Apostila
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Que são Esquemas? São estruturas mentais que organizam o significado das suas
experiências. É a reunião de informações e concepções a respeito de uma situação ou
experiência e essas concepções são agrupadas como crenças básicas e pressupostos
característicos a cada evento ou grupo de eventos.
Toda vez que esses eventos são percebidos pelos nossos sentidos, os esquemas são
ativados, as crenças eclodem e geram pensamentos e atribuições imediatas consoantes a
elas. São esses componentes cognitivos que alteram o nosso humor, deflagram as
sensações que atingem o organismo (mudam a fisiologia) e determinam o comportamento
que adotamos referentes a cada estímulo situacional.
Vamos a um exemplo prático para a assimilação dessa teoria. Digamos que Adriano tenha
ido à praia com a família nas férias do ano anterior e seu filho, certo dia, ficou
desaparecido por duas horas enquanto estavam acampados no local tomando sol. É claro
que a experiência não foi agradável. Suscitou ansiedade, preocupação considerável. A
experiência foi processada no seu inconsciente e produziu esquemas de avaliação dessa
ocorrência sob a forma de crenças e pressupostos específicos.
Hoje, um ano depois, alguém lhe pergunta: “Você voltará à praia este ano para o descanso
das férias?”. Adriano fica repentinamente ansioso e seu humor assume uma característica
de irritação. Instantaneamente, sente um frio na barriga, um mal-estar indefinido; seu
corpo transpira levemente e ele percebe seu coração batendo mais rápido. Por que
ocorreu essa mudança de humor e novas sensações desagradáveis invadiram seu corpo?
Aprofundando mais o tema, a terapia cognitiva aponta que todo ser humano exerce três
funções básicas para que se efetive a vida de relação: ele pensa, sente e age. Esses três
elementos são as bases da sua interação consigo mesmo e com o mundo a sua volta. Sem
eles essa relação é impossível. O modelo cognitivo-comportamental parte do pressuposto
de que os nossos pensamentos influenciam intensamente as emoções e as reações de
comportamento que venhamos a ter. Emoções e comportamentos, portanto, são
influenciados pelo modo como uma pessoa enxerga os eventos que lhe acontecem no dia
a dia.
Não é uma situação por si só que tem importância na modificação do humor; na verdade,
a interpretação que fazemos dela ou o modo como nós a entendemos é bem mais
significativo e é a causa das repercussões emocionais e comportamentais resultantes.
•A própria pessoa (o self): “eu não sou capaz”, “eu não mereço ser amado(a)”.
•O mundo e os outros: “O mundo é um lugar perigoso”, “as pessoas não são confiáveis”
•O futuro: “as coisas nunca darão certo”, “não vejo saída para mim”
Mas você pode estar se perguntando agora: como surgem esses pensamentos
automáticos? Por que, às vezes, pensamos, sentimos e nos comportamos de maneira
inadequada, experimentando sofrimento?
Normalmente, a maioria de nós leva uma vida razoavelmente operacional, com certa dose
de otimismo, esperança, realizando tarefas e cumprindo deveres. Entretanto, diante de
certas situações ameaçadoras, de uma frustração, de uma perda, de uma decepção,
podemos mudar o nosso humor e reagir a essas situações de modo negativo.
1. Crenças de desamor
•“Não mereço ser amado(a)”
•“Não sou atraente”
•“As pessoas não gostam de mim”
•“Nunca serei feliz ao lado de alguém”
2. Crenças de Desvalor
•“Sou incompetente”
•“Sou incapaz”
•“Sou inútil”
•“As pessoas se saem sempre melhor do que eu”
•“Não faço nada certo”
3. Crenças de desamparo
•“Sozinho não consigo dar conta de mim”
•“Necessito que os outros me aprovem para que eu seja feliz”
•“Sou desajeitado(a)”
•“Melhor concordar sempre com as pessoas, assim elas não me abandonarão”
Essas crenças essenciais geralmente ficam ocultas em nosso inconsciente, operando em
silêncio e produzindo uma maneira muito própria de vivermos, de concebermos a nós
mesmos, o mundo, o futuro e as pessoas ao nosso redor. Essa maneira própria de
vivermos, que se constitui a partir das crenças centrais, determina um padrão específico
de comportamento que adotamos para tentar “funcionar” no ambiente.
Regras
•“Devo ser perfeito em tudo que faço”
•“Tenho que fazer tudo certo sempre, senão eu não suporto”
•“Não aceito críticas em hipótese alguma”
Atitudes ou posturas mentais
•“É horrível ser incompetente”
•“Como é triste ser inadequado”
•“Para evitar confusão, sempre é bom ficar calado”
Suposições
•“Se eu der duro, poderei alcançar um bom nível na escola”
•“Se eu tirar boas notas, meus pais me amarão mais”
•“Se eu me afastar dos outros, eles não vão perceber as minhas fraquezas”
Agora observe o esquema a seguir:
Amanda vai para casa desanimada porque não se saiu bem nos testes de gramática.
Alcançou uma média abaixo do esperado.
Situação
Pensamentos automáticos
•“Essa nota baixa indica o meu fracasso”
•“Isso não é para mim”
•“Essa matéria nunca entrará na minha cabeça”
•“Como é difícil aprender gramática. Não vou conseguir”
Emoções
•Tristeza, frustração
Comportamento final
•Fecha o livro e desiste de estudar
Esse modo distorcido de ver as coisas ocorreu porque o terapeuta identificou que Amanda
possui como crenças subjacentes e centrais:
Crença central
•“Eu sou incompetente”
Crenças intermediárias(Atitudes, regras, suposições)
Façamos uma avaliação breve do contexto de certas crenças e sua influência sobre os
sentimentos e comportamentos. Acompanhe conosco a avaliação de um caso individual:
Penélope tem a crença (que nem sempre é consciente, mas a faz sofrer): “Sou um
fracasso em tudo a que me proponho fazer”. Pelo fato de possuir essa crença central
muito rígida, ela assume algumas regras de vida: “Devo me esforçar ao máximo para
conseguir alguma coisa na vida” ou, ao contrário, “o melhor que faço é não esperar muito
de mim”; ela também toma algumas atitudes ou posturas mentais como verdadeiras:
“como é terrível ser um fracasso” ou “quem tentar estudar comigo se dará mal. Eu
atrapalho todo mundo”; por fim, supõe: “se eu me afastar das pessoas, ninguém notará o
quanto sou fraca” ou “se me matar de trabalhar, atingirei meu objetivo”.
Assim, ela pode enfrentar essas crenças negativas afastando-se das pessoas ou
dependendo delas, trabalhando arduamente ou evitando desafios e tarefas, cobrando-se
um alto nível de desempenho ou desistindo de si mesma.
Em outro exemplo, Polyana tem a crença: “nunca terei a chance de ser amada por
alguém”. Essa crença generalizada, de que ela não tem a menor certeza, mas que
acredita como um dogma, também padroniza nela algumas regras de vida: “devo ser
aprovada por todas as pessoas” ou “todos deveriam gostar de mim”; da mesma maneira,
toma algumas atitudes como reais: “como é terrível não ser amada. Acho que não
suportaria passar por isso” ou “é muito difícil não ser aceita pelos outros”, então, supõe:
“só posso ser feliz se todos me aceitarem” ou “não poderei me realizar como pessoa a não
ser que eu seja reconhecida e amada pelos outros”.
Mais uma vez, ela pode enfrentar essas crenças de várias maneiras: agradando demais os
outros ou os desprezando, fazendo tudo para chamar a atenção das pessoas ou as
evitando para não se magoar, cobrando afeto a todo instante ou ferindo os sentimentos
das pessoas, etc.
Nem todos os pensamentos ou ideias que fazemos a nosso ou a respeito dos outros é
verdadeiro. Pelo fato de pensarmos sobre algo como verídico e irrefutável, não significa
propriamente que ele o seja. E quando, realmente, constatamos que alguma coisa saiu
errada, de certo, podemos alterá-la para melhor, para uma condição mais favorável.
Usando os recursos do tempo, da paciência e da perseverança, atingiremos qualquer
objetivo que desejarmos.
O que há de ruim em tentar uma colocação? Será que não tenho o mesmo direito que os
outros candidatos? Além disso, o que de pior poderia acontecer? E se eu não me sair bem?
Onde está o problema? Posso perfeitamente buscar novas oportunidades em outros
lugares. Este emprego é importante, eu gostaria de alcançá-lo, seria muito bom entrar
nessa empresa, mas posso superar uma resposta negativa, se ela acontecer. Pior é não
tentar de algum modo. Aí é que eu nunca saberei do resultado”.
Essa visão mais adaptativa e serena da situação permitiria que Janete enfrentasse de
maneira efetiva a entrevista, embora, naturalmente, não desaparecesse de todo a
ansiedade.
Fonte: https://pebmed.com.br/