Close To Me - The Callahans #1 - Monica Murphy
Close To Me - The Callahans #1 - Monica Murphy
Close To Me - The Callahans #1 - Monica Murphy
Apenas Amigos
Outro.
(k.a.t.)
Existem momentos significativos na vida, aqueles que você
não consegue evitar, mas mantém guardados em seu banco de
memórias. Mesmo se você não os quiser, eles estão lá. Persistentes.
Reaparecendo quando você não quer se lembrar. Dar-se a
conhecer durante um determinado momento, quase como se
dissesse: “Ah, eu avisei”.
recebam uma “classificação” diferente dependendo da sua idade ou do ano que está cursando. Ao chegar ao
Ensino Médio, cada ano tem uma nomenclatura: quem está no primeiro ano (9th Grade) é chamado freshman.
Eu o conheci na primeira semana de escola.
Eu estava puta.
Eu simplesmente sabia.
2
Esse é realmente o nome dela, e significa outono. JT brinca por conta da fala dela.
— Hum, claro. — Eu aceno, chocada e satisfeita por ele dizer
tal coisa.
Meus pais não me deixam ter o Snapchat. Papai diz que sou
muito jovem, mas ele é tão superprotetor que é ridículo. Mamãe
acha que ele está sendo muito rígido e concordo com ela.
Um menino.
— Você realmente acha que Jonah Taylor quer sair com você?
— Ele pergunta, como se tivesse ouvido toda a nossa conversa.
— Eu sou seu novo melhor amigo que vai contar para você a
verdade. — Ele se recosta no banco, tirando o cabelo dos olhos.
— JV.
Não perguntei o nome dele e ele não perguntou o meu, mas ele
sabia quem eu era.
Ela é irritante.
— Sim, e isso tudo ficou para trás agora. O que mais vou fazer
com meu tempo?
É nojento. Quem quer ver seus pais agindo assim? Eles são
tão velhos.
E eu consegui.
Fazer dança por anos ajudou, tenho certeza. O fato de meu pai
ser uma lenda do futebol não tem nada a ver com isso, o que é
muito bom. Pela primeira vez, fiz algo sozinha e gosto disso. Acho
que a sombra do papai paira sobre Jake, então ele sempre tem
essa necessidade de se provar para todos que encontra. Estou
supondo que Beck vai acabar da mesma maneira, embora talvez
não. Aquele garoto tem muita arrogância e está na maldita terceira
série.
Podemos ter nos mudado para esta pequena cidade para ficar
longe de tudo, mas todos que vivem aqui sabem quem é meu pai,
especialmente todos os meninos da minha escola. Claro que eles
sabem.
— O que é?
Sim. JT, o idiota, que tentou fazer com que eu lhe enviasse
fotos nuas no ano passado.
Asher5 Davis. Ele brinca com fósforos por causa do nome dele?
4
Um estipêndio é uma forma de pagamento monetário semelhante a um salário, conferido a aprendizes
ou estagiários, pago por hora.
5
Significa Cinza.
— Ele é meio idiota, — digo ao meu pai, decidindo que a
honestidade é realmente a melhor política.
Nunca.
É o primeiro dia de aula e eu entro na minha aula de química
do sexto período, sorrindo para o Sr. Curtin, que está sentado
atrás de sua mesa, já conversando com alguns alunos. Todas elas
garotas. Ele é mais jovem, com quase 30 anos, e já ouvi mais de
uma vez de garotas que o acham gostoso ou que têm uma queda
por ele.
Ai credo.
Asher Davis.
É isso que ganho por pensar que nunca mais teria que lidar
com ele de novo - mais como se estivesse em um grande estado de
negação. Eu deveria saber. Mais do que isso, eu deveria ter
lembrada que compartilhamos um grupo de amigos, embora ele
esteja mais à margem disso. Ele está no time de futebol e eu sou
uma líder de torcida - embora ele esteja no JV, então não torcemos
durante seus jogos. Na hora do almoço, ou sempre que nossos
amigos estão sentados juntos, tento o meu melhor para evitá-lo.
Não sei por que o evito. Talvez eu não tenha gostado de como
ele foi direto quando nos conhecemos. Talvez eu não goste de como
ele desfila pelo campus como se fosse o dono do lugar. Talvez eu
não goste da maneira como ele me olha, como se pudesse ver
através de mim, até a própria essência da minha alma.
Me mate agora.
Eu olho para longe, olhando para frente mais uma vez. — Por
favor, não fale comigo, — eu digo o mais baixinho possível. Ele
sabe que não gosto dele.
Ele puxa sua cadeira em direção à minha, cada vez mais perto,
até que sua respiração faz com que fios de cabelo caiam em meu
rosto. — Mentirosa. — Sua respiração está quente, sua voz baixa
enquanto ele fala diretamente no meu ouvido. — Aposto que você
praticamente passa creme na calcinha toda vez que está na seção
de planejamento.
Um suspiro me deixa e eu viro minha cabeça tão rápido que
nossos narizes praticamente se tocam. Ele recua, embora não o
suficiente. A raiva faz meu sangue correr quente, embora não seja
o suficiente para abafar a sensação estranha e formigante que
estou experimentando.
Nunca.
Estou fora da porta antes que ele consiga tirar sua bunda
preguiçosa da cadeira, e eu corro no corredor, fazendo meu
caminho em direção à academia, onde posso me esconder no
vestiário feminino e nunca mais ter que vê-lo novamente.
Até amanhã.
6
Educação física.
força que faço um barulho estranho de susto, e mãos fortes se
estendem para agarrar meus braços, me firmando. Quando eu
olho para cima, vejo que é...
Asher?
Mas posso ver como seus olhos escurecem - não tenho certeza
de como isso é possível, eles já estão tão escuros - e posso dizer
que ele está com raiva.
Talvez até…
Ferido?
De jeito nenhum.
Estou quase com medo de contar a ela. Eu não quero que ela
grite ou pior, diga-me que ela está decepcionada comigo.
Não sei como pensar em Ash. Ele é horrível, mas não acho que
poderia chamar de horrível. Ele não é muito legal comigo. Sempre
parece que ele está zombando de mim, como se me achasse uma
grande piada. Mas hoje eu me rebaixei tanto quanto ele e disse
uma coisa terrível.
Eu deixo meu olhar cair para o meu colo, olhando para minhas
mãos enquanto eu encho meus dedos. — Ele foi abusado? —
Talvez por seu pai morto?
É fascinante.
Mas eu não vou quebrar. E ele também não. Eu não gosto dele.
Ele não gosta de mim. Na química, porém, não temos escolha.
Temos que trabalhar juntos.
É uma merda.
Minha boca se abre, estou tão chocada que ele disse algo
coloquial para mim além de — Ei, me passe o tubo de ensaio. —
Minha garganta seca e de alguma forma fico sem palavras, o que
nunca acontece.
Meu queixo cai novamente e me viro para olhar para ele. Como
ele sabe que gosto de Ben Murray? E espere um minuto - ele sabe
de algo que eu não? Ele é amigo do Ben? Ha, duvidoso. — Do que
você está falando?
Nós fazemos?
Eu fico olhando para ele, confusa com o tom de sua voz. Ele
fez aquela pergunta soar francamente... sugestiva. Como se
conhecesse alguém interessado em mim.
Ele.
Não, não, não, não.
Espero que ele não tenha percebido. Ele é o tipo de garoto que
usaria a reação descontrolada do meu corpo contra mim. Ele
transformaria isso em algo sujo, e eu não tenho esse tipo de
pensamento sobre ele. Sem chance.
Uh uh.
O que é pior?
Tão injusto.
Eu faço isso tão bem que nem percebo no meio da aula que ele
está tentando chamar minha atenção. Ele bate na borda da mesa
velha com mais força, fazendo com que Curtin pause em sua
palestra por um breve momento antes de retomar, e eu olho para
Ash para ver que ele agora está batendo levemente na borda de
seu caderno com a caneta.
Olhando para baixo, vejo que ele escreveu algo. Uma nota.
Para mim.
Calça preta.
Ok, talvez ele não diria isso. Acho que tenho lido muitas
histórias de amor sobre jogadores de futebol no Wattpad
recentemente. Meu vício secreto.
Mas ele não me questiona sobre isso. Em vez disso, ele rabisca
no papel:
Nada.
Nada mesmo.
— Eu sinto sua falta.
É tão irritante.
7
As sandálias fizeram muito sucesso nos anos 90. Feitas com sola de borracha ou cortiça e com tiras
presas com fivelas, elas são a cara do verão.
E, oh Deus, não sei se quero fazer isso.
8
Abreviação do nome da marca de sandália que ela está usando, Birkenstocks.
e meus seios estão balançando porque, como um manequim, eu
usei uma bralette9 hoje em vez de um sutiã normal.
9
Esse termo é mais usado fora do Brasil e designa um sutiã sem estrutura rígida (bojo, barbatana, aro).
de pura alegria quando Adney puxa meu braço e o braço de Ash
em uma pose de vitória.
Graças a Deus.
Não vou mentir, com certeza seria bom ganhar essa coroa, no
entanto.
E Ash também.
— Para você, — Ben diz uma vez que ele está parado na nossa
frente. Ash me solta e de repente estou nos braços de Ben
enquanto ele me puxa para um abraço. Ele se sente seguro, ele
cheira bem também, e quando eu me retiro, ele enfia a rosa entre
nós e eu a pego, cheirando a flor delicada. — Parabéns.
— Obrigada, — murmuro, sorrindo para ele. Nenhum menino
me deu flores antes.
Eu juro que ouvi Ash murmurar algo rude sob sua respiração.
— Oh. — E eu já sei que seu pai não está mais aqui. — Como
você vai para casa?
Pode ser.
Sozinhos.
Juntos.
Ficamos quietos por tanto tempo que fica estranho. Lou nos
ignora, mexendo no rádio do carro até encontrar uma estação
antiga e aumentar o volume. Presumo que seja música dos anos
60, e é meio horrível, não é o que eu gosto, mas permaneço quieta,
olhando pela janela e desejando o tempo que passar.
Mentirosa.
— Seu pai tem me batido na cabeça para dizer algo muito pior,
— Ash diz, me fazendo rir.
Ele fica sério rápido. — Você sabe que não estou usando você
para me aproximar do seu pai, se é com isso que você está
preocupada.
— Seriamente.
Ele apenas aperta meu pulso. — Nada disso tem a ver com seu
pai.
Nosso segredinho.
Pesado e taciturno.
— Não, ei, como você está, hein, Callahan? Você está pronta
para começar? — Seu tom é divertido, ainda...
— Por favor? — Não quero implorar, mas ele precisa saber que
estou falando sério. Eu realmente preciso falar com ele. Ou... seja
o que for com ele.
Tão macia.
Ficamos assim por minutos. Pelo que parecem horas, até que
eu posso sentir meu telefone zumbindo no bolso de trás da minha
calça jeans e eu sei que um dos meus amigos - provavelmente Kaya
- está procurando por mim. Eu empurro Ash para longe e pego
meu telefone para ver que tenho cerca de um bilhão de mensagens
de texto dela.
Autumn.
Autumn?
Autumn!
— Eu tenho que ir, — digo a ele assim que coloco meu telefone
no bolso novamente.
Ele não libera seu domínio sobre mim. Não, ele descansa as
mãos na minha cintura e se inclina, deixando cair beijos delicados
e úmidos ao longo do meu pescoço. Puta merda, isso é tão bom. —
Ainda não, — ele murmura contra a minha garganta.
— E quanto a mim?
— Você tem uma queda por mim? — Meu coração está batendo
tão forte que eu juro que parece que está subindo pela minha
garganta, pronto para voar para fora da minha boca quando eu
falar.
EU.
Não.
Sei.
Eu gosto dele.
Ele me repele.
Às vezes, acho que também o repugno.
Mas nunca disse a Ben que o amo. Ele nunca disse isso para
mim também. Tenho amigos que estão em relacionamentos nos
quais dizem que te amo dentro de uma semana. Isso está indo
rápido demais para mim. Quase como se eles dissessem apenas
porque acham que precisam.
— Você já vaporizou?
Mas ele não está ofendido. Ele está sorrindo para mim como
um grande idiota. — Nada pode me matar. Sou invencível. Você
não me viu lá fora?
O covarde.
Quando ele não está carrancudo, ele tem sua língua enfiada
na garganta de outra garota. Geralmente durante o almoço. É o
suficiente para me fazer querer perder meu verdadeiro almoço,
toda vez que vejo suas mãos possessivas sobre uma garota, seus
lábios se fecham. É tão nojento.
Como diabos ele sabe disso? Apesar de irmos para uma escola
pequena, todos sabem dos negócios dos outros. — Eu tenho que ir
para casa.
Realmente louca.
Outro desafio.
Sem pensar, abro a porta e entro, caindo no banco com um
bufo. Eu fecho a porta que range, batendo com tanta força que
chacoalha com a força disso. Ash apenas me estuda, parecendo
surpreso que estou realmente dentro de sua caminhonete. Minha
saia sobe e eu puxo de volta para baixo o melhor que posso, mas
minhas coxas estão basicamente à mostra e me sinto totalmente
exposta.
— Achei que você usasse fósforos. — Sou tão idiota por trazer
isso à tona, mas jurei que ele acendeu um fósforo quando o vi pela
primeira vez.
Acho que ele fez isso por mim, mas não vou me preocupar
muito.
Uma mentira tão bonita que sai de seus lábios. — Você já fez.
Ele ri. — Eu gosto de como você vai direto para o beijo. Me faz
pensar que você perdeu.
Carente.
— Claro que você estava. Todas vocês fazem. — Ele faz uma
pausa por um momento. — Eu te deixei louca.
Uma mentira.
— Então. Onde está ben, afinal?
— Eu não dou a mínima para o que ele está fazendo, — ele diz
melancolicamente.
Que bom que minha treinadora não me viu com Ash. Ela pode
fazer todo tipo de pergunta. Perguntas que não posso responder.
— Posso sentar no banco, então?
Este beijo, nosso segundo beijo, é tão faminto. Mas mais lento.
Mais determinado.
Mais delicioso.
E então.
Ele chama meu nome, mas eu não olho para trás. Estou
correndo para o meu carro, atrapalhada com chave com os dedos,
ansiosa para entrar no carro com medo de que ele possa me
alcançar. Me tocar novamente.
Um grande erro.
Passo todo o meu sábado na cama, enfurnada no meu quarto.
Mamãe e papai saíram por volta das duas, levando meus irmãos e
minha irmã com eles. Eles iam a um jogo de futebol na
universidade estadual que fica a cerca de uma hora de distância
de nós. Eles conseguiram camarotes especiais graças a alguém que
papai conhece, e mamãe praticamente me implorou para ir, mas
eu disse a eles que não me sentia bem e que preferia ficar em casa.
— Quem?
Ele me beijou ontem à noite e esta tarde ele está com outra
garota. Uma garota que está com todos os caras da nossa escola.
Ela é uma veterana, um ano mais velha do que nós, e ela passou
pela maioria dos meninos da escola. Tipo, ela deu muitos boquetes,
punhetas, fez sexo com eles, sei lá. Pelo menos, é o que eu ouço.
A resposta é imediata.
Quem é? Kaya?
Venha aqui.
Vamos.
Vamos lá.
Por favor?
Meus pais são super rígidos, mas nunca realmente parece que
são. Nunca fui tentada a quebrar as regras. Só quando comecei o
ensino médio eu passei por uma pequena onda de rebelião. Eu
estava tão brava com a mudança e a perda de todos os meus
amigos. Eu odiava viver nesta pequena cidade estúpida, nesta casa
gigante estúpida.
Muito séria.
— Claro que conheço Kaya. Ela é sua melhor amiga, certo? Sai
com Jaden? — Quando eu aceno, ele estala os dedos. — Foi quem
me viu.
— Você.
— Você acha que está feliz com Ben Murray, mas aquele cara
é um covarde, Callahan. Ele apenas concorda com tudo o que você
diz, e você precisa de alguém que a desafie. — Ele chuta a porta e
eu automaticamente abro um pouco mais. — Alguém como eu.
Eu não preciso estar com alguém como ele. Alguém como ele
iria me quebrar.
Eu sei isso.
— Ah. — Ele acena com a cabeça, e posso ver que ele está feliz
com isso.
— Até Ben?
— Especialmente Ben.
— Eu não.
— Acabei de abrir meu coração para você e é isso que você tem
a me dizer? — Ele parece incrédulo.
Exceto pela parte sobre Ben. Ben é bom demais para mim. E
eu sei.
— Você precisa ir. — Minha voz está firme, mas todo o meu
corpo está tremendo. Estou com medo. Tê-lo em minha casa é
como um convite a algo que não entendo. Definitivamente algo que
não tenho certeza se quero que aconteça.
Eu pisco para ele. Quando ele ficou tão alto? Ele sempre foi
alto, todo mundo é alto comparado a mim, mas eu juro, ele só
continua crescendo. Continua ficando mais amplo também.
— Fazer o que?
— Se meu pai descobrir que você está nesta casa sem ser
convidado, ele vai te machucar.
Resignada com o fato de que ele vai ficar um pouco por aqui,
acendo as luzes da cozinha, iluminando o espaço a ponto de ficar
quase claro demais. — Mate o clima, por que não, — ele murmura
enquanto toma outro gole de sua lata de Coca.
— Você nem deveria estar aqui. — Eu pulo em uma das
banquetas, descansando meus braços contra a borda da bancada
de quartzo. — Sério, Ash. Meus pais estarão em casa logo, e se eles
te encontrarem aqui, nós dois estaremos mortos.
— Você quer saber a verdade? — Não faça isso. Não diga isso.
Eu o odeio.
— É isso que você quer que eu faça? Você quer que eu vá? —
Posso senti-lo me observando, mas me recuso a olhar para ele.
Esta pode ser a última vez que eu o abraço. Todo esse encontro
foi estranho. Confuso. Estamos uma bagunça. Nós nunca
daríamos certo, e dar voltas e voltas em círculos esta noite só prova
isso.
Qual é o problema de receber um último abraço de Ash? É só
um abraço. Um breve momento de contato corporal e então o
mandarei embora. Ele não vai me incomodar novamente. Ele vai
superar seus supostos sentimentos por mim. Ele entregará seu
coração a outra pessoa ou, melhor ainda, descobrirá que
realmente tem um e se esquecerá de mim. Ele vai dar para outra
pessoa e, finalmente, vai me deixar em paz para sempre.
Por que esse pensamento me faz sentir tão vazia por dentro?
Fazendo-me querer que ele faça mais do que tocar minha boca.
No entanto, eu faço.
— E você não deveria estar com outra pessoa. — Ele faz uma
pausa. Engole com força. Olha para o chão antes de erguer seu
olhar para o meu mais uma vez. — Você deveria estar comigo.
Eu fico quieta, porque ele está certo. Não fiz nada para ter
minha vida assim. Tive a sorte de nascer de pais que ganham
muito dinheiro.
Ele gostou.
Eu não vejo Ash de forma alguma. Nem uma vez. Não temos
as mesmas classes, nem mesmo estamos no mesmo caminho, o
que significa que não nos encontramos realmente nos corredores.
Em nosso primeiro ano, frequentamos o mesmo círculo social, até
mesmo parte do nosso segundo ano, mas agora não temos
realmente os mesmos amigos. Ele está sempre com seus amigos
do futebol na hora do almoço. Ou fugindo do campus para almoçar
com seus amigos mais velhos.
Agora tenho uma dor de cabeça, deveria ter dito a Brandy que
não poderia ir.
— Totalmente estranho.
É uma merda.
— Aposto que você está animada para torcer por ele. — Emma
sorri e começa a fazer essa dancinha estranha como a idiota que
ela é.
Todos nós fazemos fila para o buffet, que está sendo servido
por alguns dos pais. Um restaurante mexicano local patrocinou o
jantar, então temos enchiladas com feijão e arroz para comer, bem
como um pequeno bar de tacos para fazer você mesmo. Eu gostaria
de estar com mais fome, porque o cheiro é delicioso, e eu empilhei
a comida de qualquer maneira, esperando que meu apetite
voltasse.
— Que bom que você veio esta noite, — ele murmura, ficando
muito perto de mim. — Senti sua falta, amiga.
Doce.
Bruto.
— Na verdade não.
Anseio ouvi-lo dizer meu nome, não que eu fosse admitir isso.
— Eu não me importo como você me chama.
Sobre nós.
O que eu faria?
Huh. Não sei quem ganharia essa luta. Ambos têm o mesmo
tamanho.
— Você age como se fosse melhor do que eu. Você age como se
você e Ben fossem o casal perfeito, quando sabemos que é besteira
e quando digo nós, quero dizer você e eu. — Seus lábios se
estreitam enquanto ele me contempla. — Eu poderia voltar para
dentro agora mesmo e contar a todos o que fizemos. Isso arruinaria
totalmente a ilusão que você construiu com tanto cuidado.
— Eu estou tentado.
— Como assim?
— Você age como se estivesse obcecado por mim e então se
vira e me insulta. — É verdade. Ele é mau. Ele é legal. Ele é mau.
Eu odeio isso.
— Não sei por quê, — ele diz, olhando para o chão e chutando
uma pedra. Ele o manda deslizando pela calçada no momento em
que as folhas começam a bater novamente com o vento. — Você
me deixa louco.
Parei de me importar.
Sem dizer uma palavra, saio da sala e vou para o meu quarto.
Ela está reclamando, sua voz aumentando, me seguindo pelo
corredor, e eu quero lembrá-la de que ela não quer acordar Don,
mas mantenho minha boca fechada. Com o mesmo cuidado que
abro a porta do quarto, fecho-a, pego a cadeira que fica na minha
velha escrivaninha e a coloco sob a maçaneta.
(desconhecido)
11
Em alguns países de língua inglesa, em especial nos Estados Unidos, é comum que os estudantes
recebam uma “classificação” diferente dependendo da sua idade ou do ano que está cursando. Ao chegar ao
Ensino Médio, cada ano tem uma nomenclatura: no quarto e último ano do Ensino Médio (sim, nos Estados
Unidos são quatro anos de duração), são os seniors.
— Pela primeira vez na minha vida, me sinto tão crescida,
sabe? Como se eu fosse uma adulta de verdade, na vida real. —
Eu me viro para olhar para minha melhor amiga, que está
franzindo a testa para mim como se eu tivesse enlouquecido. Kaya
e eu estamos caminhando pelo estacionamento dos veteranos,
indo em direção ao meu carro. Estamos de volta à escola há cerca
de um mês, e agora que somos veteranas, podemos sair do campus
para almoçar. O que fazemos quase diariamente. Essa liberdade
recém-descoberta é estimulante.
Isso é estranho.
— Tentou o quê?
Não sei por quê. Dei a ela muitas informações sobre meu
relacionamento com Ben. A escrita está na parede há muito tempo
- não fomos feitos para ser. Estamos melhor como amigos. Eu sei
que parece um clichê total e uma linha de besteira, mas é verdade.
E embora Ben tenha ficado desapontado e feito uma tentativa
indiferente de me perguntar se poderíamos tentar fazer isso
funcionar, nós dois acabamos concordando que éramos melhores
como amigos.
O que é legal, sabe? Prefiro ser sua amiga do que uma inimiga
mortal. Eu me importo com ele. Bastante. Só sei que não
trabalhamos bem como namorado e namorada.
Anos.
— E por que você não tentou fazer sexo com Ben? Você
também pode dar o primeiro passo, sabe.
— O que você quer dizer com muitas coisas que você nunca
confessou antes? — Kaya pergunta assim que retomamos nossos
lugares à mesa.
Normalmente eu.
— Você fez isso com outro cara e Ben não tem ideia, —
adivinha Kaya.
— Oh meu Deus! Você fez! Você fez isso! — Ela está apontando
para mim, sua voz aumentando, e eu a calo, enviando-lhe um
olhar severo.
Nunca se sabe.
Tire-me daqui.
Está tarde. Estou sentada na minha cama, pastas e livros
abertos e espalhados ao meu redor, junto com meu laptop. Estou
assistindo meus YouTubers favoritos enquanto tento fazer a lição
de casa e não consigo me concentrar nos dois, o que significa que
a lição de casa está sofrendo. Inclinando-me, bato meu laptop e
imediatamente ouço vozes altas.
Vozes elevadas não são comuns em nossa casa. Meus pais não
brigam muito. Oh, eles brigam um pouco aqui e ali, mas se eles
alguma vez discutem, eles nunca nos deixam pegá-los fazendo
isso.
— … Eu não sei se ele deveria estar aqui Drew. Você sabe como
me sinto em relação a trazer problemas para casa. Prometemos um
ao outro há muito tempo que não faríamos isso, — diz minha mãe.
De jeito nenhum.
Uh uh.
Ava me cutuca nas costelas, e quando eu olho para ela, ela faz
uma careta exagerada antes de sussurrar: — Eles estão falando
sobre Asher Davis?
— Já falei pra você: ele tá sem graça. Ele nem mesmo quer
estar aqui. Eu praticamente o forcei a voltar para casa comigo.
Ele olha para Ava, depois para mim. — Ela não deveria ouvir.
— Com Ash?
Oh, tão lentamente, ele levanta a cabeça, até que seus olhos
negros como a noite encontram os meus. Ele está com medo, seu
corpo inteiro está tremendo e seu rosto está coberto por uma fina
camada de suor. Está mais frio aqui, perto do lago, e talvez seja
por isso que ele esteja tremendo, mas acho que não.
Eu também.
Jake não parece muito feliz com isso. — Pode ser? Acho que
ele não tem outro lugar para ir.
— Sim, mas por que eles têm que trazê-lo aqui? Então ele pode
ser nosso novo caso de caridade familiar?
— Do que você está falando? — Não quero que ele saiba que
Ava e eu estávamos espionando. Eu quero ver exatamente o que
ele vai me dizer, e se ele vai ser cem por cento verdadeiro.
Ele solta uma respiração áspera antes de apoiar as mãos na
borda do balcão. — Ash foi - abusado hoje. Pelo namorado de sua
mãe. Ele não apareceu para praticar e depois que ninguém
conseguiu falar com ele, fui até sua casa para encontrá-lo caindo
pela porta da frente de seu apartamento, chutado por aquele idiota
que o espancou. Desculpa.
— Não, estou muito fodido, mas graças aos seus pais, espero
ficar bem daqui a pouco, — ele responde.
— O que aconteceu?
Eu acredito nele.
— Bom, — ele retorna tão rápido. — Acho que vamos ter que
tentar muito para evitar um ao outro.
— Acho que sim, — eu digo, saindo antes de dizer algo mais.
Algo estúpido.
Algo falso.
— Diga a Jake para vir aqui e comer bem rápido antes de vocês
irem.
Ele está de costas para mim. — Contanto que você não jogue
um prato de comida em mim, Callahan, estamos bem.
Saio da sala antes que ele possa dizer mais alguma coisa, o
que ele não diz.
Mas isso é tudo que ela sabe. Vou revelar tudo quando puder,
o que puder, mas agora, tenho que permanecer fiel à minha
palavra.
— Ele não vai falar comigo, — ela finalmente diz, com a voz
trêmula. — Eu continuo mandando mensagens para ele e ele não
responde. Eu não sei onde ele está, ou o quão gravemente ele foi
ferido. Todos os rumores estão me assustando tanto, e todo mundo
continua vindo até mim, já que estamos juntos e eu pareço uma
idiota, porque eu não sei de nada!
Eu não sei.
Tudo o que posso fazer é segurar Rylie enquanto ela chora, dar
tapinhas em suas costas, fazer sons simpáticos. Eu a deixei
colocar tudo para fora, olhando para qualquer um que se atrever
a nos verificar, mas são poucos. Quando ela finalmente se acalma,
seu choro se reduz a alguns soluços e muitas fungadas, eu digo
algo.
Ele é meu herói, e não gosto de ouvir ninguém falar sobre ele
assim. Me faz sentir possessiva. — Ele fez a coisa certa. Eles
deveriam levar Ash ao médico esta manhã. Talvez seja por isso que
ele ainda não respondeu às suas mensagens.
O idiota.
Desesperada.
Além disso, essa é a última coisa que quero que aconteça. Vê-
los juntos, ela se preocupando com ele enquanto ele está ferido,
tornará o relacionamento deles cem por cento real.
— Tchau.
Porque?
Certo.
Ele até disse isso. Ele nunca gostou de mim desse jeito. Rylie
estava apenas vendo coisas.
Mas não, ele não gosta de mim desse jeito. Ele nunca fez isso.
Provando que tudo o que ele me disse era mentira, ele ainda é um
idiota insensível. Considerando suas circunstâncias, eu não
deveria estar surpresa. Ele é um problema.
Eu não.
Bem, ele não faz. Preciso falar com meus pais e saber quando
ele vai embora. Já sei que Jake não gosta de tê-lo aqui. Ele disse
isso em nosso caminho para a escola esta manhã, ele tem medo de
que papai esqueça tudo sobre ele e se concentre em Ash. Não
consigo imaginar nosso pai fazendo isso, mas quem sabe? Coisas
estranhas acontecem.
Beck pode dormir com qualquer coisa. Não que Ash precise
saber disso.
— Oh. Ele não vai nos ouvir. — Ele acena com a mão para a
espreguiçadeira ao meu lado. — Você deveria se sentar.
Impressionado?
Ele tem razão. Eu deveria estar feliz por ele estar rindo agora,
considerando que apenas alguns momentos atrás ele estava super
chateado comigo.
Impressionante.
Abro a caixa do deck mais uma vez e pego uma toalha, a maior
que temos, aquela que meu pai sempre gosta de usar, e estendo o
braço atrás de mim, a toalha pendurada em meus dedos. — Pegue.
Nada acontece por longos e agonizantes segundos, e eu agarro
minha toalha em volta de mim ainda mais forte, acenando com a
outra mão para que a toalha limpa vire para um lado e para o
outro, como uma bandeira gigante arrastando no chão. — Pegue!
— Repito um pouco mais alto.
— Tem certeza?
Ele me puxa para mais perto, até que quase colido com seu
peito. — Acho que somos parecidos, afinal.
— Sentiu?
Sim. Provavelmente.
Somente…
Morrer.
— Não, você não faz, — diz ele com um sorriso. Então ele faz
a coisa mais estranha.
Mas talvez isso acabe sendo uma coisa boa, porque então eu
fico de boca fechada e conversamos sobre outras coisas. Coisas
normais. Como o fato de que meu irmão vai jogar no lugar de Ash
no jogo de sexta à noite. Eu nem sabia que isso estava
acontecendo, é o namorado de Kaya que me conta, não meu
próprio irmão ou pai, e acho que isso surpreende Jaden.
Tão nojento.
— O que você quer dizer com não acredita em mim? — Ele faz
uma pausa e presumo que ela esteja falando. — Dê-me um tempo,
Ry. Eu fui espancado e você não acha que pareço sentir sua falta
o suficiente? O que você quer, me ouvir chorar como você? Como
se chorar de alguma forma provasse que eu me importo?
Mais gritos. A cama range e dou alguns passos para trás, com
medo de que ele comece a andar. Talvez até saia do quarto
imediatamente, apenas para me descobrir no corredor.
Eu teria que jogar fora. Finja que estava vindo para vê-lo,
embora não tenha motivo para isso. Eu deveria estar brava com
ele ainda, certo?
E…
A chamada acabou.
— Como o quê?
— Por arrastar você para a piscina. Por mostrar meu pau para
você. Por elogiar seus mamilos. — Ele levanta a mão e assinala
cada motivo com os dedos. — São três coisas. Tenho certeza que
posso penar em mais alguns.
Não. Não faça isso. É como se ele estivesse brincando com fogo
e eu estivesse morrendo de vontade de me queimar. Ele tem
namorada, amiga, não sei como chamá-la que tem ciúme de mim.
Se ela descobrisse que fomos dar um — passeio, — ela ficaria
muito chateada.
Ele sorri, seus olhos brilham, e neste momento ele parece tão
jovem, apesar de todos os novos danos em seu rosto. — Ideia
brilhante, Callahan, sabia que havia uma razão pela qual trouxe
você comigo.
A única razão pela qual ele me trouxe foi para usar meu carro,
mas não mencionei isso. Posso muito bem aproveitar suas
palavras amáveis enquanto posso.
Ele passa por mim e espia pelas cortinas, olhando para ela por
um tempo. — Ela provavelmente já nos viu entrando
sorrateiramente aqui.
— Está bem.
Assustado.
— Você não estava, ok? Tudo está legal. Fomos bem. Estamos
seguros, — ele me tranquiliza, com as sobrancelhas franzidas.
Ele diz isso com tanta convicção que quase acredito nele.
Meu coração para, junto com minha respiração. O que ele está
dizendo? O que ele quer dizer?
— Você está brincando? — Minha voz está tão trêmula que mal
consigo pronunciar as palavras.
— Ash…
— Não diga mais uma palavra, Callahan. Você sabe que quer
isso. — Sua boca repousa na minha, mas ele não me beija. Seus
lábios estão separados, assim como os meus, e é como se
estivéssemos respirando a respiração um do outro. Enchendo um
ao outro de força.
Com coragem.
Leva tudo o que tenho para não voltar correndo para casa. Ash
puxa conversa, falando sobre coisas diversas, e eu não posso
acreditar como somos casuais. Como isso parece normal. Tudo é
sempre tão intenso quando Ash e eu estamos juntos, que é bom,
apenas dirigir para casa e fofocar sobre as pessoas na escola, rindo
de algo que aconteceu no jogo de futebol da semana passada. Ficar
irritada com ele, mas não realmente quando ele começa a tirar
sarro de alguns de nossos aplausos mais idiotas.
— Oh.
— Eu faço?
— Assim que entrar, vou falar com Rylie. Eu sou uma pessoa
de merda por não fazer isso cara a cara, mas foda-se. Vou pelo
menos ligar para ela. Talvez até por FaceTime.
— Hum, tudo bem. — Quer dizer, o que devo dizer sobre isso?
Ele sorri, e a visão disso faz meu coração cantar. — Bom. Até
logo. — Ele pega sua mochila no banco de trás...
Ava fala sem parar sobre uma garota de sua classe que deixava
um garoto tocar sua bunda se ele lhe desse um doce, e ela está
irritada demais. Ava é uma feminista maior do que mamãe e eu
criamos juntos, e dizemos a ela para reclamar com o diretor sobre
isso. Mas então ela diz que não quer ser conhecida como delatora,
então ela não tem certeza do que fazer.
— Eles não são terríveis, mas também não são boas, — ele
responde.
Ele sorri quando mamãe diz trazê-los para casa. Tenho certeza
que ele gostou disso.
Meu coração dói por ele. Agora que vi de onde ele vem, entendo
um pouco por que ele age dessa maneira. Por que ele é tão
autodestrutivo. Ele precisa de alguém que acredite nele. Como
minha mãe. Como eu.
Se ele me deixar.
Quase escorrega dos meus dedos quando ouço o que ele disse.
— Com Rylie?
Sim eu quero.
— Mas ela não era você. — Sua voz está tão baixa que quase
não o ouvi. — Nenhuma delas era você.
— Promessa?
— Eu juro.
— Ele é uma dor. Todos eles são, — eu digo a ele, e ele balança
a cabeça lentamente, sua expressão... crua.
Terei que sugar meu estômago e esticar meu peito para distraí-
lo daquele as minhas gordurinhas extras, mas ele provavelmente
estará muito hipnotizado pelos meus seios para notar.
Esperançosamente.
Ela entra no meu quarto e espero que não fique muito tempo.
Eu a amo e aprecio nosso relacionamento próximo, mas agora, não
quero conversar com ela. Já sinto como se estivesse me
esgueirando nesses últimos dias desde que Ash chegou. A culpa é
algo com que não sei como lidar, e estou sentindo muito no
momento.
— Eu sei que você o levou para a casa dele esta tarde. — Ela
se acomoda na beira da minha cama e eu me viro para encará-la,
tentando encontrar maneiras de negar o que ela acabou de dizer.
— Não se incomode em tentar me dar uma desculpa esfarrapada.
Eu não nasci ontem.
— OK. — Estou tão aliviado por não estar com problemas que
preciso fazer a próxima pergunta. — Como você descobriu?
— Ash, ele me disse que foi buscar suas coisas mais cedo.
Quando perguntei como ele chegou lá, ele entrou em pânico e
inventou uma história ultrajante sobre um casal de amigos que
veio buscá-lo aqui e o levou para seu apartamento. Esse é o garoto
que não queria que ninguém soubesse onde ele estava, aliás. Eu
somei dois mais dois e descobri que tinha que ser você, — mamãe
diz, aquele olhar familiar e conhecedor cruzando seu rosto.
É meio que se sente assim com Ash. Talvez seja por isso que
estou atraída por ele há tanto tempo. Não posso dizer que estou
apaixonada por ele, porque ainda não sinto que o conheço muito
bem, mas posso dizer sem dúvida que definitivamente temos uma
conexão, e não é unilateral.
Me assistindo.
— Como posso levar você a sério quando você diz coisas como
elogios sensuais?
Ele está sorrindo. Ele parece tão fofo, apesar das feridas.
Talvez as feridas adicionem um certo apelo, o que significa que sou
estranha, mas não me importo. Eu acho que Ash é muito estranho
também. — Você é definitivamente inesperada.
— Nah, você não disse que eles estão na cama por volta das
dez? Deve ser mais de onze e meia agora, — Ash diz de forma
tranquilizadora. — Tem certeza que quer tirar isso?
— Você tem razão. Estou sem camisa. — Ele acena para seu
peito nu e eu fico olhando para ele, paralisada pela água
borbulhando contra sua pele. — Você deveria estar sem nada
também.
Mas eu não quero falar. Tudo o que quero fazer é sentir e ceder
a essa loucura que ele cria toda vez que estou com ele. Eu aperto
minha pélvis contra a dele, um gemido me escapa quando sinto
sua ereção se contrai, e eu o alcanço, alcanço entre nós, meus
dedos circulando em torno dele.
Toda vez.
Ele desliza para longe de mim. — Não. É tudo sobre você esta
noite.
Eu quero aquilo.
Eu sei que ele está certo, mas meu coração dói com a ideia de
termos um bebê juntos. O que é uma loucura, considerando que
tenho apenas dezessete anos.
Ele sorri, como se não pudesse ficar com raiva de mim. Não
que eu ache que ele estava com raiva em primeiro lugar. — Você
está certa, eu fiz. Você ganhou.
— Eu sabia que iria, — digo arrogantemente.
— Não se faça de boba, Ash vai morar com sua família e agora
vocês dois estão juntos! Eu sei isso! — Rylie grita.
— Por que? Porque você não quer que as pessoas saibam que
você está fodendo Asher Davis?
Agora estou ficando brava. — Você não tem ideia do que está
falando.
— Ele não era seu para roubar, — digo a ela e a raiva que
enche os olhos de Rylie é o suficiente para me fazer dar um passo
para trás.
— Mas...
— Pelo que vocês duas estão brigando? Por favor, não me diga
que é algo estúpido, como um menino. — Brandy levanta as
sobrancelhas, me enviando um olhar astuto.
— Por que ela suspeita que vocês dois fizeram isso? — Brandy
pergunta.
— Autumn …
Com um suspiro, eu me inclino para perto para que possa
murmurar em seu ouvido. — Ele vai ficar comigo, ok? Ninguém
sabe ao certo, mas meu pai o trouxe para nossa casa na noite em
que ele foi espancado e está lá desde então.
— Não.
— Sempre achei que ela era uma garota tão doce, — disse Kaya
com tristeza quando eu terminei de contar a minha história.
Ele não está errado, mas não me sinto bem em brincar com
ele quando minha mãe está bem ali, fazendo o jantar e
conversando com Beck. Eu posso ouvi-los. Eles realmente não
estão tão longe.
— Eu ouvi.
O olhar triste que mamãe me envia diz que ela sabe que estou
chateada, e ela balança a cabeça em resposta. Estou fora da
cadeira e subo as escadas em segundos, vomitando no banheiro a
pouca comida que tinha no estômago, chorando e ofegando o
tempo todo.
Por me beijar?
Por me tocar?
— Por gritar com você antes. Por não entender de onde você
está vindo. — Ele balança a cabeça, sua mão se fechando em um
punho. — Estou fodido, Callahan. Você sabe disso.
— Por que você não falou comigo? — Eu atiro de volta para ele.
— Não consigo ler sua mente, Ash, — digo a ele, minha voz
seca.
Ele agarra meu pulso antes que eu possa remover minha mão,
pressionando minha palma contra o centro de seu peito. — Você
sente aquilo?
Isto é um erro.
Me fazendo contorcer.
Para Ash.
Ele fica imóvel, não está fazendo nada, e abro meus olhos para
descobrir que ele está olhando para mim, seu rosto entre as
minhas pernas, seus olhos arregalados e sem piscar.
— Por que?
É a vez dele, mas desta vez não vou anunciar isso em voz alta.
Em vez disso, interrompo o beijo e empurro suavemente seu
ombro, mandando-o de costas. Ele me observa, seus lábios se
curvando em um sorriso de boca fechada, seus olhos escuros
dançando de excitação, e então sou eu que estou chovendo beijos
por todo seu belo corpo. Eu exploro cada centímetro que posso,
sacudindo minha língua contra seus pequenos mamilos,
lambendo seu umbigo, minha língua abrindo um caminho ao longo
da linha de cabelo escuro que leva da base de seu umbigo até sua
ereção.
Claro que Ash percebe meu rosto quando tudo acaba. E ele
começa a rir, o idiota. — Não gostou?
Ele libera meu dedo de seus dentes. — Vê? Droga, essa sua
boceta é incrível. Olhe como eu mal toco e você fica tão molhada
para mim.
— Sim, baby? O que você quer? Você quer que eu faça você
gozar de novo?
Oh, é isso. Sim, estou gozando, tudo porque ele disse que quer
foder minha boceta.
E eu amo isso.
Foi estranho não ver Ash em campo na sexta à noite durante
o jogo. Nenhuma menção a seu nome, ninguém chamando seu
número de camisa. Apesar de sentir saudades dele, dei tudo de
mim, torcendo por meu irmão, que devo admitir que jogou o
melhor jogo de sua vida. Vencemos e, depois, um fotógrafo de
notícias local tirou uma foto de nossa família inteira, e percebi que
provavelmente seria a única vez em que torceria para Jake
enquanto ele jogava no time do colégio. Quando ele mudar no
próximo ano, terei partido.
A menos que por algum motivo Ash não possa mais jogar e
Jake acabe tomando seu lugar pelo resto da temporada.
Ele podia. Não que eu queira que ele me deixe, mas pretendo
deixar esta cidade também. Talvez pudéssemos ir a algum lugar
juntos. Uma faculdade não muito longe, mas longe o suficiente,
onde ele pudesse jogar futebol e eu pudesse vê-lo e,
eventualmente, poderíamos morar juntos...
Tarde demais, quero contar a ela, mas não digo. Em vez disso,
sorrio e vou até ela, envolvendo-a em um grande abraço. — Sempre
tomo cuidado, mãe, — digo, mas, no fundo, sei que é mentira.
Eu posso me queimar.
Estou no meu quarto separando minha roupa, minha tarefa
menos favorita em todo o mundo, quando finalmente ouço meu
pai, Jake e Ash entrarem em casa pela cozinha. Eu praticamente
corro para fora do meu quarto e desço as escadas correndo,
diminuindo a velocidade conforme me aproximo da sala de estar
onde os três estão, junto com a mamãe.
Suas palavras me deixam muito triste. Ele pode ter sua mãe
fisicamente, mas ela não está realmente lá para ele. Não consigo
imaginar lidar com algo assim.
— Eu acho que você sabe por que eles estão saindo juntos.
Eles querem ficar sozinhos, — Fable murmura enquanto ela para
ao meu lado. Ela também está olhando pela janela, balançando a
cabeça lentamente, embora não esteja carrancuda. Eu sei que
estou carrancudo. Eu não posso acreditar que esse merdinha está
tocando minha filha como se fosse o dono dela. — Eu sabia que
isso ia acontecer, — acrescenta ela, como a figura materna
onisciente que é.
Eu odeio isso.
Essa também é uma boa ideia. Mas estou supondo que Fable
está brincando. — Você está realmente bem com os dois juntos?
Para o melhor.
Eu cubro sua boca antes que ela diga qualquer outra coisa que
vai queimar minhas orelhas da minha cabeça. — Por favor, Deus,
não faça mais nenhuma referência à possibilidade de minha filha
estar fazendo sexo. Eu não acho que posso aguentar.
Juntos.
— E se meus pais puderem nos ver sentados assim? — Meu
protesto é tímido, na melhor das hipóteses. Eu não vejo Ash no
que parece uma eternidade, mas realmente foi apenas cerca de um
dia, e eu amo como ele imediatamente me puxou para seus braços.
— Sim, ela vai negar até o último suspiro, mas ela totalmente
incitou Don. Disse a ele, e passo a citar, 'dar uma surra nele'. Ela
vai ganhar a Mamãe do Ano por esse, tenho certeza, — Ash diz
sarcasticamente.
— Ela não suporta o fato de que eu não quero mais estar com
ela, embora eu dê sinais a ela há anos. Eu raramente ficava em
casa, sempre tentando ficar na casa de um amigo ou algo assim.
— É o que quer que me incomode. Ficar com uma garota, talvez?
Não posso usar seu passado contra ele, mas é difícil. Eu não gosto
de ouvir sobre as outras garotas.
— Quando eu disse não, eu não voltaria para casa com ela, ela
começou a me xingar, embora nunca alto o suficiente para seu pai
ou irmão ouvir. — Ash suspira, e eu ouço muita dor naquele som.
— Então ela me chamou de merda, me disse que eu nunca seria
nada, e que eu não seria nada além de um dreno para quem quer
que eu estivesse hospedado. Ela acha que estou na casa de um
amigo, como de costume.
Ela pode ser horrível, mas não gosto de ouvir Ash insultar sua
mãe. — Acho que ela não gosta de futebol.
— Não. Ela nunca foi. Isso era uma coisa entre mim e meu pai.
— Ele faz uma pausa, seu olhar ficando distante. — Todo mundo
no restaurante deixou seu pai sozinho, e eu achei isso muito legal.
Acho que ele aprecia quando isso acontece.
— Eu sei.
Huh. Talvez seja por isso que ele está tão sensível.
A mãe dele não está muito melhor, mas agora não é hora de
eu dizer isso.
Ele está tão certo. E mesmo que essa conversa tenha sido
difícil de ter, estou feliz que a tenhamos. Precisamos ser
verdadeiros um com o outro. É a única maneira de seguirmos em
frente. E é isso que eu quero mais do que tudo. Seguir em frente.
Com Ash.
Ainda não.
— Com você morando sob nosso teto? Com certeza. — Meu pai
o mataria se soubesse o que Ash e eu temos feito. Na banheira de
hidromassagem. No meu quarto.
— Seus pais ricos fazem você lavar sua roupa? Por que você
não tem uma empregada? — Ash chama atrás de mim.
Quando digo a mamãe que Kaya vem passar a noite aqui, ela
me lança um olhar severo. — Ela será capaz de manter segredo
que Ash está aqui?
Talvez eu deva.
— Sim?
— OK. Legal. — Ele acena com a cabeça uma vez, e posso dizer
pelo aperto em sua mandíbula que ele está louco. — Espero que
vocês se divirtam.
Meu coração dói. Ele já passou por muita coisa. Eu sei isso.
— Talvez depois que Kaya adormecer eu possa ver você, — sugiro.
— Vou tentar.
— E?
— E o que?
— Não há como pensar sobre isso. Ele teve uma vida difícil nos
últimos anos, depois que seu pai morreu. — Eu franzo a testa,
odiando não saber exatamente quando seu pai morreu.
Kaya está certa. Não sei nada sobre Ash. Na verdade. Oh, eu
sei algumas coisas, e nossa conversa anterior foi boa. Mas
precisamos muito mais dessas conversas, nas quais
compartilhamos pedaços de nossas vidas. Eu quero que ele saiba
mais sobre mim também.
Quanto mais eu fico olhando para ele, mais meu coração dói.
Posso ver os resquícios das feridas físicas que marcam seu corpo,
mas e as emocionais? O que ele passou sem me contar? Ele parece
tão vulnerável em seu sono, me lembrando de um menino. Fico
perplexo como alguém pode ser tão cruel com seu próprio filho. Eu
odeio o que sua mãe fez com ele. Eu odeio que ele tenha sido
colocado em uma situação tão terrível sem ser por culpa dele. Eu
gostaria de poder mudar suas circunstâncias. Se ele ficar aqui,
minha família o ajudará.
— Por que não? Achei que fosse esse o plano. — Ele brinca
com meu cabelo, me fazendo querer derreter nele. — Você não quer
ficar comigo?
— Eu deveria ir.
Tudo.
Oh Deus.
A ideia não cai bem, que ele entrou no quarto do meu irmão
sem ser convidado e roubou os preservativos de sua mesa de
cabeceira. Que violação de privacidade. E se ele se esgueirou lá de
novo e roubou outras coisas? Coisas de valor real? — Você
provavelmente não deveria ter feito isso, — digo a ele.
— O que você quer dizer? Não que ele se importe. Além disso,
sua família está carregada. Ele pode ir comprar outra caixa de
preservativos do tamanho econômico como se não fosse grande
coisa. Ele não precisa se preocupar com dinheiro. Nada além do
melhor para os Callahans, certo? — O tom de zombaria na voz de
Ash soa claro.
E isso me irrita.
Eu me afasto dele e me sento. — Você está sendo muito rude
agora.
Apenas silêncio.
Estou correndo pela cozinha quando a luz acende, cegando-
me momentaneamente. Pisco contra o brilho, esfregando meus
olhos ainda cheios de lágrimas e o pavor me atinge no estômago
quando ouço a voz da minha mãe.
— Mesmo? Onde?
— Sua bebida?
— Cadê a Kaya?
— Dormindo.
— Também te amo.
(The Mayfair)
Eu me reviro A noite toda, incapaz de pensar em qualquer
outra coisa além de dizer a Autumn para deixar meu quarto e o
olhar de devastação total em seu lindo rosto antes que ela saísse
correndo.
Eu tenho provas.
Prova de quê?
Desta vez, atiro meu telefone e ele bate no chão com um baque
alto. Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo, puxando-o até que
começa a doer, e eu aprecio a dor. Pelo menos me faz sentir algo.
Qualquer um.
— Amiga?
É uma merda.
— Quem?
— Estou lhe dizendo isso porque não quero que você perca as
esperanças. Assim como Drew foi minha passagem para fora do
inferno que era minha vida, você precisa saber que Drew e eu
estamos dispostos a ajudá-lo. Seremos sua passagem para fora do
inferno que é sua vida, se você nos permitir. Nós vamos ajudá-lo
com a escola, com o que está acontecendo entre você e sua mãe e
o namorado dela, e se você quiser, nós o ajudaremos a se inscrever
para a faculdade. Também vamos dar a você um lugar seguro para
ficar até a formatura, — Fable diz, inclinando-se para frente para
que ela possa me fixar com seus olhos verdes. Olhos lindos iguais
aos de Autumn.
— Você não vai querer ouvir isso, mas vai precisar manter um
pouco de distância entre você e Autumn. — Quando abro minha
boca para protestar, ela levanta um único dedo, me silenciando. —
Não estou dizendo que você não pode vê-la. Eu sei que vocês dois
gostam um do outro. — Gostar. Uma palavra tão pequena para
descrever o que sinto por Autumn. — O pai dela e eu vimos vocês
dois juntos na piscina ontem.
Pego. Tive certeza de que eles não estavam olhando pela janela.
— Vocês dois eram terrivelmente próximos. E eu não tenho
nenhum problema com isso, mas você vai ter que ir devagar. —
Ela agora está apontando o dedo para mim. — Nada de se
esgueirar à noite quando estamos todos dormindo.
Mas ouvir o que Fable disse me ajudou a ver que ela também
passou por isso. Aposto que ela tem algumas histórias malucas.
Parece que o marido também pode. Não é à toa que fazem o
possível para garantir que seus filhos sejam saudáveis e felizes.
E pegar a garota.
Mas então me lembro de Rylie e do que ela me disse, e meu
castelo de cartas desmorona, um após o outro, até não existir
mais. Eu preciso descobrir isso primeiro. Se ela está realmente
grávida do meu bebê, acho essa merda difícil de acreditar. Nós
fizemos sexo talvez duas vezes? Espere, três vezes. E sempre com
camisinha. Como eu disse a Autumn, eu tenho preservativos em
casa, na minha mesa de cabeceira, assim como Jake. Foi o que
usei quando estava com Rylie, e ela jurou que tomava pílula.
Não.
Desista.
Domingo foi uma tortura. Kaya precisava chegar em casa,
então ela saiu mais cedo, me deixando à deriva. Ash ficou em seu
quarto o dia inteiro. O dia inteiro. Quem faz isso? Quando peguei
mamãe saindo de seu quarto, não pude evitar. Perguntei a ela o
que estava acontecendo e ela disse que ele estava fazendo a lição
de casa e não deveria ser incomodado.
Eu quero te ajudar.
Deixe-me ajudá-lo.
E preservativos.
Traficante de drogas?
— Agora mesmo?
— Eu queria dizer que sinto muito por como falei com você. —
Ele se inclina para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, seu
olhar intenso quando se fixa no meu. — Eu fui um idiota e não
deveria ter pegado os preservativos de Jake.
— Furioso, mas então ele achou que era coxo, que você pegou
os preservativos. Ele também disse que se você entrar no quarto
dele novamente, ele vai chutar a sua bunda. — Hesito, me
perguntando se devo contar a ele sobre as outras coisas que Jake
disse.
Ele sorri, embora não haja nada quente ou doce nisso. É quase
como uma mostra de dentes. — Você vai me mostrar como viver?
— Claro.
Seu olhar escuro como breu nunca deixa o meu enquanto ele
balança a cabeça lentamente. — Sim. Eu estou.
Isso vai ser uma merda, mas eu tenho que confessar e dizer a
verdade. Eu tenho provas. Merda, eu tenho um frasco de
Oxycontin com o nome da minha mãe na minha mochila porque
sim, eu sou aquele idiota que ainda anda por aí com comprimidos.
Pelo menos eles não estão embrulhados - isso me daria uma prisão
automática.
Enorme.
Repetidamente.
Eu não.
— OK. — Ela afasta seus lábios dos meus, nós dois respirando
pesadamente. — Nós precisamos parar.
— Ei, é por isso que sou conhecido. E essa é a única coisa que
vai me tirar daqui, — eu a lembro.
— Estou tão feliz por você estar aqui, — diz ela, sua voz
baixando para um sussurro. — Apesar das circunstâncias que
você trouxe para mim, estou feliz que aconteceu.
Ela ri, e é esse som incrível que me atinge bem no peito, bem
no meio do meu coração. Droga, essa garota.
Parece que todos eles saíram esta noite. Tenho certeza que
parte disso tem a ver com Ash. Estava em toda a mídia social e no
noticiário local que sua mãe foi presa na apreensão de drogas,
embora nenhuma menção ao envolvimento de Ash tenha sido
incluída. Ele é um pouco uma celebridade agora, graças às
transgressões de sua mãe, mas ele parece estar levando tudo na
esportiva.
Não tenho ideia do que ela está falando. O fato de que ele a
cortou? Ela precisa pegar uma deixa daquele filme da Disney e
deixar pra lá. — Deixe-o em paz.
Por que ela tem que ser tão vadia sobre isso?
Graças a Deus.
Já que Ash está viajando com todos nós pela manhã para a
escola - sua caminhonete não está em grande forma e ainda está
parada no estacionamento de seu complexo de apartamentos -
vamos voltar para casa juntos. Esta é a primeira vez que estamos
realmente sozinhos no que parece uma eternidade.
Ele empurra o assento para trás para nos dar mais espaço, e
então estou subindo em cima dele, meus braços em volta de seu
pescoço, os dedos enterrados em seu cabelo macio. Meus joelhos
estão apoiados no assento de cada lado de seus quadris, e quando
eu abaixo meu torso para que nossos corpos estejam pressionados
juntos, Ash fecha os olhos com um gemido.
Ele geme, o som cheio de agonia. — Por que você tem que dizer
algo assim?
— Então é você.
E eu amo isso.
Está tarde. Depois da meia-noite, talvez mais perto de uma.
Descobri que a casa inteira fica acordada até tarde depois de um
jogo de futebol. É como o hype de todos e eles têm dificuldade em
descer. Quando Autumn e eu entramos na cozinha, toda a família
Callahan está lá, até Beck, comendo pizza e falando tão alto que
eles não nos notam quando entramos.
Uma vez que todos vão para seus quartos, eu vou para o meu
e tomo um banho. Coloco uma cueca boxer preta e uma camiseta,
arrumo meu cabelo um pouco antes que eu desista. Faço minha
barba e escovo os dentes para ter um hálito de menta fresco.
Então, quando tenho quase certeza de que todos estão
acomodados na cama, pego um daqueles preservativos que roubei
de Jake e me esgueiro pela casa, subo as escadas sorrateiramente
e entro no quarto de Autumn.
— Se você não quiser fazer isso, não temos que fazer, — digo
a ela, querendo estabelecer isso desde o início. Não vou pressioná-
la em nada que a faça se sentir desconfortável, mesmo algumas
semanas atrás, eu poderia tê-la pressionado por mais, não me
importando totalmente com seus sentimentos. Eu era muito idiota.
Toda minha.
— Asher. Por favor. — Estou desesperada, agarro ele, minhas
mãos alcançando, procurando, e tudo que eu penso é em tê-lo
dentro de mim. Estou carente, quero, mas também estou com
medo.
E se doer?
Esperançosamente.
Claro, isso foi quando eu tinha doze ou treze anos e era uma
completa idiota. Agora que eu realmente experimentei isso, vou
querer que ele faça isso comigo quase todos os dias. Ele me deixa
gananciosa assim.
É isso? Vai?
Ele me ama.
— Não, mas você fez. — Desta vez, eu rio e ele levanta a cabeça,
sorrindo para mim. — Faremos isso de novo. Você pode me
compensar. Muitas vezes.
Completamente.
Ficamos deitados juntos por mais um tempo, mas então ele
relutantemente se afastou, pegando um lenço de papel da caixa na
minha mesa de cabeceira e retirando o preservativo, embrulhando-
o no lenço de papel. — Vou encontrar um lugar para jogar isso, —
ele me diz, segurando-o na mão, e fico grata por ele ter pensado
nisso. Temos que nos livrar das evidências. Se meus pais
descobrissem...
Já arriscamos o suficiente.
— Boa noite.
— Noite.
É aquele…
Rylie?
Que diabos?
Mas onde ela está? De jeito nenhum eles ainda podem estar
na casa.
Esquisito.
Merda.
— Não, — digo a Drew. — Não sei por que ela está aqui.
Encurralado.
Excelente.
— Agora mesmo?
— Contanto que você diga a verdade, você vai ficar bem, — diz
o homem, dando um tapinha no meu ombro.
— Então ele não poderia ter estado com Rylie quando ele
estava comigo, — eu digo, minha voz baixa. — Não sei por que ela
estava em nossa casa, mas acho que talvez ela tenha começado o
incêndio.
— Mas você vê, ele não fez nada. Ele definitivamente não ateou
fogo. Como ele poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo? —
Eu balanço minha cabeça, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto,
uma após a outra. — Eu sei que você provavelmente não quer ouvir
isso, e posso entender por que, mas ele estava comigo, papai. Ele
passou a noite comigo no meu quarto, ele não estava com Rylie.
Estamos apaixonados, Ash e eu. E nós queríamos ficar juntos, mas
não pensamos que iria acabar assim.
Eu começo a chorar muito, enterrando meu rosto em minhas
mãos, e sinto mamãe acariciar minhas costas, tentando me
confortar. Papai pragueja baixinho antes de sair correndo da
cozinha, e eu começo a chorar ainda mais forte.
Eu estraguei tudo.
— Autumn. Acorda.
O alívio que sinto ao ouvir que Ash não está mais com
problemas é tão forte que não posso fingir que estou dormindo.
— Eu também não sei o que vamos fazer com ele. Falei com
Weldman mais cedo e ele disse que poderia deixar Ash com ele, —
explica papai, referindo-se a um dos treinadores assistentes do
time de futebol.
— Não sei, — ele responde com sinceridade. — Você vai ter que
ser paciente comigo. Vocês dois também terão que trabalhar duro
para ganhar minha confiança.
Garotos estúpidos.
Hormônios estúpidos.
A senhora apenas riu de mim, o que diz que ela vai continuar
fazendo biscoitos, e provavelmente eu vou continuar a comê-los.
Foda-se ela.
Foda-se Rylie também, embora Autumn diga que eu não
deveria ser tão duro com ela. Mas não consigo evitar. Acontece que
ela veio até a casa, arrombou a porta lateral e foi para o meu
quarto. Como ela descobriu que aquele era o meu quarto, eu não
sei. Só podemos concluir que ela estava me espionando, em todos
nós, por um tempo. Quando ela descobriu que eu não estava lá,
ela colocou a vela gigante que trouxe com ela na mesa de cabeceira
e acendeu, então prontamente adormeceu enquanto esperava por
mim. A vela caiu e o incêndio começou.
Eu faço o que ela pede sem hesitação, selando meus lábios nos
dela, separando-os com minha língua. O beijo se torna profundo
em um instante, e eu sei que não deveria fazer isso, mas caramba,
será minha última vez beijando-a assim até...
Amanhã, quando a ver na escola e poderemos sair para
almoçar. Graças a Deus somos veteranos e não perdemos esse
privilégio.
Estou tão grato por isso que meus joelhos ficam bambos.
Ela não está chorando mais, o que é bom. Quebra meu coração
quando ela chora assim. Eu odeio isso. — Vou sentir falta de ter
você aqui.
Não desistirei de meus sonhos por ele e não espero que ele faça
isso por mim também. Ele queria ir para a universidade local,
enquanto estou indo para o sul, para Santa Bárbara. Não é tão
longe, um pouco mais de cinco horas de carro só de ida. Podemos
nos ver nos fins de semana. O que significa que sou eu que tenho
que ir vê-lo quando puder durante o semestre de outono, já que
ele vai jogar aos sábados - ou pelo menos, aquecimento de banco.
Pego sua mão e seguimos para a saída. — Algum dia, você será
uma superestrela nesse campo-