O Comportamento de Mentir

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doi: http://dx.doi.org/10.7213/psicolargum.38.101.

AO01

O comportamento verbal e não verbal na detecção da mentira: uma


revisão bibliográfica

Verbal and nonverbal behavior in lie detection: a bibliographic review

El comportamiento verbal y no verbal en la detección de mentiras: una revisión


bibliográfica

Pedro Eduardo Almeida Costa


Universidade Estadual de Londrina (UEL), e-mail: [email protected],
orcid: https://orcid.org/0000-0001-5219-5338

Alex Eduardo Gallo


Universidade Estadual de Londrina (UEL), e-mail: [email protected], orcid:
https://orcid.org/0000-0002-3890-4270

Resumo
O presente estudo está inserido nas linhas de pesquisa que investigam a identificação do
comportamento de mentir por meio da observação do comportamento verbal e não verbal.
O objetivo principal foi a caracterização das pesquisas sobre a detecção de mentira por
intermédio da observação, publicadas em âmbito nacional e internacional. A detecção da
mentira por meio da observação das alterações do comportamento não verbal vem
ganhando destaque atualmente e a bibliografia aponta que o número de informações
obtidas com os métodos é maior, principalmente, quando se trata de interações em que
podem ocorrer dissimulação de ideias, sentimentos e emoções. No sentido de elucidar
questões pertinentes correspondentes às bibliografias no campo de pesquisa, o presente
trabalho identificou, por meio de levantamento bibliográfico sistemático, estudos que
abordaram a identificação da mentira por intermédio da observação do comportamento

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não verbal. As buscas bibliográficas sobre o tema foram realizadas nas seguintes bases
de dados: Scielo, Web of Science e PsicARTICLE (APA). Devido à especificidade da
temática, julgou-se necessário a expansão da busca para os periódicos Journal of the
Experimental Analysis of Behavior (JEAB) e Journal of Applied Behavior
Analysis (JABA), bem como referências encontradas nos trabalhos obtidos e buscas na
ferramenta de pesquisa Google Acadêmico. Foram incluídos na análise 46 artigos
científicos empíricos. Observou-se um aumento no número de publicações entre os anos
de 1999 e 2010, e, de acordo com a análise, resultados são variados e inconclusivos e a
observação de comportamentos verbais e não verbais não podem servir como indicativos
do comportamento de mentir.
Palavras-chave: Análise do Comportamento, Detecção de mentira, Comportamento
verbal e não verbal.

Abstract
This study is part of a research field that investigate the identification of lying behavior
by verbal and nonverbal behavior observation. The study aimed at characterizing
researches about lying detection by observation, nationally and internationally published.
Lying detection by observation of modifications on nonverbal behavior is gaining
attention and published studies point at the higher number of information accessed using
this method, especially interactions when behaviors, feelings, and emotions can be
disguised. In order to elucidate pertinent questions about researches, the present study
identified, by systematic reviewing, studies that investigated the lying detection by
observation of nonverbal behavior. Bibliographic search took place on Scielo, Web of
Science and PsicARTICLE (APA). Due limitations of research field, we expanded the
search on Journal of the Experimental Analysis of Behavior (JEAB) and Journal of
Applied Behavior Analysis (JABA), as well studies cited on recovered publications and
Google Scholar. We analyzed 46 empirical researches. We found many publications
between yeard 1999 and 2010, and results are varied and inconclusive, and observation
of verbal and nonverbal behavior can not be used as significant instrument for lying
detection.
Key-words: Behavior Analysis, Lying Detection, Verbal and nonverbal behavior.

Resumen
El presente estudio se inserta en las líneas de investigación que investigan la
identificación del comportamiento mentiroso a través de la observación del
comportamiento verbal y no verbal. El objetivo principal era caracterizar la investigación
sobre detección de mentiras a través de la observación, publicada a nivel nacional e
internacional. La detección de mentiras a través de la observación de cambios en el
comportamiento no verbal está ganando importancia actualmente y la bibliografía señala
que la cantidad de información obtenida con los métodos es mayor, especialmente cuando
se trata de interacciones en las que puede ocurrir el ocultamiento de ideas y sentimientos.
y emociones Con el fin de dilucidar las preguntas pertinentes correspondientes a las
bibliografías en el campo de investigación, el presente trabajo identificó, a través de una
encuesta bibliográfica sistemática, estudios que abordaron la identificación de mentiras a
través de la observación del comportamiento no verbal. Se realizaron búsquedas
bibliográficas sobre el tema en las siguientes bases de datos: Scielo, Web of Science y
PsicARTICLE (APA). Debido a la especificidad del tema, se consideró necesario ampliar
la búsqueda de las publicaciones periódicas Journal of the Experimental Analysis of
Behavior (JEAB) y Journal of Applied Behavior Analysis (JABA), así como referencias

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encontradas en los trabajos obtenidos y búsquedas en la herramienta de investigación.


Académico Google. 46 artículos científicos empíricos fueron incluidos en el análisis.
Hubo un aumento en el número de publicaciones entre los años 1999 y 2010, y, según el
análisis, los resultados son variados y no concluyentes y la observación del
comportamiento verbal y no verbal no puede servir como indicativo del comportamiento
mentiroso.
Palabras clave: Análisis de comportamiento, detección de mentiras, comportamiento
verbal y no verbal.

Introdução

“O corpo fala: Juiz anula depoimento depois de analisar a linguagem corporal de


testemunha’’ (O Globo, on-line, 2016). Essa matéria foi postada no portal O Globo, no
dia 24 de fevereiro de 2016. Segundo ela, um juiz do estado do Rio Grande do Sul
invalidou o depoimento de uma testemunha baseado em uma técnica contemporânea de
coleta de dados por meio da observação da linguagem corporal. Na matéria, é destacado
que as técnicas de observação podem ser de grande auxílio e a percepção dos sinais de
alerta (gestos corporais que levantam dúvidas) apresentados pelo suspeito podem servir
como pistas, indicando que pode ter algo além do que está sendo dito (ou omitido). A
ação do juiz gerou algumas críticas e trouxe à tona discussões acerca da detecção de
mentira, nas quais foi frisado que não existe técnica, teste ou método totalmente confiável
ao investigar o comportamento de um suspeito de estar mentindo ou não. Todavia, casos
como esse, em que é utilizada a técnica de observação do comportamento verbal e não
verbal, devem ser cuidadosamente acompanhados de constantes discussões teóricas e
práticas, uma vez que podem vir a causar prejuízos, tanto para o participante quanto para
o aplicador. A partir das considerações destacadas, investigações que reúnem trabalhos
relevantes nessa temática devem ser conduzidas com o objetivo de vir a servir como
norteadoras de futuras pesquisas e ações, em que o uso da identificação do
comportamento de mentir por meio da observação do comportamento verbal e não verbal
(non-verbal/ nonverbal1) é aplicada.
Diversos processos comportamentais ocorrem durante a interação social. Os
comportamentos sociais são desenvolvidos por meio da interação com a comunidade

1
Neste trabalho, o termo não verbal corresponde aos termos em inglês “non-verbal” e
“nonverbal”.

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verbal e são mantidos ou não por suas consequências. Neste estudo, o comportamento em
destaque é o de mentir. A mentira é considerada um comportamento operante e sua
emissão tem por principal objetivo ter acesso a algum tipo de recompensa ou evitar
punições (Ekman, 2009; Hübner, DaRocha & Zotto, 2010). A mentira é um aspecto
importante do comportamento humano, sendo classificada como uma habilidade social
que colabora, de modo conveniente, com a convivência em sociedade. Tão importante
quanto o desenvolvimento de um repertório comportamental adequado de mentir é a sua
detecção. Dentre as técnicas de detecção de mentiras, destaca-se, aqui, a observação da
emissão de comportamentos verbais e não verbais que podem contradizer o que está
sendo vocalizado. Assim, sua identificação é importante para todo indivíduo que precisa
de cooperação para assegurar sua sobrevivência (Honório, 2012).
De modo geral, as técnicas se baseiam em identificar, por meio da observação,
frequências em que determinados comportamentos ocorrem, no intuito de verificar
possíveis sinais que possam indicar estados emocionais e/ou intenção de mentir (De Paulo
& Rosenhal, 1979; Quinta & Coelho, 2009; Zuckerman, De Paulo & Rosenthal, 1981).
Por meio de um estudo de revisão bibliográfica, De Paulo, Lindsay, Malone,
Muhlenbruck, Charlton, & Cooper (2003), destacaram que, ao mentir, o suspeito
frequentemente: tem dificuldade para desenvolver o assuntou ou a história; desvia
significativamente o olhar; movimenta com menos frequência braços, mãos e cabeça; e,
por mais inusitado que pareça, tende a balançar/afirmar o oposto do que está sendo dito
(ao responder sim, realiza movimentos de ‘’não’’ ao movê-la horizontalmente). Assim,
estabelecendo o fato de que os estados emocionais e o comportamento de mentir podem
ser identificados por meio da observação de comportamentos não verbais.
O pioneiro a estudar a correlação entre expressões faciais e como estariam
relacionadas ao mentir foi Charles Darwin (1872/2000). Em sua obra, Darwin apresenta
que alguns movimentos (que podem ser emitidos involuntariamente) repetidos das
expressões faciais podem estar relacionados ao alívio de algumas sensações, tornando-se
hábitos e passíveis de identificação, já que têm estimulação direta do sistema nervoso, o
que demonstra que, por mais habilidoso ou treinado que o suspeito (de mentir) seja,
alguns sinais são passíveis de observação. Estudos que investigam a eficácia da detecção
da mentira por meio da observação do comportamento verbal e não verbal originaram-se
de uma pesquisa pioneira, realizada por Ekman e Friesen (1969), na qual os pesquisadores
buscaram analisar diferenças do comportamento individualmente e como as alterações

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físicas (corporais) eram apresentadas quando os participantes mentiam. Posteriormente,


Ekman e Friesen (1974) realizaram um estudo em que o objetivo era analisar entrevistas
(gravadas) com 21 participantes suspeitos de estar mentindo durante o registro. Os autores
concluíram, em ambos os experimentos, que os julgamentos foram baseados em
alterações nos comportamentos verbais e não verbais, ressaltando, portanto, a importância
e a eficácia desse tipo de técnica.
Atualmente, o campo da detecção de mentira por intermédio da observação de
comportamentos verbais e não verbais está repleto de descobertas, indicando, em seus
resultados, que as taxas de detecção excedem o acaso (Feeley & deTurck, 2016; Frosina
Logue, Book, Huizinga, Amos, & Stark, 2018; De Turck, Harszlak, Bodhorn, & Texter,
2016; Pereira, Lange, Shahid & Swerts, 2017). No estudo conduzido por Frosina et al.
(2018), constatou-se que, ao mentir, houve aumentos acentuados no piscar de olhos,
diminuição de gesticulação das mãos e dificuldade em manter contato visual (olho no
olho). Pereira, et al. (2017), demonstraram, por meio de um jogo virtual aplicado a
crianças, que, ao mentir, os participantes sorriem mais quando comparados com os que
relatam a verdade e que estratégias lúdicas (agente virtual) podem ser usadas como
ferramenta para “extrair” a verdade. Assim, com os avanços tecnológicos e a ampliação
nas áreas de investigação desse fenômeno, constata-se cada vez mais a efetividade da
observação de comportamentos como forma de detecção de mentira.

Objetivos

As detecções da mentira por meio da observação de comportamentos verbais e


não verbais podem oferecer pistas por intermédio de gestos ou de expressões faciais.
Assim, esse método vem ganhando espaço e destaque em diferentes contextos em que é
aplicado. Com base nas questões apresentadas, é de grande importância pesquisas que
têm por norteadores localizar, identificar e oferecer sínteses de investigações anteriores
sobre determinado problema. Dentre as metodologias, destacam-se trabalhos de revisões
de literatura. Neste estudo, o objetivo consistiu em identificar e analisar, por meio de
levantamento bibliográfico sistemático, estudos que abordaram a detecção da mentira por
meio da observação do comportamento verbal e não verbal.

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Método

O levantamento bibliográfico foi realizado nas seguintes bases: Scielo, Web of


Science e PsicARTICLE (APA). Devido à especificidade da temática, foram incluídos na
busca os periódicos Journal of the Experimental Analysis of Behavior (JEAB) e Journal
of Applied Behavior Analysis (JABA), referências encontradas nos trabalhos obtidos e
buscas na ferramenta de pesquisa Google Acadêmico. A seleção das bases ocorreu após
sondagens realizadas pelos pesquisadores que antecedeu a pesquisa e revistas específicas
da Análise do Comportamento. Em todas as bases aplicaram-se os termos de busca,
utilizadas pelo pesquisador, nos títulos, nos resumos, nas palavras-chaves e no assunto.
O procedimento ocorreu no primeiro semestre de 2018.
A seleção dos registros foi feita nos seguintes critérios para sua inclusão. Os
critérios foram amplos, sendo eles: (a) trabalhos empíricos cujo tema central era a
aplicação de técnicas de observação do comportamento verbal e não verbal de mentir; (b)
trabalhos nos idiomas português, inglês e espanhol. A escolha dos idiomas foi referente
as bases de dados selecionadas e familiaridade dos autores. Os critérios de exclusão dos
registros foram os seguintes: (a) pesquisas referentes a outros métodos de detecção de
mentira e diversos à observação do comportamento verbal e não verbal (Polígrafo,
Eletroencefalograma (EEG) e Ressonância Magnética Funcional (RMF)) que poderiam
influenciar qualitativamente no tratamento e análise dos dados; (b) trabalhos repetidos ou
incompletos. Não foi estabelecido um período específico para a busca.
Os trabalhos sobre os quais se obtiveram informações fazem parte do
conhecimento científico produzido por diversos campos de conhecimento. Foram
selecionados artigos empíricos brasileiros e internacionais, que abordaram o tema da
detecção de mentira por meio da observação do comportamento verbal e não verbal. Foi
realizada a inclusão, no banco de dados, de um protocolo de registro de bibliografia
empírica representado nos seguintes campos: Assunto; participante (s); objetivo (s);
metodologia; e principais resultados. Esses campos foram adicionados com o objetivo de
coletar informações pertinentes e a fim de apresentar uma conclusão, informando as
evidências, positivas e negativas, acerca da detecção de mentira por meio da observação
do comportamento verbal e não verbal, com o intuito de aumentar o conhecimento a
respeito das limitações e das vantagens desse procedimento.

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Resultados e discussão

Nos bancos de dados: Scielo, Web of Science e PsicARTICLE (APA), nos


periódicos Journal of the Experimental Analysis of Behavior (JEAB) e Journal of
Applied Behavior Analysis (JABA), e nas referências encontradas nos trabalhos obtidos
e nas buscas na ferramenta de pesquisa Google, a partir da combinação das 3 combinações
dos termos de busca para as bases nacionais e 4 para as internacionais. A Figura 1
apresenta o fluxograma que mostra o número de estudos selecionados a partir das buscas,
o processo de seleção e o tratamento dos dados obtidos.

Figura 1. Processo de busca e tratamento dos trabalhos selecionados

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Depois de selecionados, os trabalhos foram registrados no banco de dados. A


partir da demonstração das informações no instrumento, foram relacionados dados de
identificação. As referências dos trabalhos obtidos e as buscas na ferramenta de pesquisa
Google Acadêmico (representada como Outros) foram as que tiveram o maior número de
trabalhos obtidos (32). Os artigos foram organizados quanto ao número de publicações
por ano e observou-se um número maior de publicações a partir da década de 90, sendo
que o maior índice foi entre os anos 1999 e 2010. Os trabalhos também foram organizados
quanto ao número de publicações por países, dentre eles, os com maior número de
publicações foram os Estados Unidos (19), o Reino Unido (13) e o Canadá (7). Logo em
seguida, Suécia, Portugal e Brasil (2), e Alemanha, Holanda, Paquistão, Singapura e Israel
(1).
As revistas foram classificadas de acordo com o número de publicações incluído
no trabalho. A revista com o maior número de publicação foi a Law and Human Behavior
(8), seguida do Journal of Nonverbal Behavior (7). Após a constatação do número de
publicações encontradas, resgatadas e adicionadas ao trabalho superior, quando
comparado às outras revistas que tiveram seu(s) trabalho(s) incluso(s) na revisão, optou-
se por realizar uma busca com as combinações dos termos selecionados diretamente nas
revistas (Law and Human Behavior e Journal of Nonverbal Behavior). Nenhum artigo,
que já não havia sido incluído, encontrado respondeu aos critérios de inclusão.
Os autores foram identificados e classificados por número de publicações.
Segundo esse levantamento, 87 autores diferentes foram identificados na presente
pesquisa. Destes, Aldert Vrij (14) e Samantha A. Mann (8) foram os que tiveram o maior
número de artigos empíricos incluídos no presente estudo. As instituições, por sua vez,
foram classificadas de acordo com o número de publicações. Identificou-se um total de
61 instituições e a quantidade de publicações incluídas na análise. A partir da tabela,
observa-se que a University of Portsmouth possui a maior parte de participação das
publicações (15(25%)).
Quanto à caracterização dos participantes, notou-se que são as classes são variadas
e que estudantes universitários tiveram maior participação (30 (46%)) nos experimentos.
Os Agentes de segurança também apresentaram grande número (16 (25%)) de
participação nos estudos. A efetividade da detecção da mentira por meio da observação
do comportamento verbal e não verbal. Observou-se que a maior parte (29 (63%)) dos
resultados são expressivos (favoráveis à confirmação da efetividade de que a observação

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de determinados comportamentos (verbais e não verbais) pode servir como pistas do


comportamento de mentir, facilitando, assim, sua detecção. Por último, dados referentes
aos autores, participantes (número de participantes por estudo, idade média, sexo e tipo),
informações relacionadas aos principais resultados e contou com a demonstração, isolada,
da variável dependente (VD) e variável (eis) independente (s) (VI) de cada estudo foram
identificadas.
Antes de iniciar a discussão, enfatiza-se que os trabalhos selecionados para o
presente estudo são apenas aqueles que atenderam aos critérios adotados. Por
consequência, não correspondem à totalidade de produções nacionais e internacionais
sobre o tema da detecção da mentira. Foram considerados apenas artigos, sem restrições
de ano, que realizaram experimentos empíricos com humanos e afirmaram testar a
detecção da mentira por meio da observação do comportamento verbal e não verbal.
Considerou-se importante essa observação para não ser necessário especificar a
generalidade de cada análise ou uma conclusão mais adiante.

Localização, identificação e seleção dos materiais nas bases de dados

A seleção dos termos de busca e suas combinações foram essenciais, bem como
permitiram a conclusão de que os termos “detecção de mentira” foram fundamentais para
a localização dos artigos sobre o tema do presente estudo. A maioria dos artigos
selecionados apresenta-os em suas palavras-chave e em seus resumos, colaborando, por
muitas vezes, com a localização dos materiais sobre o tema e selecionados para o presente
estudo.
Diversas considerações podem ser feitas a respeito de publicações sobre a
detecção da mentira por meio da observação do comportamento verbal e não verbal. Em
primeiro lugar, é importante notar que grande parte dos resultados encontrados foi em
outras fontes (ferramenta de pesquisa do Google Acadêmico e inspeção das referências
do material recuperado). A estratégia utilizada pelo pesquisador tinha por objetivo reunir
o maior número de trabalhos possíveis que correspondessem aos critérios pré-
estabelecidos de inclusão dos materiais. O número de materiais obtidos de outras
referências pode estar relacionado ao maior raio de busca que a ferramenta de pesquisa
Google Acadêmico possibilita, permitindo encontrar trabalhos que mesmo sem constar
os termos de busca em seus títulos e em suas palavras-chave, abordavam o tema.

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Número de publicações ao longo dos anos

A análise da produção anual sobre o tema detecção da mentira por meio da


observação do comportamento verbal e não verbal demonstra que o número de estudos
não teve um aumento gradual ou estável ao longo dos anos (1969-2018). Observa-se um
número superior de publicações entre os anos de 1999 e 2010, sendo que o ano de 2006
obteve o maior número, totalizando seis publicações. O fenômeno pode estar relacionado
ao lançamento e/ou aumento da popularidade de livros sobre o tema e das séries de
investigações policiais que ocorreram nesse período. Dentre as séries, pode-se destacar
como exemplos: “CSI: Miami (2002)”; “CSI: New York (2004)”, “Criminal Minds
(2005)”, “Psych (2006)”, “The Mentalist (2008)”, “Lie to Me (2009)”, dentre outras que
abordam a temática entre os anos 1999 e 2010 (Adorocinema, 2019).

O déficit das palavras-chave

A tabulação das palavras-chave apresentada pelos autores dos artigos possibilitou


a verificação de que a maior parte dos estudos não emprega diretamente o termo detecção
da mentira (lie detection) no título (8) e nas palavras-chave (2), apesar de o estudo abordar
diretamente o tema. Observou-se que palavras como deceit (3) e deception (15) são
utilizadas como sinônimos de mentira. Hiposteniza-se que as palavras destacadas podem
estar sendo utilizadas como meio de controlar possíveis variáveis estranhas, uma vez que
a palavra mentira (lie) possui diferentes conotações (positivas e negativas) quando
analisada em interação com a comunidade verbal. Dentre as palavras-chave mais
frequentemente citadas, destacam-se a palavra deception e suas combinações,
correspondendo à 33% das palavras-chave classificadas. Constatou-se, ainda, que quase
metade (25) dos estudos categorizados não continha palavras-chave associadas ao seu
estudo. Supõe-se que pode ser devido a uma regra específica da revista na qual o trabalho
foi publicado, ou pouca atenção tem sido dada nesse aspecto. Destaca-se que o uso das
palavras-chave auxilia na localização e na identificação de um estudo, principalmente
quando realizado em uma base de dados específica. Portanto, além da inclusão dessas
palavras, sugere-se um grande cuidado na escolha desses termos, assim, buscar coerência
com o tema e uma padronização com a literatura existente pode ser o mais adequado.

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Comportamento verbal e não verbal de mentir

Número de publicações por países, instituições e a variedade dos estudos realizados

Além do grande número de publicações sobre o tema, verificou-se que os estudos


foram desenvolvidos em pelo menos 11 diferentes países. Ou seja, pesquisas que
investigaram a detecção da mentira por meio da observação do comportamento verbal e
não verbal são realizadas em quase todos os continentes do mundo. No entanto, a
produção sobre o tema concentra-se nos seguintes países: Estados Unidos (19), Reino
Unido (13), Canada (7), Suécia (2), Portugal (2) e Brasil (2). O maior número de
publicações científicas foi observado nos Estados Unidos, possivelmente pela maior
concentração de grandes universidades e de incentivos acadêmicos. Dentre as instituições
estadunidenses, destaca-se a Florida International University (4), a University of
California (2) e a University of San Francisco (2). Pode ser verificada também, com base
no recorte das instituições destacadas, a variedade de pesquisas relacionadas ao tema,
como examinar e avaliar estilos de entrevistas (Albrechtsen, Meissner & Susa, 2009; Vrij,
Kristen & Fisher, 2007), testar hipóteses acerca do contato visual como facilitado na
detecção da mentira (Vrij, Mann, Leal & Fisher, 2010), avaliar o envolvimento e a
efetividade e do julgamento de especialistas e amadores na detecção da mentira (Bond,
2009; De Paulo & De Paulo, 1989; Ekman, O'Sullivan, Friesen & Scherer, 1991; Feeley
& De Turck, 2016; De Turck, Harszlak, Bodhorn & Texter, 2016; Forrest & Feldman,
2000; Kassin & Fong, 1999; Zuckerman & Alton, 1984), testar técnicas específicas
(Landry & Brigham, 1992; Vrij, Mann & Fisher, 2006), ampliar a compreensão do
engano, examinando-o como um evento didático (Burgoon & Buller, 1994), entre tantas
outras.
A partir da tabulação e da classificação das revistas na base dedados, pode-se
verificar que os números de periódicos são vastos e variados. Foram identificadas 24
revistas que publicaram sobre a detecção da mentira por intermédio da observação do
comportamento verbal e não verbal. Dentre as revistas, destacou-se a Law and Human
Behavior, que realizou oito publicações. Considerada uma revista multidisciplinar, ela
tem por objetivo trazer discussões de questões recorrentes das relações entre o sistema
legal, o processo legal, o comportamento humano e a lei. Na classificação, na segunda
posição, encontra-se o Journal of Nonverbal Behavior, com sete publicações sobre o
tema. Esse periódico, por sua vez, publica artigos empíricos originais referentes ao

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Comportamento verbal e não verbal de mentir

comportamento não verbal, abordando o comportamento não verbal e abrangendo os


seguintes campos: proxêmica, paralinguagem, expressões visuais, interação face a face,
contato visual e comportamento emocional não verbal, além de outros assuntos
considerados relevantes para a compreensão científica dos comportamentos não verbais
e dos processos envolvidos.

Tipos de participantes por estudo: praticidade e utilidade

Além das informações já apresentadas, os tipos de participantes foram


identificados e, posteriormente, classificados individualmente, por participação em cada
estudo. Nota-se predominância no envolvimento de estudantes universitários em
pesquisas relacionadas à temática. Infere-se a possibilidade de (a) maior facilidade no
engajamento de atividades, (b) flexibilização no horário para a coleta de dados, e (c)
possível interesse em remuneração financeira e/ou outros benefícios (quando houver).
Observou-se, também, que os agentes de segurança tiveram um número superior quando
comparado aos outros tipos de participantes. Supõe-se que, por tratar-se de uma área em
que existem interações com suspeitos, as habilidades de notar os sinais por meio da
observação podem facilitar a detecção do engano (Castilho, 2011).

Resultados positivos versus negativos: a detecção da mentira por meio da


observação de comportamentos verbais e não verbais funciona?

Foi registrada a efetividade da aplicação das técnicas de observação do


comportamento verbal e não verbal como forma de detecção da mentira com base nos
resultados descritos pelos autores. Ressalta-se que os resultados apresentados nesse
estudo são baseados nos mesmos oferecidos pelos autores. Com base nos dados, 11% (5)
estudos não avaliaram diretamente a efetividade da observação do comportamento verbal
e não verbal como forma de detecção da mentira. Já, 63% (29) dos estudos exibiram, por
meio dos resultados, confirmação para a efetividade de que a observação de determinados
comportamentos (verbais e não verbais) podem colaborar com a detecção da mentira. Em
contraste, 26% (12) trabalhos concluíram que essa forma de detectar o engano não se
difere do acaso. Os resultados negativos para a efetividade corroboram com discussões
realizadas acerca desse tipo de atividade, em que os comportamentos de observar

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Comportamento verbal e não verbal de mentir

determinados sinais podem não ser o suficiente ou não colaborar com a detecção do
engano (Bond & Uysal, 2007).

O treino da detecção da mentira

O treino é uma forma de aprendizagem e de aprimoramento de determinadas


habilidades e pode ocorrer de diversas maneiras, como por exemplo: o controle de
estímulo e treino discriminativo (Moreira, Oliveira, & Hanna, 2017). Na detecção da
mentira, enquanto um comportamento operante, também pode passar por processos que
podem favorecer um desenvolvimento mais adequado/acurado tornando essa habilidade
ou técnica mais efetiva. Estudos como os de Quinta & Coelho (2009), Porter, et al. (2000),
e Zuckerman et al. (1984) corroboram com o fato de que treinos com o feedback
colaboram com o aumento do desempenho dos participantes durante o experimento. No
estudo de Quinta e Coelho (2009), foi investigado e avaliado o efeito do treino com
feedback disponibilizado após cada julgamento durante a atividade relacionada a
detecção da mentira. Os resultados do estudo indicaram que o treino com feedback levou
ao aumento do desempenho de todos os participantes (Quinta & Coelho, 2009),
corroborando com estudos em que foi investigado a mesma questão (Porter, Woodworth,
& Birt, 2000; Zuckerman et al., 1984). No entanto, foi também identificado um estudo
em que os resultados indicaram que o treino pode ter afetado negativamente o
desempenho dos participantes (Kassim & Fong, 1999). Assim, sabe-se que o treino, na
maioria dos estudos selecionados, favoreceu a aquisição e/ou aprimorar as habilidades de
detecção da mentira.

Protocolo Criteria-Based Content Analysis (CBCA) e o procedimento Statement


Validity Analysis (SVA)

O protocolo CBCA baseia-se na hipótese de que uma afirmação derivada da


memória de uma experiência real, na qual existe um relato sincero da situação, se difere
em conteúdo e qualidade de uma afirmação baseada em uma mentira, invenção ou
fantasia (Vriji, Akehurst, Soukara, & Bull, 2004; Vrij, Edward, Roberts, & Bull, 2000;
Landry, & Brigham,1992). De acordo Griesel, Ternes, Schraml, Cooper e Yuille (2013),
Vrij e Ganis (2014) e Machado, Silvano e Hutz (2015), para a avaliação de determinados

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Comportamento verbal e não verbal de mentir

comportamentos que podem servir como pistas para o relato enganoso ou verdadeiro, o
CBCA se apoia em 19 critérios, classificados em diferentes agrupamentos, sendo eles:
“Características gerais”, “Conteúdos Específicos”, “Conteúdos Referentes à Motivação”
e “Elementos Específicos do Evento” (Machado et al., 2015).
Nos estudos identificados que fizeram o uso do CBCA, apresentam através dos
resultados que a ferramenta pode facilitar a detecção da mentira. No estudo de Vrij, et al.
(2006), foi destacado que a detecção do engano, utilizando o protocolo como instrumento,
pode chegar a 60% de precisão. Os resultados de Vrij (2006) colabora com estudos
anteriores conduzidos por Vrij, et al (2000) e Landry e Brigham (1992), no qual os
participantes que tiveram acesso a esse protocolo, tiveram um desempenho superior aos
demais, e estatisticamente maiores que o acerto ao acaso. No entanto, deve-se estar atento
às limitações do instrumento, como por exemplo, a falta de um ponto de corte que precise,
se a análise do conteúdo com base na versão, é verdadeiro ou falso (Machado et al., 2015).
Assim, nota-se que o uso de protocolos, apesar de possuir limitações, podem auxiliar no
julgamento da veracidade do testemunho por meio da observação de aspectos verbais e
não verbais.
No Statement Validity Assessment/Analysis (SVA), pode ser compreendido como
um método, que identifica aspectos relacionados a credibilidade de um relato. De acordo
com Machado, et al. (2015), ”A premissa principal do SVA é de que um testemunho
derivado da memória de uma” experiência real difere em conteúdo e em qualidade de um
testemunho baseado em fantasia ou invenção” (p. 36). O procedimento do SVA possui
três partes: Entrevista Cognitiva, verificação de 19 critérios do CBCA e Lista de Controle
da Validade do Testemunho (Griesel, et al., 2013; Machado, et al., 2015). Com base no
estudo identificado, os autores Porter e Yuille (1996), concluíram por meio de seu
experimento, que os resultados não tiveram muita expressividade, indicando que apenas
3 das 18 (16,7%) pistas de engano testadas, diferenciaram as descrições verdadeiras e
enganosas. Assim, com base nas considerações apresentadas, o uso de métodos e/ou
protocolos específicos como uma ferramenta auxiliadora na detecção do engano, pode
facilitar e aumentar a precisão na detecção da mentira, no entanto, deve-se estar atento,
analisar e considerar diversos outros aspectos que podem estar interferindo nos dados
coletados.

Variáveis dependentes e independentes

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Comportamento verbal e não verbal de mentir

Cerca de 95,7% (44) dos trabalhos buscaram compreender a detecção da mentira


(VD) manipulando situações e contextos dos mais diversos (VI). As VIs, variaram da
influência do uso contato visual (Vrij, et al., 2010), do piscar ocular (Leal & Vrij, 2008),
treinos (Quinta & Coelho, 2009; Porter, Woodworth, & Birt, 2000; Zuckerman, et al.,
1984), análise e julgamentos de entrevistas (Vrij, et al., 2007; Vrij, Mann, Fisher, Leal,
Milne, & Bull, 2008; Rodrigues & Arriaga, 2010), atividades diversas (Chan, Khader,
Ang, Chin, & Chai, 2016) até a manipulações mais complexas, como o estudo de
Reinhard (2010), que controlou a tendência de processar informações (Need for cognition
(NFC)). Um dos estudos (Albrechtsen, Meissner, & Susa, 2009), não trouxe a detecção
da mentira como variável dependente, porém, a manipulou para compreender os
processamentos: intuitivo versus deliberativo. E um estudo teve apenas a variável
independente localizada (Burgoon, & Buller, 1994). Destaca-se que as variáveis foram
demonstradas de acordo com o que os trabalhos apresentaram, foi evitado, pelos
pesquisadores, inferências e julgamentos que poderiam interferir na tabulação.

Considerações finais

O objetivo do trabalho foi identificar, por meio de uma revisão de literatura


sistemática, e analisar estudos que abordaram a detecção da mentira por meio da
observação do comportamento verbal e não verbal. Enfatiza-se que o presente estudo teve
por limitação os critérios de inclusão/exclusão. Por consequência, apenas os artigos que
atenderam os critérios adotados foram incluídos, que por consequência, não
correspondem à totalidade de produções relacionados a temática.
Diante do exposto e das variáveis levantadas no presente estudo, os dados
indicados na literatura foram variados e não conclusivos. Ao observar sob perspectiva
analítico-comportamental, não é possível operacionalizar os termos/expressões utilizados
pelos autores apenas com a leitura de suas publicações. Além das informações
apresentadas, notou-se que faltaram informações consideradas básicas nos estudos, como
a definição da mentira ou do comportamento de mentir, a definição do comportamento
verbal e não verbal (independentemente da área de pesquisa e campo de estudo), e até
mesmo, em alguns casos, quais comportamentos identificados/propostos pelos autores
são tratados como sinais de mentira.

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Comportamento verbal e não verbal de mentir

Apesar de o assunto não ser recente, e de existirem evidências convincentes acerca


da efetividade das técnicas de detecção de mentiras por meio da observação do
comportamento verbal e não verbal, com bases nos resultados deste estudo, ainda é
prematuro chegar a qualquer tipo de conclusão. O que se sabe, é que pesquisas que
envolvem protocolos específicos, como o CBCA e o SVA, apesar de possuir limitações,
convergem em resultados expressivos de efetividade. Outro método que se mostra
promissor é o treino da identificação de possíveis sinais que possam indicar o
comportamento de mentira. Para futuros estudos de revisões bibliográficas relacionados
a temática, sugere-se ampliar e refinar o uso de operadores booleanos e suas possíveis
combinações para uma possível otimização dos resultados, o que poderia evitar números
elevados de publicações com baixa ou nenhuma relevância para o trabalho.
Longe de pretender esgotar a discussão, deixam-se algumas questões que
deveriam ser refletidas antes de se tomar qualquer conclusão e iniciar possíveis pesquisas
sobre esse tipo de atividade. O que tem provocado tanta variedade nos resultados dos
experimentos? Será que está claro para todos que estudam o comportamento de mentir, o
comportamento verbal e o não verbal o que de fato eles significam?

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Submetido em: 03/12/2019

Aprovado em: 29/07/2020

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