Humanização e Gestão Hospitalar
Humanização e Gestão Hospitalar
Humanização e Gestão Hospitalar
1.1. Introdução
O presente estudo abordará acerca da “Humanização e Gestão Hospitalar: Estudo nas
Enfermarias de Pediatria do Hospital Provincial de Tete”, buscando investigar o impacto
das práticas de humanização na gestão hospitalar nas enfermarias de pediatria deste
hospital. A humanização na gestão hospitalar é crucial para melhorar os serviços de saúde,
especialmente em contextos pediátricos, onde a vulnerabilidade dos pacientes requer um
cuidado mais atento e compassivo. No Hospital Provincial de Tete, as enfermarias de
pediatria são essenciais para o atendimento infantil, mas enfrentam desafios como
sobrecarga de pacientes, recursos limitados e processos administrativos ineficazes,
comprometendo a qualidade do atendimento.
Dado que a Gestão Hospitalar é uma área muito vasta e a natureza do trabalho científico
exige uma análise de nível menos abstracto e mais concreto, a análise deste trabalho limita-
se apenas a Humanização nas Enfermarias de Pediatria do Hospital Provincial de Tete,
escolha desse hospital deu-se pela facilidade de acesso à informação pela pesquisadora.
Este projeto de pesquisa tem como objetivo investigar o impacto das práticas de
humanização na gestão hospitalar nas enfermarias de pediatria do Hospital Provincial de
Tete. A humanização dos serviços de saúde não se limita apenas ao tratamento médico,
mas inclui também o acolhimento, a comunicação e o apoio emocional tanto para os
pacientes quanto para seus familiares. Segundo Deslandes (2004), a humanização envolve
uma mudança nas relações de poder e uma reconfiguração das práticas de saúde, visando
uma maior valorização do sujeito (p. 36). Além disso, Ayres (2001) enfatiza que a
humanização deve estar centrada na dignidade do paciente, reconhecendo-o como um ser
integral e singular, e não apenas como um objeto de intervenção técnica (p. 123).
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de seus funcionários em temas relacionados à humanização, bem como assegurar que os
recursos necessários estejam disponíveis para a implementação dessas práticas.
Este estudo buscará identificar as práticas atuais, as percepções dos profissionais de saúde
e dos pacientes, além de propor melhorias que possam ser implementadas para promover
um ambiente mais humano e acolhedor. Através de uma abordagem qualitativa, utilizando
entrevistas, questionários e observações, será possível obter uma visão abrangente das
dinâmicas e desafios enfrentados nas enfermarias de pediatria.
Espera-se que os resultados desta pesquisa não apenas contribuam para o aprimoramento
dos serviços no Hospital Provincial de Tete, mas também sirvam como base para políticas
públicas e estratégias de gestão hospitalar em outras regiões. O foco na humanização visa,
em última instância, garantir que as crianças recebam um cuidado digno e compassivo,
essencial para sua recuperação e bem-estar.
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Fontes de Dados: Serão utilizados métodos qualitativos, como entrevistas
semiestruturadas, questionários e observações directas, para recolhar dados sobre as
práticas de humanização e as percepções dos envolvidos.
Literatura Científica: A pesquisa incluirá uma revisão da literatura científica
relevante para descrever os conceitos e práticas de humanização na gestão hospitalar,
especialmente em contextos pediátricos.
1.3. Problematização
A humanização e a gestão hospitalar são conceitos interligados que, quando bem
implementados, podem transformar significativamente a qualidade dos serviços de saúde
oferecidos, especialmente em contextos pediátricos. No entanto, nos hospitais, diversas
barreiras comprometem a efectividade dessas práticas nas enfermarias de pediatria,
nomeadamente: a sobrecarga de pacientes, a escassez de recursos materiais e humanos, e a
inadequada formação contínua dos profissionais de saúde, resultam em um ambiente
hospitalar muitas vezes desumanizado.
Esses problemas se agravam nas enfermarias de pediatria, onde as crianças, por serem
pacientes particularmente vulneráveis, necessitam de cuidados que vão além do tratamento
médico convencional. A ausência de práticas humanizadoras pode impactar negativamente
não apenas a recuperação física dos pacientes, mas também o seu bem-estar psicológico e
emocional, assim como o de seus familiares. Como enfatiza Ayres (2001), a humanização
deve estar centrada na dignidade do paciente, reconhecendo-o como um ser integral e
singular, e não apenas como um objecto de intervenção técnica (p. 123). Segundo Santos
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(2007), a implementação de práticas humanizadoras em pediatria é crucial para minimizar
os efeitos traumáticos da hospitalização em crianças, promovendo um ambiente terapêutico
mais acolhedor e seguro (p. 75).
Diante desse cenário, surge a questão central desta pesquisa: Como a gestão hospitalar
pode ser melhorada para promover práticas de humanização eficazes nas
enfermarias de pediatria do Hospital Provincial de Tete?
1.4. Justificativa
O presente estudo justifica-se pela oportunidade de se avaliar e melhorar as práticas de
humanização hospitalar, no caso particular do presente estudo, do Hospital Provincial de
Tete, especialmente nas enfermarias de pediatria. Ao investigar as percepções dos
profissionais de saúde, dos pacientes e de seus familiares, bem como os desafios
enfrentados na implementação dessas práticas, será possível identificar áreas críticas que
necessitam de intervenção. Além disso, o estudo poderá fornecer recomendações práticas e
embasadas para a melhoria da gestão hospitalar, promovendo um ambiente de cuidado
mais humanizado e eficiente.
1.5. Relevância
Após a independência passou a designar-se HPT tendo passado a atender toda população
da província. O HPT situa-se na Avenida Kwamenkrumah, bairro Filipe Samuel Magaia,
cidade de Tete, Província de Tete na região centro de Moçambique.
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saúde nos níveis inferiores. Por tanto, esta instituição oferece a possibilidade de
diagnóstico clínico com apoio laboratorial e de outros exames complementares, presta
serviços preventivos, curativo e de ensino, servindo assim o maior campo de estágio aos
profissionais em formação em saúde.
1.7. Objectivos
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Investigar as percepções e experiências dos profissionais de saúde, dos pacientes e
seus familiares em relação às práticas de humanização nas enfermarias de pediatria.
Propor um plano de ação para melhorar e fortalecer as práticas de humanização nas
enfermarias de pediatria do Hospital Provincial de Tete.
2.1. Hospital
Para um entendimento do conceito de hospital, (…) Tales (2002) apud Barros (2013), o
definiu da seguinte forma " o hospital é parte integrante de uma organização médica e
social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica
integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento (internamento ou
ambulatório), inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro de educação,
capacitação de recursos humanos e de pesquisa em saúde, bem como de encaminhamento
de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a eles
vinculados tecnicamente."
Segundo a Organização mundial de Saúde (OMS), no informe técnico 122, apud Seixas
(2004, p.27) “o hospital é a parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja
função é dispensar à comunidade completa assistência à saúde, tanta curativa quanto
preventiva, incluindo serviços extensivos à família, em seu domicílio e ainda um centro de
formação para os que trabalham no campo da saúde e para as pesquisas biossociais”.
Segundo Silva (2012), “o hospital deve estar atento à cultura da sociedade onde se
encontra integrado, de modo a dar resposta às necessidades dos utentes que o constituem, e
a criança doente deve ser observada como pessoa e não como um problema”. Todo o
cidadão tem deveres e direitos, sendo um dos direitos que lhe assiste usufruir de cuidados
médicos e de enfermagem humanizados e com qualidade (p.18).
2.2. Humanização
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, Humanizar “é tornar humano, dar condição
ou forma humana; é tornar mais adaptado aos seres humanos; tornar compreensivo,
bondoso, sociável” (Silva, 2012, p.21).
Oliveira et al., (2006, p.280) citado por Silva (2012), diz-nos que “humanizar, significa
distribuir de uma forma global e igualitariamente benefícios e resultados considerados
propriedades sine qua non da condição humana tais como, dar atenção às necessidades
básicas de subsistência, educação, segurança, justiça, trabalho, acesso à liberdade de
associação, de pensamento e expressão, de ideologia política, de prática científica, arte,
desporto, culto religioso e particularmente: o cuidado à saúde” (p.22). Tal como refere
Oliveira et al., (2006, p.280) citado por Silva (2012), “humanizar é, ainda, garantir à
palavra a sua dignidade ética. Ou seja, o sofrimento humano, as perceções da dor ou de
prazer no corpo, para serem humanizadas, precisam tanto que as palavras com que o
sujeito as expressa sejam reconhecidas pelo outro, quanto esse sujeito precisa ouvir, do
outro, palavras de reconhecimento. Pela linguagem fazem-se as descobertas de meios
pessoais de comunicação com os outros, sem que se desumanize reciprocamente” (p.22).
Isto é, a comunicação é essencial à humanização.
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De acordo com Silva (2012), “Humanizar é um processo que se vai transformando no dia-
a-dia, ou seja, requer tempo e pressupõe atitudes, valores e comportamentos como,
amabilidade, respeito, amor por si e pelos outros, além de satisfação e realização pessoal”
(p.17).
Para Silva (2012), “o termo Humanização tem sido cada vez mais utilizado na assistência
em saúde, sendo importante aprofundar a discussão acerca da saúde dentro de uma visão
holística e humanística, uma vez que o respeito pela individualidade das pessoas, a escuta
atenta, a valorização das crenças e a comunicação, são ingredientes básicos da
humanização” (p.17).
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possível entender o ser humano como alguém que não se forma apenas a um ser com
necessidades biológicas, mas sim como um agente biopsicossocial e espiritual, portador de
direitos a serem respeitados, por isso, quando Silva (2017) citado por Santos e Nascimento
(2022), diz que é preciso que seja garantida sua dignidade ética, ele remete a certeza de que
é imprescindível para começarmos a caminhar a humanização dos cuidados de saúde, nos
dando autonomia de usar essa informação para o período pandêmico em questão (p.6).
Apesar dos diferentes conceitos de humanização, todos eles assentam no respeito pelo
princípio da dignidade da pessoa humana. Deste modo, humanizar “poderá ser, então,
respeitar a pessoa doente como ser humano, independente da sua idade, “privatizar” o seu
espaço e os cuidados a ela prestados, desde a sua admissão no hospital até a sua alta”
(Tiny, 2010, p. 16 citado por Silva, 2012, p.22).
Para Silva (2012), “0s enfermeiros e todos os outros profissionais de saúde que trabalham
nos hospitais devem ter uma sensibilidade para cuidar a pessoa com solidariedade e ética.
Para tal, é indispensável que o enfermeiro desenvolva aspetos essenciais para a sua conduta
de atuação (p.23). Na opinião de Domingues (1996, p. 7), o enfermeiro “deve tentar
estabelecer uma relação empática, serena e comunicativa (...); além da competência
científica, técnica e ética deve ter uma autoestima serena, confiante e harmoniosa (...); deve
cultivar o equilíbrio emocional e desenvolver motivações positivas, (...) o espírito de
disponibilidade e de atitudes positivas e realistas; (...) é essencial a auto realização,
atualizando capacidades, (...) afinar a própria filosofia de vida (...) e aprender a racionalizar
e otimizar os métodos de trabalho (...) ”. Reforçando esta ideia, é fundamental que o
enfermeiro ajude o utente a enfrentar a situação de doença, mas promovendo a sua
independência, autonomia, liberdade de escolha e de decisão.
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psico-social-espiritual, integrada numa família e numa comunidade que fazem parte
intrínseca do seu estar-no-mundo”. Podemos então referir que a humanização está
intimamente ligada à pessoa que, como parece evidente, é única e torna-se diferente nos
modos como se relaciona com o outro, age segundo aquilo que é e de acordo com a sua
personalidade (Silva, 2012).
Afirma Silva (2012), que para a enfermagem, a pessoa é a origem e a meta de toda a
atuação que pretende ser humana e humanizadora. A profissão de enfermagem encontra na
sua existência e razão de ser na pessoa que cuida, o utente. Este é um ser único, com uma
realidade própria, exclusiva e irrepetível, inserido num contexto cultural e histórico, com
necessidades próprias e em contínua construção, devendo ser respeitado na sua
globalidade. Podemos então verificar que a pessoa é o foco central da enfermagem, é
aquela que recebe ou poderá receber cuidados, ou seja, é o ponto de partida para a
enfermagem e deve ser vista como parte de um todo (ambiente, família, sociedade) e não
como um sujeito isolado (p.24).
Na área da saúde (…), toda a pessoa humana é sujeito de direitos e deveres, expressos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamados pelas Nações Unidas (Silva,
2012, p.25). Segundo França (2003, p. 236) citado por Silva (2012), “podemos verificar
que esta declaração favorece a manutenção de um ambiente saudável, tanto a nível social
como moral, e ainda, em última instância, a uma consciência ecológica, ao chamar a si o
respeito pela vida humana à face da Terra, com dignidade” (p.25). Em caso de doença e
internamento, estes direitos e deveres não são perdidos ou diminuídos, pois a pessoa
doente é uma pessoa e, como tal, deve ser tratada de forma humanizada.
Para tal, é imprescindível que os cuidados sejam prestados de forma holística, centrados na
pessoa (utente) e com vista à qualidade dos cuidados prestados. Assenta num conjunto de
valores fundamentais, como a dignidade humana, a equidade, a ética e a solidariedade e
representa mais um passo no caminho da dignificação dos doentes, do pleno respeito pela
sua particular condição e da humanização dos cuidados de saúde, caminho que os doentes,
os profissionais e a comunidade devem percorrer lado a lado. Neste sentido, esta carta
representa “mais um passo no caminho e dignificação dos doentes, do pleno respeito pela
sua particular condição e da humanização dos cuidados” (Feytor-Pinto, 1996, p.26citado
por Silva, 2012, p. 25).
15
Assim, a humanização em saúde tem como principal objectivo promover o bem-estar dos
profissionais e utentes com a dignidade a que todo o ser humano tem direito. “A
humanização significa ser capaz de identificar e valorizar na prática o que é importante e
fundamental aos olhos de quem convive e estabelece as relações de trabalho“ (Backes e
Lunardi, 2006 citado por Silva, 2012).
2.3. Pediatria
De acordo com Sambú (2022), “a pediatria é uma das especialidades da saúde que tem
como objectivo atender a criança nos seus diversos aspetos, sejam eles de cunho
preventivo ou curativo”. Esta área de actuação envolve particularidades, que respeitam as
especificidades da criança, a sua inserção social, a interação com seus responsáveis e os
factores desencandadores de agravamento e doenças. Aspectos referentes ao crescimento e
desenvolvimento, necessidades e riscos à saúde peculiares a cada faixa etária da infância
são essências para o atendimento deste público-alvo (p.26).
16
Pediatria engloba grandes alterações na vida da criança/família, assim como experiências
desagradáveis (Silva, 2012).
Em conformidade com Thomazine (2013) citado por Santos e Nascimento (2022), dentro
do seguimento da assistência em pediatria, a organização do processo de trabalho, envolve
ações que vão desde o acolhimento na admissão, qualidade da assistência prestada, até a
resolubilidade dos problemas dos usuários, estes processos tornam-se ainda mais
importantes quando tratamos de crianças, por serem seres em fase de crescimento e
desenvolvimento. Elas apresentam demandas específicas em cada fase, possuem diferenças
biológicas, emocionais, sociais e culturais, que necessitam desenvolver abordagens de
cuidado diferenciadas (p.7).
Conforme Aragão (2001) citado por Santos e Nascimento (2022), de forma igualitária
tanto a hospitalização quanto a própria patologia podem causar estresse, a criança pode
iniciar um nível de sofrimento emocional e físico. Ainda de acordo com o mesmo autor, é
possível considerar que as crianças são capazes de desenvolver conceitos ligados ao seu
ambiente e estratégias para lidar com ele por meio do brincar, exercitando como lidar com
as situações não fáceis da vida, fazendo-se ouvir e estabelecendo relações aceitáveis com
outras pessoas, conseguindo que haja estimulação e aprimoramento de suas habilidades
sociais e suas relações com outras pessoas (p.8).
17
Segundo Casey (1995); Lopes (2012) citados por Sambú (2022), “os enfermeiros
pediátricos devem apoiar e orientar os pais nos cuidados ao seu filho, adotando atitudes
flexíveis e individualizadas que vão de encontro aos desejos e as necessidades específicas
de cada criança efamília, ou seja desenvolver cuidados em parceria com pessoas mais
importantes para a criança” (p.26).
Para Torrado da Silva a humanização no âmbito da pediatria é “um estado de espírito que
implica conhecimentos e aptidões que moldam as atitudes e se traduzem numa prática
diária atenta à satisfação das necessidades da crianças e das famílias” (Jorge, 2004 citado
por Silva, 2012, p.18).
De acordo com Borba (2006, p. 32), podemos definir administração hospitalar como o
“conjunto de princípios e atividades que envolvem o planejamento, organização, direção e
controle das ações praticadas por gestores de instituições de saúde das redes pública e
privada”.
De acordo com Santos (1998), hoje em dia a administração se chama gestão, e essa equipa
no hospital deve abranger: Gestor hospitalar; Farmacêutico; Almoxarife (líder de
suprimentos); Diretor clínico; Líder de informática; Gerente enfermagem; Gerente de
18
faturamento; Gerente de internação; Gerente de recepção; Assistente social; Gerente do
Same (serviço de arquivo médico e estatística); e Nutricionista-chefe.
19
a construção de hipóteses ou tornar a questão mais clara. Assim, este estudo os objetivos
envolvem a descrição e compreensão das práticas de humanização na gestão hospitalar,
bem como a investigação das percepções e experiências dos envolvidos.
Para a realização dos objectivos traçados para o estudo, o presente trabalho se baseará
numa abordagem quantitativa e qualitativa. Segundo Coutinho (2014, p.26) “do ponto
de vista conceptual, a pesquisa quantitativa centra-se na análise de factos e fenómenos
observáveis e na medição/avaliação de em variáveis comportamentais e/ou sócio-afectivas
passíveis se serem medidas, comparadas e/ou relacionadas no decurso do processo da
investigação empírica”, para tal serão recolhidas opiniões, ideias, conhecimentos e
informações dos funcionários de humanização nas enfermarias de pediatria do HPT que
serão quantificadas em números. Ainda segundo a mesma autora (2014) “considera-se
qualitativa a investigação que “não é quantitativa”, ou mesmo “...que descreve os
fenómenos por palavras em vez de números ou medidas”, assim, a pesquisa visa
compreender profundamente as percepções, experiências e práticas relacionadas à
humanização na gestão hospitalar, utilizando entrevistas, questionários e observações para
capturar dados ricos e detalhados.
Quanto à Natureza, a pesquisa será aplicada, pois busca-se aplicar esses conhecimentos
para melhorar as práticas de humanização nas enfermarias de pediatria do Hospital
Provincial de Tete, buscando soluções para problemas específicos nesse contexto. Envolve
verdades e interesses universais (Gouveia, 2012). Gil (2008) disserta sobre a pesquisa
aplicada, como aquela que engloba estudos elaborados para resolver problemas da
sociedade identificados pelos pesquisadores.
20
registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los (p.59). Assim, o estudo
utilizará de revisão da literatura científica relevante sobre o tema de humanização na
gestão hospitalar e práticas de saúde pediátrica.
21
Segundo Gil (1999), o questionário pode ser definido “como a técnica de investigação
composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às
pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses,
expectativas, situações vivenciadas etc.”. Serão úteis para recolher informações de uma
grande amostra de profissionais de saúde, pacientes e familiares de forma padronizada e
sem a necessidade da presença do pesquisador. Será uma técnica eficaz para avaliar
percepções gerais sobre as práticas de humanização nas enfermarias de pediatria.
Observação é a técnica de recolha de dados que permite descortinar aspectos que tenham
passado despercebidos nas outras técnicas, quer por omissões, quer por manipulações de
comportamentos ou atitudes. Será uma técnica poderosa para observar directamente as
práticas de humanização nas enfermarias, tanto do ponto de vista dos profissionais de
saúde quanto dos pacientes e familiares. A observação participante permite ao pesquisador
imergir no ambiente hospitalar, enquanto a não participante mantém mais distância
objectiva.
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O tipo de amostragem adequado será a amostragem não probabilística intencional.
Para Duarte (2011) “A selecção torna-se intencional quando o critério de julgamento
pessoal do pesquisador” (p.109). Pesquisador faz a escolha por juízo particular, como
conhecimento do tema ou representatividade subjectiva que é formada por sujeitos que são
facialmente acessíveis que estão presentes num local, num determinado período.
Selecionar-se-à os participantes que estão disponíveis e acessíveis para participar do
estudo, como a entrevista aos profissionais de saúde e familiares que estão presentes no
momento da visita
3.5. Amostra
Lakatos e Marconi (2010), amostra “é a parte do universo, seleccionado de acordo com
uma regra ou plano”. Assim, serão selecionados profissionais de saúde (enfermeiros,
médicos e técnicos de enfermagem e medicina que estiverem disponíveis a trabalhar nas
enfermarias de pediatria e que consentirem participar no estudo), crianças (internadas em
diferentes enfermarias pediátricas do hospital e seus familiares que concordarem em
compartilhar suas experiências) e familiares que acompanham as crianças internadas, que
estiverem presentes durante o período da pesquisa.
3.6. Critérios
3.6.1. Critério de inclusão
Profissionais de Saúde:
Enfermeiros, médicos pediatras, técnicos de enfermagem e outros profissionais que
trabalham regularmente nas enfermarias de pediatria do Hospital Provincial de
Tete.
Pacientes Pediátricos:
Crianças internadas nas enfermarias de pediatria do hospital.
Pacientes de ambos os sexos e diversas faixas etárias.
Familiares dos Pacientes:
Familiares diretos das crianças internadas que estão presentes durante o período de
internação.
Familiares de ambos os sexos e diversas idades.
23
Profissionais que não trabalham diretamente nas enfermarias de pediatria.
Profissionais que não possuem experiência relevante com os temas abordados no
estudo.
Os estagiários.
Pacientes Pediátricos:
Pacientes que não estejam internados nas enfermarias de pediatria durante o
período da pesquisa.
Familiares dos Pacientes:
Familiares que não estão presentes durante o período de internação da criança.
Familiares que não concordem em participar voluntariamente do estudo.
A análise de conteúdo servirá para comparar a forma pelas quais as actividades gestão
hospitalar na humanização das enfermarias de pediatria do HPT são realizadas e fazer uma
comparação com a abordagem bibliográfica e documental existente sobre a matéria em
estudo, de modo a fazer a devida:
Transcrição e codificação das entrevistas e observações;
Identificação de temas e categorias emergentes relacionadas à humanização e
gestão hospitalar;
Comparação das práticas identificadas com a literatura existente;
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Elaboração de um plano para melhorar e fortalecer as práticas de humanização nas
enfermarias de pediatria do Hospital Provincial de Tete.
O uso do software Microsoft Office Excel dará seguimento a organização e análise dos
dados recolhidos por meio de questionários em uma base de dados, seguindo os seguintes
passos:
Importar dados do questionário para o Excel;
Limpar e categorizar as respostas;
Realizar cálculos de frequências e médias;
Criar gráficos para visualizar dados (por exemplo, gráficos de barras para
comparações).
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A pesquisa deverá propor e implementar sistemas de monitoramento e avaliação
contínua das práticas de humanização, permitindo ajustes e melhorias constantes no
cuidado pediátrico.
Os resultados da pesquisa deverão servir como base para a formulação de políticas
públicas mais amplas, promovendo a humanização dos serviços de saúde em outras
unidades e contextos hospitalares além do Hospital Provincial de Tete.
Espera-se que os resultados da pesquisa sejam disseminados, contribuindo para o
avanço do conhecimento e das práticas de humanização na gestão hospitalar.
3.9. Cronograma
PERIODO/MÊS DO ANO 2024
1 Levantamento Bibliográfico
2 Entrega do Protocolo
3 Aprovação do Protocolo
7 Discussão/conclusão
8 Redação da Monografia
9 Submissão da Monografia
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