Revista Acácia Edição 53 - Maio 2023
Revista Acácia Edição 53 - Maio 2023
Revista Acácia Edição 53 - Maio 2023
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Ir Cídio Lopes de Almeida
Prof. Me. Doutorando em Ciências das Religiões
Faculdade Unida de Vitória
ARLS 27 de Setembro 773
Or de São Paulo/SP
GLESP
Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo
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Posto a primeira pergunta, levantamos uma segunda. Haveria
temas que não lhe seria exclusivo? Temas que são compartilhados com a vida fora do
Templo? A filosofia da Maçonaria seria a Filosofia Ocidental? Portanto, Sócrates, Platão,
Aristóteles, Kant, seriam também do interesse da Maçonaria? Os temas filosóficos tratados
por estes filósofos serviriam para a organização da vida maçônica, que é baseada em uma
dada filosofia de vida?
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considera-se relevante que os mesmos não desejam ser tomados como uma religião. Mesmo
que no contexto maçônico temos palavras e expedientes semelhante a fenômenos religiosos.
O templo maçônico, o segredo/mistério maçônico, o tempo sagrado, o tempo profano,
iniciação aos mistérios, são exemplos de palavras e termos que tem nítida partilha com o
religioso no geral, mas que difere
efetivamente do que seja a
religião cristã e uma ideia popular
do que seja religião. Em muito a
disciplina Ciências das Religiões
Comparadas pode contribuir
muito com a Maçonaria neste
sentido, sem falar na disciplina
Linguagem das Religiões, entre
outras disciplinas.
A primeira aproximação,
nesta comparação, portanto, será
conhecer o que eram os
fenômenos religiosos na Grécia
Antiga. Detalhar o que eram os
aedos, espécie de poetas e
religiosos, pelo que em muito
poderá contribuir com a ruptura
de uma visão hegemônica do que
seja religião e fazer surgir o que
seja este universo da Filosofia de
Vida. Permitindo que os maçons
avancem na compreensão do que
são enquanto fenômeno baseado
em filosofia de vida. Rompendo
em definitivo em dialetizar, e
neste sentido marcar a si neste
processo de negação, com um
momento histórico em que
fizeram oposição ao poder político da Igreja Católica Apostólica Romana. Pelo que a
maçonaria se situou no bojo do nascente pensamento Liberal do século XIX e daí cultivou
outras perspectivas de mística e compreensão do sagrado. Sendo em certa medida o desejo
da Maçonaria em divisar-se do religioso segundo este contexto histórico, e não uma questão
com o sagrado e a mística em geral. Compreender a religião grega e sua rica interação com a
Filosofia nascente nos séculos VI e V a. C. trará muitos ganhos para uma sociabilidade que
se vê como uma Filosofia de Vida.
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processo de confrontar e negar um outro que se mostra a ele, parecendo ser mesmo oposto,
neste primeiro momento. Para uma segunda etapa, na qual o cristianismo assume para si a
filosofia grega e passa a trata-la como parte inerente da sua mensagem. Este processo tem
muito a colaborar com a Maçonaria, que vive em nossos dias dilemas de como lidar com a
vida “profana” e o que seja próprio da maçonaria, seu objetivo de existir.
A aproximação
entre a Igreja e o conhecimento acadêmico
é um bom exemplo para se pensar sobre
manter-se no seu específico e dialogar com
o mundo em geral. Este tema, portanto,
produziu uma longa fortuna pelo que deste modo oferece uma ampla referência de
comparação para a Maçonaria, que enfrenta em nossos dias certa resistência em relacionar-
se com o mundo acadêmico universitário. Pelo que podemos compreender de partida que é
possível se servir dos mais diversos saberes sem perder-se neles.
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afasta do sagrado, e que será em meio dele que se continuará a verificar o que é próprio do
cristão reformado e o que é do mundo.
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Ir Valério de Oliveira Mazzuoli
Assessor e Consultor Jurídico do
Grande Oriente do Estado de Mato Grosso – GOEMT
Benemérito da Ordem e Membro-titular
do Ilustre Conselho do GOEMT.
Obreiro da BCARLS Conquista e Integração nº 8 (REAA)
e filiado à ARLS Cuyabá nº 88 (Rito de York)
Or Cuiabá – MT
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Há, portanto, nos Templos que adotam o REAA,
quatorze colunas aparentes, somando-se as colunas “B” e “J” externas às doze colunas
zodiacais internas. Tais colunas têm significado e simbolismo ímpares, sendo sobremaneira
abrangente o seu campo de estudo e os significados que cada qual apresenta.
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O duodenário zodiacal fixa-se em símbolos que representam
cada qual das doze divisões do ano, baseados em animais (v.g., Áries, cujo símbolo é um
carneiro; Câncer, cujo símbolo é um caranguejo), em seres mitológicos (v.g., sagitário, cujo
símbolo é um centauro) e outros seres animados (v.g., Gêmeos e Virgem), à exceção apenas
de Libra, cuja representação é um objeto (balança).
SOL Leão
LUA Câncer
MERCÚRIO Gêmeos e Virgem
VÊNUS Touro e Libra
MARTE Áries e Escorpião
JÚPITER Peixes e Sagitário
SATURNO Aquário e Capricórnio
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Ademais, quando se analisa a personalidade de cada
indivíduo, percebe-se que, de fato, as características presentes nos signos – completadas pelas
suas relações com os
astros e os elementos da
natureza – transpõem-se,
em certa medida, para os
seres humanos, ainda
que cada qual se distinga
um dos outros pelas suas
ações e atos, nem
sempre pautados por
conexões astrais. No
entanto, não há dúvidas
de que os signos (e suas
combinações) exercem
certa influência nas
características intrínsecas
de cada indivíduo e, por
isso, são objeto de
estudo maçônico.
A presença
no Templo de seis
colunas ao Norte e seis
ao Sul, cada qual
representativa de um signo, é emblemática dessa tradição em compreender a vida e as atitudes
humanas por meio do simbolismo zodiacal.
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Destaque-se que o número doze aparece fortemente no
Apocalipse, Capítulo 21, Versículos 12 a 14, ao descrever a cidade santa de Jerusalém, nos
seguintes termos: “Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e,
sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Três portas
se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. A muralha da cidade tinha doze
fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”.
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Enfim, a “coluna das colunas” – que não guarda quaisquer
características das demais, quer em forma, quer em simbologia – é, em última análise, o
verdadeiro sustentáculo dos trabalhos em Loja, pois liga a Oficina ao Grande Arquiteto do
Universo, para o fim de orientar e guiar todas as atividades empreendidas, sem o que o
edifício maçônico não contará com fundamentos sólidos, e nós, maçons, não lograremos
jamais encontrar a Verdade.
BIBLIOGRAFIA:
CASTELLANI, José. Maçonaria e astrologia. 2. ed. rev. São Paulo: Landmark, 2002.
BARIANI, Walter de Oliveira. A perfeição possível: o mestre. 2. ed. São Paulo: A Gazeta
Maçônica, 2009.
DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do terceiro grau: mestre. 5. ed. São Paulo: Madras,
2014.
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Da pedra bruta à pedra cúbica: ensaios de evolução do
aprendiz ao companheiro. Cuiabá: Umanos, 2022.
WIRTH, Oswald. O simbolismo astrológico: a relação da linguagem astrológica com as
ciências e artes ocultas. Trad. Claude Gomes de Souza. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
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Ir Gustavo Perim
ARLS Independência,01
GLMEES
Or de Vitória/ES
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Bhagavad Gitã, o Canto do Bem-Aventurado, atribuído à Krisna. No Japão seria o Tripitaka
do Budismo ou o Nihongi do Xíntoísmo. Em países islâmicos o Alcorão, em judaicos a Torá
e em cristãos a Bíblia Sagrada.
No entendimento de
alguns estudiosos, como
a M⸫ é universal,
tolerante e sem vínculos
religiosos, a L⸫ usaria o
L⸫ da L⸫ da religião
predominante do local
de origem e
acrescentaria outros
LL⸫ da L⸫ caso
iniciassem obreiros de
religiões diferentes.
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Rito Brasileiro: Abertura e leitura;
Rito de Emulação: Abertura sem leitura;
Rito Adonhiramita: Abertura e leitura;
Rito Escocês Retificado: Abertura e leitura.
No Brasil a abertura
do L⸫ da L⸫ em L⸫ de Apr⸫ M⸫ no REAA era
feita no evangelho de São João até 1952, no
entanto, neste mesmo ano, mudou-se para o
Salmo 133. Isso ocorreu absorvendo-se o que era
feito nas Grande Lojas Americanas. No entanto,
muitos discordam dessa mudança, pois, nos EUA,
não se trabalhava no REAA, mas sim no Rito de
York, maioria até os dias atuais, onde se lê o
Salmo 133 apenas durante as iniciações.
BIBLIOGRAFIA
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Ir Hercules M. Rozo
ARLS “Martim Afonso – Samaritá” Nº 450 – GLESP
Or Santos/SP
Inspetor do Rito - Sup.·. Cons.·. Do Grau 33º R.·. E.·. A.·. A.·. para a
República Federativa do Brasil
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A Quinta da Regaleira ficou muito famosa por causa do Poço
Iniciático e é a razão pela qual 9 entre 10 pessoas vão até lá. Muitos visitantes entendem que
seria uma visita rápida veria o poço, o palacete e pronto. Como se enganam (e que bom)!
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Dr. António Augusto Carvalho Monteiro, ajudado pelo
arquiteto italiano Luigi Manini, dá à Quinta de 4 hectares, o palácio, jardins luxuriantes, lagos,
grutas e edifícios enigmáticos. Lugares estes que escondem significados relacionados com a
Maçonaria, Alquimia, Templários, a e Rosa-Cruz. Modela a Quinta da Regaleira em traçados
que evocam a arquitetura românica, gótica, renascentista e manuelina.
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Grande parte da simbologia maçónica inspira-se em
correntes esotéricas tais como a alquimia, o templarismo e o rosacrucianismo e são mostrada
em símbolos e alegorias em diversos locais da Quinta da Regaleira.
PONTOS DE INTERESSE
JARDINS
BOSQUE
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Existe uma intencionalidade até mesmo na definição e
localização de algumas espécies, como por exemplo a palmeira e a tamareira, consideradas
símbolos de renascimento, porque os gregos chamavam de “Fênix” árvores da mesma família
(aquela que renasce das próprias cinzas).
LÓGGIA DE PISÕES
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A Loggia é uma construção no estilo neomanuelino, é uma
entrada lateral que dá acesso aos jardins da Quinta. É um tipo de estrutura arquitetônica muito
utilizada na Itália, semelhante a uma varanda coberta e está situada no extremo da alameda
que faz a ligação com o Palácio da Regaleira. Coincidentemente, a palavra “loggia” em italiano
é também usada no sentido de “loja maçônica”
POÇO INICIÁTICO
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Entre cada patamar há 15 degraus. No tarot de Marselha, a
carta nº15 é a carta do Diabo, das provações e tentações, o que pode representar as
dificuldades sentidas na viagem interior. No fundo do poço, está embutida em mármore uma
rosa-dos-ventos na qual se inclui também uma cruz templária.
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PERCURSOS SUBTERRÂNEOS
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LAGO DA CASCATA
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CAPELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE
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A Cruz Templária da Ordem de Cristo no pavimento da
Capela, bem como todas as outras cruzes dispostas na Capela, testemunham a influência do
templarismo no ideário sincrético de Carvalho Monteiro.
CRIPTA
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No seu interior há um altar, exatamente embaixo do altar da
capela. O chão apresenta um ladrilhado preto e branco (pavimento mosaico) similar aos de
templos maçônicos.
PALÁCIO DA REGALEIRA
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BIBLIOTECA
AS 3 GRAÇAS MAÇÔNICAS
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INICIAÇÃO
Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa:
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes
Neófito, não há morte.
FERNANDO PESSOA
CAVALEIRO MONGE
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Caminhais em mim Cavalo de sombra
Do vale à montanha Cavaleiro monge
Da montanha ao monte Por quanto é sem fim
Cavalo de sombra Sem ninguém que o conte
Cavaleiro monge Caminhais em mim, ai
Por prados desertos Cavaleiro monge
Sem ter horizontes Por penhascos pretos
Caminhais libertos Por rios sem ponte
Sem ter horizontes Caminhais em mim
Caminhais libertos FERNANDO PESSOA
CURIOSIDADES
O jazigo, localizado do
lado esquerdo na alameda de quem entra no Cemitério,
ocupando uma área com o lugar, o tamanho e a forma do
secretário num templo maçónico, referenciando a igreja
como oriente, ostenta múltipla e variada simbologia.
Corujas, símbolo de
sabedoria, ornamentam o jazigo, assim como as papoilas-
dormideiras que simbolizam a morte.
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BIBLIOGRAFIA
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Ir Pedro Jorge de Alcantara Albani
ARLS Montanheses Livres, 09
Grande Oriente de Minas Gerais – GOMG
Or de Juiz de Fora – MG
Membro da Academia Maçônica de Ciências, Letras e Arte - AMCLA
Membro da Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora e Região - AMLJF
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Meu Irmão fraterno estava sendo preso, acusado haver
ameaçado um Juiz, durante uma audiência no Fórum; As imagens mostravam o carro dele
cercado por agentes de segurança, que mandavam o Irmão descer do carro. O veículo estava
todo adesivado com símbolos da Ordem Maçônica, o que foi um prato cheio para a imprensa.
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ter um comportamento discreto, fez sinal para o Irmão, porém o magistrado que presidia a
sessão achou que era para ele, e que o gesto era uma afronta uma ameaça de morte.
Meus
Irmãos a discrição é uma das virtudes
extremamente importante e
indispensável para manter a concórdia e
harmonia em qualquer instituição,
principalmente na Maçonaria, que
desde seu surgimento vem despertando
a curiosidade de olhos alheios.
Um
Maçom discreto quando diante de um
profano, deve buscar ser comedido com
seus gestos e palavras, para que olhos e
ouvidos curiosos não consigam
descobrir o que é restrito a Ordem.
Mas
voltemos a nossa estória. Temos várias
correntes em nossa Ordem, um
Meritíssimo Juiz foi designado para o
caso, que foi resolvido de modo sigiloso.
Ninguém soube o que ocorreu naquela sala, pois havia somente homens discretos na
audiência e outro arrependido da indiscrição.
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Ir Fábio Emmendörfer.
ARLS Amizade ao Cruzeiro do Sul II nº 90 – GLSC
Filatelista com temática Maçônica
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