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Para Jaime e Kathrine.

Vocês viram o meu pior lado e ainda assim, continuam sendo


meus amigos.

Vocês merecem uma medalha.

Ou pelo menos um livro dedicado a vocês.


Cada história tem um vilão.

Em nossa história, o vilão não é uma pessoa, mas uma emoção.

Nosso vilão é o medo.

Medo do desconhecido.

Medo de perder o que há de mais importante em nossas vidas.

Um ao outro.

Mas temos esperança. Porque para cada vilão existe um herói.

Errado.

Nossa história também não tem herói.

Nossa história é uma merda.

Nós somos péssimos.

Permitimos que o medo ditasse nossas vidas a ponto de


ficarmos estagnados – sem esperança – enquanto nos
observávamos seguir em frente e lutar contra os
sentimentos entre nós.

Ninguém vem em nosso socorro nesta história.

Nesta história, somos os vilões e os salvadores.

Aproveite o show de merda que é


o nosso relacionamento.
Anniston

Eu não sinto muito.

Nem um pouco.

O idiota merecia.

— Anniston, você tem algo a dizer a Preston?

Eu sorrio docemente para o homem redondo, conhecido


como o diretor da Hawkins Middle School, lar dos incríveis
tigres chupadores. Há mais de uma hora estou presa neste
quarto cor de malva que cheira a más decisões e mofo. Estou
entediada e ainda não entendi o motivo da repreensão severa
do Diretor Taffert. Ele não consegue ver que Preston é um
mentiroso de quatorze anos, um saco de merda de cachorro?

Por que só eu vejo suas verdadeiras cores? Eu, que vejo


o apodrecimento de sua alma maligna enquanto ele fica
sentado carrancudo, segurando um saco de gelo contra o
rosto.

— Eu... — Dou uma olhada em meu avô, as mãos


cruzadas sobre o macacão manchado de sujeira. Ele é um
bom homem. Ele não merece a neta pela qual ficou
encarregado. Ele merece uma boa menina, que age como uma
dama. Infelizmente, ele não tem tanta sorte.

Com um sorriso diabólico, encontro o olhar de Preston e


sua mãe arrogante ao lado dele e sorrio o mais docemente
que posso. — Eu gostaria que o treinador Carey demorasse
mais tempo fumando o cigarro no armário de suprimentos
para que eu pudesse ter quebrado mais do que seu nariz,
idiota.

— Anniston, — meu avô diz com um suspiro.

— Hines, — o Diretor Taffert diz sobre o suspiro de


horror da mãe de Preston. — Por mais que eu odeie fazer isso,
devo suspender Anniston pelo resto do ano letivo. Não
podemos encorajar esse tipo de comportamento. — Ele olha
para mim e franze a testa. — Mesmo de uma menina.

Isso mesmo, Preston! Uma garota bateu no seu traseiro.


Que gosto tem? Aposto que tem um gosto amargo, muito
parecido com lágrimas grandes e salgadas de derrota.
Vadiazinha.

— Eu entendo, John. Grace e eu cuidaremos disso em


casa.

Eu nem mesmo olho para o meu avô. Tudo o que estou


olhando é o caroço no nariz de Preston que espero que o
assombrará pelo resto de sua vida. Talvez ele se lembre da
próxima vez que decidir ser um valentão.
— Tenho certeza de que você vai, — o Diretor Taffert
responde antes de limpar a garganta e se dirigir a mim. —
Anniston, espero ver uma jovem mudada no próximo ano.
Use esse tempo para refletir sobre suas ações e decidir sobre
o tipo de mulher que você deseja ser.

Eu quero ser uma chutadora de traseiro, John. Uma


maldita Katniss Everdeen.

— Eu vou, senhor.

Vou aprimorar meu gancho de direita e me certificar de


que irei para as bolas de Preston na próxima vez que ele se
atrever a respirar em minha direção.

De pé, meu avô gesticula para que eu o siga.

— Sentimos muito, — diz ele à mãe de Preston, que


ainda está sentada como se estivesse usando a calcinha mais
justa que se possa imaginar. Ela consegue um “humph”, e eu
quase quero dar um soco nela por dar à luz um ser humano
tão horrível, mas não faço.

Hines McCallister é um homem paciente e temente a


Deus, mas se você pegar seu lado ruim, ele agirá primeiro e
pedirá perdão depois.

Antes que eu possa nos colocar em mais problemas,


bato a porta do escritório atrás de mim e sigo como a neta
obediente que sou.
— Ele provocou você sobre sua mãe ou pai? — ele
pergunta quando saímos do prédio para caminhar até sua
caminhonete, que está estacionada em um espaço para
visitantes na frente do prédio.

Eu encolho os ombros em suas costas. Meu avô


trabalhou muito para construir uma vida para mim. Ele se
sacrificou muito para ter certeza de que tenho tudo de que
preciso. Eu quero protegê-lo da verdade feia, como ele sempre
me protegeu.

— Anniston... — ele solicita suavemente e, oh, tão


pacientemente.

Prefiro voltar para dentro e lidar com Taffert do que


partir o coração do meu avô.

— Semana passada, — engulo, — no laboratório de


informática...

— Semana passada, o quê? — Ele insiste.

Eu suspiro. — Tive dificuldade em digitar e ele viu.

Suavemente. Você deve ser gentil com Hines


McCallister.

As linhas em sua testa se enrugam antes de ele franzir a


testa, parecendo muito mais velho do que alguns minutos
atrás. — Foi uma crise?
Eu concordei. — Não consegui controlar e comecei a
chorar. — Eu encolho os ombros como se não fosse tão ruim
quanto era. — Ele começou a fazer piadas...

— Aquele merda zombou de sua condição? Uma criança


com paralisia cerebral?

Oh inferno. Eu sabia que ele ficaria louco.

— Está tudo bem, vovô, — eu o acalmo, correndo para


segurar sua mão na minha. — Eu cuidei disso. Ele não vai
tirar sarro de mim novamente.

Ele resmunga, mas me deixa puxá-lo para a


caminhonete. Quando ele destranca minha porta e me ajuda
a levantar como um cavalheiro, eu sorrio.

— Obrigada, bom senhor.

Isso o faz rir.

Quando ele está dentro e o ar condicionado mal está


funcionando, eu lhe dou um sorriso furtivo. — Então o que
vamos fazer já que temos o resto do dia de folga?

Ele bufa. — Nós... — Ele se move para frente e para trás.


—Vamos terminar minhas entregas já que fui interrompido.

Eu me encolho. — Eu sinto muito. — Eu realmente


sinto. — Eu não estava pensando quando bati em Preston.
Eu só não gosto de me sentir fraca.
O homem que foi a única figura paterna em minha vida
agarra meu queixo entre seus dedos fortes. — Não se
desculpe por se defender. Você me escutou?

Tento assentir, mas não vou muito longe com seu aperto
firme em meu queixo.

— Você não é fraca, Anniston McCallister. Nem. Um.


Pouco.

E é por isso que tento me comportar. Por ele. Por minha


avó. Essas duas pessoas são as únicas que se preocupam
comigo.

— Ok, — eu sussurro, me endireitando e colocando um


sorriso presunçoso no meu rosto. — Agora, de quem é o dia
que precisamos melhorar com esse leite fresco que eu tive
que acordar às 5 da manhã para obter?

Sim, foi ruim. Vacas fedem. O mesmo acontece com as


cabras e outros animais que vivem em uma fazenda. O velho
McDonald deveria ter escolhido peixes. Eles exigem muito
menos manutenção.

— Os Von Bremens. Eles precisam de uma entrega extra


esta semana, já que seus meninos voltaram da escola.

Sério? Os esquivos garotos de Von Bremen, você disse?

— Bem, o que você está esperando, Pops? Vamos fazer


essa entrega. Temos Jeopardy para assistir.
— Tem certeza que quer esperar na caminhonete?

Eu olho ao redor da casa de luxo, noto o taco de


beisebol encostado na porta da frente da enorme casa de
tijolos e decido deixar a evasiva casa Von Bremen ser um
mistério.

— Tenho certeza, — digo a ele, mas acrescento


rapidamente: — Mas posso sair e esticar as pernas. Se estiver
tudo bem?

— Tudo bem, — diz ele depois de um minuto, olhando


para o quintal como se algo maligno se escondesse atrás dele.
— Mas fique perto do caminhão.

Um sorriso fácil e a promessa de que ele voltará em


breve o fazem subir a calçada com cestos de tecido
pendurados em seus braços. Eu solto meu cinto de
segurança quando ele está fora de vista e saio da
caminhonete. A calçada de paralelepípedos é irregular sob
minhas sandálias, e a brisa úmida bate em minhas roupas
contra minha pele assim que fecho a porta do passageiro.

Madison, Geórgia, é conhecida por sua atmosfera doce e


familiar. Com apenas duas mil pessoas, ninguém é estranho
– exceto os Von Bremens. Tudo o que sabemos é que eles são
reservados e administram uma grande seguradora na cidade.
Há rumores de que Oscar Von Bremen, o chefe do império de
seguros, tem meninos gêmeos que ele manda para um colégio
interno na cidade todos os anos.

Morei nesta cidade minha vida inteira e ainda não os vi


de fato. Uma garota que conheço disse que os viu uma vez em
um posto de gasolina e eles estavam, e eu cito, “gostosos”.
Garotos gostosos fumantes nesta cidade são como unicórnios
raros; principalmente porque crescemos com os mesmos
rostos desde a creche.

As cidades pequenas podem ser um problema quando


você está tentando se reinventar ou quando tenta escapar do
apelido “Mac”. Não é um apelido bonito nascido do amor,
acredite em mim. Os garotos da escola me chamam de Mac
porque acham que eu quero ser um menino.

Não posso fazer nada se sou melhor nos esportes do que


a maioria dos meninos. Eu também não posso evitar o fato de
que eles não podem lançar um bloqueio ou desviar do meu
punho... como Preston.

Eu sou quem eu sou.

E para ser sincera, não dou a mínima se as crianças da


minha escola gostam de mim.

Eu não preciso de amigos.

Estou perfeitamente bem me divertindo sozinha.


Com nada mais a fazer a não ser olhar para o taco de
beisebol contra a porta, volto para a caminhonete. Então
ouço a porta da garagem subir, e uma voz que nunca
esquecerei ressoa na calçada.

— Thad, prefiro me afogar em uma bola de suor do que


ir à festa de aniversário de Michelle com você.

O ar ao meu redor parece ficar mais espesso enquanto


eu prendo minha respiração, esperando para finalmente ver
como ele se parece. Meu olhar dispara para todos os lados até
encontrá-los. Lá, como réplicas idênticas, estão dois meninos
da minha idade. Ambos têm a mesma altura, mas onde um
tem cabelo curto e escuro, o outro tem um boné de beisebol
cobrindo a maior parte do seu. Mesmo com o chapéu, vejo os
cachos escuros saindo de baixo. A garota estava certa. Eles
são muito gostosos, mas é aquele com a bola de basquete e a
boca esperta que me dá arrepios.

— Temos que ir, — diz aquele sem chapéu. — É o


aniversário dela, Theo.

Então, seu nome é Theo. Tem um certo toque nisso.

Theo zomba e faz uma cara de nojo para o irmão.

— Essa é a garota que soa como se ela estivesse


puxando catarro toda vez que ri?

Quase rio alto com a descrição dele da garota e me


pergunto quem ela é. Não sou amiga de nenhuma Michelle ou
de garotas que parecem estar com catarro quando riem.
— Ela é nossa prima, Theo. Mamãe espera que nós dois
estejamos lá.

Prima dele? Meu estômago aperta com uma risada mal


contida. Certamente ele sabia disso. Certamente ele está
apenas irritando o irmão por agir como se não tivesse a
menor ideia de qual festa eles deveriam ir.

— Não, obrigado, mano. Diga a mamãe que tenho mono.


— Ele parece pensativo por um momento. — Ou clamídia. Ela
definitivamente não vai querer explicar isso aos amigos do
country club.

O irmão olha para o céu como se estivesse orando antes


de perder a paciência. — Você não pode me fazer um favor? —
Ele fala rispidamente, arrebatando a bola de basquete de seu
irmão e atirando de seu lugar ao lado dele. Ela faz um som de
swooshing antes de retornar para o cara com o chapéu. Ele
franze a testa e mostra o dedo médio ao irmão.

— Deixar você pegar minha camisa emprestada é um


favor, — ele diz, todo orgulhoso antes de chutar a bola e mal
acertar a tabela. Encarando o quadro como se o ofendesse,
ele continua: — Participar desse pesadelo de uma festa é uma
porra de doação de caridade. Não confunda os dois, irmão.

Você poderia pensar que depois do dia que tive, eu


estaria acabada com os idiotas, mas não é o caso. Me chame
de curiosa – e com fome, aparentemente. Desde quando meu
estômago se agita quando fico com fome?
— Eu nem sei por que estou discutindo com você.
Mamãe vai fazer você ir. Você tem quatorze anos, não vinte.

Quatorze? Interessante. Ele tem a minha idade.

— Por que você acha que mamãe se importa se nós


formos? Ela estará muito ocupada com a irmã fofocando
sobre Deus sabe o quê. Ela nem vai perceber que não
estamos lá. — Ele encolhe os ombros como se tivesse todo o
mundo descoberto e deu instruções para aderir aos seus
padrões.

— Talvez eu queira ir, — diz Thad, baixando a voz como


se estivesse tentando transmitir algo ao irmão. — Talvez eu
queira ir ver Heather...

Theo ri, sem se deixar levar pelos sentimentos óbvios de


Thad por essa garota. — Certamente, vá “ver” Heather. Tenho
certeza de que ela ficará em êxtase por ter outro perdedor a
seguindo enquanto ela arrota o ABC com sua risada horrível.

Finalmente, seus comentários chegam ao irmão. —


Heather não tem uma risada horrível, — argumenta Thad,
mas para ao ver o sorriso de comedor de merda no rosto do
irmão. — Você é um idiota, — ele cospe. — Um dia você vai
pensar em alguém que não seja você.

O menino zomba incrédulo.

— E quando você a encontrar... espero que ela parta seu


coração. — Com esse comentário de despedida, Thad volta
para a garagem e desaparece.
Theo, não afetado pelo comentário do irmão, dá outro
tiro na cesta e erra. Novamente.

— Você sabe, — grito, saltando do estacionamento e


subindo a calçada como se não tivesse apenas assistido a
luta dos dois meninos, — o objetivo do basquete é realmente
colocar a bola na rede.

Se eu achasse que conseguiria uma grande reação dele,


estaria errada. A cabeça de Theo não se vira para me encarar.
Ele simplesmente recupera a bola e dá outra tacada, mal me
lançando um olhar.

— Eu estava me perguntando, — ele começa baixo e


hipnótico, um sorriso lento aparecendo em seu rosto, — se
você estava aqui para vender biscoitos de escoteiras ou falar
comigo sobre Jesus. — Theo levanta as sobrancelhas e não
sei se quero bater nele ou sorrir. — O que vai ser, pequena
senhorita boazinha? Você tem biscoitos ou uma Bíblia? Estou
esperando algumas balas boas.

Essa bunda. Esse traseiro fofo e ridículo.

— Não sou uma escoteira, — digo, arrancando a bola de


sua mão, segurando-a com os dedos e atirando sem esforço
do meu quadril. Ela entra – é claro – e eu lanço a ele um
sorriso que transmite toda a presunção do mundo.

— É assim que você faz um lance livre, querido.


Por que disse isso, não tenho ideia. Chame isso de
desafio. Algo sobre esse menino acende uma competição feroz
dentro de mim.

Seu sorriso é lento e perigoso. — Touché, pequena


Brownie.

Eu encolho os ombros. — Está tudo nos quadris. — Eu


jogo a bola para ele e franzo a testa. — Talvez você possa
praticar e ser um pouco menos péssimo da próxima vez? —
Eu digo, já virando e voltando para a caminhonete do vovô.
Meu trabalho aqui está feito. Ensinei o menino a atirar. Um
pouco.

— Qual é o seu nome, Michael Jordan?

Eu sorrio, sem me virar. — Anniston, — eu digo de


volta, quase para a caminhonete.

Ele fica em silêncio no início, mas então... — Ei, Ans?

Eu me viro para o novo apelido que faz eu me sentir


uma garotinha.

— Quer ir a uma festa hoje à noite?

O sorriso no meu rosto morre junto com seus sonhos de


se tornar uma estrela do basquete.

— Não posso, — digo, quando chego ao carro.

— Por que não?


Sua voz está muito mais perto, e me viro para encontrá-
lo bem atrás de mim. Seus profundos olhos azuis são
penetrantes quando ele sorri – tentando ser encantador – e
uma covinha se forma em sua bochecha direita. Sim, essa
covinha é uma assassina.

Eu encolho os ombros para o garoto rude e insanamente


bonito na minha frente.

— Provavelmente estou de castigo.

Seu sorriso cresce em seu rosto. — Parece meu tipo de


garota.

Parece meu tipo de cara também, mas eu nunca


admitiria isso para ele.

— O que você fez?

Novamente, eu encolho os ombros antes de travar os


olhares e admitir: — Eu quebrei o nariz de um menino.

Leva dois segundos para ele reagir. Dois segundos para


ele jogar a cabeça para trás e soltar uma risada que
ricocheteia nos tijolos, fazendo o som parecer melódico.

— Não brinca?

Eu aceno lentamente.

— Saia comigo esta noite, Anniston. Vou até deixar você


fingir que me mostra como atirar aros, não que eu me
importe se sou bom. Eu jogo beisebol.
Ele joga beisebol... claro que ele teria que jogar meu
esporte favorito.

— Que posição?

Ele não hesita. — Lançador.

Porque Deus? Por que ele deve ser um lançador?

— Você é southpaw? — Eu pergunto, fazendo referência


ao termo beisebol para um arremessador canhoto. Acho que
sim, já que atirou na bola do lado esquerdo.

Um lado de seus lábios sobe, mas ele não me responde.


— Saia comigo, Ans, e talvez eu te conte. Eu prometo que
você vai se divertir.

Antes de perceber o que estou fazendo, concordo. — Vou


falar com meu avô.

— Essa é minha garota.

Eu ignoro a sensação de vibração quando ele me chama


de sua garota. Em vez disso, tiro a bola de suas mãos e driblo
pela entrada da garagem antes que ele me alcance.

Essa amizade será um grande desastre ou um dos


melhores erros que já cometi.

Acontece que é os dois.


Theo

Quatro anos depois…

Olhares desconfiados são lançados no meu caminho


quando eu passo empurrando os convidados sem um
"desculpe-me". Esses filhos da puta intrometidos deveriam
estar gratos por eu ter me acalmado na porta. Meu propósito
aqui não é beijar o traseiro ou mostrar ao bom povo de
Madison que jovem respeitável eu posso ser hoje.

Hines e Grace eram uma família.

Vim aqui para prestar minhas homenagens e para pegar


minha garota. — Você a encontrou? — Sem cumprimentos,
meu irmão me lança um olhar preocupado enquanto
passamos um pelo outro pelos corredores de ligação.

Passo a mão pelo cabelo – não estar de chapéu é


estranho. — Não.

Forço a respiração, meus olhos examinando a massa de


pessoas em busca de qualquer visão dela.

— Você não acha que ela... — Thad para de falar, com


medo de terminar a pergunta.
— Ela não faria nada estúpido. — A confiança na minha
voz é falsa. Eu não sei o que está passando pela cabeça de
Anniston hoje. A única família que ela tinha está morta.

A mãe dela.

O pai dela.

E agora seus dois avós.

Dois dias antes de subir ao palco como oradora de nosso


colégio, Anniston McCallister sorrirá para duas cadeiras
vazias na multidão.

Ela está sozinha neste mundo.

Meu coração bate no meu peito quando o pânico se


instala.

— Continue procurando, — grito para Thad, passando


por ele. Eu não dou a mínima se estamos em um velório ou
não. Ans precisa de nós, e se eu tiver que revirar toda esta
funerária para chegar até ela, eu o farei. Consequências que
se danem.

— Verifique os caixões se for preciso, — acrescento,


totalmente sério, antes de sair pelo corredor lotado em busca
da minha garota.

Eu não deveria ter deixado ela dirigir sozinha. Anniston


insistiu que ela ficaria bem e não havia sentido em eu sair do
meu caminho para ir buscá-la. Ela prometeu me esperar no
estacionamento, mas quando Thad e eu chegamos, ela não
estava em lugar nenhum. O dono da funerária disse que falou
com ela logo depois que ela chegou, antes de se desculpar.

Ela não foi vista desde então.

Duas mulheres saem do banheiro com a testa franzida,


chamando minha atenção. — Ela está aí? — Pergunto a mais
jovem, que olha para trás, para a porta que se fecha. Não
preciso esclarecer quem ela é; eles sabem. Anniston
McCallister é a única neta de Hines e Grace McCallister. Em
uma pequena cidade, todos sabem sobre sua trágica estada
neste mundo. E agora todos sabem como um trágico acidente
de carro a deixou como a única herdeira de sua plantação.

— Sim, — a mulher de cabelos grisalhos suspira. — Ela


não está falando com ninguém.

Não dou tempo para ela terminar ou a agradeço. Eu


empurro passando por elas no banheiro feminino. A Sra.
Tate, uma professora da escola pública que meu pai
finalmente permitiu que eu frequentasse, está parada na
porta da cabine tentando tirar Ans da cabine. — Querida, —
ela murmura, — você pode abrir a porta? — Quando ela me
vê, ela desliza para o lado, abrindo espaço.

Eu sacudo a maçaneta. — McCallister, abra a porta.

Eu ouço um grito abafado como se ela estivesse se


segurando e ouvir minha voz estourou o selo.

— Por favor, querida, abra a porta. — A voz da Sra. Tate


é calmante, mas não é ao que minha garota responde.
Com a mão em seu ombro e um sorriso tranquilizador,
agradeço-lhe por tentar. Ela parece confusa com a minha
dispensa, mas entende a dica e vai embora. Quando estamos
sozinhos, abro a cabine ao lado daquela onde Ans se trancou
e subo no banheiro para espiar por cima da cabine. No chão
do banheiro, encolhida no canto e abraçando os joelhos, está
minha garota – a única pessoa neste mundo sem a qual não
posso viver. A dor em meu peito parece que fui atingido por
um arremesso, uma sensação dolorosa que só um banho de
gelo vai aliviar.

— Abra a porta, Ans, ou eu pulo.

Ela nunca olha para cima, mas sua cabeça balança em


um firme não, fazendo os cachos macios balançarem ao longo
de seu vestido preto.

Solto um suspiro pesado.

— Você que sabe, — eu advirto, já içando meu peso


corporal na divisória. Ambas as pernas passam
graciosamente pela lateral da parede, e fico na beirada por
um momento antes de cair na frente de Anniston. — Que
bom que você é pequena o suficiente para ficar ao lado da
privada – eca, a propósito – mas pelo menos eu não caí em
você.

Meu elogio magricela indireto passa despercebido, assim


como meu plano de falar com ela como de costume desce pelo
vaso sanitário proverbial. Os gritos suaves de Anniston são
engolidos por seu vestido, e meu estômago aperta com o
medo de que minha garota não seja a mesma depois disso.

— Eles se foram, — ela murmura, sem olhar para cima.


— Todas essas pessoas continuam me dizendo para ligar se
eu precisar de alguma coisa. — Ela soluça, finalmente
levantando a cabeça para encontrar o meu olhar. Olhos
azuis, inchados e listrados com duras linhas vermelhas,
piscam de volta para mim. — Mas o que eu preciso, ninguém
pode me ajudar. — Eu me agacho e a alcanço quando ela
continua. — Eu não tenho mais ninguém.

Eu agarro seu braço e a puxo pelo chão e a envolvo em


um abraço dolorido. — Isso não é verdade, — eu prometo com
algo obstruindo minha garganta.

Ela chora na minha camisa.

— Você me tem, Ans. Você sempre me terá.

Eu juro. Ela nunca estará sozinha. Seus gritos ficam


mais fortes, e ouço a porta do banheiro abrir e fechar
silenciosamente.

— Você está me ouvindo, Anniston? — Eu a empurro de


volta e agarro seu queixo trêmulo e a forço a olhar para mim.
— Você me tem. Você sempre terá a mim. Nada jamais nos
separará. Você entende? — Seu lábio treme, mas ela balança
a cabeça. — Agora, você vai se levantar, enxugar o rosto e
vamos embora.
Ela tenta argumentar, mas eu a calo com o dedo. — Não
se trata de aparências. Podemos voltar mais tarde para você
se despedir. Você não é um carro alegórico. Você não deve a
essas pessoas um sorriso ou uma história doce. Você me
entendeu? — Ela acena com a cabeça, já parecendo mais
forte. — Vamos para sua casa e empacotaremos suas coisas.

Seus olhos se arregalam. — O que você está dizendo?

Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Estou


dizendo que vamos encontrar um apartamento entre nossas
faculdades. Você vai morar comigo.

— Mas...

Eliminei qualquer desculpa sobre ficar no campus em


um quarto com o time de beisebol puxando-a para ficar de
pé. Foda-se o time de beisebol e a faculdade. Se eles querem
que eu ganhe um campeonato, serão flexíveis.

— Eu não vou te deixar, — eu prometo com um toque de


meu dedo. Seus lábios baixam e ela luta contra outra rodada
de lágrimas.

— Não faça promessas que não pode cumprir. — Ela


funga, o vislumbre de esperança superando a tristeza.

O que ela não sabe é que, mesmo que seus avós ainda
estivessem vivos, eu faria a mesma promessa. Essa garota é
minha. Eu nunca vou deixá-la ir.

Agora não.
Nunca.

— Quem disse que não posso cumprir minha promessa?


— Eu provoco, tentando aliviar o clima.

Ela encolhe os ombros, vulnerável e insegura. — Somos


amigos, Theo. Você não precisa se sentir culpado. Você está
destinado a uma vida maior do que Madison. Não serei eu
quem atrapalhará os seus sonhos.

Se ela não estivesse tão sensível no momento, eu a


sacudiria. Sacudiria totalmente a merda dela. Ela está louca?
Ela não vê o domínio que tem sobre mim? Sim, somos
amigos, mas algo mais está se formando sob a superfície
todos esses anos. Algo que nenhum de nós é corajoso o
suficiente para reconhecer.

— Não discuta comigo, McCallister. Você vai morar


comigo. Agora vamos. A única vez que fiquei tanto tempo no
banheiro feminino foi para um boquete.

Eu levanto uma sobrancelha, provocando, e ela empurra


meu ombro.

— Você é nojento. — Seu sorriso diz que ela não quis


dizer suas palavras, no entanto.

Puxando-a para perto, eu a envolvo com força em meus


braços até que ela esteja forte o suficiente para sair.
Dois dias depois, vestindo um vestido preto e dourado, o
nome de Anniston é chamado para entrar no palco. Eu a vejo
se levantar, segurando a cabeça erguida como se ela pudesse
enfrentar o mundo sozinha.

Mas ela não precisa porque ela me tem.

E de má vontade, Thad.

Eu pulo da minha cadeira, ignorando o olhar de


repreensão do diretor assistente, e pulo para fora do palco,
correndo para a multidão de pais. Eu encontro os assentos de
Hines e Grace antes que meu irmão me alcance, ofegante de
correr para fora do palco também.

Batemos os punhos, ficando de pé nas cadeiras,


bloqueando a visão dos pais atrás de nós. Nós não damos a
mínima, embora.

— Anniston McCallister. Parabéns, minha querida, —


elogia o diretor.

Thad solta um assobio que me ensurdece e eu grito e


grito, chamando a atenção da minha garota. Nada jamais se
comparará ao sorriso que ela abre quando nos vê de pé na
cadeira de sua família. O orgulho esticado em seu rosto é
incomparável quando ela aperta a mão do diretor e mostra
seu diploma para mim e Thad.

Pela primeira vez em uma semana, seus olhos brilham


de felicidade e eu sei que não há nada que eu não faria para
mantê-los lá.

De volta aos nossos assentos no palco, e um bilhão de


anos depois, a formatura finalmente termina. Thad e eu
pegamos nossos diplomas, acenamos para nossos pais e
depois tocamos em nossos telefones durante as falas de
todos. Sim, até mesmo a de Anniston.

Eu tinha ouvido isso todos os dias nos últimos dois


meses. Eu poderia ter falado por ela. Ela não estava brava.
Em um ponto, ela até sorriu para mim antes de jogarmos
nossos bonés para o ar. Eu poderia ter ignorado tudo, mas
era importante para Anniston. Ela trabalhou duro durante a
escola, enquanto eu trabalhei duro no beisebol.

Eu entendo o sentimento de vitória.

Hoje é a vitória agridoce de Anniston.

Ela fez o que se propôs a fazer. Exceto, que as pessoas


por quem ela fez isso não estão aqui para testemunhar seu
sucesso. Enquanto sua carranca oscilava de um aperto de
mão para outro, tudo que eu conseguia pensar é o quanto
todos nós precisamos ficar bêbados esta noite.
— Quem quer ficar bêbado com um apagão? — Eu
pergunto, puxando Anniston através da multidão em direção
ao meu carro.

— Eu, — anuncia Thad.

— Ans? — Eu peço. Ela acena com a cabeça, mas depois


diz:

— Vamos jogar também.

Filha da puta.

Thad e eu gememos.

Anniston adora seus jogos. Não que eu não goste de


uma boa dose de competição, mas os jogos de Anniston
geralmente me deixam duro como pedra.

— Nada estúpido, — eu me comprometo.

Ela cruza o coração com a mão livre. — Eu prometo,


nada estúpido.

Após a cerimônia, descartamos convites para várias


festas de formatura. Anniston estava decidida a fazer um jogo
e, bem, eu teria acabado com o diretor se isso a tivesse
deixado feliz.

— Verdade ou desafio?

Daí a razão pela qual Thad e eu estamos jogando essa


merda – e muito estúpida – no chão da sua sala.

— Você não quer jogar outra coisa? — Thad geme,


tomando um gole da cerveja que Fred do posto de gasolina
dilapidado na estrada nos escorregou.

— Vamos! É nossa última noite como colegiais. Viva um


pouco, — ela incentiva.

Estamos vivendo um pouco. Nossos fígados estão se


transformando em lama enquanto falamos. O avô de
Anniston deixou o armário de bebidas abastecido...
economizando e tudo isso.

Thad resmunga, mas acaba respondendo — Verdade.

Má jogada, irmão.

Anniston quase chia de excitação.

— É verdade que Ashley Pollock teve um ataque de


asma no meio de te dar um boquete?

Quase cuspi minha cerveja.

— Eu me lembro dessa merda! — Acrescento ao


tormento de Thad.
Meu estômago se contrai ao lembrar do meu irmão
chegando em casa pálido e quieto. Eu pensei que o filho da
puta estava chapado.

— Não foi um ataque de asma, — ele argumenta,


tomando um gole saudável de sua cerveja. — Ela teve uma
reação alérgica à minha lavagem corporal.

Anniston se dobra, arfando e bufando como um


minúsculo porco. Estou sorrindo ao ver seu sorriso. Lanço
um olhar para Thad, que está olhando para ela com a mesma
expressão aliviada que eu.

Que porra é essa?

Meu sorriso desaparece quando eu o vejo puxá-la para


perto e fazer cócegas nela, alegando que ela está sendo má
por trazer à tona aquela memória horrível.

O ciúme se mistura com o álcool no meu estômago, e me


contenho de arrancá-la de seus braços. Tudo sobre Thad
segurando Anniston me irrita. Talvez seja porque somos
gêmeos idênticos. Encará-lo segurando minha melhor amiga
de anos é como olhar no espelho. Posso ver a imagem, mas
não consigo estender a mão e tocá-la. É um reflexo de tudo o
que desejei dela desde que cheguei à puberdade.

Eu a encontrei primeiro.

Ela é minha. Não de Thad.

Então eu faço o que faço de melhor.


Eu ajo como um idiota.

— Mas você mostrou a ela. — Eu estendo meu punho


para um solavanco que ele não retorna. Ele sabe o que está
prestes a sair da minha boca. — A amiga dela com certeza
engoliu aquele gel de banho barato sem problemas no fim de
semana seguinte.

Anniston fica séria e se afasta para olhar para Thad.

— Não, você não fez?

Sim, ele fez.

Thad abaixa a cabeça e suspira. — Foi um ano difícil.


Eu estava passando por algumas coisas.

Sim, como estar apaixonado pela minha garota. Não é


segredo entre nós. Eu soube no minuto em que Thad a viu,
ele a quis. Ele tentou bancar o doce irmão, mas o que ele não
sabia é que Anniston gostava da companhia do pecado,
também conhecida como eu.

Antes de sua história embaraçosa de boquetes, ele


ansiava por Anniston, sempre mandando mensagens para
ela, sempre pedindo a ela para fazer merda com ele.

Eu tive que intervir.

Então Thad e eu fizemos um acordo – nenhum de nós


poderia ficar com ela. Seríamos seus amigos. Seus protetores.

Até agora.
Até que a encontrei no chão do banheiro.

— Pobre Ashley. — Anniston suspira. — Tenho certeza


de que ela também ficou com vergonha.

Ela não ficou. Duas semanas depois, depois de descobrir


sobre Thad e sua amiga, descobrimos que Ashley não era
alérgica ao meu gel de banho. A amargura é sempre uma boa
foda.

— Foi uma coisa terrível de se fazer, — explica Thad. —


Eu era um idiota.

E com tesão.

E apaixonado por uma garota que ele não poderia ter.

O amor é uma merda assim.

Anniston fica em silêncio e bebe o resto de sua cerveja.


— Acho que vou para a cama. Precisamos pegar a estrada
amanhã cedo.

Para nosso novo apartamento.

Seu olhar encontra o meu sob uma mecha rebelde de


cabelo. — Quer ficar comigo?

E é por isso que sou um filho da puta traidor. Depois


que seus avós morreram, eu soube que nosso acordo
fraternal havia terminado.

Anniston é minha. Mesmo que eu não a mereça.


Eu concordo. — Vai indo. Thad e eu vamos limpar.

Ela dá um beijo suave na bochecha de Thad antes de se


levantar e se dirigir ao quarto.

Sei que, no momento em que a porta se fecha, Thad e eu


estamos prestes a ter uma conversa.

Ele não me desaponta.

— Seu idiota.

Eu lanço para ele um olhar irritado. Todos nós sabemos


que sou um idiota. Este não é um conceito novo.

— Por que não posso morar com vocês? — ele continua,


sem se deixar abater.

Porque ele estará no meu caminho e eu preciso me


concentrar na minha carreira no beisebol e em Anniston.

— Sua faculdade é muito longe do apartamento que


encontramos, — minto.

Thad olha furioso, pegando nossos pratos e restos de


pizza do chão. — Não é mais longe do que Anniston terá que
dirigir.

Que pena.

— Nós só temos dois quartos.

Não precisávamos de três.


— Podemos encontrar um de três quartos, — argumenta
ele.

Poderíamos. Também poderíamos nos vestir com tutus


rosa e lutar com espadas, mas não vamos.

— É tarde demais. Já assinei o contrato. — Eu encolho


os ombros.

O rosto de Thad fica vermelho, a caixa de pizza apertada


em suas mãos.

— Nós tínhamos um acordo, Theo.

Eu me desdobro da minha posição no chão. — As


circunstâncias mudaram. Não seja egoísta. Anniston precisa
de um de nós com ela. Minha faculdade era mais perto.

Besteira total e ele sabe disso.

— Eu sei o que você está fazendo, — ele rosna.

E eu não me importo.

Arrancando a caixa de pizza de suas mãos, eu zombo. —


Não fique no meu caminho, irmão.

Thad e eu nunca tivemos um ótimo relacionamento.


Sempre lutamos pela individualidade e atenção. Enquanto eu
me encontrei rapidamente, ele lutou para descobrir onde
exatamente ele se encaixava. Não me entenda mal, eu amo o
bastardo, mas estou cansado de compartilhar todos os
aspectos da minha vida com ele.
Eu culpo nossa mãe.

Os gêmeos são para a elite. Éramos ideais para ela


brincar de se vestir e desfilar ao redor de seus amigos. Só
quando não éramos uma réplica um do outro é que nos
sentíamos inseguros. Alguém precisava capturar os holofotes.
Alguém precisava vencer. Não poderíamos ser sempre iguais.
Nem sempre podíamos compartilhar nossos brinquedos.

Não poderíamos ser idênticos para sempre.

E certamente não poderíamos compartilhar minha


garota.

Lanço para meu irmão um olhar de pesar. — Ela sempre


foi minha.

— Eu acho que isso é tudo.

Cautelosamente, levanto minha cabeça do porta-malas


de onde não consegui desviar o olhar da calcinha vermelha
com minúsculas bolas de beisebol nas bordas. Thad não está
aqui para nos ver partir e eu compreendo. Na noite passada,
basicamente admiti que não me importo com quem tenho que
passar por cima para ter Anniston ao meu lado, mesmo que
essa pessoa seja meu irmão.
Enfio a calcinha de volta em sua bolsa. Anniston
empacotou tudo, desde seus vestidos de baile até as migalhas
debaixo da cama.

Ela embalou três vezes o que eu fiz. É excessivo e


justifica uma invasão. Tudo o que fiz foi abrir o zíper de uma
de suas malas, com a intenção de deixar alguma merda
desnecessária aqui, mas vi a calcinha e todos os
pensamentos de redução se foram... junto com as células do
meu cérebro. Claro, eu vi algumas das calcinhas de Anniston,
mas o que eu não vi são as de beisebol.

Estas são rendadas e femininas. Visões delas em seus


quadris me fazem ostentar uma grande ereção agora. Eu não
posso evitar, porra. Meu nome pertence literalmente na
bunda dessas gloriosas calcinhas.

— Theo, yoo-hoo. Terra para Theo...

A sugestão de Anniston força meu foco de volta ao rosto


dela. Certo. Eu preciso responder a ela. Limpando a garganta,
coloco um sorriso malicioso e respondo: — Tem certeza de
que não esqueceu o fiapo da secadora? Acho que temos
alguns centímetros restantes no carro, se você quiser dar
mais uma varredura na casa.

Os olhos da cor dos meus Skittles azuis favoritos se


estreitam com a minha observação antes de rolarem. — Você
embalou seus remédios para TDAH1?

1 Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade.


Claro que sim.

Espera.

— Ugh. Foda-se, — eu gemo.

Eu odeio quando ela é presunçosa.

— Não se preocupe, — ela repreende. — Podemos parar


em sua casa no caminho da saída da cidade.

Ela dá um tapinha no meu ombro quase


arrogantemente, e uma onda de adrenalina me atinge. Eu a
puxo de volta, fazendo-a gritar em meus braços.

— Você está presa a mim pelos próximos quatro anos,


McCallister. Sem volta.

Lentamente, quase propositalmente, como se ela


precisasse de um minuto antes de me enfrentar, Anniston se
vira em meus braços. Seus olhos brilham intensamente ao
sol antes de um sorriso trêmulo puxar o canto de sua boca.

— Não tem como voltar atrás, — ela concorda e engole


em seco.

Sem retorno.

Ela acabou de assinar um acordo com o Diabo.

Anniston McCallister é minha.

Toda. Minha.
Anniston

Um mês até a nossa formatura na faculdade, ou


Doomsday2, como gostamos de chamar.

— A reportagem de Violet diz, — eu levanto minha voz


para que soe estridente e seja lançada para a cozinha, — que
o destaque do ano está sobre nós!

Theo, que está com o peito afundado na geladeira, se


afasta para me encarar. Depois de mais de três anos e meio
morando juntos, ainda não perco a oportunidade de
constrangê-lo. E depois da noite que tive, o Daily Grind desta
manhã – o jornal da universidade – era exatamente o que eu
precisava para iluminar meu dia. Ele sabe o que está por vir,
e isso torna tudo ainda melhor.

— Ela diz, e passo a citar, “Theo Von Bremen retorna ao


monte após a rotação de arremessadores mais longa de todos
os tempos.” — Reviro os olhos, mas continuo. — “Suas
estelares” — Eu murmuro a palavra estelar e balanço minhas
sobrancelhas. — “habilidades de arremesso são

2 Apocalipse.
incomparáveis a qualquer coisa que a Cantor University já
viu antes.”

Eu olho para Theo, que finalmente encontrou o que


estava procurando – uma maldita água – e sorrio. — Violet
precisa melhorar suas habilidades de reportagem. A Cantor
University já viu essas habilidades incomparáveis de
arremesso antes.

Ele me enlouquece enquanto bebe sua água, mas eu não


paro. — Na verdade, eles já viram isso várias vezes. Nos
últimos dez anos, a Cantor University teve seis jogadores
convocados para a MLB. O máximo em sua história.

Violet claramente tem bebido o drink Von Bremen. Mas


tanto faz, a maioria das mulheres no campus também.

— Violet é a garota que dá um bom boquete? — Ele me


pergunta, suas sobrancelhas franzidas como se ele realmente
tivesse que pensar muito sobre isso.

Devo ser sempre a voz da verdade neste relacionamento?

— A maioria delas não dá um bom boquete? — Eu


encontro um chiclete enfiado no sofá e jogo nele. Ele pousa a
seus pés, onde ele o encara antes de levantar uma
sobrancelha em minha direção. — Foi um lance ruim, — eu
reviro os olhos. Eu não sou o lançador estrela aqui.

— Eu acho que... boquete é boquete, mas o nome dela


soa familiar. Normalmente não me lembro dos nomes, só os
espetaculares de uma forma ou de outra. — Ele encolhe os
ombros sem se desculpar.

Infelizmente, eu amo esse idiota.

Sim, eu disse isso. Posso estar zombando da pobre


Violet, mas é só porque estou com ciúme. E eu realmente não
deveria ter ciúme se ela deu a Theo o melhor boquete que ele
já teve. A personalidade de Theo é um gosto adquirido, assim
como o vinho. A embalagem é bonita por fora, mas por dentro
é azeda até rolar um pouco no paladar. Acredite em mim. Há
anos que amo Theo Von Bremen. Não meses. Anos. Eu o
amava antes de ele começar a ir para a academia e ganhar
peso. Não depois da puberdade. Antes. Antes que sua voz
mudasse. Antes de irmos morar juntos. Antes de nos
tornarmos melhores amigos. Antes de ele transar com todas
as Violets do campus.

E tudo foi em vão.

É verdade que nunca toquei no assunto de algo mais,


mas ele também não, então deixei-o. Os caras devem dar o
primeiro passo, certo?

—Lembrei! — ele grita, finalmente pegando o pedaço de


chiclete e colocando-o na boca.

Ugh. Por que ele tem que parecer tão bom trabalhando
aquele maxilar forte enquanto ele quebra aquele pedaço duro
de goma em algo fino o suficiente para estourar em uma
bolha? E por que essa bolha deve atrair meus olhos para
seus lábios, franzindo como se ele precisasse de um beijo?

Foco, Ans.

Completamente focada – ok, tudo bem, estou semi-


focada – eu afrouxo o aperto em meu tablet e estreito meus
olhos, me preparando para a história épica de boquete que foi
digna de Theo lembrar o nome de Violet.

Você não vai ficar com ciúmes. Duvido muito que ela foi
tão épica.

— Violet era a estudante de jornalismo que namorou


Reese no ano passado.

Opa. Desculpe, Violet. Meu mal por pensar o pior de você.


Continue o trabalho duro relatando estatísticas imprecisas.

— Sim, você se lembra de que a conhecemos na festa de


aniversário dele, e ela disse que você era uma santa por
morar comigo. — Seu sorriso se transforma em uma carranca
como se ele acabasse de perceber que ela o estava insultando.

Olá, Violet. Meu nome é Anniston e acho que acabamos


de nos tornar melhores amigas.

Na verdade, não. Nenhuma garota é minha amiga.


Infelizmente, sempre tive um melhor amigo e ele tem um
pinto. Um grande. E por causa do tamanho do pau e dos
rumores sobre o tamanho do pau, sou considerada uma
ameaça. Ou uma inimiga. Mesma coisa.
Tive minha cota de amigos falsos apenas para que eles
pudessem se aproximar de Von Bremen. Eu nem tento mais.
Theo e Thad são os únicos amigos de que preciso. A menos
que Violet queira me ligar. Eu totalmente pagaria um café
para ela.

— Violet parece uma garota muito legal, — provoco. —


Se ela soubesse o que eu passei ontem à noite, acho que ela
se ofereceria para me pagar o almoço hoje.

Theo geme, e isso aumenta meu sorriso.

— Quero dizer se ela...

— Não toque no assunto, — ele interrompe. — A noite


passada foi sua culpa. — Ele me encara e toma outro gole
antes de pontuar cada palavra individualmente. — Tudo.
Sua. Culpa.

Você poderia pensar que as mulheres se envergonham


mais facilmente, mas isso não é verdade aqui. Nesta casa, o
homem fica vermelho mais rápido do que eu.

— Eu disse para você não pedir os tacos de peixe.

— Não. Você disse que não pedia os tacos de peixe.

Tento esconder meu sorriso.

— Você não disse que lhe causou diarreia explosiva!

Em sua explosão, meu estômago aperta e eu me rendo


pela milionésima vez.
— Não me deu diarreia, — esclareço.

— Ah, não, — ele se corrige. — Você disse que deu


diarreia a Thad da última vez que vocês estiveram lá. — Ele
me olha com uma expressão de traição. Como eu saberia que
aconteceria novamente? Thad pode ter tido um problema de
estômago há alguns meses. É totalmente possível.

— Quem come tacos de peixe, afinal? — Eu torço meu


nariz. — Você deveria ter pedido os de carne como sempre
fazemos. Então eu não teria que abrir as janelas e pedir a
Sra. Carmine no final do corredor se eu poderia usar seu
chuveiro.

Ok, eu me sinto um pouco mal por isso. Mas, realmente,


poderia ter sido um vírus dessa vez também.

— Eu queria algo diferente! Brody disse que eles eram


bons.

Eu mostro a ele meu olhar você-deveria-saber-melhor e


desligo meu iPad, colocando-o no sofá, onde ele
provavelmente vai derrubá-lo mais tarde se jogando como
uma foca ferida.

— Bem, agora você sabe. A variedade nem sempre é a


melhor coisa para você.

Dica, sugestão. Mantenha uma garota por pouco mais de


algumas horas, Von Bremen.

— Eu sei disso agora, não graças a você.


Eu ignoro aquele olhar fofo de ódio que ele tem e, em vez
disso, ofereço a ele algo que sei que o fará se sentir melhor.

— Que tal eu fazer seus cookies do dia do jogo um


pouco mais cedo para que você possa comer dois?

Aqueles olhos azul marinho brilham com uma palavra.


Dois. O menino sempre quer dois biscoitos. O que ele ganha:
um biscoito. O açúcar refinado é o demônio de Theo. E se ele
não fosse correr em algumas horas, então eu não daria a ele.
Theo depois do açúcar é como dirigir na autoestrada. É tudo
diversão e jogos até que alguém desacelere.

— Ok, vá tomar banho e eu farei seus biscoitos.

Com um olhar desconfiado, Theo bebe o resto de sua


água e joga a garrafa em nossa lixeira. — Promete?

Tenha piedade.

— Sim, eu prometo, você pode ter dois. Apresse-se para


que possamos esticar seu ombro antes de sair.

O homem que mata insetos para mim abre um sorriso


ridículo no rosto. — Combinado.

Estamos atrasados.
É tudo culpa do Theo.

— Não acredito que você teve que parar em três lojas


para encontrar seu chiclete de maracujá para o dia do jogo,
— ele brinca sarcasticamente, enfiando dois pedaços na boca.

Meus olhos rolam com sua mentira descarada. Todos


nós sabemos quem precisava do chiclete. Você não se
interpõe entre um jogador e seu ritual do dia do jogo. Esses
caras têm uma superstição estrita que deve ser seguida. Se
ele precisar de chiclete de maracujá, ele vai conseguir. Mesmo
que nos coloque em campo dez minutos antes do primeiro
arremesso.

— Vá, esquisito, antes que o treinador coloque você no


banco. Eu vou trancar.

Gah, o sorriso que ele me dá é absolutamente beijável.

— Essa é minha garota.

Ele vira a bochecha para o lado, e se tivéssemos mais


tempo, eu iria irritá-lo e perguntar se ele precisa de mais
alguma coisa, mas como não temos, eu me entrego a outro
ritual e planto um beijo de boa sorte em sua covinha na
bochecha.

— Vá buscá-los, Teddy.

— Ugh. Não me chame de Teddy.

Vou chamá-lo do que quiser. Depois de todos os anos


que somos amigos, ganhei o direito de chamá-lo de Teddy.
— Bem. Vá buscá-los, T-Dog.

Seu rosto está horrorizado.

— Eu retiro o que disse. Teddy está bem.

Vê? Eu sabia que ele mudaria de ideia.

Eu rio, roubando as chaves de sua mão.

— Lembre-se, lance golpes de primeira. Você se sai


melhor na contagem ao lançar um ataque primeiro.

Ele acena sério.

— Vai logo. Saia daqui!

Como ele acabou de lembrar que estamos atrasados,


seus olhos se arregalam e ele sai do carro, gritando por cima
do ombro:

— Sente-se onde eu possa ver você!

Tenha piedade. Este homem….

Eficientemente, tenho minha água e minha cadeira


dobrável debaixo do braço. Preciso de uma mão livre para
trancar o carro velho de Theo que não tem chaveiro. Quando
coloco tudo em ordem, finalmente, corro para o campo, já
suando.

Não me preocupo com as arquibancadas e tomo meu


lugar atrás da cerca, bem atrás da base, onde Theo pode me
ver.
— Senhorita McCallister. — Frank, o árbitro desta noite,
acena para mim com um olhar severo, também tomando seu
lugar atrás do apanhador.

Eu sorrio, incapaz de prometer que não vou xingá-lo ou


discutir com suas decisões esta noite. Nós dois sabemos
como isso acontece.

— Anniston!

Eu me viro para a voz familiar. Uma réplica de Theo,


Thad está atrás de mim com um sorriso grande e estúpido no
rosto. Suas mãos estão cheias com uma bandeja de comida e
bebida.

— Eu tenho nachos. — Ele balança as sobrancelhas e


isso me faz rir.

Sorrindo – e muito animada pelos meus nachos – olho


para trás, para o monte, vendo Theo se aquecendo. Seu olhar
está fixo em mim e em Thad.

Eu aceno sem jeito.

— Foco, Teddy! — Eu grito, sem dar a mínima para usar


o apelido que ele odeia tanto.

Sua bochecha se contrai e, muito lentamente, seu olhar


se afasta de nós dois.

— Cuidado com meu controle deslizante, — ele grita de


volta do monte, cavando um buraco na placa usando sua
presilha. — Eu continuo perdendo o arremesso.
Concordo com a cabeça, sabendo que ele precisa da
minha ajuda, e olho para trás, para Thad, com um sorriso
triste. — Comece sem mim. Eu irei quando o aquecimento
terminar.

Thad me dá um sorriso compreensivo e acena com a


cabeça, já indo para a arquibancada.

Eu volto para Theo.

— Ok, Von Bremen, lance.

Um sorriso triunfante surge, e isso me faz sorrir.

— Vamos, Frank! Os motoristas no estacionamento


perceberam que foi um strike!

Frank me ignora pela ducentésima vez neste turno.


Sério, sua visão está piorando. Alguém tem que contar a ele.

Dou a Theo, que parece prestes a explodir, nosso sinal


para uma bola curva. Eu não me importo com o que Brody,
seu apanhador de hoje, está dizendo. Theo precisa fazer esse
cara pegar a bola jogando-a mais perto de suas mãos. Theo
está jogando-o para baixo e para fora, tentando fazê-lo
perseguí-lo, mas ele tem sido inteligente. Uma bola curva
funcionará.

Finalmente, Theo acena com a cabeça e vai para o seu


vento. Estou tensa, provavelmente mais ansiosa do que o
treinador Anderson, já que o Theo vai perder o no-hitter se
esse cara bater na bola. Ou pior, marcar.

A multidão fica em silêncio, esperando no campo,


quando ouço uma voz sussurrada em meu ouvido.

— Eu acabei com todos os nachos. Eu os classifico com


3,5 em nossa escala de nacho.

Porra.

Esqueci-me totalmente de que Thad estava aqui e


normalmente nunca me esqueço dos nachos. Com meu olhar
ainda focado em Theo, eu sussurro, — Apenas um 3,5?

— Infelizmente.

— Parece que você economizou algumas calorias. Que


tal eu compensar os nachos de estádio de merda com
algumas das minhas famosas panquecas?

Os olhos de Thad iluminam-se com a menção de alguém


cozinhando para ele. Saímos para comer muito. É raro
termos mais tempo para cozinhar.

— Com certeza, — ele concorda. — Vou trazer cerveja.


Não consigo nem rir do comentário sobre a cerveja,
porque Theo faz um arremesso e fica bem no meio. O batedor
não erra, acertando o arremesso de Theo com um golpe
suave, deixando a bola cair no campo externo com um duplo.

— Porra! — Theo grita por trás da luva, olhando para


mim e Thad.

Thad opta por ignorar a birra do irmão e continua nossa


conversa como se não sentisse as adagas sendo disparadas
do olhar severo de Theo.

— Eu vou encontrar vocês dois no apartamento. Oito


horas está bom?

Meu sorriso vacila quando o jogo sem rebatidas de Theo


é destruído, assim como sua atitude.

Eu consigo segurar meu sorriso, no entanto. Thad não


consegue evitar o fato de que o lance de Theo estava errado.

— Soa como um plano. Bem, vejo você mais tarde.

Além de um rebatedor, Theo coloca o resto do time no


chão, um após o outro, após a partida de Thad. Os
Yellowjackets são mais uma vez os vencedores graças à
habilidade de arremesso de Theo.

Mudando meu peso de um pé para o outro, espero Theo


sair da sede do clube. Não tenho certeza se ele vai tomar
banho na faculdade ou ir para casa. Você nunca pode dizer
quando ele está bravo.

— Você precisa de uma carona?

Eu empurro com a voz atrás de mim.

— Oh não. Estou bem, — digo ao jogador da direita,


Max. Não o conheço muito bem, mas ele é sempre bom
comigo quando nos cruzamos.

— Tem certeza?

Ele realmente é fofo com sua pele bronzeada e cabelo


escuro. A covinha é provavelmente o que faz isso para mim. É
profunda como a de Theo.

— Ela tem certeza, porra.

O sorriso de Max rapidamente fica sério quando ele ouve


a voz ameaçadora de Theo atrás de mim.

Opa. Um banho não o acalmou.

Eu sorrio, não deixando a atitude azeda de Theo irritar


todo o desempenho sólido de Max. — Obrigada de qualquer
maneira, Max. Você foi bem hoje, por falar nisso.
Max mantém seu foco em Theo, mas consegue inclinar o
queixo em minha direção.

— Obrigado, Ans – quero dizer, Anniston.

— Vamos, — Theo late, agarrando meu cotovelo e me


puxando em direção ao estacionamento. Aceno para Max e
luto para acompanhar o ritmo de Theo.

— Você quer trabalhar em sua bola curva? — Eu


pergunto hesitante.

Ele solta um rápido — Não, — antes de destrancar a


porta e encontrar meus olhos por cima do carro. — Você é
uma merda.

Minha boca se abre. — Eu sou péssima? — Eu juro que


minhas sobrancelhas estão na linha do cabelo. — Por que eu
sou uma merda? — Eu não era a líder de torcida perfeita? Eu
não o treinei para uma vitória?

— Você não estava prestando atenção. Eu perdi um


arremesso.

Ok. Eu vejo como isso vai acabar. Mesquinho.

— Não tente me culpar, Theo.

Seu brilho nunca vacila, então eu continuo tentando


colocar um bom senso neste homem. — O que você vai fazer
quando esta temporada acabar e você estiver em Washington
sem mim, hein?
Sua mandíbula aperta e a preciosa covinha que eu amo
tanto nunca aparece. — Você poderia vir comigo.

Eu suspiro. Já conversamos sobre isso.

— Você sabe que não posso.

— Você não pode ou não quer?

Talvez um pouco de ambos.

— Você sabe que eu quero ir para a faculdade de


medicina aqui na Geórgia, — rebato.

Ele zomba, tirando o chapéu e passando os dedos pelos


cabelos. — Washington também tem boas faculdades.

Tenho certeza que sim, mas quando Theo decidiu que


queria se profissionalizar em sua carreira no beisebol, eu
sabia que sempre estaria em segundo lugar. Eu sabia que
eventualmente nos separaríamos e, à medida que o último
mês de nosso último ano passa, nós dois nos sentimos um
pouco inseguros. Sempre tivemos um ao outro.

— Não vamos falar sobre isso agora, ok? — Tento sorrir.


— Em vez disso, vamos comemorar sua vitória.

Ele leva um minuto, mas eventualmente ele concorda e


dá a volta para destrancar minha porta como um cavalheiro.

— Eu disse a Brody que faríamos uma aparição em sua


festa esta noite.

Ugh.
— Parece divertido! Só preciso enviar uma mensagem de
texto para Thad. Eu prometi um jantar a ele.

Theo bate a porta com mais força do que o necessário.

— Ele vai viver.


Theo

Eu sou um bastardo.

Especialmente nos dias que terminam em Y.

É um fato bem conhecido que os humanos gostam de


apontar a culpa. Principalmente eu. Então, o fato de eu ser
um bastardo realmente se resume a duas causas básicas. Ou
pessoas. Mesma diferença.

Anniston McCallister e sua verdade.

Alguém poderia argumentar que Anniston é


simplesmente uma espectadora inocente em tudo isso, mas
eu não sou alguém, e Anniston – não importa o quanto ela
gostaria que as pessoas acreditassem – não é inocente.

Ela não é.

Anniston McAllister me mostrou desde cedo que tudo é


temporário.

A vida é temporária.

Namoradas são temporárias.

As más temporadas são temporárias.


A questão é que, antes de ela me insultar, eu sabia que
meu relacionamento com ela seria temporário.

Ela é linda, inteligente e, por algum motivo


desconhecido, quer ser minha amiga.

Boas merdas como essa não duram muito para pessoas


como eu – para bastardos como eu. Pessoas como eu são
filhos da puta furiosos. Esporádico e irracional são os traços
fundamentais de nossa personalidade.

É ciência, ou talvez seja toda a coisa da natureza versus


criação? Ou talvez seja porque sou um idiota ganancioso e
peguei o que não merecia.

Você cresce sabendo que tudo é compartilhado quando


você tem um irmão da sua idade. Você aprende a ser
inteligente e a reagir rapidamente quando algo chama sua
atenção.

Nesse caso, eu soube desde o momento em que vi


Anniston McCallister que a queria.

Sério. Porra. Mau.

Eu não a estava compartilhando e eu com certeza não


estava sendo temporário com ela.

Então me tornei implacável.

Eu avancei através de cada garoto que ousou sorrir na


direção dela, incluindo meu irmão.
Ela era minha. Toda minha, caralho.

Onde eu errei nessa busca pela permanência estava


ficando complacente. Fiquei confortável enquanto obliterava
cada pau de sua vida. Passar um tempo com ela se tornou
fácil...

Até agora.

Até que eu tenha quatro semanas de merda.

E eu quero cada maldito minuto delas.

Então foda-se Thad e seus nachos idiotas e shorts


ridículos.

Foda-se a amizade dele e de Anniston.

E foda-se ele por roubar até mesmo quarenta e cinco


segundos do meu tempo restante com ela.

Sei que parece trivial e mesquinho, e claro, eu deveria


estar menos chateado por perder menos de um minuto da
atenção de Anniston e mais chateado com a mediocridade de
meu desempenho, mas não estou. Eu sou homem o suficiente
para admitir que estou sendo um idiota sobre algo estúpido.

Mas você não entende.

Não ter Anniston McCallister atrás da grade é como não


lavar minhas meias antes do dia do jogo. É necessário ou
tudo vira uma merda.
O fato é que não consigo me lembrar de uma época em
que não tenha visto aqueles olhos azuis brilhando de
excitação através da cerca. Deixe-me colocar isso em
perspectiva para você: ter a atenção exclusiva de Anniston
parece o que eu imagino estar em pé no sétimo jogo da Série
Mundial com seu último arremesso decidindo o destino do
campeonato. A esperança nos olhos dos fãs enquanto eles se
levantam, torcendo por você, torcendo para que você alcance
o fundo de sua alma e canalize cada grama de poder em um
único campo.

É assim que parece quando os olhos de Anniston estão


em mim.

É aquele momento que Thad tirou de mim.

Então me chame de carente, me chame de diva, eu


realmente não dou a mínima.

Eu me acostumei com a atenção de Anniston e talvez


até... seu amor. De qualquer forma, não posso mais viver sem
isso. E à medida que os dias se aproximam da minha partida,
devo sentir qualquer coisa além de raiva. Eu deveria estar
feliz. Estou finalmente deixando esta pequena cidade e saindo
de debaixo dos negócios do meu pai. Mas não estou feliz.
Porque cada jogo, cada treino, é uma contagem regressiva
para perder minha constante. Minha maior fã. A minha
garota.

Quem vai me olhar por trás da rede quando eu estiver


em Washington? Quem vai chamar os arremessos que sabe
que posso lançar? Quem vai me inspirar a cavar fundo, lutar
contra o sentimento de fracasso e perseguir meus sonhos?

Ninguém! É essa porra, ninguém!

Porque a única pessoa na minha vida que inspira esses


sentimentos vai ficar. Porra. Aqui. Em Madison. Com meu
irmão – não vamos esquecer esse pequeno idiota – e os outros
milhares de homens que eu afastei nos últimos sete anos.

Estou deixando-a sozinha, desprotegida dos cães de


caça do centro da Geórgia.

E isso esmaga minha alma.

Na medida em que não consigo dormir. Eu quase não


como – a menos que ela cozinhe para mim, não vamos ser
dramáticos demais. Tudo o que posso fazer é pensar em
deixá-la para trás.

Para que outra pessoa a ame.

Para que outra pessoa a roube.

Vê-la parada atrás da cerca, o cabelo loiro caindo do


meu chapéu, é como olhar para a garota de quatorze anos
que apareceu no meu jogo pela primeira vez todos aqueles
anos atrás. Eu me encontrei no meio de um jogo empatado
com contagem total e rebatedor inquieto. Lembro-me de
enxugar o suor da testa e esfregar a bola nas mãos até que
minha respiração se equilibrasse. Não adiantava procurar
suporte nas arquibancadas. Meus pais nunca tinham vindo a
nenhum dos meus jogos. Eles tinham coisas melhores para
fazer do que suar e assistir seu filho atirar uma bola no chão.

Eu tinha me acostumado a lançar para uma multidão


sem rosto. Eu estava cansado do jogo a cada lance. Qual era
o objetivo? No início, o beisebol era algo que eu amava. Mais
tarde, tornou-se uma fuga.

De pé naquele monte na nona série? Tornou-se uma


tarefa árdua.

Eu estava entediado.

O beisebol era uma rotina, nada como costumava ser


quando eu e meu pai passávamos as noites no jardim da
frente jogando bola.

Então, eu irritei o talento com meu humor.

Até que ouvi sua voz.

— Pare de brincar porra, Von Bremen, e acabe com isso!

Lembro-me de minha cabeça levantando bruscamente,


localizando aquela voz com quem falava todas as noites ao
telefone. Anniston McCallister se tornou uma constante em
minha vida. Alguém que eu esperava ver todas as férias
quando pudesse voltar para casa.

A garota com quem passei todo o verão rindo e


discutindo estava na arquibancada, bloqueando a visão de
vários pais, com as mãos em concha ao redor da boca.
Ela era bonita.

Ela falava alto.

E ela estava na minha escola.

No meu jogo.

Usando meu número com o que parecia uma camisa


feita em casa.

E ela lançou uma bomba P que enviou suspiros coletivos


por toda a arquibancada.

Fiquei tão orgulhoso naquele momento que poderia ter


me oferecido em algum lugar estúpido com Thad.

E então ela foi e ergueu os braços esqueléticos no ar


como se ela estivesse me perguntando silenciosamente o que
diabos eu estava fazendo.

Eu estava acabado.

Naquele lugar e porra naquela hora.

E então ela me deu o sinal. Eu só conhecia dois


arremessos naquela época, e ela sabia que um era melhor do
que o outro.

Ela me deu o sinal da curva.

E quando eu joguei – perfeitamente no canto – seus


braços se levantaram e seu grito ensurdeceu todas as
mulheres arrogantes ao lado dela.
Mas não foi esse momento que selou o destino de
Anniston.

Não era o sorriso dela também.

Não.

Foi quando ela pulou naqueles bancos de prata,


virando-se para dar um tapinha no avô, que eu soube que ela
era minha.

Porque ela me mostrou em uma fita preta grossa que se


estendia por suas costas, soletrando meu nome.

Von Bremen.

Foi a primeira camisa de muitas que ela usaria nos


meus jogos depois que eu fiz as malas e ameacei meu pai com
notas baixas se ele não me deixasse frequentar a escola de
Anniston. Era baixo e imaturo, mas era exatamente o que eu
precisava. Minha constante.

Então, novamente, realmente, a explosão de hoje é culpa


de Anniston.

Ela me deixou ganancioso.

Ela me fez querer tudo.

E Thad atrapalhou minha paz.

— Você não tem nada melhor para fazer esta noite do


que ir a uma festa de beisebol? — Eu seguro o olhar, pegando
o rótulo da loção de Anniston. Depois do jogo, paramos em
casa para que Ans pudesse tirar o fôlego de Thad dela. Certo,
tudo bem. Estava sujo.

— Anniston me convidou.

Claro que ela fez. Ela é um coração sangrando.

— Por quê? Você não quer que eu vá?

Quase gemo e reviro os olhos, mas não o faço, porque


Thad Von Bremen pensaria que ainda tem uma chance com
minha garota. E ele não quer. Só porque ainda não a convidei
para sair, não significa que ela esteja disponível. É uma regra
não escrita.

— Você pode vir. Eu estava apenas curioso, — eu minto.


— Achei que você pudesse ter um encontro com Sheila.

Os olhos do meu irmão ficam estreitos. — O nome dela é


Sasha, e ela tem uma sessão de estudos esta noite.

Ah, as meninas espertas. Elas sempre têm suas


prioridades fodidas.

— Não me olhe assim. Eu faço sexo, Theo.

Não, ele não faz. Caso contrário, ele estaria nesta


“sessão de estudo” com Sonya, tocando-a por baixo da mesa
quando ela respondesse uma pergunta certa. Em vez disso,
ele está comigo e Anniston participando de uma festa da
vitória.
— Eu não disse nada. — Eu rio, me divertindo com suas
bochechas vermelhas. Vê? Nenhuma buceta para Thaddeus
Von Bremen.

— Pelo menos eu tenho uma namorada, — ele rebate,


agindo como se fosse uma declaração digna de um troféu.

Não é.

— Ter uma namorada é como... — Respiro fundo e olho


para o teto como se procurasse por palavras profundas. —
Ter um cachorrinho. — Eu mordo meu lábio, contendo meu
sorriso e levanto um dedo. Com o máximo de seriedade que
consigo, reclamo: — Você tem que alimentá-los com
alimentos orgânicos premium ou eles terão dor de estômago e
vômito.

Thad revira os olhos, mas eu continuo, segurando o


segundo dedo.

— Se você não os leva para passear ou dá atenção, eles


reclamam.

Outro dedo.

— Seus cuidados vão custar uma pequena fortuna.

Eu começo a fazer meu último ponto, mas uma mão


cobre meus dedos, empurrando-os para baixo.

— Mas se você acariciá-los corretamente, eles podem


lamber seus dedos e brincar com suas bolas.
Thad tosse.

Mas eu? Eu sorrio tão grande que minhas bochechas


doem.

Eu não disse que Anniston era minha garota?

Eu deslizo para fora da banqueta e viro, enfrentando


uma sorridente Ans recém-banhada.

— Você está dizendo que quer um cachorro,


McCallister?

Ela encolhe os ombros, tomando um gole da minha


cerveja sem perguntar. — Eu poderia achar útil alguma coisa
para trepar com minha perna de vez em quando.

Desta vez, é Thad quem ri e eu quem engasgo.

Que porra? Ela quer que alguém trepe com ela?

Seu comentário me leva à realidade.

Anniston vai seguir em frente. Ela vai encontrar um cara


para transar com ela.

— Você finalmente está pronta ou precisamos esperar


mais um milhão de anos? — Eu estalo, meu traseiro de volta
intacto e pronto para fazer as pessoas chorarem esta noite.

— Qual é, Teddy, só porque você é o tipo de cara


maricas não significa que você deve odiar nós, amantes de
cães.
Não a coloque sobre esta ilha, Theo. Não rasgue o short
pelas pernas e espanque a porra de atrevimento dela. Não
esta noite, cara.

Não. Esta. Noite.

— Isso foi horrível, — eu minto. — Espero que você não


esteja planejando fazer piadas estranhas esta noite.

Eu estremeço, e isso faz com que ela jogue a cabeça


para trás e termine minha cerveja antes de passar por mim e
jogar por cima do ombro: — Encontre uma boceta esta noite,
Von Bremen. Você parece reprimido.

Se brilho estivesse no Guinness World Records, eu


ficaria em primeiro lugar. — Eu não estou reprimido. Você
demorou uma eternidade no banheiro e agora estou cansado.

E com tesão.

Mas isso está além do fato.

— Fique aqui, — ela sugere, calçando as sandálias perto


da porta.

Ela está louca se pensa que isso está acontecendo.

— Sim, mano, — acrescenta Thad, como se quisesse que


eu o empurre escada abaixo. — Fique aqui e descanse. Vou
cuidar de Ans esta noite.

Mamãe iria sentir falta dele, mas ela iria eventualmente


seguir em frente, certo?
Ugh.

Eu olho para Thad e depois para uma Anniston


sorridente antes de matar o clima completamente.

— O único descanso que pretendo fazer é entre


transferir meu pau de uma boca para uma boceta. Agora
entrem na porra do carro antes que eu deixe vocês dois.

Infelizmente, meu humor não melhorou desde que


saímos e dirigimos até aqui em silêncio. Pensei em me
desculpar, mas pensei melhor.

Anniston me provocou e Thad também. Reagi como


sempre faço. Como um asno.

— Bom jogo, Theo, — alguma garota murmura em meu


ouvido, seu hálito cheirando a cerveja barata e chiclete de
menta.

Não faz nada para mim.

— Obrigado, — digo categoricamente, tomando um gole


da cerveja nojenta que alguém enfiou na minha mão assim
que cheguei aqui. Anniston decolou cerca de meia hora atrás,
quando meus companheiros de equipe me empurraram para
fora da porta e para o pátio dos fundos, onde foram colocados
em torno de uma fogueira.

Eu não queria me juntar a eles. Francamente, eu


preferia deixar Wendy com as mãos gordas dedilhar meu
traseiro.

Mas devo participar, porque times que têm uma forte


ligação ganham jogos.

Eu acho que é uma besteira total.

As equipes vencedoras são devido ao trabalho árduo,


não porque peidamos e tomamos uma cerveja sob as estrelas.

— Você é sempre tão sério?

Ela ainda está aqui?

— Ele está sempre sério, — diz Brody, meu apanhador e


melhor amigo. — Só McCallister pode convencer o diabo a
sorrir.

Era meu melhor amigo.

— Ha! — Eu digo, sem graça antes de mandá-lo embora.

— Quem é McCallister?

A garota que estava espreitando nas minhas costas


finalmente cresceu bolas o suficiente para ficar na minha
frente, abrindo caminho entre minhas pernas.
Em qualquer outra noite, eu ficaria aliviado por não ter
que encantar uma garota em minhas calças. Isto tornou tudo
mais fácil. Ela não é feia. Seu cabelo está solto e ondulado de
uma forma que parece bagunçada. Jeans com mais buracos
do que tecido se agarram a suas coxas tonificadas, e posso
ver totalmente um dedo do pé de camelo. Combine isso com
um rosto doce e arredondado do qual seu pai provavelmente
está orgulhoso, e você terá uma garota decente de sua cidade,
com quem eu mais do que provavelmente foderei antes que a
noite acabe.

— Não se preocupe com isso, — digo, abrindo mais


minhas pernas para que ela possa se sentar no meu colo. Ela
não precisa de mais nenhum convite meu.

— Eu sou Monica, — ela fala com muito entusiasmo.

Eu olho para Brody que sorri, lançando seus olhos para


as portas do pátio.

O filho da puta faz isso de propósito. Ele sabe que tenho


que olhar.

Inferno, eu não parei de olhar.

A porra de Anniston McCallister em sua blusa quase


imperceptível está arrumada na mesa de beer pong com Thad
e outro cara que eu não conheço.

— Quem diabos é esse cara? — Eu pergunto a Brody,


endireitando minha coluna e movendo Monica fora da minha
linha de visão. Brody hesita propositalmente para me irritar.
— Não brinque comigo. Quem é ele?

Ele ri. — Bo. Ele é novo. Acabou de ser transferido do


estado de Savannah.

Que tipo de nome é Bo? O tipo morto se ele a agarrar


novamente. Eu não dou a mínima para ela estar limpando o
chão com esses babacas em beer pong. Ela poderia
facilmente vencer em qualquer outro jogo também. Anniston
é uma atleta nata. Se ela joga alguma coisa, é melhor saber
que ela pretende vencer.

— Ouvi dizer que ele está bastante curioso sobre sua


colega de quarto.

Ele está me provocando. Eu sei disso, mas de alguma


forma não posso deixar de responder.

— Espero que você tenha contado a ele sobre o fetiche


louco de Anniston com fraldas.

Monica se mexe no meu colo e faz um barulho como se


ela precisasse de atenção ou fosse empurrada.

— Eu não fiz, mas achei que você preferiria avisá-lo


pessoalmente, como faz com todo mundo.

Que atencioso.

— Bo está em pré-direito, — acrescenta. — Ele está


terminando seu último ano na Berkshire.
A pobre Monica não recebe um aviso. Com a admissão
de Brody, eu pulo, enviando Monica para baixo em um
emaranhado de braços e jeans skinny.

— Com Anniston em Berkshire?

Seu aceno é lento e divertido.

— Sim.

Foda-me.

Parece que Ans pode realizar seu desejo. Afinal, Bo é um


nome de cachorro.
Anniston

Bo é um péssimo parceiro de beer pong. Tão ruim que


quero pedir a ele para fingir que está machucado e se retirar
graciosamente para o sofá, para que Thad e eu possamos
chutar alguns traseiros como sempre fazemos nessas festas
chatas. Você pensaria que os jogadores de beisebol saberiam
como fazer uma festa, mas eles não sabem. Jogadores de
futebol, por outro lado...

— Sua vez, gracinha, — ele interrompe.

Se eu não mencionei isso antes, Bo também é horrível


com apelidos.

Além dessas duas coisas, porém, ele não é tão ruim. Ele
é bonito com sua boa aparência de surfista e charme
cativante do sul. Seu cabelo parece estar em um estado
perpétuo de caos, e ainda não o vi franzir a testa.

Eu sorrio facilmente, deixando de lado o apelido, e viro o


rosto para a mesa.

— Se você quicar a bola com força para a esquerda,


acho que consegue acertar o copo na beirada, — sussurra
Thad em meu ouvido.
Em vez de ser minha líder de torcida como Bo, Thad
sabe exatamente que tipo de conversa eu desejo no meio de
um jogo ridículo. Não sou como as outras garotas, então sua
conversa sobre estratégia transforma meu sorriso em algo
mais genuíno. Sem necessidade de esclarecer, eu agito meu
pulso e jogo a bola exatamente como Thad instruiu. A bola
quica direto no copo vermelho solo, fazendo um barulho
explosivo.

— Bebam, meninos. — Eu ri. — Inferno, eu posso até


beber com vocês.

Eu olho as várias xícaras cheias do nosso lado da rede.


— Pela forma como este jogo está se desenrolando, posso
acabar sendo a motorista da noite.

Os companheiros de equipe de Theo gemem, mas


aceitam como os homens que não são e designam o novato
para engolir o álcool barato do copo que a bola caiu.

— Então... você vai para Cantor, — Bo pergunta,


inclinando-se contra a mesa enquanto os caras cantam para
o novato “vira”.

Thad faz um ruído divertido que ignoro.

— Não, eu estudo em Berkshire.

As sobrancelhas de Bo se erguem. — Oh. Mesmo? Eu


também.

Que pena.
Eu lanço para ele um sorriso como se estivesse
impressionada. A verdade é que fui atraída por dezenas de
rapazes na escola, mas não importa. Porque nenhum deles dá
um nó no meu estômago como o homem para quem vou para
casa todas as noites.

Com falso entusiasmo, volto: — Que coincidência.

Thad retoma o jogo jogando na sua vez, acertando mais


um copo e fazendo o time de beisebol parecer jogadores da
liga infantil.

— Você fica no campus?

Oh, caramba. Aqui vamos nós. Deixa 'pra' lá, cara. Eu


não estou interessada.

— Oh não. Eu moro com meu colega de quarto.

E ele vai fazer você chorar se você aparecer no nosso


apartamento. Ele é atencioso assim.

— Sério? Ela estuda em Berkshire também?

— Ele vai para Cantor, — diz a voz de Thad. — Sua vez.

A expressão de Bo vai de animada a confusa em um


segundo.

— Ele?

Suspiro. Sim, Bo. Ele. Como um homem. Ele carrega um


cromossomo Y.
Thad fica exasperado quando Bo estraga a diversão do
jogo para ele. — Anniston e meu irmão moram juntos há
quatro anos. — Thad olha para Bo com um olhar que não
consigo distinguir.

— Oh.

Sim, oh. Somos complicados, Bo. Alguns até diriam que


somos estúpidos por não estarmos juntos. Não é como se eu
não tivesse tentado incentivar Von Bremen a dar o salto para
o território do relacionamento, mas de alguma forma o
momento está sempre errado.

Verdade seja dita, estamos com medo. Nós passamos


por muito. E se dermos esse passo e destruirmos o único
relacionamento bom que temos?

Sim, é uma linha tênue. E nós cruzamos todos os dias.

Dou uma olhada pelas portas de vidro que levam ao


pátio e vejo Theo me encarando. Uma garota com cabelo
castanho está enrolada em volta dele, brincando com os
cachos que saem da bainha de seu chapéu.

Meus cachos.

Imediatamente fico sóbria, olhando de volta para o


homem com quem estou voltando para casa. Talvez. Posso
decidir voltar para casa com outra pessoa agora.

— Então, vocês dois estão... juntos?


Bo não vai deixar isso passar. Bom. Eu poderia usar
uma distração, já que Theo está obviamente comemorando
sem mim.

— Não, nós somos apenas amigos, — eu digo antes de


me virar e dar a ele um sorriso falso.

Amigos. Fodidos amigos.

Ugh.

Bo sorri, e é fácil e extremamente fofo. — Bom. Apenas


amigos é ótimo.

É isso, Bo? Sério?

Tento não franzir a testa e concordar como deveria. —


Sim.

De volta ao jogo, Bo estende a mão para mim, a bola de


pong elevada em seus dedos. — Sopre e me dê boa sorte.

E é por isso que Bo e eu nunca daríamos certo.

Habilidade e sorte são duas coisas distintas. Não


estamos em um poço dos desejos aqui. Estamos jogando um
jogo. Um jogo que requer habilidade. Uma habilidade que
Thad e eu temos e que falta a Bo. Soprar a porra da bola não
vai ajudar nenhum de nós.

Mas a esperança e a inocência em seu rosto me fazem


sentir uma merda, então faço isso de qualquer maneira.
— Talvez eu apenas fique com esta bola em vez disso? —
Ele provoca.

Ugh. Sim, vê? Não, isso não vai funcionar, mas antes
que eu possa responder, meu telefone vibra no meu bolso.

Theo: Isso não é Vegas. O idiota não precisa de você


cuspindo na bola. Ele já é uma merda o suficiente.

Este filho da puta.

Como ele ousa me insultar por soprar na bola do garoto


para dar sorte?

Anniston: Este não é um motel pago por hora. Você e


Monica precisam levar suas maneiras horríveis para um quarto
dos fundos e não onde todos possam testemunhar sua atração
insípida.

Eu vejo enquanto ele lê minha mensagem, um sorriso


lento aparecendo em seu rosto. Um segundo depois, outro
texto toca.

Theo: O nome dela é Martha e ela está me dando dicas


sobre como condicionar profundamente meu cabelo.

Ele está fodendo comigo e tentando me fazer rir. Não vai


funcionar desta vez.

Anniston: O nome dela é Monica, e ela é formada em


Ciências Políticas. Vá para outro lugar.
Começo a guardar meu telefone quando uma onda
terrível de mesquinhez me atinge e mando mais uma.

Anniston: Como estou prestes a fazer.

Com um último sorriso malicioso na direção de Theo,


guardo meu telefone e viro para a mesa, com a intenção de
ignorá-lo pelo resto da noite. Deixe-o se divertir com Monica
ou Martha, ou como ele quiser chamá-la.

— É a minha vez de novo? — Eu pergunto aos caras.


Thad acena com a cabeça, tomando um gole de sua própria
cerveja, já que aparentemente os jogadores de beisebol
bêbados não vão conseguir marcar.

Bom. Eu pego a bola, olhando o último copo do lado


direito e respiro fundo.

Você consegue, Anniston. Deixe tudo ir. Deixe o fato de


que você acordou às 5h da manhã para correr com Theo
antes de massagear seu ombro até que sua mão doesse tanto
que você teve que colocar gelo.

Deixe de lado o fato de que você fez um shake de


proteína para ele e ficou acordada até tarde assistindo a
filmagens do jogo até adormecer, anotando as fraquezas dos
competidores apenas para que ele estivesse pronto para o
jogo desta noite.

Deixe ir que ele provavelmente vai fazer você pegar uma


carona para que ele possa voltar para a casa de Monica e
pegar um blusão da vitória em sua colcha rosa.
Deixe 'pra' lá que ele não quer comemorar sua vitória
com você.

Com um último suspiro, eu solto a bola e ela quica com


graça e cai bem no meio do último copo.

Thad grita mais alto, mas é Bo que mais me choca,


levantando-me em seus braços e girando-me.

— Você é uma besta! — Ele elogia, sua risada ofuscando


os gemidos do time de beisebol.

Eu me pego rindo enquanto ele me gira e gira até que


uma picada afiada na minha perna nos impede.

— Ah Merda. Eu sinto muito.

Bo me põe de pé e se agacha para olhar minha perna,


onde bateu na beirada da mesa de pingue-pongue.

— Está tudo bem. — Eu aceno para ele. — Eu vou ficar


bem.

Seus olhos se estreitam e sua mão hesita na minha


perna como se estivesse pensando em me tocar.

— Você está sangrando.

Eu olho para baixo e, com certeza, estou.

— É apenas um arranhão, — eu argumento. — Vou


limpar no banheiro.
Bo, sendo o cavalheiresco sulista, não vai deixar passar.
— Vamos lá, meu amigo mora aqui. Tenho certeza que ele
tem curativos em algum lugar.

Antes que eu possa argumentar, estou sendo puxada


escada acima e para o quarto de um cara. É limpo. Suas
roupas estão espalhadas pelo chão como tapetes
improvisados para cobrir os milhões de manchas no tapete,
mas a cama está feita e isso me surpreende mais.

— Fique aqui. Vou procurar um kit de primeiros


socorros no banheiro.

Bo me dá um sorriso genuíno antes de bater no batente


da porta e disparar para salvar o dia. Eu tenho que admitir,
mesmo que ele seja um péssimo jogador de Beer Pong; ele é
um cara muito doce. Talvez eu não devesse ser tão rápida em
descartá-lo como um namorado em potencial. Quer dizer, e se
Theo e eu nunca nos tornarmos mais do que amigos? E se Bo
se tornar o próximo milionário e eu acabar tendo que ir a um
reality show para encontrar um homem?

— Eu prometo não me mover, — eu digo a ele, me


acomodando na cama de um estranho.

Bo acena com a cabeça, e é a centelha em seu olhar que


me faz engolir em seco depois de um nó repentino na minha
garganta.

Não complique as coisas para mim, Bo. Não tenho certeza


se posso lidar com isso. Eu vivi minha adolescência inteira
sabendo exatamente quem eu quero. Não posso me dar ao
luxo de esmagar essas fantasias ainda. Eu posso não
sobreviver a isso.

Enquanto espero Bo voltar, corro o risco de pegar uma


doença incurável e me deito no que espero ser uma colcha
limpa.

— Não estou ajudando você a criar o bebê de outro


homem, só para você saber.

O som de sua voz me faz levantar.

Casualmente encostado no batente da porta está o


homem que me deixou fazer xixi em sua xícara de Yeti
quando me recusei a agachar na floresta quando acampamos
pela primeira e última vez. Havia cobras, certo? Eu não sou
tão a favor do ar livre.

Lutando contra um sorriso, eu contraponho:

— Quem disse que não viveremos felizes para sempre?

Seus olhos rolam, mas ele não se move de sua posição.


— Quantas vezes eu tenho que te dizer, McCallister? Um
buraco molhado é um buraco molhado para esses caras. A
menos que amor seja um termo metafórico para camisinha,
ele não entra em jogo durante o sexo.

Suas palavras são mordazes e quebram as bordas do


meu coração, mas eu permaneço inalterada. Esta é a sua
maneira de afastar todos. Exceto eu. Sou mais forte do que
ele pensa. Eu ainda estou aqui, firmemente enraizada no
chão.

— Essas são as palavras doces que você usou para


atrair Monica para um armário escuro?

Realmente não quero saber, mas não consigo evitar.

Ele sorri.

— Mavis exigiu zero esforço de minha parte. Eu poderia


apenas ter aberto o zíper da minha calça e ela teria o rosto
plantado na minha virilha.

Vulgar e grosseiro. Outro impedimento da verdade real.


Mas ele disse, “poderia ter”. Ele poderia ter aberto o zíper das
calças, mas não o fez, e isso me deixa todo tipo de excitação.

— Monica parece uma joia rara, — pondero muito feliz.

Theo grunhe. — Onde está seu cachorrinho de colo?

Sua voz rouca não deveria me fazer querer foder com


ele, mas é exatamente o que eu faço.

— Ele precisava pegar algo no banheiro. — Eu encolho


os ombros. Deixe Theo presumir que Bo foi buscar uma
camisinha.

Os olhos de Theo se estreitam em fendas bem no


momento em que a voz animada de Bo é carregada pelo
corredor. — Achei um!
Ao som dos passos de Bo, Theo empurra o batente da
porta e fica no centro, fazendo com que Bo colida com seu
corpo enorme.

— Oomph. Uh...?

Theo endireita o pobre Bo e dá um tapinha no peito dele.


Bo olha para mim por cima do ombro, a testa franzida no
meio. — Desculpe, eu não...

Theo arranca o curativo de seus dedos e o examina sem


dizer uma palavra.

— Que porra é essa? — ele pergunta a Bo com


incredulidade.

— Um curativo? — Bo parece inseguro e me faz rir. Theo


tem esse efeito nas pessoas.

— Por que você tem um curativo?

Aparentemente, Theo precisa que expliquem para ele.

— Anniston, ela uh... — Bo passa as mãos pelo cabelo e


Theo decide que ele parou de tentar puxar as respostas de
alguém que não consegue formar frases completas.

— Por que você precisa da porra de uma bandagem,


Ans? — Seu olhar é feroz enquanto seus olhos vagueiam para
cima e para baixo no meu corpo, procurando a lesão e
finalmente notando minha perna. Ele corre e se ajoelha na
minha frente, seus dedos sondando suavemente a pele macia
da minha canela.
— É apenas um arranhão, — eu ofereço, mas Bo decide
ser o Abe Honesto e irritar Theo ainda mais.

— Eu acidentalmente empurrei na mesa.

A mão de Theo aperta minha perna e eu rapidamente o


distraio levantando seu queixo para que ele possa olhar para
mim, mas não importa porque o idiota já foi solto.

— Eu cuido disso, — ele disse, me surpreendendo. Isso


não foi muito idiota.

Com um último olhar para Bo, ofereço um sorriso. —


Vejo você mais tarde, Bo. Obrigada pelo curativo.

Não adianta prometer vê-lo novamente. Nós dois


sabemos que não vou.

Seu sorriso é fraco, mas ele acena de volta. — Talvez nos


encontremos no campus.

A mão de Theo tem um espasmo contra minha pele, e


sei que, para a segurança de Bo, ele provavelmente deveria ir.

— Com sorte, — eu digo, rezando para que ele pegue a


dica.

Theo decide que já é o suficiente e pula. — Espero que


você não a faça sangrar da próxima vez que a vir.

Oh inferno.

Com isso, Bo vai embora. Eu empurro o ombro de Theo.


— É uma porra de um arranhão, não é malária. Qual é o
seu problema?

Ele não olha para mim. Em vez disso, ele abre a


bandagem embrulhada e começa a cobrir suavemente o
ferimento. — Você me fez acreditar que você e ele estavam
prestes a fazer sexo, — ele acusa, nunca encontrando meus
olhos.

— E? E se estivéssemos?

Ele pressiona suavemente o adesivo na minha pele antes


de abaixar a cabeça e dar um beijo na borda. Um arrepio
desce pela minha espinha e eu sufoco um suspiro,
alcançando sua cabeça, ainda coberta com um boné. Como
eu quero arrancá-lo e correr meus dedos por seus cabelos...

Com os olhos ainda na minha perna, ele se senta ereto,


suas mãos esfregando minhas coxas e parando na barra do
meu short. Minha respiração fica presa na minha garganta. É
isso. É quando ele faz seu movimento.

Exceto que, ele para. Seus dedos param seu avanço


enquanto seu peito sobe e desce com força.

— Theo, — eu sussurro entre nós.

Seu peito ronca e um gemido preenche o espaço


silencioso, e sua cabeça abaixa novamente, desta vez
pairando sobre o meu centro. Mais baixo, ele desce
lentamente até que seu nariz está quase empurrado entre as
minhas coxas. Minha respiração está entrecortada e áspera
enquanto espero para ver o que ele faz a seguir enquanto
seus dedos se apertam, me segurando perto.

— Mmm... — ele cantarola, o som sexy vibrando entre


as minhas pernas e enviando arrepios ao longo dos meus
braços.

E então sua boca desce sobre mim, sua língua molhada


lambendo o músculo da minha coxa logo antes dele...

— Ow! — Eu grito, empurrando um Theo sorridente


para longe. — Que porra é essa? — Esfrego a marca vermelha
florescente. — Por que você me mordeu, idiota?

Sua expressão é uma mistura de presunçoso e irritado.

— Vamos, estou pronto para ir. Essa festa é uma merda.


Theo

Eu podia sentir o cheiro dela. Um cheiro exótico


atraente, feito sob medida para o meu gosto. Anniston
McCallister me deixou doendo em meu jeans. Doendo 'pra'
caralho. Eu estava tão perto... Tão perto de ceder à minha
parte egoísta e pegar o que eu queria.

Dela.

Mas eu não fiz. Thad ficaria orgulhoso.

— O que você quer dizer com essa festa é uma merda?


Você é quem queria vir.

Não posso dizer a ela que não consegui me concentrar


depois de vê-la sendo puxada escada acima como um
cordeiro sacrificial. Enfiei Monica em Brody mais rápido do
que ela poderia me prometer um boquete sem brilho.

Nada estava me impedindo de arrancar a bunda de


Anniston de alguma cama cheia de pulgas e jogá-la no meu
carro. Hines ficaria horrorizado com o comportamento dela.

E foi tudo por uma maldita bandagem.


Este idiota desajeitado jogou suas pernas gloriosas na
maldita mesa... que idiota.

— Eu não queria vir, — digo, agarrando a mão de


Anniston e puxando-a atrás de mim. — Fui obrigado a vir. E
eu fiz. — Eu encolho os ombros. — Agora podemos sair.

Eu nos puxo através da massa de corpos suados e


prendo a respiração. Aparentemente, o desodorante é um
prêmio nesta festa.

— E quanto a Thad?

Puta merda.

Eu jogo minha cabeça para trás, já farto desta noite de


merda.

Relutantemente, eu deixo sua mão para pegar meu


telefone e encontrar meu maldito irmão que ela tinha que
convidar.

— Lá está ele, — ela grita, me poupando do trabalho de


ligar para ele.

Colocando minhas mãos em cada lado da boca, eu grito


por cima da cabeça das pessoas em meu caminho.

— Thad! Vamos, filho da puta, ou vou te deixar.

A cabeça de Thad se levanta do cara com quem está


falando. Ele vê meu rosto e então olha de volta para
Anniston.
Que porra é essa?

— Você vem ou o quê?

Não seria tão terrível se eu simplesmente o deixasse,


certo?

— Vou pegar uma carona com Brody, — ele grita de


volta.

Finalmente algo dá certo.

Eu aceno em retorno e agarro a mão de Anniston,


alcançando o carro mais rápido do que ela pode ver o
desajeitado Bo olhando para ela com algo como desejo da
esquina.

Eu a coloco no cinto e dou a volta na frente do carro


antes de entrar e suspirar com algo parecido com alívio.

Ela me dá um minuto antes de dizer: — Você está bem


para dirigir?

Eu olho para ela. Ela honestamente acha que eu


arriscaria a vida dela e a minha dirigindo bêbado?

— Estou bem. Eu só bebi uma cerveja.

Ela encolhe os ombros. — Apenas checando.

Depois disso, dirigimos em silêncio. Nenhum de nós se


incomodou em ligar o rádio ou preencher o silêncio com
conversas. Não é até que eu paro no estacionamento do
estádio que ela fala.
— Você quer trabalhar no campo?

Tudo em mim quer explodir com algo idiota, mas eu me


contenho porque não foi por isso que a trouxe para o campo
de beisebol.

— Vamos, — eu digo a ela suavemente.

Ela segue, totalmente confiante. Pego a mão dela


novamente e, quando chegamos ao portão trancado do
campo, levanto meu queixo. Teremos que escalar. As poucas
luzes de segurança ainda estão acesas, então não será grande
coisa. A cerca externa tem apenas quatro pés. Anniston e eu
escalamos cercas mais altas no escuro antes.

Eu subo primeiro e ofereço minha mão para ajudá-la, o


que ela não aceita.

— O que estamos fazendo, Theo?

Sim, o que são nós que fazemos, Theo?

— Corra comigo.

Sua risada calorosa me faz sorrir.

— Você está falando sério? — Ela diz, já tirando as


sandálias.

Essa é minha garota... ela nunca recusa uma


competição.

— É o seu TDAH? Você precisa liberar isso?


Seria tão fácil concordar e não fazê-la pensar que isso é
outra coisa, mas apenas querer passar um tempo com ela no
campo de futebol sob as estrelas.

Em vez de responder a ela, eu me desvio. — Você está


com medo de que eu possa bater em você, McCallister?

Com o meu desafio, seu sorriso se transforma em algo


tortuoso. — Nunca estou com medo, Von Bremen.

Eu engulo. Ela nunca está com medo, mas eu estou.

Ignorando aquela voz que está me importunando para


dizer a ela como eu realmente me sinto, eu faço meu caminho
para o prato principal e levanto minhas sobrancelhas. —
Você está vindo?

Com o meu comentário, ela corre para o meu lado. De


frente para o primeiro saco básico, nós dois prontos e
agachados.

— Vou contar até três...

Anniston acena em concordância e eu faço a contagem


regressiva. — Um, dois…

Ao três nós dois decolamos. Anniston está vários passos


à minha frente. Não sou nenhum perdedor, então coloco todo
o meu peso para frente antes de arremessar e derrubá-la no
chão na base.

— Theo! — Ela grita entre risadas. — Você é um péssimo


perdedor!
Ou um oportunista. Eu posso ver as duas coisas.

Eu me certifico de nos rolar, avermelhando seu cabelo


loiro com a sujeira vermelha do campo interno. Ela está
gritando, lutando contra meu aperto enquanto o ar fica
empoeirado ao nosso redor.

— Estou ficando suja, — ela chora em meus braços.

Não está sujo o suficiente, mas não digo isso.

— Você não está se tornando uma garota comigo, não é?

É uma coisa estúpida de se dizer porque ela para de rir.


— Eu sempre fui uma garota, Theo.

Eu paro de rolar, pairando sobre ela no chão. — Eu sei,


porra, — eu rosno.

Sério, eu me masturbava todos os dias que chegava da


escola. Alguns diriam que é normal para um adolescente,
mas quando você tem que fazer isso todas as vezes depois de
vê-la, fica um pouco estranho.

Suspirando, Anniston me empurra e eu deito ao lado


dela, nós dois olhando para o céu claro.

Depois de um momento, quando ambos nos


acomodamos, ela fala. — Você está assustado?

Parece que fui baleado. Meus espasmos no peito e o


medo sobem pela minha espinha quando eu respondo,
temendo sua resposta. — Sobre o que?
Uma pausa significativa fica suspensa quando ela
finalmente responde. — Sobre a mudança. Sobre deixar a
Geórgia...

Limpo minha garganta, ganhando tempo. A verdade é


que não me importaria em deixar a Geórgia. Preocupo-me em
deixá-la, é por isso que faço essa dança com ela diariamente.

Cerca de um ano atrás, eu agi como um merda quando


um garoto da fraternidade apareceu na nossa porta com a
intenção de levar Anniston para sair. Acontece que ela ainda
estava na aula, mas Thad estava lá e me viu rasgando o
número do cara e jogando-o no vaso sanitário.

Eu não me senti mal por isso. Anniston não precisava


sair com esse cara. Ele estava usando shorts de tênis, pelo
amor de Deus. Tênis. Calção. Deixe isso cair por um
momento. Anniston lhe parece alguém que poderia ser
enforcado em um clube de campo? A garota joga bombas P
demais. Ela teria envergonhado aquele pequeno pedaço de
carne de homem antes mesmo de pedirem o prato principal.

Achei que estava fazendo um favor a ela.

Thad discordou.

— Você precisa tomar uma atitude, ou saia e desista, —


ele me disse enquanto eu observava os pedaços de papel
rasgado circulando a privada que Anniston tinha acabado de
limpar naquela manhã.
— Eu não sei o que você quer dizer. É algum novo termo
do milênio que eu não conheço?

Thad olhou para mim acusadoramente antes de dizer as


palavras que iriam me assombrar para sempre. — Você está
indo embora. Você não está pronto para se estabelecer. Não a
amarre e peça que espere por você enquanto você passa por
metade do país vivendo nas ligas menores. Deixe-a ir, Theo.
Pela primeira vez na vida, pense em alguém que não seja
você. Deixe ela ir.

Foi difícil não dar um soco na garganta dele. Ele tinha


razão. Eu estava indo embora e ela ficaria aqui. Sem mim.

Mas ele tinha razão. Eu não estava pronto para sossegar


e não era justo arrastar Anniston comigo até que eu me
recompusesse.

Então, depois de algumas noites sem dormir, decidi que


Thad estava certo. Eu estava sendo egoísta com ela. Eu
esperava que ela esperasse por mim, estivesse lá para mim
enquanto eu perseguia meus sonhos. Eu precisava deixá-la ir
e deixá-la perseguir os dela. Mesmo sem mim.

Não é algo que eu queira fazer.

Não é nem mesmo algo que eu faça bem.

Eu tento, porém, e acho que deve contar para alguma


coisa.
A mão de Anniston me cutuca, me lembrando que não
respondi sua pergunta. Pegando sua mão e entrelaçando
nossos dedos, decido ser honesto pela primeira vez.

— Não estou com medo, mas estou preocupado em estar


tão longe de você. E se você ficar sem papel higiênico e não
tiver para quem gritar?

Minha piada alivia o peso no meu peito até que ela rola,
subindo em cima de mim montada. A poeira cai de seu cabelo
emaranhado e se junta à mancha vermelha em sua
bochecha. Ela parece uma bagunça selvagem e é sexy 'pra'
caralho.

— O que você vai fazer quando precisar de alguém para


segurar sua mão quando precisar tomar uma vacina contra a
gripe todos os anos? Você acha que um dos jogadores vai
deixar você chorar no ombro deles?

Meus olhos ficam estreitos e tento não encorajá-la rindo.


— Eu não chorei.

Ela ri. — Ok, você choramingou. Mesma coisa.

Lembra que eu disse que era oportunista? Sim, esta é a


oportunidade.

Eu envolvo meus braços em torno dela, apreciando a


sensação dela em meus braços, e a viro de costas. Eu prendo
seus braços acima de sua cabeça e avançando para baixo,
então estou em seu rosto e seus olhos estão brilhando na luz
de segurança.
— McCallister, — digo em um suspiro, — nós dois
sabemos que você é mais difícil de lidar do que eu.

Mentira total, mas não posso admitir isso, posso?

Seu peito vibra com uma gargalhada que atinge minha


alma e fica lá, puxando uma cadeira e ficando confortável.

— O que você disser, Von Bremen. Mas... — Ela hesita e


suga o lábio inferior entre os dentes antes de fechar os olhos
para que eu não os veja ficar lacrimejantes.

— Mas eu vou sentir falta de treinar você. Deus sabe


que você precisa disso.

Em seu último comentário, ela sorri, e eu luto contra a


vontade de implorar a ela mais uma vez para vir comigo para
Washington. Em vez disso, faço cócegas nela até que estamos
cansados demais para falar mais.

Resposta: EU PRECISO DE VOCÊ! EMERGÊNCIA!

Eu olho para o relógio na parede. Restam trinta minutos


para a palestra. Meus dedos tocam na tela do meu telefone.
Se eu abrir o texto e ler, ela vai ver e me mandar mensagens
cerca de trezentas vezes mais. O professor Jenkins
inevitavelmente precisará me ver depois da aula por causa da
minha falta de foco.

Ela pode esperar trinta minutos.

Resposta: POR FAVOR, TEDDY!!!!!

Droga.

Theo: O que há de errado?

Resposta: Todas as meninas se foram...

Resposta: Elas totalmente não me ajudariam de


qualquer maneira.

Theo: Apenas me diga!

Resposta: Você estava certo.

Demoro um minuto para analisar o que ela quer dizer.


Eu tinha razão? O que eu disse recentemente?

Resposta: Minhas calças estão arruinadas!

Oh. Oh.

Filha da puta.

Theo: Não vou fazer isso de novo. Você está bem. Tenho
certeza que você pode voltar para casa.

Desligo o telefone e tento me concentrar no que o


Professor Jenkins está falando. Até agora, parece um monte
de merda que nunca vou usar.
Resposta: Parece uma cena de crime do caralho, Theo!
Eu não posso ir para casa!

Resposta: Eu preciso de você!

Suspirando, eu corro minhas mãos pelo meu cabelo.

— Ugh. — Eu cutuco o cotovelo de Brody. — Eu tenho


que ir. Você pode fazer anotações para mim?

Ele balança a cabeça lentamente, sussurrando:

— Você está bem?

Fiz uma careta como se ele tivesse acabado de me


perguntar se minha vagina cresceu durante as férias de
Natal.

— Estou bem. Anniston precisa de mim.

Seu sorriso é lento e estúpido antes de dizer —


Chicoteado por uma boceta.

Eu gostaria. Sua boceta é uma coisa que não possuo.

Com um deslizar da minha mão, eu bato seu caderno da


borda, espalhando seus papéis. Ele se esforça para recuperá-
los, e eu uso a distração para agarrar minha merda e
escapar.

Assim que estou no carro, ligo para ela. Ela atende


imediatamente.
— Eu te disse, você estava sendo mal-intencionada esta
manhã, — eu digo como uma forma de saudação. Ela faz um
barulho com a garganta que é meio riso e meio zombaria.

— Estamos falando de Super Plus, então? — Eu


continuo, ligando o carro e saindo da minha vaga.

Sua risada traz um sorriso ao meu rosto.

— Você é um idiota.

— Um idiota que você aparentemente precisa. — Eu digo


“precisa” de modo chorão, como ela faz quando está tentando
me convencer a fazer algo que não quero fazer... como sair da
aula para comprar absorventes internos.

— Qual é a minha recompensa por salvar o dia?

Ela sabe que eu a teria ajudado de qualquer maneira,


mas também gosto de fazê-la me dever.

Ela cantarola do outro lado da linha, sua voz suave e


tranquila. — O que você quer?

Qualquer coisa.

— Panquecas e Netflix.

Ela ri. — Você quer se aconchegar, Von Bremen?

Sim. Isso é exatamente o que quero fazer hoje. Se ela vai


me arrastar para fora da aula, então tenho certeza de que não
vou voltar para minha aula da tarde ou treino. Todos eles
podem simplesmente superar isso.
— Isso é exatamente o que eu quero, McCallister. Nós
temos um acordo?

É como se eu pudesse sentir seu sorriso quando ela diz:


— Combinado.

A garota que trabalha no caixa me checou algumas


vezes.

Talvez mais.

Seu rosto parece familiar, mas seu nome me escapa.

— Isso é tudo? — Ela diz docemente, sua voz gotejando


com uma rouquidão sexy que me pega toda vez.

Exceto hoje.

Estou muito mais animado hoje do que o queixo largo


da tal qual é o nome dela.

— Sim, — eu disse, pescando uma nota de vinte da


minha carteira e entregando-a.

Se ela está se perguntando por que estou comprando


absorventes internos, ela não pergunta. A maioria das
mulheres que lidam comigo não perguntam. Acho que todos
sabem sobre o meu relacionamento com Anniston. Seja ele
qual for.

Ela me entrega o troco e desliza a sacola na minha


direção. O crachá exibe seu nome como Nan. Hã. Eu não a
imaginei como uma Nan.

Eu sorrio, evitando a mão dela ainda segurando a bolsa.


— Obrigado. Vejo você por aí.

Em vez de ser sutil, ela simplesmente vai em frente. —


Me ligue qualquer hora. Eu tenho saudade de você.

Sim... provavelmente não vai acontecer.

Eu diminuí significativamente minhas sessões de foda


aqui recentemente.

Por quê? Bem, se eu vou ser forçado a abraçar, então eu


prefiro fazer isso com a loira bonita que dorme com a porta
entreaberta para que eu possa vê-la sair enquanto ela assiste
a filmes românticos idiotas.

Eu faço um som evasivo, espero que ela tome como um


não e vá embora.

Eu faço mais uma parada na casa antes de chegar à


faculdade e estacionar na entrada do ginásio, onde Anniston
espera.

Agarrando as sacolas, eu me dirijo para o elaborado


ginásio que não produz atletas profissionais de suas paredes
e encontro o vestiário feminino, gritando:
— Cubram-se, senhoras! Cara chegando!

Depois de um momento, ninguém grita e eu empurro.


Anniston

Eu o ouço antes de vê-lo.

Meu herói idiota.

Sorrindo, eu saio do banheiro, prendendo a toalha em


volta de mim e vou para a área onde ele está parado como se
fosse o dono do quarto com sua bolsa de ginástica sobre o
ombro.

— Boa noite, senhora. Fui enviado para limpar a cena


de um crime. Você pode me acompanhar até a área?

Este filho da puta quer que eu me case com ele um dia.

Seu sorriso estúpido tem uma covinha em sua bochecha


descendo como se quisesse que eu a lambesse.

Hoje não, pequena covinha. Ainda não.

Movendo-me em direção ao homem que abandonou a


aula para vir em meu resgate, eu envolvo meu corpo úmido
em torno dele e aperto.

— Obrigada, Teddy.
— Sim, sim, — ele diz como se estivesse irritado, mas ele
me aperta de volta, então eu sei que ele não está chateado
por deixar a escola ou ir à farmácia.

Foi um planejamento ruim da minha parte.


Normalmente, eu mantenho absorventes internos na minha
bolsa, mas mudei as bolsas ontem à noite e deixei-os de fora.
Eu também tinha mais um maldito dia antes de começar! Eu
odeio quando minha menstruação é precoce.

— Aqui, — ele diz, se afastando e deslizando sua bolsa


de ginástica por cima do ombro. — Achei que você precisava
de roupas também.

Eu não preciso, mas não vou dizer isso a ele.

Em vez disso, sorrio e beijo aquela covinha do caralho.


— Você é o menino mais doce de todos.

Ele não é um menino. Ele é todo homem. Mas quando


ele parece tímido e estranho, me faz pensar naquele
garotinho que me dava sua jaqueta quando eu esquecia a
minha.

— Não vamos repetir essa afirmação, hein? — Ele sorri.


— Tenho uma reputação a proteger.

Eu aceno, lutando contra a vontade de largar minha


toalha e colocar suas mãos em mim.

Posso até estar disposta a implorar a ele.

Mas não vou. Hoje não.


Pegando a sacola de suas mãos, eu lhe dou uma última
olhada e digo: — Deixe-me trocar e então podemos ir.

— Vou esperar no carro, — ele concorda.

— Está tudo bem, — digo a ele. — Ninguém mais está


aqui.

Para trabalhar em minha fisioterapia e treinos para


paralisia cerebral leve, a treinadora me deixa usar sua hora
de almoço e fecha a academia para que ela e eu possamos
trabalhar sem interrupções. Depois que quebrei meu pé há
vários meses, enquanto fazia exercícios, ela insistiu em me
ajudar no treinamento de força. Funcionou. Nunca me senti
mais forte ou com mais controle do meu corpo. Agora, adoro
malhar e consegui incluir Theo em minhas rotinas de ioga
pela manhã. No começo ele odiou, mas depois que eu disse
que ele precisava apoiar minha bunda quando fazíamos uma
pose específica, ele embarcou rapidamente.

Theo assente e se senta no banco no meio dos armários.

— Tudo bem, vou esperar aqui.

Levo a sacola de volta para o banheiro para cuidar da


“cena do crime” e localizo os absorventes internos e um recibo
com um número de telefone escrito no verso. Eu esmago o
recibo. Desculpe, Nan. Theo não ligará para você tão cedo.

Com uma cesta de três pontos de que Michael Jordan


ficaria orgulhoso, toco a lata de lixo com o bilhete de amor
amassado de Nan. Desculpe, não desculpe.
Quando acabo no banheiro, tiro as roupas que Theo
pensativamente me trouxe. Por um momento, com minhas
mãos enterradas em sua bolsa, tudo que consigo pensar é:
vou ficar arrasada.

Devastada.

Do tipo do qual você nunca pode se recuperar.

Tenho mais duas semanas com ele.

Não será o suficiente.

Nunca será o suficiente.

Em minha mão está uma calça de moletom de Theo e


uma camiseta da Von Bremen que ele usou no colégio,
quando era muito menor. O homem me trouxe suas roupas
para vestir. Roupas macias e confortáveis. Roupas com o
nome dele nas costas.

Por quê? Por que eu tive que me apaixonar por ele? Por
que não posso amar os Bos do mundo? Ou mesmo os Thads?
Qualquer pessoa que não seja um homem que tenha um
passe para cada boceta do campus. Um homem que quer
viajar pelo mundo e explorar todas as fãs deste lado do
hemisfério.

Por que ele?

Porque, uma vozinha sussurra em minha cabeça, é o


destino.
É o destino?

Ou é má sorte?

Ou carma?

Não que eu saia agindo mal, mas nem sempre fui a


pessoa mais legal. Eu cometo erros, mas tento expiá-los.
Hines e Grace me criaram dessa maneira. E talvez seja por
isso que não vou com Theo para Washington.

Beisebol é a nossa praia, sim, mas não é a minha vida.

Quando Hines e Grace morreram, eu prometi que faria


algo com minha vida, algo que os deixaria orgulhosos. Eu
mantenho minhas promessas. E não importa o quanto eu
queira ficar com Theo, preciso fazer isso.

Madison é minha casa.

Eu não odeio aqui como ele.

Não desejo viajar e ver o mundo. Eu só quero fazer a


diferença. E Madison é uma cidade maravilhosa para
começar.

Sacudindo a tristeza de perder meu melhor amigo, me


apresso e coloco as roupas de Theo, então não o deixo
esperando.

Quando termino, eu o encontro exatamente como o


deixei, a cabeça baixa e brincando em seu telefone. Seu olhar
é lento e preguiçoso quando ele começa nos meus pés e
termina com o coque bagunçado na minha cabeça.

Sua garganta flexiona enquanto ele tenta dar um sorriso


malicioso e falha.

— Você parece…

Eu faço um show e dou a ele um pequeno giro, sabendo


que pareço um gato afogado em suas roupas.

— Minha. — Eu paro no meio do movimento, mas ele é


rápido em alterar sua declaração. — Quero dizer, minha fã.

Parece que fui baleada.

Sério? Ele acha que eu pareço uma daquelas garotas


que se apaixonam por ele em suas calças justas de baseball?
Acho que não. Eu sinto meu rosto ficar tenso.

Foda-se suas fãs.

— Você está pronto para ir? — Eu pergunto, tentando


não ficar toda mal-intencionada.

Ele passa a mão pelo cabelo e suspira. — Sim. Você


quer ir comigo?

Porra, não, eu não. Agora não. Preciso de um tempo


sozinha para acalmar minha bunda hormonal.

— Nah. Eu não quero deixar o meu carro. Te encontro


em casa.
Respiro fundo e sorrio para o meu colega de quarto. —
Obrigada por vir em meu resgate.

E me fazendo sentir valorizada, apenas para tirar isso e


me fazer sentir como ninguém.

Ele acena com a cabeça, virando-se e saindo pela porta,


deixando-me em pé com meu coração em minhas mãos e seu
nome nas minhas costas.

Eu me acalmei e coloquei meu coração esmagado de


volta onde ele pertence.

No meu peito vazio.

— Você quer bacon? — Grito para um Theo sem camisa


que está recostado no sofá, folheando as opções de filme.

— Vivemos no sul, — diz ele com uma cara de horror. —


Sempre temos bacon.

Eu imaginei, mas você nunca sabe. Na maioria dos dias,


ficamos saudáveis. Quando não fazemos isso, sempre
corremos.

— Você não tem que ser um espertinho, — eu retorno


com uma carranca.
Ok, então ainda estou um pouco sensível. Vamos culpar
meu período.

— Depressa, McCallister, para que eu possa abraçar sua


bunda emocional.

Seu sorriso é o que faz com que a vibração me faça


cócegas por dentro.

Mas, em vez de deixá-lo saber o quanto estou animada


para ele “abraçar minha bunda emocional”, eu o empurro.

Ele ri, não afetado, e volta para a TV.

Finalmente, a comida está pronta. Eu carrego um prato


para nós compartilharmos e o enxuto para que eu possa
sentar ao lado dele.

— Mmm... — ele geme ansiosamente. — Não sei se vou


sentir sua falta ou dessas panquecas.

Ele só precisa ficar me lembrando da nossa data de


validade.

Um dia em que anos de amizade serão reduzidos a


manter contato nas redes sociais.

Eu não sinto mais fome.

Theo, sem saber da minha mudança de humor, começa


a devorar a maior parte da comida. Eu apenas entrego para
que ele possa enfiar sem se preocupar em derramar xarope
em mim.
— Você não quer? — ele pergunta com a boca cheia de
panquecas.

Eu balancei minha cabeça. — Você encontrou algo para


nós assistirmos?

Ele me olha com curiosidade e coloca o prato na mesa


de centro.

Eu o vejo me observando, nós dois quietos e dissecando.

Finalmente, ele suspira longo e dolorido antes de me


puxar para baixo em cima dele, permitindo que eu me enterre
na curva de seu braço. Minha respiração sopra em seu
mamilo, e vejo calafrios estourando ao longo de seu peito.

— Está com frio?

Seu olhar de repreensão diz tudo o que precisa.

Alguém nesta casa é sensível.

Ignorando meu sorriso, ele arranca o cobertor das


costas do sofá e cobre o peito, quase me sufocando no
processo.

Eu rio, animando-me tremendamente.

Mas então ele liga um jogo de beisebol gravado de nosso


time favorito, e eu decido não ficar triste por não podermos
fazer isso por muito mais tempo e, em vez disso, aproveitar o
dia de hoje.
Eu acordo com um sobressalto.

Risos estão vindo da sala de estar.

Eu não sou psicopata.

Eu não estou...

Estou com ciúmes.

Eu sei que é irracional. Acredite em mim, eu já estive


nessa situação uma e outra vez.

Nunca fica mais fácil.

Nunca.

Saindo da cama, digo ao meu eu racional para relaxar,


porra. Só porque Theo passou a tarde comigo, me segurando
em seus braços e arrastando aqueles dedos longos pela
minha espinha, não significa que ele não pode ter uma
rapidinha em nossa sala de estar.

Quer dizer, eu já vi isso antes.

Muitas, muitas vezes.

Então, por que estou tirando minhas calças, deixando-


me com sua camiseta e calcinha, enquanto me dirijo para a
área aberta?
Porque eu sou uma idiota enrustida.

— Não ligue para mim. — Eu aceno, cobrindo um lado


do meu rosto em uma demonstração de dar privacidade a
eles. — Eu só preciso usar o banheiro.

Pode ser verdade.

— Oh, Deus, esqueci que você tinha uma colega de


quarto, — acrescenta a garota da noite.

Eu largo minha mão para que eu possa olhar para ela


quando vejo o olhar de Theo na luz da lâmpada. Sua
bochecha se contorce quando ele se livra da loira
engarrafada. Ele coça o lado da dita bochecha com o dedo
médio e eu quase sorrio.

Quase.

Mas Barbie me interrompe. — Aposto que você ficará


muito feliz em conseguir seu próprio lugar.

Meus olhos procuram por algo para jogar nela, mas vejo
Theo balançar a cabeça.

Tanto faz. Não preciso desse tipo de negatividade na


minha vida.

Eu caminho pelo corredor e ajo como se ela não


estivesse sem camisa e acariciando a perna do meu homem
como se ela estivesse prestes a atacar.

Não senhor.
Eu marcho minha bunda mesquinha direto para o nosso
banheiro compartilhado e pego um par de calcinhas – não as
da cena do crime – e um frasco de perfume, e sigo para o
quarto de Von Bremen, onde eu prossigo para borrifar a
porra sempre amorosa de seus lençóis azul-marinho.

E quando penso que as deixei completamente


saturadas, coloco minha calcinha sob seu travesseiro para
garantir.

Dois podem jogar este jogo, Barbie.

Ele ficará aliviado por ter seu próprio lugar, minha


bunda tonificada.

Você não tem ideia das merdas que eu faço por este
homem.

Nenhuma ideia.

Não pense que sou sua irmã mais nova irritante.

Não pense que não senti seus dedos deslizando sob o


cós da calça de moletom que cobria minha bunda.

Não pense que estava dormindo.

Não pense que eu não o senti me levantar e me carregar


para o meu quarto antes de me deitar e beijar meus lábios.

Não pense que ele se importa em morar comigo!

Respire fundo, Anniston.


Respire fundo, porra.

Você sabe que ele gosta de fazer isso.

Você sabe que ele recua sempre que os sentimentos


entram em ação.

Você sabe disso.

Certo. Eu sei isso.

Barbie é uma em um milhão. Bem, não um milhão. Com


sorte, ele manteve abaixo de vinte e cinco. A questão é que
Barbie não é ninguém. Ela não é uma ameaça para mim.

Ela é uma distração.

Eu sou a base de seus pensamentos.

Eu.

Apenas eu.

Eu só tenho que descobrir uma maneira de fazê-lo


admitir e agir. Já brincamos com essa merda de “amigos” por
tempo suficiente.

Vendo seu telefone em sua cômoda, decido ser mais


mesquinha e pego, passando o dedo e digitando sua senha.
STRIKE. Tão pouco original, mas duvido que ele dê a mínima
para quem hackeia seu telefone. Theo não tem filtro. Ele é um
livro relativamente aberto.

Exceto comigo.
Comigo, ele gosta de manter a merda para si mesmo e
murmurar respostas evasivas quando eu faço uma pergunta
pessoal que ele não quer responder.

Mas está tudo bem.

Sou boa em entender Von Bremen.

Eu fecho alguns aplicativos de jogos que ele está


executando até chegar ao que preciso.

Sua lista de contatos.

Da última vez, afinei os S e R. Acho que esta noite vou


pegar os T e espero que o sobrenome da Barbie seja Thomas.

Colocando na minha mão direita, para que o casal feliz


no sofá não veja, eu volto correndo pelo corredor, o perfume
flutuando atrás de mim.

Porra.

Não o coloquei de volta no banheiro.

Ah bem. É tarde demais agora. Talvez ele não perceba.


Deixo merda no quarto dele o tempo todo.

— Continue, — eu digo com uma falsidade digna de um


Oscar.

Eu ouço Theo rir.

— Vamos para o meu quarto, — diz ele com um sorriso.

Eu encolho os ombros. — Tanto faz.


Boa sorte em não experimentar a quantidade de
perfume que borrifei ali.

Eu sorrio doce açucarado. — Boa noite, Teddy.

Eu não dou a Barbie em sua virilha nem mesmo uma


olhada.

Assim que estou de volta ao meu quarto, faço questão de


limpar não só os T, mas também os M. Mesmo que eu não
consiga mais ouví-la rir, ainda sei que ela está aqui. Não ouvi
a porta da frente abrir.

Ele provavelmente está com a boca ocupada.

Ugh.

Talvez eu também exclua os P's.

— Vou ligar para você, — ouço da sala de estar. Minha


porta está encostada, como de costume, e posso vê-la
apertando-o por mais tempo do que o necessário.

Vá, garota. Não fique desesperada.

— Você tem meu número, certo? — Sua voz sexy me faz


estremecer.

— Eu faço.

Ele faz. Esperançosamente, eu o apaguei esta noite.


Se você está desapontado comigo, não fique. Theo tem
1.825 contatos. Perder quinhentos mais ou menos é como
cuspir no oceano.

Ele não vai notar.

Confie em mim.

Com um beijo longo e prolongado, a mulher finalmente


sai. Por um momento, Theo fica parado na porta fechada, a
cabeça caindo sobre o peito. Ele suspira antes de fechar a
fechadura e passar a mão pelo cabelo e se virar e ir em
direção à minha porta.

Rapidamente, coloco seu telefone debaixo do meu


travesseiro e finjo que estou dormindo.

Eu ouço a porta ranger.

— Eu sei que você não está dormindo, — ele diz em um


tom divertido.

Eu não tenho vergonha.

Eu rolo e o vejo dentro da minha porta, pernas


cruzadas, braços cruzados sobre o peito.

— Qual-o-nome dela já saiu?

Ele sorri, empurrando a parede e vindo se sentar na


beira da minha cama.
— Sim, ela fez. De alguma forma, seu frasco de perfume
derramou nos meus lençóis. — Sua sobrancelha arqueia
quase até a linha do cabelo.

Eu encolho os ombros. — Talvez você tenha derrubado,


— eu ofereço.

Ele balança a cabeça, seu dedo vai aos lábios antes que
ele deslize em sua boca e morda a unha. — E sua calcinha?
— ele acusa, puxando minha calcinha roxa do bolso e
jogando-a com a habilidade de um jarro no cesto.

Novamente, eu não me encolho. — Deve ter sido de


quando eu lavei a roupa. — Eu encolho os ombros,
afundando nas cobertas. — Acontece quando você tem um
colega de quarto.

— Uh-huh, — ele diz, se levantando. — Claro que sim.


— Ele chega atrás dele e agarra a gola de sua camisa,
inclinando-se e puxando-a sobre a cabeça. Quando ele vestiu
uma camisa? —Vai 'pra' lá, — ele ordena, jogando a camisa
no meu cesto e desabotoando o jeans.

— O que você está fazendo? — Eu pergunto, em pânico


sobre o que vou fazer com seu maldito telefone.

Ambas as sobrancelhas arquearam em um olhar — Você


está falando sério? —. O jeans desliza por suas coxas
musculosas com tanta perfeição que, se ele esticasse o braço,
poderia facilmente conseguir um emprego em um clube de
strip. As mulheres pagariam uma fortuna para que ele saísse
de um bolo ou alguma merda e sacudisse os quadris estreitos
enquanto matava a música de Feliz Aniversário com seu
canto horrível.

— Bem, — ele diz lentamente, puxando uma perna, — já


que não consigo respirar no meu quarto... — Ele me corta
com um olhar de “Eu sei o que você fez”. — Estou dormindo
aqui esta noite para que possa arejar.

Eu reviro meus olhos. — Tenho certeza de que não é tão


ruim. — Eu cheiro o ar. — Ok, talvez seja um pouco forte.

Ele ri, balançando a cabeça como se não soubesse o que


fazer comigo. — Eu quero o lado certo, — ele exige,
inclinando o queixo para que eu me aproxime.

— Eu não gosto do lado esquerdo, — eu argumento.

— Eu não gosto de bolas azuis. Mova-se.

Ele tem razão. Eu corro, levando meu travesseiro – e seu


telefone – comigo. Segurando os cobertores abertos, ele
desliza para dentro, soca meus travesseiros e rola para o lado
antes de deslizar um braço em volta de mim e me puxar para
ele.

Um grande e estúpido sorriso adorna meu rosto.

Bem, até ele dizer: — Dê-me meu telefone para que eu


possa definir o alarme. Eu tenho um treino amanhã cedo.
Theo

— Está inflamado.

Não brinca.

— Vai ficar tudo bem, — eu argumento, ignorando o


olhar severo do treinador Anderson. Sério. Já tive um ombro
dolorido antes. Não há necessidade de ser dramático sobre
isso só porque eu mal consigo me mover hoje. O que
aconteceu com a abordagem “esfregue um pouco de sujeira e
você ficará bem”?

— Você precisa de uma injeção de cortisona e gelo.

Não concordo com a avaliação do Dr. Phelps de todo o


coração. Já tomei uma injeção de cortisona no cotovelo antes,
e foi como fogo líquido sendo atirado em meu braço. Quase
chorei. Sou homem o suficiente para admitir isso. A merda
dói, e eu nunca quero outra.

— Vou tomar o gelo e o analgésico.

O treinador Anderson solta um suspiro muito, muito


profundo. Não vejo por que ele está tão frustrado comigo
economizando dinheiro para o time. As injeções de cortisona
custam muito mais do que gelo e analgésicos. Eu poderia
levar os dois em casa e economizar ainda mais dinheiro para
o time. Que tal ser um jogador de equipe? Aposto que a
faculdade nunca viu esse tipo de dedicação chegando quando
me ofereceram uma bolsa de estudos.

— Theo. — A voz do treinador está cansada. —A opinião


médica do Dr. Phelps é eliminar a inflamação imediatamente.
Gelo e Tylenol levam tempo.

Não vejo como isso seja um problema. Tempo significa


andar no pinheiro – ou banco, como você quiser chamá-lo. O
que eu chamo de merda de férias.

— Eu posso viver com isso. — Eu encolho os ombros


antes de me encolher quando a dor passa por mim. Eu
definitivamente preciso de um analgésico. Pronto.

— Você pode viver com a possibilidade de seu contrato


AAA ser revogado por uma lesão?

Droga. Não, eu não posso, porra. Obrigado por me


lembrar de minhas responsabilidades, treinador Anderson.

Nenhum contrato com um time da liga secundária


significa ficar aqui e trabalhar para meu pai no ramo de
seguros. Não importa o quanto eu queira ficar com Anniston,
não vou trabalhar para meu pai. Computadores e cadeiras
desconfortáveis não são para mim. Fodendo em uma cadeira
de escritório, talvez.

Mas não está funcionando.


Não seja um maricas, Theo. Faz o que tem que fazer.
Encare isso como um homem.

— Tudo bem, mas eu preciso fazer uma chamada


primeiro.

Estou levando isso como um homem, mas não sozinho.


Julgue-me se quiser, mas até que você veja o tamanho desta
agulha e experimente o remédio dentro dela, você não tem
ideia das lamentações que estou prestes a fazer. Anniston
McCallister vai ter uma noite difícil. Ela me deve de qualquer
maneira.

O treinador me entrega meu telefone porque meu ombro


teve que reiterar o fato de que ele é inútil 'pra' caralho no
momento, e eu pressiono o ícone ridículo selfie de Anniston
comendo um maldito picolé no meu carro. Ela sabia que me
irritaria quando ela enviasse. Mas minha irritação foi
rapidamente extinta e substituída por pura luxúria enquanto
eu analisava cada músculo de sua língua trabalhando aquele
picolé amarelo para uma forma anormal. A foto me atrasou
quinze minutos para chegar ao carro. Eu me peguei
sonhando mais vezes do que gostaria de admitir naquela foto
idiota do picolé. Daí a razão pela qual é seu ícone de contato.

Ela atende no terceiro toque.

— Você quer saudável ou um lado saudável com gordura


como nosso prato principal?

Querido Deus, posso ficar com ela?


Eu sorrio ao telefone.

— Eu digo que vamos pesar nos carboidratos e alto teor


de gordura esta noite, — eu forneço.

— Eu não poderia concordar mais. Ok, peguei mais


Mountain Dew para você. Você consegue pensar em mais
alguma coisa que queira enquanto estou na loja?

Ela. Nua. Talvez amarrada?

— Nah. Isso é tudo. — Eu ouço o barulho de um


carrinho de merda, tenho certeza de que ela se recusou a
trocar e se encolher antes de acrescentar: — Ei, você acha
que poderia passar pelo clube depois de terminar?

Isso não parece muito desesperado, não é?

Há uma pausa significativa antes de ela dizer baixinho:


— O que há de errado?

A voz dela está trêmula e eu me sinto um pouco


culpado. Não posso, na verdade, levar isso como um homem.

Tento sorrir para que ela não capte o desespero em meu


tom ao telefone. — Não é grande coisa... — minto. — Só uma
pequena inflamação no meu ombro. Dr. Phelps quer me dar
uma injeção de cortisona

Ela não me dá a chance de terminar.

— Estou a caminho.
Graças a Deus não precisei soar como uma cadela
chorona e dizer a ela que precisava de uma distração
enquanto eles faziam isso.

— Obrigado, Ans, — murmuro, atentamente ciente de


que o treinador e o Dr. Phelps ficaram quietos ao meu lado.

Eu ouço Anniston se desculpar com alguém na loja, mas


não me sinto mal por ela ter que devolver seus itens. Merda
acontece. E minha garota sempre me coloca em primeiro
lugar. Lide com isso.

Dizemos adeus um ao outro e eu desligo, já abrindo um


aplicativo de mídia social. — Ela estará aqui em breve, e
então você pode me irritar pelo resto da noite, — eu digo na
sala de tratamento, direcionando meu comentário para
qualquer um deles.

Alguém suspira, mas eu não olho para cima. Um, estou


um pouco envergonhado. E dois, eu não dou a mínima
quanto tempo eles têm que ficar depois do trabalho. Eles
sabiam que eu era uma diva quando me ofereceram a bolsa
para lançar para eles.

— Certifique-se de dizer à segurança que ela precisa


entrar, — acrescento no último minuto.

O treinador murmura:

— Tenho certeza de que isso não a impediria de


qualquer maneira.
Eu rio. Anniston adora atormentar o treinador
Anderson, mas, no fundo, os dois se respeitam.

— Não vai, mas vai lhe poupar uma dor de cabeça e


relatar um incidente mais tarde.

Trinta minutos depois, a segurança zumbe na sala de


tratamento e anuncia a chegada de Anniston. O treinador
resmunga, mas caminha até a porta e a deixa entrar.
Anniston McCallister passa pela soleira cheirando todos os
tipos de comestíveis e me lança um olhar preocupado.

Tento encolher os ombros, mas, em vez disso, faço uma


careta.

— Não é grande coisa. Eu só preciso ser capaz de lançar


em alguns dias.

Posso dizer que ela quer discutir, mas ela sabe até onde
vou para não trabalhar para meu pai.

— Não minta para mim, Von Bremen.

— Anniston, — o treinador a acalma, entrando e


colocando a mão em seu ombro antes de lutarmos na frente
deles.

Amo lutar verbalmente com McCallister. Alguém sempre


acaba vomitando e suando de raiva – ela – e isso faz coisas
épicas em seus seios.
O treinador a puxa para o lado para que o Dr. Phelps
possa informá-la sobre a condição do meu ombro. De vez em
quando, ela olha para mim e franze a testa.

Temos que fazer o que temos que fazer, baby, mando seu
caminho na forma de um sorriso triste.

Quando ela está atualizada, o Dr. Phelps se retira para a


sala de remédios e Anniston e o Treinador se movem em
direção à mesa onde eu ainda estou empoleirado como um
enfeite de capô, um saco de gelo amarrado ao ombro.

Aqui vai minha masculinidade.

A mão de Anniston alcança meu cabelo e sinto meus


olhos se fecharem a cada puxão de seus dedos. — Você tem
certeza disso?

O que eu não daria para pular isso e ir para casa...

— Não, mas eu preciso lançar, — eu respondo


suavemente, abrindo meus olhos por tempo suficiente para
ver sua carranca.

Ela acena em compreensão, embora eu saiba que lhe dói


fazer isso. Anniston acredita muito na medicina
conservadora. Aposto que ela teria sugerido gelo e Tylenol
também.

— Ok.

Seu consentimento não significa que ela está feliz com


isso, mas independentemente disso, suas mãos acariciam
meu cabelo suavemente, cada carícia me puxando para mais
e mais perto de seu peito. Quando o Dr. Phelps retorna,
trazendo o presente da dor, estou um tanto relaxado.

— Tudo bem, Theo, vamos fazer você se sentir melhor.

Tecnicamente, um boquete faria com que eu me sentisse


melhor muito mais rápido do que esta injeção, mas não
discuto com o bom médico. Duvido que ele tenha tido um
boquete épico nos últimos anos.

Alguém tira a bolsa do meu ombro e eu respiro fundo. A


antecipação é o pior, e Anniston não perde minha reação.

— Estou pensando em pizza e pornografia esta noite, —


ela diz inocentemente. — A pizza vai me fazer sentir melhor e,
bem, a pornografia vai ajudar você e as almas infelizes que
colherão as consequências de seus próximos dias de merda.
Talvez você vá devagar com elas se não estiver tão reprimido.

Um som de asfixia e um suspiro audível não podem


mascarar o som da minha risada. Minha garota me conhece
ou o quê?

— Acho que você descobriu alguma coisa, McCallister.


— Exceto que ninguém sofrerá minha ira além de você, quero
dizer. — Talvez a pornografia me deixe com um humor mais
indulgente.

O resto dos meus comentários morrem quando sinto o


Dr. Phelps secar meu ombro e limpá-lo imediatamente.
— Tente relaxar, Theo, — ele tenta me acalmar.

Sem chance. Meu corpo está bem trancado, preparando-


me para o inferno que logo acontecerá.

— Estou relaxado, — minto.

Anniston faz um barulho no peito como se ela engolisse


errado ou pensasse que o Dr. Phelps é um idiota. Eu sei que
ela não estaria mascarando um escárnio descrente. Agora
não seria o momento apropriado para ser uma espertinha.

— Tente relaxar os ombros, — ele tenta novamente. —


Aproxime-se de Anniston.

Agora, isso é algo que posso fazer.

Sem qualquer outra instrução, enterro meu rosto nos


seios macios de Anniston e quase gemo. Quase. Eu não quero
deixar isso estranho, mas sério, seus seios são tão quentes.
Com um pouco de álcool, acho que poderia me safar com ela
me deixando levá-los a motor. Mas, infelizmente, sem cerveja.
Ou tequila. Tequila realmente a anima...

Perdido nos devaneios de seus mamilos rosados, sinto o


Dr. Phelps nas minhas costas. Imediatamente, estou tenso
novamente. É uma porra de uma agulha grande. Não preciso
explicar por que não consigo relaxar aqui.

— Você sabe o que estou ansiosa para aprender


assistindo pornografia esta noite? — A respiração de
Anniston penetra em minha orelha e calafrios estouram em
meus braços.

— O que? — Eu sussurro de volta, perfeitamente ciente


de que vou ser furado a qualquer minuto.

— Eu quero... — O calor de sua língua é o que eu noto


primeiro. Lento e lânguido, ela flutua pelo meu pescoço,
parando apenas no meu queixo. Instintivamente, minhas
mãos apertam seus quadris enquanto tento prendê-la no
lugar. Ninguém precisa que ela saia correndo quando as
coisas estão ficando interessantes.

Eu engulo. — Não pare.

Pelo amor de Deus, não pare, porra.

Com meu apelo, a gloriosa língua de Anniston está em


movimento novamente. Tentadora. Tortuosa. Até que chega
aos meus lábios e o Dr. Phelps enfia a porra da agulha no
meu ombro, e eu respiro fundo.

Porra.

Meu peito está apertado e todo o oxigênio parece que


está preso na minha garganta, mas quando eu finalmente
consigo soltar um gemido, os lábios de Anniston descem
sobre os meus e a dor não parece mais tão insuportável.

Ela está me beijando.

Anniston McCallister está me beijando.


Claro, nós já nos beijamos antes, mas não assim.

Não abriu a boca com minhas mãos avançando para


cima em suas costelas, meu polegar ousando deslizar por
baixo da armação de seu sutiã.

Continue no meu ombro, doutor. Faça o que fizer, não


deixe este momento acabar.

Tenho a sensação de que isso não vai acontecer


novamente.

— Quase pronto, Theo. Você está indo bem.

Eu mal registro seu elogio. Tudo o que posso pensar é:


Anniston McCallister é a porra do melhor beijo que já tive.
Sua língua se move em conjunto com a minha. Brigando.
Cruzando. Mas cedendo quando ela reconhece que eu dirijo o
jogo oral. Ela ganha a distração, mas eu possuo esse maldito
beijo.

Cada movimento é pequeno e delicado, e meu Deus, eu


quero machucá-la. Quero exigir que ela me mostre como
lambeu aquele picolé no meu Mustang 1967 vintage.

Mas eu não quero.

— Tudo feito, — o treinador anuncia com um pouco


mais de felicidade do que eu sinto que é necessário para
interromper o meu tempo de carinho e de Anniston.

Anniston se afasta e limpa a boca. Seu rosto fica


vermelho quando ela diz:
— Está vendo? Não foi tão ruim, foi?

Eu poderia quebrar a tensão com uma mentira de


merda sobre o beijo ser como beijar minha irmã, mas não
quero. Ela espera que eu ataque porque é isso que eu faço.
Eu sou rude e evito emoções, especialmente quando se trata
dela.

Mas eu não posso fazer isso.

O beijo não foi ruim.

Não era como beijar minha irmã.

Foi paciente.

Estava cheio de palavras não ditas.

O beijo, mesmo que fosse uma distração, foi épico.

Deve ser homenageado, não manchado ou marcado com


uma mentira.

Então, em vez de ser um idiota, vou com uma mudança


de assunto.

— Podemos pegar aquele lixo de pizza recheada estúpida


que você gosta. — Tento encolher os ombros, mas o Dr.
Phelps está envolvendo meu ombro e acabo fazendo uma cara
de dor.

O sorriso falso que Anniston me dá parece estranho. Eu


não entendo seus sorrisos falsos. Eu pego verdadeiros.
Sempre.
— Ok. Acho que podemos pedir coberturas para seu
estúpido amor por carne, embora eu prefira presunto e
abacaxi.

O beijo não foi tão bom. Não estou comendo frutas na


minha pizza.

— Amantes de carne, então, — eu confirmo, olhando


para trás para ver se o Dr. Phelps está quase pronto. As
coisas estão ficando estranhas aqui, e estou pronto para ir.
Anniston e eu precisamos de normalidade. — Podemos ir? —
Eu pergunto ao treinador.

Ela se inclina atrás de mim para observar o progresso


do Dr. Phelps.

— Sim, você pode ir. Vá com calma nos próximos dias.


Tudo certo?

Eu aceno meu consentimento. Neste ponto, eu


concordaria com qualquer coisa para sair daqui.

Anniston pega meu telefone e eu saio da mesa.

— Presumo que você vá para casa comigo, — diz ela,


desbloqueando meu telefone e fazendo sabe-se lá o que com
meus contatos. Eu sei que ela exclui nomes. Eu sei que meus
dois mil contatos não desapareceram quando atualizei meu
telefone. Eu a deixei manter sua forma de retaliação.

Eu assusto seus encontros e ela apaga os meus.

Somos mesquinhos assim.


Estamos apaixonados assim.

— Por que eu iria com você? — Eu pergunto


distraidamente. Onde diabos está minha bolsa? Eu trouxe
aqui ou deixei no meu armário?

— Uh, — ela diz toda presunçosa, — porque você tem


apenas um braço funcionando no momento.

Não.

— Não vou deixar meu carro aqui.

Sério, não tenho muitos amigos aqui. As pessoas falam


comigo, mas não somos amigos. De jeito nenhum vou deixar
meu carro aqui para ser chaveado ou coisa pior.

Anniston suspira e olha para o treinador.

— Ele não pode te ajudar, — eu argumento. — Eu não


vou deixar a porra do meu carro, Anniston.

Ela revira os olhos antes de finalmente virar o telefone.

— Thad vai mandar alguém levá-lo. Ele pode ficar


conosco esta noite.

— Não.

Ela arqueia uma sobrancelha e eu quase rosno.

— Bem. Mas a noite da pizza e do pornô ainda está


acontecendo. — Eu arqueio minha sobrancelha, imitando a
dela, então acrescento. — Você está dormindo comigo. Thad
pode ficar com o seu quarto.
Anniston

O apartamento fica em silêncio quando termino o


banho. Uma rápida olhada na esquina revela um exausto
Theo dormindo no sofá. Thad está relaxado na cadeira
assistindo TV no mudo.

— Você pode aumentar o volume, — digo a Thad,


acenando com a cabeça na direção de Theo. — O barulho não
vai acordá-lo. — Não quando ele está tão cansado.

— Está tudo bem. Não estou assistindo mesmo.

Eu dou de ombros, secando meu cabelo com a toalha


enorme de Theo. Não pude usar minha toalha; está enrolada
em meu corpo. — Você quer alguma coisa da cozinha?

É o mínimo que posso fazer desde que ele trouxe pizza e


o carro de Theo para casa.

— Estou bem, obrigado, — diz ele educadamente. Sua


mãe ficaria orgulhosa do homem que ele se tornou.

Eu aceno, percebendo que ele não quer falar, e deslizo


para dentro do meu quarto para me trocar. Vou com meu
próprio pijama esta noite, uma camisa de dormir e meias até
o joelho. Sim, parece ridículo, mas é confortável. E quando
você está cansado, nada supera o conforto.

Quando consigo escovar os emaranhados e prender meu


cabelo em algo parecido com uma colmeia, entro na sala de
estar e vejo que Theo acordou. Suas roupas estão
amarrotadas e seu rosto está marcado por uma carranca.

— Você está bem, — eu pergunto, dando a volta para


sentar ao lado dele.

— Por que você está vestindo isso?

Por que ele parece tão chateado? Eu olho para a camisa


que usei uma dúzia de vezes.

— O que você quer dizer? Eu sempre uso isso.

Ele esfrega a mão no rosto e o encara quando Thad ri.

— Temos um convidado, — ele grita.

— Duh, — eu respondo com maturidade. — Thad já me


viu nisso antes.

Thad tosse sem jeito e o rosto de Theo fica vermelho.

Eu olho entre os dois irmãos.

— O que? Pelo menos eu estou de calcinha. Eu


sempre...

— Pelo amor de Deus, Ans. Simplesmente pare.


Qual é o problema de Theo? Ele apenas me acariciou por
oito horas inteiras na noite passada. Eu vestia menos noite
passada do que hoje.

Tentando mudar de assunto, eu pergunto: — Como está


seu ombro?

Ele respira fundo e sua voz perde o tom duro de antes.


— Rígido, mas melhor.

Eu sorrio, mexendo no cobertor em seu colo. — Quer


que eu pegue alguma coisa para você?

Ele balança a cabeça e olha para o irmão. — Não.


Apenas a pornografia que você me prometeu.

Thad geme e se levanta. — Estou indo para a cama. Vejo


vocês dois pela manhã.

Theo acena para ele.

— Boa noite, — acrescento. — Obrigada por toda a


ajuda esta noite.

Thad me dá um sorriso genuíno antes de olhar para


Theo com um olhar que não consigo decifrar.

Quando a porta do meu quarto se fecha, Theo


finalmente se volta para mim.

— Vamos com a minha coleção ou a sua?

Eu zombo. — O que? Eu não tenho pornografia.


A contração de sua boca indica que ele está brincando.
— Eu vi debaixo da sua cama, McCallister, — ele fala
arrastado. — A propósito, um esconderijo terrível.

Este homem.

— São seus! Você os colocou lá da última vez que seus


pais vieram para uma visita.

Ele sorri. — Você não precisa mentir, Ans. Eu não julgo.

Ele é um idiota, mas não posso deixar de rir.

— Tudo bem, — eu cedi, deixando-o continuar sua


provocação. — Iremos com os seus, já que os que estão
embaixo da minha cama são pornografias estranhas.

Eu balanço minha cabeça como se estivesse com


vergonha, e ele ri, empurrando meu ombro com seu braço
bom. — Eles não são.

Eles não são pornôs peludos baseados em personagens


de desenhos animados, mas provavelmente não me
importaria se fossem. É assim que sou completamente caída
por este homem.

— Você está pronto agora ou quer comer alguma coisa?


— Eu mudo de assunto.

Ele não comeu muito esta noite. Não que eu o monitore


como um bebê, mas quando você mora com um cara que
também é atleta, você se acostuma com porções enormes de
comida. Então, quando ele come apenas um pedaço de pizza
em vez de quatro ou cinco, você fica preocupado que ele
possa estar doente.

— Estou bem. — Ele afasta minha preocupação e chuta


os cobertores que empilhei em cima dele quando ele
adormeceu. — Venha, — ele ordena, lutando para ficar de pé.
Não me ofereço para ajudá-lo porque às vezes, quando está
ferido, não está de bom humor. Não estou querendo
machucar meus sentimentos e dormir no sofá, então não
tenho que dormir ao lado dele.

Eu me ocupo colocando a comida e desligando todas as


luzes quando Theo finalmente se deita na cama, sua TV
iluminando o corredor.

Me sinto estranha esta noite, e não sei por quê. Ontem à


noite dormimos juntos. Inferno, não consigo contar quantas
vezes dormimos na mesma cama. Nós até assistimos
pornografia juntos. Bem, na verdade não. Eu o peguei
assistindo pornografia, e posso ter me escondido como uma
perseguidora e assistido por mais tempo do que pretendia.

Mas nunca vimos pornografia na cama. Juntos. Debaixo


das cobertas.

Eu não deveria estar nervosa. Se eu dissesse a Theo que


não queria assistir pornografia na cama com ele, ele
desligaria e nunca diria nada sobre isso. Mas eu sinto que
isso é um teste. Ele sabe que eu saboto seus encontros e
apago contatos de seu telefone.
Ele sabe.

E este é o seu teste.

Somos amigos ou não?

Eu voto não, mas e se eu bagunçar totalmente isso?


Nunca tive um namorado por mais de um ou dois dias. Não
sei se sei o que fazer com um homem ou mesmo como manter
um.

— Anniston! — Vem uma voz alta que provavelmente vai


nos dar uma mensagem de texto dos vizinhos para manter a
voz baixa.

— Estou chegando! — Eu grito de volta mais baixo do


que ele, mas ainda alto o suficiente para receber uma
reclamação.

Sob as cobertas, reclinado em um monte de


travesseiros, está o homem por quem eu faria qualquer coisa.

— Achei que você gostaria de assistir aquele com o


entregador de pizza e a estudante universitária gostosa. —
Ele tenta encolher os ombros, mas esquece que seu ombro
está amarrado, então ele se contenta com uma revirada de
olhos.

— E se eu quisesse aquele em que o jogador de beisebol


desossou a batgirl? — Eu volto com um sorriso, deslizando
sob as cobertas e propositalmente tentando evitar tocá-lo.
— Hmm... — ele reflete. — Não tenho certeza se tenho
esse... A menos que você queira mergulhar no meu estoque
privado?

Eu meio que ri. Um, os vídeos estúpidos que aquelas


garotas filmaram em seu telefone foram deletados há muito
tempo. Ele saberia se alguma vez os assistisse. E dois, Theo
não transa com as batgirls. Ele gosta daquelas que não
sabem nada sobre o esporte além de correr e jogar uma bola
de beisebol.

Por favor... uma batgirl.

— Eu acho que mergulhar em seu estoque privado


acabaria com a gente orando por sua alma esta noite.

Tudo mentira.

Ele pode frequentar quartos, mas é um amante


generoso, ou pelo menos foi o que ouvi. Ele também é muito
franco com o que procura. Basicamente, um buraco molhado.
Ele não se importa.

— Você pode estar certa, — ele acrescenta baixinho, o ar


na sala se transformando em algo mais sério.

Eu olho para ver qual é o seu problema. Seus olhos


estão focados intensamente na tela azul enquanto sua mão
aperta o controle remoto.

— Você está bem?

Eu coloco minha mão sobre a dele e ele recua.


Ok. Não toque nele.

Suspirando, ele desliga a TV e se esconde nos


cobertores. — Você se importaria se a gente fosse para a
cama? Estou mais cansado do que pensava.

O que aconteceu?

Não estávamos apenas brincando?

Engolindo em seco, eu aceno e ofereço a ele um sorriso


triste. — Certo. Vou colocar meus fones de ouvido e ouvir
música.

Com um breve aceno de cabeça, ele rola e apaga a luz do


seu lado, nunca se virando para me encarar.

Está bem então.

Encontrando os fones de ouvido de Theo na mesa de


cabeceira, eu os ligo no meu telefone e apago a luz, nos
mergulhando na escuridão.

Dormir normalmente é fácil para mim, mas não esta


noite. Esta noite, minha mente dispara e me preocupo se eu
disse algo errado. Theo está bravo comigo? Seu ombro dói?

Estou confusa e provavelmente mais emocional do que


deveria sobre ele se fechando e não se aconchegando a mim
como ele normalmente faz.
Estou navegando no meu telefone enquanto a voz
comovente de Dermot Kennedy enche meus ouvidos quando
encontro um vídeo que toca acima da música.

— Você é ridículo, — diz a garota no lindo vestido de


baile, girando descalça na grama.

É um vídeo meu e do Theo na noite do baile. Ninguém


me convidou para o baile e quase não fui quando Theo disse
que podíamos ir juntos.

— Não é ridículo. Venha dançar comigo. É a última vez


que é aceitável para você pisar no meu pé e se safar.

No vídeo, eu paro de girar, meu cabelo já caindo do


penteado intrincado que Grace levou uma hora para fazer.

Theo amplia meu rosto, registrando o desejo em meus


olhos. Lembro que queria dançar com ele mais do que
qualquer coisa. Mas depois que ele foi puxado por garota
após garota, desisti, vagando para o campo de beisebol, onde
não tive que ouvir os desmaios e as promessas ofegantes de
uma grande pós-festa em quartos de hotel que eles haviam
garantido.

Eu não estava tão brava.

Eu estava acostumada com Theo sendo o centro das


atenções.

Eu estava acostumada a ser sua ajudante.


Eu estava acostumada a ficar em segundo lugar na vida
dele.

Mas então ele veio, a gravata borboleta sem nós, o


cabelo desgrenhado e uma carranca no rosto. Ele perguntou
o que eu estava fazendo no campo. Lembro-me de dizer a ele
que gostava da sensação da grama entre os dedos dos pés.

Ele não riu.

Em vez disso, ele tirou os próprios sapatos e me


convidou para dançar.

Minha voz no vídeo interrompe a memória.

— Ok, — eu digo hesitantemente.

A câmera muda para o modo selfie e a covinha de Theo


preenche a tela. Ele está sorrindo, pegando minha mão e me
girando antes de me entregar a câmera. Eu me atrapalho,
mas encontro minhas mãos em volta do pescoço e as dele em
volta da minha cintura.

— Diga que vai sentir minha falta, McCallister, — ele diz


suavemente.

Lembro-me de entrar em pânico, imaginando qual seria


a coisa certa a dizer. Engraçado. Nada mudou quatro anos
depois. Ainda sou a mesma garota que quer mais dele, mas
tem medo de dizer isso. Com muito medo de perder a única
pessoa que me resta. A única pessoa que cuidou de mim. No
colégio, o medo vinha da rejeição. Agora, como adulta, o medo
é ficar sozinha. Sem alguém com quem jantar. Para assistir
aos jogos. Eu gostaria que alguém tivesse me enviado para
uma escola interna, onde eu pudesse ter aprendido a ser
mais social com as meninas.

Eu poderia ter tido mais amigos e perder Theo não seria


tão prejudicial.

Mas não foi esse o caso.

Enfiei cada memória e cada sonho em seu bolso. Eu o


mantive por perto. Eu o amava em segredo e, em algumas
semanas, não terei nada. Tudo isso será uma memória
distante.

— Eu posso sentir sua falta um pouco, — provoca a


garota mais jovem no vídeo.

Ela está mentindo. Ela vai sentir muita falta dele. Mas
naquela época ele queria dizer quando fosse para a faculdade,
antes de sabermos que acabaríamos morando juntos.

— Eu também vou sentir sua falta, — ele retorna


suavemente.

Gah, éramos tão estúpidos naquela época.

Certo, tudo bem. Ainda somos estúpidos. Não fizemos


nenhum progresso desde então.

Eu fico olhando para a tela, vendo a garota sorrir e girar


nos braços do garoto com quem ela sonhou se casar.
Enquanto seus corpos balançam, os grilos cantando ao
fundo, encontro minha mão descendo lentamente pela minha
camisa de dormir até chegar à bainha. Com cuidado, deslizo
para cima pelos quadris, para não acordar Theo dormindo ao
meu lado.

A risada de Theo no vídeo me faz sorrir, e minha mão


trabalha por baixo da minha calcinha. Calafrios tomam meu
estômago e fecho os olhos, ouvindo sua voz de dezoito anos
no vídeo.

— Eu não vou morder, McCallister. Você pode se


aproximar.

As pontas dos meus dedos encontram a protuberância


sensível no meu centro e aplicam pressão, fazendo com que
um gemido escorregue dos meus lábios.

— Estou perto, — argumento na frente da câmera, o


áudio do vídeo reproduzindo o ruído de fundo da minha
fantasia. Delicadamente, eu massageio o feixe de nervos até
minha calcinha ficar úmida contra minha pele. Calafrios
tomam conta quando minha pele muda de fria para
escaldante.

— Oh, Deus, — eu murmuro, mordendo o lençol no meu


queixo, minhas costas arqueando quando meus joelhos
dobram, permitindo um melhor acesso à minha mão.

— Não perto o suficiente, — diz ele, e quase gozo com


sua declaração sozinho. Mais rápido, meus dedos trabalham,
mergulhando mais baixo e espalhando a umidade ao redor.
Estou perdida em sua voz quando de repente o vídeo para de
tocar.

O que diab...

Eu não consigo ver nada, mas o que eu posso ver me faz


engolir em seco. Uma mão – não a minha – paira sobre o
botão de pausa.

Porra.

Ele pode dormir durante um terremoto e isso o acorda?


Você tem que estar me zoando.

Theo tira os fones de ouvido das minhas orelhas e eu


deixo.

Não vou fazer isso sozinha e deixá-lo ver onde estava


minha mão. Embora, ele provavelmente já saiba, mas deixe-
me ter essa esperança.

Limpando a garganta, ele desconecta os fones de ouvido


e os joga no chão.

— Você sabe, — ele começa, chegando mais perto e


deslizando a mão sob as cobertas, colocando-a na minha
barriga, — Eu esperei a noite toda para dançar com você. —
Ele faz um barulho baixo em sua garganta. — Procurei por
você em todos os lugares. — Sua mão desce até minha coxa.
— E lá estava você, vestida como uma princesa real,
brincando na maldita terra.
Vou argumentar que estava na grama e não na terra,
mas sua mão cobre a mão que ainda está na minha calcinha.
Ele não faz nenhum movimento para escorregar sob elas. Ele
apenas deixa isso aí. Em repouso. Vacilando.

— Eu sabia então que nunca seria capaz de deixar você


ir.

Oh Deus. Você pode gozar apenas com palavras? Acho


que estou prestes a descobrir.

— Aperte o play, — ele sussurra no meu ouvido. Quando


hesito, ele acrescenta:

— A menos que você esteja com medo.

Ele nunca iria me deixar ir.

Eu nunca vou deixá-lo ir também.

Eu pressiono o botão play, e sua voz soa nos alto-


falantes desta vez.

— Agora você está perto, — ele elogia na câmera.


Theo

Eu não poderia ter cronometrado melhor. Não sei


exatamente o que me acordou, mas gostaria de pensar que
meu corpo tem um alarme interno quando Anniston
McCallister está sendo travessa.

— Agora você está perto, — diz meu eu mais jovem


quando as coisas eram muito mais simples entre mim e
Anniston. Antes que seus avós morressem e atrasassem
nosso relacionamento. Eu não poderia convidá-la para sair
quando ela estava de luto. E então, quando fomos morar
juntos, as coisas ficaram ainda mais complicadas.

Eu estava reprimido. Ela estava de luto, trabalhando


duro para deixar seus avós orgulhosos. Ela não precisava que
eu invadisse seus planos e a descarrilasse. Ela precisava de
uma constante. Ela precisava de um amigo. E eu pensei que
isso seria tudo que seríamos.

Até que acordei com seus gemidos.

Até eu acordar com ela se dando prazer ao som do nosso


vídeo do baile.

É um sinal.
Ela poderia ter começado qualquer coisa. Magic Mike.
Cinquenta tons de cinza. Mas ela não estava. Ela ficou
excitada por nós dançarmos. E se isso não me deixa duro
como uma rocha, então não sei o que mais vai fazer.

— Continue, — eu digo a ela, minha voz rouca.

Eu a ouço engolir em seco, e isso me faz sorrir.


Tortuosamente, eu puxo minha mão de cima da dela e puxo
sua perna sobre a minha, abrindo-a totalmente. Sua calcinha
ainda está lá, e por mais que eu gostaria de arrancá-la de seu
corpo, não o faço. Se eu perder essa barreira entre nós, não
há como dizer os erros que cometerei esta noite.

— Não se assuste agora, McCallister, — provoco,


apelando para o lado competitivo dela. — Seja corajosa.

Seja minha porra de fantasia.

Minha mão vagueia ao longo de sua coxa, através da


renda de sua calcinha até que está descansando em cima
dela novamente. A umidade lá é quase meu ponto de ruptura.
Se meu ombro não estivesse enfaixado, provavelmente me
masturbaria ao lado dela.

Mas, infelizmente, o karma é uma cadela mesquinha.

— Abaixe, — eu digo a ela, assumindo o controle desta


situação.
Um pequeno som, quase um gemido, escapa de seus
lábios enquanto empurro sua mão para baixo, alinhando-a
para o que quero fazer a seguir.

— Agora deslize um dedo para dentro.

Sua perna estremece contra mim e eu a prendo perto do


meu corpo.

— Faça isso, — eu encorajo.

Anniston solta um suspiro e sinto seu corpo relaxar,


como se ela aceitasse o fato de que não vai sair dessa. Suas
costas se arqueiam, e o gemido que ela solta faz meu pau
pular na minha calça, tentando se livrar e ajudá-la.

Calma, garoto, não desta vez.

Desta vez? Que merda estou falando? Isso não pode


acontecer novamente. Eu vou embora logo.

Sua voz ofegante interrompe minha luta interna.

— E agora?

Ugh! E agora? Agora, eu quero que você sente na porra


do meu rosto até que desça pela minha bochecha.

Com minha palma, coloco pressão em sua mão,


forçando-a mais profundamente dentro dela. — Adicione
outro dedo, — eu digo quando ela engasga com a intrusão.

Minha mão estremece, pois é tudo que posso fazer para


impedir que mergulhe dentro de sua calcinha.
— Separe-os, alongue-se...

Ela faz o que eu peço, seu estômago afundando para


dentro e para fora com sua respiração pesada. Eu tenho que
acabar com isso antes de gozar na porra das calças.
Empurrando sua mão para baixo e fora do meu caminho,
digo a ela para continuar se dedilhando, e então eu cometo o
erro mais fatal da minha vida e coloco a ponta do meu dedo
em seu clitóris e esfrego até que ela grite meu nome.

Se eu comprar chocolate e jantar, será como a semana


da TPM. Anniston não vai achar que é um grande negócio,
certo? Ou mesmo que saíssemos para comer comida
mexicana mais tarde... nenhuma dessas ideias grita eu te
amo, certo? Somos amigos e companheiros de quarto. Seria
estranho se não fizéssemos algo no aniversário dela.

Ela é solteira.

Eu estou solteiro.

Não temos compromissos para esta noite.

Concedido, eu poderia sair e transar durante meu tempo


e jantar, mas não estou com humor. Prefiro dar uma passada
no supermercado, pegar um litro de sorvete e alguns tacos no
food truck em frente ao campus e assistir a filmagens do jogo
com o Ans.

É isso que os amigos fazem.

Calafrio.

Estaríamos relaxando juntos no aniversário dela.


Juntos. Mas não juntos.

Oh, pelo amor de Deus. Por que eu dou a mínima? Vou


parar para comer. Ela pode comer ou não. E se ela quiser um
pouco do meu sorvete, posso compartilhar com ela.

Depois da noite que para sempre será uma das melhores


da minha vida, Anniston e eu temos sido diferentes um com o
outro. Não necessariamente estranhos, mais como hesitantes.
Cada piada é pesada em nossas cabeças antes de dizê-la, o
que nunca foi o que fizemos antes. Nós dois não temos filtros
verbais, então pensar antes de falar um com o outro tornou
tudo um pouco silencioso por aqui, para dizer o mínimo.

Passar um pelo outro no corredor de toalha é um tipo


totalmente diferente de problema.

Meu pau reivindicou aquele corpo, e é tudo que posso


fazer para impedí-lo de me convencer a pegar aquela toalha
pegajosa e jogá-la pela janela, onde nunca poderá cobrir seu
corpo novamente. Sem mencionar a falta de controle de sua
parte. Minha lista de contatos caiu para cinquenta e cinco
nomes. Todos são rapazes, exceto minha mãe e nossa
lavanderia. Até encontrei dois pares de calcinhas dela na
minha bolsa de ginástica. Anniston McCallister está
apostando em sua reivindicação.

As coisas são definitivamente complicadas.

O problema é que ela ainda não está disposta a ir para


Washington e eu ainda não estou pronto para me estabelecer.
Somos um desastre de merda.

Depois de passar quase meia hora debatendo sobre o


que fazer no aniversário de Anniston, saio do carro e arrasto
minha bunda cansada para o vestiário. Apesar de rastrear o
telefone de Anniston – é para sua própria proteção, não
porque fiquei obcecado – e vendo que ela ainda está
estudando na biblioteca, não tenho motivação para treinar. A
único treino que quero fazer é com ela. Praticar com a equipe
é uma formalidade de qualquer maneira. Não aprendo nada
além de como ser um jogador de equipe. Mais ou menos.

É uma perda de tempo.

Tempo que eu poderia usar para escrever os prós e os


contras de levar Anniston para jantar ou ficar em casa onde
ninguém possa roubar nenhum olhar dela.

É isso aí. Eu deveria pular o treino. Estou com dor de


estômago ou tendinite.

— Von Bremen!

Além disso, eu não teria que lidar com o cheiro de axilas


e suor de bola depois de ser cercado com a loção corporal de
Anniston, que tenho certeza que foi desenvolvida por bruxas
de Salem. Eu estava fora... acontece. A merda faz meu pau se
contorcer toda vez que sinto um cheiro. Não consigo nem
identificar o cheiro exato que me deixa louco. Mas posso dizer
que isso me faz pensar em protetor solar, o que me faz pensar
nela de biquíni. E visões dela de biquíni me levam a esse
caminho de imaginar seus seios por baixo do biquíni, o que
me leva a me masturbar até gozar com a porra do frasco de
loção.

Magia vodu.

Não há outra explicação para isso.

E sim, eu me masturbei para ela. Caramba. Não sou


imprudente.

— Cara.

Alguém bate em mim por trás.

— O que você tem?

Eu não conseguia me virar.

Eu poderia agarrar meu estômago e vomitar. Ninguém


saberia. Ninguém saberia que eu estava fingindo estar
doente. Principalmente Toby.

— McCallister está o distraindo... Fodendo a mente dele.

Ugh. Mas Brody saberia. Você não tem um apanhador


do qual você foi amigo durante todos os quatro anos de
faculdade e ele não percebeu suas mentiras. E já que ele já
está falando merda hoje, eu sei que não vou conseguir acabar
com esse treino sem que ele cause uma cena. Quem dá a
mínima para ele estar certo sobre Anniston bagunçar meus
pensamentos?

Com um suspiro profundo e exagerado, jogo meu


telefone no meu armário e me viro lentamente, levantando
meu dedo médio para que pressione diretamente no peito de
Brody.

— Aww, não seja mau, Von Bremen. Não posso evitar se


McCallister deixa você com bolas azuis todos os dias.

Eu poderia socar Brody no rosto para sair daqui. Não é


apenas uma conduta antidesportiva, mas vai machucar
minha mão de arremesso. Problema resolvido.

Meu olhar se arrasta para o intestino crescente de


Brody, e eu faço uma careta. — Pelo menos eu não estou
comendo meus sentimentos, idiota.

Brody, que nunca aceita minhas merdas, solta uma


gargalhada e me empurra para Toby, que rapidamente
endireita nós dois.

Vergonha.

A queda também poderia ter me enviado para casa.


— Qual é, cara, qual é o seu problema? Não posso
deixar você jogando como merda no campo e dando voltas
extras.

Eu olhei para ele. Eu nunca mais joguei como merda.


Nunca. Desde que o avô de Anniston me ajudou a aprimorar
meu arremesso. E definitivamente não desde que Anniston
assumiu seu lugar e dirige meu cronograma de treinamento
como um técnico de arremessadores da liga principal.

Merda nunca é um termo associado ao meu jogo.

Eu suspiro, sentando no banco. Com a cabeça nas


mãos, admito para o chão:

— Hoje é o aniversário de Anniston e não tenho certeza


do que fazer.

Brody uiva como um animal da floresta. — O playboy foi


arrebatado, — ele grita. — Diga-me, Von Bremen, ela o
segura pelas bolas com uma ou duas mãos?

Quem realmente precisa de amigos? Eles são um pé no


saco.

Cuspo nos pés descalços de Brody debaixo de mim e me


sinto agradavelmente vingativo quando ele pula para trás e
silencia aquele uivo atroz.

Toby ri baixinho da nossa troca e diz:

— O que você tem em mente para ela?


Veja, Toby, eu não sei porra, porque da última vez que
realmente tivemos uma noite tranquila juntos, quase gozei em
meus lençóis que cheiravam como o maldito perfume dela.

Eu gemo. — Eu não sei. É o último aniversário que vou


passar um tempo com ela.

— Bem, bem, ele tem um coração afinal, — diz Brody,


que aparentemente encontrou uma toalha de papel e limpou
o pé.

— Não seja um idiota. — Sério, eu tive alguns dias


ruins. — Você sabe que o aniversário dela é muito importante
para ela.

Quando o sorriso presunçoso de Brody se transforma


em algo solene, imagino que ele se lembre do aniversário de
Anniston também no dia em que sua mãe morreu. Ela não se
esquiva de comemorar seu aniversário, mas nunca se
preocupa com uma festa.

Meu estômago aperta ao pensar que estarei do outro


lado do país jogando um jogo e não sendo capaz de
comemorar com ela. E se ela não comemorar? E se ela
quiser? E se ela comemorar com Thad?

Oh Deus.

— Olha, cara, — diz Brody, me segurando no ombro, —


porque você não a traz para casa, pega um bolo e jogaremos
pôquer. Ela gosta disso, certo?
Ela quer, mas eu meio que queria comemorar com
apenas nós dois.

Eu penso nos sons que ela fez quando gozou sob minha
mão. Talvez Brody esteja certo. Talvez eu não deva mantê-la
só para mim. Coisas perigosas podem acontecer conosco.
Coisas que nunca podemos apagar ou seguir em frente.

Eu esperei tanto tempo.

Não há necessidade de estragar o que temos antes de eu


partir.

Anniston precisa de um homem que a coloque em


primeiro lugar, e por mais que eu queira acreditar que esse
homem sou eu, não sou. Se fosse, eu quebraria meu contrato
e trabalharia para meu pai. Mas eu não posso. Eu
simplesmente não posso.

E só por isso, eu concordo.

— Sim, parece bom. Vou mandar uma mensagem para


ela.

Depois do treino, uma sensação de pavor se instala na


boca do meu estômago.
Eu realmente não quero ir para a casa de Brody esta
noite, mas também não quero tornar estes últimos dias mais
estranhos do que já são. Se fosse no ano passado, teríamos
ido a uma festa. Sempre vamos a festas. Anniston gosta de
sair com os caras e falar merda. Isso não deveria ser tão
deprimente para mim.

Isso é o que fazemos pelo amor de Deus.

— Você chegou em casa mais cedo, — ela grita da porta


da frente. — Eles deixaram você sair do treino mais cedo?

O técnico Anderson sabia que eu estava falando merda


quando afirmei que estava com dor de estômago, mas mesmo
assim me deixou ir.

— Sim, o treinador disse que eu era tão bom que apenas


ocupei espaço no banco de reservas. — Eu bebo a água na
minha mão e engulo. — Ele também disse que eles
precisavam trabalhar mais com os perdedores, então não
havia necessidade de eu ficar por causa de sua falta de
qualidade.

Eu encolho os ombros e luto contra um sorriso, olhando


para o sorriso fraco em seu rosto.

— O que você fez?

Minhas sobrancelhas arquearam em choque. — Estou


falando sério. Eu não posso evitar se todo mundo for uma
merda.
Finalmente, ela quebra a compostura e ri.

Aí está.

Meu maldito lugar feliz.

Exatamente como gosto de terminar meus dias.

Seu corpo ágil se move para a cozinha e me empurra de


brincadeira para longe da geladeira.

— O que você quer comer esta noite?

Você.

— Estava pensando que poderíamos ir a uma festa na


casa do time e depois terminar a noite de folga na casa de
Mae.

Exatamente às 22h02 quando ela fez sua entrada no


mundo.

Eu encolho os ombros para sua expressão confusa. —


Já que é seu aniversário e tudo.

Seu rosto cai ligeiramente.

Ela parece desapontada?

Porra. Eu nunca deveria ter ouvido Brody. Ele não teve


uma namorada desde que mudou para cuecas brancas.

— Quero dizer, se você quiser, — eu corrijo


rapidamente.
Demora um minuto, mas ela finalmente sorri e
confirma: — Sim, parece divertido.

Diversão.

Sim, vai ser uma explosão de merda.


Anniston

Eu tentei não parecer desapontada quando eu mandei


uma mensagem para um amigo, dando os dois bilhetes para
o jogo Braves que eu comprei mais cedo para o meu
aniversário. Achei que seria a última vez que Theo e eu
poderíamos ir a um jogo juntos por muito tempo.

Ele fez outros planos.

E tudo bem. Realmente.

Ok, estou desapontada, mas desde que passemos meu


aniversário juntos, então não importa.

— Ans, você está quase pronta?

Dou uma última olhada no meu reflexo pelo espelho.


Meu cabelo está solto pela primeira vez, em ondas de praia da
moda. Meu short provavelmente é muito curto, mas está
quente 'pra' caralho, então eu realmente não me importo.
Pelo menos eles têm cintura alta e raspam cerca de uma
polegada da minha cintura, então o top de manga longa é
extra lisonjeiro.

— Anniston! — Ele grita novamente. Muito impaciente?


— Estou indo, — murmuro, agarrando minha pulseira
da cômoda e abrindo a porta, quase colidindo com Theo.

— Eu disse que estava vindo, — digo a ele com uma


carranca.

— Você nunca demora tanto para se preparar, — ele


acusa como se suspeitasse que eu estava aqui construindo
uma bomba ou algo assim. Seus olhos percorrem meu corpo
de cima a baixo antes de engolir em seco. — Você está bonita.
— Sua voz é sincera e reverente, e isso me faz querer
confessar.

Eu não quero ir a essa festa. Quero ficar aqui com ele e


comemorar sozinha. Depois da noite em que levamos nossos
limites soltos a um outro nível, estou ainda mais ansiosa com
a partida dele.

Não vou admitir para ele, mas comecei a procurar


faculdades em Washington. Eu sei que você não deve seguir
um homem, mas Theo não é qualquer homem. Ele é meu
homem. Ele está assim há anos e, se eu ficar aqui, vou perdê-
lo.

Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorrio. —


Obrigada, Teddy. Você também não está tão mal.

Não é mentira. Seu jeans cai baixo em seus quadris, e


ele está usando uma camiseta estúpida que Brody comprou
para ele um ano no Natal. Diz: “The king of the backdoor
slider 3 .” Eu rio, já que backdoor slider é um tipo de
arremesso. Um que Theo lança muito bem, mas também é
uma metáfora que ele e seus companheiros usam para anal.
Então eu percebi o quão verdadeira essa camisa é, em mais
de um aspecto.

Eu queria queimá-la.

Eu não fiz, claro.

Posso manter minha loucura sob controle... às vezes.

— Você quer levar meu carro? — Ele pergunta hesitante,


como se estivéssemos em um encontro.

Não. Eu gostaria de ficar aqui. Contigo. Nu. No banho.

— Claro, isso seria ótimo.

Mentirosa. Eu sou uma maldita mentirosa.

A festa está a todo vapor quando chegamos. Em questão


de dez minutos, Theo já bebeu uma cerveja. Ele está
trabalhando na cerveja número dois enquanto está sentado à
minha frente na mesa de pôquer.

3 O rei da porta dos fundos.


Achei que talvez seu mau humor fosse porque ele se
sentiu estranho ao me dar um presente antes. Quando
estacionamos no meio-fio e desafivelamos nossos cintos de
segurança, ele puxou um presente embrulhado pela metade
do banco de trás, colocando-o em minhas mãos.

— Você não pode abrí-lo antes do seu aniversário real,


— disse ele, olhando para o relógio e me informando, — às
22h02 para ser exato.

Eu ri, pensando que ele estava brincando.

Ele não fez isso.

Foi um pouco estranho, então eu balancei a cabeça e


guardei, prometendo esperar.

Theo não é muito bom em comprar presentes, mas


sempre consegue fazer alguma coisa. Mesmo que seja apenas
chocolate ou papel higiênico. Não achei que fosse grande
coisa.

Aparentemente, eu estava errada.

— Sua vez, Von Bremen, — Brody observa, chutando a


cadeira de Theo quando tudo que ele faz é olhar para a mesa
com uma carranca definitiva.

Algo está acontecendo com ele, mas não sei o quê. Ele
tinha planos e meu aniversário atrapalhou? Certamente não.
Theo sempre passou meu aniversário comigo.
— Eu saio, — ele diz secamente, jogando suas cartas na
mesa.

— Que porra é essa, cara? — Brody já acabou com sua


merda. — Nós apenas começamos. Por que você nos disse
para negociar com você?

O olhar de Theo encontra o meu.

Porque eu queria negociar e ele não estava me deixando


sozinha com uma mesa cheia de seus companheiros.

Que porra estamos fazendo?

Por que estamos aqui se ele vai agir como um idiota?


Esta não é a festa de aniversário que eu queria.

Foi ideia dele!

— Eu tinha uma mão péssima, — ele mente, olhando


para o cara ao meu lado. Acho que o nome dele é Rhys. Ele é
um jogador júnior de segunda corda, o que basicamente
significa que pode jogar em várias posições. Os jogadores
utilitários estão em alta demanda nas ligas principais. Não
tanto para as reservas. Embora, com a boa aparência
totalmente americana de Rhys, ele seria um ótimo marketing
para uma equipe em potencial.

Reviro os olhos para o comportamento de Theo antes


que ele se levante, alegando que precisa de outra cerveja.

Ótimo.
É exatamente disso que precisamos – um Theo irritado e
bêbado. Esta noite está indo bem. Olá futuros aniversários,
vamos planejar uma noite tranquila em frente à TV ou na
academia. Qualquer um vai funcionar. Qualquer um é meu
lugar feliz.

— Vamos jogar blackjack já que Theo é bipolar. Pelo


menos os jogos são mais curtos para quando ele precisar
trocar o tampão.

Eu olho para um Rhys sorridente. Ele acena na minha


direção como se ele tivesse acabado de me fazer uma lição.
Parte de mim quer empurrá-lo para o chão pelo simples fato
de que ele está falando merda sobre o meu homem. A outra
parte de mim fica ofendida por ele achar que não posso jogar
pôquer sem Theo.

Quem você acha que ensinou Theo?

Caras, eu juro. Quando eles aprenderão que as


mulheres são melhores na maioria das coisas do que eles? É
ciência.

Brody interrompe minha conspiração grunhindo algo


ininteligível. Ele também não vai tolerar que Rhys fale sobre
seu amigo.

Theo não voltou quando Brody negociou, e eu


brevemente me pergunto se devo ir procurá-lo, mas então
decido que ele pode precisar de um minuto para se acalmar.
— Então, Anniston, — Rhys começa, lambendo os lábios
como um predador total, — o que você vai fazer quando Von
Bremen decolar? — Ele acena com a cabeça para a cozinha
para onde Theo se foi. — Você vai ficar aqui, certo? Vai para a
faculdade de medicina?

Existe um outdoor em algum lugar com uma contagem


regressiva até a partida de Von Bremen?

Eu estreito meus olhos para o homem por quem eu teria


me apaixonado totalmente se Von Bremen nunca tivesse
entrado em minha vida. Embora, eu possa precisar ajustar
meus padrões depois que ele for embora.

— Umm, estou voltando para minha casa em Madison,


minha cidade natal, — eu admito com um encolher de
ombros de bebê. É a cidade natal de Theo também. Vou ficar
presa sozinha em uma cidade onde as memórias serão
densas e ricas com nossa história.

Rhys acena com a cabeça. — Que tipo de médica você


quer ser?

Por favor, Rhys, poupe nós dois dessa terrível conversa


fiada. Segurando um encolhimento, sorrio e respondo como
Grace gostaria. — Medicina esportiva.

Uma carreira trabalhando com os atletas dos esportes


que tanto amo.

— Isso é legal.
Sim, muito legal, Rhys.

De pé, tento não parecer desinteressada por nada que


ele tenha a dizer. — Se você me der licença, eu preciso checar
Theo.

Brody é rápido para me responder, seus olhos correndo


para a cozinha. — Ele está bem. Só está pegando outra
bebida. Sente. Vamos jogar.

Uh, não vamos rastrear os sons das risadas vindo da


cozinha até encontrarmos a fonte.

É uma garota que eu não vi antes.

— Vanessa é irmã de Seth, — Brody fornece.

Eu não me importo se ela é irmã de Madre Teresa. A


maneira como as mãos dela estão esfregando seu peito me
deixa furiosa.

Acalme-se, Anniston. Acalme sua bunda louca.

Vocês são amigos.

E daí se ele te ajudou a gozar com tanta força que você


viu estrelas? E daí se você o ama?

E daí se ele está indo embora? Ele nunca lhe fez


nenhuma promessa. Você foi a única esperando muito por isso.

Isso é o que acontece quando você pensa que encontrou


sua alma gêmea aos quatorze anos.
Desapontamento.

Uma mão quente pousa em meu braço enquanto vejo


Theo parado ali, com as mãos nos bolsos, enquanto Vanessa
se aproxima o suficiente para babar na minha maldita
covinha.

Espero que seu hálito cheire a buraco negro.

— Quer sair daqui?

Eu me viro e olho para a mão bronzeada na minha pele.


Eu fico olhando para aquela mão como se ela tivesse todas as
respostas do mundo.

Talvez sim.

Talvez seja o empurrão de que preciso.

Theo e eu somos amigos.

Somente. Porra. Amigos.

Foi estúpido tentar construir qualquer coisa com Theo


quando ele está prestes a partir.

Lentamente, eu levanto meu rosto e encaro os olhos


verdes de Rhys. Ele é fofo. Ele é tagarela. Pelo menos não vou
passar meu aniversário sozinha.

— Sim. — Eu suspiro. — Eu quero sair daqui.

— Anniston... — Brody começa, tentando acalmar a


situação.
Mas estou feita. Muito feita.

— Obrigada por me receber, Brody. Vejo você por aí.

Ignorando seus apelos para ficar, deixo Rhys me puxar


pela porta da frente de seu jipe estacionado no meio-fio.

— Rhys! Se você der mais um maldito passo, vou


quebrar a porra da sua perna.

Minha cabeça cai para frente ao som de sua voz. Eu


sinto que tenho uma chicotada. Esse vaivém é exaustivo.

— Vou garantir que ela chegue em casa, Von Bremen.


Aproveite as lembrancinhas.

Má jogada, Rhys.

Theo desce os degraus – onde ele conseguiu um morcego


– e come o espaço entre nós. Seus olhos são duros e
implacáveis.

— Entre na porra do carro. Vamos para casa.

É o quê?

— Rhys pode me levar para casa. Você bebeu.

E você me irritou.

— Anniston, ninguém tem tempo para sua mesquinhez.


Entre no maldito carro!

Meu coração. Simplesmente parou.


Estou sendo mesquinha ao partir? Estou sendo
mesquinha porque me sinto traída pelo meu melhor amigo no
meu aniversário?

Ele está sendo mesquinho por não me permitir salvar a


noite e ir embora com Rhys?

Eu acho que não importa. Esta noite foi uma merda.

Eu limpo o nó que bloqueia minhas vias respiratórias e


mantenho minha cabeça erguida e encontro o olhar furioso
de Theo, sua mandíbula apertando com uma raiva mal
contida.

— Eu não quero ir para casa com você, Theo.

Ele recua como se eu tivesse batido nele. Sua cabeça


inclina para o lado e sorri como algo selvagem.

E então eu choro.

Tentei segurá-lo, mas nada, nem mesmo beliscar minha


mão, o fez parar.

— Deixe-me ir, Theo. Deixe-me sair com Rhys.

Uma respiração áspera sai quando o choque do que eu


disse se instala.

Não acredito que disse isso sozinha.

Rhys tem estado quieto até agora, e o idiota que ele é


decide agora é a melhor hora para intervir. — Vou levá-la
para casa em segurança, Theo.
Isso o deixa chocado, e ele desliza para trás de seu eu
idiota de marca registrada.

— Você sabe o que pode fazer, Rhys? Você pode levar


sua bunda abaixo da média de volta para dentro de casa e
cuspir palavras de merda para o resto das garotas ingênuas
lá dentro. Esta... — Ele olha para mim, sua boca apertada
nos cantos. — ...é minha.

Se eu simplesmente não sentisse que fui submetida a


um moedor de carne, seria capaz de apreciar que ele disse
que eu era dele. Em vez disso, escolho com o fato de que ele
pensa que sou ingênua e não posso funcionar sem ele.

Quando eu me tornei aquela garota? Quando toda a


minha vida girou em torno de uma pessoa?

Eu ouço passos atrás de mim, e então, quando Rhys


passa, ele murmura um odioso:

— Idiota. — Quando Rhys está dentro de casa, os


ombros de Theo caem e ele joga o taco no chão. — Ans, — ele
sussurra, mas é tarde demais.

É muito tarde para um pedido de desculpas.

— Eu só quero ir para casa.

Ele suspira, passando as mãos pelos cabelos e acena


com a cabeça, tirando as chaves do bolso.
— Estou dirigindo, — digo a ele. Ele bebeu muito. Eu
não dou a mínima para o quanto ele ama seu carro; ele não
está dirigindo bêbado.

— Ok, — ele admite baixinho, passando-me as chaves.


Caminhamos em silêncio até o carro e, quando eu ligo,
seguimos no mesmo silêncio até que estaciono, subo as
escadas e chego à porta do meu quarto.

— Eu, — ele começa.

— Não diga que você está arrependido, — eu grito. —


Nós dois sabemos que você estaria mentindo.

Ele concorda.

Eu sabia que ele não estava arrependido.

— Boa noite, Theo.

Abro a porta e sua voz torturada me para. — Espere, —


ele implora.

Eu terminei com este dia. Então. Droga. Feito.

— O quê, Theo? O que é tão importante que não pode


esperar até de manhã?

Ele engole, sua garganta trabalhando com força antes de


olhar para o relógio. — São 10:02.

Filho da puta.

Não faça isso. Não me faça amá-lo mais do que já amo.


Ele enfia na minha mão o mesmo pacote que me deu no
carro.

— Só saiba, você sempre será minha garota.

Eu não posso lidar com isso.

— Feliz aniversário, Anniston.

As malditas lágrimas estão de volta, pingando no terrível


embrulho que ele fez com o jornal da escola.

Tento engolir, mas quando falho, deixo ir. — Boa noite,


Teddy.
Theo

Na manhã seguinte, eu me sinto como merda. Uma


grande e fumegante pilha de merda. E Thad fica feliz em me
lembrar disso com um fluxo constante de mensagens.

Thad: O que você fez?!

Thad: Ela não está respondendo!

Thad: Brody disse que você agiu como um idiota. Theo,


fale comigo!

Thad: Não acredito em você. Era o aniversário dela!

Thad: Você não a merece.

Ele tem razão. Eu não a mereço. Especialmente depois


do que eu deixei acontecer na noite passada. Mas é isso, eu
nunca a mereci. Nunca. E, no entanto, ela me ama de
qualquer maneira. Eu sei que ela quer. Mas estou tentando
fazer a coisa certa. Estou tentando libertá-la, mesmo que não
queira.

Eu odiei passar seu aniversário na casa do time. Eu


odiei compartilhá-la com todos aqueles outros caras. Então
eu tentei beber. E quando Rhys continuou olhando para os
seios dela, eu tive que me levantar ou eu iria nivelar sua
mandíbula com o taco de beisebol de Brody.

E então a porra da Vanessa teve que se juntar às


festividades.

Não consigo nem lembrar o que ela disse. Tudo o que


pude fazer foi olhar para Brody e Rhys, que estavam a
segundos de ter que se masturbar no banheiro porque
Anniston cheirava muito bem.

E... ela usava os shorts.

Sempre que ela usa aqueles shorts, ela chama a


atenção.

Toda. Maldita. Vez.

Eles são seu amuleto da sorte.

O ás na manga.

Seu precioso.

E ela os usou na noite passada no meio dos meus


companheiros de equipe com tesão. Eu não pude lidar. Eu
não poderia lidar com isso, porra. Em absoluto.

Então eu entretive as divagações de Vanessa. Eu a


deixei invadir meu espaço pessoal e deixar Anniston com
ciúmes como se ela estivesse me deixando. Devo deixá-la ir e
não posso.

Eu tentei.
Tentei agir como se fôssemos apenas amigos. Tentei ver
se Vanessa deixava meu pau duro.

Ela não deixou.

A única coisa que ela fez foi ficar no meu caminho


quando Rhys pensou que ele estava prestes a levar minha
garota para casa e ter sorte.

Sem chance.

Não enquanto eu ainda estiver aqui.

Então, foda-se Rhys.

Foda-se todo o time de beisebol que pensa que vai dar


um pulo na minha garota quando eu sair.

Não está acontecendo.

Levantando-me e optando por ignorar as mensagens de


Thad, coloco um moletom e uma camisa semi-limpa,
enquanto espero por Anniston na cozinha. Ela tem que me
perdoar depois do presente de aniversário que fiquei
obcecado por meses.

Ela tem que me perdoar, certo?

Suspirando, sirvo uma xícara de café para Anniston do


jeito que ela gosta. A ansiedade passa por mim enquanto os
minutos passam e a porta do quarto dela nunca abre. A parte
irracional de mim quer invadir sua porta e dizer que ela está
sendo ridícula. Brigamos o tempo todo. Ontem à noite
esquentou um pouco, mas não foi isso que eu quis dizer. Eu
estava errado; eu sei disso. Eu a envergonhei – fiz com que
ela se sentisse indesejada e não amada. Ela deveria saber que
não é. Não posso voltar atrás em minhas ações ou nas
palavras que deixei livres.

Sinto muito pelo que fiz.

Quando ouço as observações que os caras fazem sobre


ela... não consigo lidar com isso. A raiva me vence, e tudo que
quero fazer é agarrá-la e correr. Fugir para as montanhas ou
fazer uma viagem improvisada para que os caras a esqueçam.
Inferno, eu até a apoiaria se ela quisesse usar roupas largas.
Mas isso é ilusão. Anniston é inesquecível. Eu sei disso, e
agora os caras estão mudando, já que estou muito perto de
me formar.

Eu esfrego a mão no meu rosto e faço uma carranca


para a porta ainda fechada.

Não faça isso, Ans. Não me deixe.

Incapaz de lidar, jogo sua xícara de café agora frio na


pia e ouço a xícara quebrar. Eu paro, ouvindo o clique da
porta para ver se ela sai para gritar comigo.

Ela não sai.


— Sr. Von Bremen, posso vê-lo por um momento?

Filho da puta.

Eu aceno para o Professor Cline e coloco meu laptop na


minha bolsa com mais força do que o necessário. Depois que
Anniston acabou com nossa corrida juntos pela primeira vez
em anos, meu dia foi uma merda. Tudo deu errado. Primeiro,
o shampoo acabou e tive que usar o dela. Agora, tudo que
posso sentir é o cheiro dela, e isso está me deixando louco.
Como se isso não fosse punição suficiente, esqueci meu
shake – porque Anniston não o fez, porra! – e estava
morrendo de fome. Então eu pensei, foda-se, hoje foi difícil de
qualquer maneira, e comprei um donut com recheio de geleia,
que eu prontamente derramei na minha camisa. Tive que
colocar minha camiseta de treino suja de ontem porque,
novamente, Anniston não trocou minha bolsa!

E agora, para fechar o dia de merda, o Professor Cline


precisa me ver depois da aula. Já sei do que ele quer falar e
não estou com vontade. Isso tudo é culpa de Anniston. Claro,
eu disse alguma merda maldosa e a fiz se sentir como uma
DST no coro de uma igreja, mas, sério, ela sabe que não foi
isso que eu quis dizer. Meu temperamento sai do controle às
vezes. Esta não é a primeira vez que isso acontece.
O Professor Cline limpa a garganta e eu percebo que
todos saíram, deixando nós dois. De má vontade, desço
pesadamente os degraus até a frente da sala, onde a mesa
dele fica ao lado. Eu deslizo minha bolsa para o chão, certo
de que esta não será uma conversa curta.

— Você queria me ver, senhor?

Estou desconfortável, ok? Sempre que um professor


quer discutir minha condição, fico com urticária. Talvez ele
não queira falar sobre meu TDAH? Talvez ele queira me dizer
que não aprecia minha falta de disciplina esta manhã e quer
que eu ajude a dar aulas na próxima semana. Poderia
acontecer.

— Sim, — ele começa, baixando os óculos e olhando


para mim.

Ele não quer que eu dê uma aula.

— Eu queria falar sobre o seu teste esta manhã.

Eu aceno, permanecendo indiferente como se não


tivesse ideia de por que ele quer falar sobre o meu teste. Eu
apareci para a aula, participei do teste e até o entreguei. Se
você realmente pensar sobre isso, eu resolvi minha merda
hoje. Eu realmente não vejo um problema.

Quando o Professor Cline percebe que não vou ser um


grande contribuidor para essa conversa “não sou bobo” ele
suspira e tenta novamente. — Theo, você parecia muito... —
TDAH? Hyper? Puto? Perdido ‘pra’ caralho? — ...distraído
esta manhã.

Distraído é uma boa maneira de dizer. Estou um caco de


merda. Brigar com Anniston tem uma maneira de desgastar
minha alma – desvendá-la lentamente para que me lembre
quando eu partir para Washington, não vou manter mais que
um fio comigo. Tudo isso permanecerá aqui, enrolado no
dedo de Anniston. Estarei perdido e sem a única pessoa que
já se importou comigo.

— Sim, senhor, — murmuro, mascarando o


agravamento com uma tosse. — Tive uma manhã difícil e
esqueci meu remédio. — Porque Anniston não abriu a
maldita porta!

O professor me olha como se ele também entendesse


que a culpa é de Anniston.

— Que tal você voltar amanhã e retomá-lo? Vou calcular


a média das duas pontuações. — Ele franze a testa, coçando
a barba. — Eu odiaria ver todas as suas notas diminuindo no
final do seu último ano.

Eu realmente não dou a mínima, mas as notas


significam muito para Anniston e meu pai, então eu trabalho
duro para deixá-los orgulhosos.

— Isso seria ótimo, senhor. Obrigado.

Professor Cline sorri, as linhas de sua testa


proeminentes, e se levanta, estendendo sua mão para mim.
— Você foi uma mudança revigorante em minha classe este
ano, Sr. Von Bremen. Desejo-lhe sorte nas ligas menores.

Eu aceno, engolindo a bola de pavor que se instala no


meu estômago. A data na minha passagem aérea é um
lembrete constante do que estou deixando para trás.

— Obrigado, senhor.

Sim, é tudo o que posso dizer.

Eu quero sair desta sala.

Eu quero sair desta escola.

Eu quero ir para casa, pegar minha garota e sacudí-la.

Ela merece isso.

Eu não a sacudo.

Ela nem está em casa quando eu chego. Isso me irrita


ainda mais. Então, ao invés de pegar o caminho certo e
estudar ou fugir da agressão, eu bebo.

Sou um homem simples.


Uma cerveja se transforma em quatro, e como eu não
comi – de novo, por culpa de Anniston – estou com um bom
burburinho acontecendo quando ela finalmente me agracia
com sua presença. A porta se fecha suavemente e eu
continuo olhando para a TV como se não a ouvisse entrar.

— O que você está fazendo em casa? Você não tinha


treino?

Sim. Estraguei tudo.

Novamente, culpa dela.

Não respondo e, em vez disso, tomo um gole de cerveja.

Com o canto do olho, eu a vejo colocar sua bolsa sobre a


mesa e pegar o teste que eu fiz.

— Você falhou no seu teste de economia?

E o prêmio para a pessoa mais observadora nesta sala


vai para...

— Theo.

Seu tom vai de suave e preocupado a duro e zangado.


Bom. Eu a quero com raiva. Eu quero que ela se sinta como
eu.

— Você está planejando me ignorar o dia todo?

Sim. Sim, eu estou. Você gosta, Anniston? É uma merda,


não é?
Eu aumento o volume da TV, propositalmente abafando
o suspiro que ela dá para o meu benefício. O próximo gole de
cerveja desce amargamente. Eu odeio ser um idiota com ela,
mas caramba, ela começou isso. Ela estragou meu dia inteiro
por estar com raiva de mim. Anniston sabe que eu ajo como
um idiota quando ela está perto de outros caras. Merda. Por
que ela acha que não é convidada para sair com muita
frequência? Todos nesta cidade sabem que ela é minha.

Sim, eu não a mereço.

Mas sou egoísta e não dou a mínima para o que os


outros pensam. Eu a quero, e quando eu puxar minha
merda, eu a terei. Só não agora.

A porta bate, e eu percebo que minha tática de abafar


qualquer tentativa de falar comigo funcionou muito bem.

Muito bem, Theo. Mijou nos últimos dias que você teve
com ela.

Argh!

Meus dedos apertam o gargalo da minha cerveja. Eu


quero jogar o filho da puta na cozinha. Tenho certeza de que
posso colocá-lo na pia. A quebra me fará sentir melhor.

Mas eu não quero.

Não me pergunte por quê.

Talvez eu esteja cansado de agir como um idiota, tendo


acessos de raiva quando Anniston não vê as coisas do meu
jeito. Ou talvez eu não queira limpar a bagunça que faria
jogando a garrafa. Não apenas com o vidro, mas entre
Anniston e eu. Algo se incorporou ao nosso relacionamento e,
francamente, estou curioso e com medo de ver aonde isso nos
leva.

Meu corpo, tenso de ansiedade, flexiona quando eu


dobro meus joelhos e fico de pé. Sim, estou jogando a garrafa
fora como um bom menino. Alguém deveria contar a
Anniston. Eu poderia usar alguns elogios agora. Meu humor
é uma droga.

Passando pela mesa, vejo meu teste me encarando, mas


uma coisa é diferente. Meu nome, rabiscado em tinta azul,
está manchado como se alguém tivesse derramado algo nele
ou alguém estivesse... chorando.

Foda-me.
Anniston

Annston

Ele fez para mim um livro de memórias com todas as


fotos antigas. Dezenas de fotos espalharam as páginas da
maneira mais desorganizada. Não havia legendas engraçadas
ou sentimentos doces. Apenas fotos. O máximo que pudesse
caber nas páginas.

Foi uma bagunça completa.

Mas destruiu minha alma.

Porque atrás, rabiscado em sua caligrafia terrível, havia


um bilhete.

Ans,

Eu sei que você nem sempre gosta de comemorar seu


aniversário. Então, eu fiz para você um livro que celebra algo
diferente.

Este livro marca todos os anos que você atura minhas


merdas.
Todos os anos, quando eu era um idiota – o que foram
muitos.

Todos os anos quando você me fez rir, e todos os anos eu


segurei as lágrimas porque você precisava que eu fosse forte.

Sim, este livro é sobre mim.

Estou brincando.

Este livro é para lembrá-la de como você é


verdadeiramente maravilhosa. Como você é realmente incrível.

Você não se dá crédito suficiente, querida.

Mas eu vejo a mudança.

Todos os dias, vejo você desabrochar na mulher da qual


sua mãe e seus avós se orgulhariam.

Você é minha maior inspiração.

Você é a porra da Katniss Everdeen.

Que você sempre se lembre do que significa para mim.

Feliz aniversário meu amor.

Theo

Chorei por horas olhando aquelas fotos. Não havia


corretivo suficiente na farmácia para cobrir aquelas bolsas.
Ele me fez um livro de memórias. Nessas páginas havia fotos
de quando tínhamos quatorze anos até recentemente. Ele
quer que eu me lembre dele quando ele for embora.

Em algum lugar entre correr sozinha e encontrar seu


exame no balcão me fez perceber algo.

Falhamos.

Não no sentido de um exame, mas em nossa amizade.


Eu falhei com ele. Ele sempre esteve lá para mim e não
importa o que aconteceu na noite passada, eu o decepcionei.
Claro, ele agiu como um idiota real, mas eu sabia que quando
vi o café espirrado na pia esta manhã, ele lamentou.

Não entendo por que fazemos isso um com o outro. Por


que enterramos esses sentimentos até que transbordem e não
possamos impedir a explosão que se espalha? Eu sabia que
sair com Rhys irritaria Theo e, para ser completamente
honesta, queria deixá-lo furioso. Ele me irritou também.

Mas ser mesquinha não deveria ser a resposta. Abri um


portal que sabia que ele iria pular. Ele acha que eu não o vejo
lançando um olhar mortal para seus companheiros de time
toda vez que eles olham em minha direção, mas eu vejo. Eu
vejo. E depois de nossa noite juntos, pensei que as coisas
mudariam entre nós. Mas elas não mudaram. Tudo voltou a
ser como era.

Eu estava com raiva.

Eu estava ferida.
Eu estava com o coração partido.

Eu fui uma tola.

Tudo o que Theo e eu somos é amigos. Eu deixei minha


cabeça aparecer nas nuvens e tentei arruinar a amizade que
construímos ao longo do tempo. Ele não é meu namorado.
Não tenho o direito de deixá-lo com ciúme. Ok, então eu faço
um pouco. Sou eu que lidei com a merda dele todos os dias
nos últimos oito anos. Sim eu. Não Kim do time de softball ou
Rachael da Sigma Kappa Blah-Blah. Fui eu. Tudo eu. Von
Bremen, queira ele admitir ou não, é meu. Ele foi há oito
anos, e ele é agora. Kim e Rachael são apenas distrações da
verdade. Ele é meu. Ele sabe isso. Eu sei isso. E estou
cansada disso.

Pensando no homem me ignorando de propósito no sofá,


tiro minha camisa, coloco meu sutiã esportivo e uma de suas
camisas velhas e coloco uma legging. Eu sei do que
precisamos, e agora, precisamos do que nos uniu em
primeiro lugar.

Beisebol.

No corredor, pego sua bolsa de morcego e coloco seu


chapéu. Eu olho para o lado, e quando eu largo a bolsa aos
meus pés na sala de estar, sua cabeça se levanta, seus olhos
vagando por todo o meu corpo. Eu vejo a necessidade em
seus olhos.

— Pegue suas merdas, Von Bremen.


Ele não diz nada à minha exigência, mas ele ergue uma
sobrancelha e reprime o quase sorriso que ele quase solta.

O que eu disse? Nós precisamos disso.

— E se eu não estiver de bom humor? — ele provoca.

— E se eu bater em você com este bastão por me dar


nos nervos mais do que o necessário hoje?

Um sorriso lento puxa o canto de seus lábios carnudos e


cheios, e isso dispara direto para o meu coração, me fazendo
sentir pior por não ter falado com ele esta manhã.
Poderíamos ter nos poupado uma tonelada de estresse hoje.
Mas então eu teria perdido esse sorriso, então acho que valeu
a pena em alguns aspectos.

— Você tem dois minutos para se trocar antes de eu sair


sem você.

Ele age casualmente enquanto se levanta do sofá como


se não desse a mínima se eu o deixar ou não. Seus
antebraços cortados flexionam quando ele os desliza para o
bolso da frente de sua calça jeans antes de pisar frente a
frente comigo.

— Eu ainda tenho alguma roupa para trocar? — ele


murmura com um brilho vitorioso nos olhos.

Eu zombo. — Não se iluda. Todas as minhas roupas


estão sujas. — Reviro os olhos para esconder meus
verdadeiros sentimentos – adoro usar as roupas dele. Eu amo
seu sobrenome pendurado nas minhas costas. Tola, eu sei,
mas é como me sinto.

Ele cantarola e sorri, passando por mim. — Eu farejo


besteira.

— Você está prestes a cheirar besteira quando eu


colocar meu pé em sua bunda. Apresse-se, Von Bremen,
antes que eu perca a paciência.

Pelo amor de Deus, afaste-se de mim antes que eu te


abrace e diga que sinto muito por não ter corrido com você
esta manhã.

Finalmente, ele se retira para seu quarto para se trocar


e eu sou capaz de acalmar meus hormônios. Sério, por que
estou tão emocionada hoje? Theo e eu brigamos o tempo
todo. Somos dois alfas; nós sempre batemos cabeça.

Você sabe por que, grita a parte estúpida do meu


cérebro.

É porque ele está prestes a me deixar... e talvez porque


eu o ame mais do que como um amigo.

Antes que eu possa analisar totalmente minhas


emoções, Theo dispara pelo corredor, pegando sua sacola de
morcego do chão e se dirige para a porta, jogando por cima do
ombro, — Vamos, McCallister, vamos começar a fazer isso.

E assim, estamos de volta ao nosso antigo eu.


— Fora!

Dou aos dois calouros um sorriso de desculpas


enquanto eles juntam seus equipamentos rapidamente e
saem das gaiolas de batedura como se suas bundas
estivessem pegando fogo.

— Você não precisava fazer com que eles saíssem, — eu


argumento com o idiota que está enchendo duas máquinas
de lançamento com moedas. Ele para de repente e se vira
para me encarar.

— Sim eu precisava. — Ele me lança um olhar feio que


me faz querer jogar uma bola em seu rosto bonito. — Eu não
preciso de nenhuma testemunha para o que estou prestes a
dizer a você, McCallister.

Então é assim, não é?

Ele tem algo a dizer, hein? Bem, eu também.

Pego um taco de sua bolsa e desisto de um capacete. A


merda está prestes a ficar real aqui.

— Tudo bem, Von Bremen, vamos resolver isso. — Eu o


empurro para fora da minha gaiola e prendo a trava. Por um
momento, apenas olhamos um para o outro, separados
apenas por uma cerca ligada por corrente. Seus olhos azuis
são ferozes, como se ele não conseguisse decidir se quer me
sacudir ou me abraçar. Ele se contenta com um rosnado e
um taco, assumindo seu lugar alguns segundos depois na
caixa do batedor.

— Prepare-se. — Ele acena para a máquina em aviso.

Eu rolo meus olhos, endireitando meus ombros e


ajustando minha postura. Antes de a primeira bola ser
lançada para fora da máquina, eu brevemente me pergunto
em que velocidade ele colocou meus arremessos.

Quando a primeira bola passa perto do meu rosto, eu


salto para trás. Obviamente, ele definiu meus arremessos tão
rápido quanto o dele. Mas enquanto eu perdi o primeiro
arremesso, Theo não. O estalo de seu bastão ecoa ao ar livre.

— Você é um idiota, — digo em voz alta, me preparando


para o próximo arremesso e perdendo-o.

— Isso não deve ser uma surpresa para você.

O som da madeira fazendo contato com a bola e seu tom


espertinho me fazem cerrar os dentes.

— Sim, Theo, eu sei que você tem tendências idiotas. No


entanto, você foi especialmente cruel na noite passada. Você
não tinha o direito de falar comigo desse jeito. Eu não sou
sua propriedade pessoal.

Outra bola bate na cerca, mas ele não responde, o que


só me dá vontade de discutir mais com ele.
Esqueço de bater na bola, eu me viro para o lado dele na
cerca e bato meu bastão contra ela. Ele nem mesmo recua.

— Theo!

Uma bola rápida passa zunindo por ele e ele erra pela
primeira vez. Em retrospecto, eu deveria ter visto sua reação
chegando, mas quando ele bate com o bastão contra a cerca,
seu peito arfando com cada respiração, percebo que liguei
seu botão figurativo.

Seus dedos se enroscam na corrente e ele quase rosna:

— Rhys ia te foder no colchão comunitário naquela


merda de uma casa em que ele mora. É isso que você queria,
Anniston? Para chafurdar em todos os fluidos das mulheres
antes de você? É isso que você queria?

Sua voz aumenta, e ele bate o bastão contra a cerca


novamente, fazendo-me estremecer.

— Eu posso cuidar de mim mesma, — eu digo


calmamente. Theo precisa relaxar, porra; seu rosto está
vermelho e ele parece que poderia destruir propriedades com
o bastão na mão.

Uma risada maligna se infiltra no ar úmido, agarrando-


se na minha nuca.

—É mesmo? — Ele zomba, destrancando o portão e


abrindo caminho para dentro. Sua bochecha se contorce com
uma raiva mal controlada, e eu dou um passo para trás
instintivamente. — Diga-me, Anniston, — ele zomba, me
pressionando contra a cerca, as bolas rápidas passando
zunindo por sua cabeça como pequenos foguetes. — Diga-me
o que você teria feito se Rhys a tivesse nesta posição.

Antes que eu possa digerir suas palavras, Theo me


empurra contra a cerca, seus quadris me prendendo ao metal
duro. Ele solta o taco, agarrando meu quadril com uma mão
e meu queixo com a outra.

— Lute comigo, Anniston. Mostre-me como você teria


lutado contra ele.

Um barulho estúpido me escapa. Maldito seja.

Droga.

Ele.

Tento empurrá-lo para longe, mas ele é muito forte e não


consigo tração.

— Bem! — Eu grito com o sorriso estúpido em seu rosto,


mas ele não me deixa ir. — Eu sabia que você viria atrás de
mim, — eu admito, batendo-o no ombro. Eu odeio que ele me
deixe louca. Eu odeio me importar se ele sai com outras
garotas. Eu odeio que eu o amo e não tenho certeza se ele
sente o mesmo.

Lágrimas escorrem do canto dos meus olhos, mas não


as deixo cair. Nem mesmo quando ele franze a testa.

— Você queria que eu fosse atrás de você?


Eu concordo.

É a verdade. Eu queria machucá-lo como ele me


machucou, mas agora eu acabei de admitir que era uma
colega de quarto ciumenta, meu coração afunda até os dedos
dos pés. O que eu estou fazendo? Estou realmente prestes a
dizer a Theo que estava com ciúmes por ele estar com
Vanessa?

— Eu, uh... eu estava, — “Loucamente apaixonada por


você” — Hormonal. E cansada. — Dou um tapinha no peito
dele e o forço para o lado, para que ele não volte para os
campos. — Eu sinto muito. Eu sabia que Rhys era um idiota.
Acho que só estava machucada. Não era assim que eu queria
passar meu aniversário. Sinto muito por preocupá-lo.

Suave, Anniston, muito suave.

Theo parece atordoado, coçando o queixo e passando


uma mão frustrada pelo cabelo.

— Como você queria passar o seu aniversário?

Eu encolho os ombros. — Eu queria ir assistir aos


Braves uma última vez com você. — Eu encolho os ombros
novamente. — Acho que isso não importa agora. —
Agachando-me, pego seu bastão e levanto meu queixo para a
máquina de bolas. — Você quer bater um pouco mais?

Ele balança a cabeça, uma carranca firmemente


plantada em seu rosto.
— Eu sinto muito. Eu deveria ter corrido com você esta
manhã, — acrescento. O morcego pesa em minhas mãos e a
culpa por seu teste me atinge. — Eu deveria ter estudado
com você e lembrado de tomar seu remédio esta manhã.

O taco sai da minha mão antes de ser substituído por


seu calor.

— Olhe para mim, — ele exige.

É difícil porque as lágrimas realmente querem cair, mas


eu seguro firme e as mantenho seladas onde elas pertencem e
levanto minha cabeça para encontrar as profundidades
preocupadas de seus olhos azuis.

— Sinto muito por ser um idiota e fazer você se sentir


como uma garotinha incapaz de se defender sozinha. Eu
estava tão preocupado com você, e pensando em Rhys...

Sua boca é como um semi-reboque disparando pela


rodovia quando bate na minha. Este beijo não é suave. É
raivoso e brutal. Nossos dentes se chocam e nossas línguas
lutam pela vantagem. E então tudo acaba tão rápido quanto
começou.

Maldito seja, Von Bremen.

Ele dá um passo para trás, seus lábios molhados com a


evidência de que nós, de fato, apenas nos beijamos. E pelo
jeito que sua mandíbula está funcionando, ele quer fazer de
novo.
E de novo.

Até que estejamos nos contorcendo e nus um debaixo do


outro.

Ok, eu não sei disso. Estou apenas assumindo que ele


se sente igual a mim agora – com muito tesão.

Paciência, Anniston.

— Você realmente achou que eu deixaria Rhys me foder?


— Eu pergunto, esperando mudar de assunto e nos acalmar.

Sério. Rhys fodeu tudo com um piscar de olhos, e


mesmo isso pode ser um exagero. Algumas das garotas
saindo da casa da fraternidade parecem que vão explodir em
chamas sob a luz do sol.

Theo suspira, mexendo com a pulseira de tecido em seu


pulso.

— Eu prometi a Hines que sempre cuidaria de você.

Não faça barulho, mesmo se você quiser dar um tapa nele


e correr para o carro e deixar seu rabo atencioso. É realmente
por isso que ele veio atrás de mim? Porque ele prometeu ao
meu avô que sempre cuidaria de mim? Ele não veio porque
odiava me ver com outro homem?

Suspirando, coloco um sorriso falso no rosto e toco em


seu ombro.

— Ele ficaria muito orgulhoso de você.


É verdade. Theo era o neto que Hines sempre quis. É
apenas… não importa. Theo nunca vai admitir que me ama, e
talvez eu esteja errada. Talvez eu tenha interpretado mal toda
esta situação. Talvez ele seja realmente um grande amigo e,
em alguns dias, vou perdê-lo de qualquer maneira.

Então, realmente, se eu pensar sobre isso, dizer a Theo


como eu realmente me sinto não seria tão terrível, seria?

Claro que sim. Quantos filmes nós vimos em que


melhores amigos arruínam seu relacionamento ao cruzar a
linha? Mesmo assim…

— Hines teria batido na sua bunda, e na minha, se


soubesse o que fizemos nos últimos quatro anos de escola, —
ele reflete, uma pequena risada retumbando em seu peito.

Eu encolho os ombros. Tecnicamente, não cheguei nem


perto da quantidade de pecados que Theo fez.

— Eu sinto que ele iria bater mais na sua bunda, — eu


digo, sorrindo antes de acrescentar, — Eu meramente flertava
com o pecado. Você abriu o zíper da calça, se masturbou com
ele e depois o tirou enquanto tocava sua irmã.

Seu rosto se contrai como se ele tivesse provado algo


desagradável. — Essa é a metáfora mais idiota que já ouvi.

— Não me importo. É a verdade.

Cem por cento verdade. Theo sempre foi o bad boy com
o centro pegajoso.
— Tanto faz, — diz ele inalterado. — Eu sinto muito
mesmo. Eu não deveria ter dito essas coisas para você. Eu fui
um idiota. Me perdoa?

Claro que o perdoo. Não é a primeira vez que ele diz algo
maldoso, mas ele está escondendo o que realmente quer
dizer.

Eu acho.

— Claro. — Eu estendo minha mão, e ele a afasta com


um olhar feroz.

— Você está mentindo, — ele acusa categoricamente.


Um barulho exasperado me escapa, mas ele o interrompe. —
Eu conheço você, Anniston McCallister. Melhor do que você
mesma.

Ele está realmente alcançando agora.

Se ele realmente me conhecesse, então saberia que o


perdoo. Esse não é o problema aqui. O problema é que ele é
um pequeno mentiroso. Theo Von Bremen não me arrancou
de Rhys para meu avô.

Ele fez isso por motivos egoístas.

Razões, que eu pretendo usar para conseguir o que


quero.

— Eu não estou mentindo. Eu disse que te perdoo e,


para provar isso, você pode pagar o jantar esta noite.
Ele me olha com desconfiança, mas começa a empacotar
nosso equipamento.

Eu o vejo me observando. Ele sabe que estou tramando


algo.

E ele está certo.

É hora de descobrir o quão duro você tem que jogar na


zona de amigos para chegar a todas as bases e marcar.

Duas saladas e dois banhos depois, Theo e eu voltamos


à nossa rotina de relaxar no sofá assistindo a filmagens do
jogo. Passei a viagem inteira debatendo sobre a hora certa de
pedir meu favor a ele.

Eu decido que não havia tempo como o presente.

Preciso que ele saiba que não quero mais ser sua amiga.
É simples assim.

— Theo, — eu digo, pausando o jogo.

Ele se vira, captando meu olhar.

— Hmm?

Você pode fazer isso, Anniston. Apenas diga a ele.


— Eu sou virgem.

Lá. Vê? Nada.

Exceto que Theo faz um som estrangulado.

— Ok, — ele fala arrastado, seu rosto parecendo rosado.


— Por que você está me contando isso?

Essa é a questão, não é?

— Porque eu quero que você tire minha virgindade.

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