A cobiça do roqueiro
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Sobre este e-book
Quando se conheceram, Axton e Dallas não podiam levar vidas mais diferentes. Ele era o deus do rock, e adorava cada momento da adrenalina que o palco lhe proporcionava – incluindo mais dinheiro do que conseguia gastar e mulheres aos seus pés. Já Dallas era vencedora de inúmeros concursos de beleza e modelo internacional, e odiava cada minuto disso.
A gravação de um videoclip rendeu um romance avassalador… assim como o seu término, deixando em Dallas um coração partido e a promessa de que nunca mais cairia nas garras de Axton.
Ao longo dos anos, a convivência com amigos em comum permitia novos encontros, e lutas contra um sentimento que teimava em não acabar.
Agora, presos num mesmo ambiente por longos quatro meses, Dallas fará de tudo para cumprir o seu trabalho como enfermeira particular, evitando a todo custo estar perto de Axton; enquanto ele tem planos definidos para trazer para seus braços, sua cama e sua vida a loira atrevida, cheia de tatuagens e piercings, que ele cobiça desde a primeira vista.
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Pré-visualização do livro
A cobiça do roqueiro - Terri Anne Browning
Agradecimentos
Primeiro, preciso dedicar um ENORME agradecimento a VOCÊS, os fãs. Sem vocês, não existiria nenhum Roqueiro… ou série. Vocês continuam pedindo mais e, por isso, continuo publicando. Vocês me fazem ter vontade de escrever até meus dedos sangrarem de amor pelos Demons e, agora, por Axton. Por isso, serei eternamente grata. Agradeço o amor contínuo e o apoio de todos vocês.
Às minhas leitoras BETA, sem às quais estaria perdida. Vocês, meninas, são quem me mantêm no caminho certo, e estaria realmente perdida sem suas valiosas contribuições.
À minha MELHOR amiga do mundo inteiro, Felicity ‘Flick’ Boulton. Sem você, a Fanpage do Demon’s Wings seria uma pilha de lixo. Agradeço por todo seu trabalho e por manter os Demons vivos para todos.
Por último, mas não menos importante, agradeço ao meu marido, Mile Browning, que sempre será meu fã número um. Sem seu amor, apoio e contínua compreensão acerca do meu escritório bagunçado, minhas mudanças erráticas de humor e minhas loucuras, de modo geral, não seria capaz de fazer nada disso. Você não é só um marido maravilhoso, mas também um incrível empresário. Eu te amo, daqui até a lua!
Nota da Editora
A saga dos Roqueiros continua!!
Seja bem-vindo(a) à continuação da série. Mas, espera! Caso este livro seja o primeiro que você esteja lendo, saiba que ele pode ser lido como um ‘stand alone’. No entanto, para aqueles que vêm acompanhando a série desde o início – desde Nos Braços do Roqueiro – irá curtir muito mais esta nova fase.
A partir de agora, as histórias irão direcionar mais para os integrantes da banda OtherWorld, cuja empresária, Emmie, também é empresária da banda anterior, a Demon’s Wings.
No entanto, os integrantes da Demon’s também estarão presentes, como amigos e quase uma família, significando que você ainda vai ter muito mais de seus personagens preferidos.
Acomode-se confortavelmente e siga com mais esta aventura numa nova turnê cheia de drama, surpresas e muita paixão.
Conteúdo adulto (18+)
Série THE ROCKER
(ordem de leitura, preferencialmente)
•Nos Braços dos Roqueiro (Nik & Em)
•O Coração do Roqueiro (Jesse & Layla)
•O Anjo do Roqueiro (Drake & Lana)
•O Roqueiro que me Amava (Shane & Harper)
•A Proteção do Roqueiro (Nik & Em)
•Demon’s Wings – Os Bebês dos Roqueiros (todos)
•A Cobiça do Roqueiro (Axton & Dallas)
Prólogo
Dallas
Dizer que estava cansada seria o eufemismo do ano. Era dezembro, e isso já dizia tudo.
Contudo, era um cansaço bom. Depois de um turno de doze horas no pronto-socorro, onde estive extremamente ocupada, indo de uma emergência para outra, permaneci e ajudei a trazer a filha de Lana e Drake Stevenson ao mundo. Minha linda e pequena sobrinha
nasceu saudável e perfeita. Neveah já é uma destruidora de corações, e ensinarei a ela tudo que sei.
Deixei os novos pais sozinhos e levei Neveah ao berçário, para que Lana pudesse ter uma noite boa de sono antes que sua família despencasse em cima dela e do marido na manhã seguinte. Felizmente, amanhã é meu dia livre e aproveitarei para dormir. Talvez, Linc fizesse algumas panquecas para mim.
Pensando no apetitoso café da manhã do meu colega de quarto, meu estômago grunhiu, lembrando-me de que não havia comido desde o café da manhã anterior ao meu turno. Isso foi há quase 24h. Suspirando, catei o pouco dinheiro que levava comigo caso precisasse parar em uma máquina de venda automática. Na maior parte dos dias, o meu almoço era esse, porque estava muito ocupada para fazer uma refeição decente.
Abrindo a porta que dava para a sala de espera, só tive olhos para a máquina de salgadinhos. Cebolitos ou Snickers?
Dois passos na sala de espera da maternidade e uma necessidade que não era fome, de repente, começou a me consumir. Dei um próximo passo vacilante enquanto minha cabeça se virava na direção de Axton Cage, o único homem capaz de despertar essa urgência em mim. Sentado no canto de uma sala mal iluminada, com o celular nas mãos, ele mantinha os olhos grudados em mim. Meus peitos instantaneamente apontaram, e apertei minhas coxas uma na outra, quando minha calcinha umedeceu. Minha típica reação ao deus do rock.
Ele esteve no quarto, com Lana e Drake, durante todo o trabalho de parto, e quando ela empurrou Neveah em direção ao mundo. Durante as seis horas, não dirigi nenhuma palavra a ele. Não estressaria minha amiga durante um dos mais incríveis – e incrivelmente doloridos – momentos de sua vida. Então, ignorei tudo e todos, focando em todo treinamento que recebi durante meu período na obstetrícia. Nunca foi minha primeira opção trabalhar na maternidade, e isso não mudaria no futuro próximo. Mas, para Lana, fiz uma exceção, porque queria estar ao seu lado neste momento tão inspirador e importante.
Axton e o pai de Lana, Cole Steel, ficaram calados durante as seis horas completas do trabalho de parto. Imagino que tenham pensado que, desde que ficassem mudos, Lana não gritaria com eles nem os mandaria embora. Ela não prestou muita atenção neles, mais concentrada em respirar através da dor. Essa maluca não quis tomar a peridural. Drake foi muito forte durante a coisa toda, mesmo que tenha percebido o olhar aterrorizado em seu rosto, enquanto ele ajudava a trazer a filha ao mundo.
Com minha fome esquecida por um momento, comecei a me virar novamente para a porta. Não tinha forças para lidar com Axton esta noite. Inferno, duvido que algum dia terei forças para lidar com ele. Nós só fazíamos duas coisas bem e, normalmente, ambas me esgotavam até um ponto sem retorno. Sexo não estava nos meus planos, e nunca mais estaria novamente. Então, só sobrava brigar.
— Dallas… — Seu tom era quase de súplica. Quase. Axton normalmente não implorava, a não ser que fosse por minha boca no seu pau. Foi o suficiente para me fazer parar com a mão na maçaneta, mas não para me fazer virar.
Não deveria doer tanto assim estar na mesma sala que ele. Se não estivesse tão cansada, não teria que lutar para evitar que meu queixo tremesse. Eu teria sido capaz de reforçar as paredes que ele me obrigou a construir ao redor do meu coração.
— Nunca tivemos a chance de conversar depois do casamento de Shane.
Cerrei o maxilar, o lembrete de nosso último final de semana juntos me deu o combustível necessário para que a raiva secasse minhas lágrimas, e para me virar para encará-lo.
— Bom, não aconteceu nada que já não estivesse esperando. Tudo que ela precisou fazer para que voltasse correndo para ela foi dizer o seu nome.
Ele se levantou e jogou o celular no banco ao lado, enquanto dava dois passos em minha direção. Como sempre, agia casualmente, como se minha raiva não o incomodasse. Esse era um dos motivos de ser tão fácil pensar que nunca se importaria comigo do jeito que eu precisava.
— Eu tinha que ir, Dallas. Ela ia ligar para a polícia. Liam tinha drogas por todo o apartamento, e se o sobrinho dela tivesse pego alguma delas… — Ele parou, e seu maxilar trancou, como se não pudesse continuar.
— Então, é claro que ela te ligou — assenti, com meu coração se partindo mais um pouco. — Não para Wroth, que é primo dela, ou para Zander ou Devlin, que também poderiam ter dado um jeito. Porque você sempre sabe como consertar o que há de errado com ela. Porque ela não pode fazer nada sem você ali segurando a maldita mão dela.
Axton suspirou e enfiou as mãos nos bolsos da frente do jeans.
— Você não tem nada com que se preocupar com relação a Gabriella e eu. Nós terminamos há muito tempo, baby. Ela não significa nada para mim. Menos do que nada.
Essa não era a primeira vez que dizia exatamente as mesmas palavras para mim. No início do nosso relacionamento, se é que podemos chamá-lo assim, tinha certeza de que ele se encontrava com Gabriella Moreitti pelas minhas costas. Na primeira noite que conheci a pequena roqueira italiana, acusei-o de ter transado com ela durante uma festa. Ele nunca negou, apenas riu. Deve ter achado meu ciúme muito engraçado.
Loira burra, já está apaixonada, sentindo ciúmes de qualquer uma que tente olhar para seu homem.
Foi isso que senti quando ele riu de mim. Palavras que minha mãe teria usado, zombando de mim com uma risada. No entanto, era verdade. Eu tinha sido estúpida. Estúpida por ter continuado nessa farsa de relacionamento depois daquela noite. Por querer fazer as coisas darem certo com ele, mesmo estando tão insegura, convencida de que tinha me traído. Lutei tanto para nos manter juntos, só para que me deixasse no final.
Também é verdade que estava apaixonada por ele naquela época. Eu me apaixonei rapidamente. Ele era tudo que eu queria, tudo que precisava. E o sexo… Os poucos namorados que tive antes de Axton Cage evaporaram da minha mente no instante em que ele me tocou. No entanto, não era verdade que sentia ciúmes de qualquer uma que olhasse para ele. Não havia nenhuma razão para estar com ciúmes de todas as mulheres do mundo.
Mas havia muitas razões para estar com ciúmes de Gabriella Moreitti.
A maior de todas era o nome dela tatuado no pulso dele. A tatuagem estampada em sua pele há anos. Se ele já tivesse superado aquela cadela troll, por que ainda conservaria seu nome?
— Nós jamais daríamos certo — disse a ele, quando corajosamente encarei seus olhos. — Quero algo que você jamais será capaz de me dar.
Olhos de avelã se estreitaram para mim.
— Por quê? Porque agora você está com Liam? Você sinceramente acha que ele pode te dar o que deseja, Dallas? Na verdade, quem tem problemas com a Gabriella é ele.
Enrijeci com a menção a Liam. Que diabos? O que Liam tem a ver com isso?
— Não estou com Liam.
— Mentira. Vi vocês se beijarem no domingo. — Seu rosto se contraiu de raiva. — As mãos dele passeavam por todo seu corpo.
— O quê? — Pisquei.
Estava tão cansada a ponto de ouvir coisas? Ele não pode ter acabado de dizer que as mãos de Liam passeavam por todo meu corpo. Ainda que me importe com ele, nunca deixaria que pusesse as mãos em mim. Nunca. Mal consigo tolerar o toque de outras pessoas. Foi um milagre do caramba ter deixado Axton me tocar do modo que fez durante nosso tempo juntos. Realmente desejava o toque de outro ser humano, ainda desejo. Mas não era o toque de Liam, então, jamais poderia permitir que suas mãos estivessem passeando por todo meu corpo
.
Visitava Liam todo domingo, desde que fora para a reabilitação. Pela primeira vez, Liam Bryant tinha ido tratar sua dependência química voluntariamente. Ele estava progredindo de forma notável e, com um bom grupo de apoio ao seu lado, quando recebesse alta em algumas semanas, estava certa de que, desta vez, seria capaz de ter sucesso. Quando o vi pela última vez, há aproximadamente uma semana, ele tinha me beijado antes de eu ir embora, mas não chegava nem perto do que Axton tinha descrito.
Liam e eu éramos amigos, bons amigos. O beijo que me deu não significava nada além disso…
O que Axton realmente tinha confessado, repentinamente, foi um tapa na cara.
— Você está me seguindo, Ax? — Ele estava me stalkeando?
Suas mãos se fecharam em punhos, mas ele não negou.
— Não mude de assunto, Dallas. Se agora está com Liam, apenas diga.
— Não estou com Liam! — exclamei, jogando as mãos para o alto, um claro sinal de que estava à beira de um completo acesso de raiva. — Apenas o tenho ajudado ao longo de sua recuperação. Algo que amigos tendem a fazer uns pelos outros.
— Ele é um fracassado. Liam nunca durou mais do que algumas semanas sóbrio depois de sair da reabilitação, e dessa vez não será diferente. Ele adora garotas gostosas que querem consertá-lo.
Axton chegou mais perto, suas mãos se aproximando e segurando meus ombros.
— Ele não é bom o suficiente para você. Não deixe que ele te prejudique.
Empurrei-o, verdadeiramente enojada com Axton pela primeira vez desde que o conheci.
— Você o conhece desde sempre. Liam é seu irmão de banda, Ax. Mas você parece não saber nada sobre ele. Ele é mais forte do que pensa. Tudo que precisa é de alguém que acredite nele. Agora estou entendendo por que demorou tanto para chegar tão longe na reabilitação. Se é assim que você e o resto da OtherWorld o tratam, então, ele está melhor sozinho.
— Caramba, Dallas. Liam Bryan destrói tudo que toca. Não quero que se machuque.
Balancei a cabeça.
— Não precisa se preocupar, deus do rock. Estou a salvo com Liam.
É você quem me machuca.
Capítulo 1
Dallas
Feliz Ano Novo.
Encarei o alegre cartaz que pairava sobre o posto da enfermagem no pronto-socorro. Balões coloridos pendiam de cada um dos lados. Não precisava de um cartaz me dizendo que era o fim de mais um ano, e que, no final do meu turno, estaria voltando para casa, para o começo de um outro. O departamento do pronto-socorro contava sua própria versão de como tinha sido maravilhoso.
Viroses estomacais. Gripe. Ataque cardíaco. Dois derrames. Um tornozelo torcido. Um bebê com o pulso quebrado. Soava como uma canção natalina das enfermeiras. Não era. O Natal tinha chegado ao fim, estava terminado. Era apenas um turno noturno comum para o hospital mais movimentado de Nova York, o que, para início de conversa, fazia eu me perguntar: quem tinha encontrado tempo para pendurar aquela porcaria de cartaz? Alguém estava fazendo corpo mole e não admito trabalhar com molengas. Isso significa que preciso me matar trabalhando duas vezes mais, e já não tenho a mesma energia – ou, pelo menos, é isso que sinto.
A única glória resplandecente disso tudo era que só me restavam mais alguns dias de contrato. No fim da próxima semana, estarei desempregada, e a mulher que estive substituindo estará de volta da licença maternidade. Então, e só então, farei minha dancinha feliz e celebrarei com meus dois colegas de quarto, em uma noitada em alguma boate – algo que não tenho conseguido fazer há mais de dois anos.
O sistema de rádio que usávamos para nos comunicar com os paramédicos apitou e eu era a única perto o suficiente para atendê-lo. Eles estavam a cinco minutos com uma vítima de V89 – acidente com veículo a motor. Um motorista bêbado tinha entrado na contramão do trânsito, colidindo de frente com o carro esportivo de algum cara. Receberíamos a vítima, enquanto outro hospital receberia o motorista bêbado que, segundo os paramédicos, só tinha quebrado o nariz com o airbag.
Rapidamente rabisquei toda a informação que me passaram e me apressei para preparar a sala de trauma mais próxima. O paciente não estava usando cinto de segurança e, no impacto, tinha sido arremessado através do para-brisas. Traumatismo craniano, hemorragia interna e uma possível lesão medular. Bipei a radiologia. Precisaríamos de raios-X, tomografias computadorizadas e provavelmente um ultrassom para descartar uma hemorragia interna abdominal. O desfibrilador estava a postos, assim como o cirurgião de plantão – um dos cirurgiões mais bem avaliados do país. Outro médico parou ao meu lado assim que a ambulância estacionou em frente à porta automática. Corri com os dois médicos e outra enfermeira para ajudar os paramédicos a descer o paciente.
Mal tive tempo de lançar uma rápida olhada ao rosto do homem antes de empurrá-lo para o centro de trauma e começar a trabalhar nele. Um acesso já tinha sido colocado em seu braço, fluídos estavam sendo injetados nele na maior velocidade possível. Uma máscara de oxigênio estava em seu rosto, enquanto os paramédicos continuavam apertando o respirador, enviando oxigênio manualmente. Gostaria de saber o nome do cara para poder falar com ele. Deixá-lo saber que não estava sozinho. Contudo, não houve tempo para identificação antes de transportá-lo. Na sala de trauma, passamos o paciente da padiola para a maca já preparada. Comecei a ministrar os remédios que os médicos pediam, e os raios-X já estavam sendo tirados, mesmo com a sala cheia de pessoas.
— Costelas quebradas — o cirurgião gritou, e a enfermeira, que estava ali para me ajudar, começou a socar a informação no computador perto da pia. — A coluna dele está edemaciada. Não consigo ver se há fraturas.
O acesso no braço do paciente de repente colapsou e nem pensei duas vezes antes de colocar um novo. Puxando as mangas da camiseta rasgada e ensanguentada do homem, comecei a procurar uma veia quando a tatuagem em seu bíceps chamou minha atenção…
Tudo dentro de mim congelou e perdi o fôlego. Reconheceria essa tatuagem em qualquer lugar. A banda inteira tinha uma dessas em algum lugar do corpo. Um milhão de coisas passaram pela minha cabeça no espaço de um segundo. Não, não pode ser! Estendi a mão para a máscara de oxigênio e a levantei por um momento para confirmar o que mais temia. Lágrimas brotaram nos meus olhos, mas pisquei para fazê-las voltar de onde vieram. Não poderia entrar em pânico agora. Não quando ele precisava da minha calma e do meu trabalho para salvar sua vida.
— Espere! — gritei, quando a outra enfermeira começou a injetar o medicamento que o cirurgião tinha mandado.
— O quê? — três pessoas perguntaram ao mesmo tempo. Em uma situação como esta, cada segundo conta, e estava desperdiçando um tempo valioso.
— Precisamos fazer um exame toxicológico. Ele pode… Ele pode ter cocaína ou algo tão forte quanto no organismo. — Eu odiava até pensar nisso, mas Liam tinha saído da reabilitação há menos de uma semana. As probabilidades de não ter voltado a usar drogas eram as mesmas de que tivesse. Não poderia arriscar sua vida se ele teve uma recaída, não importa o quanto quisesse acreditar nele.
— Faça! — o segundo médico vociferou, e não hesitei em coletar o sangue. Havia um aparelho na sala que podia mostrar o resultado em um minuto, e corri para ele, enquanto a outra enfermeira colocava a via de acesso que eu não tinha terminado.
— Negativo. — Soltei um suspiro de alívio. Liam não voltara aos velhos hábitos, procurando uma forma de se consertar, menos de uma semana após a reabilitação.
No entanto, sua dependência não era algo com o que se preocupar neste momento. Sua ruptura de baço e dilaceração do fígado, sim. Uma perna quebrada, para combinar com suas costelas, e um ombro deslocado eram preocupações menores quando comparadas ao fato de que, com todo o edema, Liam poderia acabar em uma cadeira de rodas. A pressão em seu cérebro já estava se tornando grande demais, e uma sala de cirurgia estava sendo preparada para receber múltiplos procedimentos imediatamente.
Enquanto corria com a equipe da emergência para empurrar a maca de Liam para dentro do elevador, estava no piloto automático. Não conseguia pensar em nada mais do que levá-lo para cima e para dentro da sala de cirurgia. A equipe de cirurgiões já estava esperando por nós quando o elevador abriu. Eu queria ir com ele, mas não tinha habilitação para uma cirurgia como essa.
Assim que Liam foi levado para longe e as portas da sala de cirurgia se fecharam atrás dele, finalmente, eu me permiti sentir a dor e desmoronar na parede mais próxima. Liam. Ele estava morrendo. Eu poderia perder meu mais novo e querido amigo…
Não era para ser assim. Tinha conversado com ele por telefone há dois dias. Eu o tinha visto há apenas alguns dias antes disso, no domingo de visitas da reabilitação, antes de sua alta. Ele parecia tão saudável quando comparado com o dia que o deixei lá. Liam estava cheio de vida, e sem nenhuma droga por perto para ajudá-lo a espantar os demônios que eu sabia que tinha. Tínhamos feito planos de nos encontrar neste domingo e apenas passar tempo juntos, porque tínhamos ficado muito acostumados a nos ver semanalmente. Domingo era o nosso dia, e eu sabia que ansiava por eles tanto quanto eu – provavelmente mais, já que agora me considerava sua única amiga.
Permaneci ali por vários minutos até que a enfermeira, que estava me auxiliando, finalmente me cutucou com o cotovelo.
— Era seu amigo?
Tudo que pude fazer foi assentir.
— Precisa que ligue para alguém?
O pavor agitou meu estômago. Havia ligações que precisavam ser feitas, mas a única que podia fazê-las era eu. Caso contrário, o hospital seria cercado de abutres. Os paparazzi estariam prontos para escrever sobre esta história em um piscar de olhos. Roqueiro famoso viciado em drogas se encontra em estado grave depois de colisão com motorista bêbado. Automaticamente, presumiriam que Liam era o culpado, Liam seria o motorista bêbado.
— Não. Eu preciso fazer isso.
Peguei o elevador para descer novamente ao pronto-socorro, mas em vez