quando,
ou a seu pedido ou em moção de algum Irmão, o voto é levado em
consideração na constituição da nova Loja. Se a maioria for a favor, é
ordenado ao Grande Secretário para que conceda uma garantia de
constituição.

Esse instrumento difere de uma Dispensa em muitas particularidades


importantes. Ele é assinado por todos os Grandes Oficiais e emana da Grande
Loja, ao passo que a Dispensa emana do ofício do Grão-Mestre e é assinada
unicamente por ele. A autoridade da Dispensa é temporária e a da garantia é
permanente; a Dispensa pode ser revogada ao critério do Grão-Mestre que a
concedeu; a garantia, apenas pela causa mostrada e pela Grande Loja; a
Dispensa outorga apenas um nome, a garantia outorga tanto um nome quanto
um número; a Dispensa confere apenas o poder de manter uma Loja e de
formar Maçons; a garantia não apenas confere esses poderes, mas também
aqueles de instalação e sucessão de ofício. A partir dessas diferenças nas
características dos documentos, surgem divergências importantes nos poderes
e privilégios de uma Loja sob Dispensa e uma que foi regularmente
constituída. Estas diferenças serão posteriormente consideradas.
Mesmo após a concessão da garantia, ainda permanecem certas formas e
cerimônias a serem observadas antes que a Loja possa ocupar seu lugar entre
as Lojas legais e registradas da jurisdição na qual ela se situa. Estamos
falando da sua consagração, dedicação, constituição e instalação de seus
oficiais. Nós não nos ateremos a uma descrição plena destas várias
cerimônias, pois elas estão estabelecidas detalhadamente em todos os
Monitores e estão prontamente acessíveis a nossos leitores. Será o bastante se
nós meramente nos aludirmos ao seu caráter.

A cerimônia de constituição é assim chamada, pois por ela a Loja se torna


constituída ou estabelecida. Os ortoepistas definem o verbo constituir como
significando "dar uma existência formal a qualquer coisa". Portanto,
constituir uma Loja é dar existência a ela, caráter e posição social como tal; e
o instrumento que concede à pessoa então constituindo ou estabelecendo-a,
nesse ato, é muito propriamente chamado "garantia de constituição".

A consagração, dedicação e constituição de uma Loja devem ser


desempenhadas pelo Grão-Mestre em pessoa ou, se ele não puder de maneira
conveniente realizá-las, devem ser feitas por algum ex-Mestre indicado por
ele como seu procurador ou representante para esse propósito. Na noite
indicada, o Grão-Mestre, acompanhado de seus Grandes Oficiais, se dirige ao
local onde a nova Loja deve realizar seus encontros, a Loja é disposta no
centro do cômodo e coberta criteriosamente com um pedaço de linho branco
ou cetim. Ao assumir a cadeira, ele examina os registros da Loja e a garantia
de constituição; os oficiais que foram escolhidos são apresentados diante
dele, quando ele pergunta aos Irmãos se eles continuam satisfeitos com a
escolha que fizeram. A cerimônia de consagração é então realizada. A Loja é
descoberta e milho, vinho e óleo, os elementos maçônicos de consagração,
são despejados sobre ela, acompanhados por orações e invocações
apropriadas, e a Loja é por fim declarada consagrada para a honra e glória de
Deus.

Essa cerimônia de consagração tem sido legada à posteridade desde a mais


remota antiguidade. Uma consagração, separação das coisas profanas e ato
santificante ou de dedicação para propósitos sagrados, era praticado tanto
pelos judeus como por pagãos em relação a seus templos, altares e todos seus
utensílios sagrados. O tabernáculo, assim que foi acabado, foi consagrado a
Deus pelo óleo da unção. Entre as nações pagãs, a consagração de seus
templos era frequentemente desempenhada com as mais suntuosas ofertas e
cerimônias, mas o óleo era, em todas as ocasiões, utilizado como um
elemento da consagração. A Loja é, portanto, consagrada para denotar que, a
partir daquela data, ela deve ser separada como um asilo sagrado para o
cultivo dos grandes princípios maçônicos de Amizade, Moralidade e Amor
Fraternal. Desse período em diante, ela se torna para o Maçom consciente um
lugar digno de sua reverência; e ele é tentado, ao passar pela soleira, a repetir
o comando dado a Moisés: "Tira a sandália dos seus pés, pois o lugar onde
pisas é santo."

O milho, o vinho e o óleo são de forma apropriada adotados como os


elementos maçônicos de consagração devido à significação simbólica que
apresentam à mente do Maçom. Eles são enumerados por Davi como entre as
maiores bênçãos que recebemos de presente da Providência Divina. Eles
eram anualmente oferecidos pelos anciãos como as primícias, em ação de
graças pelas dádivas da terra; e como representantes do "milho de nutrição, o
vinho do refresco e o óleo da alegria", eles simbolicamente instruem o
Maçom que para o Grão-Mestre do Universo ele é devedor da "saúde, paz e
fartura" que ele usufrui.

Após a consagração da Loja, segue a dedicação. Essa é uma cerimônia


simples e consiste principalmente na pronúncia de uma fórmula de palavras
pela qual a Loja é declarada ser dedicada aos santos João, seguido por uma
invocação de: "todo Irmão pode reverenciar seus caráteres e imitar suas
virtudes".

A tradição maçônica nos diz que nossos antigos Irmãos dedicaram suas
Lojas ao rei Salomão pelo fato de ele ter sido o primeiro e o mais excelente
Grão-Mestre deles, mas que os Maçons modernos dedicam suas Lojas a São
João Batista e a São João Evangelista, pois eles eram dois patronos eminentes
da Maçonaria. Uma seleção mais apropriada de patronos para quem dedicar a
Loja poderia ser facilmente feita; uma vez que João Batista, ao anunciar a
chegada de Cristo e pela ablução mística pela qual ele sujeitou seus prosélitos
e que posteriormente foi adotada na cerimônia de iniciação no Cristianismo,
pode também ser considerado como o Grande Hierofante da Igreja, ao passo
que a misteriosa e emblemática natureza do Apocalipse assimilou a forma de
ensinar adotada por São João, o Evangelista, para aquela praticada pela
fraternidade. Nossos Irmãos judeus geralmente dedicam suas Lojas ao rei
Salomão, assim retendo seu antigo patrono, embora eles desta forma percam
o benefício daquela porção das Palestras que referem às "linhas paralelas". A
Grande Loja da Inglaterra, no sindicato em 1813, concordou em dedicar a
Salomão e Moisés, aplicando paralelos para o criador do tabernáculo e o
construtor do templo, mas eles não têm garantia para isso no uso antigo, e
isso, infelizmente, não é a única inovação em relação às antigas regras que a
Grande Loja tem permitido ultimamente.

A cerimônia de dedicação, como aquela da consagração, encontra seu


arquétipo na antiguidade mais remota. Os hebreus não fi zeram uso de
nenhuma coisa nova até que primeiramente tivessem feito a dedicação de
maneira solene. Essa cerimônia era realizada em relação até mesmo a casas
particulares, como podemos aprender com o livro de Deuteronômio. O Salmo
30 é uma canção que se diz ter sido composta por Davi na dedicação do altar
que ele erigiu na soleira de Ornã, o jebuseu, após a lamentável praga que
praticamente devastou o reino. Salomão, voltaremos a esse tema, dedicou o
templo com cerimônias solenes, preces e ações de graças. A cerimônia de
dedicação é, de fato, aludida em várias passagens das Escrituras.

Selden diz que entre os judeus, objetos sagrados eram tanto dedicados e
consagrados, mas que os objetos profanos, tais como as casas particulares
etc., eram apenas dedicadas, sem consagração. O mesmo escritor nos informa
que os pagãos tomaram emprestado dos hebreus este costume de consagrar e
dedicar seus edifícios sagrados, altares e imagens.

Sendo a Loja consagrada aos objetos solenes da Franco-Maçonaria e


dedicada aos patronos da instituição, ela está completamente preparada para
ser constituída. A cerimônia de constituição é então realizada pelo Grão-
Mestre que, levantando de seu assento, pronuncia a seguinte fórmula de
constituição:

"Em nome da Grande Loja mais venerável, eu agora te constituo e formo,


meu amado Irmão, em uma Loja regular de Maçons livres e aceitos. Desse
momento em diante, eu te autorizo a se reunir como uma Loja regular,
constituída em conformidade com os ritos de nossa Ordem, e as obrigações
de nossa antiga e honorável fraternidade; e que o supremo Arquiteto do
Universo te prospere, dirija e te aconselhe em todos os seus feitos."

Essa cerimônia coloca a Loja entre as Lojas registradas da jurisdição na


qual ela se situa e lhe confere um ranque com a posição e a existência
permanente que não possuía antes. Em uma palavra, pela consagração,
dedicação e constituição ela se torna o que tecnicamente chamamos de "uma
Loja justa e legalmente constituída" e, como tal, lhe são conferidos certos
direitos e privilégios dos quais falaremos posteriormente. Entretanto, embora
a Loja tenha sido então plena e completamente organizada, seus oficiais ainda
não têm existência legal. Para lhes garantir esse status, é necessário que eles
sejam inaugurados em seus respetivos ofícios e que cada oficial seja
solenemente ligado ao desempenho fiel das obrigações que ele se
comprometeu a satisfazer. Essa constitui a cerimônia de instalação. É exigido
que o Venerável Mestre da nova Loja, publicamente, se submeta às antigas
obrigações, e então todos, exceto ex-Mestres, tendo sido aposentados. Ele
recebe o nível do ex-Mestre e é instalado na cadeira oriental do rei Salomão.
Os Irmãos são então apresentados, e a devida homenagem é feita pelos
Irmãos ao seu novo Mestre. Após isso, os outros oficiais são encarregados do
fiel desempenho de seus respectivos deveres, investidos com a insígnia de
ofício e recebendo a apropriada obrigação. Essa cerimônia deve ser repetida
em toda eleição anual e mudança de oficiais.

A antiga regra era que quando o Grão-Mestre e seus oficiais chegavam


para constituir uma nova Loja, o Deputado Grão-Mestre investia o novo
Mestre, os Grandes Guardiães investiam os novos Guardiães e o Grande
Tesoureiro e Grande Secretário investiam o Tesoureiro e Secretário. Mas esse
regulamento se tornou obsoleto, e toda a instalação e investidura agora são
desempenhadas pelo Grão-Mestre. Na ocasião de instalações subsequentes, o
Mestre que está se aposentando instala seu sucessor; e o Mestre instala seus
oficiais subordinados.

A cerimônia de instalação é oriunda do antigo costume de inauguração, do


qual encontramos repetidos exemplos tanto nos escritos sagrados quanto nos
profanos. Arão foi inaugurado, ou instalado, pela unção de óleo e lhe
colocaram as vestimentas de Sumo Sacerdote; e todo Sumo Sacerdote, que
antes de tudo devia ser competente para desempenhar as obrigações de seu
ofício, que sucedesse a função era de mesmo modo instalado. Entre os
romanos, adivinhos, sacerdotes, reis e, na época da república, cônsules, eram
sempre inaugurados ou instalados. E, consequentemente, Cícero, que era um
adivinho, falando de Hortêncio (Hortensius), diz: "foi ele quem me instalou
como um membro da faculdade de adivinhos, de maneira que me comprometi
pela constituição da ordem a respeitá-lo e honrá-lo como um pai". O objeto e
intenção da antiga inauguração e instalação maçônicas são precisamente os
mesmos, a saber, de separar e consagrar uma pessoa para as obrigações de
um certo oficio.

As cerimônias, embora brevemente descritas, não eram sempre


necessariamente para legalizar uma congregação de Maçons. Até o ano de
1717, o costume de confinar os privilégios da Maçonaria por uma garantia de
constituição, para certos indivíduos, era totalmente desconhecido. Antes
desse tempo, um número necessário de Mestres Maçons era autorizado pelas
antigas obrigações a congregar juntos, temporariamente, a seu próprio
discernimento, e no que melhor se adequa a sua conveniência, lá abrir e
manter Lojas e formar Maçons, fazendo, portanto, seu retorno e pagando seus
tributos para a Assembleia Geral, à qual toda fraternidade anualmente
indenizava e por cujas concessões à confraria era governada.

Preston, falando desse antigo privilégio, diz: "um número suficiente de


Maçons se reunia dentro de um certo distrito, com consentimento do xerife
ou chefe magistrado do lugar, e estes Maçons eram autorizados nessa época a
formar Maçons e a praticar os direitos da Maçonaria sem uma garantia de
constituição". Esse privilégio, diz Preston, era inerente neles como indivíduos
e continuou a ser usufruído pelas antigas Lojas que formaram a Grande Loja
em 1717, desde que elas existem.

Mas no dia 24 de junho de 1717, a Grande Loja da Inglaterra adotou o


seguinte regulamento:

Que o privilégio de se reunir como Maçons, que havia sido até aquele
tempo ilimitado, deveria ser conferido em certas Lojas ou assembleias
de Maçons, convocados em certos lugares; e que toda Loja a ser
convocada a partir daquela data, exceto as quatro antigas Lojas
existentes na época, deveriam ser legalmente autorizadas a agir por uma
garantia do Grão-Mestre para o tempo estipulado, concedido a certos
indivíduos porpetição, com o consentimento da Grande Loja em
comunicação, e que sem tal garantia, nenhuma Loja deveria ser daquele
momento em diante considerada regular ou constitucional.

Esse regulamento tem estado em vigor desde então, e é a lei original sob a
qual as garantias de constituição agora são concedidas pelas Grandes Lojas
para a organização de suas subordinadas.
É evidente, a partir do que foi dito, que há duas espécies de Lojas, cada
uma regular em si mesma, mas peculiar e distinta em caráter. Há Lojas
funcionando sob uma Dispensa e Lojas funcionando sob garantias de
constituição. Cada uma destas exige uma consideração separada. As Lojas
funcionando sob Dispensa são o assunto do presente capítulo.

Uma Loja funcionando sob uma Dispensa é meramente um organismo


temporário, originado para um propósito especial e é, portanto, detentora de
poderes bem circunscritos. A Dispensa, ou autoridade sob a qual ela atua,
expressamente especifica que as pessoas às quais ela é dada são permitidas
congregar de sorte que possam "admitir, iniciar, aprovar e levantar Maçons";
nenhum outro poder é conferido, seja por palavras ou implicações, e, de fato,
às vezes, a Dispensa afirma que aquela congregação deve existir "com o
único propósito e visão de que os Irmãos então congregados, admitidos,
iniciados e formados e, quando alcançarem o número suficiente, possam ser
corretamente garantidos e constituídos para ser e manter uma Loja regular".

Uma Loja sob Dispensa é simplesmente a criatura do Grão-Mestre. A Loja


deve a ele sua existência e o período de duração da Loja depende de sua
vontade. Ele pode, a qualquer momento, revogar a Dispensa e,
consequentemente, a Loja será extinta. Embora uma Loja funcionando sob
Dispensa possa escassamente, com rígidas propriedades técnicas, ser
chamada de Loja, ela é, mais precisamente falando, uma congregação de
Maçons, agindo como a representante do Grão-Mestre.

Com essas visões da origem e caráter das Lojas sob Dispensa, nós
estaremos mais bem preparados para compreender a natureza e extensão dos
poderes que possuem.
Uma Loja sob Dispensa não pode constituir leis locais. Ela é governada,
durante sua existência temporária, pelas Constituições Gerais da Ordem e as
regras e os regulamentos da Grande Loja em cuja jurisdição ela se situa. Na
verdade, como as leis locais de nenhuma Loja são operantes até que sejam
confirmadas pela Grande Loja, e como uma Loja funcionando sob Dispensa
deixa de existir como tal no momento em que a Grande Loja se reúne, fica
evidente que seria absurdo produzir um código de leis que não teria eficácia,
pois precisaria de confirmação adequada, e que, quando o momento e
oportunidade para a confirmação tivessem chegado, seria inútil, uma vez que
a sociedade para a qual elas foram criadas então não tivesse nenhuma
existência legal - um novo organismo (a Loja garantida) tendo assumido o
seu lugar.

Uma Loja sob Dispensa não pode eleger oficiais. O Mestre e Guardiães são
indicados pelos Irmãos, e, se essa indicação for aprovada, eles são indicados
pelo Grão-Mestre. Ao dar-lhes permissão para se reunir e formar Maçons, ele
não lhes conferiu poder de fazer qualquer outra coisa. Uma Dispensa é
propriamente uma sepa ração da lei e uma exceção a um princípio geral; ela
deve, portanto, ser construída literalmente. O que não é concedido em termos
explícitos não é concedido de maneira alguma. E, consequentemente, como
nada é dito acerca da eleição de oficiais, tal eleição não pode ser realizada. O
Mestre pode, entretanto, e sempre o faz por conveniência, indicar um Irmão
competente para manter um registro dos procedimentos, mas isso é uma
designação temporária, de acordo com a conveniência do Mestre de quem ele
é deputado ou assistente, pois a Grande Loja apenas examina o Mestre nos
registros, e o oficio não é legalmente reconhecido. De mesma sorte, ele pode
designar um Irmão de confiança para assumir os fundos e deve, naturalmente,
de tempo em tempo, nomear os Diáconos e Porteiro para o funcionamento
necessário da Loja.

Não pode haver eleição, nem mesmo nenhuma posse, que, claro, sempre
supõe uma eleição prévia para um período determinado. Além do mais, a
posse de oficiais é uma parte da cerimônia da constituição e, portanto, nem
mesmo o Mestre e os Guardiães de uma Loja sob Dispensa são autorizados a
ser, dessa forma, solenemente empossados no ofício.

Uma Loja sob Dispensa não pode eleger nenhum membro. O Mestre e
Guardiães, que são nomeados na Dispensa, são, de fato, as únicas pessoas
reconhecidas como partes da Loja. A eles é concedido o privilégio, como
representantes do Grão-Mestre, de formar Maçons; e para esse propósito eles
são autorizados a congregar um número suficiente de Irmãos para ajudar nas
cerimônias. Mas nem o Mestre e Guardiães e nem os Irmãos, embora
congregados, receberam qualquer poder de eleger membros. Nem as pessoas
formadas em uma Loja sob Dispensa devem ser consideradas como membros
da Loja, pois, como já foi explicitado, eles não usufruem nenhum dos direitos
e privilégios vinculados à sociedade. Eles não podem criar leis locais nem
eleger oficiais. Eles, entretanto, se tornam membros da Loja tão logo recebem
sua garantia de constituição.
SEÇÃO I. DOS PODERES E DIREITOS DE UMA LOJA

Em relação aos poderes e privilégios possuídos por uma Loja funcionando


sob uma garantia de constituição, podemos dizer, como um princípio geral,
que seja lá o que é inerente a ela, nada foi delegado nem pelo Grão-Mestre
nem pela Grande Loja, mas que todos seus direitos e poderes são oriundos
originalmente dos antigos regulamentos, criados antes da existência das
Grandes Lojas, e que, os que ela não possui, são os poderes que foram
concedidos por suas predecessoras à Grande Loja. Isso fica claro a partir da
história das garantias de constituição, a autoridade sob a qual as Lojas
subordinadas atuam. A prática de requerer por petição ao Grão-Mestre ou à
Grande Loja uma garantia para se reunir como uma Loja regular iniciou no
ano de 1718. Antes desse período, os Maçons eram autorizados por
privilégios inerentes, investidos, a partir de tempo imemorial, em toda a
fraternidade, a se reunir conforme a ocasião exigir, sob a direção de algum
hábil arquiteto, e os procedimentos destas reuniões sendo aprovado pela
maioria dos Irmãos congregados em outra Loja no mesmo distrito, era
devidamente constitucional. Mas em 1718, um ano após a formação da
Grande Loja da Inglaterra, esse poder de se reunir ad libitum foi cedido para
as mãos daquele organismo, e ela então concordou que nenhuma Loja
deveria, a partir daquele momento, se reunir, a menos que fossem
propriamente autorizadas por meio de uma garantia do Grão-Mestre e com o
consentimento da Grande Loja.

Mas como um memorial de que o abandono desse antigo direito foi


inteiramente voluntário, ficou ao mesmo tempo estipulado que esse privilégio
inerente deveria continuar a ser usufruído pelas quatro antigas Lojas que
formaram a Grande Loja. E, ainda, mais efetivamente para segurar os direitos
reservados das Lojas, também ficou estabelecido de maneira solene que,
enquanto a Grande Loja possuir o direito inerente de constituir novos
regulamentos para o bem da fraternidade, determinando que as antigas regras
fossem cuidadosamente preservadas. No entanto, estes regulamentos, para
entrarem em vigor, devem ser propostos e concordados na terceira
comunicação trimestral anterior à grande festa anual e entregues para o
escrutínio de todos os Irmãos, por escrito, até mesmo ao mais novo iniciado:
"a aprovação e consentimento da maioria de todos os Irmãos presentes sendo
absolutamente necessária para fazer com que os regulamentos entrem em
vigor e sejam obrigatórios".

A consequência disso tudo é clara. Todos os direitos, poderes e privilégios,


não concedidos por estatuto explícito da fraternidade, à Grande Loja, foram
reservados a eles mesmos. As Lojas subordinadas são as assembleias da
confraria em sua capacidade principal, e a Grande Loja é o Tribunal
Maçônico Supremo, apenas por se constituir de e por uma representação
dessas assembleias principais. E, portanto, como todo ato da Grande Loja é
um ato de toda a fraternidade assim representada, cada novo regulamento que
possa vir a ser constituído não é uma presunção de autoridade sobre a parte
da Grande Loja, mas uma nova concessão sobre a parte das Lojas
subordinadas.

Essa doutrina de direitos reservados das Lojas é muito importante e jamais


deveria ser esquecida, pois ela concede muito auxílio na decisão de muitos
pontos obscuros da jurisprudência maçônica. A regra é que todo poder
duvidoso existe e está inerente nas Lojas subordinadas, a menos que haja um
regulamento explícito conferindo-o sobre a Grande Loja. Com essa visão
preliminar, podemos continuar a investigar a natureza e extensão destes
poderes reservados das Lojas subordinadas.

Uma Loja tem o direito de selecionar seus próprios membros, com os quais
a Grande Loja não pode interferir. Esse é um direito que as Lojas têm
expressamente reservado a elas, e a estipulação está inserida nos
"regulamentos gerais" nas seguintes palavras:
Nenhum homem pode iniciar um Irmão em nenhuma Loja particular ou
admitir um membro a partir disso (thereof) sem o consentimento unânime de
todos os membros daquela Loja então presentes, quando o candidato é
proposto e quando o consentimento é formalmente pedido pelo Mestre. Eles
devem consentir de maneira prudente, seja virtualmente ou em forma, mas
com unanimidade. Esse privilégio inerente não está sujeito à Dispensa, pois
os membros de uma Loja particular são os melhores juízes nesse aspecto, e
porque, se um membro tumultuoso, agitado, tempestivo deve ser imposto
sobre eles, ele pode estragar a harmonia ou impedir a liberdade de
comunicação, ou mesmo destruir e dispersar a Loja, o que deve ser evitado
por todos os verdadeiros e fiéis.

Mas embora uma Loja tenha o direito inerente de exigir unanimidade na


eleição de um candidato, ela não está necessariamente restrita a tal nível de
rigor.

Uma Loja tem o direito de eleger seus próprios oficiais. Esse direito é
garantido à Loja pelas palavras da Garantia de Constituição. E mais, o direito
está sujeito a certos regulamentos restringentes. A eleição deve ser realizada
em período próprio que, de acordo com o uso da Maçonaria, na maioria dos
lugares do mundo, é feita antes ou imediatamente anterior ao festival de São
João, o Evangelista. As qualificações adequadas devem ser consideradas. Um
membro não pode ser eleito como Mestre a menos que ele tenha previamente
servido como um Guardião, exceto no caso de uma Loja nova ou em caso de
emergência. Quando ambos Guardiães recusarem a promoção, quando o
Mestre presidente não se permitir ser reeleito e quando não houver ex-Mestre
que consinta assumir o ofício, então, e unicamente, um membro pode ser
eleito do plenário para presidir sobre a Loja.

Pelas Constituições da Inglaterra, apenas o Mestre e o Tesoureiro são


oficiais eleitos. Os Guardiães e todos os outros oficiais são indicados pelo
Mestre, que não tem, entretanto, o poder de remoção após a indicação, exceto
por consentimento da Loja; mas o uso estadunidense incumbe a Loja da
eleição a todos os oficiais, com exceção dos Diáconos, dos Administradores
e, em alguns casos, do Porteiro.
Como resultado do direito de eleição, toda Loja tem o poder de empossar
seus oficiais, sujeitos aos mesmos regulamentos em relação ao tempo e
qualificações, conforme dados no caso de eleições.

O Mestre deve ser empossado por um ex-Mestre, mas após sua própria
posse ele tem o poder de empossar os demais oficiais. A cerimônia de posse
não é meramente algo ocioso, mas é produtiva e de importantes resultados.
Até que o Mestre e os Guardiães de uma Loja sejam empossados, eles não
podem representar a Loja na Grande Loja, se for uma nova Loja, nem poderá
a Loja ser registrada e reconhecida no registro da Grande Loja. Nenhum
oficial pode de maneira permanente tomar posse do ofício ao qual ele foi
eleito até que seja devidamente empossado. A regra da confraria é que o
antigo oficial permanece até que seu sucessor seja empossado, e essa regra é
de uso universal para oficias de todos os níveis, desde o Porteiro de uma Loja
subordinada ao Grão-Mestre dos Maçons.

Toda Loja que tenha sido devidamente constituída, e seus oficiais


empossados, é autorizada a ser representada na Grande Loja e faz parte, de
fato, daquele organismo. Os representantes de uma Loja são seus respectivos
Mestre e Guardiães. Esse caráter de representação foi estabelecido em 1718,
quando as quatro antigas Lojas que organizaram a Grande Loja da Inglaterra
concordaram em "expandir seu controle/clientela (patronage) para toda Loja
que fosse a partir daquele instante constituída pela Grande Loja, em
conformidade com os novos regulamentos da sociedade; e enquanto tais
Lojas agissem em consonância com as antigas constituições da Ordem, de
admitir seus Mestres e Guardiães a compartilhar com eles todos os privilégios
da Grande Loja, exceto a precedência de ranque". Anteriormente, era
permitido a todos os Mestres Maçons se assentar na Grande Loja ou, como
era chamada, a Assembleia Geral, e representar sua Loja; e,
consequentemente, essa restrição de representação aos três oficiais superiores
era, de fato, uma concessão da confraria.

Esse regulamento ainda é geralmente observado, mas me arrependo de ver


poucas Grandes Lojas nesse país inovando acerca desse uso/costume e indo
além, confinando representação unicamente aos Mestres.
O Mestre e Guardiães não são meramente os representantes das Lojas, mas
estão ligados, sobre/em todas as questões que se apresentam ante a Grande
Loja, a verdadeiramente representar sua Loja e de votar de acordo com suas
instruções.

Essa doutrina é explicitamente disposta nos Regulamentos Gerais nas


seguintes palavras: "A maioria de todas Lojas particulares, quando
congregada, ninguém mais, terá o privilégio de dar instruções para seus
Mestres e Guardiães antes da reunião do Grande Capítulo ou Comunicação
Trimestral, pois os ditos oficiais são seus representantes e devem falar os
sentimentos de seus Irmãos na dita Grande Loja."

Toda Loja tem o poder de constituir leis locais para seu próprio governo,
dado que não estejam em dissonância nem em inconsistência com os
regulamentos gerais da Grande Loja, nem com as regras da Ordem. Mas estas
leis locais não serão válidas até que sejam sub metidas e aprovadas pela
Grande Loja. E, se este for o caso, também, com todas as alterações
subsequentes das mesmas que devem, de mesma sorte, ser submetidas à
Grande Loja para aprovação.

Uma Loja tem o direito de suspender ou excluir um membro de sua


sociedade na Loja; mas ela não tem poder de privá-lo dos direitos e
privilégios da Maçonaria, exceto com o consentimento da Grande Loja. Uma
Loja subordinada testa seu membro delinquente e, se culpado, declara-o
expulso; mas a sentença não tem eficácia até que a Grande Loja sob cuja
jurisdição está funcionando, confirme o veredicto, e fica a critério da Grande
Loja a assim agir ou, como frequentemente é feito, de reverter a decisão e
reinstalar o Irmão. Algumas das Lojas nesse país reclamam o direito de
expulsar, independentemente da ação da Grande Loja, mas a alegação não é
válida. O próprio fato de que uma expulsão é uma penalidade, afetando as
relações gerais da parte punida com toda a fraternidade, prova que seu
exercício jamais poderia, com propriedade, ser confiado a um organismo tão
circunscrito em sua autoridade como a Loja subordinada. Assim sendo, a
prática geral da fraternidade é contrária a isso, e, portanto, todas as expulsões
são relatadas para a Grande Loja, não meramente como em caráter de
informação, mas de maneira que as expulsões possam ser confirmadas pela
Grande Loja. As Constituições Inglesas são explícitas acerca desse assunto.
"Na Grande Loja unicamente", elas declaram, "reside o poder de extinguir
Lojas e expulsar Irmãos da confraria, um poder que não deve ser delegado a
nenhuma autoridade subordinada na Inglaterra". Elas permitem, entretanto,
que uma Loja subordinada exclua um membro da Loja no caso em que ele
recebe um certificado das circunstâncias de sua exclusão e, então, pode se
juntar a qualquer outra Loja que o aceitar, após ser conhecido o fato de sua
exclusão e sua causa. Esse costume não tem sido adotado nos EUA.

Uma Loja tem o direito de arrecadar uma contribuição anual por sociedade,
se a maioria dos Irmãos achar necessário. Esse assunto é totalmente uma
questão de contrato que a Grande Loja, ou a confraria em geral, não tem nada
a ver. Isso é, de fato, um cos tume moderno, desconhecido dos tempos
antigos, e foi instituído para a conveniência e suporte das Lojas privadas.

Uma Loja é autorizada a escolher seu próprio nome, a ser, entretanto,


aprovado pela Grande Loja. Mas a Grande Loja, unicamente, tem o poder de
designar o número pelo qual ela será distinguida. Pois toda Loja apenas é
reconhecida no registro da Grande Loja por seu número e, de acordo com
seus números, é regulada a precedência das Lojas.

Por fim, uma Loja tem certos direitos em relação a sua Garantia de
Constituição. Este instrumento, tendo sido concedido pela Grande Loja, não
pode ser revogado por qualquer outra autoridade. O Grão-Mestre, portanto,
não tem nenhum poder, como ele tem no caso de uma Loja sob Dispensa, de
retirar sua Garantia, exceto temporariamente, até a próxima reunião da
Grande Loja. Isso não está no poder de até mesmo a maioria das Lojas, por
qualquer ato próprio, de renunciar a Garantia. Pois foi estabelecido como lei
que, se a maioria dos membros resolvesse determinar desistir da Loja ou
renunciar sua garantia, tal ação não teria eficácia, pois a Garantia de
Constituição e o poder de se reunir permaneceriam com os demais membros
que mantêm sua fidelidade. Mas se todos os membros se retirarem, sua
Garantia cessa e se extingue. Se essa for a conduta de uma Loja, de
claramente perder sua carta régia, apenas a Grande Loja pode decidir essa
questão e pronunciar tal perda.

SEÇÃO II. DOS DEVERES DE UMA LOJA

Até agora discutimos acerca dos direitos e privilégios das Lojas


subordinadas. Mas há certos deveres e obrigações igualmente unindo esses
corpos, e certos poderes no exercício de que lhes são restritos. Esses serão
nossos próximos temas.

O primeiro grande dever, não apenas de toda Loja, mas de todo Maçom, é
de garantir que as regras da Ordem jamais sejam afetadas. Os Regulamentos
Gerais da Maçonaria, no qual todo Mestre, em sua posse, deve reconhecer
sua submissão, declara que "não está no poder de nenhum homem ou
organização de homens fazer inovações no organismo da Maçonaria". E,
portanto, nenhuma Loja, sem violar todas as obrigações implícitas e
expressas na qual entrou, pode, de nenhuma maneira, alterar ou fazer
emendas no trabalho, palestras e cerimônias da instituição. Como seus
membros receberam o ritual de seus predecessores, da mesma forma eles o
devem transmitir, inalterado, no nível mais detalhado, aos seus sucessores.
Na Grande Loja, unicamente, reside o poder de constituir novos
regulamentos, mas mesmo ela deve ser cautelosa de sorte que todo novo
regulamento e regras sejam preservados. Quando, portanto, ouvimos Mestres
jovens e inexperientes falarem de fazer melhorias (como eles, de maneira
arrogante, as chamam) sobre as velhas palestras ou cerimônias, podemos
estar certos de que tais Mestres não sabem nada acerca dos deveres aos quais
estão obrigados para com a confraria ou estão intencionalmente esquecidos
da obrigação solene que pactuaram. Algumas pessoas podem dizer que o
antigo ritual da Ordem é imperfeito e que exige emendas. Outros podem
pensar que as cerimônias são simples demais, e desejam aumentá-las; outro,
que elas são muito complicadas e desejam simplificá-las, e ainda alguém
pode estar descontente com a linguagem antiquada, outro, com o caráter das
tradições, ou com outra coisa. Mas a regra é imperativa e absoluta, que
nenhuma alteração pode ou deve ser feita para agradar o gosto individual.
Como os barões da Inglaterra, uma vez, com voz unânime, exclamaram:
"Nolumus legesAnglix mutare!", então todos os bons Maçons responderam a
todas as tentativas de inovação: "Não estamos dispostos a alterar os costumes
da Franco-Maçonaria."

Em relação à eleição de oficiais, uma Loja subordinada não está autorizada


a exercer seu bel-prazer. Os nomes e deveres destes oficiais são prescritos,
parcialmente pelas regras ou as antigas constituições e parcialmente pelos
regulamentos de várias Grandes Lojas. Enquanto as regras são preservadas,
uma Grande Loja pode acrescentar à lista de oficiais como lhe aprouver e seja
lá qual for seu regulamento. As Lojas subordinadas estão compelidas a
obedecê-lo; a tal Loja não pode criar novos oficiais nem abolir os antigos sem
o consentimento da Grande Loja.

As Lojas também devem eleger seus oficiais em um período que sempre é


determinado, não pelas subordinadas, mas pela Grande Loja. Ela não pode
antecipar ou adiar a eleição a menos que tenha uma Dispensa do Grão-
Mestre.

Nenhuma Loja pode, em uma reunião extra, alterar ou emendar os


procedimentos de uma reunião regular. Se tal não fosse a regra, um Mestre
indigno poderia, em segredo, convocar uma reunião extra de uma parte de
sua Loja e, ao anular ou alterar os procedimentos das reuniões anteriores
regulares ou qualquer parte particular dela, cancelar quaisquer medidas ou
resoluções que não estivessem em consonância com suas visões peculiares.

Nenhuma Loja pode interferir com o trabalho ou negócio de qualquer outra


Loja sem sua permissão. Esse é um antigo regulamento, fundado sobre os
princípios de Cortesia e Amor Fraternal que deve existir entre todos os
Maçons. Está declarado nos manuscritos das obrigações, escrito no reinado
de Tiago II (James II), e em posse da Loja da Antiguidade, em Londres, que:
"nenhum Mestre ou Companheiro deverá suplantar outros de seu trabalho,
quer dizer que, se ele iniciou um trabalho ou outro permanece Mestre de
qualquer trabalho, que ele não deverá tirá-lo, a menos que ele seja incapaz em
termos de habilidade para concluir seu trabalho". E, portanto, nenhuma Loja
pode aprovar ou levantar um candidato que foi iniciado ou iniciar um que foi
rejeitado em qualquer outra Loja. "Seria extremamente impróprio", diz o
Ajuda a um Irmão (Ahiman Rezon), "em qualquer Loja, a conferir um nível a
um Irmão que não é de sua parentela, pois toda Loja deve ser competente
para administrar seus próprios negócios, e são os melhores juízes das
qualificações de seus próprios membros".

Não pretendo, no presente momento, investigar as qualificações dos


candidatos, uma vez que esse assunto, em si mesmo, proverá extenso material
para uma futura investigação, mas é necessário que eu diga algo das
restrições sob as quais todos os trabalhadores da Loja têm em relação à
admissão de pessoas solicitando níveis.

Em primeiro lugar, nenhuma Loja pode iniciar um candidato "sem aviso


prévio e devido exame de seu caráter, a menos que sua petição tenha sido lida
em uma reunião particular e tratada em outra".

Isso está em acordo com os antigos regulamentos, mas uma exceção a ela é
permitida no caso de uma emergência, quando a Loja pode ler a petição para
admissão, e, se o aplicante for bem recomendado, pode proceder de imediato
para eleger e iniciá-lo. Em algumas jurisdições, a natureza da emergência
deve ser afirmada pelo Grão-Mestre, que, se aprovar, concederá uma
Dispensa, mas, em outras, o Mestre ou Mestre e Guardiães são autorizados a
ser juízes competentes e podem dar seguimento para eleger e iniciar sem tal
Dispensa. A Grande Loja da Carolina do Sul adere ao antigo costume, e a da
Inglaterra, ao último.

Outro regulamento é que nenhuma Loja pode conferir mais do que dois
níveis em uma comunicação para o mesmo candidato. A Grande Loja da
Inglaterra é ainda mais rigorosa acerca desse assunto e declara: "não será
permitido a nenhum candidato receber mais de um nível no mesmo dia, nem
um nível mais alto na Maçonaria será conferido a qualquer Irmão em um
intervalo menor de quatro semanas do recebimento do seu nível anterior, nem
até que ele tenha passado no exame, em Loja aberta, naquele nível". Essa
regra também está em vigor na Carolina do Sul e várias outras jurisdições
estadunidenses. Mas a lei que proíbe que todos os reis da Antiga Confraria da
Maçonaria sejam conferidos, na mesma comunicação, para um candidato, é
universal em sua aplicação e, como tal, pode ser considerada uma das antigas
regras da Ordem.

Há outra regra que parece ser de extensão universal e está, de fato, contida
nos Regulamentos Gerais de 1767, para o seguinte efeito: "Nenhuma Loja
formará mais do que cinco novos Irmãos de uma única e mesma vez sem uma
necessidade urgente."

Todas as Lojas devem realizar seus encontros pelo menos uma vez por
mês, e toda Loja que negligenciar isso por um ano, portanto, perde sua
garantia de constituição.

O assunto da remoção de Lojas é o último tópico que abordaremos. Aqui


os antigos regulamentos da confraria adotaram muitas precauções para
prevenir remoção errônea ou imprópria de uma Loja de seu lugar regular de
reunião. Em primeiro lugar, nenhuma Loja pode ser removida da cidade na
qual está situada para qualquer outro lugar sem o consentimento da Grande
Loja. Mas uma Loja pode remover, de uma parte da cidade para outra, com o
consentimento dos membros, sob as seguintes restrições: a remoção não pode
ser feita sem o conhecimento do Mestre, nem pode nenhuma moção, para
esse propósito, ser apresentada em sua ausência. Quando tal moção é feita, e
propriamente apoiada, o Mestre ordenará convocações para todos os
membros, especificando o negócio e apresentando o dia para a consideração e
determinação do assunto. E então se a maioria da Loja, com o Mestre, ou dois
terços sem ele, consentirem com a remoção, ela será feita; mas a nota,
portanto, deve ser enviada imediatamente à Grande Loja. Os Regulamentos
Gerais de 1767 vão além e declaram que tal remoção deve ser aprovada pelo
Grão-Mestre. Suponho que se a remoção da Loja fosse apenas uma questão
de conveniência para os membros, a Grande Loja dificilmente interferiria,
mas deixaria o assunto a critério da Loja; mas, se a remoção fosse afetar os
interesses da Loja ou da fraternidade, como no caso de uma remoção para
uma casa de má reputação, ou para um lugar de insegurança evidente, não
tenho dúvidas de que a Grande Loja, como conservadora do caráter e
segurança da instituição, teria o direito de fazer uso de sua autoridade e
impedir a remoção imprópria.
Tenho, portanto, tratado tão concisamente quanto à natureza importante
dos assuntos permitem, acerca dos poderes, dos privilégios, dos deveres e das
obrigações das Lojas, e tenho tentado abranger, dentro dos limites da
discussão, todos os princípios proeminentes da Ordem, que, como afetam o
caráter e operações da confraria em suas primeiras assembleias, podem de
maneira própria ser referidas à Lei das Lojas subordinadas.
SEÇÃO I. DOS OFICIAIS EM GERAL

Os antigos costumes da confraria exigem, no mínimo, quatro oficiais em


toda Loja, e eles são, consequentemente, encontrados em todo o mundo. São
eles: o Mestre, os dois Guardiães e o Porteiro. Quase que igualmente
universal são os ofícios de Tesoureiro, Secretário e dois Diáconos. Mas, além
destes, pode haver oficiais adicionais indicados pelas diferentes Grandes
Lojas. A Grande Loja da Inglaterra, por exemplo, exige a indicação de um
oficial chamado Guarda Interior.

O Grão Oriente da França prescreveu uma variedade de oficiais que são


desconhecidos da Maçonaria inglesa e estadunidense. As Grandes Lojas da
Inglaterra e Carolina do Sul aconselham que dois Administradores deverão
ser nomeados, ao passo que outras Grandes Lojas não fazem tal exigência. O
costume antigo parece ter reconhecido os seguintes oficiais de uma Loja
subordinada: o Mestre, dois Guardiães, Tesoureiro, Secretário, dois
Diáconos, dois Administradores e Porteiro; e eu, portanto, lidarei apenas com
os deveres e poderes desses oficiais no curso do presente capítulo.

Os oficiais de uma Loja são eleitos anualmente. Nos EUA, a eleição


acontece no festival de São João, o Evangelista, ou na reunião anterior a isso;
mas, no último caso, os deveres dos oficiais não começam até o dia de São
João, que pode, portanto, ser considerado como o início do ano maçônico.

Dalcho afirma a regra que "nenhum Maçom escolhido para qualquer ofício
pode recusar servir (a menos que já tenha exercido o mesmo ofício) sem
sofrer as penalidades estabelecidas pelas leis locais". Indubitavelmente, uma
Loja pode constituir tal regulamento e estipular qualquer penalidade razoável;
mas não estou ciente de qualquer antigo regulamento que torna obrigatório
que as Lojas subordinadas assim o façam.

Se quaisquer dos oficiais de uma Loja, exceto o Mestre e Guardiães,


morrerem ou forem removidos do ofício, durante o ano, a Loja pode, sob a
autoridade de uma Dispensa do Grão-Mestre, iniciar uma eleição para suprir
a vacância. Mas, no caso de falecimento ou remoção do Mestre ou dos
Guardiães, nenhuma eleição pode ser feita para suprir a vacância, mesmo por
Dispensa, por motivos que aparecerão quando eu tratar de tais oficiais.

Nenhum oficial pode renunciar seu ofício depois de ter tomado posse.
Todo oficial é eleito por 12 meses, e, na sua posse, ele, de maneira solene,
promete desempenhar os deveres daquele oficio até o próximo dia regular de
eleição, e, portanto, a Loja não pode permitir que ele, por renúncia, viole sua
obrigação de ofício.

Outra regra é que todo oficial permanece em seu ofício até que seu
sucessor tenha tomado posse. É a posse, e não a eleição, que coloca o oficial
em atividade; e fiel gestão dos assuntos que a Maçonaria exige, que entre a
eleição e a posse de seu sucessor, o predecessor não abandonará o ofício, mas
continuará a realizar seus deveres.

Um ofício só pode ser deixado em virtude da morte, remoção permanente


da jurisdição ou expulsão. A suspensão não anula, mas apenas suspende, o
desempenho dos deveres do ofício, que devem então ser temporariamente
realizados por outra pessoa a nomear de tempo em tempo, para que tão logo
que o oficial suspenso seja restaurado, ele possa dar prosseguimento ao cargo
e deveres de seu ofício.

SEÇÃO II. DO MESTRE VENERÁVEL

Esse é provavelmente o ofício mais importante em todo o sistema da


Maçonaria, como, sobre a inteligência, habilidade e fidelidade dos Mestres de
nossas Lojas, toda a instituição é subordinada para sua prosperidade. É um
ofício onerado com pesadas responsabilidades e, como consequência, é
acompanhado pela investidura de poderes importantes.

Uma qualificação necessária do Mestre de uma Loja é que ele deve ter
servido previamente no ofício de Guardião. Essa qualificação às vezes é
Dispensada como no caso de novas Lojas ou se nenhum membro de uma
antiga Loja que tenha servido como Guardião aceitar o ofício de Mestre. Mas
não é necessário que ele tenha servido como Guardião na Loja na qual lhe
propuseram ser eleito Mestre. A realização dos deveres de um Guardião, por
eleição regular e posse em qualquer outra Loja e em qualquer período
anterior, será uma qualificação suficiente.

Um dos mais importantes deveres do Mestre de uma Loja é ver que os


decretos e regulamentos da Grande Loja são obedecidos por seus Irmãos e
que seus oficiais realizam seus deveres de maneira fidedigna.

O Mestre está pessoalmente responsável pela Garantia de Constituição que


deve sempre estar presente em sua Loja, quando aberta.

O Mestre tem o direito de convocar uma reunião especial de sua Loja toda
vez que lhe aprouver e é o único juiz de qualquer emergência que possa
exigir tal comunicação especial.

Ele tem, também, o direito de fechar sua Loja a qualquer hora que possa
julgar apropriado, sem levar em conta que todo o negócio da Loja pode não
ter sido concluído. Esse regulamento surge das leis não escritas da
Maçonaria. Como o Mestre é responsável para com a Grande Loja em relação
ao trabalho realizado em sua Loja, e como todo o trabalho é, portanto,
desempenhado sob sua superintendência, segue que, para capacitá-lo a
cumprir essa responsabilidade, ele deve ser investido com o poder de
começar, continuar ou de suspender o trabalho a qualquer momento que
julgar, conforme sua sabedoria, ser o mais vantajoso para o edifício da
Maçonaria.

Surge a partir dessa regra que uma questão de recesso não pode ser
deliberada em uma Loja. A adoção de uma resolução de adiamento
envolveria a necessidade de o Mestre ter de obedecê-la. O poder, portanto, de
controlar o trabalho seria tirado de suas mãos e colocado nas mãos dos
membros, o que está em confronto direto com os deveres impostos sobre ele
pelo ritual. A doutrina de que uma Loja não pode adiar, mas deve ser fechada
ou cancelada a critério do Mestre, parece ser agora geralmente muito aceita.

O Mestre e seus dois Guardiães constituem os representantes da Loja na


Grande Loja, e cabe a eles estarem presentes nas comunicações daquele
organismo "em todas as ocasiões convenientes". Quando na Grande Loja, ele
deve representar sua Loja fielmente, e sobre todas as questões discutidas
obedecer às instruções, votar em todos os casos a favor dos desejos de sua
Loja, ainda que isso seja contra suas próprias convicções.

O Mestre preside não apenas o trabalho simbólico da Loja, mas também


suas deliberações de negócios, e em ambos os casos, suas decisões são
reversíveis apenas pela Grande Loja. Não pode haver nenhum apelo da Loja
de sua decisão sobre nenhuma questão. Ele é supremo em sua Loja, e no que
diz respeito a ela, sendo responsável por sua conduta em seu governo, não
para com seus membros, mas unicamente para com a Grande Loja. Se um for
proposto, é de seu dever, para a preservação da disciplina, recusar tratar da
questão. Se um membro for prejudicado pela conduta ou decisões do Mestre,
ele tem que reformular por um apelo à Grande Loja, que verificará, claro, se
o Mestre não governa sua Loja "de maneira injusta e arbitrária". Mas tal coisa
como um apelo dos membros de uma Loja para com seu Mestre é
desconhecido na Maçonaria.

Isso pode, à primeira vista, parecer dar muito poder despótico para o
Mestre. Mas uma leve reflexão convencerá qualquer um que pode ser, exceto
um pouco perigo de opressão de alguém tão guardado e controlado como o
Mestre é, pelas sagradas obrigações de seu ofício, e a supervisão da Grande
Loja, do que colocar nas mãos da confraria tão poderosa e, às vezes, com tão
má disposição, um privilégio tão perturbador como o do apelo imediato, seria
necessariamente tender a enfraquecer as energias e diminuir o prestígio do
Mestre, enquanto seria subversivo desse espírito de disciplina que permeia
toda parte da instituição e para a qual ela é principalmente
devedora/responsável para sua prosperidade e perpetuidade.

As antigas obrigações ensaiadas na posse de um Mestre ditam as várias


qualificações morais que são exigidas no aspirante para esse elevado e
responsável ofício. Ele deve ser um bom homem, cidadão ou sujeito pacífico,
respeitador das leis e amante de seus Irmãos, cultivando as virtudes sociais e
promovendo o bem geral da sociedade como também de sua Ordem.

Nos últimos anos, o padrão de qualificações intelectuais tem sido


altamente elevado. E agora se admite que o Mestre de uma Loja deve fazer
jus ao exaltado ofício que possui para com a confraria sobre a qual ele
preside, e para com os candidatos aos quais ele deve instruir. Ele não deve ser
apenas um homem de caráter moral irrepreensível, mas também de grande
intelecto e educação liberal. E mais, como não há lei expressa acerca desse
assunto, a seleção de um Mestre e a determinação de suas qualificações
devem ser deixadas para o julgamento e bom senso de seus membros.

SEÇÃO III. DOS GUARDIÃES

O Guardião Sênior e Júnior são os assistentes do Mestre no governo da


Loja. São selecionados dentre os membros no plenário, e o exercício de um
oficio anterior não é, como no caso do Mestre, uma qualificação necessária
para eleição. Na Inglaterra, eles são indicados pelo Mestre, mas nos EUA eles
são universalmente eleitos pela Loja.

Durante a ausência temporária do Mestre, o Guardião Sênior tem o direito


de presidir, embora ele possa, e frequentemente o faz por cortesia, convidar
um ex-Mestre para assumir a cadeira. De mesma sorte, na ausência do Mestre
e do Guardião Sênior, o Guardião Júnior presidirá e Irmãos competentes
serão por ele indicados para preencher os assentos vagos dos Guardiães. Mas
se o Mestre e o Guardião Júnior estiverem presentes, e o Guardião Sênior,
ausente, o Guardião Júnior não ocupa o Oeste, mas retém seu próprio posto; o
Mestre indica algum Irmão para ocupar o posto do Guardião Sênior, pois o
Guardião Júnior sucede por lei apenas o ofício de Mestre e, a menos que
aquele ofício esteja vago, ele deve cumprir os deveres do ofício no qual lhe
foi confiado.

Em caso de falecimento, remoção da jurisdição ou expulsão do Mestre pela


Grande Loja, nenhuma eleição pode ser feita até o período constitucional. O
Guardião Sênior assumirá a posição do Mestre e presidirá a Loja, enquanto o
seu assento será temporariamente preenchido de tempo em tempo por
nomeação. O oficio do Guardião Sênior, de fato, ainda em existência e
apenas realizando um dos mais altos deveres de seu ofício, o de presidir na
ausência do Mestre, não pode ser declarado vago e não há eleição para o
cargo. Em tal caso, o Guardião Júnior, pelo motivo já citado, continuará em
seu posto, no Sul.

Em caso de falecimento remoção ou expulsão tanto do Mestre quanto do


Guardião Sênior, o Guardião Júnior desempenhará os deveres do Mestrado e
fará nomeações temporárias de ambos Guardiães. Deve ser lembrado que os
Guardiães sucedem de acordo com a "senioridade" para o ofício de Mestre,
quando este estiver vago, mas nenhum pode legalmente realizar os deveres
do outro. Devemos também lembrar que quando um Guardião sucede o
governo de uma Loja, ele não se torna o Mestre; ele ainda é um Guardião
desempenhando as funções de um cargo mais alto que está vago, como um
dos deveres expressos de seu próprio ofício. Uma lembrança dessas
distinções os capacitará a evitar muito embaraço na consideração de todas as
questões em relação a esse assunto. Se o Mestre estiver presente, os
Guardiães o assistirão no governo da Loja. O Guardião Sênior preside a
confraria quando em trabalho, e o Guardião Júnior, quando em recesso
(refreshment). Antigamente o exame de visitantes era confiado ao Guardião
Júnior, mas esse dever é agora mais apropriadamente desempenhado pelos
Administradores ou um comitê especial nomeado para esse propósito.

O Guardião Sênior nomeia o Diácono Sênior, e o Guardião Júnior, o


Administrador Sênior.

SEÇÃO IV. DO TESOUREIRO


Uma coisa muito importante nesse ofício, nas Lojas inglesas, é que ao
passo que todos os outros oficiais são nomeados pelo Mestre, o Tesoureiro é
o único que é eleito pela Loja. O ofício é, entretanto, tão singular que, no
ritual de posse, Preston não fornece nenhum comentário em relação ao
Tesoureiro acerca de sua investidura. Webb, entretanto, forneceu a omissão, e
a obrigação dada em seu trabalho para com esse oficial, sobre a noite de sua
instalação, tendo sido universalmente reconhecida e adotada pela confraria
nos EUA. Isso nos proverá pontos importantes da lei em relação a seus
deveres.

É, então, em primeiro lugar, dever do Tesoureiro "receber todo o dinheiro


das mãos do Secretário". O Tesoureiro é apenas o caixa da Loja. Todas as
tarifas para iniciação, débitos de membros e to das as outras obrigações com
a Loja devem ser primeiramente recebidas pelo Secretário e entregues
imediatamente para o Tesoureiro para guardá-los.

A guarda (keeping) de contas justas e regulares é outro dever apresentado


ao Tesoureiro. Assim que ele receber uma quantidade em dinheiro do
Secretário, ele deve dar entrada de tal valor nos livros. Assim sendo, o
Secretário e Tesoureiro se tornam auditores um do outro, e a segurança dos
fundos da Loja é segurada.

O Tesoureiro não é apenas o caixa, mas também o oficial de reembolso da


Loja. Entretanto, é orientado a não pagar nenhuma quantia, exceto com o
consentimento da Loja e da ordem do Venerável Mestre. Parece-me,
portanto, que toda garantia tirada dele deve ser assinada pelo Mestre, e a ação
da Loja atestada pela coassinatura do Secretário.

É comum, em consequência da grande responsabilidade do Tesoureiro,


selecionar algum Irmão de grandes posses para o ofício; e ainda mais para
certificar-se da segurança dos fundos, exige-se dele uma promessa por escrito
para ter garantia suficiente. Ele, às vezes, recebe uma percentagem ou salário
fixo por seus serviços.

SEÇÃO V. DO SECRETÁRIO
É o dever do Secretário registrar todos os procedimentos da Loja, "que
pode ser colocado em papel", para conduzir a correspondência do
estabelecimento e de receber as quantias devidas à Loja de qualquer que seja
a fonte. Ele é, portanto, o oficial registrador, de correspondência e receptor da
Loja. Ao receber as quantias devidas à Loja em primeiro lugar e então
pagando-as ao Tesoureiro, ele se torna, como já observei, um auditor daquele
oficial.

Em virtude dos muitos deveres laboriosos que lhe são encarregados, o


Secretário, em muitas Lojas, recebe uma compensação por seus serviços.

Se o Tesoureiro ou Secretário falecer ou for expulso, não há duvida de que


uma eleição para um sucessor preencher o mandato não-terminado pode ser
feita pela Dispensa do Grão-Mestre. Mas a incompetência de ambos oficiais
de realizar seus deveres, por razão de enfermidade ou remoção do assento da
Loja, não autorizará, creio, tal eleição, pois o oficial original pode se
recuperar de sua enfermidade ou retornar para sua residência, e, em ambos os
casos, tendo sido eleito e empossado por um ano, ele deve permanecer o
Secretário ou Tesoureiro até o término do mandato que ele foi eleito e
empossado, e, portanto, na sua recuperação e seu retorno, ele é autorizado a
reassumir todas as prerrogativas e funções de seu ofício. O caso de
falecimento ou de expulsão que é, de fato, morte maçônica, é diferente, pois
todos os direitos possuídos durante a vida cessam ex necessitate rei e
prescreve para sempre no momento da dita morte física ou maçônica; e, no
último caso, a restauração de todos os direitos e privilégios da Maçonaria não
restaura a parte qualquer ofício que ele ocupava no momento de sua
expulsão.

SEÇÃO VI. DOS DIÁCONOS

Em toda Loja há dois destes oficiais, um Diácono Sênior e um Júnior. Eles


não são eleitos, mas nomeados; o Sênior pelo Mestre, e o Júnior pelo
Guardião Sênior.

Os deveres destes oficiais são muitos e importantes, mas também são tão
bem definidos no ritual que não exigem mais considerações aqui.

A única questão que nos convida a examinar é se os Diáconos, uma vez


oficiais nomeados, podem ser removidos a critério dos oficiais que os
nomearam ou se mantêm seus ofícios, como o Mestre e Guardiães, até o
término do ano. As autoridades maçônicas não dizem nada a esse respeito,
mas, embasando meu julgamento sobre analogias, estou inclinado a pensar
que os Diáconos não são removíveis: todos os oficiais de uma Loja são
escolhidos para servir por um ano, ou, de um festival de São João, o
Evangelista, ao festival do ano seguinte. Esse tem sido um costume invariável
em todas as Lojas, e tanto nas cerimônias monitoriais de posse quanto nas
regras ou regulamentos que vi não há exceções nesse costume em relação aos
Diáconos. Uma vez que a lei Maçônica escrita e a oral não se pronunciam a
esse respeito, somos obrigados a dar a elas o benefício do silêncio e colocá-
las na mesma posição favorável como as que são ocupadas pelos ofícios
superiores que, sabemos, pela lei expressa são autorizados a ocupar suas
posições por um período de um ano. E mais, o poder de remoção é
importante demais para ser exercido, exceto quando sob a sanção de uma lei
expressa e é contrária a todo o espírito da Maçonaria, que, ao investir em um
oficial com a maior extensão de prerrogativa, é igualmente cuidadosa dos
direitos do mais novo membro da fraternidade.

A partir destes motivos, estou compelido a crer que os Diáconos, embora


originalmente nomeados pelo Mestre e Guardião Sênior, não são removíveis
por nenhum deles, mas retêm seus ofícios até o término do ano.

SEÇÃO VII. DOS ADMINISTRADORES

Os Administradores, que são dois em número, são nomeados pelo


Guardião Júnior e sentam à destra e esquerda dele na Loja. Seus deveres
originais eram: "ajudar na coleta de cotas e assinaturas para manter um relato
dos gastos da Loja; para garantir que todas as mesas estejam providas de
maneira própria nos recessos e que cada Irmão seja provisionado". Eles
também são considerados os assistentes dos Diáconos na realização de seus
deveres e, por último, algumas Lojas estão começando a confiar a eles a
importante habilidade de um subcomitê para o exame de visitantes e a
preparação de candidatos.

O que foi dito em relação à remoção dos Diáconos na seção anterior é


igualmente aplicável aos Administradores.

SEÇÃO VIII. DO PORTEIRO

Esse é um ofício de grande importância e deve, a partir da natureza


peculiar de nossa instrução, ter existido desde os primórdios. Nenhuma Loja
poderia ter sido aberta até que um Porteiro fosse nomeado e posicionado a
guardar seus portais da aproximação de "fingidores e bisbilhoteiros". As
qualificações exigidas para o ofício de Porteiro são: ele deve ser "um Mestre
Maçom digno"; um Aprendiz Iniciado ou um Companheiro não pode ser
porteiro de uma Loja, ainda que a Loja seja aberta em seu próprio nível. A
ninguém, com exceção dos Mestres Maçons, esse importante dever de
proteção (guardiania) deve ser confiado; o Porteiro não é necessariamente um
membro da Loja que ele protege. Não existe regulamento exigindo essa
qualificação. Na verdade, em grandes cidades, um Irmão geralmente age
como o Porteiro de várias Lojas. Se, entretanto, ele for um membro da Loja,
seu ofício não o priva dos direitos de sociedade, e, em votações para
candidatos, eleição de oficiais ou outras questões importantes, ele é
autorizado a exercer seu privilégio de voto, que em tal caso o Diácono Júnior
ocupará temporariamente seu posto enquanto ele deposita seu voto. Isso
parece ser o uso geral da confraria nesse país.

O Porteiro é ora eleito pela Loja, ora nomeado pelo Mestre. Geralmente se
admite que ele pode ser removido do ofício por má conduta ou negligência do
dever, pela Loja, se foi eleito, e pelo Mestre, se foi nomeado.
A segurança da minoria, a preservação da harmonia e o despacho de
negócios, todos exigem que deva haver em toda sociedade bem regulada
algumas regras e formas de governo de seus procedimentos, e, como já foi
justamente observado por um hábil escritor sobre lei parlamentar: "se estas
formas são em todos os casos as mais racionais ou não, isso não é realmente
de grande importância, pois é muito mais substancial que haja uma regra a
ser seguida do que o que a regra é". Por consentimento comum, as regras
estabelecidas para o governo do Parlamento na Inglaterra e do Congresso nos
Estados Unidos, e que são conhecidas coletivamente sob o nome de Lei
Parlamentar, foram adotadas para a norma de todos os corpos deliberativos,
sejam de natureza pública ou privada. Mas as Lojas de Maçons diferem muito
em sua organização e caráter das outras sociedades, que a sua lei será, em
muitos casos, encontrada aplicável, e, de fato, em muitos outros, de maneira
positiva, inaplicáveis. As regras, entretanto, para o governo das Lojas
maçônicas são, em geral, para serem oriundas dos usos da Ordem, a partir da
autoridade tradicional ou escrita e onde ambas são silenciosas, da analogia ao
caráter da instituição. Para cada uma destas fontes, portanto, aplicarei, no
curso do presente capítulo, e em alguns casos em que a lei parlamentar
coincide com a nossa, referências que serão feitas para a autoridade dos
melhores escritores sobre essa ciência.

SEÇÃO I. DA ORDEM DE NEGÓCIO

Quando os Irmãos se "congregam" ou são convocados pelo oficial que


preside, a primeira coisa a ser feita é a cerimônia de abertura da Loja. A
consideração desse assunto, como é de maneira suficiente detalhada em nosso
ritual, não fará parte do presente trabalho.

A Loja tendo sido aberta, a próxima coisa a ser atendida é a leitura da


pauta da última comunicação. A pauta tendo sido lida, o oficial que preside
pedirá confirmação, começando primeiramente com o Guardião Sênior e
depois o Júnior e, por fim, os Irmãos "ao redor da Loja", se estes possuem
quaisquer alterações a propor. Deve ser lembrado que a questão de
confirmação é simplesmente uma questão para averiguar se o Secretário
registrou de maneira fiel e correta as transações da Loja. Se, portanto, for
satisfatoriamente mostrado por alguém que há um engano ou omissão de um
registro, esse é o momento de corrigi-lo, e se o assunto for de importância
substancial e o oficial de registro ou qualquer membro disputar a
responsabilidade do erro, o voto da Loja será dado a esse respeito e o jornal
será corrigido ou permanecerá como está escrito, em conformidade com a
opinião expressada pela maioria dos membros. Como o caso é, entretanto,
uma mera questão de memória, deve ser aparente que apenas os membros que
estiveram presentes na comunicação anterior estão qualificados a expressar
uma opinião justa a respeito dos registros que estão sob exame. Todos os
outros membros devem perguntar e ser autorizados a se abster do voto.

Como nenhuma comunicação especial pode alterar ou corrigir os


procedimentos de uma comunicação regular, não se considera necessário
apresentar os registros da última para inspeção da primeira. Essa leitura
preliminar da pauta é, portanto, sempre omitida em comunicações especiais.

Após a leitura da pauta, negócios interminados, tais como moções


previamente submetidas e relatórios de comitês previamente indicados, terão
a preferência ante todos os outros assuntos. Comunicações especiais
convocadas para a consideração de um assunto especial, claro, devem ter a
prioridade de consideração sobre todos os demais assuntos.

De mesma sorte, se qualquer assunto foi especial e especificamente adiado


para outra comunicação, fica constituído naquela comunicação que foi
convocada, na lei parlamentar, "a ordem do dia", e pode a qualquer momento,
no curso da noite, ser colocada em discussão, a ponto de excluir todos os
outros negócios.

A Loja pode, contudo, a seu critério, recusar ou aceitar a consideração de


tal ordem, pois o mesmo organismo que determinou em um momento
considerar a questão pode em outro recusar a fazê-lo. Esse é um daqueles
casos em que o uso parlamentar é aplicável ao governo de uma Loja.
Jefferson diz: "Onde uma ordem é feita, qualquer assunto particular pode ser
levado à discussão em qualquer dia em particular, a pergunta a ser feita é se a
casa dará seguimento àquele assunto agora." Em uma Loja, entretanto, não é
de costume propor tal questão, mas o assunto sendo levado à pauta é
discutido e resolvido, a menos que algum Irmão faça moção de seu
adiamento, quando a questão de adiamento é colocada.

Mas com estas exceções, o negócio interminado deve ser eliminado


primeiro, para evitar sua acumulação e possível negligência futura.

Novos negócios serão discutidos em tal ordem conforme as leis locais


determinam, ou que a sabedoria do Venerável Mestre possa sugerir.

Em uma discussão, quando qualquer membro deseja falar, ele deve se


levantar em seu lugar e não se pronunciar para a Loja nem para qualquer
Irmão em particular, mas para o oficial que preside, chamando-o de
"Venerável".

Quando dois ou mais membros se levantam quase que simultaneamente, o


oficial que preside determina quem deve se pronunciar e o chama pelo nome
e então prossegue, a menos que ele voluntariamente tome o seu assento e
ceda seu lugar ao outro.

As regras simples de cortesia, que devem governar o organismo maçônico


acima de todas as outras sociedades, como também o uso geral de organismos
deliberativos, exigem que o primeiro seja autorizado ao plenário. Mas a
decisão desse fato é deixada inteiramente para o Mestre ou oficial que
preside.

Se um membro é autorizado a falar uma ou duas vezes acerca da mesma


questão, isso é deixado para o regulamento das leis locais de cada Loja. Mas,
sob todas as circunstâncias, parece ser admitido que um membro se levante a
qualquer momento com a permissão do oficial que preside ou para fins de
explicação.

Um membro pode ser repreendido por qualquer outro quando estiver


falando em caso de afirmações indecorosas, alusão pessoal ou assunto
irrelevante; mas isso deve ser feito de maneira educada e conciliatória, e a
questão de ordem será prontamente decidida pelo oficial que preside.

Nenhum Irmão deve ser interrompido enquanto estiver falando, exceto


para o propósito de repreensão ou para se fazer uma explicação necessária,
nem deve permitir conversas paralelas ou, como são chamadas em nossas
antigas obrigações: "comitês particulares".

Todo membro da ordem é, no curso do debate como em todos os outros


momentos na Loja, para ser chamado pelo título de "Irmão", e nenhum título
secular ou mundano jamais deve ser utilizado.

Em conformidade com os princípios de justiça, adota-se o uso parlamentar,


que permite ao proponente de uma resolução fazer o discurso de conclusão,
que ele pode responder a todos aqueles que falaram contrário à resolução e
resumir as discussões em seu favor. E seria uma quebra de ordem como
também de cortesia para qualquer um de seus oponentes responder a essa
apresentação final do proponente.

Fica a critério do Mestre, a qualquer momento no curso da noite, suspender


o negócio da Loja para o propósito de voltar para a cerimônia de iniciação,
pois o "trabalho" da Maçonaria, como é tecnicamente chamado, tem
preferência sobre todos os outros negócios.

Quando todos os negócios, tanto os antigos quantos os novos, e a iniciação


de candidatos, se houver algum, tiverem sido resolvidos, o oficial que preside
pergunta aos oficiais e membros se há algo mais a ser proposto antes de
fechar. O costume impôs uma fórmula para fazer essa indagação, e ela se
apresenta a seguir.
O Mestre Venerável, se dirigindo aos Guardiães Sênior e Júnior e depois
aos Irmãos, nessa ordem, diz: "Irmão Sênior, tem algo a oferecer no Oeste
para o bem da Maçonaria em geral ou desta Loja em particular? Algo no Sul,
Irmão Júnior? Na Loja, Irmãos?" Sendo negativa a resposta da parte dos
Guardiães e havendo silêncio da confraria, então o Mestre prossegue o
fechamento da Loja da maneira estabelecida no ritual.

A leitura da pauta da noite, não para confirmação, mas para sugestão, a


menos que algo tenha sido omitido, deve sempre preceder as cerimônias de
fechamento, a menos que, em virtude do avanço das horas, ela seja
dispensada pelos membros.

SEÇÃO II. DOS APELOS DA DECISÃO DO


PRESIDENTE

A Franco-Maçonaria difere de todas as outras instituições ao não permitir


apelo da Loja da decisão do oficial que preside. O Mestre é supremo em sua
Loja no que diz respeito à Loja. Ele responde por sua conduta no governo da
Loja, não para seus membros, mas unicamente para a Grande Loja. Ao
decidir pontos de ordem como também assuntos mais graves, nenhum apelo
da Loja pode ser aceito dessas decisões. Se um apelo for proposto, é dever do
Mestre, para a preservação da disciplina, recusar tratar da questão. É, na
verdade, errado da parte do Mestre, mesmo por cortesia, aceitar que um apelo
seja aceito, pois como o Comitê de Correspondência da Grande Loja de
Tennessee sabiamente afirmou, ao aceitar tais apelos por cortesia, "fica
estabelecido, a partir dele, um precedente da qual será reivindicado o direito
de aceitar apelos". Se um membro for prejudicado pela conduta ou decisões
do Mestre, ele tem sua reparação por meio de um apelo para a Grande Loja
que verificará, naturalmente, se o Mestre não administra sua Loja "de
maneira injusta ou arbitrária". Mas tal coisa como um apelo da Loja é
desconhecido na Maçonaria.

Isso, à primeira vista, pode parecer dar muito poder despótico para o
Mestre. Mas uma leve reflexão convencerá qualquer um que pode ser, exceto
um pouco perigo de opressão por alguém tão guardado e controlado como o
Mestre é, pelas sagradas obrigações de seu ofício, e a supervisão da Grande
Loja, do que colocar nas mãos da confraria tão poderosa, e às vezes, com tão
má disposição, um privilégio tão perturbador como o do apelo imediato, seria
necessariamente tender a enfraquecer as energias e diminuir o prestígio do
Mestre, enquanto que seria subversivo desse espírito de disciplina que
permeia toda parte da instituição, e para a qual ela é principalmente
devedora/responsável para sua prosperidade e perpetuidade.

Em todo o caso onde um membro, por si só, acredita ter sido prejudicado
pela decisão do Mestre, ele deve fazer seu apelo à Grande Loja.

Não é preciso acrescentar que um Guardião ou ex-membro presidindo na


ausência do Mestre, assume pelo tempo estabelecido todos os direitos e
prerrogativas do Mestre.

SEÇÃO III. DO MODO DE CONDUZIRA DISCUSSÃO

A discussão na Maçonaria não se limita ao dizer oralmente "sim" e "não".


Isso deve sempre ser feito por "um aceno de mãos". O regulamento
concernente a esse assunto foi adotado não posteriormente ao ano de 1754,
momento em que o Livro das Constituições foi revisado, "e as alterações e
adições foram feitas em consonância com as leis e regras da Maçonaria", e de
mesma forma, na edição publicada no ano seguinte, o regulamento é
estabelecido nestas palavras: "As opiniões ou votos dos membros devem
sempre ser mostrados para todos por meio de uma mão erguida; as mãos
erguidas são contadas pelos Grandes Guardiães, a menos que o número de
mãos seja tão inexpressivo que a contagem seja desnecessária. Jamais deve
ser permitido nenhum outro tipo de divisão entre Maçons."

A contagem de "sim" e "não" tem sido universalmente condenada como


prática maçônica, nenhum Mestre deve permitir que isso seja utilizado em
sua Loja.

Fazer moção da "questão anterior", uma invenção parlamentar para


impedir toda a discussão, está em divergência com o espírito harmonioso e
liberal que deve distinguir os debates maçônicos, e não deve, portanto, jamais
ser admitido em uma Loja.

SEÇÃO IV. DE SUSPENSÕES

Suspensão é um termo não reconhecido na Maçonaria. Existem duas


formas na qual a comunicação de uma Loja deve ser terminada, e essas são
ao fechá-la ou suspender seu trabalho para repouso. No primeiro caso, o
negócio da comunicação é por fim concluído até a próxima comunicação; no
último caso, a Loja ainda deve ser aberta e recomeçar seus trabalhos a
qualquer momento indicado pelo Mestre.

Mas tanto o momento de fechar a Loja quanto o de pedir para que o


trabalho entre em repouso deve ser determinado pela vontade absoluta e livre
julgamento do Venerável Mestre, a quem unicamente é confiado o cuidado
de "colocar a confraria a trabalho e dar todas as instruções para tal". Somente
ele é responsável para com o Grão-Mestre e a Grande Loja que sua Loja seja
aberta, mantida e fechada em harmonia; da mesma forma que é unicamente
por sua "vontade e prazer" que ela pode ser fechada. Qualquer tentativa,
portanto, da parte da Loja de considerar uma moção para suspensão seria uma
infração desta prerrogativa do Mestre. Tal moção é, portanto, sempre
inapropriada e não pode existir nem ser acionada.

A regra de que a Loja não pode suspender, mas permanecer em sessão até
que fechada pelo Mestre é oriunda de uma sanção autoritária da seguinte
cláusula quinta, das Antigas Obrigações:

Todos os Maçons empregados humildemente receberão seus honorários


sem reclamação ou motim e não abandonarão o Mestre até que o
trabalho esteja concluído.

SEÇÃO V. DA NOMEAÇÃO DE COMITÊS

É a prerrogativa do Mestre nomear todos os Comitês, exceto quando uma


provisão de resolução especial tenha sido feita que um comitê deva ser
nomeado de outra forma.
O Mestre é também, ex officío, presidente de todo comitê que ele escolher
participar, embora ele possa não ter sido originalmente nomeado um membro
de tal comitê. Mas ele pode, se assim escolher, abdicar deste privilégio;
entretanto, ele pode, a qualquer momento durante a sessão do comitê,
reassumir sua prerrogativa inerente de governar a confraria em todos os
momentos quando em sua presença e, portanto, assumir a presidência.

SEÇÃO VI. DO MODO DE ANOTAR A PAUTA

A Maçonaria é preeminentemente uma instituição de formas e, portanto,


como se espera, há uma forma particular estabelecida para registrar os
procedimentos de uma Loja. Talvez o melhor método de comunicar esta
forma ao leitor seja registrar os procedimentos de um encontro ou
comunicação hipotéticos.

A seguinte fórmula, portanto, abrange as transações mais importantes que


geralmente ocorrem durante a sessão de uma Loja e pode servir como
exemplo para o uso de secretários.

"Uma comunicação regular da Loja , n° , foi realizada às horas, em , no


dia _
A Loja foi aberta de forma apropriada no terceiro nível da Maçonaria.

"O comitê concernente à petição do Sr. C.B., um candidato para


iniciação, relatou-se favorável, de maneira que foi votado e
propriamente eleito."

"O comitê concernente à inscrição do Sr. D.C., um candidato para


iniciação, relatou-se favorável, de maneira que foi votado, e a Urna
parecendo ilícita, ele foi rejeitado."

"O comitê concernente à inscrição do Sr. E.D., um candidato para


iniciação, relatou-se desfavorável, ele foi declarado rejeitado sem haver
eleição."

"A petição do Sr. F.E., um candidato para iniciação, tendo sido retirada
por seus amigos, foi declarada rejeitada sem haver eleição."

"O Irmão S.R., um Aprendiz Iniciado, tendo solicitado promoção, foi


propriamente eleito para o segundo nível, e o Irmão W.Y., um
Companheiro, foi, em sua solicitação por promoção, propriamente eleito
para o terceiro nível."
"A Loja de Mestres Maçons foi então fechada, e uma Loja de
Aprendizes Iniciados aberta de maneira adequada."

"O Sr. C.B., um candidato para iniciação, estando em espera, foi


propriamente preparado, trazido à frente e iniciado como um Aprendiz
Iniciado, pagando a tarifa normal."

"A Loja de Aprendizes Iniciados foi então fechada, e uma Loja de


Companheiros aberta de maneira adequada."

"O Irmão S.R., um Aprendiz Iniciado, estando em espera, foi


propriamente preparado, trazido à frente e aprovado para o nível de
Companheiro, pagando a tarifa normal."

"A Loja de Companheiros foi então fechada, e uma Loja de Mestres


Maçons aberta de maneira adequada."

"O Irmão W.Y., um Companheiro, estando em espera, foi propriamente


preparado, trazido à frente e levado ao sublime nível de um Mestre
Maçom, pagando a tarifa normal."

Quantia recebida nesta noite, conforme segue:

Todas as quantias sendo pagas ao Tesoureiro.

Não havendo mais negócio, a Loja foi fechada de maneira adequada e


em harmonia.
Tal é a forma que tem sido adotada como a mais conveniente de registrar
as transações de uma Loja. Essas pautas devem ser lidas no fechamento da
reunião, de maneira que os Irmãos possam suge rir quaisquer alterações ou
acréscimos necessários de sorte quando então, no início da próxima reunião
regular, tais alterações e/ou acréscimos possam ser confirmados e logo depois
devem ser transcritos do Livro Pauta de esboço no qual foram primeiramente
colocados e transferidos para o Livro Relatório permanente da Loja.

1 Com um longo intervalo, em português. (Nota equipe Universo dos Livros.)

2 Acurácia significa "precisão de uma tabela ou uma operação (Dicionário


Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa 1. 0.5a. (Nota equipe Universo dos
Livros).

1 Jaime II, também conhecido como James II, foi rei da Inglaterra e Escócia.

3 Escrutínio significa "processo de votação que utiliza uma urna" (Dicionário


Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa 1.O.5a). (Nota equipe Universo dos
Livros.)

111 "Pela ocasião", por um momento", em português.

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