Livro - Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável
Livro - Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável
Livro - Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável
DIREITOS HUMANOS E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
NA PERSPECTIVA DAS PRÁTICAS
SOCIOCULTURAIS
Editora Ilustração
Cruz Alta – Brasil
2024
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0
CATALOGAÇÃO NA FONTE
D598 Direitos humanos e desenvolvimento sustentável na
perspectiva das práticas socioculturais [recurso eletrônico]
/ organizadores: Lucimara Rocha de Souza ... [et al.]. -
Cruz Alta : Ilustração, 2024.
158 p.
ISBN 978-65-6135-015-0
DOI 10.46550/978-65-6135-015-0
CDU: 37
Responsável pela catalogação: Fernanda Ribeiro Paz - CRB 10/ 1720
Rua Coronel Martins 194, Bairro São Miguel, Cruz Alta, CEP 98025-057
E-mail: [email protected]
www.editorailustracao.com.br
Conselho Editorial
Apresentação�����������������������������������������������������������������������������13
Lucimara Rocha de Souza
Juliana Porto Machado
Tiago Anderson Brutti
Solange Beatriz Billig Garces
Sobre os autores�����������������������������������������������������������������������155
Apresentação
O envelhecimento na contemporaneidade:
características e preceitos desta dinâmica
populacional
1 Introdução
164).
Este efeito do presentismo é explanado nas ciências sociais,
em uma sociedade que se modificou ao longo da história, de uma
sociedade rígida para uma sociedade líquida, visto que, a sociedade
está constantemente pronta às mudanças (BAUMAN, 2001).
A obra Modernidade Líquida de Bauman (2001) discute essa
mudança demográfica, de descobertas científicas, de conquista dos
direitos sociais, de hiperconsumismo, de vivenciar o tempo presente
(presentismo) marcado pelo hedonismo e pelo individualismo
imposto pela globalização e capitalismo.
Baseado nestes fatores, a sociedade contemporânea presencia
o processo de envelhecer, visto que o segmento populacional que
mais cresce é a população idosa, conforme dados do IBGE (2015,
p. 146):
[...] com taxas de crescimento de mais de 4% ao ano no período
de 2012 a 2022. A população com 60 anos ou mais de idade
passa de 14,2 milhões, em 2000, para 19,6 milhões, em 2010,
devendo atingir 41,5 milhões, em 2030, e 73,5 milhões, em
2060. Espera-se, para os próximos 10 anos, um incremento
médio de mais de 1,0 milhão de idosos anualmente. Essa
situação de envelhecimento populacional é consequência,
primeiramente, da rápida e contínua queda da fecundidade
no país, além de ser também influenciada pela queda da
mortalidade em todas as idades.
Esse fenômeno demográfico ocorre de uma mudança na
estrutura etária da população, diminuindo assim, a proporção da
população mais jovem. Contudo, a predominância de mulheres idosas
se tornou mais expressiva no decorrer das décadas, configurando-se
mais uma característica contemporânea, a feminização da velhice,
ou seja, maior longevidade feminina (CAMARANO, 2002).
Conforme os dados do processo de feminização da velhice, “[...]
as mulheres representam 56% da população brasileira com 60 anos
ou mais. As estimativas do IBGE são de que as mulheres vivem, em
média, quase sete anos a mais que os homens” (LINS; ANDRADE,
2018, p. 440/441).
Tal fato, também é atribuído pela resistência masculina
Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável... 23
3 Considerações finais
Referências
1 Considerações iniciais
ser.
Nesse diapasão, a identidade reflete e, ao mesmo tempo,é
refletida na construção identitária, conforme Ciampa (2012, p.
59):
Identidade se (trans)forma porque considera-se que ela é
construída a partir de um processo de metamorfose, o que
significa dizer que a identidade do sujeito está em constante
transformação e construção. Ela se modifica na vida cotidiana,
refletindo e servindo de reflexo na construção identitária dos
que estão ao nosso redor: “a identidade do outro reflete na
minha e a minha na dele (afinal, ele só é meu pai porque eu
sou filho dele).”
O dia a dia se encarrega de auxiliar na transformação e
construção identitária de cada indivíduo, cuja identidade serve
como objeto que reflete e é refletido, e sofre uma espécie de
transformação ou mesmo metamorfose que não se completa,
tampouco acaba, mas sempre se transforma.
O fenômeno da identidade possui pressupostos que atingem
ou afetam a todos, mesmo antes do nascimento, em virtude
das expectativas criadas sobre a criança, o que irá influenciar no
desenvolvimento do feto. Não se pode relevar, posteriormente, que
a identidade também possui pressupostos advindas das relações
em sociedade, como a classe social, o trabalho, gênero, religião,
entre outros que findam por completar e/ou complementar a
individualização de cada sujeito. Ademais, a identidade é uma
metamorfose. Um fenômeno social e não natural (PACHECO e
CIAMPA, 2006).
Segundo Hall e Woodward (2007, p.84), o processo de
produção da identidade oscila entre dois movimentos:
[...] de um lado, estão aqueles processos que tendem a fixar e
a estabilizar a identidade; de outro, os processos que tendem
a subvertê-la e a desestabilizá-la. É um processo semelhante
ao que ocorre com os mecanismos discursivos e linguísticos
nos quais se sustenta a produção da identidade. Tal como
a linguagem, a tendência da identidade é para a fixação.
Entretanto, tal como ocorre com a linguagem, a identidade
Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável... 35
5 Considerações finais
Referências
Daniela da Silva
Sirlei de Lourdes Lauxen
Solange Beatriz Billig Garces
1 Introdução
2 Desenvolvimento
3 Considerações finais
Referências
Bianca Tito
Jéssica Pereira Arantes Konno Carrozza
1 Introdução
2020, p. 68).
São poucas as hipóteses que possibilitam a imposição de
limites ao seu exercício e isso se deu dessa forma tanto à vista
do contexto histórico vivenciado na época, após os mais de 20
anos de Ditadura Militar no país, como também pelo fato de
que isso fez com que passasse a existir uma real preocupação, da
sociedade e refletindo isso no texto constitucional, com a proteção
dessa liberdade enquanto um direito que é indispensável para a
legitimidade e manutenção de nossa democracia, que estava ainda
sendo restaurada. Com isso, a CF/88 representa um enorme e
importante avanço da legislação brasileira na garantia e efetivação
daquelas liberdades que haviam sido suspensas, como a liberdade
de expressão (MEDRADO, 2019).
Nesse sentido, o que se quer aqui destacar é que, diante do
nosso objeto de estudo, as fake news trazem entre os problemas que
lhe são associados a questão do seu impacto para a democracia,
sendo este um dos principais deles. Isso pois existe uma relação
intrínseca entre a garantia da liberdade de expressão dos cidadãos
e a legitimidade de nosso regime democrático. Ainda, pois, como
vimos, esses são conceitos que não podem ser abandonados quando
nos dedicamos a discutir o fenômeno das fake news na atualidade.
Nas palavras de Clarissa Gross (2018, p. 155):
[...] uma chave importante para compreender algumas das
fontes de divergências acerca do que fazer sobre as Fake News
reside nas relações múltiplas entre o valor da liberdade de
expressão e a democracia. Em outras palavras, penso que a
formulação de concepções distintas do valor da democracia
e do papel que a liberdade de expressão desempenha em cada
uma dessas concepções ajuda a entender o dilema que as Fake
News nos colocam.
Por essa razão, é importante entendermos de qual
liberdade de expressão falamos e de qual é a democracia que nos
comprometemos a proteger. Para tanto, a filosofia do direito serve
como ferramenta importante para nos auxiliar nessa tarefa, vez que
há nesta uma longa trajetória de dedicação às liberdades individuais
Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável... 71
quando um discurso deve ou não ser restringido. Tal fato não quer
dizer que essas sejam de menor importância ou simplesmente que
devem ser “liberadas”, ou sequer que não representem um risco
para a democracia, mas sim que ao lidarmos com os problemas
que elas nos trazem é indispensável que sejam formuladas respostas
mais adequadas com a proteção dada a liberdade de expressão dos
cidadãos (MACEDO JÚNIOR, 2018).
4 Considerações finais
Referências
1 Introdução
7 Considerações finais
Referências
1 Introdução
5 Considerações Finais
Referências
1 Introdução
2 Desenvolvimento
3 Considerações finais
Referências
wpcontent/uploads/2017/11/sur14-port-daniel-vazquez-e-
domitille-delaplace.pdf. Acesso em maio de 2021.
Capítulo 8
1 Considerações iniciais
bater as mãos, não olhar nos olhos das pessoas, ficar andando em
círculos, repetir várias vezes a mesma fala. E nos casos mais severos
de Autismo, não falar, se bater com força e bater em outras pessoas
(durante algum movimento brusco e não com a intenção de luta
ou desferir um golpe), dentre outras características. É de se destacar
que a ansiedade é presente na vida dos autistas e suas estereotipias
com os seus membros corporais e/ou com objetos, os ajudam a se
acalmar durante um momento de crise.
Levando em conta tais características que podem apresentar-
se nas pessoas com autismo, tanto na infância como nas fases da
adolescência e adulta, pergunta-se: será que o autista idoso, por já
estar mais predisposto a ter um rendimento cerebral com algum
problema (raciocínio lógico, por exemplo), pode conviver em
sociedade? Com essa questão problema, tem-se como objetivo para
esse artigo a desmitificação do tabu Autismo na Velhice. Trata-se de
uma reflexão bibliográfica, com cunho teórico e empírico.
que ele ou ela não faz parte da sociedade, mas ele ou ela, é uma
das partes reais das ambiências sociais, e não uma dita “margem da
sociedade”.
Muitos adultos no passado e ainda no presente, não têm
o diagnóstico de TEA, mas o possuem, deixando assim, de buscar
tratamento e consequentemente uma melhor qualidade de vida,
visto que o Autismo, por mais leve que seja o seu grau (Leve,
Moderado ou Grave), causa grandes perdas para quem o possui,
sendo a principal delas, a interação social e depois, a própria
interação face a face com outra pessoa, pois uma das características
de quem apresenta TEA é a dificuldade em focar olhar na outra
pessoa com que esteja conversando. Sobre a quantidade de pessoas
autistas no mundo, referem Cavalcante, Lima Filho, Melo, Silva,
Cavalcanti e Gazzola (2021): “De acordo com o Conselho Nacional
de Saúde (2011), a Organização das Nações Unidas (ONU), por
meio da OMS, considera que aproximadamente 1% da população
mundial esteja dentro do espectro do autismo, a maioria ainda sem
diagnóstico” (p. 67-68).
Levando em consideração que a citação anterior é datada de
2021, mas faz menção ao ano de 2011, é importante observar que,
segundo matéria publicada pelo Portal do G1 (Mundo) em 17 de
agosto de 2011) a população mundial superará 7 bilhões em 2011
e deste montante 1% era Autista, ou seja, cerca de 70 milhões de
pessoas estavam, em 2011, dentro do Espectro Autista no mundo.
Sobre a maior incidência do Autismo do que outras
doenças, essas sim, letais, caso não tratadas, o Transtorno do
Espectro Autistatem uma maior incidência no mundo, segundo
a Organização das Nações Unidas (ONU), conforme descrição a
seguir dos autores Cavalcante; Lima Filho; Melo; Silva; Cavalcanti;
Gazzola (2021, apud Silva; Gaiato; Reveles, 2012): “Segundo a
ONU, o número de pessoas no mundo acometidas pelo transtorno
aumentou drasticamente, sendo até mais comum que o câncer,
a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e o Diabetes
Mellitus, em crianças” (p. 68).
Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável... 119
4 Considerações finais
Referências
1 Introdução
2 Desenvolvimento
grupo.
O Feminismo Negro ganhou maior impulso nas décadas
de 1970 e 1980, a partir da movimentação de feministas negras
norte-americanas, como Angela Davis e Patrícia Hill Collins que,
assim como, tantas outras mulheres pretas, passaram a reivindicar
suas próprias pautas. Considerando que a visão universalista do
Movimento Feminista não contemplava a realidade da mulher negra
entrelaçada pela opressão racial. Em contrapartida, no Movimento
Negro, havia pouco espaço para temas pertinentes ao gênero.
Por conseguinte, no Brasil, o Feminismo Negro ganhou
força no final da década de 1970, com o Movimento de Mulheres
Negras (MMN). As ativistas e pensadoras negras, como Sueli
Carneiro e Beatriz Nascimento, passaram a problematizar a falta
nos movimentos sociais de abordagens pautadas, conjuntamente,
nos aspectos de raça e gênero, similarmente, ao que as feministas
negras norte-americanas apontavam (LEAL, 2020).
Os anseios da mulher preta eram tratados como um
subitem da questão da causa feminina, mesmo num país em que
as afrodescendentes abrangiam, aproximadamente, metade da
população feminina (CARNEIRO, 2011). De igual modo, nos
espaços direcionados à pauta racial, a mulher negra, novamente,
ficava em segundo plano, considerando que não havia emergência
em se desconstruir a estrutura patriarcalista que centralizava o
poder nas mãos dos homens.
Nessa linha, a conscientização do grau de exclusão no
Movimento Feminista e no Movimento Negro foi determinante
para o surgimento de organizações de mulheres negras atentas ao
combate do racismo e sexismo. O Movimento de Mulheres Negras
formou-se com o objetivo de capacitar as diferentes mulheres pretas,
estimulando sua participação política com propostas concretas que
superassem a inferioridade social ocasionada pelas discriminações
de raça e gênero. Além disso, com a movimentação feminina negra,
houve a maior sensibilidade social para assuntos particulares que
atingiam esse grupo (CARNEIRO, 2011).
Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável... 135
3 Considerações finais
Referências
1 Introdução
4 Considerações finais
Referências
49-58, 2003.
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Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável... 153