Teoria Geral Dos Direitos Humano2

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Professora: Carlotta Polyane

“Nossa maior fraqueza é desistir. O caminho mais certo para o sucesso é sempre
tentar apenas uma vez mais.” (Thomas A. Edison)

Não desista do seu sonho de ser aprovado, a caminhada é árdua mais com
persistência sua aprovação chegará.
Seja bem-vindo(a) ao material complementar.
Vamos aos estudos!

I- INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

A teoria geral dos direitos humanos compreende os elementos principais acerca do


estudo dos Direitos Humanos Internacionais. Apresenta temas como conceito, histórico,
características e outros pontos elementares para o conhecimento da disciplina.

Vamos entender como surgiu os Direitos Humanos?

A luta do homem pela efetivação de direitos humanos fundamentais existiu em muitos


períodos da história da humanidade, sendo resultado das inquietações do ser humano e de
seus processos de luta por reconhecimento.

Na esfera interna dos Estados a efetivação e positivação dos Direitos Humanos


coincide com o advento do constitucionalismo moderno em seu mister de limitar o arbítrio
estatal e de garantir a tutela dos direitos do homem.

No campo internacional a existência de um sistema de normas e mecanismos de


tutela dos direitos humanos apresenta como marco histórico o pós-segunda guerra mundial,
a partir da criação da Organização das Nações Unidas. Destaca-se como precedentes desse
processo de internacionalização, a criação da Liga das Nações, a Organização Internacional
do Trabalho e o Direito Humanitário.

E o que é o chamado Direito humanitário? É o conjunto de normas e medidas que


disciplinam a proteção dos direitos humanos em tempo de guerra (1863). Direito humanitário
versa sobre a proteção às vítimas de conflitos armados, atua também em situações de
graves calamidades.

Criação da liga das nações (1919): antecessora da ONU, a liga das nações foi criada
após a 1ª guerra mundial com o escopo de garantir a paz no mundo. Sua proposta falhou
pois não foi apta a impedir a ocorrência da 2ª guerra mundial. Criação da OIT (1919): criada
após a 1ª guerra mundial com o escopo de promover a tutela dos direitos dos trabalhadores
por meio da garantia de padrões internacionais de proteção.

O sistema internacional de direitos humanos é fruto do pós 2ª guerra mundial e surge


como decorrência dos horrores praticados na guerra. A desvalorização e reificação da
pessoa humana faz emergir a necessidade de construção de uma nova lógica ao Direito,
pautada em um sistema de valores éticos e morais, no qual a pessoa humana seja o fim e
não um meio.

Com vistas a criar um sistema internacional de proteção no qual a tutela dos direitos
humanos seja o fim maior dos Estados, em 1945 é criado a Organização das Nações Unidas
(ONU), instituição internacional global para a promoção e garantia dos direitos humanos e
da paz no mundo.
Tem início assim um novo paradigma para a aplicação dos direitos humanos, por meio
de um sistema normativo de grande conteúdo axiológico, no qual a dignidade da pessoa
humana e o seu reconhecimento enquanto sujeito de direitos, passa a ser o vetor de
interpretação e aplicação do Direito. A construção de um sistema internacional marca
também a relativização da soberania dos Estados, pois através da ratificação de Tratados
Internacionais os Estados aceitam serem julgados e condenados por tribunais internacionais
de direitos humanos.

Importante ressaltar, no entanto, que não há hierarquia entre o Sistema Internacional


de Direitos Humanos e o Direito Interno dos Estados-partes, ao contrário, a relação entre
essas esferas de proteção é complementar.

O sistema internacional é mais uma instância na proteção dos direitos humanos.


Importante ressaltar também o caráter subsidiário do sistema internacional dos direitos
humanos, pois seus órgãos só poderão ser acionados diante da omissão ou falha dos
Estados na proteção dos direitos humanos.

Cabe aos Estados em primeiro lugar a tutela e proteção dos direitos humanos
daqueles que se encontram sob a sua jurisdição. Diante da falha ou omissão dessa proteção
poderão ser acionados os organismos internacionais.

As partes no Sistema Internacional dos Direitos Humanos:

a) Estados: os Estados tem legitimidade ativa e passiva no sistema internacional de


direitos humanos, podendo atuar no polo ativo e passivo das Comunicações Interestatais e
no polo passivo das petições individuais.

b) Indivíduos: os indivíduos em regra não possuem legitimidade ativa ou passiva no


sistema internacional, a exceção é a legitimidade ativa em petições individuais em alguns
sistemas regionais a exemplo do sistema europeu de direitos humanos, possui ainda
legitimidade passiva nas denúncias do Tribunal Penal Internacional (TPI), órgão jurisdicional
de natureza penal do sistema internacional de direitos humanos.

I.1- CONCEITO E TERMINOLOGIA:

Embora não se trata de uma distinção estanque, alguns examinadores gostam


de fazer a diferenciação de Direitos Humanos e Direitos Fundamentais. São expressões
comumente usadas como termos “sinônimos”.

a) Direito do Homem: são direitos jusnaturais, que já estão com o homem pela
simples condição de ele ser homem, de ser pessoa humana, por ter nascido. Ex:
direito à vida, que é inato ao ser humano.
b) Direitos Fundamentais: direitos essenciais à dignidade humana, positivados na
ordem interna do País, previstos na Constituição dos Estados.
c) Direitos Humanos: direitos essenciais à dignidade humana, reconhecidos na
ordem jurídica internacional com previsão nos Tratados ou outros instrumentos
normativos do Direito Internacional, são direitos que transcendem a ordem interna
dos Estados.
Nesse sentido, vejamos o quadro a seguir:

Direitos do Homem Ausência expressa em texto normativos,


seja na ordem interna ou internacional
Direitos Fundamentais Previstos em textos constitucionais
Direitos Humanos Previstos no ordenamento internacional

Dito isso, até o momento, podemos inferir que:

• A essência dos Direitos Humanos é a dignidade humana;

• A diferença de Direitos Humanos e Direitos Fundamentais está em sua positivação;

• Direitos Humanos: direitos reconhecidos na ordem internacional;

• Direitos Fundamentais: direitos positivados na ordem interna de cada Estado, ou seja, em


suas Constituições.

I.2- CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS:

Em 1979, um jurista chamado Karel Vasak criou uma classificação de “Gerações de


Direitos” que não possui pretensões cientificas, mas ajuda a situar as diferentes categorias
de direitos no contexto histórico em que surgiram.

Existe diferença entre GERAÇÃO, DIMENSÃO E FAMÍLIA?

GERAÇÃO: o termo gerações de Direitos Humanos é a terminologia mais tradicional,


mais consagrada e que poderá ser utilizada sem medo em qualquer momento. Foi utilizada
por Karel Vasak, mas atualmente algumas doutrinas falam que o termo geração não se usa
mais, visto toda a evolução dos Direitos Humanos.

DIMENSÃO: Segundo afirma a doutrina majoritária seria o termo mais adequado por
não ser estanque. E justamente pelo fato dos Direitos Humanos serem complementares,
dinâmicos e inesgotáveis, é que, a expressão dimensão seria a mais adequada.
FAMÍLIA: Com relação ao termo “famílias”, temos que este veio em um período com
o ideal de fraternidade, presente no final da II Guerra Mundial, quando o mundo havia
passado por imensas guerras e precisava se reerguer.

Nesse sentido, embora tenha diferenciação terminológica, as expressões “Gerações,


Famílias e Dimensões”, poderão ser utilizadas como sinônimas, quando tratar de Direitos
Humanos.

A expressão gerações/dimensões de direitos humanos é utilizada para representar


categorias de direitos humanos, que de acordo com o momento histórico de seu surgimento
passam a representar determinadas espécies de tutela dentro do catálogo de proteção dos
direitos da Pessoa Humana.

A divisão em geração/família ou dimensão é uma das formas de se estudar os Direitos


Humanos, e essas categorias não impõe uma divisão rígida ou hierárquica dos direitos
humanos, nas apenas uma forma didática de abordá-los. É importante mencionar que a
existência de uma nova dimensão, família ou geração não exclui a anterior, mas amplia o
catálogo de direitos.

Através do estudo das gerações, podemos perceber o desenvolvimento histórico


acerca da fundamentação dos Direitos Humanos.

Nesse sentido, passamos a análise dessa classificação:

1º GERAÇÃO:

Século XVII- Século XIX. Direitos de LIBERDADE.

São os direitos civis e políticos, frutos das revoluções liberais e da transição do


Estado Absolutista para o Estado Liberal de Direito. São direitos negativos, pois negam a
intervenção estatal. A burguesia necessita de liberdade frente ao despotismo do Estado
Monárquico.

Marco jurídico:

• Declaração francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.


• Declaração do Bom Povo do Estado da Virginia (1776)
• Bill of Rigths (1689).
• Brasil: Constituição do Império (1824) e da República (1891).

Aqui, é importante que vocês entendam que são direitos subjetivos, pois são direitos
tutelados por todos os indivíduos e infligem o dever de não fazer do Estado, de cunho
negativo.

ATENÇÃO! no que concerne à Declaração de Direitos (Bill of Rights), eis


que embora não sendo uma declaração de direitos humanos nos moldes
das que viriam a ser aprovadas um século depois nos Estados Unidos,
essa Declaração de Direitos criou o instituto que se chamaria mais tarde
“garantia institucional”, ou seja, uma forma de organização do Estado cuja
função é a proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana.

2º GERAÇÃO

Início do Século XX- Direitos de IGUALDADE.

A igualdade deixa de ser meramente formal, passando a ser material, que se dá


através das liberdades positivas. O Estado deverá atuar para a garantia dos direitos do
indivíduo, conhecidos como Direitos positivos prestacionais. O Estado precisa intervir na
economia frente aos desequilíbrios causados pela Revolução Industrial.

É assegurados os Direitos sociais, econômicos e culturais.

Marco jurídico:

• Constituição Mexicana (1917);


• Constituição de Weimar (1919).
• Tratado de Versalhes (1919)
• Brasil: Constituição de 1934.

3º GERAÇÃO

Ano de 1945- Direito de FRATERNIDADE


São direitos que surgiram após as violações aos direitos humanos ocorridos no
período da Segunda Guerra Mundial. Por isso, foi necessário que esses abusos fossem
repelidos na esfera internacional, em uma ideia de união dos Estados.

São direitos difusos, direitos dos povos, direitos da humanidade. São direitos que
transcendem a noção de individualidade do sujeito criando novas categorias de tutela como
a dos direitos transindividuais. Ex: direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente, ao
consumidor.

Marco jurídico:

• Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).


• Brasil: Constituições de 1946 e 1988.

OBSERVAÇÃO: A partir da 4ª Geração, pode-se dizer que todos os direitos são


desdobramentos dos demais, podendo ser encaixados em outras dimensões
estudadas anteriormente.

4ª GERAÇÃO

Surgiram com a modernidade e a globalização dos direitos humanos e são


fundados na defesa da Dignidade Humana contra possíveis intervenções abusivas.

Ex: Bioética, biodireito, desarmamento nuclear, etc.

5º GERAÇÃO

São direitos à Paz Universal e a Segurança Internacional.

Para Paulo Bonavides, a paz advém do reconhecimento universal como


requisito da convivência humana, da conservação da espécie, garantindo segurança
aos direitos, eis que somente se efetiva a dignidade da pessoa humana se a paz vier
a ser elevada a direito de quinta geração.

Em resumo, assim se manifestam as doutrinas clássica e moderna a respeito


das dimensões/gerações dos direitos humanos:
1ª DIMENSÃO Direitos Civis e Políticos

2ª DIMENSÃO Direitos Sociais, Econômicos e Culturais


3ª DIMENSÃO Direitos de Solidariedade ou Fraternidade
4º DIMENSÃO Direitos dos Povos

5ª DIMENSÃO Direito à Paz

ATENÇÃO!

Outra importante divisão dos Direitos Humanos está presente na classificação


de G. Jellinek. Em sua classificação esse autor apresenta 4 status de efetivação dos
Direitos Humanos na relação entre o indivíduo e o Estado.

1º- Status PASSIVO: O individuo apresenta deveres em relação ao Estado. Ex:


obrigação de participar do serviço militar.

2º- Status NEGATIVO: Liberdade individuais frente às ingerências do Estado.


Liberdades civis tais como a liberdade de expressão e de crença.

3º- Status POSITIVO: O individuo passa a ter direito de exigir do Estado uma atuação
positiva, uma obrigação de fazer. Ex: direito a saúde.

4º- Status ATIVO: O individuo passa a ter direito de influir nas decisões do Estado.
Ex: direitos políticos.

I.3- FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS


O fundamento dos Direitos Humanos está baseado na ideia de dignidade. A
dignidade é a qualidade que define a essência da pessoa humana, ou ainda é o valor que
confere humanidade ao sujeito. É relacionado aquilo que existe no ser humanos pelo simples
fato de ele ser humano.
O homem é um ser cuja existência constitui um valor absoluto, ou seja, nada do que
existe no mundo lhe é superior ou equivalente.
A dignidade é um valor incondicional, incomensurável, ou seja, não se pode medir ou
avaliar sua extensão, insubstituível e não admite equivalente. É algo que possui uma
dimensão qualitativa.
Nesse sentido, o fundamento dos Direitos Humanos é a DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA.
Segundo ANDRÉ DE CARVALHO RAMOS1 a dignidade humana consiste na
qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, que o protege contra todo tratamento
degradante e discriminação odiosa, bem como assegura condições materiais mínimas de
sobrevivência. Consiste em atributo que todo indivíduo possui, inerente à sua condição
humana, não importando qualquer outra condição referente à nacionalidade, opção política,
orientação sexual, credo, etc.
No tocante à “Dignidade da Pessoa Humana” é necessário registrar que se trata de
um direito que motiva e de que decorrem todos os outros direitos.

I.4- DIREITOS HUMANOS E A RESPONSABILIDADE DO ESTADO


Nesse tópico é preciso que você lembre que, a matéria de Direitos Humanos exige
bom senso em seu estudo. É preciso que você estude sempre de maneira abrangente na
hora da prova, ou seja, esta matéria visa a proteção da condição humana, inerente a todos
nós, seja na educação, saúde, segurança, trabalho, dentre outros aspectos.
O presente tópico refere-se à responsabilidade do Estado em caso de violação de
Direitos Humanos, bem como a forma de repará-los. Por ser um tema muito amplo, vamos
concentrar nos pontos importantes e relevantes para sua prova.
Ao longo da história, o Estado na maioria das vezes figurou como o principal
responsável pela violação de direitos humanos, por ação ou omissão. Ocorre que,
atualmente, o Estado não ocupa mais com tanta frequência esse papel de principal
responsável, tampouco nem aparece como o único que responde pelos atos ilícitos, mesmo
sendo muito acionado a se explicar ou reparar violações.
De uma forma geral, qualquer violação de direitos humanos que acarreta em danos
deve ser reparada. Contudo, quando se trata do Estado, essa responsabilidade é em dobro,
pois este é, ao mesmo tempo, garantidor desses direitos e seu potencial violador. Entretanto,

1
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos.7 ed- São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
para nós nesse momento interessa compreender que os Estados não podem ser
responsabilizados por todos os atos, pois há parâmetros, ou seja, limitações que definem
em quais condições o Estado assume a responsabilidade no âmbito de direitos humanos.
Em tese, o Estado responde por todos os atos que violam os direitos humanos,
cometidos por representantes dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário), e,
também, por agentes estatais, independente da função que ocupam, em todas as esferas
(União, estados, Distrito Federal e municípios).
Vale destacar que essa responsabilização é objetiva, ou seja, não precisa comprovar
a intenção em ter praticado o ato ilícito que gerou a violação de direitos humanos.
Nesse sentido, figuram como elementos para a responsabilização do Estado:
• Prática de um ato ilícito
• Imputabilidade da obrigação ao Estado
• Prejuízo causado
• Ação ou omissão contrária à norma internacional de direitos humanos
• Nexo de causalidade entre o ato ilícito e o agente causador responsável
• Dano ao direito humano da(s) vítima(s)

E como deve ser considerado a responsabilidade do Estado na manutenção da


Ordem Pública?
O conceito acima, extraído do artigo 144 da Constituição Federal de 1988, atribui à
atividade policial o desempenho de suas funções precípuas e ao mesmo tempo a proteção
aos direitos humanos, de forma que as ações dos agentes de segurança devem ser
orientadas pelos princípios legais, morais, éticos e ainda àqueles referentes a preconização
dos Direitos Humanos no sentido de disciplinar as condutas e ações tomadas pelos seus
agentes, garantindo a integridade dos seres humanos em situações de conflito.
O Estado, através dos órgãos policiais, deve proporcionar a manutenção da ordem
pública diante de toda espécie de violação, assegurando a convivência dos homens em
sociedade, protegendo o cidadão contramanifestações de violência e garantindo o exercício
da cidadania nos limites da lei.
A partir desse contexto, pode ser extraído que a preservação da ordem pública
garante as condições essenciais à vida humana, de forma que o agente de segurança tem
como dever proteger a segurança do cidadão e de seu patrimônio bem como a salubridade
e tranquilidade no convívio social.
Na medida em que se verificam ocorrências que comprometam direitos fundamentais
garantidos constitucionalmente, devem os agentes estatais de segurança repeli-las,
resguardados os limites legais, morais, éticos e de DIREITOS HUMANOS.

I.5- CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

Pois bem, vencida essa primeira fase de classificação dos direitos humanos, vejamos
agora de maneira bem objetiva as características próprias desses direitos, eis que se trata
de um tema bem recorrente em provas de concurso.
Os direitos humanos são dotados de características próprias, capazes de distingui-
los de outros tipos de direitos, especialmente os da ordem doméstica.
São características dos Direitos Humanos:
• Relatividade
• Universalidade
• Historicidade
• Complementariedade
• Inexauribilidade
• Essencialidade
• Indisponibilidade
• Irrenunciabilidade
• Imprescritibilidade

a) RELATIVIDADE:
De acordo com STF os direitos humanos não são absolutos, sendo, portanto,
relativos. Isso porque, face ao caso concreto, eles poderão ser sopesados, flexibilizados,
manejados.
O exemplo mais clichê e mais usado, é o do direito a vida, que em situação de guerra
é relativizado em nossa constituição. No código penal, temos esse direito relativizado
quando trabalhamos com a questão do aborto.
Exceção: Contudo, temos uma exceção, e ela ocorre quando falamos em
Declaração Universal dos Direitos Humanos - DUDH. A Declaração Universal dos Direito
Humanos nos traz que 02 direitos não podem ser relativizados em hipóteses alguma,
sendo, portanto, considerados absolutos, direitos sobre os quais não haveria qualquer
possibilidade de transação, relativização, flexibilização.
São eles:
• Direito à Vedação à tortura;
• Direito à Vedação à escravidão;
Sendo assim, temos que segundo o STF: os direitos humanos não são absolutos.
Todavia quando analisarmos o tema de acordo com a DUDH, devemos mencionar
que no tocante a Vedação a escravidão e a vedação a tortura, os direitos são sim absolutos,
não podendo sofrer qualquer relativização.

b) UNIVERSALIDADE:
A universalidade consiste na atribuição desses direitos a todos os seres humanos,
não importando nenhuma outra qualidade adicional, como nacionalidade, opção política,
orientação sexual, credo, entre outras.
Com relação a esta característica, temos que os Direitos Humanos são universais por
dois motivos:
1- São oponíveis à todas as pessoas, a todo o ser humano, independente de
qualquer circunstancia ( cor, raça, etnia, nacionalidade, orientação sexual, crença
religiosa, etc).
2- O individuo que tiver seu direito violado, negligenciado em âmbito interno, poderá
recorrer a instancias internacionais para garantir a proteção destes.

c) HISTORICIDADE:
Relacionado com aspecto histórico dos Direitos Humanos. São considerados
históricos porque são frutos das manifestações ocorridas ao longo dos anos, e que são
resultado daquilo que a sociedade buscava em determinado momento.
Assim, os Direitos Humanos são frutos da demanda e transformações sociais de
cada época.
d) COMPLEMENTARIEDADE:
Os direitos humanos se complementam, eles não se iniciam e findam de acordo com
cada fase histórica, pelo contrário, direitos conquistados em determinado período é
agregado e reforçado por outro, seja ele anterior ou posterior.

e) INEXAURABILIDADE:
Os direitos humanos são inesgotáveis, eles não possuem fim, a cada dia temos a
necessidade de tutelar um direito novo, que em dado momento passa a ser essencial
e carece de proteção.

f) ESSENCIALIDADE:
Os direitos humanos são essenciais, são básicos a vida em sociedade.

g) INDISPONIBILIDADE OU INALIENABILIDADE:
Os Direitos Humanos não possuem valoração econômica.

h) IRRENUNCIABILIDADE
Os direitos humanos/fundamentais são irrenunciáveis porque não interessam apenas
ao indivíduo, ao particular, mas sim a toda a coletividade. Desse modo, aquilo que o indivíduo
faz com sua vida, não é só de interesse dele, mas de todos.
Entretanto, o STF admite renúncia excepcional e temporária a direitos que não firam
diretamente á Dignidade Humana. Exemplo: reality show.

i) IMPRESCRITIBILIDADE
Os direitos humanos/fundamentais são imprescritíveis, eles não podem sair da
esfera de proteção pelo simples não exercício de seu titular.
Nesse sentido, o direito à vida, à propriedade, à liberdade, entre outros, são
protegidos, sendo eles utilizados ou não. O titular não perderá a proteção de tais direitos se
não os utilizar.

RESUMINDO! esquematizando as apontadas com mais incidência:


1) historicidade: decorrem das condições materiais e culturais de uma época. Nesse
sentido, equivocada a concepção do jusnaturalismo, segundo a qual são atemporais e
fixos. Pelo contrário: são fruto da evolução histórica de cada povo – daí não serem os
mesmos em todas as partes do mundo;
2) inalienabilidade: são direitos indisponíveis e, portanto, não podem ser objeto de
quaisquer negociações;
3) imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se sujeitam à prescrição, isto é,
veda-se ao legislador que estipule prazo para o exercício do direito de ação com vistas a
preservá-los;
4) irrenunciabilidade: não pode o particular renunciar aos direitos fundamentais de que
é titular. Pode, todavia, optar por não os exercer em determinadas situações (renúncia ao
exercício)

2-TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

2.1- Eficácia dos Direitos Fundamentais


a) Eficácia Vertical dos Direitos Fundamentais
Buscou-se estudar a eficácia dos direitos fundamentais em um modelo que tutelasse
as relações entre o Estado e os particulares, e essa relação era uma relação verticalizada,
ou seja, o Estado se encontrava acima do particular.

b) Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais


Ocorre que, com o passar do tempo e desenvolvimento da sociedade, percebeu-se
que as relações entre os particulares também mereciam/precisavam ser protegidas,
observadas, tuteladas. Todavia, diferentemente da relação Estado/Particular, os particulares
encontravam-se em situação de igualdade, ou seja, estariam em um mesmo patamar. Nesse
sentido não falamos mais em relação de verticalidade, mas sim, de horizontalidade.

c) Eficácia Diagonal dos Direitos Fundamentais


Seria mais uma forma de relação entre particulares. Contudo, há de ser ter em mente
que na eficácia diagonal, uma das partes (particulares) encontra-se em situação de
vantagem sobre a outra, gerando assim desequilíbrio na relação.
Exemplo: empresa de Telemarketing, relação de trabalho, etc.
EFICÁCIA VERTICAL DOS EFICÁCIA HORIZONTAL EFICÁCIA DIAGONAL
DIREITOS DOS DIREITOS DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS
Consiste na aplicação dos Posteriormente, surgiu a Uma eficácia que é um meio
direitos fundamentais às eficácia horizontal, também termo. É uma relação entre
relações entre Estado e denominada de “Eficácia particulares, mas onde não
particulares. Relação de Externa” ou “Eficácia em há uma igualdade fática.
subordinação que o Relação a Terceiros”, ou
particular tem com o Estado. “Eficácia Privada”. Consiste
Quando os direitos na aplicação dos direitos
fundamentais foram criados, fundamentais às relações
eles eram aplicados entre os próprios
somente a essa relação, particulares
para proteger os particulares
do arbítrio do Estado.

Nesse sentido, explica Nathália Masson (Manual de D. Constitucional, 2016, pág.


201): O Direito Constitucional contemporâneo vem reconhecendo a expansão da eficácia
dos direitos fundamentais para abarcar, também, as relações privadas. Essa tendência,
cujas discussões se iniciaram na Alemanha, explicita a potencialidade dos direitos
fundamentais de produzirem efeitos não exclusivamente numa perspectiva vertical (do
particular frente ao Estado), mas também numa ótica horizontal (entre particulares) - a
metáfora vertical/horizontal justifica-se em razão da leitura que se faz da arquitetura jurídico-
social dos polos contrapostos: o particular seria a parte enfraquecida perante o Estado forte,
poderoso e opressor, daí a ideia de subordinação, de aplicação verticalizada de direitos;
noutro giro, entre particulares, o confronto de interesses se daria num plano horizontal, a
partir de uma relação de coordenação, porque entre indivíduos que se situam (ao menos em
tese) de modo similar/equilibrado na estrutura de forças do ordenamento.

EXERCÍCIOS:
Chegou o momento de colocar em prática o que você aprendeu sobre o conteúdo
trabalhado.
Você deverá responder as questões e ao final poderá corrigir as alternativas
identificando as respostas corretas. Espero que você faça as questões e somente ao final
faça a correção.
Lembre-se: “Treino duro, jogo fácil!”
1- Os chamados pela doutrina de “direitos fundamentais de primeira geração” estão
relacionados com a igualdade e compõem alguns direitos sociais, tais como os
direitos trabalhistas, previdenciários, econômicos e culturais, e outros vinculados à
educação e à saúde.
( ) CERTO ( ) ERRADO

2- Com base na evolução dos direitos humanos em geração, é CORRETO afirmar que
o direito à moradia é considerado de:
a) Primeira geração.
b) Segunda geração;
c) Terceira geração;
d) Quarta geração

3- Sobre o conceito de direitos humanos analise as afirmativas abaixo:


I-direitos humanos são todos os direitos relacionados à garantia de uma vida digna a
todas as pessoas. Os direitos do homem são direitos que são garantidos à pessoa
pelo simples fato de ser humana.
II-direitos humanos é o conjunto de garantias e valores universais que tem como
objetivo garantir a dignidade, que pode ser definida com um conjunto mínimo de
condições de uma vida digna.
III-de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) os direitos humanos são
garantias de proteção das pessoas contra ações ou falta de ações dos governos que
possam colocar em risco a dignidade humana.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III.
c) Apenas III e II.
d) I,II,e III.
e) Nenhuma das alternativas.

4- A teoria das gerações dos direitos humanos foi lançada pelo jurista Karel Vasak, que,
em Conferência proferida no Instituto Internacional de Direitos Humanos de
Estrasburgo (França, 1979), classificou os direitos humanos em três gerações, cada
uma com características próprias. Posteriormente, determinados autores defenderam
a ampliação da classificação de Vasak para quatro ou até cinco gerações. A respeito
dos direitos de terceira geração, tem-se, como exemplos,
a) O direito à intimidade, à segurança e à habitação.
b) O direito à liberdade, à igualdade e à propriedade.
c) O direito à liberdade, à igualdade e à fraternidade.
d) O direito à saúde, à educação e à previdência social.
e) O direito à paz, à autodeterminação e ao meio ambiente equilibrado.
5- Em relação aos Direitos Humanos, analise as afirmativas abaixo e assinale a
alternativa correta:
I. Direitos Humanos são os direitos básicos de todos os seres vivos.
II. II. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade.
III. III. Os direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa por ela
simplesmente ser um humano.

a) Apenas II está correta.


b) Apenas III está correta.
c) Apenas II e III estão corretas.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) I, II e III estão corretas.

6- Assinale a alternativa correta acerca da classificação dos Direitos Humanos em


gerações:
a) A quarta geração de direitos é marcada pelos avanços sociais.
b) As liberdades politicas e civis marcam a segunda geração de direitos.
c) A terceira geração de direitos constitui direitos de igualdade.
d) Os direitos de fraternidade, como o progresso e a paz, são elementos dos direitos
de primeira geração;
e) A quarta geração de direitos é ligada aos direitos tecnológicos, como direito de
informação.

7- Os direitos humanos são denominados com variados termos. Assinale a alternativa


que não é aceita contemporaneamente, por expressar uma ideia ultrapassada sobre
o tema:
a) Direitos naturais.
b) Direitos fundamentais.
c) Direitos da pessoa humana.
d) Direitos humanos fundamentais
e) Direitos essenciais da humanidade.

8- A respeito dos marcos históricos, fundamentos e princípios dos Direitos Humanos,


assinale a opção correta:
a) Segundo a doutrina contemporânea, direitos humanos e direitos fundamentais são
indistinguíveis; por isso, ambas as terminologias são intercambiáveis no
ordenamento jurídico.
b) Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, que foi internalizado pelo
ordenamento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de
1988.
c) No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício
pelos cidadãos se esgota no direito de votar e de ser votado.
d) A dignidade da pessoa humana, principio basilar da Constituição Federal de 1988,
é fundamento dos direitos humanos.
e) Em razão do principio da imutabilidade, os direitos humanos reconhecidos na
Revolução Francesa permanecem os mesmos ainda na atualidade.

9- É costume que, no âmbito da teoria geral dos direitos humanos, eles sejam
classificados em gerações ou dimensões que expressam a maneira como foram
afirmados ao longo do tempo.
A primeira e a segunda gerações ou dimensões desses direitos são, respectivamente:
a) Direito Nacional e Direito Internacional.
b) Direitos Naturais e Direitos Positivos.
c) Direitos Civis e Políticos e Direitos Econômicos e Sociais.
d) Direitos Transgeracionais e Direitos Individuais.
e) Direitos da Infância e Adolescência e Direitos dos Idosos.

10- O fundamento basilar dos Direitos Humanos está:


a) No relativismo.
b) No universalismo;
c) Na dignidade da pessoa humana;
d) Na indivisibilidade
e) Na igualdade.

RESPOSTA:
1- ERRADO.
2- Letra B.
3- Letra D.
4- Letra E.
5- Letra C.
6- Letra E.
7- Letra A.
8- Letra D.
9- Letra C.
10- Letra C.

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