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Biblioteca Charles Evaldo Boller

Iluminação 2/114

2015, Charles Evaldo Boller


Editoração própria.
[email protected]

BOLLER, Charles Evaldo


Iluminação, busca ao entendimento de como funciona a aquisição de
conhecimento da Arte Real Maçônica.
114 páginas.
1. Maçonaria 2. Ciência 3. Educação 4. Comportamento 5.
Religião 6. Filosofia.
CDD 366

2015

SEM RESERVA DE DIREITOS AUTORAIS.

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

USO NÃO COMERCIAL.

Este livro digital pode ser repassado e seu conteúdo utilizado à


vontade.
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À Glória do Grande Arquiteto do Universo

Prefácio

Os textos desta compilação são todos de minha lavra e resulta-


dos da busca pessoal permanente ao entendimento de como funciona a
aquisição de conhecimento maçônico, ou de como este pode ser for-
mado para dar origem à Iluminação que o maçom solicita quando é
iniciado na Francomaçonaria.
Procura-se entender o método Arte Real Maçônica, cuja ação é
sublime quando provoca e possibilita o progresso humano numa base
realística. Este é dos bons instrumentos de transformação utilizados
pelo homem na aquisição de conhecimentos para dar significação à sua
vida e dar honra e glória ao Grande Arquiteto do Universo.

Curitiba, 20 de Junho de 2015.


Charles Evaldo Boller
Mestre maçom em permanente desconstrução e reconstrução.
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Sumário

Clique sobre o título que deseja ler.


Ouse Saber.................................................................................................................. 5
A Cultura Maçônica ................................................................................................ 12
Educação Natural na Maçonaria ............................................................................ 30
Herança Educacional Iluminista ............................................................................ 38
Rousseau e a Educação Natural ............................................................................. 45
Kant na Construção de Homens Livres ................................................................. 50
Influência da Educação Maçônica .......................................................................... 56
O Sistema de Ensino Maçônico ............................................................................... 61
Polidez do Aprendiz maçom ................................................................................... 65
Teoria do Conhecimento Maçônico ........................................................................ 69
Venerar a Razão ...................................................................................................... 77
Virtudes e Sabedoria ............................................................................................... 82
Treinando o Cérebro ............................................................................................... 85
Peças de Arquitetura Eficazes ................................................................................ 87
Estudo Constante ..................................................................................................... 90
Oratória, Rainha das Artes ..................................................................................... 91
Paranoia de Segurança ............................................................................................ 94
Bode para Reconhecimento dos maçons ................................................................ 99
A Chave de Hiram ................................................................................................. 101
Educação na Maçonaria ........................................................................................ 109
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Ouse Saber

O método de instrução maçônica normalmente consta de pará-


bolas como recurso pedagógico para ilustrar conceitos morais e éticos.
A transmissão de valores e conhecimentos aproveita de tudo que o
homem já desenvolveu e que for bom ao crescimento do maçom de
forma simples e objetiva.

Segue-se o exemplo criado pelos antigos gregos, época em que


se inundou o mundo do pensamento com novos métodos de analisar as
ideias e que minimizaram ignorância e crendice. Rompeu-se com o que
se considerava senso comum, tradição e misticismo. Desenvolveu-se a
reflexão do homem comum e independente. Delineou-se um mundo
diferente onde vale mais o espírito especulativo e a objetividade racio-
nal.
Assim é a Iluminação Maçônica.

A Influência do Iluminismo

Semelhante aos vetustos gregos, os iluministas influenciaram o


mundo, restaurando os métodos gregos em benefício da humanidade.
Não possuíam linha filosófica particular. Constava de estudantes entu-
siastas de qualquer tema à base da especulação racional, cuja atuação
propiciou inúmeros saltos ao conhecimento humano, razão porque
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aquele século ficou conhecido pela posteridade como o Século das


Luzes.
Devido ao despotismo generalizado da época, era linha corrente
entre os cientistas e pensadores o esforço extraordinário de obter cada
vez mais e melhores graus de liberdade na especulação do livre pensar,
levando os iluministas a colocarem a razão num trono, como supremo
critério de valor que deveria orientar religião, filosofia, ciência, estado,
direito ou economia. Sua influência foi decisiva para lançar as bases da
Maçonaria Especulativa.
Assim como intuíram gregos e iluministas, a Maçonaria tem a
pretensão de levar o homem a pensar de forma independente, sem que
se sujeite a ninguém no que deve acreditar ou em que ideologia atuar.
Um vetor importante do pensamento maçônico é o Liberalismo
que conduz o homem natural, de boa índole, que tem em si mesmo as
diretrizes da realização de toda boa obra sem que haja necessidade de
ajuda de fora. Parte-se do princípio de que a natureza é racional e não a
consequência de acasos do caos.
Devido à influência iluminista na Maçonaria, o método da Arte
Real promove o desenvolvimento da arte de pensar. A Maçonaria, co-
mo método, tem por objetivo ensinar a pensar de forma independente.
Cada maçom aprende a pensar por si próprio e desenvolve sua própria
verdade, baseada em seu próprio alicerce. Nenhuma verdade é conside-
rada final, absoluta, o caminho da especulação fica sempre aberto e
sujeito aos infinitos ciclos de tese, antítese e síntese.
O maçom duvida sempre!
Seguindo a influência grega, mesmo velhas verdades são fre-
quentemente questionadas novamente. O maçom é filho da heresia, a
dúvida o levou a trancar-se nos templos para estudar com liberdade.
Ele ousa saber!
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Fracasso das Ideologias que Escravizam

A metodologia maçônica ensina a desconfiar de ideologias1,


aparentemente perfeitas na teoria, mas terríveis em seus resultados:
onde homem explora homem em seu próprio prejuízo!

É característica geral de todas as ideologias iludirem seus adep-


tos: elas não têm a capacidade de solucionar os problemas das socieda-
des. Na prática são todas imperfeitas pelos resultados diários que apre-
sentam. Mesmo com as boas intenções de uns poucos adeptos, elas
normalmente conduzem à opressão e despotismo. Ideologias servem ao
sistema contaminado que explora o homem e, como tal, seus líderes
logo passam a comer no cocho da lavagem da corrupção. Todas as
ideologias são sustentadas por grupos de homens que se restringem em
barganharem valores financeiros e poder. Para estes o sofrimento hu-
mano é apenas moeda de troca para defender seus próprios interesses e
daqueles para os quais eles se vendem. Daí, é sua meta manter a maio-
ria ignorante, em estado selvagem, disputando recursos uns com os
outros.
E mesmo honesta, qualquer ideologia é refém do pensamento
mecanicista que tende a fragmentar os problemas por questão de sim-

1
Sistema de ideias (crenças, tradições, princípios e mitos) interdependentes, susten-
tadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais refletem, raci-
onalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam
estes morais, religiosos, políticos ou econômicos.
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plificação, mas com isto perde a visão de conjunto: enquanto se preo-


cupa com um detalhe, os outros fragmentos do problema são negligen-
ciados e fenecem. Em sentido lato só existe amor ao poder e ao dinhei-
ro: falta às ideologias o principal ingrediente para a solução de todos
os problemas da humanidade: o amor fraterno! Algo que existe de so-
bra na Maçonaria.
Maçonaria é ciência que defende o interesse das sociedades e
promove a evolução independente de seus adeptos. É tanto que até
verdades já definidas como certas no passado são reavaliadas de tem-
pos em tempos. Pelo dia-a-dia sofrido das massas fica evidente que o
maçom tem muitos problemas sérios a estudar e combater para ajudar a
sociedade a obter meios mais confiáveis de convivência e administra-
ção pública.

Uma Ditadura Mundial Absoluta

O futuro sem preparo será cheio de adversidades se o cidadão


não reagir! Existe na sociedade um pacto de silêncio e passividade
ditado pelo domínio econômico. Tudo caminha para uma ditadura
mundial absoluta. Percebe-se a atividade dos governos de lentamente
irem quebrando as defesas psicológicas do indivíduo para deixá-lo
inerme, à mercê dos grupos de poder e sob cuja orientação os líderes
nacionais já se encontram. A atual Ordem Mundial tem seus alicerces
apoiados na guerra, sofrimento, crises financeiras e políticas. Tudo
visa a escravidão, onde a tecnologia e o controle das massas têm espe-
cial destaque.
Pode-se afirmar que:
 a manipulação das massas é infalível e continua;
 a instituição da família não existe mais;
 a procriação diminui;
 as crises e miséria são artificiais;
 as escolas pervertem a educação natural;
O futuro será constituído de sociedades sem dinheiro em espé-
cie, ocorrerá o controle do cidadão identificado por dispositivo eletrô-
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nico implantado no corpo, semelhante a gado, o que possibilitará ao


poder central policiar as pessoas usando microchips biométricos que
darão a capacidade de escanear tudo o que estiver fazendo à distância.

É o controle da escravidão ditada pelo poder econômico. Es-


cravidão total e controlada por tecnologia.
No Brasil é a razão de não se investir em educação, saúde e se-
gurança; da Justiça que, de tão lenta, não existe; da família tradicional
destruída para acabar com a propriedade; das leis confusas, pois con-
templam mais o direito do bandido, abandonando as pobres vítimas a
própria sorte; nos corredores do poder central cogita-se até no reco-
nhecimento legal de casamento entre seres humanos e animais.
Está em andamento algo que era piada: aquela do bode no meio
da sala, onde qualquer solução para aliviar tão indesejada situação será
aceita sem pestanejar. Por exemplo: a ameaça do sequestro já faz os
pais desejarem que se implantem microchips no corpo de seus filhos.

Iluminação Maçônica

Ao maçom é importante aprender a pensar assim como intuíram


os gregos e os iluministas: como Kant, com sua filosofia do esclareci-
mento "aufklärung", o "Sapere aude", o ouse saber: seguido por Ni-
etzsche, Auguste Comte e outros. Pelo que estes pensadores realiza-
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ram, às vezes até em oposição, percebe-se o quanto o uso da razão mo-


difica o pensamento e se adapta pela ação do livre pensador para cada
realidade na linha do tempo. Isso é a essência do método da Maçonaria
conhecido por Arte Real, que fala por símbolos em resultado da obser-
vação da Natureza. Tudo o que vem da Natureza é de inspiração divi-
na: linguagem metafísica que abre o pensamento para novos horizontes
e que tem a possibilidade de orientar as sociedades humanas para bons
pastos. Inspirada em ciências sagradas antigas e naturais que desper-
tam potencias intuitivas naturais para a condução do homem ao bem,
ao amor fraterno.
O maçom treina de forma eclética para, numa primeira instân-
cia, aprender a andar com seus próprios recursos e depois multiplicar o
conhecimento que livra os membros honestos da sociedade das ações
nefastas da prostituição das ideologias.
Por definição, naquilo que entende na iniciação, o maçom não
aceita que lhe ditem a verdade em qualquer aspecto ideológico, moral,
ético, político ou metafísico: pensamento é algo que se modifica ao
longo do tempo e as ideologias fechadas em si mesmas inserem com-
ponentes de totalitarismo, despotismo, paixão e extremismos.
Cabe ao maçom estar preparado para o que acontece e ainda es-
tá para se realizar. Já sabe que o conhecimento diferencia o homem dos
animais e que o estudo não é comportamento natural, nem é obtido por
carga genética, advém de treinamento intenso.
É dada ao maçom a oportunidade de libertar-se do sistema hu-
mano de exploração e degradação. Cabe ao maçom estar preparado
para não permitir que um grupo de poder submeta o homem à miséria,
à escravidão.
A sociedade está carente de líderes!
É necessário estudar, discutir, ler e acima de tudo ensinar. O
maçom não pode abdicar de ensinar, pois é ensinando que treina sua
capacidade de pensar. Só o conhecimento conduz o homem ao encon-
tro de sua plenitude.
Existe um forte compromisso com o futuro da humanidade. O
maçom é multiplicador da Iluminação, da capacidade de cada um an-
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dar com as forças de suas próprias pernas sem depender dos que nego-
ciam sua capacidade produtiva nos corredores dos poderes.
Cabe ao homem livre e de bons costumes viver a filosofia do
esclarecimento, da Iluminação, da Luz que vem da Arte Real Maçôni-
ca, pois só aquele que sabe pensar alcança a luz da sabedoria.
A luz da razão deve espancar as trevas da ignorância!
Usar a razão a serviço da sociedade!
Maçom!
Sapere aude!
Ouse saber!

Bibliografia

1. ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada, ISBN 978-85-311-1134-1, Socie-


dade Bíblica do Brasil, 1268 páginas, Baruerí, 2009.
2. CAPRA, Fritjof, O Ponto de Mutação, A Ciência, a Sociedade e a Cultura
Emergente, título original: The Turning Point, tradução: Álvaro Cabral, Newton
Roberval Eichemberg, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix limitada.,
448 páginas, São Paulo, 1982.
3. ESTULIN, Daniel, A Verdadeira História do Clube Bilderberg, título original: lá
Verdadera Historia del Club Bilderberg, tradução: Lea P. Zylberlicht, ISBN 85-
7665-169-6, primeira edição, Editora Planeta do Brasil limitada., 320 páginas,
São Paulo, 2006.
4. LARA, Tiago Adão, Caminhos da Razão no Ocidente, A Filosofia Ocidental do
Renascimento Aos Nossos Dias, segunda edição, Editora Vozes limitada., 176
páginas, Petrópolis, 1986.
5. MASI, Domenico de, A Emoção e a Regra, Os Grupos Criativos na Europa de
1850 a 1950, título original: L'emozione e lá Regola, I Gruppi Creativi in Europa
Dal 1850 Al 1950, ISBN 978-85-03-00612-5, primeira edição, Editora José
Olympio limitada., 420 páginas, Rio de Janeiro, 1989.
6. TOFFLER, Alvin, A Terceira Onda, A Morte do Industrialismo e o Nascimento
de uma Nova Civilização, título original: The Thrid Wave, tradução: João Távo-
ra, ISBN 85-01-01797-3, 21ª edição, Editora Record, 492 páginas, Rio de Janei-
ro, 1980.
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A Cultura Maçônica

Influência das variadas fontes da cultura maçônica


e sua consequência.

Origem do Conhecimento

O Universo material foi criado a partir do átomo pelo Grande


Arquiteto do Universo, do nada, do vazio, de forma magistral, assom-
brosa e aterradora. Sua arquitetura fundamenta-se numa diversificação
tão rica, que leva o entendimento humano à confusão ao ser confronta-
do com o caos desta aparente desordem.
Num esforço de ordenar a sua perturbação, a criatura humana
passa a estabelecer referenciais, criar padrões de: tempo, medida, sen-
sibilidade e probabilidade.
O resultado deste trabalho faz o homem movimentar-se no
Universo, modificar e transformar a obra original.
Gera com isto o conhecimento.

Cria a partir de pensamentos, modelos e referenciais, pois a


verdade nunca lhe é revelada de imediato.
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É apenas com o acumulo de conhecimentos, pelo uso da razão,


da intuição e do discurso que a realidade é entendida e revelada.

Intuição

Na intuição intelectual, o critério é a evidência, é aquela ideia


clara, que se impõem por si só à mente.
Na intuição pragmática, é exigido o aporte de um resultado prá-
tico.
A intuição lógica exige coerência.
Na busca do conhecimento buscam-se equilibrar: razão e intui-
ção, vivência e teoria, concreto e abstrato.

Teoria do Conhecimento

Para atingir a certeza da verdade, submete-se o pensamento ao


ceticismo, fundamentado na dúvida, na observação e na consideração,
ou ao dogmatismo, alicerçado em princípio ou doutrina.
A ideia na teoria do conhecimento segue:
 A linha do racionalismo, que a tudo submete à razão;
 Ao empirismo, que considera a ideia derivada da experiência
sensorial;
 Do criticismo que tenta equilibrar racionalismo e empirismo.
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Construção do Conhecimento

Alguém é levado a divulgar uma ideia de forma positiva e afir-


mativa a qual se denomina tese. Outra pessoa interpela este pensamen-
to, o absorve e critica com base em seu próprio referencial. Faz nova
proposta. Gera uma segunda ideia, a antítese. Juntando as duas ideias
de forma conciliadora e compositiva gera-se um terceiro pensamento,
que é diferente dos dois que lhe deram origem, obtendo-se a síntese.
Se o processo for repetido diversas vezes, gera-se infinito nú-
mero de ciclos de teses, antíteses e sínteses.

No fluxo do tempo estes ciclos geraram o conhecimento huma-


no que existe.

Simbolismo

Longe da confusão para entender as modernas teorias da com-


plexidade, o antigo egípcio desenvolveu o método de transmitir conhe-
cimento através da figura.
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Baseado na visualização do concreto, o observador desperta pa-


ra o aprendizado intuitivo intelectual.
Mesmo que o aprendiz seja de pouco ou nenhum preparo aca-
dêmico, ele é conduzido a um elevado grau de entendimento abstrato,
em tema até complexo, que faz despertar sua intuição sensível, intelec-
tual e inventiva.
Os pedagogos conhecem bem a técnica de transmitir conheci-
mento por associar a ideia a uma imagem real, pois auxilia na compre-
ensão e na memorização, e ao transmitir a informação assim, ela se
atualiza automaticamente, haja vista que fica alicerçada na evolução
geral de cada geração que a interpreta. Mesmo que a interpretação mu-
de, o símbolo nunca muda. A ideia original, a sua representação gráfi-
ca, o invólucro da ideia, acaba preservado ao longo do tempo.

E como a evolução do homem ocorre em diversos segmentos,


qualquer mudança afeta a maneira como um símbolo é interpretado.
Esta é a importância de nunca alterar ou modificar um símbolo
na Maçonaria; por exemplo, trocar a espada do guarda do templo, sím-
bolo da honra, por um fuzil AR-15; seria uma aberração.
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É a razão de a Maçonaria manter-se sempre atual: mesmo sujei-


ta ao vento da mudança, ela está sempre atualizada porque os seus
símbolos são mantidos inalterados, mas as ideias não.
Por estranho que pareça num primeiro instante, mesmo consi-
derada tradicionalista, conservadora, ela é progressista.
Tudo está condicionado ao fato de sua simbologia a tornar in-
sensível ao impacto da dinâmica social, tornando-a elegível a projetar-
se em futuro distante, porque sua simbologia é a mesma, mas a sua
interpretação é dinâmica no tempo e adapta-se à herança cultural de
cada individuo e de cada segmento da história.
Convém observar que entre dois símbolos usados pode estar
um século e até um milênio de transformação e adaptação histórica,
bem como grande espaço geográfico. E de nada adianta tentar alcançar
sua origem porque a transformação do pensamento conectada com um
símbolo muda permanentemente, a cada instante, de pessoa para pes-
soa, de cultura para cultura.

Dinâmica do Conhecimento

Assim como o átomo, a oficina maçônica que para no tempo fi-


ca vazia.
Se for dinâmica e operosa, reflete a luz do conhecimento e pro-
duz pessoas de valor com sua metodologia baseada em símbolos. E o
maçom deve treinar capacidades para enxergar além dos símbolos.
A Maçonaria é uma escola de conhecimento que ensina moral e
desenvolve qualidades sociais e espirituais.
É instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade pe-
lo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela
igualdade e pelo respeito ao pensamento de cada membro da fraterni-
dade.
Sua alegoria ensinada por símbolos leva o diligente estudante a
desenvolver e elevar a consciência de seu dever na sociedade e na fa-
mília, constituindo a base da cultura que enriquece sua mente. Está
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assim equipado para conquistar respeito e admiração do meio social


em que está inserido, onde sua ação positiva o faz progredir em sentido
financeiro, político, moral, emocional, material, espiritual, enfim, em
todos os seus valores.
E este conhecimento o aperfeiçoa e motiva a tomar seu lugar na
sociedade humana para transformá-la em resultado de seu trabalho.
Seu diligente preparo o afasta da aviltante ignorância que tanto
prejudica a sociedade. Equipado, equilibrado, devotado, generoso, li-
vre, igual, praticando a virtude, reprimindo o vício, auxiliando seu ir-
mão, a quem está ligado por laços de amor fraterno, contribui para a
humanidade tornar-se pacífica, mantem o povo emancipado e progride
em todos os sentidos.
O amor fraterno é a única possibilidade de solução de todos os
problemas da humanidade de forma cabal. É pedra angular e o alicerce
da Sublime Instituição.

Origem da Simbologia Maçônica

A Maçonaria não gerou sua própria simbologia e neste sentido


tem pouca autenticidade.
A maioria dos símbolos que usa é copiada, absorvida de outras
culturas, de outras linhas de pensamentos e influências.
Observado de ótica isenta de mitos e ficções, quando se afirma
ser ela originária dos tempos em que se construiu o templo em Jerusa-
lém, isto é apenas expressão simbólica! Tudo não passa de lenda para
abrilhantar a mensagem composta de alegorias e símbolos.
Na dinâmica do tempo, esta alegoria veio a estabelecer-se como
verdade indiscutível, dogmática, e sabe-se que, por princípio, a ordem
maçônica não tem dogmas. É em sua flexibilidade que se baseia sua
riqueza cultural. Se não for elástica, tolerante, com certeza quebra,
entra em colapso.
A Maçonaria não é formada por um grupo social que vive iso-
lado, ou que defende dogmas autônomos: ela é resultado da massa da
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sociedade como um todo, daí sua capacidade de penetração. Ao ser


tolerante, admite toda linha de pensamento que venha ao encontro da
construção de homens que submetem sua cognição e emoção à sua
espiritualidade. Mesmo que todos os símbolos por ela usados para in-
terpretar o universo sejam originários de outras culturas, estes foram
introduzidos intencionalmente, com o objetivo de torná-la ágil, elegan-
te e adaptável na linha do tempo.

Fontes da Cultura Maçônica

Podem-se citar algumas fontes principais de onde foi importada


a sua cultura:

Alquimia

Com seu caráter altamente místico, gerou farta simbologia da


qual a Maçonaria se apropriou.
A melhor herança que a ordem obteve desta ultrapassada ciên-
cia foi o cultivo do amor fraterno, o "ouro potável" que nada mais é
que um coração que extravasa "amor".
Foi ciência dedicada principalmente em descobrir uma substân-
cia que transmutaria os metais mais comuns em ouro e prata, e a en-
contrar um meio de prolongar indefinidamente a vida humana.
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Predecessora da química.

Arquitetura

Na Maçonaria é a sua arte básica.


A grande preocupação da Ordem é a construção do homem
completo em todas as suas dimensões: física, emocional e espiritual.
O templo maçônico é a representação do homem símbolo den-
tro do qual cada maçom busca se conhecer por dentro. Entrar no tem-
plo significa literalmente entrar em si mesmo para se autoconhecer.
Razão porque para o maçom o templo de sua loja é lugar sagrado e
onde entra sempre bem trajado: normalmente vestindo terno e gravata,
além do avental que representa o trabalho em si mesmo.
Por simbolizar o trabalho planejado, a semelhança de aperfei-
çoar o homem através de trabalho constante e digno, usa a energia do
grupo para gerar homens mais fortes e corretos.
Na construção destes homens melhorados sempre há algo para
fazer, refazer, realizar e aperfeiçoar, tudo no encontro de sua própria
felicidade.
Fica evidente que na criação do homem completo e livre tudo
depende do esforço individual.
Esta arte é o resultado do trabalho do arquiteto e mesmo a cons-
trução do Universo, da Terra, visões e sonhos possuem projetos e defi-
nições baseadas na arquitetura.
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Astrologia

Na Maçonaria o único uso que se faz da ciência dos astros, da


antiga Astronomia, é nas manifestações artísticas das abóbadas celestes
pintadas nos templos, onde aparecem constelações de estrelas, o sol e a
lua, para demonstrar que o maçom está inserido no universo, filho do
Todo.

Significa também que o templo não tem teto, onde, para o


Grande Arquiteto do Universo tudo é revelado.
Possibilita ao maçom criar a visão interna de si mesmo, visto
como um pequeno universo, cópia do Universo.

Cabala

A Maçonaria tentou incluir o conhecimento esotérico hebreu da


Cabala em seu meio, porém, sem muito sucesso.
É o ensino judaico da tradição de Jeová, o Deus dos judeus.
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Em seu meio existe são encontrados excelentes cabalista, mas


formam grupo isolado devido à complexidade e falta de base linguísti-
ca hebraico-aramaica.
Seria o princípio de toda expressão religiosa, porém, esta ape-
nas serve para alguém que conheça a língua hebraica onde existe uma
relação numérica entre o som de cada letra do alfabeto e um número.
Para os acidentais existe a Numerologia que pretende fazer algo
parecido.

Cristianismo

Está filosoficamente ligado aos graus do Rito Escocês Antigo e


Aceito. Em todos eles existem elementos que remetem aos textos da
bíblia judaico-cristã.
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Egito

Contribuiu com sua mitologia e religião com farta simbologia


para a Maçonaria.
Berço das primeiras sociedades iniciáticas.

Geometria

É a ciência que provê boa parte de todo o simbolismo da Ma-


çonaria, associada à Arquitetura, arte principal da Ordem.
Parte da interpretação dos símbolos geométricos ligados à Es-
cola Pitagórica, numerologia, alquimia e mestres construtores da Idade
Média.
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O Grande Arquiteto do Universo é considerado o Grande Geô-


metra.

Hermetismo

Maçonicamente é apenas referencia histórica à tradição primiti-


va dos alquimistas.
Relaciona-se ao estudo dos arcanos, vulgarmente conhecidos
como as lâminas do Tarô, onde está simbolizada toda a cosmogênese e
antropogênese da antiguidade.
Foi uma "doutrina" esotérica baseada na revelação mística da
ciência, ligada Hermes Trismegisto, antigo iniciado do Egito.
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Hinduísmo

Mesmo sem relação com a Maçonaria, influi nela com a mani-


festação da cultura hindu através da filosofia brâmane e vedanta.

Judaísmo

As lendas Maçônicas do Rito Escocês Antigo e Aceito estão


alicerçadas nas escrituras da bíblia judaico-cristã e seus rituais estão
ligados aos princípios religiosos judaicos.
É base do desenvolvimento da religião cristã e berço da Maço-
naria.
As escrituras gregas, ou cristãs, estão profundamente ligadas às
escrituras hebraicas e à Tora.
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Numerologia

Na Maçonaria é estudada em profundidade e está bastante ar-


raigada nos rituais.
É a ciência que define o valor dos números.
Avalia o número em seu aspecto qualitativo, mágico e filosófi-
co.
Pitágoras foi sua maior expressão e é básica na aritmética e na
Cabala.

Rosacrucianismo

Fraternidade às vezes confundida com Maçonaria.


Até possui relação com ela, pois o Martinismo é a pratica da
Maçonaria nos moldes daquela organização.
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A Maçonaria assimilou a cultura Rosa Cruz em alguns dos


princípios esotéricos.
É ordem secreta e esotérica oriunda do intuito de cristianização
dos mistérios egípcios.
Grande parte dos símbolos usados pela Ordem maçônica é ori-
unda desta vertente.
O Rito Escocês Antigo e Aceito tem graus filosóficos que refe-
renciam esta vertente.

Templários

Poderosa ordem militar, intelectual, religiosa e econômica do


século XII.
Sua finalidade foi a de proteger os peregrinos que se dirigiam
ao santo sepulcro.
A Maçonaria incorporou grande parte da cultura, e enriqueceu a
sua filosofia a partir das heranças culturais deixadas pelos Cavalheiros.
Existem especulações que seriam os remanescentes desta Or-
dem a raiz da Maçonaria.
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Zoroastrismo

Existem teorias de que algumas das tradições maçônicas sejam


originárias desta religião, resultado da designação de todos os sucesso-
res de Zaratustra, o grande legislador persa e seu fundador.

Outras Influências

Agnosticismo, Antropologia, Aritmética, Arqueologia, Astro-


nomia, Biologia, Chacras, Escultura, Filosofia, Geografia, Gramática,
Lógica, Logosofia, Matemática, Mitologia, Música, Ontologia, Pintura,
Poesia, Retórica, Sociologia, Teologia, Teosofia, Vedas, E outras.
Muitas são influências da cultura maçônica, e mesmo tendo acesso a
tudo isto, é necessário que ao final, cada maçom se torne bom, sábio e
virtuoso, e para isto, cultura sozinha não é suficiente.

Espiritualidade

É necessário que o homem seja moldado internamente. E isto


ele deve desejar ardentemente, deve ser seu principal alvo, senão toda
esta cultura é inútil, uma frustrante tentativa de alcançar o vento na
corrida.
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Ser bom até pode ser característica da própria pessoa, ser virtu-
oso é o resultado de disciplina enérgica, mas a sabedoria, esta exige,
além de cultura e conhecimento, colocar em prática tudo o que apren-
deu de forma inteligente e racional.
Para crescer como homem há necessidade do maçom tornar-se
amigo da sabedoria - filós + sófia - praticar a especulação filosófica
que se utiliza da simbologia de sua vasta influência cultural provinda
de diversas vertentes do conhecimento humano.
A especulação filosófica praticada pelo maçom tem por objeti-
vo extrair de dentro do homem-ego - objeto, escravo, profano, primiti-
vo - o homem-eu - racional, espiritual, iniciado, cósmico -, a essência
do que, de fato, o homem é.
O maçom vive numa fase intermediária de seu desenvolvimen-
to em busca da verdade. Ajuda-o a amizade que tem pela sabedoria;
está consciente do caminho certo e nunca tem certeza da verdade que
deduz com auxílio da eclética cultura que o cerca. A dúvida é sua
companheira porque é isto que a simbologia lhe ensina e ele apreende.
Com a ajuda do que lhe inspira o conceito de Grande Arquiteto
do Universo não tenta provar a existência de Deus, o que o tornaria
ateu, nem constrói Deus a partir de conceitos humanos, físicos ou ma-
temáticos, o que o tornaria idólatra, mas desenvolve espiritualidade a
partir da comprovação da paternidade do Grande Arquiteto do Univer-
so.
Com a cultura maçônica somada a sua espiritualidade o maçom
se autorealiza proclamando a soberania do espírito sobre a matéria.
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Sabe que não é a matéria inconsciente que o escraviza, mas sua mente
egoísta consciente que o submete a paixões e vícios. Busca a luz que
ilumina e vivifica o espírito, a razão de ser e energia vital de sua vida.
Munido de sua herança cultural, possuidor da liberdade com
que foi criado pelo Grande Arquiteto do Universo, o homem conquista
sua libertação, sua autorealização.

Bibliografia

1. BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Segundo as Regras da Simbólica


Esotérica e Tradicional, título original: lá Symbolique Maçonnique, tradução:
Frederico Ozanam Pessoa de Barros, ISBN 85-315-0625-5, primeira edição, Edi-
tora Pensamento Cultrix limitada., 400 páginas, São Paulo, 1979;
2. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira
edição, Madras Editora limitada., 413 páginas, São Paulo, 2001;
3. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios,
seus Ritos, sua Filosofia, sua História, quarta edição, Editora Pensamento Cultrix
limitada., 550 páginas, São Paulo, 1989;
4. PUSCH, Jaime, ABC do Aprendiz, segunda edição, 146 páginas, Tubarão Santa
Catarina, 1982.
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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Educação Natural na Maçonaria

A escola pública, na maioria dos países, não contempla a edu-


cação natural, aquela que organiza os valores e princípios internos,
preconizada pelo Movimento Iluminista, cujas bases foram lançadas
por Rousseau (1712-1778) e complementadas por Kant (1724-1804). A
educação que humaniza o homem não existe na escola pública moder-
na, em todos os países. A escola pública gratuita está voltada mais para
a transmissão de conhecimento que para a formação do homem inte-
gral. Inclusive é negligente com a formação humana nos aspectos de
incutir valores e princípios.
O homem não é treinado para pensar, meditar, desenvolver vir-
tudes, emoções, espiritualidade, mas para ser escravo do próprio ho-
mem.
Com raríssimas exceções, escolas particulares educam de fato,
incutem valores e espiritualidade junto com a formação para o merca-
do de trabalho. Mas estas escolas normalmente estão fora da realidade
econômica da maioria da população.
A transmissão de conhecimentos está voltada para o Comércio
e a Indústria, requisitos do Capitalismo, que exerce domínio absoluto
em todos os níveis, em todas as escolas públicas ou privadas. Ganho
financeiro é poder ao qual o homem se submete e tudo que vier em sua
contramão não o motiva. O homem negligencia-se em sua trajetória
pela vida e se favorece o aparecimento de criaturas com graves crises
existenciais, frustradas de tal forma que chegam a não dar mais o devi-
do valor à própria vida.
Vive-se o momento e apenas para si mesmo. Os próprios filóso-
fos alardeiam que a vida humana não tem finalidade alguma, que em
sua jornada pela biosfera o homem é apenas objeto de eventos aleató-
rios. Sem a educação natural o homem está condicionado a apenas
gozar da vida e fugir das vicissitudes ao invés de enfrentá-las.
A única perspectiva futura daquele que não obteve este tipo de
educação é de sumir no nevoeiro do tempo de onde lhe foi dito que foi
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gerado a partir da evolução de bactérias, algas, fermentos, fungos, es-


ponjas, águas-vivas e vermes, para uma não existência, um esqueci-
mento eterno.
Abrir escolas incentiva a ciência, mas não intensifica a consci-
ência: sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano viven-
ciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu
mundo interior. Na existência de mais consciência, o número de vagas
ocupadas nas cadeias diminuiria. Mesmo toda a informação e ciência
produzidas pelas escolas podem fechar uma prisão sequer se a socie-
dade não se conscientizar da necessidade do desenvolvimento da cons-
ciência, da moralidade e do bem.
O que antigamente era desenvolvido no seio da família deveria
ser ministrado na escola pública, já que pai e mãe, quais escravos, são
obrigados a trabalhar debaixo do sistema. Entretanto, a escola pública
limita-se em transmitir conhecimento voltado para mercado de traba-
lho que escraviza, enquanto o treinamento das emoções, sentimentos,
sentidos e instintos são negligenciados.
Hoje no Brasil o conceito de família não existe mais em termos
naturais da união de homem com mulher: existe a figura do cuidador
para estender o conceito aos gays; existe até projeto para a legalizar do
matrimônio bestial entre humanos e animais. Em todas as civilizações,
a degradação da família natural foi sintoma do fim de cada uma das
sociedades onde tal degradação se manifestou. O conceito de família é
desmontado para acabar com o patrimônio: já que acabar com o patri-
mônio por decreto mostrou ser prejudicial à concentração do poder
político.
Ações, que o bom senso recomenda como fundamentais para
diminuir o número de presidiários e gerar cidadãos felizes, equilibra-
dos e socialmente integrados, não existem.
A educação dos potenciais latentes em cada um aproximaria o
homem de sua condição humana, mas o que se observa no Brasil é a
bestificação das relações humanas com vistas à conquista do poder
político e para o qual o maçom deve ficar atento.
Educação é consciência, instrução é ciência: ambas sustentam o
corpo; a mais importante é a invisível consciência.
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Nem religiões, e muito menos governos tratam a educação com


a seriedade que deveriam.
Governos querem transmitir instrução, religiões restringem-se a
moral e assim o homem fica incompleto.
Descartes (1596-1650) disse:
"Toda a filosofia é como uma árvore: as raízes são
a metafísica, o tronco é a física e os ramos são todas as
outras ciências".
Usando deste pensamento, o homem moderno está incompleto
na raiz.
Não existe alicerce!
Aquilo que não se vê, sabe-se que existe, mas fica enterrado
dentro da pessoa. A escola constrói o homem material, apenas o que da
árvore aparece acima do solo; preocupa-se apenas com tronco e folhas.
As raízes são complexas necessidades que dão razão para viver e não
se restringem apenas à moralidade.
A religião deveria preocupar-se com o alicerce e completar o
que está invisível, mas isto não acontece! Centenas as religiões apenas
exploram as pessoas em seus metais e as enganam com fantasias. Du-
rante um curto espaço de tempo até é possível enganar alguns, mas é
difícil manter mentiras por muito tempo. Acrescente-se que todas as
religiões fundamentam seu poder no medo de muitos e na inteligência
de um grupo reduzido que lhes definem os descaminhos, sempre volta-
dos ao domínio e opressão pelo medo.
Todos os esforços, da absoluta maioria das religiões, estão vol-
tados para um aviltante senhor e único amo: o valor financeiro. A reli-
gião coloca de um lado um diabo e de outro um salvador. Enquanto um
leva o homem à perdição o outro supostamente o resgataria. Em grosso
modo, as maquinações teologais buscam fora do homem a solução de
suas incertezas e angústias existenciais: só se manifestam se sua ação
for possível de converter em ganho de qualquer natureza; principal-
mente financeira e política.
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Diante desta realidade, que é constante em todas as civiliza-


ções, não se constrói ou se fortalece a raiz, o alicerce invisível que
mantém o homem de pé frente às tempestades e incertezas da vida.
Fica o homem jogado de um lado ao outro ao sabor de tentações e re-
denções.
Na ausência de formação integral e do despertar da consciência
o desenvolvimento do homem fenece e de sua essência lhe apodrece a
raiz nos porões da sociedade, raízes atadas por inquebrantáveis gri-
lhões; indestrutíveis porque são usados voluntariamente, no exercício
do livre-arbítrio.
A consequência do livre-arbítrio é o homem ser o único ator da
construção de sua vida e responsável tanto pelo mal como pelo bem
que produz. Ele é responsável por todas as suas ações, independente de
prêmio ou castigo, Céu ou Inferno, ser bom ou mau. Se o homem não
gozasse de projeto que o criou livre e independente, de nada serviria
educação de qualquer tipo; bastaria seguir o que lhe fosse ditado pelos
instintos.
Mas não é assim!
O homem é responsável por sua história porque foi dotado de
livre-arbítrio e nenhum intermediário, homem santo ou clérigo religio-
so o poderá salvar; nem mesmo Deus interferirá, porque o Grande Ar-
quiteto do Universo criou o homem independente, livre, dotado de
livre escolha. Se o Criador interferisse nas ações da criatura seria como
admitir a existência de erros em seu projeto.
É devido a isto que a Maçonaria ensina que liberdade vem
sempre acompanhada de responsabilidade.
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Quem julga é apenas o homem. O Criador não julga a ninguém


e muito menos deixaria sua criação queimar pela eternidade num mar
de enxofre e fogo.
Quem escraviza é o próprio homem.
E o que é ilógico, o homem escraviza a si mesmo.

Ao longo da história homem vem explorando homem em seu


próprio prejuízo.
É dominado à força ou se deixa dominar em virtude de suas li-
mitações e vícios.
No convívio social eclodem choques de todos os tipos. A vio-
lência alcançou patamares insustentáveis. Se buscadas razões fora de
si, a culpa pela violência é do meliante que pratica a violência. Mas ao
lume da fria razão a culpa é partilhada com o omisso que se prende
atrás das grades e muros de seu castelo, pensando que isolando a vio-
lência lá fora será poupado de sua ação.
Diz o sábio que o silêncio dos bons é tão responsável pela mal-
dade quanto o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos
sem caráter, dos sem ética. Será que os maus ainda constituem mino-
ria? O problema é que a sociedade está cada vez mais tolerante e omis-
sa no tratamento com o mau.
O egocentrismo cria legiões de omissos e materialistas.
Resguardam-se na ilusão de que o mal nunca cairá sobre eles e
por covardia e omissão deixam o mal crescer. Mas como a realidade
mostra, o mal sobrevirá para todos os que o provocam, seja por ação
ou por omissão.
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O cidadão bom está por detrás das grades enquanto o meliante


está do lado de fora tentando levar vantagem. A sociedade corre atrás
de corrigir o mal depois de feito e pouco se faz de forma preventiva
através da educação.
Se o homem fosse apenas produto do meio de nada adiantaria
também qualquer tipo de educação. Seria simplíssimo! Para resolver os
problemas de violência bastaria modificar as circunstâncias do meio
em que o homem vive. Afastá-lo da sociedade que o perverte; como o
Emílio descrito por Rousseau.
Se apenas o meio modificasse o homem para o bem, então todo
maçom seria só candura! Mas a realidade não é assim! Ser bom ou
mau é questão de escolha, de exercer o poder do livre-arbítrio para o
bem ou para o mal, e isto é modificável pela educação. Incentivados
pela Maçonaria, autoconhecimento e autorealização são caminhos para
amenizar o mal porque usam do poder do livre-arbítrio do próprio ho-
mem para o bem.
Na política, o nebuloso clima de corrupção e a sensação de im-
punidade deixam a todo bom cidadão desalentado. Isto porque o ho-
mem transfere poder aos maus ao vender seu voto. Desta forma os
maus estão no poder criando leis cada vez mais complexas e intrinca-
das de modos que ao meliante fica fácil constituírem defensores ma-
treiros que os defendam na corrompível Justiça.
E para complicar ainda mais, a Justiça brasileira é tão lenta em
responder aos anseios do bom que é como se ela sequer existisse. A
sensação de impunidade é insuportável!
Se a escola pública realmente educasse o homem conforme
preconizado pelos iluministas, e não apenas o instruísse para o trabalho
assalariado, a forma de escravidão moderna, a realidade social seria
diferente.
A Maçonaria oferece a educação natural. basta ao maçom apro-
veitar da oportunidade oferecida e partir para se auto-educar nos mol-
des ditados por homens como Rousseau e Kant. O ideário educacional
iluminista traçou o caminho de uma época de escravidão ao absolutis-
mo imperial e clerical e pavimentaram caminhos para a Democracia e
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o Capitalismo, realidades que apresentam hoje outras nuanças e difi-


culdades.
Os eventos que sucederam os ideários humanitários e pacifistas
dos iluministas tornaram-se sucessões de impérios de terror e amargu-
ras. Para os iluministas do Século das Luzes a violência desencadeada
depois de sua atuação destruiu os resíduos de esperança que ainda lhes
restavam. Foram revoluções e guerras globais revestidas de muita mal-
dade, do jorrar de muito sangue inocente, de acendimento e manuten-
ção de muito ressentimento.
A paz só é mantida pela guerra; são guerras preventivas em to-
dos os quadrantes do Orbe.
A constante é sempre o homem explorando o próprio homem.

Quantos hoje são os que seguem a única lei, a do amor fraterno,


ditada por grandes iniciados do passado? Ritualística, simbologia e
alegorias são ferramentas pedagógicas da Maçonaria programadas co-
mo portadoras de mensagens de homens do passado para os homens ao
futuro, que é o hoje. A educação natural preconizada por Rousseau e
Kant ainda está em sintonia com a dinâmica social de nossos dias. Ca-
be ao maçom usar da oportunidade que a ordem maçônica oferece e
desenvolver em si consciência e valores morais com vistas à sabedoria
que conduz a felicidade da humanidade.
É a razão de ser designado construtor social.
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O bom senso indica que a tarefa do malho e do cinzel ainda não


terminou. Cabe ao maçom morrer e renascer diversas vezes e ressurgir
sempre renovado de dentro da pedra bruta e disforme para servir de
pedra angular na construção de templos vivos, purificados da maldade
que o homem desenvolve quando se sociabiliza.
Certamente o Grande Arquiteto do Universo, através daquilo
que inspira o maçom a pensar com sabedoria, proverá as Luzes neces-
sárias para iluminar os caminhos do futuro e usar da Sublime Institui-
ção para a libertação do homem dominado pelo próprio homem.

Bibliografia

1. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, História da Educação e da Pedagogia, Geral


e Brasil, ISBN 85-16-05020-3, terceira edição, Editora Moderna limitada., 384
páginas, São Paulo, 2006.
2. ROHDEN, Humberto, Educação do Homem Integral, primeira edição, Martin
Claret, 140 páginas, São Paulo, 2007.
3. ROUSSEAU, Jean- Jacques, Emílio ou Da Educação, R. T. Bertrand Brasil,
1995.
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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Herança Educacional Iluminista

Foram significativas as mudanças que se manifestaram na Eu-


ropa durante o século XVIII, e entre estas surgiu a Maçonaria Especu-
lativa (1717), como parte ativa do processo de gradativa migração do
poder para a burguesia, concentrado até então na nobreza e no clero. O
Teocentrismo Medieval, Deus como centro de tudo, há muito instigava
ao lançamento de ideias que fortaleciam o poder do cidadão. Aos pou-
cos o poder absoluto sobre o cidadão foi desaparecendo e definiram-se
os contornos da República. Na época, por herança de práticas e costu-
mes medievais, os nobres viviam à custa dos esforços de outros cida-
dãos da sociedade, o que prejudicou o nascimento da indústria e difi-
cultava o livre comércio.

Com a invenção e desenvolvimento da máquina a vapor entre


1765 e 1790, por James Watt (1736-1819), se estabelece o início da
Revolução Industrial, marca do fim do poder de imperadores e papas, e
nascimento do poder do povo. Os burgueses, na Revolução Francesa
(1789-1799), usaram de palavras cunhadas por Rousseau (1712-1778)
que estabeleceram princípios de liberdade, igualdade e fraternidade
através das luzes, divisa usada até hoje pela Maçonaria. Onde a Luz
dos iluministas significava o conhecimento em resultado do uso do
poder da razão humana de interpretar e reorganizar o Universo.
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O Movimento Iluminista visava inicialmente à liberdade de


pesquisa científica, ação que, através de Rousseau, estendeu-se depois
para a educação natural com ênfase no condicionamento moral e cívi-
co.
O Século das Luzes teve inúmeros mentores, cuja ampla maio-
ria concordava que, em resumo, apenas o conhecimento poderia pro-
porcionar os meios para livrar os homens das garras do poder absoluto
que embotava o desenvolvimento. Qualquer poder estabelecido sabe, e
a Maçonaria promove, que um povo instruído e educado é mais difícil
de conduzir com dogmas e crendices, mas é mais feliz porque assume
o controle da sua convivência pacífica na sociedade.
O Liberalismo foi outra forte movimentação da burguesia. Atu-
ando na economia, François Quesnay (1694-1774) e Adam Smith
(1723-1790) representam as aspirações do cidadão em gerenciar seus
próprios negócios sem a interferência do Estado. Defendia-se a eco-
nomia perseguindo caminhos ditados por leis naturais, onde a figura de
um Estado intervencionista não existe. Na política, os mesmos ideais
liberais lutavam de todas as formas contra o Absolutismo. Na moral
buscavam-se formas laicas de tornar naturais as ações do comporta-
mento humano.
Por conta de abusos clericais e da Inquisição, que durou mais
de seiscentos anos, de 1183 até 1821, o Iluminismo rejeitava a adesão
à religião. Principalmente às filosofias religiosas povoadas de fantasias
e alegorias ilógicas e impostas como verdades, que pelo aspecto veros-
símil são colocadas como fatos verdadeiros ao invés de declaradas de
origem ficcional, apenas para fins de ilustração de verdades e filosofi-
as.
Os iluministas combatiam os dogmas que em religião estabele-
cem invenções forçadas, inverossímeis, determinadas por decreto pela
autoridade religiosa como verdade divina revelada e que o adepto tem
por obrigação acatar; são imutáveis; verdades absolutas que sequer
permitem discussão, nem mesmo pensar em contestação; imposição
que determina como o adepto deve pensar e até sentir.
Foi contra as religiões que impõem dogmas e fantasias, que os
iluministas se rebelaram; não eram ateus, muito ao contrário! - Isto,
mesmo hoje, não passa de acusação leviana, falsa e insidiosa de parte
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dos detratores do Iluminismo. Defendiam o aporte de religião natural,


com orientação mais racional de fé, ou crença naquilo que não é visto e
ser apenas sentido ou intuído. O maçom desenvolve fé alicerçada na
razão.
Bastava-lhes a fé num princípio criador - semelhante ao que era
percebido pelo pensamento lógico do homem da natureza, o qual per-
cebia a impossibilidade de sua existência ser obra do acaso; para o qual
é aceitável a existência de uma mente criadora lógica e orientadora da
exuberante e diversificada natureza que o cercava e servia; e com a
qual vivia em dependência.
Hoje se reconhece a simbiose evolutiva como obra criativa, on-
de a criação é resultado da cooperação e co-evolução das células em
processos evolutivos cada vez mais intrincados e complexos, orienta-
dos por leis definidas por uma Mente Orientadora, conceito ao qual o
maçom denomina Grande Arquiteto do Universo.
O Iluminismo influenciou o Deísmo, doutrina que considera a
razão como a única maneira de assegurar a existência de Deus. Princi-
palmente por isto, os detratores do Iluminismo acusaram o movimento
de introdutor do ateísmo na sociedade moderna, entretanto, aquele mo-
vimento defendia a religião natural, sem dogmas e fanatismo. Para o
iluminista, Deus é o Primeiro Motor, o Supremo Criador.
Desta magnífica ideia a Maçonaria, que não é religião, herdou o
conceito Grande Arquiteto do Universo, o que possibilita a reunião de
diversas linhas filosóficas e religiosas num mesmo foro de debate, que
de forma proativa discute os problemas da sociedade e do homem; ato
impossível para outras instituições, mormente religiões que nunca se
entendem e provavelmente nunca chegarão a acordos fraternos na so-
lução de qualquer problema devido ao ódio que nutrem entre si e aos
que não concordam com seus dogmas.
Na prática maçônica, as proibições de discussões religiosas na-
da têm de incentivo ao ateísmo, mas têm por finalidade afastar o ma-
çom de discussões vazias dentro do pântano do fundamentalismo reli-
gioso e o conduzir para a espiritualidade natural, respeitando crenças e
a religião de seus irmãos, independente de qual seja.
O ateu não é recebido pela Ordem Maçônica.
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Para entrar na Maçonaria são exigidas as crenças num Princípio


Criador e numa vida futura.
Ambos são dogmas.
As duas crenças estão alicerçadas em fé raciocinada de que:
 O Universo organizado só pode ser o resultado de pensamento
lógico;
 A vida consciente é ilusão energética que tem uma finalidade
de ser, como resultado igualmente de pensamento lógico;
 O Universo é feito de energia, tudo é energia, conforme a Físi-
ca Quântica, lentamente, engatinhando, comprova cientifica-
mente;
 Em níveis energéticos ainda desconhecidos pode existir a liga-
ção com a fonte da vida ao que se denomina genericamente no
conceito de Grande Arquiteto do Universo;
 Existe possibilidade de vida, de consciência, após a existência
nesta forma energética que transmite uma ilusão de existência
material para outra mais sutil.
Nada é descartado! Nada é afirmado. Tudo é duvidado. Para
tudo o maçom especula em busca de explicação, da verdade. E mesmo
esta verdade é, de tempos em tempos, questionada. O maçom é o resul-
tado da libertação de eras de obscurantismo. A dúvida é constante. O
maçom é por natureza um herege. É filho da heresia.
Alicerçado em ciência, para o maçom a espiritualidade é parte
do corpo, é sentida como a plenitude da mente e do corpo; mente e
corpo vivos, formando unidade. De alguma forma a energia que a sua
consciência e corpo tem ligação energética com o Universo. Os mo-
mentos de consciência espiritual são observados como unidade, uma
percepção de pertencer ao Universo como um todo. A Loja estabeleci-
da é representação deste Universo, o útero da criação, de onde o ho-
mem é parte integrante do todo. Quando o maçom contempla a Loja
como representação do Universo, percebe que não está lançado em
meio ao caos. "Ordo ab Caos", ordem no caos, é sua divisa e inspira-
ção de que é parte de um projeto maior, de uma ordem mais elevada,
parte integrante de uma imensa sinfonia da vida conduzida pelo Gran-
de Geômetra, o Maestro da Criação e Grande Arquiteto do Universo.
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Para facilitar o entendimento de especulações científicas com-


plicadas da área da Física Quântica que consideram quantas, isótopos e
outras partículas, a projeção de vida futura é construída no fato de que
o corpo nunca morrerá e remanescerá vivo, mesmo depois que o corpo
se desfizer em seus elementos moleculares a vida continua. Como?
Isso fica por conta da filosofia, porque no momento em que ficar com-
provada a verdade especulada ela deixa de ser filosofia e passa ao
campo da ciência.
E não apenas o sopro da vida, que é comum a todos os seres vi-
ventes, continua vivo, mas também os princípios da organização vital
dos seres viventes da biosfera. É esta consciência de ser parte do Uni-
verso, de ser esta a sua casa, é desta sensação de pertencer, de ser parte
do todo que desperta no maçom o mais respeitoso e profundo sentido
para a vida.
Quando na Maçonaria a Bíblia Judaico-cristã é utilizada na
construção de parábolas e alegorias, na representação de pensamentos
e ideias de forma figurada, os textos são utilizados apenas como refe-
rência para a criação de estórias. As alegorias copiadas e depois adap-
tadas são pura ficção! Verossimilhança que serve apenas de suporte
para a criação de parábolas que auxiliam na especulação do conheci-
mento natural; esta utilização é deixada bem clara para todos; é a cul-
tura da Maçonaria voltada para a liberdade; educação natural criada
por Rousseau (1712-1778) e complementada por Kant (1724-1804).
Por outro lado, a mesma Bíblia é utilizada nas atividades litúr-
gicas das lojas formadas por irmãos de religiões cristãs como livro da
lei, a mais alta e sagrada representação do grupo, sobre a qual se fazem
juramentos e promessas, e da qual se extraem pensamentos e sabedo-
ria; o maçom cristão é constantemente instigado a usá-la como fonte de
inspiração no trabalho na pedra; na absoluta maioria dos ritos, nenhu-
ma sessão maçônica inicia sem que um trecho da mesma seja lido no
momento mais solene de abertura ritualística dos trabalhos.
A liturgia e instrução maçônica constam de alegorias definidas
em todos os aspectos como invenções, historinhas, fantasias, de uso
puramente pedagógico e com o único objetivo de construir novas idei-
as pelos eternos ciclos de construção do pensamento.
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Estes ciclos, que Hegel (1770-1893) definiu como Contradição


Dialética, constituída de: tese, antítese e síntese é a base do desenvol-
vimento de todo o conhecimento humano: tese é a afirmação; antítese a
negação ou complementação da tese; síntese a superação da contradi-
ção; é quando surge uma nova e inusitada ideia, diferente da primeira e
da segunda. Então se inicia um novo ciclo de tese, antítese e síntese. E
o processo não tem fim.
É o que ocorre nos debates da Maçonaria onde, através da edu-
cação natural, se constroem templos, templos vivos e livres.
Estes são alguns dos aspectos do movimento Iluminista que in-
fluenciaram a Maçonaria quando de sua fundação como instituição
especulativa.
Mesmo bebendo de inúmeras outras fontes de inspiração sim-
bólica e alegórica foi esta a origem de que a Ordem Maçônica se utili-
zou para promover a volta do homem natural perdido desde Atenas,
Grécia antiga, reportado por Platão em "A República".
Na Maçonaria o homem moderno tem a oportunidade de recu-
perar o que perdeu em virtude do desmonte da escola hodierna, colocar
os pés no chão, trabalhar seu templo vivo, dentro de um templo mate-
rial, edificado pela Maçonaria praticamente só para a sublime finalida-
de do homem se autoconstruir.
Mas é dentro do grande templo da sociedade, um templo vivo
feito por homens naturais que cada artífice trabalha na pedra, e com a
sabedoria da razão, a força da vontade, ele constrói a sua beleza interi-
or para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo!
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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Bibliografia

1. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, História da Educação e da Pedagogia, Geral


e Brasil, ISBN 85-16-05020-3, terceira edição, Editora Moderna limitada., 384
páginas, São Paulo, 2006.
2. CAPRA, Fritjof, A Teia da Vida, Uma Nova Compreensão Científica dos Siste-
mas Vivos, título original: The Web of Life, a New Scientific Understandding
Ofliving Systems, tradução: Newton Roberval Eichemberg, ISBN 85-316-0556-
3, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix limitada., 256 páginas, São Pau-
lo, 1996.
3. CAPRA, Fritjof, As Conexões Ocultas, Ciência para a Vida Sustentável, título
original: The Hidden Connections, tradução: Marcelo Brandão Cipolla, 13ª edi-
ção, Editora Pensamento Cultrix limitada., 296 páginas, São Paulo, 2002.
4. ROHDEN, Humberto, Educação do Homem Integral, primeira edição, Martin
Claret, 140 páginas, São Paulo, 2007.
Biblioteca Charles Evaldo Boller
Iluminação 45/114

Rousseau e a Educação Natural

Rousseau (1712-1778) disse que:


"Toda a nossa sabedoria consiste em preconceitos
servis; todos os nossos usos não são senão sujeição, emba-
raço e constrangimento. O homem civil nasce, vive e morre
na escravidão; ao nascer, envolvem-no em um cueiro; ao
morrer, envolvem-no em um caixão; enquanto conserva
sua figura humana está acorrentado a nossas instituições".
(Emílio, ou da Educação, Rousseau, São Paulo, Difel).
Rousseau foi o mentor inicial da educação natural, cujas ideias
foram depois reforçadas, melhor definidas e ampliadas por Kant
(1724-1804), estabeleciam um gradativo retorno à natureza, não de
forma a transformar o homem em selvagem, mas pela naturalização
comportamental e espontaneidade dos sentimentos.
Papéis significativos foram também desempenhados por Dide-
rot (1713-1784) e Helvétius (1715-1771), quanto à importância no
desenvolvimento pessoal usando como mola propulsora as paixões
positivas e que rejuvenesceriam o mundo moral. Para obter a liberdade
individual, as paixões positivas desempenhariam valor vivificador no
mundo moral.
Os combates às paixões do maçom dizem respeito àquelas as-
sociadas ao vício e licenciosidade, já as paixões ligadas às virtudes e
benéficas à educação natural do homem são fortemente incentivadas.
A escravidão sempre se baseia na falta de educação; é muito
mais fácil dominar o ignorante, violento e amoral que o indivíduo es-
clarecido, ou iluminado pela educação. Quando a escola era domínio
da religião, ela disseminava a semente da dominação absoluta do rei
para assuntos políticos e da religião para assuntos metafísicos; assim
compartilhavam o poder apenas entre si. Consta de espécie de fornica-
ção entre poderes: seja entre cacique e pajé ou entre primeiro ministro
e o pastor da igreja.
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O conhecimento de antanho só era de fato acessível às elites e


em todas as eras sempre representa forma de poder. Desde a invenção
da escrita a manutenção do Estado era realizada pelo escriba, cargo
que só os mais ricos e influentes obtinham. Em quase todas as civiliza-
ções a educação era controlada pela Teocracia - isto sempre restringiu
o acesso ao conhecimento técnico aos iniciados na religião do Estado.
No antigo Egito, Mesopotâmia, China, Índia, na tradição hebraica,
enfim, todas as civilizações centralizaram o conhecimento nas castas
mais abastadas da população, e principalmente, em iniciados em misté-
rios religiosos da religião do Estado. Assim funcionava até que os ilu-
ministas introduziram modificações na educação.
A educação natural, aquela voltada para a felicidade individual,
laica e não intelectualizada reduziu a dominação absolutista. Normal-
mente em convulsões revolucionárias.

O grande valor do trabalho de Rousseau na pedagogia é o fato


de dar ao ensino público uma conotação política e de valorização do
homem em todos os níveis sociais, disposição exposta quando afirma
que a educação pública deve passar necessariamente por formação
cívica, de identidade do cidadão com o país.
Afirmava não ser a educação pública ideia dele e quem tivesse
interesse, que lesse "A República", de Platão.
O ensino público e gratuito foi o veículo mais importante do
Iluminismo que preconizava pelo uso da razão no combate às supersti-
ções e obscurantismo religiosos.
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A Maçonaria é instrumento importante, não o único, na defesa


da escola leiga, não relacionada a religião e função do Estado. Entre
outras acusações, mas principalmente pelo posicionamento para a edu-
cação, a Ordem Maçônica foi objeto de violentas reações do poder dos
estados, bem como, de bulas papais de condenação; ódio que até hoje
não foi revogado.
O medo dos poderosos não é tanto pela forma esotérica das
reuniões dos maçons, mas principalmente pelo fato de pela educação
natural libertar o pensamento do cidadão, conscientizando-o de seu
papel na sociedade e no Universo. A ordem maçônica não concorda
com posicionamentos radicais ou de concentração de poder, e isto lhe
rende poderosos inimigos. A vingança de insidiosos perseguiu maçons;
miríades morreram para manter a ação de educar o homem do povo em
direção à liberdade.
Em sua época, Rousseau teve de fugir diversas vezes da perse-
guição. As bases de suas considerações pedagógicas declaravam que o
homem em estado natural é bom, mas a sociedade dominada pela hi-
pocrisia das instituições o corrompe, destruindo sua liberdade; dizia:
"O homem nasce livre e por toda parte encontra-se
a ferros".

Em termos políticos defendia que o povo é soberano, e para tal


há necessidade de educar o ser humano integral; desenvolveu a ideia
da educação natural, nos moldes do que os nobres praticavam em certa
fase histórica de Atenas, na Grécia antiga, e hoje, na Maçonaria, tal
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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procedimento é representado simbolicamente pelo homem esculpindo


a si mesmo de dentro da rocha disforme.
A educação natural rejeita toda e qualquer tentativa de intelec-
tualização da educação. Na Maçonaria qualquer pessoa tem acessos e
facilitadores a complexos pensamentos filosóficos apenas por nutrir-se
da vasta coleção de símbolos e alegorias.
A linha de pensamento iluminista foi fortemente influenciada
pela obra intelectual de Rousseau na educação, inclusive vai além do
ato pedagógico e de formação humana que ele apresenta em "Emílio" e
depois complementa em "Do Contrato Social".
Em conjunto estes trabalhos estabelecem conceitos de cidada-
nia natural do homem na sociedade. O objetivo de Rousseau sempre
foi o homem do povo; do cidadão com vistas ao desenvolvimento do
homem natural; que não deve ser confundido com o homem da nature-
za, analisado em seu "Discurso Sobre a Origem da Desigualdade En-
tre os Homens".
O homem natural é o melhoramento do homem da natureza, o
cidadão como essência do homem civil, mesmo quando este convive
em ambiente hostil às virtudes como acontece com o maçom hodierno.
O afastamento de Emílio da influência perniciosa da sociedade é copi-
ado pela Maçonaria quando suas reuniões acontecem longe e isoladas
do mundo externo, num mundo idealizado, igualitário, perfeito para o
desenvolvimento da educação do homem natural, que:
 É completo em si, a unidade e absoluto total, aquele que tem
relação apenas para consigo e a coletividade;
 Como homem civil não é nada mais que uma fração em relação
ao corpo social;
 Como indivíduo usa da razão e da universalidade da natureza
do homem para usufruto da felicidade;
O homem é, em essência, um representante da espécie humana
que, dotado de razão, deve desenvolver-se através da educação natural
para ocupar seu espaço no Universo.
Em seus estudos Rousseau define que o homem não se reduz
apenas a sua condição intelectual, não é apenas razão e reflexão, mas
condicionável pela educação a controlar sentidos, emoção, instintos e
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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sentimentos, numa educação natural ativa voltada ao usufruto da vida,


por ação proativa e movimentada pela curiosidade. Algo assim é ab-
sorvido na vivência da rígida disciplina ritualística existente nos tem-
plos da Maçonaria, local onde muito de seu pensamento voltado para a
educação natural foi adaptado e veio até nossos dias. A pretensão é a
mesma da dos tempos de Rousseau: libertar o homem e torná-lo feliz;
a Maçonaria apenas propicia os meios e o local para o homem se auto-
educar.
Na ordem maçônica pratica-se a educação de si mesmo, a edu-
cação natural; que já é parte do projeto do homem. O entendimento é
simples se considerar que o livre-arbítrio permite apenas a existência
da auto-educação. É bem diferente da educação voltada para o conhe-
cimento, dirigida quase que exclusivamente para a escravidão, à alie-
nação pelo trabalho.
A educação natural está voltada para a liberdade do homem em
sentido lato e através do qual honra o ato criativo do Grande Arquiteto
do Universo.

Bibliografia

1. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, História da Educação e da Pedagogia, Geral


e Brasil, ISBN 85-16-05020-3, terceira edição, Editora Moderna limitada., 384
páginas, São Paulo, 2006.
2. CAPRA, Fritjof, A Teia da Vida, Uma Nova Compreensão Científica dos Siste-
mas Vivos, título original: The Web of Life, a New Scientific Understandding
Ofliving Systems, tradução: Newton Roberval Eichemberg, ISBN 85-316-0556-
3, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix limitada., 256 páginas, São Pau-
lo, 1996.
3. CAPRA, Fritjof, As Conexões Ocultas, Ciência para a Vida Sustentável, título
original: The Hidden Connections, tradução: Marcelo Brandão Cipolla, 13ª edi-
ção, Editora Pensamento Cultrix limitada., 296 páginas, São Paulo, 2002.
4. ROHDEN, Humberto, Educação do Homem Integral, primeira edição, Martin
Claret, 140 páginas, São Paulo, 2007.
5. ROUSSEAU, Jean- Jacques, Emílio ou Da Educação, R. T. Bertrand Brasil,
1995.
6. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tra-
dução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo,
2007.
Biblioteca Charles Evaldo Boller
Iluminação 50/114

Kant na Construção de Homens Livres

Kant (1724-1804) melhorou as ideias de Rousseau (1712-1778)


na linha do pensamento iluminista, traduzindo o pensamento daquele
nos termos conhecidos hoje na Maçonaria:
 Busca do equilíbrio entre corpo, mente, emoção e espiritualida-
de ficaram esclarecidas e desvinculadas de intermediação por
terceiros; o maçom trabalha só num templo vivo, que é ele
mesmo;
 A educação pessoal passa a ser focada no aprendiz, no aluno e
não no professor, no clérigo ou numa instituição; o aprendiz
trabalha em si mesmo; todo maçom é eterno aprendiz no que
diz respeito aos seus assuntos;
 Limita que a razão não é capaz de reconhecer realidades que
não provocam a experiência sensível como: Deus, imortalidade
da alma, o infinito do universo, liberdade, questões metafísicas
e consciência moral; daí o cultivo da espiritualidade ser parte
da educação obtida na Maçonaria, que não é religião; a espiri-
tualidade é parte indissolúvel do processo de educação natural
sem configurar-se em religião; na Maçonaria, escolher uma re-
ligião é responsabilidade individual;
 Diferencia os princípios racionais da razão especulativa; razão
da apresentação, pelos maçons, de múltiplas facetas de uma
mesma verdade em suas considerações e especulações; deixa-se
para o ouvinte formular seu próprio juízo;
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 Aproxima a razão prática com a vida prática e moral; isto é o


que recebe maior ênfase no desenvolvimento maçônico para
preparar o homem para a ação social e de onde o maçom deriva
ganhos em todos os aspectos, inclusive financeiros;
 Desenvolve raciocínios a respeito de se cumprir o dever pelo
dever e não em troca de favores ou benefícios; a espiritualidade
e a obediência civil instruída pela filosofia maçônica não é ba-
seada em prêmio e castigo, céu e inferno; cumpre-se o dever
pelo dever e não com vistas a um ganho de qualquer tipo; a
obediência se dá porque o maçom deseja ser bom e não em re-
sultado de benesse ou tribulação;
 Incentiva o homem a agir pelo dever e combater a boa luta inte-
rior entre a lei universal e as inclinações individuais, lançando
os pressupostos da liberdade da vontade;
 Preconiza a aprendizagem do controle do desejo não com vista
a um suposto prêmio, mas pela disciplina para atingir o gover-
no de si mesmo e a capacidade de se autodeterminar; de modo
que cada um forme em si mesmo o seu próprio caráter moral;
 Que mesmo sob forças de coerção, a finalidade principal é pro-
piciar o afloramento do sujeito moral de modo a unir educação
e liberdade; na Maçonaria a liberdade é resultado de treinamen-
to, condicionamento do equilíbrio entre liberdade e responsabi-
lidade;
 Define que nenhuma verdade vem de fora do indivíduo, mas é
construída pelo cidadão em si mesmo, com alicerce naquilo que
ele foi e é; é o indivíduo quem permite que a verdade lhe pene-
tre mente e coração por ação da razão treinada e instruída;
 Estabelece que liberdade de credo seja o ponto base para a boa
educação; isto enriquece o debate dos assuntos tratados, visto
sob a ótica de outras interpretações religiosas e derruba a razão
de tanta separação indevida em nome de verdades que às vezes
divergem apenas por mera interpretação semântica ou posições
de pontos e vírgulas;
 Cria critérios de liberdade e tolerância religiosa; é a razão de na
Maçonaria sentarem sob um mesmo teto pessoas que em outras
condições seriam capazes de se agredirem ao ponto de se mata-
rem;
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 Afirma que a pessoa moralmente livre é fim em si mesma e não


para alguma coisa, para ninguém, nem mesmo para Deus; isto
de forma alguma limita o poder divino, antes, o enaltece, pois o
Criador criou a criatura com o espírito da liberdade, com livre-
arbítrio; é especificação intencional e característica da criatura
ditada pelo Criador; O projeto do homem inclui a autodetermi-
nação, tudo passa pelo filtro do ego, pelo livre-arbítrio, e neste
mecanismo nem o Grande Arquiteto do Universo interfere; a
criatura foi criada livre; e liberdade responsável é das principais
divisas utilizada pela Maçonaria.
Por influência do Iluminismo, Kant cunhou o verbete alemão
"Aufklärung", em português "esclarecimento", onde ele afirma que o
homem é culpado de sua própria menoridade em termos educacionais,
quando esta deficiência não for falta de entendimento, mas falta de
coragem ou indolência.

É devida a Horácio, e neste mesmo contexto utilizada por Kant,


a expressão latina "sapere aude", ou "ouse saber", que determina ao
homem munir-se de coragem para saber, estudar, conhecer.
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A Maçonaria provoca o maçom a largar de sua acomodação de


menoridade e que desenvolva a coragem de se responsabilizar pela
vida e pela sua história, conduzindo a sua existência para a maioridade.
Insiste-se que se abandone a culpa que o escraviza e o submete ao sis-
tema de coisas. Isto é incutido já na iniciação do primeiro grau, quando
não pode prescindir da condução de um terceiro em seus passos, cuja
dependência dos irmãos vai se libertando cada vez mais na escalada
dos graus.
É intenção que o homem saia de sua condição de culpado pela
menoridade e vá à luta, que saia de sua acomodação e comece a pensar
por si mesmo, utilizando-se plenamente de sua capacidade racional. As
provocações contra a alienação do pensamento e da heteronomia, dei-
xar-se conduzir por outro, pretendem livrar o homem e conduzir para a
educação natural. Fomenta-se que passe a assumir o risco de suas deci-
sões e coragem para superar o medo que inibe os processos criativos.
Para obter a coragem de determinar-se livre, o maçom se utiliza
dos irmãos, do apoio que deles emana como grupo. O indivíduo intera-
ge com o grupo, agindo cada um reciprocamente sobre o outro. Esta
interação pode levar a ação positiva pelo condicionamento pela educa-
ção, mas não é determinante porque depende muito da força de vonta-
de de cada um em determinar-se, de superar o ego, de derrubar as qua-
se intransponíveis muralhas do livre-arbítrio.
Para obter a liberdade apenas coragem não é suficiente. Há ne-
cessidade de comprometimento pessoal, a auto-educação, de o maçom
esculpir-se para fora da rocha disforme e rústica, daí aflora a possibili-
dade de transformação interna, da transformação do homem integral.
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2
Ao superar a minoridade da heteronomia , o medo da liberdade,
e assumir a responsabilidade de si mesmo, desperta o homem natural
definido por Rousseau; morre o homem escravizado e nasce o homem
livre.

Todas as iniciações da Maçonaria são exercícios de aprender a


morrer para aprender a viver bem. Mostra-se o quanto é efêmera a vi-
da, daí resultar em motivação para viver bem a vida, de ser bom por-
que assim a razão o determina e não porque possa sofrer algum castigo
ou receber determinado prêmio.
Ao ser humano que faz uso de sua capacidade racional é dada a
oportunidade de construir-se a si mesmo, de esculpir-se de dentro da
pedra em todos os sentidos. Trabalhar o todo de si mesmo bem acima
dos instintos e produzir cada característica individual de sua própria
existência.
Esta é a educação natural definida por Rousseau e Kant na
construção de homens livres e donos de si, que na Maçonaria são pe-
dras vivas e independentes, construtores com seus próprios corpos do
edifício da sociedade.

2
Sujeição a uma lei exterior ou à vontade de outrem; ausência de autonomia.
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E este trabalho justifica o fato do maçom nunca iniciar uma ta-


refa antes de render honra ao Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia

1. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, História da Educação e da Pedagogia, Geral


e Brasil, ISBN 85-16-05020-3, terceira edição, Editora Moderna limitada., 384
páginas, São Paulo, 2006.
2. ROHDEN, Humberto, Educação do Homem Integral, primeira edição, Martin
Claret, 140 páginas, São Paulo, 2007.
3. ROUSSEAU, Jean- Jacques, Emílio ou Da Educação, R. T. Bertrand Brasil,
1995.
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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Influência da Educação Maçônica

Educação maçônica na construção de homens.


Especula-se que:
 O universo é resultado de projeto inteligente com finalidade de-
finida;
 Não é o resultado de ocasionais ocorrências aleatórias;
 A vida tem propósito significativo;
 É lógico pensar na vida com intenção de preencher finalidade
determinada, planejada.

Na contramão disso, o homem percebe que muitas de suas ati-


vidades são dispersivas e alienantes no uso da vida. Para a maioria a
vida não tem sentido, principalmente na forma correta de usufruir o
que realmente a natureza intenciona no viver bem.
Na atividade do homem não se concebe que faça o que é certo
em um aspecto da vida, enquanto comete erros em outros.
Como fará em sua caminhada para não perder a visão de sua
vida em sentido lato?
Como deve agir para usufruí-la como um conjunto indivisível?
O homem que se iniciou nos mistérios da Maçonaria descobre
na vida a existência de maravilhas a serem exploradas, questionadas e
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aplicadas para usufruir de sua existência da maneira mais equilibrada


possível com o propósito do Criador.
Pela educação maçônica o homem deixa de ser morto-vivo de
comprometida visão da vida.
A Maçonaria e seus mistérios oferecem ferramentas e instru-
ções que removem barreiras e possibilita o usufruto da vida em sua
plenitude. O senso do mistério alimenta emoções residentes na psique
e que são trabalhados nas atividades maçônicas. A ciência em forma de
arte traduz a emoção fundamental para o progresso pessoal. São misté-
rios que não inspiram medos, o maçom faz o bem porque isso é parte
de sua nova vida e não porque tem medo de algum castigo ou almeje
hipotético prêmio depois de morto.
Se aplicada passo-a-passo, de forma simples, a essência da vida
é aprendida e, se for da vontade do adepto, liberta-o da escravidão, do
servilismo ao sistema desumano de vida, que o espreme e suga toda a
sua força ativa até sobrar apenas bagaço. Ao sujeitar a ambição ao con-
trole racional, liberta-se do pior tipo de servilismo, pior até que a pró-
pria fome e pobreza. Ao inspirar coragem e decisão no adepto, a filo-
sofia da Maçonaria conduz àquele que passa a confiar em si mesmo e
conduz seus próprios passos ao prazer de conquistar a vitória sobre si
mesmo. Ao sentir que é capaz de conduzir a si mesmo torna-se apto a
conduzir aos que ainda não despertaram.
As noções filosóficas da Maçonaria auxiliam na absorção dos
conhecimentos que livram do obscurantismo e da alienação ao traba-
lho. São aplicadas apenas poucas horas semanais em treinamento e
convivência que eliminam anos de frustrantes tentativas de acertos e
erros até obter a visão necessária para dar sentido à vida.
Não se trata de entendimento intelectual, político ou crença,
mas de sentido misterioso, ainda inexplicável, de intuição individual
que dá sentido à vida.
Cada adepto usa da Maçonaria para dar o seu próprio sentido
para a vida sem ficar batendo cabeça em tentativas inúteis e fantasio-
sas.
O sucesso pessoal não é devido exclusivamente à força ou ao
conhecimento, mas diz respeito à vontade férrea, de coragem para agir.
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O entendimento de como caminhar por conta própria advém do conhe-


cimento esotérico que conduz ao sucesso pessoal, familiar, social e
profissional. A convivência maçônica inspira o conhecimento intuitivo
e o fortalecimento do caráter que conduzem o maçom, que inicia a si
mesmo, a uma consciência superior. Não um super-homem, mas um
homem renascido de sua própria decisão de fazer de si mesmo uma
criatura em permanente evolução.
Ao trabalhar em si mesmo, na pedra, o adepto participa na
construção de um templo social onde ele é incentivado a ocupar cada
vez mais cargos, públicos ou privados, de modo a conduzir a sociedade
por bons pastos. Não se trata de conduzir gado de corte por fértil cam-
po de engorda e deste ao matadouro da exploração, mas de propiciar
oportunidades razoáveis de vida sem eliminar as diferenças e os desní-
veis que são característica de civilizações saudáveis. É a sabedoria
salomônica aplicada no dia-a-dia do cidadão.
O homem sábio é mais forte que o bruto, pois conhecimento
aplicado com sabedoria é eficiente. O conhecimento provê a base sóli-
da da construção pessoal que se afasta da alienação do sistema de coi-
sas humano pela aplicação do pensamento sábio.
Maçonaria é arte.
É a ciência que permite construir o intelecto cuja compreensão
possibilita o despertar, o abraçar da iluminação que vem da racionali-
dade conduzida por balanceada espiritualidade: diferente de religiosi-
dade. A luz que o maçom busca é o aperfeiçoamento pessoal em seu
dia-a-dia. A Maçonaria faz deste entendimento o ponto essencial a ser
alcançado. É mero coadjuvante o esforço das atividades maçônicas
restantes ao objeto central que é a evolução do homem.
O estado de iluminação inspirado pela Maçonaria destrói a
máscara da ilusão do sistema de coisas humano que manipula separa-
ções e quebra de relações que conduzem a alienação da vida para obje-
tivos fúteis e inúteis. No instante em que o maçom abre os olhos e vê a
luz do que é certo e errado torna-se sensato.
Desaparece a ilusão e ele deixa de experimentar o que está er-
rado na tentativa de acertar, torna-se mais objetivo e acerta mais vezes
já no primeiro ensaio. Some o ilusionismo com seus truques que sub-
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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metem o homem ao servilismo voluntário em virtude da perda de no-


ção da realidade.

Surge nova consciência quando a iluminação esclarece a dife-


rença entre religiosidade e espiritualidade. Fica claro o entendimento
de que a crença em verdades absolutas ditadas pelos sistemas religio-
sos não torna seus adeptos pessoas espiritualizadas. Também não é
espiritualizado o maçom que não iniciou a si mesmo, que insiste em
aprisionar-se na execução de rituais sem penetrar em seus significados,
daquele que estaciona no básico que o símbolo desvela e não se esfor-
ça em enxergar para além do símbolo.
A intenção da educação maçônica é criar a identidade própria
do indivíduo afastado de influência ditatorial externa e aproxima-lo da
dimensão espiritual que já reside dentro dele. O símbolo maçônico não
foi exposto para revelar, mas para ocultar significados que só acordam
quando devidamente provocados. Esta visão de outra dimensão existe
em todos. Basta que acorde. Não está contida exclusivamente no pen-
samento, mas numa área mental diferente, a intuição. Isto só é revelado
àquele que vê o símbolo de outro ângulo. É o que acontece no contato
pessoal com outras pessoas concentradas no mesmo assunto. Fenôme-
no absolutamente natural e sem truque ou varinha de condão. Perfei-
tamente explicado pela psique humana que a ela se condiciona desde
tempos imemoriais.
Por isso a filosofia maçônica incentiva à diversidade de pensa-
mentos. Procura-se provocar no homem a obtenção de matéria prima
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para construir pontes evolutivas que progridem aos saltos sobre os pre-
cipícios da ignorância. Não se admitem limitações ao pensamento co-
mo é objetivo dos sistemas alienantes de crenças. O fato de a espiritua-
lidade surgir em larga escala fora do sistema de crenças é novo para a
sociedade em geral, mas é usado faz séculos pelos maçons que inicia-
ram a si mesmos nos mistérios da Arte Real da Maçonaria.
A iluminação, o andar com as próprias pernas inspirado pela
Maçonaria desperta a compaixão que se traduz num homem dotado de
menos cobiça; torna-o mais alegre porque a sabedoria o afasta do so-
frimento; alimenta a igualdade onde se produzem mais amigos unidos
pelo poderoso laço do amor fraterno; inspira a ternura que remove a
discriminação que produz tantos inimigos. Afasta ignorância, falsas
imaginações, desejos viciantes e estultícia, todas nascidas na própria
mente, manifestadas pelas ilusões e manipuladas pelo ego.
A mudança estimulada pela educação maçônica repele os dese-
jos da mente e afastam os sofrimentos, lutas inúteis alimentadas pela
cobiça, estultícia e ira. Maçom que se iniciou é homem armado com
espada, a sua língua, a sua oratória, e escudo, o conhecimento de seu
cérebro. Pela iluminação, — kant, Aufklärung — anda com os próprios
pés. Está sempre pronto para o bom combate com mente treinada para
alcançar o objetivo de construir uma sociedade humana dentro dos
desígnios estabelecidos pelo Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia

1. ANATALINO, João, Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e Suas Influências


Históricas e Filosóficas, ISBN 978-85-370-0158-5, primeira edição, Madras Edi-
tora limitada., 320 páginas, São Paulo, 2007;
2. SILVA, Georges da, Budismo, Psicologia do Autoconhecimento, 222 páginas,
Editora Pensamento Limitada, São Paulo;
3. TOLLE, Eckhart, Um Mundo Novo, o Despertar de uma Nova Consciência,
tradução: Henrique Monteiro, ISBN 978-85-7542-313-4, primeira edição, Edito-
ra Sextante Limitada, 266 páginas, Rio de Janeiro, 2005.
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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O Sistema de Ensino Maçônico

O sistema de crescimento maçônico aprimora o ensino de modo


a contribuir para a educação do povo.
A Maçonaria não participou na construção do templo de Jerusa-
lém: este serve apenas de modelo porque a herança cultural maçônica é
essencialmente cristã e judaica.
Em virtude da magnificência daquela edificação, a Maçonaria
utiliza esta magnificência para ilustrar o seu sistema de ensino moral.

O que mais contribuiu ao desenvolvimento do ensino maçônico


foi o desejo libertário iluminista. Inúmeros cientistas e homens escla-
recidos desejavam liberdade plena na concepção do pensamento não
sujeito a dogmas e truculências do Estado.
Os maçons operativos tiveram sua origem nos canteiros de
obras dos grandes palácios e catedrais da Europa. Infelizmente, sabe-se
que financiado pelos valores tomados dos crentes da Igreja Católica
Apostólica Romana, a qual instituiu a cobrança da entrada para o céu,
enquanto a alma do crente permanecia no Purgatório, invenção exclu-
siva para este fim (MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criati-
vos).
Em 1717, os maçons passaram a aceitar participantes das mais
diversas profissões não ligadas a arte da construção civil. Os maçons
especulativos, aceitos, utilizaram-se da organização de uma espécie de
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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sindicato de trabalhadores e de sua forma de organização para obter o


local propício e abrigado da curiosidade popular e estatal para troca-
rem informações a respeito de processos e métodos científicos proibi-
dos por força eclesial, bem como para traçarem estratégias para facili-
tar o comércio e a fabricação de bens.
O que interessa para a Maçonaria é a formação de homens para
uma utópica sociedade igualitária onde reine a fraternidade entre todos
os cidadãos. O estudo é filosófico e parte-se do princípio de que todo
movimento conspiratório inicia primeiro na mente das pessoas, numa
espécie de revolução cultural.

Mas definir a Maçonaria na linguagem mais simples possível


seria dizer que é a ciência e a arte de viver corretamente e bem. Como
ciência, ela tem a ver com a descoberta e classificação desses princí-
pios que visam à conduta moral correta; a arte diz respeito a viver es-
ses princípios num mundo contaminado pela maldade. Tudo indica que
os homens que formularam a Maçonaria tinham em mente a ideia de
uma fraternidade cuja moralidade satisfaria sua concepção de vida re-
ligiosa e que seria melhor exemplificada em suas relações diárias com
o mundo e uns com os outros.
Na Maçonaria podemos encontrar uma mistura das melhores fi-
losofias de todo o mundo. Isso não significa que aqueles velhos filóso-
fos que vocalizaram essas verdades eram maçons, mas significa que os
homens que formularam a Maçonaria colecionaram as melhores voca-
lizações dos bons e sábios homens do passado e as cimentaram em um
belo mosaico e o chamaram de Maçonaria, um sistema de busca da
verdade, que:
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 Possibilita e defende legislação trabalhista;


 Visa combater ignorância, hipocrisia e ambição;
 Objetiva o comportamento moral;
 Leva ao trabalho o objetivo de distribuir educação e conheci-
mento;
 Visa razoável igualdade de oportunidades;
 Distingue claramente o fornecimento de conhecimento da for-
mação pela educação;
 Existe apenas autoeducação e esta carece de valores para ser
distribuída;
 Propicia conhecimento;
 Estabelece como mandatória a sabedoria;
 Desenvolve o respeito à propriedade pública e privada;
 Aplica ética particularizada a cada segmento da sociedade;
 Em sua proposta de educação visa igualdade nas condições ju-
rídica, social e política do indivíduo.
Acesso aos bens públicos como ensino, segurança, saúde, e di-
versos prazeres da vida em sociedade.
Redunda em divisão equitativa dos bens, onde cada cidadão
pode aspirar e conseguir o gozo de um mesmo tesouro cultural.
Defende a Maçonaria que, em resultado do comportamento éti-
co universalizado, todos os homens devem ser tratados como iguais;
que em resultado do conhecimento associado ao comportamento moral
se enuncia a retribuição proporcional à contribuição.
A ética maçônica preconiza igualmente que o ideal Meritocráti-
co não desqualifica a herança e qualquer tipo de inflexibilidade que
bloqueie iniciativa, empreendorismo ou penalize o talento.
O capitalismo é o sistema que melhor propicia o acúmulo de ri-
queza. Neste sistema a desigualdade forma o incentivo ao empreendo-
rismo e propicia a erradicação da miséria pelo trabalho.
O capitalismo sem fundamentação ética é desumano e cruel,
mas o sistema que tira do mais rico para dar ao mais pobre é pior por-
que cria uma classe dos dependentes úteis e submissos; tira o estímulo
do empreendedor e condena o dependente à escravidão.
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O maçom aparta-se de toda ideologia que submete o homem a


situações degradantes e de exploração. Ele ousa saber aquilo que ten-
tam lhe esconder para dominar as massas e a ele mesmo: por isso estu-
da e muda a si mesmo. Mudando ele muda aqueles que se relacionam
com ele. Sabe que os outros só mudam no memento em que ele mudar.
Busca a volta ao modo natural de viver e de usufruir da Natureza e em
equilíbrio com leis naturais estabelecidas pelo Grande Arquiteto do
Universo.
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Polidez do Aprendiz maçom

A Polidez é definida como o caráter ou a qualidade do que é


polido e gentil. É também a forma do discurso que indica cortesia e
civilidade daquele que fala, ao que este se esforça no uso de expressões
que atenuam o tom autoritário, imperativo e outras fórmulas de etique-
ta linguística.

Partindo do princípio que uma virtude não é natural, mas uma


qualidade desenvolvida ao longo do crescimento individual, conclui-se
que, do ponto de vista moral, a Polidez é também virtude.
Como exemplo: o que acorreria com as quatro virtudes carde-
ais: justiça, prudência, temperança e coragem, se o indivíduo não é
polido ou destituído de qualquer educação ou cortesia? Seriam inúteis!
Sem a educação e o respeito não há como desenvolver nenhuma outra
virtude.
E como a Polidez é algo de aparente pouca importância, é neste
"quase nada" que reside seu mérito.
Quando o aprendiz maçom conhece suas ferramentas simbóli-
cas: o malho, o cinzel e a régua, de que poderão lhe servir sem a Poli-
dez? Não basta ser apresentado a estas ferramentas sem que pratique
seu uso com maestria. É necessário que se eduque em afabilidade, ca-
rinho e civilidade para que o conhecimento e a prática possam nortear
sua busca em polir seu grande templo interior. A delicadeza é, como a
cortesia, a flor da humanidade.
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Como o polirá com as outras ferramentas que vir a conhecer no


futuro sem que seja finamente educado para isto? Em nenhuma cir-
cunstância são as ferramentas colocadas nas mãos do inexperiente sem
treinamento. Como poderá fazê-lo sem Polidez?
O uso do malho, que representa a força bruta, a vontade que
executa deve apenas ser firme e perseverante. Emblema do trabalho
que fornece a força material, para alegoricamente desbastar a pedra
bruta e educar, polir, a agreste e inculta personalidade das coisas ma-
çônicas para uma vida ou obra superior.
Sem o malho não poderia trabalhar a pedra bruta. Sem a vonta-
de do malho não poderia exercer o livre-arbítrio do cinzel. Simboliza a
vontade ativa, energia, decisão, o aspecto ativo da consciência do
aprendiz, o membro viril, reprodutor, da força, da vontade; da iniciati-
va, da perseverança, símbolo da inteligência que age, persevera, dirige
o pensamento e anima a meditação daquele que, no silêncio de sua
consciência procura a verdade.
Não é instrumento de criação, mas de desbaste, ele retira e não
coloca.

Em sua ação de autodesbaste, retira as primeiras e grosseiras


arestas de sua personalidade. Sua ação é forte, decisiva e dolorosa. Age
de forma descontinua, num esforço inconstante, pois pressão continua
no cinzel tira a sua precisão.
Usar o malho com mestria significa derrubar obstáculos e supe-
rar dificuldades. O resultado é a realização prática. Relacionado com a
energia que age e a determinação moral.
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Com a Polidez, os resultados têm beleza, delicadeza, sutileza e


demonstram o intelecto por trás da ação. Empunhado pela mão direita,
lado ativo, é também insígnia do comando. Não é massa metálica, pe-
sada e brutal. A vontade não deve ser de obstinação ou teimosia, mas o
emblema da lógica, sem a qual não se raciocina corretamente, e por
isto mesmo, não pode ser dispensado por nenhuma ciência.
O malho é inseparável do cinzel para talhar, desbastar a pedra
bruta. Representa o intelecto. Do ponto de vista intelectual concorrem
para o mesmo objetivo. Exemplo de dualismo construtivo, positivo e
eficaz o cinzel é o símbolo do trabalho inteligente. Corresponde ao
aspecto passivo da consciência, indispensável para descobrir as protu-
berâncias ou falhas da personalidade. Seu uso é quase nulo sem a ajuda
do malho. É usado para trabalho mais bruto, no alicerce de uma cons-
trução, um trabalho básico.
Exige a participação de outra ferramenta porque sozinho nada
poderá executar. Assim é a inteligência humana que isolada nada cons-
trói: necessita da parte operativa, de esforço maior. Corresponde a pe-
netração, discernimento e receptividades intelectuais.
A lógica torna o homem independente. Sem sua intervenção se-
ria inútil, senão perigoso. Representa as soluções aprisionadas no espí-
rito.
É o emblema da escultura, da arquitetura e das belas artes. Ima-
gem da causticidade dos argumentos que permitem destruir os sofis-
mas do erro. Seguro pela mão esquerda, lado passivo, corresponde à
receptividade intelectual, ao discernimento especulativo. O aço aplica-
do sobre a pedra serve de intermediário entre o homem e a natureza.
Deve ser afiado continuamente: exige constante aporte de novos co-
nhecimentos, para não embotar.
Para polir, desenvolver a qualidade da Polidez é necessário de-
senvolver o uso conjunto destas duas ferramentas. Mas o trabalho ain-
da não tem precisão, falta-lhe algo que forneça exatidão, para poder
ajustar-se perfeitamente uma pedra na outra na construção do templo
interior. Aí entra outro instrumento de trabalho, a régua de vinte e qua-
tro polegadas: antigo símbolo de retidão, método e lei; símbolo de pre-
cisão e exatidão na ação. Emblema da disciplina, moral, exatidão, jus-
tiça. Simboliza que o aprendiz deve seguir através de um caminho reti-
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líneo, uma conduta reta, sempre em frente. A marcha do aprendiz ma-


çom representa os seus passos adentrando ao templo e devem ser retos
e decisivos em direção ao oriente. Serve também para a medida do
tempo. Que as vinte e quatro horas do dia devem ser usadas na ação e
ociosidade de forma equilibrada. Simboliza gastar bem o tempo na
meditação, estudo e ociosidade, recreio e repouso. Todas as horas a
serviço da humanidade.
Quem não for bastante delicado e cortês não pode ser muito
bom. Cerimônias são diferentes em cada país, mas a verdadeira corte-
sia é igual em todos os lugares. A Terra se tornaria inabitável, se cada
um deixasse de fazer por Polidez o que é incapaz de fazer por amor. O
mundo seria quase perfeito, se cada um conseguisse fazer por amor o
que faz só por Polidez.
A cortesia faz a pessoa parecer por fora como deveria ser por
dentro. Todo o mundo vê o não visto em proporção à claridade de seu
coração e isso depende do quanto ele o tenha polido. Quem mais poliu,
vê mais formas invisíveis que se manifestam a ele.
Assim como a cera, naturalmente dura e rígida, torna-se, com
um pouco de calor tão moldável que se pode levá-la a tomar a forma
que se desejar, também se pode, com um pouco de cortesia e amabili-
dade, conquistar os obstinados e os hostis.
A polidez é virtude que deve acompanhar o francomaçom em
toda a sua estrada pela vida para tornar-se digno na honra que presta ao
Grande Arquiteto do Universo.
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Teoria do Conhecimento Maçônico

Quando iniciado na Maçonaria, muitos são os sonhos de reali-


zação, educação e cultura que o neófito espera obter. Imagina que terá
mestres que lhe ensinarão todos os meandros da Arte Real.

Depois de algum tempo ele percebe que a ordem maçônica


apenas fornece local físico, ferramentas e amigos para a caminhada
que ele faz a sua maneira e por seus próprios meios. O estudante ma-
çom anda só na estrada do desenvolvimento porque lhe cabe descobrir,
decorrente da própria vivência, por si e em si próprio, na devida opor-
tunidade, as verdades tão sonhadas.
As descobertas intuídas pelo método maçônico de aprendiza-
gem são diferentes em cada pessoa dependendo de sua herança cultural
e porque o método objetiva que cada um desenvolva suas próprias ver-
dades, sem submetê-las a um molde.
Esta liberdade de autodesenvolvimento tem conexão com a teo-
ria do conhecimento da antiguidade, onde Heráclito, afirmou que tudo
no universo muda constantemente, tudo é dinâmico. O método de en-
sino maçônico transporta esta ideia para as verdades de cada um ao
longo do tempo. Cada pessoa tem verdades próprias, que mudam cons-
tantemente, dependendo apenas do dinamismo de seu alicerce cultural.
Inicialmente é bem estranha a forma como cada ferramenta de
pedreiro é apresentada, pois sua utilização é universalmente conhecida
na arte da construção civil. O processo de conhecimento maçônico
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processa informações, manipulando símbolos baseado em regras ritua-


lísticas.
O que o neófito não dispõe, são as regras que lhe permitem uti-
lizar estes mesmos utensílios do pedreiro de forma simbólica, na cons-
trução do próprio homem. Dentro da teoria do conhecimento maçônico
estes símbolos são aplicáveis aos aspectos: moral; ético; social; saúde
física; saúde mental; espiritualidade; e no conjunto de cada um.
Platão afirmou que os homens comuns se detêm nos primeiros
degraus do conhecimento e não ultrapassam o nível da opinião, mate-
máticos ascendem a um nível intermediário, e só o filósofo tem acesso
à ciência suprema. Para isto o filósofo usa um processo conhecido por
dialética; passando de uma ideia para outra, sendo uma delas o com-
plemento ou alicerce da outra. O filósofo é em essência o dialético.
A Maçonaria usa de suas lendas e símbolos para proporcionar
ao estudante um método de progresso do pensamento filosófico que
funciona até para obreiros sem formação acadêmica alguma poderem
tratar processos dialéticos complicados e com isto se humanizarem.
Estes exercícios dialéticos compõem a essência da formação do conhe-
cimento maçônico.
O maçom é um filósofo diferente porque seus processos cogni-
tivos desenvolvem-se pela materialização da ideia na linguagem sim-
bólica, no uso de símbolos e lendas, que são convertidos em pensa-
mentos abstratos e complexos por métodos de associação e repetição.
E isto faz a Maçonaria produzir seres humanos inteiros, equilibrados e
destituídos da abordagem mecanicista que, ao fragmentar os processos,
acaba por perder a visão do todo.
O maçom é treinado para ser, a um só tempo, completo nos
planos espiritual, psíquico, biológico, histórico cultural, social, físico, e
outros.
A fragmentação transmitida pela educação na sociedade, usan-
do de disciplinas, impossibilita ao homem aprender o que significa ser
humano: algo que só pode ser feito num ambiente assemelhado ao fa-
miliar, onde um trata ao outro por irmão: razão de o método de ensino
maçônico levar vantagem. A diversidade de ideias, pelo fato de cada
um observar os processos a sua maneira, é a aplicação da Teoria da
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Complexidade, em semelhança com um universo vivo que evolui da


desordem para a ordem em graus de complexidade crescentes.
Quando a Maçonaria migrou da arte de construir para a arte de
pensar, no século XVIII, deu partida a um processo educacional que
vem até o presente, revolucionando a sociedade em seu caminho por
ações daqueles que foram treinados debaixo de sua filosofia. Desde
então, e na maioria dos eventos históricos onde se pautou por Liberda-
de, Igualdade e Fraternidade, a ordem maçônica agiu nos bastidores
com esta educação do homem por inteiro e que move seus membros à
ação.
O francomaçom torna-se mestre de si próprio ao longo de seu
autodesenvolvimento e procura alcançar o ápice da perfeição com a
tomada de atitudes. Sem discutir, age baseado na moral que desenvol-
veu ao longo de sua jornada maçônica, e esta ação está pautada no de-
sejo de acertar e promover o bem para si e a coletividade.
Nestas ações ele pode ser aviltado e até morto, porque não é
sem perigo que um homem de ação atua, entretanto, na maioria das
ocasiões ele se beneficia com esta postura, caindo sobre sua pessoa o
reconhecimento da sociedade que o rodeia, e principalmente, incre-
menta sua própria satisfação, alegria e felicidade. Nisto o maçom é
semelhante a um planeta que órbita o Sol, ele reflete a luz emanada por
intermédio da ação frente ao que ele considera certo. A educação do
maçom o leva a conhecer o mal e conhecer também o modo de evitá-
lo.
A máxima em toda a caminhada fundamentada na teoria do co-
nhecimento maçônico é o autoconhecimento, o "conhece-te a ti mes-
mo", de Sócrates, e esta noção, como resultado do trabalho solitário e
autodidata é decorrente de profunda introspecção, de meditação.
O interessante é que tudo o que se aprende nos templos maçô-
nicos é baseado em lendas fictícias, porém alicerçados em fatos histó-
ricos registrados. Assim como as ferramentas, as lendas são materiali-
zações de conceitos abstratos, dentro da linha e em direção de estados
de complexidade cada vez maiores. Estas estórias sempre têm mensa-
gens que impulsionam ao desenvolvimento moral.
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E como não se usam computadores para educar o francoma-


çom, ocorre enriquecimento espiritual e aporte de diversidade cultural.
Já que nada pode ser feito para melhorar a sociedade se no fun-
do do cidadão não existir um cunho de homem espiritualmente desen-
volvido e em harmonia com o princípio criador do universo designado
como Grande Arquiteto do Universo, o francomaçom considera a si
mesmo um templo do Incriado, e tudo fará para não conspurcar aquele
lugar sagrado. É templo cujo limite é sua própria pele, cujos portões
são sua boca, ouvidos e visão, tudo regido por sua capacidade cogniti-
va e emocional equilibrados pela sua espiritualidade.
O maçom desenvolve sua espiritualidade para avançar com
apoio daquilo que considera a origem de tudo. Sem elevada Fé ele se
perderia nas sendas do mal, à semelhança do que acontece na socieda-
de humana, onde o homem fera prevalece.
E tudo é proporcionado por seu esforço próprio e pelos sãos
princípios desenvolvidos com a técnica de aprendizado maçônico. O
homem, ao longo de sua vida, deve desenvolver-se de forma equilibra-
da em todas as suas dimensões. O que acelera o processo de desenvol-
vimento é a potencia latente em cada um: a capacidade de crescer em
espiritualidade. E cada pessoa desenvolve seus próprios critérios e
ideias de divindade interior: o que para alguns faz sentido e alimenta
sua capacidade de evolução espiritual, para outros não faz sentido al-
gum.
A epistemologia genética, formulada por Piaget, ocupa-se com
a formação do significado do conhecimento, e meios usados pela men-
te humana para sair do nível de conhecimento inferior para outro supe-
rior, mais complexo. Segundo ele, a natureza dos saltos do conheci-
mento são históricas, psicológicas e biológicas. Ele explica que "a hi-
pótese fundamental da epistemologia genética é a de que existe para-
lelismo entre o progresso completo e a organização racional e lógica
do conhecimento e os correspondentes processos psicológicos formati-
vos".
Pode-se deduzir que o método maçônico de progresso do co-
nhecimento usa o lastro genético que cada um tem, e de forma livre
permite que cada um construa sua própria base sem espremer este den-
tro de um modelo.
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Muitas das lendas contam estórias de personagens movidas à


ação e que lhes trouxeram bons e maus resultados. No fundo, o traba-
lho em mergulhar nos sentidos destas lendas é sempre o de estudar
denodadamente para desenvolver o poder de, em conhecendo o mal,
saber evitá-lo.
Estes estudos são movidos principalmente pela curiosidade, a
mola propulsora do desenvolvimento intelectual. O desejo intenso de
ver, ouvir, conhecer, experimentar alguma coisa, geralmente nova,
original, pouco conhecida ou da qual nada se conhece, isto o faz ven-
cer barreiras, escalar níveis de conhecimento superiores, em níveis de
complexidade sempre maiores, contribuem para fazê-lo possuir dos
segredos do mal a fim de desviar-se com galhardia de sua ação corro-
siva e destruidora. É apenas pelo estudo levado pela curiosidade salutar
e edificante que o maçom obtém sucesso em subjugar a natureza e pas-
sa a desfrutá-la em sua plenitude.
Em contrapartida, o que também favorece o desenvolvimento
pessoal é o controle da indiscrição. O maçom ouve mais e age mais do
que fala. Pela curiosidade e longe da bisbilhotice que induz ao perigo,
desenvolve a capacidade de manter segredos, a nunca falar de assuntos
de outros ou repassá-los sem sua anuência.
A vida em sociedade impõe a necessidade de politização, de-
senvolver o exercício do poder em favor da coletividade. Em sendo o
humano um ser social por excelência, a sociedade não funcionaria de
forma equilibrada sem o exercício do poder de forma equitativa e livre
sem a política. Aí o desenvolvimento filosófico maçônico tem sua mo-
la mestra ao impulsionar pessoas a pensarem e agirem mais.
Lideranças são forjadas no fogo da convivência em lojas. De
nada adianta revelar os segredos maçônicos através de livros com obje-
tivo meramente comercial se não se oferecer a oportunidade da pessoa
viver a Maçonaria, de não possibilitar que a Maçonaria penetre nela.
Pela política o poder é concentrado de forma natural, pelo con-
vencimento com argumentos da razão e pela formação de relaciona-
mentos fortes. Platão detratava o retórico e o considerava mentiroso,
pois este usa o poder do convencimento para a adulação e adulteração
do verdadeiro, e adicionalmente, o tinha como crédulo e instável. Se-
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gundo Platão, poetas e retóricos estão para o filósofo no mesmo nível


em que está a realidade para as imitações da verdade.
Por ser uma coletividade diminuta, cada loja cobra imediata-
mente resultado da liderança. Não existe espaço para ações evasivas e
dissimuladas como é comum observar-se na sociedade. Sentar no trono
de Salomão, antes de ser privilégio que destaca e enaltece, é ato de fé,
lição de humildade, exercício de real de política como ela deveria ser
executada no mundo externo.
O cidadão forjado nestas oficinas filosóficas vai certamente
mudar e passa a praticar a política honesta, no exato sentido que Platão
e Sócrates deram a tão nobre profissão.
O maçom não faz da filosofia a finalidade de sua própria vida,
mas usa da filosofia maçônica para especializar sua capacidade cogni-
tiva e emocional no exercício da Política. A Maçonaria é uma escola
de política, pois com sua filosofia e sua organização desenvolve-se a
política que se dedica à coisa pública sem barganhar com os poderosos
donos do mundo que escravizam.
Foi Platão o primeiro a estabelecer a doutrina da anamnese, que
é a lembrança de dentro de si mesmo das verdades que já existem a
priori, em latência. O conhecimento maçônico, alicerçado em suas
simbologias e lendas é um exercício permanente de anamnese. E fica
tão fácil deduzir verdades complexas latentes que não há necessidade
alguma de frequentar escola superior, basta viver o dia-a-dia maçônico
que estas verdades afloram naturalmente, como se sempre estivessem
plantadas na mente e no coração a priori.
É aí que nasce o verdadeiro homem politizado. Este não busca
um ganha-pão com este conhecimento, mas pela ação busca exercer a
verdadeira atitude política, para tornar-se pedra polida dentro da socie-
dade ideal. Uma pedra cúbica que não rola ao sabor dos fluxos dos
manipuladores como se fosse um seixo rolante de fundo de rio, por ter
desenvolvida a capacidade de pensar ele é um obstáculo para os políti-
cos despóticos e desonestos.
O aspecto emocional deve ser alimentado com frequentes dis-
trações, para permitir à mente descansar e se refazer para novas inves-
tidas na arte de pensar. Durante os períodos de devaneio pode ser de-
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senvolvido o ócio criativo; usar o tempo de folga para criar e desen-


volver ideias ou coisas apenas para o deleite emocional, mas que tam-
bém propiciem crescimento.
Russell propôs que o ócio poderia ser acessível a toda a popula-
ção se modernos métodos de produção fossem aplicados, para ele, o
trabalho, tal como o conhecemos, não é o real objetivo da vida.
De Masi, diz que a sociedade industrial permitiu que milhões
de pessoas atuassem apenas com os corpos e não lhes deu liberdade de
expressarem-se com a mente. O que se faz nos templos maçônicos é
exatamente esta retomada da capacidade de pensar que o mundo pós
industrial impôs.
Só que na Maçonaria ninguém é compelido só a pensar, mas
também de sentir e interpretar toda a mensagem maçônica dentro de
seu nível de entendimento. Interagem diversão, trabalho, sentimentos e
misticismo. Mesmo após as sessões, nas ágapes festivas o processo de
construção continua, é quando se discutem livremente todos e quais-
quer temas da vida. As emoções fazem parte do homem, principalmen-
te aquelas que disparam o gatilho da racionalidade. É em momentos de
laser que a maioria das ideias são forjadas, haja vista que elas parecem
já existir a priori e nos saltos para níveis superiores de conhecimento,
para níveis de complexidade maiores, são então apenas "lembradas".
Muitas vezes o pensador passa dias em profunda meditação pa-
ra buscar solução a um problema de forma intensa e sem descanso;
basta-lhe um momento de descontração, e o cérebro expele a solução
para aquilo que jazia incógnito e insolúvel até então.
Outras vezes o pensamento é inédito, não existe registro de ha-
ver sido pensado anteriormente, na maioria das vezes ele é despertado
em momentos de descontração por um símbolo, por uma estória ou
lenda; de repente a ideia está ali, num estalo.
A mola da teoria de conhecimento maçônico é seu paradigma
da complexidade, a curiosidade salutar em avançar cada vez mais nos
conhecimentos de trabalhar a Arte Real em benefício da humanidade,
sempre com frequentes intervalos de laser entre cada investida.
É devido a este conjunto harmônico da metodologia maçônica
que ela tem sucesso em lapidar com um mínimo de esforço os seres
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humanos de uma pedra bruta e tosca em pedra polida e cúbica, onde


cada um ocupa seu espaço na sociedade humana de forma esplendoro-
sa nas colunas e paredes do grande templo da humanidade para honra e
à glória do Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia

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Venerar a Razão

O homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das


ideias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria
realidade. Assim, a partir da inquietação, através de instrumentos e
procedimentos, o ser humano equaciona o campo das hipóteses e exer-
cita a razão. Tudo aquilo que, em resultado de necessidades, desperta
interesse, acaba por incomodar ou afligir, tirar o sujeito do repouso.
Com o uso da razão, as más notícias não afetam tanto, desde
que o ego e as emoções não recebam mais espaço que o estritamente
necessário para tirar o agente do ponto de acomodação. O uso na dose
correta da razão impede decisões impensadas, aquelas que são tomadas
no piloto automático; sem pensar e avaliar. O cérebro é um dispositivo
que surpreende quando usado devidamente e sem a interferência domi-
nante das emoções. Basta leve esforço para sair do ponto de conforto e
tomar o controle da situação quando conflitos surgirem.

Razão é como o maçom denomina a consciência intelectual e


moral. Esta difere dos sentimentos e paixões porque é capaz de desen-
volver atividade proativa própria, afastada das emoções. Consideram-
se aqui como negativas as emoções apaixonadas extremadas e despro-
positais. A coluna da beleza existe para indicar que sem emoção nada
se faz. A motivação desaparece quando não existe emoção.
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Venerar a razão sem esquecer que o homem é uma criatura


emocional e predominantemente social é fator importante para disparar
novos processos mentais que levam a bons resultados. Basta subjugar o
ego que a razão passa a dominar nos processos cognitivos.
Surgem grandes perguntas ao maçom:
 Conheces a ti mesmo?
 És capaz de tomar decisões em situações conflito?
 O ego te conduz por caminhos irracionais?

O sistema de coisas humano impele à tomada de decisões que


enganam sobre o que se é de fato. Esconde o que realmente é impor-
tante. A sociedade passa por processo de deformação onde o erudito e
culto é considerado conservador demais para influir na cultura, repudi-
ando a razão como forma de evolução cultural. E isto se aplica em
qualquer área, em qualquer país. É parte da massificação que leva as
pessoas a adquirirem hábitos e costumes inventados e divulgados pelos
meios de comunicação. As pessoas são infantilizadas, passam a adotar
para si comportamentos idiotas - no sentido de leigos, com falta de
profissionalismo e seriedade.
Surgem ideias de falsa moral que criam conflitos e imoralida-
des degradantes que são repetidas e propagadas. E isto reflete na vida
pública onde o cidadão, por acomodação, não participa das coisas da
cidade nem dos assuntos de ordem pública: é um cidadão privado. O
que se manifesta é um contexto político e social obscuro, de pessoas
alienadas que absorvem dos meios de comunicação hábitos e compor-
tamento idiotas.
O pior é que, mesmo alertada, a massa humana pereniza sua su-
jeição aos comportamentos idiotas.
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Nega-se a pensar por conta própria.


O filosofar maçônico é apoiado no conhecimento racional da
realidade cultural e natural das sociedades. O maçom treinado, depois
de meditar e estudar, acaba por concluir que pode confiar, mas deve
também desconfiar da razão. Mesmo sem ter certeza de que suas medi-
tações estão, ou não, cobertos de razão. Mesmo que a razão, às vezes,
conduza ao erro, ela é venerada pelo maçom Iluminado como o cami-
nho em busca das verdades. O maçom busca certeza e ponderação em
sua busca pelas verdades. Procedimento que envolve razão e lucidez,
onde esta última qualidade é sinônimo de razão, luz, Iluminação. A
penetração e clareza da inteligência realizada com recursos próprios,
mesmo que apoiado nos ombros de gigantes do passado constrói novas
ideias se realizada com esforço próprio, pelo andar com as próprias
pernas, pela capacidade racional da criatura pensante.
Se as ponderações não forem desenvolvidas pelo próprio agente
de mudanças, é pena! Pois, todos os esforços de progredir e evoluir
serão inócuos!
Ilusão!
Inútil!
Esforço de alcançar o vento na corrida!
Na construção de novas ideias não existe o difícil ou o mágico.
Também não aflora sem esforço. Há necessidade de esforço pensante e
capacidade de observação. Identifica-se razão ou motivo, e isto leva à
dedução de que os processos mentais dos seres racionais identificam a
realidade sujeita a leis causais. Daí resulta que o filosofar é causa de
considerações que definem a realidade, toda ela dedutível por proces-
sos racionais. Basta pensar que a intuição se manifesta. Principalmente
quando a ação de ponderações é realizada em grupo.
Numa reunião de seres que usam da razão para provar seus
pontos de vista, a agitação e excitação são permanentes. É um processo
lúdico. Tão divertido que, uma vez embalado nas ondas de animados
debates, gera-se um ambiente de convivência e familiaridade que faz o
tempo voar e as ideias florescerem.
Para efeito de desenvolvimento da consciência moral e intelec-
tual esta não deve ser desenvolvida em condições emotivas, a mente
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será embotada e a razão perde espaço. As ações sempre partem do co-


ração para a mente, mas a razão deve exercer o controle e palavra final.
Partir para ações, arrastadas por motivações que partem da emotivida-
de, implica em perda de sentido da razão. Perde-se o foco.
Quando a razão perde para a emoção é infalível que os vícios e
preconceitos dominem os pensamentos. Avilta a inteligência. Domina
a paixão. A direção do pensamento é levada pelos sentimentos a um
alto grau de intensidade da paixão que leva à obsessão ou vício domi-
nador que se sobrepõem à lucidez e à razão.
Perder a razão acontece quando o agente é arrastado à irracio-
nalidade por questões do coração, flagrantemente ideológicas. E ideo-
logias são como os dogmas das religiões, uma vez fixadas, são defen-
didas pelas tropas de choque da ideologia, mesmo que não tenham
razão, insistem derrubar àqueles que não concordam. É pura emoção
apaixonada. É semelhante ao torcedor de time de futebol apaixonado
pelo seu time que, mesmo perdendo, é sempre o melhor!
É fácil verificar a disposição apaixonada quando em um debate,
a oratória de alguém degenera ao queixume, à lamentação. Ao invés de
pensamento cristalino e edificante, emite gemidos que buscam culpa-
dos externos a si mesmo. Nunca provê soluções ao que se está deba-
tendo. Muda o foco do debate. Os culpados são sempre os outros. Com
isto ele tenta eximir-se de responsabilidades. Transforma-se num zum-
bi, porque indefeso, fica sem ação. Também são os outros que devem
suprir soluções. Esquece que soluções ou verdades nunca são criadas
por quem tem preguiça de pensar e carece de terceiros para caminhar.
Um homem assim ainda está com os olhos vendados e move-se apenas
porque outro o conduz. Falta-lhe Iluminação. Não ousa saber!
Um indício de como alguém se conhece a fundo é a maneira
como reage frente a situações conflituosas com outras pessoas e situa-
ções. Quanto menos espaço a razão possuir, dando lugar ao ego, ao
emocional, mais limitada esta pessoa será. O erro que as outras pessoas
realizam faz com que ela perceba os outros apenas pela fachada errada
que elas apresentam. E esta é a forma pela qual passa a identificar as
outras pessoas; pelo que aparentam ser e não pelo que são. Vê apenas o
ego dos outros enquanto, pelo pouco espaço da razão nela, esquece-se
do ego que existe si. Se a razão superar o ego verá mais. Perceberá que
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o erro que está no outro, está em si também. Com o uso da razão é pos-
sível ver o ego em si mesmo. Isto de forma alguma revela o que se é,
identifica apenas o que não se é, abrindo caminho ao que se poderia
ser. Uma vez reconhecida esta incapacidade, fica muito mais fácil de-
sapegar-se dos dogmas, ideologias e crenças para efetuar mudanças.
Primeiro em si mesmo. Depois os outros mudam porque o agente de
mudanças mudou. Os outros só mudam quando o próprio agente de
mudanças muda a si mesmo.
Na Maçonaria venera-se a razão porque a verdade pode estar
com ela.
Tem uma grande chance de estar certa.
As verdades podem estar com ela.
É a capacidade de a razão revelar o que não se é e que se gosta-
ria de ser que leva a venerá-la.
Ganha a razão quando o conhecimento intelectual e a consciên-
cia moral superam as paixões que degradam a faculdade humana de
avaliar com isenção. A razão, enquanto persiste a consciência moral, é
a vontade do indivíduo calcada em racionalidade e liberdade, longe do
bloqueio das paixões passionais. As ações morais são atos de dever
cumprido sem compulsão, onde prevalece a inteligência regida pelo
intelecto.
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Virtudes e Sabedoria

Quando as atividades humanas são pautadas pela rígida disci-


plina e racionalidade, afloram virtudes que estabelecem maneiras de
portar-se ao longo da vida calcado em regras pessoais intransferíveis
no discernimento do que é bom e mau. A sabedoria está conectada
rigidamente com a capacidade de analisar racionalmente, com a força
do próprio pensamento, sem a interferência de emoção, resultando em
ações que conduzem à vida da maneira mais amena possível.

Não deve ser confundido com a absorção de conhecimentos,


técnicas ou ciências, muito menos do que diz respeito ao divino e ele-
vado. A sabedoria, apesar de sua importância, está rebaixada aos as-
suntos meramente humanos, de como este lida em seu dia-a-dia na
tomada de decisões que visam exclusivamente o bom viver. A sabedo-
ria que o homem tem a capacidade de colocar em ação em sua vida, diz
respeito ao conjunto de virtudes tornados hábitos práticos e racionais
que se referem ao que ele realiza de bom.
Considerando a capacidade do homem de mudar a cada instante
em resultado de sua cognição e principalmente por estar imerso numa
sociedade, esta sabedoria muda também. Tudo depende de como se
age. Apesar de na definição de sabedoria filosófica se determinar que
as virtudes sejam imutáveis, a sua aplicação prática muda de um indi-
viduo para outro e de instante a instante.
O homem que não pratica virtudes não é sábio e deste os vícios
se apoderam e escravizam de formas diversificadas.
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É da sabedoria que nascem todas as virtudes, e esta constatação


leva a decretar que a mesma é mais importante que a filosofia, pois
enquanto esta última debate o conhecimento numa base especulativa, a
sabedoria é resultado da ação e posicionamento pessoal para o bem,
influindo diretamente no estabelecimento de muitos momentos de feli-
cidade do homem na vida diária. Depois da filosofia vagar pelos me-
andros de pensamentos impossíveis de provar, abstrações de intuito
absoluto e eterno, a sabedoria faz o homem voltar para a sua realidade,
ao seu mundo real, ao qual sempre presta contas pelo que ele é, o que
faz e aonde vai.
Alguns estudiosos consideram a sabedoria como aplicação de-
nodada da prudência, ou a capacidade de frear-se, de pensar antes de
agir. A sabedoria é a maneira correta buscar conselho da razão antes de
qualquer atitude. É o condicionamento mental de perscrutar todas as
virtudes e maneiras corretas de aplicá-las. Ao se marcar um alvo e a
vontade concordar com a ação, então, na aplicação de considerações
virtuosas, o resultado sempre será satisfatório. É a maneira de conduzir
a vida de forma saudável, feliz e agradável.
Em todas as atividades humanas há espaço para aplicação da
sabedoria, sem o que, os vícios tomam conta. Assim, a sabedoria pode
ser observada como uma aplicação do saber prático e inteligente. É a
capacidade de identificar a maneira mais prática, eficiente e precisa de
se obter resultados que conduzem ao bem.
As virtudes são tendências de fazer sempre o melhor em qual-
quer atividade. É lógico pensar que existem sempre duas maneiras de
efetuar um trabalho: bem ou mal feito - tanto para fazer mal feito, co-
mo para fazer bem feito, leva-se quase o mesmo tempo e gastam-se
quase os mesmos recursos - então que se faça bem feito!
O uso nobre de virtudes está ligado à capacidade de desenvol-
ver capacidades morais e éticas. Onde a aplicação continuada e intensa
acaba por conduzir à sabedoria, pois esta última é a aplicação de virtu-
des o tempo todo, com persistência.
Um ato moral não é virtude, mas as virtudes desenvolvem atos
que preconizam pela moralidade, que levam a conduzir a vida dentro
de preceitos morais. A sabedoria surge então como uma virtude das
quais todas as outras descendem, daí a afirmação de ser esta a mãe de
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todas as virtudes. A sabedoria como virtude leva o homem a discernir


de quais vícios deve fugir e quais perseguir para tornar sua vida neste
Universo a mais prazerosa possível, sem se escravizar a nenhuma ideo-
logia, hábito ou droga. É a capacidade de avaliar a medida certa de se
submeter às paixões, para que não advenha nenhum prejuízo. É a dis-
posição inteligente do homem de produzir felicidade.
O homem que aplica virtudes com sabedoria, age, vive e con-
serva em si excelentes decisões com orientação da razão prática e útil,
equilibrada com emoção e espiritualidade.
De nada adiantam ao homem ser apenas racional sem que sua
ação contenha valores emocionais, os quais o alimentam e movem à
ação, pois o que não é feito por afeição, por amor, não é nem bem nem
mal.
Algo só pode ser caracterizado como bem quando existe uma
emoção ou afeição que a coloque em movimento.
O homem por ser um ser social por excelência tem a sua ação
no Universo impulsionada pela emoção. Ao alimentar sua emoção o
homem se torna bom para si mesmo, desenvolve auto-estima, ama a si
mesmo, e só então tem capacidade de amar ao próximo, de fazer o bem
ao próximo: a suprema sabedoria que conduz ao amor fraterno, a única
solução de todos os problemas da humanidade; a reta final a que deve
chegar o maçom por utilizar-se da filosofia desta escola do conheci-
mento denominada Maçonaria que dá honra e glória ao Grande Arqui-
teto do Universo.
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Treinando o Cérebro

Nunca fui muito de decorar textos ou fórmulas, estas últimas,


na maioria das vezes, deduzia a cada utilização.
Mas os especialistas afirmam que as pessoas que memorizam
textos ou rotinas têm mais saúde, tanto física como mental.

Que ao treinar o uso da memória também se obtém uma maior


desenvoltura para decisões rápidas em situações de emergência.
Estatísticas demonstram que aqueles realmente dispostos a es-
tudar têm maior chance de se tornarem líderes em suas comunidades.
Com a idade avançando e a capacidade de memória apresen-
tando alguns desafios dignos de nota encaminharam-me a um estudo
do que poderia fazer para não titubear durante uma oratória, momento
em que a falta dos verbetes adequados para tornar o discurso inelegível
ao ouvinte é crucial.
Já possuía o hábito de, ao confeccionar um texto qualquer, in-
troduzir nele um ou dois verbetes não usuais na comunicação colo-
quial. Isto melhorava minha capacidade de memorização, entretanto,
no momento em que percebi que meus ouvintes não me entendiam
devido a estes artifícios, que me beneficiavam, mas prejudicavam a
comunicação, abandonei o procedimento. Ademais, ficava no ar um
ranço de ostentação. Foi um erro.
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Ao fazer exercícios de cálculos mentais com a neta percebi que


aquilo melhorava minha capacidade de memorização e abandonei a
calculadora eletrônica. Hoje forço o uso do cálculo mental em diversas
situações a que sou confrontado: somar os dígitos das placas dos carros
que estão a minha frente na estrada; voltei a praticar a antiga prova dos
nove; e outros procedimentos que envolvem cálculos mentais.
Passei a andar no escuro, ocasião em que adicionalmente fecho
os olhos e uso da memória para me deslocar pelo ambiente, não é
questão de economizar energia elétrica, mas um exercício de mobiliza-
ção da memória.
Na ritualística maçônica os mais antigos, e alguns sábios de ho-
je, mantém o hábito de decorar todos os detalhes da ritualística; conhe-
ço irmão venerável mestre que decorou todas as partes do ritual de seu
cargo. Quem antes considerava vaidoso por efetuar a proeza de não
usar o ritual em momento algum, hoje tem outra conotação; é um pro-
cedimento para melhorar a capacidade de memorização saudável.
Em meu cargo de secretário no Rito Escocês Antigo e Aceito a
fala no grau de aprendiz maçom é: - Sim, venerável mestre. - E nada
mais. Como exercício, passei a decorar as falas dos outros cargos, adi-
antando-me mentalmente à voz do oficial. E isto tem me propiciado
uma sensível melhora em minha capacidade de memorização.
E assim vamos seguindo pela estrada da vida, uns acordados,
outros dormindo o sono dos anjos, quem segue melhor senda só o
Grande Arquiteto do Universo o sabe.
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Peças de Arquitetura Eficazes

Para que a peça de arquitetura seja eficiente e comunique de fa-


to, deve prender a atenção do leitor até o final, para tanto, ela carece de
estrutura eficaz.
Para estruturas de poucas ideias é fácil, normalmente é só es-
crever e revisar até ficar bom.
Comunicar com eficiência é obra de arte.
Exige esforço e denodo.
Existem textos complicados onde o escritor deseja transmitir
sequência de elementos complexos e obter impacto. Surgem situações
em que existe carga elevada de informação que progridem em comple-
xidade crescente. Os tópicos, ideias e exemplos são tantos que fica
impossível desemaranhar os nós apenas usando da mente.
Nestas ocasiões é normal fazer uma lista com as ideias princi-
pais e depois as fragmentar em suas particularidades e relacionamen-
tos.
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Exemplo:

Tema

Fidelidade.

Estrutura do Trabalho

 Introdução: chamar a atenção do leitor para a sua proposição.


 Meio: expor ideias em cadeia lógica.
 Fim: unir os pedaços e comprovar o proposto na introdução.

Criar Tópicos

 Fidelidade é virtude? — Introdução: Despertar a curiosidade do


leitor.
 As outras virtudes dependem da fidelidade?
 Ser fiel em tudo é fidelidade?
 A fidelidade pode ser obstinada ou versátil?
 A fidelidade está subordinada à lei moral?
 Ou é ao contrário?
 Seu progresso em todas as atividades humanas, inclusive na
Maçonaria, depende do sigilo? — Fim: resposta ao questiona-
mento da introdução.
Definidos estes detalhes fica fácil!
O escritor passa a responder aos tópicos propostos sem perder a
visão de conjunto.
Sucesso garantido!
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Aperfeiçoamento

Com o tempo e a prática o escritor passa a deter sua atenção a


outros detalhes como, ambiguidade, brevidade, coerência, concisão,
consistência, correção (importantíssimo), empatia, expressividade,
fluência, precisão e outros detalhes.
Tais cuidados transformam a redação em preciosidades que tem
a possibilidade de influenciar e modificar o pensamento do leitor.
Assim como a oratória, redação é arte. Cada texto é a lapidação
de uma joia. Ambas devem comunicar com eficiência. Daí a necessi-
dade de simplificar o texto com palavras que comuniquem. Se o leitor
tiver necessidade de consultar o dicionário para descobrir o significado
de um verbete sequer, isto pode comprometer a comunicação. Na reda-
ção o que interessa é o nível de interpretação do leitor e não a erudição
do escritor.
A língua portuguesa é rica em verbetes o que é bom para a be-
leza do texto, mas pode ser fonte de perigos.
O importante é comunicar.
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Estudo Constante

Já ouviu falar em disciplina rígida?


Aquela onde você se mantém atrelado a rígidos hábitos constru-
tivos?

Você já fez as contas de quanto tempo gasta em estudar?


Vejamos:
 Se usar apenas 10 minutos ao dia: são 1,17 horas por semana; 5
horas por mês e 60,8 horas ao ano;
 Se estudar 30 minutos por dia: são 3,5 horas por semana; 15
horas por mês; 182,5 horas ao ano
 Se estudar 1 hora por dia: são 7 horas por semana; 30 horas por
mês e 365 horas por ano; ou 0,29 dia por semana, 1,25 dia por
mês e 15,21 dias por ano.
O que você está esperando?
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Oratória, Rainha das Artes

Não raro encontram-se pessoas que não gostam de apresentar o


resultado de seus trabalhos em função de receio de sua capacidade de
oratória não ser suficiente.

Casos extremos existem onde a pessoa prefere perder grandes


oportunidades de negócios e de promoção pessoal só para não enfren-
tar plateia.
Existem também aqueles que se deixaram influir por comentá-
rios onde "ouviram dizer" que a oratória é um dom natural de alguns
poucos privilegiados, e só a estes o Grande Arquiteto do Universo pro-
piciou o poder da comunicação.
Falso conceito!
Somente a aspiração de falar melhor já cristaliza como crédito
para quebrar os grilhões e soltar-se na busca do sucesso pela palavra.
Essa afirmativa é feita com a mais forte convicção, pois se
acumulam os exemplos daqueles que vi iniciarem-se destituídos de
predicado para falar bem e, desmistificando as opiniões infundadas de
que a natureza elege seus escolhidos, independentemente da vontade
do homem.
Assim como ninguém deve deixar de aprender a nadar porque
bebe alguns goles de água nas primeiras tentativas, também o aprendiz
de oratória não deve desanimar porque encontra dificuldades ou come-
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te alguns deslizes nas apresentações iniciais. Basta ter a capacidade de


falar bem.
O resto é questão de treinamento, dedicação e zelo. Em loja te-
mos a maravilhosa oportunidade de desenvolver este dom que cada um
tem. Esta capacidade está latente, mas precisa de treinamento. Não
deve ser deixada solta. Enganam-se aqueles que imaginam a extinção
do estudo da oratória nos dias atuais.
O que houve, na verdade, foi uma grande transformação nas
exigências dos ouvintes e consequentemente na orientação do ensino
da arte de falar. O ouvinte de hoje solicita uma fala mais natural e ob-
jetiva, sem os adornos de linguagem e a rigidez da técnica empregada
até o princípio do século passado. O uso da palavra falada deixou de
ser privilégio dos religiosos, políticos e advogados, e alastrou-se para
todos os setores de atividades.
Os empresários, executivos, técnicos, profissionais liberais ne-
cessitam cada vez mais da boa comunicação. Todos precisam falar
bem para enfrentar as mais diferentes situações: comandar subordina-
dos, dirigir ou participar de reuniões, representar a ritualística em loja,
apresentar relatórios, vender ou apresentar produtos e serviços, dar
entrevistas para emissoras de rádio e televisão, fazer palestras, minis-
trar cursos, fazer e agradecer homenagens, desenvolver contatos soci-
ais, representar a empresa, representar a Loja quando em visita à outras
oficinas.
A oratória é a mais típica e a mais gráfica manifestação da arte,
porque é a arte da palavra: da palavra que é vestidura do pensamento,
da palavra que é a forma da ideia, da palavra que é nítida voz da natu-
reza e do espírito, da palavra que é tão leve como o ar e tão irisada
como a mariposa, da palavra que é transparente como a gaze e tão so-
nora como o bronze, da palavra que murmura como o arroio e ruge
como a tormenta, que prende como imã e fulmina como o raio, que
corta como a espada e contunde como a clava; da palavra que ostenta a
majestade da arquitetura, o relevo da escultura, o matiz da pintura, a
melodia da música, o ritmo da poesia, e que por seus rendilhados e
riquezas, por suas graças e opulências, aclama a oratória, rainha das
artes!
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Bibliografia

1. BACHL, Hans, Nos Bastidores da Maçonaria, Memórias de um Ex-secretário,


Coletânea de Artigos e Traduções, segunda edição, Editora Aurora limitada., 136
páginas, Rio de Janeiro;
2. CONTE, Carlos Brasílio, O Livro do Orador, Oratória Maçônica, ISBN 85-
7374-571-1, primeira edição, Madras Editora limitada., 166 páginas, São Paulo,
2003;
3. MARTINS, Álvaro; SOUZA, Janderson de, Escrever Melhor e Falar Melhor:
um Guia Completo, Seleções do Reader's Digest, título original: Reader's Digest
How to Write and Speak Beter, tradução: Agatha Pitombo Bacelar, Lígia Cap-
deville da Paixão, ISBN 85-86-11677-7, primeira edição, Reader's Digest Brasil
limitada., 608 páginas, Rio de Janeiro, 2003.
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Paranoia de Segurança

Há pouco tempo um irmão foi assaltado quando voltava da casa


da namorada. O filho de outro foi vítima de sequestro relâmpago; teve
seu veículo e haveres tomados, preso no porta-malas de seu próprio
carro, passou por momentos aflitivos - situações semelhantes são tan-
tas que até os veículos já vêm de fábrica com recursos que possibilitam
abrir o porta-malas pelo lado de dentro.

Pela Internet, protege-se o ambiente operacional de computação


com "firewalls" e softwares de segurança. O uso de gerenciador de
banco de dados armazena a informação embaralhando-as com algorit-
mos de criptografia. É tudo muito perigoso e complicado.
Nas casas são construídos muros altos, encimados com farpas,
fios eletrificados, grades e outros obstáculos; luzes acendem automati-
camente, câmeras captam imagens e as gravam, cada porta ou janela
externa é de aço, reforçadas com grades e munidas de sensores. As
casas estão sensibilizadas por sistemas de detecção de presença que
acionam centrais computadorizadas para disparar sirenes e chamar o
serviço de vigilância. No caso de falha do sistema eletrônico, ainda são
mantidos cães de guarda, que conferem item adicional de segurança.
Por não existir engenharia, ainda não foram treinados pássaros, gatos e
minhocas.
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É paranoia!
Sociólogos afirmam que não adianta trancar o mal lá fora. Cada
cidadão tem parcela de responsabilidade pela situação aflitiva. Cada
um que apenas cuida do seu ganho e modo de vida, sem importar-se
com a miséria, tem culpa. Tudo é terceirizado, inclusive a culpa; a ab-
soluta maioria procura culpados fora de si, sem mudar uma fração se-
quer de seu apetite pelo gozo material.
Continua-se a pagar ao especulador, a taxas aviltantes, as dívi-
das internacionais, enquanto miríades de crianças morrem de fome e
doenças controláveis. Incontáveis atos de lesa pátria permitem que a
riqueza seja drenada do Brasil por ninharias, sem distribuir a renda
para minorar a miséria. Por omissão permitem que corruptos continu-
em a colocar o cidadão a mercê de selvagens capitalistas. Inconsequen-
tes assinam tratados que doam as riquezas do subsolo para gananciosos
de outros países. Cegos e surdos aos apelos de vítimas inocentes, tole-
ra-se a impunidade em graus sempre maiores. A lei é servida em "con-
ta-gotas" e apenas os mais ricos tem acesso condizente a ela. Os hipó-
critas lesas-pátrias, usando recursos públicos, distribuem dinheiro de
forma aviltante, como uma espécie de esmola e que mantém o desas-
sistido refém de seu infortúnio, mas que gera votos em tempo de elei-
ção; tudo em detrimento de investimento em educação, segurança e
saúde.
Muitos equivocados maçons promovem a filantropia como o
objetivo maior, e até único, da Maçonaria.
Não é isto que o governo brasileiro está fazendo?
A miséria diminui?
Não!
O povo precisa apenas de melhores oportunidades, distribuição
da renda e educação.
O que hoje se vê com frequência é o cidadão fingido, oportu-
nista e indolente pedir demissão de seu emprego para ficar em casa,
deleitando-se com o que deveria ser um benefício para lhe propiciar
outro começo. E isto não são fatos pontuais, estão espalhando como
fogo em mato seco.
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Colocado desta forma, perpetua-se a hipocrisia. O maçom pode


e deve promover atos de beneficência, mas isto não minora o problema
social, antes, o acentua cada vez mais, porque se o cidadão não puder
mais manter o mesmo ritmo de "boa vida", certamente usará de violên-
cia para continuar sua vida parasitária.
O objetivo central da Maçonaria é estudar para melhorar a si
mesmo, depois tentar melhorar aos que o cercam em seu ambiente so-
cial mais imediato. Com o homem concertando a si mesmo, conserta-
se o mundo. O maçom tem no Mosaico, a imagem das diferenças, o
símbolo da arte de praticar o equilíbrio, que representa o mundo com
todos os seus contrastes.
E o que se faz com isto?
Dar esmolas para equilibrar as diferenças?
Ao longo da história humana sempre existiram os pobres e de-
safortunados e é claro que isto pode ser minorado, basta propiciar para
cada pessoa, rica ou pobre, o caminho das oportunidades, que começa
na educação. Concertar o mundo começa pelo conserto do próprio ho-
mem, assim como faz o diligente maçom. Mas se não praticar a Maço-
naria, nada muda para ele! Para quem não aproveita o básico deste
conhecimento, as informações do painel de cada grau representam que
o iniciado continua vivo; ele ainda não morreu.
Para ser realmente iniciado é necessário antes morrer para uma
condição anterior e só então ser de fato iniciado na mente e no coração.
A iniciação se dá depois da cerimônia, quando o iniciado entende o
que tudo aquilo significa. Se não se esforçar através do estudo, conti-
nuará imobilizado como toda a massa humana. E o que se ensina em
cada grau é apenas um ponto de entrada, uma insignificância se com-
parado com a potencialidade que cada irmão tem em si. O maçom de-
dicado coloca em prática em sua vida as noções básicas e depois as
aperfeiçoa, estende e transmite aos novos e menos desenvolvidos. Isto
o torna poderoso. O segredo é preocupar-se primeiro consigo mesmo,
na sua própria autoconstrução, para então, munido do escudo do co-
nhecimento, com a espada da palavra e o malho do servir, fazer a dife-
rença e mudar o mundo.
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Panelaços, passeatas, lutas armadas, ameaças, anarquia, deso-


bediências civis não resolvem. Sonegar impostos, quebrar o patrimônio
público, pichar paredes, também não. Os organismos de poder consti-
tuídos não têm tato, visão, paladar, olfato, audição, e muito menos,
coração. Max Weber entendeu que as normas sociais só se concretizam
quando aparecem no indivíduo na forma de motivação.
Cada maçom é levado a agir tendo por mola propulsora um mo-
tivo imposto pela tradição, interesses racionais e uma forte componen-
te de emotividade. A loucura só é barrada onde ocorre mudança no
proceder de pessoas como indivíduos e não como massa manipulável.
Cada maçom deve agir com os recursos ao seu dispor, no meio social
onde pode replicar a boa moral maçônica. É o indivíduo que move
valores sociais e de motivação que produzem a ação social; cada inici-
ado é multiplicador desta filosofia.
Manso como o cordeiro, persiste em sua caminhada solitária e
interpreta as pistas que a ordem lhe induz e encontra solução para pro-
blemas que afligem a sociedade. Ao vivenciar a moralidade, santificar
a vida, regenerar o corpo e purificar a própria alma, certamente fará a
diferença na ação da relação social.
Na Maçonaria, a farta simbologia, tomada emprestado de diver-
sas culturas, aponta frequentemente para o desenvolvimento da espiri-
tualidade. A maioria dos sinais e símbolos mostra que o caminho é o
de fazer a vontade do Grande Arquiteto do Universo, guiando-se pelas
leis da natureza. Não em palavras, mas em ações individuais. As ações
sociais são resultados de ações individuais.
Mesmo os poderosos organismos são nada diante da força de
pessoas física, emocional e espiritualmente evoluídas, decididas em
fazer a diferença e que agem sozinhas. Não existe lei casuística que se
contraponha. Cada maçom, convencido desta poderosa força contida
em si mesmo, tem o poder nas próprias mãos para solucionar graves
problemas que afligem a sociedade.
Sem procurar culpado, terceirizar soluções ou deixar-se imobi-
lizar pela paranoia da segurança, ele conhece e discute os problemas de
seu país em grupo, em loja, para então enfrentá-los como indivíduo,
dando exemplo ao seu grupo social mais próximo. Contra o posicio-
namento individual para o bem não existe lei nem ação despótica que
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se contraponha. Esta é a prática da Maçonaria que ajuda a suportar o


que todo dia se vivencia.
A solução não cai do céu! É claro que o sistema cruel e castra-
dor exige de cada maçom sacrifícios para reunir-se em loja, mas a cada
sessão o obreiro tem a possibilidade de sofrer a boa e restauradora in-
fluência dos irmãos que trabalham numa mesma direção; o bem da
humanidade. É necessário estudar, discutir, participar de todas as ses-
sões da Maçonaria. O conhecimento da melhor direção já está escrito
em cada coração e mente de maçons, isto porque para adentrar na or-
dem ele foi escolhido e é homem livre e de bons costumes. O maçom é
multiplicador da maravilhosa filosofia da Maçonaria. Esta empresta as
ferramentas e o local físico para os irmãos reunirem-se num ambiente
justo e perfeito. Ali cada um trabalha em sua pedra bruta com o objeti-
vo de burilá-la em pedra polida.
Enquanto perdura a loucura, enquanto reina a insanidade, resta
apenas fazer bem a própria lição de casa e rogar ao Grande Arquiteto
do Universo que nos perdoe. Nossa loucura está destruindo coisas e
criaturas deste lindo jardim de delícias chamado Terra, este paraíso que
nos foi doado num ato de amor. Sim, estamos insanos, loucos e perdi-
dos porque, em nossa estultícia, apesar dos frequentes avisos de gran-
des iniciados do passado, ainda não aprendemos que o amor fraterno é
a única solução para todos os problemas que nos afligem.
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Bode para Reconhecimento dos maçons

Baphomet

A principal acusação utilizada pela inquisição contra a Ordem


dos Cavalheiros Templários;
Uma mentira condenou os Templários, uma mentira colaborou
para vincular a figura do bode a Maçonaria.
Baphomet no imaginário medieval era vinculado às gárgulas
das igrejas góticas.
- Deus ou "ídolo" dos templários?
Bode de Mendes, Deus das Bruxas, Deus Grego Pan, o próprio
Belzebu.
É certo não existir nas atividades maçônicas nenhuma referên-
cia a Baphomet, nem bruxaria, idolatria, bode, paganismo e principal-
mente satanismo.
Inicialmente gerado para ser grande arcano do bem, foi conver-
tido em algo assustador. Uma terrível propaganda católica criada pela
inquisição, em 1300, para acusar os cavaleiros templários.
Muitos brincam com o assunto; maçom brasileiro brinca com o
tema, característica do brasileiro.
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Não existe relação de Baphomet com a Maçonaria.


Os verbetes baphomet e bode não existem na cultura maçônica,
salvo como brincadeira dos brasileiros.
Maçom deve conhecer o tema apenas como cultura geral.
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A Chave de Hiram

Considerações a respeito do livro A Chave de Hi-


ram; implicações de conhecimento e educação para o ma-
çom; valor do culto e erudito para a ordem maçônica.

A leitura do livro A Chave de Hiram é visto como leitura pre-


judicial por pessoas que, em razão de suas crenças, descartam a possi-
bilidade aventada pelos autores que Jesus Cristo é parte de linhagem
real diferente da vertida pela Bíblia Judaico-cristã.
Sem entrar no mérito da veracidade e seriedade das pesquisas
que culminaram na proposta das mudanças na história da cristandade,
os argumentos são válidos e consistentes como pensamentos novos.
Que cada pessoa, debaixo da luz de seu próprio discernimento e
crenças, com a visão de sua sã racionalidade e sensibilidade, mude sua
forma de pensar.
Se isto destruir dogmas absurdos é bom sinal.
Liberdade é objetivo central da Maçonaria. Significa progresso
de pensamento e conhecimento, cauteriza as chagas do obscurantismo
que tanto mal promove ao longo da história.
Educação e o conhecimento libertam!
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Assim, polir a pedra é tarefa de todo maçom. Todos carecem de


polidez, virtude que marca a origem de outras virtudes. A polidez é
insignificante e ao mesmo tempo importante. Sem ela todas as outras
virtudes seriam imperceptíveis. É na aparente insignificância da poli-
dez que reside sua importância.
Não se trata de refinada educação, tratamento impecável e boas
maneiras, mas do acolhimento de novas ideias e posturas, de mais cul-
tura, de conhecimento.
É o que significa o polir da pedra: polidez!
O caminho da polidez é o ataque frontal, e com todas as forças
mentais e psicológicas disponíveis, ao estudo pessoal dentro da capa-
cidade individual e, com isto, progredir em conhecimento, desenvolver
em polidez.
O maçom alcança seu objetivo quando discute algo que muda
seu modo de pensar.
Debates fomentam o crescimento maçônico.
É o brunir da pedra até brilhar, ficar polida.
Ingressa-se na ordem maçônica para beneficiar-se de um siste-
ma de incremento da polidez, para se autoproduzir, e não apenas para
ser membro do "sindicato".
E que não fique apenas em meia dúzia de autores! Que absorva
bibliotecas inteiras na tarefa de busca de polidez.
Não se restrinja a temas exclusivamente maçônicos.
Seja eclético!
É trabalho, estudo, diversão!
E não fique apenas nisso, que se coloque em uso prático o que
se descobre. Enciclopédias estão repletas de conhecimentos, mas não
possuem a capacidade de colocar tal preciosidade em ação.
Os irmãos autores do livro "A Chave de Hiram" pesquisaram e
trabalharam para alicerçar dados aceitáveis. São corajosos ao exporem
seus pensamentos para a cristandade. O objetivo dos autores não é a de
semear discórdia entre maçons, mas apresentar novas ideias, novos
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Iluminação 103/114

formatos, questionar verdades em novos ciclos de tese, antítese e sínte-


se.
Seriam estultos se suas pesquisas estivessem baseadas em ar-
gumentação sem sustentação histórica e científica. As comunidades
acadêmicas e de pensadores os trucidariam!
Foi graças ao seu treinamento maçônico que eles obtiveram
discernimento diferente das comunidades acadêmicas e científicas que
há tanto tempo estudam na mesma linha sem acrescentarem novidade
na área, talvez por receio de enfrentar a ira de religiosos fundamenta-
listas ou mesmo da falta de visão, de insight.
Independente de o historiador não usar de "achismos", seja ele
técnico e alicerce suas reflexões em documentação de fonte segura e
fidedigna, a história contada em qualquer tipo de registro histórico
contém falhas de interpretação, erros e falsidades. Não por falha do
historiador. Mesmo se a fonte estiver registrada e fartamente documen-
tada, a redação de evento histórico está sujeita aos ventos dos interes-
ses de historiadores, grupos de poder, filosofias, religiões e políticas.
Muito do que lemos e interpretamos em documentos que o
tempo preservou intactos, estão recheados de mentiras. Já falsos em
sua origem.
A boa técnica exige do historiador métodos e procedimentos de
correlação de fatos passados, e por ser parte especulativa e parte asser-
tiva, a verdade histórica absoluta é quase impossível.
Resta duvidar sempre.

Na dúvida e na certeza, duvide!


Biblioteca Charles Evaldo Boller
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Segundo o pensamento grego, a verdade absoluta e eterna deve


presidir o pensamento filosófico, mas até este deve ser permanente-
mente questionado.
O pensamento deve ser reavaliado em base permanente por
eternos ciclos de tese, antítese e síntese.
Para evadir-se da possibilidade de gerar obscurantismo é reco-
mendada ampla abertura para o lançamento de novas ideias, sempre as
submetendo aos filtros que cada um dispõe.
Com o livro A Chave de Hiram não é diferente. Mesmo com o
risco de a obra ser construída em resultado de promoção comercial,
visando lucros, em hipótese alguma aceitar o preconceito fundamenta-
do em crenças, dogmas, fantasias e absurdos de alguns para censurar,
refutar ou invalidar o pensamento.
A liberdade de pensamento é a coluna mestra de sustentação da
Maçonaria. A pesquisa de novas ideias não divide a Maçonaria, tal
procedimento a justifica. Divisão é natural em todas as organizações
humanas, a Maçonaria não é exceção.
A proposta da Maçonaria é a de promover a tolerância para fo-
mentar a livre investigação da verdade, caso contrário ela é apenas
mais uma simples organização filosófica.

A Maçonaria simbólica de 1871 era vista assim por Albert Pi-


ke:
Se você ficou desapontado nos primeiros três graus
da forma como os recebeu, e se pareceu a você que o de-
sempenho não atingiu o prometido, que as lições de mora-
lidade não são novas, a instrução científica é rudimentar e
os símbolos foram explicados deficientemente, lembra de
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que as cerimônias e lições desses graus foram se acomo-


dando cada vez mais no tempo, reduzindo-se e afundando
na trivialidade da memória e capacidade limitada do mes-
tre e instrutor para o intelecto e necessidades do iniciado;
que eles vieram a nós de tempos onde os símbolos eram
usados, não para revelar, mas para esconder, quando o
aprendizado simples foi limitado a uns poucos seletos e os
princípios mais simples de moralidade pareciam verdades
recentemente descobertas; e que estes antigos e simples
graus estão agora como as colunas quebradas de um
abandonado templo druida, na sua rude e mutilada gran-
deza; e em muitas partes, também, corrompidas no tempo,
desfiguradas por adições modernas e interpretações ab-
surdas. Estes graus iniciais são a entrada para o grande
templo maçônico, as colunas triplas do pórtico. - Estas co-
lunas triplas do pórtico são os três graus simbólicos, a ba-
se, o sustentáculo de toda a estrutura do sistema de polidez
da Maçonaria. Se a Maçonaria simbólica cai na triviali-
dade, as colunas de sustentação quebram e a Maçonaria
Universal caminha para a aparência de um abandonado
templo druida.
A aventura continua nos graus filosóficos nos ritos que possu-
em tal extensão.
Não são graus superiores!
Isso é falácia!
Não distingue ninguém!
Antes, espreme o maçom debaixo de grande responsabilidade:
o de tornar-se mestre servidor.
Os graus filosóficos caracterizam-se apenas pela continuação
do que deveria acontecer no terceiro grau simbólico.
Nada mais!
O maçom que alcança ao mais alto grau de seu rito deve aban-
donar insígnias, comendas e enfeites dourados, que só serviram como
demarcação visível do caminho e passagem pelos degraus da escada de
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Jacó, para voltar a portar apenas a mais humilde e significativa das


insígnias maçônicas: O avental do aprendiz maçom.
Assim continua e faz da arte de pensar, debater, estudar: hábito
permanente de sua vida.
Chegando ao topo, volta aos graus simbólicos e filosóficos in-
feriores para dar sustentação à base.
Sem alicerce a estrutura da edificação vem abaixo.
A Maçonaria cresceu vertiginosamente até a década de 1950,
quando inicia sua corrosão e aumenta a evasão.
É fenômeno universal!
A evasão acentuada ocorre em virtude da falta de desafios, de
renovação do pensamento, de acomodação, sem interesse intenso em
pesquisar, ler e abrir a mente para novos pensamentos.
Quando a divisão em novos ritos e obediências promove novas
linhas de pensamentos ela é correta. Se a razão for dividir para con-
quistar poder, então a instituição segue o caminho da estagnação,
mesmice, trivialidade. Basta avaliar em qual destes caminhos cada loja
segue para determinar a capacidade de sobrevivência de seus obreiros
na ordem maçônica.
A Maçonaria universal oferece amplas possibilidades ao cres-
cimento de polidez de seus membros, mas eles devem trabalhar ardu-
amente a pedra.
Maçonaria é:
"Um sistema de numerosos graus, onde o ensino é
permanente, não pela palavra do presidente ou do orador,
mas principalmente pelo trabalho do adepto".
Quem trabalha é o obreiro, o adepto.
Não existe a figura do professor.
Não existe cardápio pronto, receita de bolo ou varinha mágica!
Quem desenvolve polidez com auxílio de seus irmãos é o obrei-
ro, e isto só ocorre na convivência, em debates e produção de material
intelectual escrito.
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Aponta-se principalmente para a importância em manter a men-


te aberta para novos ou inusitados pensamentos. Abrir portas diferentes
ou novas.
A sociedade muda pela força do pensamento e da consciência.
E isto demanda trabalho!
O resultado certo é a produção duradoura de felicidade e paz
para a humanidade pela evolução do conhecimento bem utilizado.
O Grande Arquiteto do Universo ilumina os caminhos do ho-
mem que obtém sabedoria em resultado do uso do livre-arbítrio no
esforço de obter polidez e discernimento de aplicação prática.

Bibliografia

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ção: Eduardo Brandão, ISBN 85-336-0444-0, primeira edição, Livraria Martins
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lhantes e a Busca pela Excelência Emocional e Profissional, ISBN 978-85-6030-
398-4, primeira edição, Ediouro Publicações S. A., 236 páginas, Rio de Janeiro,
2008;
3. CURY, Augusto Jorge, Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, A Educação de
Nossos Sonhos: Formando Jovens Felizes e Inteligentes, ISBN 85-7542-085-2,
sétima edição, Editora Sextante, 172 páginas, Rio de Janeiro, 2003;
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define o que é Ser Inteligente, título original: Emotional Intelligence, tradução:
Marcos Santarrita, ISBN 85-7302-080-6, 14ª edição, Editora Objetiva limitada.,
376 páginas, Rio de Janeiro, 1995;
5. HUNTER, James C., Como se Tornar um Líder Servidor, Os Princípios de Lide-
rança de o Monge e o Executivo, título original: The World's Most Powerful Le-
adership Principle, tradução: A. B. Pinheiro de Lemos, ISBN 85-7542-210-3,
primeira edição, Editora Sextante, 136 páginas, Rio de Janeiro, 2004;
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Liderança, título original: The Servant, tradução: Maria da Conceição Fornos de
Magalhães, ISBN 85-7542-102-6, primeira edição, Editora Sextante, 140 pági-
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maçons e a Descoberta dos Manuscritos Secretos de Jesus, título original: The
Hiram Key: Pharaohs, Freemasons and the Discovery of the Secret Scrolls of Je-
Biblioteca Charles Evaldo Boller
Iluminação 108/114

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Editora landemarque, 378 páginas, São Paulo, 2002;
8. PIKE, Albert, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of
Freemasonry, Prepared for the Supreme Council of the Thirty Third Degree for
the Southern Jurisdiction of the United States, Charleston, 1871.
Biblioteca Charles Evaldo Boller
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Educação na Maçonaria

O cidadão que bate na porta de um templo da Maçonaria em


busca da luz, a educação que leva à sabedoria, aguarda que a ordem
maçônica possua um método de ensino que o transformará em homem
melhor do que já é. Isto é evidente na redação da absoluta maioria das
propostas de admissão.
Tempos depois, muitos não encontram este tesouro, desiludem-
se e adormecem.

Para estes, a almejada luz foi apenas um lampejo.


Longe de constituir falha do método maçônico de educação de
construtores sociais a rotatividade é devida principalmente a nestes
cidadãos a luz não penetrar, isto porque eles mesmos não o permitem.
A anomalia é consequência do condicionamento a que foram
submetidos ao confundirem educação com aquisição de conhecimentos
na sociedade.
É comum não perceberem a sutil diferença entre os dois propó-
sitos. Professor de escola da sociedade ensina, transmite conhecimen-
tos e não educa. São raros os professores das escolas que mostram ca-
minhos e motivam o livre pensamento, e mesmo assim, isto ainda não
constitui educação.
Em educação existe apenas o ato de educar-se, de receber luz
de fora e sedimentar em si novos conceitos, princípios e prática de vir-
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tudes. É impossível educar outra pessoa, a não ser que esta, na prática
de seu livre-arbítrio, consinta e se esforce em mudar a si próprio.
No universo dos seres pensantes existe apenas a
auto-educação.
Qualquer um só pode educar a si próprio.
Ao mestre maçom é dada a atribuição de ensinar.
Pelo modelo do mundo é de sua atribuição transmitir conheci-
mentos e pelo da Maçonaria é induzir o educando a decidir qual cami-
nho deseja seguir em sua jornada. O método da ordem maçônica visa
provocar cada um em descobrir seus próprios caminhos. Ler em con-
junto as instruções do ritual não faz do mestre um educador maçônico,
mas um professor que transmite conhecimento; ele não induz a luz, a
educação da Maçonaria, a almejada sabedoria, para tal, ele carece de
uma longa jornada de autoformação.
O mestre que apenas dá instruções de forma mecânica não ins-
trui, pois se comporta a semelhança do modelo do mundo, onde os
governos propiciam instrução e igrejas conceitos de ação e moral.
Auxiliar alguém em mudar o rumo de sua jornada na presença
do livre-arbítrio é educação.
Romper a "couraça de aço" que envolve o intelecto do educan-
do exige uma expressão da arte mística.
É ilusão pensar que pelo fato do educando ver-se mergulhado
numa sociedade de homens bons, livres e de bons costumes, já seja o
suficiente para fazer dele um homem bom. Se ele não o desejar e não
agir conforme, de nada adiantam os melhores mestres que nunca obterá
a sabedoria maçônica. Esta só penetra num homem se este o permitir.
Por mais que o mestre se esforce, ou possua proficiência num determi-
nado tema, se o caminho para dentro do educando não estiver aberto,
isto não sedimentará e não se transformará em educação. Se o recipi-
endário não abrir-se ao que lhe é transmitido, de nada vale o mais habi-
lidoso educador.
O mestre educador exerce apenas um impacto indireto, por uma
espécie de indução; um potencial que todos têm latentes em si de in-
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fluenciar terceiros por um conjunto de atividades intelectuais, afetivas


e espirituais.
Para romper os bloqueios do educando o mestre deve encon-
trar-se primeiro, mudar-se, e só então obterá a capacidade de induzir
luz maçônica ao outro; de fazer o outro mudar, momento em que, men-
te e coração do educando se abrem e ele mesmo passa a efetuar mu-
dança em si, exercendo seu potencial de auto-educação.
O aprendizado torna-se ainda mais eficiente quando as provo-
cações provêm da ação do grupo sobre o individuo - é o efeito tribal
fixado profundamente na mente de cada indivíduo desde os vetustos
homens das cavernas - quando a maioria das barreiras e bloqueios abre
espaço para a auto-educação com o objetivo de obter aprovação do
grupo.

Para despertar dentro do educando as potencialidades de seus


dons, exige-se do mestre obter conhecimento lato da natureza humana.
Para aprofundar-se no conhecimento das características huma-
nas exige-se dele que conheça antes a si mesmo, da forma a mais am-
pla possível - é a essência do "conhece-te a ti mesmo", de Sócrates.
Este autoconhecimento só aflora quando ele atinge a fase de auto-
realização em sua vida, o último estágio que um ser humano atinge
depois de atender a todas as demais necessidades, e que Abraham Mas-
low definiu para o indivíduo que procura tornar-se aquilo "que os hu-
manos podem ser, eles devem ser: eles devem ser verdades à própria
natureza delas".
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É neste último patamar que se considera a pessoa coerente com


aquilo que ela é na realidade, de ser tudo o que é capaz de ser, de de-
senvolver seus potenciais. Só então é possível ao mestre conhecer a
natureza humana alheia, onde a educação passa a obter característica
de arte ao invés de ciência.
Note-se que educação maçônica, a luz, a sabedoria, não têm
nada a ver com decorar rituais, conhecer ritualística, ser uma enciclo-
pédia ambulante; é uma arte que adquire contornos mágicos quando os
resultados aparecem e produzem bons frutos ao induzir os outros a
mudarem para melhor como edificadores sociais.
Enquanto a ciência pode ter tratamento intelectual com a
transmissão de instruções, a arte de educar da Maçonaria vai muito
além e alcança intuição cósmica.
Enquanto o talento analisa e é consciente, o gênio intui e vai
muito além da consciência, alcança o místico.
Abordagens técnicas não furam a couraça do livre-arbítrio do
educando, mas a alma da educação pode ser alcançada pela metafísica
da arte de ensinar os caminhos para a luz. É uma mistura equilibrada
de conhecimento, emoção e espiritualidade. A educação apresentará
até contornos lúdicos na sua indução. Para isto exige-se do educador
maçônico a plenitude do autoconhecimento e da auto-realização. Tal
personagem porta a capacidade de induzir na mente do educando uma
caminhada que o motiva em efetuar mudanças em sua vida; não porque
o mestre assim o determina, mas porque o educando assim o deseja.
Quando o mestre adquire esta arte de atingir e motivar o edu-
cando pela auto-educação, terá quebrado a barreira da indiferença do
livre-arbítrio e o educando se modifica porque ele assim o deseja. Com
isto o mestre alcança a plenitude de sua atribuição.
É a razão do educador maçônico nunca ser definitivo em suas
colocações e sempre apresentar as verdades sob diversos ângulos, para
que o educando possa escolher ele próprio qual é o melhor caminho a
seguir. É a razão de propiciar aos educandos a possibilidade de debater
num grupo, em família, os temas com que a Maçonaria os provoca e
eles mesmos definirem, cada uma a sua maneira, as suas próprias ver-
dades.
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É a razão de o mestre brincar com os pensamentos, propiciando


emoção agradável, conduzindo as provocações apenas na direção certa
do tema e onde cada um define suas próprias veredas.
Em todos os casos onde o educando sente-se livre para pensar e
intuir ele derruba as inexpugnáveis barreiras do livre-arbítrio que o
impedem, em outras circunstâncias mais rígidas e ritualísticas, de obter
as suas próprias verdades pelos eternos ciclos de tese, antítese e sínte-
se.
Da mágica que se segue da absorção da luz pela auto-educação
do educando é que surge a razão do maçom nunca iniciar um trabalho
sem invocar a fonte espiritual da arte de educar à glória do Grande
Arquiteto do Universo, a única fonte de luz da Maçonaria.
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