Aula 5 - Gestalt Terapia

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AULA 4

TEMA: Gestalt-Terapia

Introdução

A Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterapêutica humanista-existencial desenvolvida por


Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman na década de 1940. O termo "Gestalt" é derivado da
palavra alemã que significa "forma" ou "configuração", e se refere à crença fundamental desta
abordagem de que devemos considerar o indivíduo como um todo integrado, em vez de partes
dissociadas.

A Gestalt-terapia baseia-se em alguns princípios e conceitos fundamentais que moldam a sua


teoria e prática.

Princípios Fundamentais da Gestalt-Terapia

1. Awareness (Consciencialização)

A Gestalt-terapia enfatiza a importância de desenvolver uma maior consciência de si mesmo, dos


outros e do ambiente circundante. Ela encoraja os clientes a estarem plenamente presentes no
momento actual, em vez de ficarem presos no passado ou preocupados com o futuro. Ao
aumentar a consciencialização, os indivíduos podem tomar melhores decisões e assumir mais
responsabilidade pelas suas vidas.

2. Aqui e Agora

Relacionado à consciencialização, a Gestalt-terapia enfoca o "aqui e agora", ou seja, a


experiência imediata do cliente no momento presente. Os terapeutas gestálticos encorajam os
clientes a explorar os seus pensamentos, sentimentos e sensações corporais no momento
presente, em vez de se concentrarem excessivamente em eventos passados ou futuros.

Compilado por: Armando Cumbe


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3. Relação Terapêutica

A relação terapêutica é fundamental na Gestalt-terapia. Os terapeutas gestálticos acreditam que a


qualidade da relação entre terapeuta e cliente é um factor crucial para facilitar o crescimento e a
mudança. Eles enfatizam a importância de ser genuíno, empático e congruente na relação
terapêutica.

4. Holismo

A Gestalt-terapia adopta uma perspectiva holística, considerando o indivíduo como um todo


integrado, em vez de partes dissociadas. Ela reconhece que mente, corpo e emoções estão
interligados e que a experiência humana é uma Gestalt (uma configuração integrada).

5. Responsabilidade e Escolha

A Gestalt-terapia encoraja os clientes a assumirem total responsabilidade pelas suas escolhas,


pensamentos, sentimentos e acções. Ela os incentiva a reconhecer que têm a liberdade de escolha
nas suas vidas, mesmo em situações aparentemente limitadas.

Conceitos-Chave da Gestalt-Terapia

1. Ciclo da Gestalt

O ciclo da Gestalt é um conceito fundamental que descreve o processo natural de formação e


resolução de "Gestalten" (configurações de necessidades, desejos ou interesses). O ciclo envolve
quatro estágios:

a) Sensação: Reconhecimento de uma necessidade ou desejo.

b) Consciência: Aumento da consciência sobre a necessidade ou desejo.

c) Mobilização de energia: Preparação para satisfazer a necessidade ou desejo.

d) Acção: Satisfação da necessidade ou desejo.

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Quando o ciclo é interrompido ou incompleto, pode resultar em perturbações emocionais ou
comportamentais.

2. Necessidades Insatisfeitas

De acordo com a Gestalt-terapia, muitos problemas emocionais e comportamentais são resultado


de necessidades insatisfeitas ou inacabadas. Essas necessidades podem ser físicas, emocionais,
sociais ou espirituais. Os terapeutas gestálticos ajudam os clientes a identificar e satisfazer essas
necessidades de maneiras saudáveis.

3. Fronteiras de Contacto

As fronteiras de contacto referem-se às fronteiras entre o indivíduo e o ambiente, incluindo


outras pessoas. A Gestalt-terapia enfatiza a importância de manter fronteiras saudáveis e
flexíveis, permitindo que o indivíduo se envolva com o ambiente de maneira adequada, sem se
isolar ou se fundir com os outros.

4. Mecanismos de Interrupção

Os mecanismos de interrupção são padrões de comportamento ou defesas que impedem o


indivíduo de satisfazer completamente as suas necessidades ou desejos. Eles incluem coisas
como projecção, introjecção, retroflexão e deflexão. Os terapeutas gestálticos ajudam os clientes
a reconhecer e superar esses mecanismos de interrupção.

Técnicas da Gestalt-Terapia

A Gestalt-terapia emprega várias técnicas para aumentar a consciencialização, facilitar a


expressão emocional e promover o crescimento pessoal. Algumas dessas técnicas incluem:

1. Experimentação

Os terapeutas gestálticos encorajam os clientes a experimentar novas formas de ser e agir, em


vez de apenas falar sobre elas. Isso pode envolver exercícios experienciais, como dramatizações,
diálogos internos e técnicas de awareness corporal.

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2. Diálogo da Cadeira Vazia

Nesta técnica, o cliente é convidado a conversar com uma cadeira vazia, representando uma
pessoa significativa, uma parte de si mesmo ou um aspecto da sua vida. Isso permite ao cliente
expressar sentimentos e pensamentos que normalmente seriam reprimidos.

3. Dream Work (Trabalho com Sonhos)

Os sonhos são vistos como expressões simbólicas do self e podem fornecer insights valiosos
sobre as necessidades insatisfeitas e os conflitos internos do cliente. Os terapeutas gestálticos
exploram os sonhos dos clientes por meio de técnicas como a dramatização e o diálogo.

4. Awareness Corporal

A Gestalt-terapia enfatiza a importância de estar consciente das sensações corporais e das


emoções correspondentes. Os terapeutas podem usar técnicas como exercícios de respiração,
movimento e relaxamento para aumentar a consciência corporal.

5. Jogos de Awareness

Os jogos de awareness são actividades lúdicas projectadas para aumentar a consciência do


indivíduo sobre si mesmo, os outros e o ambiente. Eles podem envolver exercícios de
comunicação, confiança e expressão emocional.

Aplicações da Gestalt-Terapia

A Gestalt-terapia pode ser aplicada em uma variedade de contextos e populações, incluindo:

1. Terapia Individual

A Gestalt-terapia é frequentemente usada em sessões individuais para ajudar os clientes a lidar


com uma ampla gama de problemas, como ansiedade, depressão, conflitos relacionais e questões
de autoestima.

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2. Terapia de Casal e Familiar

Os princípios e técnicas da Gestalt-terapia também podem ser aplicados em terapia de casal e


familiar, abordando padrões disfuncionais de comunicação, limites inadequados e necessidades
insatisfeitas dentro do sistema familiar.

3. Grupos de Terapia

A Gestalt-terapia é particularmente adequada para grupos terapêuticos, onde os membros podem


experimentar diferentes papéis, explorar padrões interpessoais e receber feedback dos outros
participantes.

4. Desenvolvimento Pessoal e Organizacional

As abordagens da Gestalt-terapia também são usadas em contextos de desenvolvimento pessoal e


organizacional, como treinamentos de liderança, resolução de conflitos e desenvolvimento de
equipes.

Críticas e Limitações da Gestalt-Terapia

Embora a Gestalt-terapia tenha sido amplamente aceita e utilizada, ela também enfrentou
algumas críticas e limitações:

1. Falta de fundamentação teórica sólida: Alguns críticos apontam que a Gestalt Terapia
carece de uma teoria unificada e coerente que explique seus princípios e técnicas. Ela é vista por
alguns como uma colecção de insights e exercícios práticos, sem um embasamento teórico
robusto.

2. Ênfase excessiva no "aqui e agora": A ênfase da Gestalt Terapia no presente e na


experiência imediata é vista por alguns como uma limitação, negligenciando a importância do
passado e do futuro na compreensão do indivíduo.

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3. Superficialidade emocional: Críticos argumentam que a Gestalt Terapia pode promover a
expressão emocional superficial, sem necessariamente abordar as causas profundas dos
problemas emocionais do cliente.

4. Técnicas controversas: Algumas das técnicas utilizadas na Gestalt Terapia, como a cadeira
vazia e os jogos de representação, são consideradas controversas por alguns terapeutas e vistos
como potencialmente prejudiciais ou desestabilizadores para alguns clientes.

5. Falta de validação empírica: Há uma preocupação em alguns críticos sobre a falta de


evidências empíricas sólidas que comprovem a eficácia da Gestalt Terapia em comparação com
outras abordagens terapêuticas.

6. Desafios de treinamento: O treinamento em Gestalt Terapia é visto por alguns como


desafiador e pouco estruturado, o que pode levar a interpretações e práticas inconsistentes entre
diferentes terapeutas.

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