Aula 1 - Gestalt

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Gestalt-terapia: Dos

Fundamentos Teóricos
à Pratica Clínica
Professor: Kenedy Ânderson – CRP 15/5306
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

Sobre o Curso:

O presente curso tem como objetivo apresentar a


Gestalt-terapia para psicólogos, estudantes de
psicologia e áreas afins que buscam por estudos a
partir de uma conceituação didática e abrangente
sobre o tema.

No curso Gestalt-terapia: dos fundamentos teóricos


à prática clínica na Plataforma Ser Psicólogo o
aluno conhecerá os princípios fundamentais deste
modelo de psicoterapia e as maneiras de
aplicabilidade na prática clínica.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

Ementa

Gestalt-terapia: origem e história; pressupostos


filosóficos; bases teóricas; conceitos básicos; a relação
terapeuta-cliente na abordagem gestáltica; algumas
técnicas da Gestalt-terapia; fechando gestalten; o
suicídio e o manejo psicoterapêutico a partir Gestalt-
terapia; caso clínico; Trabalho de Conclusão de Curso.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

Aula 1 - Gestalt- terapia: origem e história

1.1 O que é a Gestalt-terapia;

1.2 Frederick Perls, Laura Perls, Paul Goodman –


formuladores da Gestalt-terapia;

1.3 Enquanto isso, aqui no Brasil...


Curso de Introdução à Gestalt-terapia

O que é a Gestalt

Definição:

• Palavra de origem alemã, traduzida aproximadamente por “configuração”,


totalidade, um todo que é uma realidade em si, diferente da soma de suas partes.

• “Teoria que considera os fenômenos psicológicos como totalidades organizadas,


indivisíveis, articuladas, isto é, como configurações” (RIBEIRO, 2006, p. 137).

• A Gestalt-terapia considera que o homem e todo organismo vivo está interligado


com o resto do mundo; não faz sentido falar do homem isoladamente, mas sim de
um homem que vive em um determinado meio que faz parte de sua existência e
forma com ele uma totalidade.

• Seu foco não se encontra nem no sujeito nem no ambiente, mas na relação, no
encontro organismo-ambiente. Essa forma de pensar aponta para uma superação
de uma visão dicotômica e para uma proposta de psicologia que vai se debruçar
no estudo do contato em si, dessa fronteira que interconecta eu-mundo, eu-outro.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• Para a Gestalt-terapia o homem é um ser de escolha. Ao se dar


conta de que a existência é construída por si mesma, fruto das
suas próprias escolhas, se estabelece no ser humano a noção
de responsabilidade: o homem passa a ser autor da sua própria
história, sendo livre, a cada momento, para trilhar um outro
caminho.

• Com uma sólida base epistemológica, concebe o ser humano


como um fenômeno que engloba dimensões bio-psíquico-
sócio-espiritual, não como um somatório de aspectos, mas
como um todo, um novo evento que se configura, a cada
momento, como uma pessoa indivisível, com todas suas
dimensões, em uma relação de campo meio-organismo.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

Fenomenologia
Existencialismo
Psicologia da Gestalt
Teoria de Campo Gestalt-terapia
Teoria Orgasnísmica
Holismo

Pensamento Oriental
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• A Gestalt-terapia é uma teoria de personalidade e


uma teoria de psicoterapia que vem sendo
continuamente desenvolvida por autores
contemporâneos.

Faz parte da chamada terceira força em Psicologia,


ou corrente humanista, que emergiu como reação
às visões psicanalíticas e comportamentalistas do
ser humano.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• Para a Gestalt-terapia, o princípio subjacente à existência é o princípio da


homeostase: toda vida tende, naturalmente, para a auto regulação, através
da qual o organismo satisfaz suas necessidades, interagindo com o
ambiente, buscando um equilíbrio que é dinâmico, em sistema vivo e aberto
em equilibração, des-equilibração, re-equilibração.

• O processo do criar um campo de atenção e atividade é chamado de "abrir


uma gestalt" ou "formar uma figura". Por sua vez, o processo de gratificação
e desaparecimento da necessidade é chamado de “fechar ou destruir
gestalten”, sendo tecnicamente descrito como ciclo de auto-regulação
organísmica ou ciclo de contato: a necessidade hierarquizada, no momento,
pelo organismo emerge como figura no campo.

• EXEMPLO: (a pessoa sente um vazio, dá-se conta de que está se sentindo só);
começa a se mobilizar para resolver a solidão (pensa em telefonar para um
amigo); dá os passos necessários até a ação específica que satisfará a
necessidade (vai até o telefone, liga e conversa com o amigo) sentindo-se
preenchido, há a retirada do contato, podendo outra necessidade emergir
do fundo (desliga e vai fazer outra coisa).
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• Este processo nos leva a outro conceito fundamental -


awareness - inadequadamente traduzido por consciência, na
falta de outro termo. “Awareness é uma forma de experienciar.

• É o processo de estar em vigilante contato com o evento mais


importante do campo meio-organismo, com pleno suporte
sensório-motor-emocional-cognitivo-energético.” (YONTEF,
1998).

• Para se estar pleno no mundo, é preciso a cada momento “estar


aware”, perceber as próprias necessidades, o contexto, para que
se possam fazer as próprias escolhas. O objetivo da Gestalt-
terapia é ampliar a awareness.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• Através do processo gestáltico, os clientes aprendem a


tornar-se mais conscientes dos seus próprios padrões de
pensamento. Passam, então, a conhecer comportamentos
negativos que possam bloquear a verdadeira
autoconsciência e consequentemente seu
desenvolvimento.

A Gestalt-terapia é utilizada para o trabalho com crianças,


adolescentes, casais, famílias, grupos ou individualmente.
Pode ser direcionada ao auxílio em vários tipos de
condições.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

A Metodologia de Trabalho da Gestalt

• Trabalha-se com o método fenomenológico, a partir da abordagem


dialógica. A meta da psicoterapia é que o cliente possa alcançar um nível
de integração suficiente, que lhe permita levar adiante o seu próprio
processo de desenvolvimento.

• Sendo uma abordagem fenomenológica, trabalha com experiências


imediatas, o aqui-agora. A existência só se dá no presente, este momento
presente abrange lembranças do passado, fantasias e expectativas sobre o
futuro.

• O psicoterapeuta busca captar o significado para o cliente das situações


por ele vivenciadas no seu cotidiano, deve descrever e não interpretar o que
está acontecendo, regra que chamamos de descrição; e, inicialmente, tratar
todos os conteúdos trazidos pelo cliente com a mesma importância, regra
que chamamos de equalização.

• O Gestalt-terapeuta enfatiza o que acontece e como acontece, ajudando o


cliente a mergulhar na sua experiência e a buscar a intencionalidade da
consciência.
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Frederick Perls, Laura Perls, Paul Goodman –


formuladores da Gestalt-terapia

Considera-se que a Gestalt-Terapia surge nos EUA no ano


de 1951, com a publicação do livro Gestalt-Terapia:
excitação e crescimento na personalidade humana, de
autoria de Fritz Perls, Paul Goodman e Ralph Hefferline
(ESCH e VILELA, 2019).

Perls, em 1936 vai ao Congresso Internacional de


Psicanálise, na Checoslováquia apresentar suas ideias
sobre "Resistências Orais". Para sua decepção não foi bem
recebido por Freud.

Em 1942, Perls lança o livro “Ego, Hunger and Agression: a


revision of Freud’s theory and method”, em que expõe suas
discordâncias com a psicanálise (ESCH e VILELA, 2019).
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• Ao se estabelecerem em Nova York, ligaram-se a pessoas de


vanguarda e à políticos de esquerda.

• O Instituto de Gestalt de Nova York foi fundado em 1951 por


iniciativa de Fritz.

• Para alguns, o fundador é Fritz Perls; para outros, não se pode


falar de um fundador, mas de um grupo de fundadores: “o
grupo dos sete” (JULIANO, 2004).

• Fritz Perls, sua esposa Laura, Paul Goodman, Isadore From, Paul
Weisz, Elliot Shapiro e Sylvester Eastman (JULIANO, 2004).

• Em 1951, foi publicado o livro "Gestalt Therapy". É razoável


considerar este evento como o nascimento da Gestalt. Foi aí
que o termo foi usado pela primeira vez, apesar das discussões
entre o grupo.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

O grupo dos sete como um todo queria chama-lo


"Terapia Experiencial"; Perls queria chamá-lo "Terapia
de Concentração", para se opor à associação livre da
Psicanálise. O nome "Gestalt-Terapia" provocou
acalorados debates, principalmente com Laura, que
conhecia muito bem a Psicologia da Gestalt e não
achava que esse nome era pertinente (JULIANO, 2004).
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

Enquanto isso, aqui no Brasil...

Pode se registrar o início do movimento gestáltico no


Brasil, no ano de 1972, em São Paulo, com o repasse dos
primeiros conhecimentos adquiridos desta abordagem,
por Thèrése Tellegen – decorrentes de workshops
realizados em Londres.

Ainda em 1972, Tellegen escreve para o Boletim de


Psicologia da Sociedade de Psicologia o primeiro artigo a
respeito desta abordagem no Brasil: “Elementos de
Psicoterapia Gestáltica”.

Thèrése Tellegen (1927-1988


Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• Inicialmente, Jean Clark Juliano, Walter Ferreira da Rosa Ribeiro,


Paulo Barros, Abel Guedes e Lílian Frazão.

• Posteriormente, com o grupo ampliado por outros profissionais


que se juntaram ao grupo inicial, passado o encantamento da
descoberta, começou a se fazer necessário um aprofundamento
dos conhecimentos adquiridos até então (através de workshops
e de grupos de estudo autônomos).

• Iniciou-se um processo que Juliano (1992) identifica como de


“aculturação”: a rejeição de algumas formas de trabalho
inadequadas à nossa cultura, neutralizando, dessa forma, nossa
tendência a uma apreensão indiscriminada de formas de
pensamento e práticas europeias.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• A necessidade de entendimento de como esse processo se


dava e em que bases conceituais se alicerçava se fez
presente e cada vez mais emergente.

• Esse processo de aprofundamento dos conhecimentos


adquiridos esbarrava, no entanto, na escassez de material
traduzido.

• Os primeiros livros traduzidos: “Tornar-se Presente”, de Stevens


e “Gestalt Terapia Explicada”, de Perls, em sua maioria
transcrições dos trabalhos desenvolvidos por Perls em seus
workshops, favoreciam a ideia errônea de que a Gestalt-
Terapia resumia-se a uma série de técnicas que, aplicadas,
produziam efeitos milagrosos.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• Em 1978, Walter Ribeiro, junto com outros profissionais, de


diferentes lugares do Brasil, criou em Brasília o primeiro grupo
de formação em Gestalt-Terapia.

• Posteriormente foi criado em São Paulo, por parte de alguns


profissionais que compunham esse primeiro grupo, o primeiro
curso de “Especialização na Abordagem Gestáltica em
Psicoterapia” no Instituto Sedes Sapientiae.

• Em 1981 foi fundado o Centro de Estudos de Gestalt de São


Paulo por Thèrése Tellegen, Lílian Frazão, Jean Clark Juliano e
Abel Guedes, a fim de se constituir num centro de referência
nesta abordagem, inclusive se propondo a combater as
deturpações existentes.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

Em 1984 foi publicada a primeira obra brasileira de Gestalt-


Terapia: ”Gestalt e Grupos: Uma perspectiva sistêmica” de
Thèrése Tellegen, seguida em 1985 pelo livro de Jorge Ponciano
Ribeiro: “Gestalt-Terapia : Refazendo um caminho”.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

• Indicações de livros para a compreensão da Gestalt-terapia,


seus fundamentos e visão de mundo.
• 1 – Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e influências
filosóficas;
• 2 – Gestalt-terapia: conceitos fundamentais;
• 3 – A clínica, a relação psicoterapêutica e o manejo em gestalt-
terapia.
Curso de Introdução à Gestalt-terapia

Referências

ESCH, C. F., & JACÓ-VILELA, A. M. (2019). A Gestalt-Terapia chega ao Brasil: recepção e desenvolvimento
inicial. Memorandum: Memória E História Em Psicologia, 36, 1–29. https://doi.org/10.35699/1676-1669.2019.6847

RIBEIRO, J. P. Vade-mécum de gestalt-terapia: conceitos básicos. São Paulo: Summus editorial, 2006.

JULIANO, J. C. Gestalt-Terapia: revisitando as nossas estórias, Revista de Gestalt, ano II, n 0 2, (pp 7- 21), São Paulo, 1992 .

RIBEIRO, J.P. Gestalt-Terapia: Refazendo um Caminho. São Paulo,Summus Editorial, 1985.

JULIANO, J. C. Gestalt-terapia: revisitando nossas histórias. IGT na Rede,1 (1), 2004. Disponível:
http://ojs.igt.psc.br/viewarticle.php?id=33&layout=html.

RIBEIRO, J. P. Psicoterapia de curta duração. São Paulo: Summus, 1999.

LACERDA, Mariana Borba de. Antecedentes históricos e filosóficos da Gestalt-terapia. Lumen, Recife, v. 25, n. 1, p. 99-110,
jan./jun. 2016.

YONTEF, G. M. Processo, diálogo e awareness: ensaios em gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1998.

MIRANDA, W. B. Saúde e doença em gestalt terapia. Brasília, 2003. Trabalho de conclusão de curso (Psicologia) -
Faculdade de Ciências da Saúde do Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2003.

LIMA, B. F. Alguns apontamentos sobre a origem das psicoterapias fenomenológico-existenciais. Revista da Abordagem
Gestáltica, v. 14, n. 1, p.28-38, jan./jun. 2008.

PERLS, F. A abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

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