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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA

LESÃO POR PRESSÃO


Josiane benetti

Rosangela maria ricardo santos

INTRODUÇÃO

As Lesões por Pressão (LPP) têm como definição, segundo o National


Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), como sendo o rompimento de partes
cutâneas ou partes moles, superficiais ou profundas, de etiologia isquêmica e
normalmente localizam-se em regiões de proeminência ósseas quando há
compressão do tecido com a superfície externa por tempo prolongado (CALIRI,
2002).
Progressivamente, inicia-se um processo isquêmico que resulta em uma lesão
na pele, sendo ela avaliada em quatro estádios de desenvolvimento classificados
pela profundidade e comprometimento da área, dependentes diretos da
manutenção dos fatores predisponentes ao seu surgimento e das medidas de
prevenção para o surgimento (CALIRI, 2002).
Alguma das causadas do aparecimento de lesões por pressão decorre por
alguns fatores intrínsecos, porém foca-se nos fatores extrínseco sendo o mais
importante à pressão externa não aliviada, seguido pelo cisalhamento ou fricção,
resultando assim na morte tecidual. Dentre os fatores intrínsecos podemos salientar
idades extremas, estado nutricional, a perfusão periférica, doenças crônicas,
processo de adoecimento agudo, incontinência urinária e fecal (SARQUIS, 2010)
A avaliação e diagnostico da lesão por pressão pode ser realizado através de
métodos visuais e escalas aplicadas diariamente através de escalas como a Escala
de Braden, disponibilizando informações importantes e essenciais para elaboração
do tratamento e do planejamento do plano de ação e sistematização do atendimento
de enfermagem voltada para a prevenção do presente evento adverso (COSTA,
2003).
Atualmente, devido à evolução da transição demográfica do Brasil, houve
uma diminuição da população jovem e um aumento considerável da população
idosa, e devido ao estilo de vida urbano, a tendência do avanço da idade é acarretar
doenças crônicas, aumentando assim internações hospitalares, necessitando assim
de politicas de saúde adequada e desenvolvimento técnico e teórico no âmbito da
saúde (VASCONCELOS; GOMES, 2012).
Mesmo com o avanço dos serviços e cuidados de saúde, a prevalência do
aparecimento de LPP permanece como um problema de saúde grave a ser sanado,
pois resulta em longos períodos de internação, aumento de custos em relação ao
tratamento da lesão e das complicações posteriores ao seu aparecimento, sendo
necessária a intervenção precoce visando o cuidado focado na prevenção e
promoção da segurança do paciente em tratamento (JORGE; DANTAS, 2003).
O desenvolvimento desta lesão no decorrer do tratamento em uma instituição
hospitalar, influência na avaliação do cuidado oferecido e na piora significativa da
qualidade de vida do paciente e de seus familiares, responsabilizando assim o
enfermeiro pelo atendimento recebido (RABEH, 2001).
Visto a necessidade de um atendimento integral e seguro, em abril de 2013
foi instituído pelo Ministério da Saúde o Programa Nacional de Segurança do
paciente (PNSP), Portaria GM/MS numero 529/2013, com o objetivo contribuir para a
qualificação do cuidado em saúde, em todos os estabelecimentos de saúde do
território Nacional brasileiro. A prevenção da LPP compõe a lista dos seis atributos
para avaliação da qualidade da assistência, sendo o enfermeiro vital para esse
processo de avaliação, prevenção e redução de riscos de eventos adversos.
(CALIRI; et al, 2016; BRASIL, 2013)
Além do desconforto, a LP contribui para o sofrimento físico e psicológico do
paciente, e os tratamentos das lesões geram, para a instituição de saúde, um custo
financeiro maior, acompanhado com o aumento do tempo da internação deste
paciente, retardando o processo de recuperação funcional, expondo-os a riscos de
complicações como sepses, aumento da dor e evolução para um mau prognóstico.
(CALIRI; et al, 2016)
Conhecendo a magnitude do problema para os pacientes, familiares e
instituição destaca-se a relevância de estudos direcionados para avaliação dos
pacientes com risco de desenvolvimento da lesão em questão, evidenciando a
necessidade do conhecimento e treinamento da equipe de enfermagem para
atuarem na prevenção do presente agrava de saúde, visto que as medidas de

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prevenção melhoram a qualidade de vida do paciente, e o manejo com materiais e
educação continuada para a equipe de enfermagem tem o custo menor do que os
fins terapêuticos.
Considerando as dificuldades presentes no desenvolvimento de meios para
prevenir o evento adverso citado e a falta de qualificação do profissional enfermeiro
para melhorar o atendimento fornecido ao paciente, verificou-se a necessidade de
uma investigação detalhada sobre a assistência de enfermagem ao paciente com
risco de adquirir a Lesão por Pressão, por meio de um estudo baseado em revisões
bibliográficas.
O presente estudo tem com objetivo geral identificar as principais ações do
enfermeiro no cuidado integral visando à prevenção da lesão por pressão, visando
especificar sobre o assunto, descrevendo a fisiopatologia da lesão por pressão,
evidenciar as classificações existentes e as escalas de avaliação diária utilizadas no
cuidado com o paciente e por último elencar os principais diagnósticos de
enfermagem no cuidado com o paciente com alto risco para desenvolvimento da
lesão por pressão.

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2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica. Para tal foi realizada uma


pesquisa em bancos de dados eletrônicos: Scientific Eletronic Library Online
(SCIELO), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) textos publicados nos Manuais
da Anvisa. Os descritores usados foram: Lesão por Pressão, enfermagem e
prevenção de lesão de pressão, assistência de enfermagem lesão de pressão,
segurança do paciente e eventos adversos. As publicações concentraram-se entre
os anos de 1994 e 2016. A busca dos artigos deu-se entre os meses de junho a
agosto de 2017.
A fundamentação de Lesão por Pressão, quais as medidas de prevenção
contra Lesão por Pressão; quais eventos adversos, quais cuidados de enfermagem
na prevenção e tratamento da Lesão por Pressão.
Para a inclusão das publicações foram determinados os seguintes critérios:
possuir texto na íntegra e ter a temática relevante para o estudo. Para exclusão
obtiveram-se os seguintes: publicações com datas inferiores e teses. O total de
produções analisadas foi de 30 artigos. A partir disso foi realizado um quadro
sinóptico que através da análise permitiu a formulação de categorias, ao final, foram
selecionados 19 artigos. Seguimos para uma leitura analítica que nos possibilitasse
a construção de categorias e, posteriormente, realizamos uma leitura interpretativa
para identificação das concepções sobre lesões de pressão.

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3. DESENVOLVIMENTO

3.1 LESÃO POR PRESSÃO

3.1.1 FISIOPATOLOGIA DA LESÃO POR PRESSÃO

As lesões por pressão são as áreas teciduais destruídas devido a


compressão da pele e tecidos subjacentes contra as proeminências ósseas durante
tempo prolongado, prejudicando assim a perfusão sanguínea da área e insuficiência
vascular, resultando na diminuição do fornecimento de oxigênio e nutrientes gerando
a morte celular local (DOMANSKY E BORGES, 2014; CALIRI, 2012).
O processo patológico inicia-se quando há suspensão da circulação
sanguínea nas camadas superficiais da pele e à medida que a isquemia se aproxima
de proeminências ósseas, focos maiores de tecido são prejudicados. Cada camada
da pele contém uma pressão intersticial, e esta pressão é responsável por suportar
períodos de diminuição de perfusão vascular e momentos em que a pressão
intracapilar aumenta. Durante horas seguidas sem liberação da pressão da área
corporal, inicia-se o processo de sofrimento tecidual, originando a acidose celular,
hemorragia, oclusão das redes linfática e acúmulo de restos produzidos a partir da
morte celular e necrose tissular. Em seguida, a atividade fibrinolítica diminui,
originando o acumulo de fibrina em meio intravascular, gerando assim a deficiência
de perfusão capilar. As camadas mais suscetíveis são os músculos, depois o tecido
subcutâneo e por último a derme (DOMANSKY E BORGES, 2014; CALIRI, 2012;
COSTA et al, 2005).

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Figura 1 Fisiopatologia da Lesão por Pressão

Fonte: DOMANSKY; BORGES, 2014.

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3.2 FATORES DE RISCO INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS

O surgimento da LPP depende dos fatores intrínsecos e extrínsecos. Os


fatores intrínsecos são: idade avançada, o processo de envelhecimento torna a pela
mais friável e menos elástica, a falta de movimentação do paciente, sendo que
quanto menos se move maior a pressão em pontos específicos. O estado
neurológico, estado nutricional, uso prolongado de medicamentos, doenças
crônicas como diabetes, insuficiência cardíaca e demais doenças cardiovasculares.
Os fatores extrínsecos, tais como: o cisalhamento, a fricção, a umidade e por último
o principal fator causador deste tipo de lesão, a pressão (FERREIRA; CALIRI, 2001).
A pressão, diferente dos outros fatores, não altera se o paciente está em
repouso, em objetos regulares a pressão divide-se igualmente por todo o corpo do
objeto, e na pressão corporal isto não ocorre, fazendo que esse “peso” corporal se
distribua em determinados pontos, geralmente proeminências ósseas, concentrando
a pressão e resultando assim na formação das LPP (FERNANDES; CALIRI, 2000;
DOMANSKY E BORGES, 2014).
O peso excessivo aplicado sobre as proeminências ósseas, ocasionadas pela
pressão corporal, acomete todos os tecidos, portanto a pele, os tecidos celulares, os
músculos, todos são afetados juntos, porém a gravidade da isquemia não é igual a
todos, tendo assim uma característica de “iceberg”, pois a área da pele geralmente
está menor a lesão do que na área interna, em especial nos músculos que contem a
resistência tecidual menor. (ROGENSKI, 2002; JORGE, DANTAS, 2003)
Os outros fatores extrínsecos agem no organismo da seguinte maneira, o
cisalhamento é a tração exercida na pele, fazendo que os tecidos superficiais
“escorreguem” no musculo, gerando o rompimento e a lesão dos capilares que são
responsáveis para vascularizar a área, tendo o rompimento destes vasos, a área
apresenta isquemia celular (ROCHA, BARROS, 2007; FRISOLI et al, 1995).
A ficção ocorre quando uma determinada parte corporal, em especial, em
proeminências ósseas que está em atrito com outras superfícies, como por exemplo,
um membro sobre uma superfície de apoio gerando uma lesão aberta (ROCHA;
BARROS, 2007; FRISOLI et al, 1995).
Quando a pele se apresenta úmida, a tendência ao rompimento aumenta,
tornando assim a área mais vulnerável a lesões. A umidade acompanhada de

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sujidades como urina e fezes, aumenta a irritação e o aumento do risco de infecção
alterando a barreira de proteção da pele. O processo de higiene deve ser cuidadoso
e a utilização de agentes que minimizem a irritação e que promovam e mantenham a
secura da pele por mais tempo possível (BRASIL, 2013).
Cardoso, Caliri e Hass (2004) relatam que a idade quanto mais avançada,
torna-se um fator de risco para o desenvolvimento de LPP, devido as modificações
ocorridas no sistema tegumentar, assim como a piora da perfusão periférica e da
circulação, devido as doenças crônicas, prejudicando assim a cicatrização da pele,
sendo responsável também pela diminuição da resistência tegumentar.
O uso de medicamentos também irá interferir na cicatrização de feridas,
agindo também na resistência tegumentar assim como a idade, proporcionando o
aparecimento de lesões (ROCHA, BARROS, 2007; FRISOLI et al, 1995)..
O termo Lesão por Pressão deve ser adotado pelos profissionais da área da
saúde, para que a descrição destas lesões possam ser fieis para ser diferenciadas
de lesões de pele integral e lesionadas. (IBSP, 2016)
Mesmo com a presença dos fatores de risco para o desenvolvimento deste
agravo de saúde, a LPP tende a acometer pessoas em processo saúde/doença, que
apresentam uma resposta metabólica diminuída e movimentação na maioria das
vezes restrita ou impossibilitada, e o surgimento da lesão gera danos adicionais a
este organismo (ROCHA, BARROS, 2007).
Quando comparamos os dados do estudo sobre fatores de risco, podemos
correlacionar complicações decorrentes de doenças crônicas como, por exemplo,
doenças cardiovasculares, com a possibilidade de maior risco de internações por
maior gravidade e consequentemente destaca-se como fator de risco para o
aparecimento de LPP.

3.3 PRINCIPAIS LOCAIS DE DESENVOLVIMENTO DE LPP

A Lesão por Pressão é um agravo de saúde nacional e mundial, estudo


trazem que as taxas de incidência e prevalências das lesões são variadas quando
comparados a: Cuidados à paciente de longa permanência, internado normalmente
em Unidades de Terapia Intensivas (UTI) e Unidade de Terapia Intensiva Neonatal a

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taxa de prevalência de 2% a 28% de pessoas com LPP; Paciente internado em
setores de internação, a taxa de prevalência é de 10% a 18%.
No Brasil estudos demostram uma prevalência de 27% a 39% de paciente
que desenvolveram a LPP em ambientes hospitalares (BLANES; FERREIRA, 2014;
ROCHA; BARROS, 2014; CUDDIGAN et al, 2009)
Os desenvolvimentos das LPP na área corpórea são comuns em
aéreas de proeminências ósseas, onde há contato com superfícies que
proporcionem o surgimento de pontos de pressão nas proximidades dos ossos,
sendo ela maior que a pressão vascular.
Estudos trazem a incidência da localização das lesões, e quando
avaliado em áreas com maior acometimento, a região sacral apresenta maior
variação de aparecimento de lesões podendo variar de 29,5% a 35,8%, de acordo
com os estudos, seguido da região do calcâneo com incidência variando entre
19,5% e 27,8%. A região trocantérica ocupa o terceiro lugar, com incidência entre
8,6% e 13,7%. Outros locais com acometimento menos frequentes, incidência entre
6% e 1% incluem pernas, pés, maléolos, glúteos, escápulas, região isquiática e
cotovelo. As lesões também podem ser vistas em regiões menos comuns como:
região occipital, apófises vertebrais, orelhas, joelho, região genital, mão, arcos
costais, antebraço, mama, nariz e abdômen, todos com incidência inferior a 1%8,
sendo resultado da ação extrínseca de algum dispositivo de saúde (BLANES;
FERREIRA, 2014; ROCHA; BARROS, 2014; DOMANSKY E BORGES, 2014;
CALIRI, 2012)

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Figura 2 Locais para desenvolvimento de Lesões por Pressão

Fonte: DOMANSKY E BORGES, 2014.

O desenvolvimento da LPP pode ocorrer nas primeiras 24 horas até cinco


dias, podendo manifestar-se de maneira agressiva e rápida em pouco tempo de
internação. Visto esses dados, nota-se a importância da prevenção deste agravo de
saúde, tendo como o enfermeiro e sua equipe os responsáveis por identificar os
fatores de risco eminente e introduzir medidas de cuidados para evitar o
desencadeamento dos fatores de risco resultando na formação da LPP
(DOMANSKY E BORGES, 2014; MEDEIROS, 2006).

3.4 AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO

Conforme relatado anteriormente, a tolerância do tecido à pressão, pode ser


afetada por fatores intrínsecos e extrínsecos, sendo assim avaliada e classificada
conforme sua magnitude (COSTA, 2003).
• Lesão por pressão estágio 1: Mantém pele integra, apresentando área
delimitada de eritema não branqueável, região com parestesia, alterações de
temperatura ou consistência de tecido, alterações de coloração da pele,
excluindo colorações escoras ou arroxeadas. Em pessoas de pele negra ou

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parda, a identificação por modificação de coloração é dificultada pela
coloração da pele (SANTOS, 2007; NPUAP, 2016).

Figura 3 Estágio 1- Pele íntegra com eritema não branqueável

Fonte NPUAP, 2016


• Lesão por pressão estágio 2: Perda parcial da consistência da pele com
exposição da derme, tendo o leito da ferida com cor rosa ou vermelha, sendo
úmida e podendo apresentar flictema intacto ou rompido. Sendo resultado de
algumas ações como: Cisalhamento da pele, ausência de mudança de
decúbito, umidade, dermatites, entre outros fatores ou outras feridas tarmática
(SANTOS, 2007; NPUAP, 2016).

Figura 4 Estágio 2- Perda parcial da consistência da pele com exposição da


derme

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Fonte NPUAP, 2016
• Lesão por pressão estágio 3: perda de camadas totais da pele, possibilitando
a visualização da camada adiposa. Apresenta, na maioria das vezes,
presença de tecido de granulação e bordas soltas, deslocamento de pele e
tunelização são comuns. Sua profundidade e área comprometida irão variar
conforme a região corporal, podendo assim, desenvolver feridas profundas.
Lesões com presença de esfacelo ou escaras em seu leito, são classificadas
como LPP não estadiável (SANTOS, 2007; NPUAP, 2016).

Figura 5 Estágio 3- Perda totais de camadas da pele

Fonte NPUAP, 2016

• Lesão por Pressão Estágio 4: Mantem a característica de perda total de


camadas da pele, porém, neste estágio apresenta exposição e contato direto
com tecidos profundos, tecidos tissulares, como fáscia, músculo, tendão,
ligamento, cartilagem ou osso. Preserva também a característica de bordas
soltas, deslocamento de pele e tunelização, assim como a sua profundidade é
diretamente relacionado à região corporal. Lesões com presença de esfacelo
ou escaras em seu leito, são classificadas como LPP não estadiável, assim
como na LP estágio 3 (SANTOS, 2007; NPUAP, 2016).

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Figura 6 Estágio 4- Perda totais de camadas da pele e perda tissular

Fonte NPUAP, 2016

• Lesão por pressão não estadiável: Mantém as mesmas características da


LPP estágio 3 e 4, por isso normalmente recebe as referidas classificações,
da perda total de camadas da pele, entretanto irá se diferenciar pois esta
perda não será visível, por isso a extensão de sua perda só poderá ser
mensurada caso o esfacelo ou escara for removido. Geralmente são lesões
estáveis ou secas (SANTOS, 2007; NPUAP, 2016).

Figura 7 Lesão por pressão não estadiável- Perda totais de camadas não
visíveis

Fonte NPUAP, 2016

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• Lesão por pressão Tissular Profunda-deslocamento vermelho escura, marrom
ou púrpura, persistente e que não embranquece: Apresentam a característica
de pele integra ou lesionada, destacando o leito da ferida com coloração
vermelha escura ou um flictema com sangue. Normalmente causam dor ao
paciente, acompanhado de mudança de temperatura e mudança de coloração
de pele, coloração mais escura. É resultado de pressão intensa e por longo
tempo, podendo evoluir rapidamente abrangendo regiões teciduais ou
tissulares (SANTOS, 2007; NPUAP, 2016).

Figura 8 Lesão por pressão Tissular Profunda-deslocamento vermelho


escuro, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece

Fonte NPUAP, 2016

1.5.COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA LPP

O aparecimento de uma Lesão por Pressão está entre as complicações mais


comuns apresentadas pelo paciente hospitalizado, causando assim a piora do
estado geral de saúde do mesmo, acompanhado do prolongamento do tempo de
internação, resultando em complicações serias e graves que refletem no aumento
acentuado das taxas de mortalidade ou morbidade destes pacientes (DOMANSKY;
BORGES, 2014; MEDEIROS, 2006).
As alterações no processo saúde doença que são influenciadas diretamente
pelo surgimento da lesão, podem variar de cada paciente, assim como de sua

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condição de saúde, porém a LPP pode provocar danos superficiais ou profundos no
sistema tegumentar, gerando assim complicações decorrentes do avanço da lesão
como a infecção que resulte em sepse, presença de tecido necrótico, aumento da
resposta inflamatória do organismo debilitando mais o paciente, podendo até
influenciar nas funções de órgãos nobres e ossos (JORGE; DANTAS, 2003; RABEH,
2001).
Quando comparado os custos financeiros, os gastos aumentam para as
instituições de saúde, para os governantes e também para as famílias, sendo
necessário o conhecimento prévio dos riscos para o desenvolvimento da mesma
(JORGE; DANTAS, 2003; CALIRI; 2002).

3.5 AÇÕES DE ENFERMAGEM FRENTE AO PACIENTE COM RISCO DE


DESENVOLVIMENTO DE LPP

Os cuidados de enfermagem e a atuação do enfermeiro quando se trata de


pacientes dependentes, inclui-se o diagnostico e as ações referentes a intervenções,
avaliações e medidas especificas para a prevenção do surgimento das LPP.
Quando analisamos os fatores de risco de desenvolvimento da LPP, a
pressão capilar normal é de 32 mmHg, quando esta pressão está concentrada em
proeminências ósseas, excedendo o limite e desenvolvendo uma isquemia no local,
apresentando sinais de hipóxia tecidual. Estudos demostram que os tecidos podem
suportar pressões variadas muito mais altas do que quando comparado à pressão
constante, salientando assim a necessidade de metas de cuidados que visem à
mudança de decúbito frequente (DELISA; GANS, 2002; SMELTZER; BARE, 2005)
Atenta-se também a outros fatores de riscos extrínsecos como a o
cisalhamento e a fricção, a definição de cada fator respectivamente, trata-se da
pressão exercida quando um paciente é colocado ou reposicionado em leito ou em
cadeira e este movimento, repedido diversas vezes, o tecido permanece aderido ao
lençol ou ao anteparo enquanto o corpo é movimentado, sessando assim as
microcirculações resultando em isquemia por lesão tecidual. Na fricção, a lesão
acontece devida o movimento de arrastar o paciente em superfícies ao invés de
levanta-lo, fazendo assim que o tecido seja arrastado também e as células epiteliais
sejam lesionadas e arrastadas juntamente com o paciente. Os dois fatores citados

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normalmente juntam-se a ausência de mudança de decúbito para o surgimento de
LPP. (DELISA; GANS, 2002; SMELTZER; BARE, 2005)
Os diagnósticos de enfermagem em relação a prevenção de LPP, consiste
basicamente na observação e avaliação constante e diária as alterações da pele,
identificação dos paciente com alto risco de desenvolvimento das lesões, mudança
de decúbito para alivio da pressão e melhoria na circulação sanguínea, estímulos
para deambulação precoce, manutenção da higiene do paciente e do leito
(POTTER, PERRY 2011).
Em relação à mudança de decúbitos, os estudos não trazem horários ou
rotinas que deve ser realizado o presente cuidado, porém sabe-se que 2 horas
continuas de pressão é o máximo que um tecido, estando com sua circulação
sanguínea sem comprometimentos, consegue suportar sem que haja maiores
prejuízos. A definição de intervalo para a mudança de decúbito deve variar de forma
individual para cada paciente com suas peculiaridades (BLANES; FERREIRA, 2014;
ROCHA; BARROS, 2014; DOMANSKY E BORGES, 2014; CALIRI, 2012).
Como medidas de cuidado e meio facilitador para a mudança de decúbito,
existe uma ferramenta, o relógio de decúbito, que indica qual horário e em qual
posição os pacientes devem estar, visando um protocolo e uma unificação do
cuidado em cada instituição (BLANES; FERREIRA, 2014; ROCHA; BARROS, 2014;
DOMANSKY E BORGES, 2014; CALIRI, 2012).
Figura 9 Relógio de mudança de decúbito

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Fonte NPUAP, 2016
Figura 10 Mudança de posições

Fonte NPUAP, 2016

A cada mudança de decúbito, outro cuidado essencial ao paciente com alto


risco de desenvolvimento de LPP, é a avaliação constante da pele, identificando
sinais que indicam a hipóxia tecidual (MEDEIROS 2006).
Além das ações de cuidados, são necessários instrumentos que
facilitem a avaliação e a comparação para melhoria no cuidado ao paciente. Como
instrumento de medida, a Escala de Braden (apêndice A) é uma das mais utilizadas

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por todo o mundo, e no Brasil, sua tradução e sua validação, foi realizada em 1999.
Ela é útil pois auxilia na avaliação diária e simples do risco de desenvolvimento de
LPP, visando o desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem
de uma maneira completa, integral e individual (PARRANHOS, SANTO; 1999).
O uso da escala auxilia o enfermeiro na identificação e classificação do
paciente desde a sua admissão, norteando as medidas de prevenção no cuidado
com os agravos de saúde, sendo que a efetividade da avaliação através deste
instrumento seja o mais comum, clara e com concordância entre todos os
profissionais que irão atender o paciente, identificando os pontos vulneráveis e que
dependem de maior atenção (FERREIRA, CALLIL, 2001; RABEH, 2001).
As ações de avaliação e cuidados diários proporciona para o paciente um
cuidado seguro que minimize riscos, e a instituição, os cuidados que visam a
prevenção são visivelmente mais baratos do que quando comparados aos cuidados
necessários para o tratamento do surgimento da LPP e de suas complicações
(COSTA, 2013).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As ações preventivas para o LPP tem sido foco devido sua importância frente
aos indicadores de qualidade de atendimento e serviços de saúde, resultando assim
em um atendimento integral e humanizado aos pacientes com risco elevado para
desenvolvimento deste agravo de saúde.
Nota-se, a partir da pesquisa realizada, que as ações de prevenção do
surgimento das lesões por pressão devem ser atualizadas, visando estratégias que
proponham a melhoria da qualidade da assistência ao paciente, resultando assim,
em uma diminuição de tempo de internação e os custos referentes aos cuidados
específicos do tratamento das LPP.
A LPP é um agravo de saúde, e por meio deste estudo, nota-se a
necessidade da implantação de instrumentos que facilitem o planejamento de
cuidado com o paciente com alto índice de desenvolvimento do presente agravo,
sendo necessário o investimento em capacitação aos enfermeiros e equipe
multiprofissional, para educar, continuamente, sobre a necessidade da atenção e do
cuidado preventivo da presente lesão.
Em relação a equipe de enfermagem, cabe ao enfermeiro identificar e
classificar o paciente em sua admissão e diariamente para a execução de medidas
que visem a melhoria na qualidade de vida do paciente.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A
Escala de Braden

Fonte: PARANHOS e SANTOS, 1999.

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