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Por
2014
Inversão Geométrica Aplicada à
Resolução dos Problemas de
Apolônio †
por
sob orientação da
a a
Prof . Dr . Elisandra de Fátima Gloss de Moraes
Setembro/2014
João Pessoa - PB
†
Este trabalho contou com apoio nanceiro da Capes.
Agradecimentos
a ir mais longe.
Aos meus irmãos, Giseuda, Gisele e Cledson que venceram na vida e que também
necessidades.
v
Dedicatória
vi
Resumo
ensino básico, então há uma proposta de roteiro para que o leitor possa participar
vii
Abstract
This work was developed with the aim of presenting a new approach within
that has several applications, mainly related to problems of tangency. This new
Geometry is presented throughout this work in order to solve the ten problems of
Apollonius. All constructions are carried out with the aid of a Dynamic Geometry
software, Geogebra. Since the work is directed to teachers and students of basic
education, then there is a proposed roadmap for the reader to participate in the
construction of the solutions of these problems process, which will enable the
constructions.
Geometric constructions.
viii
Sumário
Introdução 1
1.2 Tangência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2 Geometria Inversiva 14
2.1 Um pouco da História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3 Os Problemas de Apolônio 31
3.1 Contexto Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
ix
3.2.8 Problema 8 (PRC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Referências Bibliográcas 56
x
Introdução
estendeu de aproximadamente 324 a.C a 600 d.C. Foi neste período que Apolônio
propôs dez problemas, que vieram a receber seu nome. Estes problemas, em especial
o último, despertou o interesse de vários matemáticos ao longo dos séculos, cada qual
matemático disponível em cada época. Mas, embora muitas soluções tenham sido
formação intelectual do indivíduo. Então, por que essa ciência tem sido tratada, no
1
atual sistema de ensino, como algo tão desprezível? Será que a matemática moderna
escolas? Acredito que não. Mas apesar da sua importância dentro da Matemática,
resgatar a Geometria como uma das áreas fundamentais da Matemática tem levado
tais problemas.
geométrico prévio que nos dará suporte para chegarmos a tais soluções. Sendo assim,
os dois capítulos que antecedem a resolução de tais problemas tem como objetivo
no Capítulo 3.
2
computacional: Geogebra. Nesta parte do trabalho há uma interessante discussão
uma breve apresentação da vida e obra do referido autor, bem como dos desaos ao
longo dos tempos para se solucionar o décimo e mais intrigante problema proposto
por ele.
3
Capítulo 1
4
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
queríamos demonstrar.
5
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
Proposição 1.1.3: Em todo triângulo as mediatrizes dos lados passam todas por
Figura 1.3).
queríamos demonstrar.
6
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
ângulos ∠BAC, ∠ABC e ∠BCA do triângulo ABC (veja Figura 1.4) e I o ponto
em I.
Proposição 1.1.5: Todo triângulo admite um único círculo passando por seus
mesmo.
1.5). Como O é o ponto de interseção das mediatrizes dos lados do triângulo, temos
7
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
dos lados de ABC donde coincide com o ponto de interseção das mesmas, que é o
igual a R.
Proposição 1.1.6: Todo triângulo admite um único círculo contido no mesmo e
tangente a seus lados. Tal círculo é dito inscrito no triângulo e seu centro é o incentro
do mesmo.
8
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
I é o ponto de interseção das bissetrizes internas de ABC , temos que I equidista dos
lados de ABC . Sendo r tal distância comum aos lados, segue que o círculo de centro
I e raio r está contido em ABC e tangencia seus lados. A unicidade do círculo
círculo circunscrito.
1.2 Tangência
Além dessas proposições demonstradas anteriormente, para que possamos dar
9
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
Lembremos que uma circunferência C e uma reta r são ditos tangentes, se existir
um único ponto P comum a C e a r.
Das quatro propriedades do Desenho Geométrico que se seguem, demonstraremos
encontrá-la em [1].
10
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
11
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
1.11), então temos QO > P O = R, uma vez que QPbO = 90◦ é o maior ângulo do
triângulo OP Q. Portanto Q∈
/ C e, assim, P é o único ponto em comum a t e C.
Logo, t é a reta tangente a C em P.
AP /BP = AP 0 /BP 0 .
P sobre uma reta r, traçamos duas retas quaisquer a1 e a2 passando por A e uma
12
Capítulo 1. Alguns Conceitos Geométricos
(EF HG, na Figura 1.13) tal que os lados opostos concorrem em A e B, e tal que
uma de suas diagonais passa por P. Seja P0 o ponto de encontro de r com a outra
13
Capítulo 2
Geometria Inversiva
século XIX, e tem como responsável Jacob Steiner (1796-1863), matemático suíço
que só foi para a escola após os 18 anos, mas que apesar disso foi considerado o maior
geômetra sintético dos tempos modernos. O seu trabalho serviu para solucionar
problemas que até então não eram possíveis de serem resolvidos pela Geometria
Euclidiana, dentre estes está o famoso problema de Apolônio que consiste em traçar
familiar aos nossos estudos matemáticos (já que os nossos livros didáticos não
entendimento.
14
Capítulo 2. Geometria Inversiva
OP .OP 0 = r2
Podemos estender esta denição fazendo uso da seguinte proposição que relaciona
15
Capítulo 2. Geometria Inversiva
AP AP 0 (AO + OP ) (AO + OP 0 )
= ⇔ =
BP BP 0 (OP − OB) (OB − OP 0 )
(r + OP ) (r + OP 0 )
⇔ =
(OP − r) (r − OP 0 )
⇔ (r + OP ).(r − OP 0 ) = (OP − r).(r + OP 0 )
construção:
16
Capítulo 2. Geometria Inversiva
−→
4. Traçar a semirreta AP e assinalar o ponto C, outro ponto que intersecta a
circunferência;
−−→
5. Traçar a semirreta BC ;
17
Capítulo 2. Geometria Inversiva
estabelecer uma transformação biunívoca entre cada ponto do plano e seu respectivo
pois OP pode crescer innitamente ao longo de uma reta qualquer. Logo, concluímos
que todas as retas do plano possuem pelo menos um ponto em comum. E a esse
Agora com uma denição precisa de inversão, podemos explorar essa nova
desvendar soluções para problemas que, até então, tornavam-se trabalhosos sobre
a ótica da Geometria Euclidiana ou até mesmo irresolúveis. Para este m, serão
corolários e demonstrações presentes neste trabalho. Este recurso torna-se útil por
possuir uma ferramenta chamada inversão, que facilitará a construção das referidas
guras.
Seria a inversão uma isometria? Qual é, por exemplo, o inverso de uma corda
18
Capítulo 2. Geometria Inversiva
Com as conclusões dadas acima, somos instigados a perguntar: qual seria a gura
qualquer? Mais uma vez o uso da Geometria Dinâmica será essencial para obtermos
essas respostas. A princípio descrevemos a seguir o roteiro que nos possibilitará tirar
uma conclusão em relação ao inverso de uma circunferência que passa pelo centro
da circunferência de inversão:
C1 (Figura 2.4).
19
Capítulo 2. Geometria Inversiva
Observe que o rastro de P0 forma uma reta. Mais do que isto, a reta formada é
relação à C de uma circunferência C1 , de centro O0 , que passa por O é uma reta que
∠P 0 OQ0 são congruentes. Além disso temos OQ.OQ0 = OP .OP 0 , ambos inversos por
construção. Logo, OQ/OP 0 = OP /OQ0 . Observe também que os triângulos P OQ e
Q0 OP 0 são semelhantes (caso LAL). E como o ângulo OQP é reto (triângulo inscrito
perpendicular a OO0 .
20
Capítulo 2. Geometria Inversiva
OP/OU 0 = OU/OP 0 . Portanto (OP ).(OP 0 ) = (OU ).(OU 0 ). Mas, por construção
21
Capítulo 2. Geometria Inversiva
relação à C de uma circunferência C1 que não passa por O é uma circunferência que
circunferência que não passa por O. Seja s uma reta que passa por O e é secante à
r2 = OA.OA0 = OP .OP 0 .
OAP
b c0 A0
= OP (2.1)
22
Capítulo 2. Geometria Inversiva
Figura 2.7: Inversão de circunferência que não passa pelo centro de inversão.
OBP
b c0 B 0
= OP (2.2)
OAP
b = ABP
b + APbB = OPbB + APbB.
Logo,
b − OBP
APbB = OAP b (2.3)
A0 P
c0 B 0 = OP
c0 A0 − OP
c0 B 0 (2.4)
23
Capítulo 2. Geometria Inversiva
Como consequência das equações (2.1), (2.2), (2.3) e (2.4), temos que
APbB = A0 P
c0 B 0 .
que tipo de gura será formada ao calcularmos o inverso de uma reta passando ou
−→
Se P 6= O é um ponto da reta s, então, o inverso P0 de P pertence à semirreta OP ,
logo, como P e O pertencem à s, então, P 0 ∈ s. Se P = O, então, seu inverso que é
Ω pertence à s, pois pertence a todas as retas. Agora, resta mostrar que cada ponto
24
Capítulo 2. Geometria Inversiva
relação à C de uma reta s que não passa por O é uma circunferência que passa por
O.
−→
Demonstração: Dada uma reta s que não passa em O, trace a semirreta OA
perpendicular a s no ponto A e o ponto A0 , inverso de A, veja Figura 2.9. Para cada
OA.OA0 = OP .OP 0 = r2 .
Figura 2.9: Inversão da reta que não passa pelo centro de inversão.
25
Capítulo 2. Geometria Inversiva
Mas como todo triângulo retângulo é inscritível numa semicircunferência, segue que
P = t0 ∩ t, então, P 6= O, pois O∈
/ t, e P 0 ∈ t00 ∩ t0 . Pela Proposição 2.2.4, temos
26
Capítulo 2. Geometria Inversiva
n0 são circunferências que passam por O. Pela Proposição 2.3.1, a reta tangente à
III) Suponhamos que a reta m passe por O e n não passe por O (veja Figura
27
Capítulo 2. Geometria Inversiva
Figura 2.12: Ângulos entre retas concorrentes se uma passa por O e suas inversas
P 0. Logo, o ângulo entre v e w é o ângulo entre t0 e u0 que, por sua vez, é o ângulo
28
Capítulo 2. Geometria Inversiva
da circunferência D0 .
Demonstração: Seja t a reta que passa pelos centros O de C e B de D, veja
29
Capítulo 2. Geometria Inversiva
30
Capítulo 3
Os Problemas de Apolônio
onde hoje é a atual Turquia. Ainda jovem, Apolônio deixou Perga em direcção a
Alexandria, onde estudou sob a orientação dos seguidores de Euclides, tendo mais
uma vasta obra, apesar de muitos desses livros terem se perdido ao longo do tempo.
Dividir Segundo uma Razão e As Cônicas, sendo esta última considerada sua
obra prima. Este trabalho possui cerca de quatrocentas proposições em seus oito
traduzida dos três livros seguintes, feita pelo matemático árabe Tâbit ibn Qorra
(826-901). Esta obra extraordinária traz um estudo exaustivo das curvas que a
a.C.) e Euclides sobre o assunto. Mais do que isso, arma-se que Apolônio tenha
que, juntamente com outros trabalhos perdidos, é conhecida apenas por referências
31
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
posteriores.
22 23
que aquela conhecida
7
<π< 7
, estabelecida por Arquimedes. Em um de seus
Dados três objetos do plano, cada um dos quais podendo ser pontos,
simultaneamente .
Os casos são: três pontos dados (PPP), três retas dadas (RRR), dois pontos
e uma reta (PPR), dois pontos e uma circunferência (PPC), um ponto e duas
retas (CRR), um ponto, uma reta e uma circunferência (PRC), uma reta e duas
o caso de três pontos, até o mais difícil que é traçar circunferências tangentes a
outras três dadas. Este último caso foi considerado um desao para os matemáticos
dos séculos XVI e XVII que pensavam que o autor não o teria resolvido. Foi
resolvido pelo belga Adriaan van Roomen (1561 - 1615) no m do século XVI,
32
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
usando interseção de cônicas. Pouco tempo depois, o francês François Viète (1540 -
1603) resolveu-o utilizando apenas régua e compasso. Veja [4] para maiores detalhes.
a C;
Figura 3.1).
Para este caso o número de soluções dependerá das posições relativas entre as
33
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
Para os subcasos de ambas serem paralelas ou concorrentes num mesmo ponto não
duas a duas, o que resultará em quatro soluções. Para a construção a seguir veja
Figura 3.2.
as retas a e b, a e c, b e c, respectivamente;
34
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
em relação a D;
10. Proceda de maneira análoga aos passos de 4 a 8 acima para com os ex-
35
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
uma reta não paralela a reta dada, pois se esses pontos pertencerem a semiplanos
distintos da reta dada, não haverá solução, e se pertencerem a uma reta paralela a
reta dada, teremos uma única solução. Acompanhe a construção a seguir na Figura
3.4.
36
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
exterior da mesma;
37
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
38
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
Observe que este problema tem solução em quatro subcasos: duas retas paralelas
e o ponto no interior de ambas, duas retas paralelas e o ponto pertencente a uma delas
(reduzindo ao caso RR), duas retas concorrentes e o ponto pertencente a uma delas
(também RR) e duas retas concorrentes e o ponto não pertencente a nenhuma delas.
Focaremos nossa construção neste último caso. Para acompanhar a construção veja
Figura 3.6.
delas;
serem secantes e o ponto exterior a ambas (há duas circunferências como solução), e o
subcaso que iremos tratar em seguida que consiste de duas circunferências disjuntas
39
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
(Figura 3.7);
A análise que faremos nesse caso será baseada no subcaso em que temos duas
40
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
41
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
42
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
h essas retas;
3. De forma análoga ao passo anterior faça para com a reta t. Sejam p e q essas
retas;
entre d e s;
43
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
a
Figura 3.10: 1 parte da solução do caso CRR
a
de centro M e raio MN, que é a 1 circunferência-solução do problema.
h e C2 ;
a
Construa a circunferência de centro R e raio QR, que é a 2 parte da solução
(Figura 3.11);
solução nal.
44
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
a
Figura 3.11: 2 parte da solução do caso CRR
45
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
Assim como nos problemas anteriores, o caso PRC possui vários subcasos, sendo
que o mais interessante é sem dúvida aquele em que os três elementos não se
e a reta tangencia a mesma teremos apenas uma solução; mas se o ponto é comum
subcaso citado:
3.13);
46
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
Os dois últimos casos sugerem uma atenção especial pelo fato de não termos
que faria com que tivéssemos duas ou três retas no Problema 9 (interseção da
obter um caso particular mais simples de se resolver, veja [5] e [8]. Para tanto, faz-se
47
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
48
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
49
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
pontos mágicos de C e D.
Os pontos mágicos de C e D são, portanto, os pontos que são inversos em relação
a C e a D simultaneamente.
que será de grande importância para resolvermos os dois últimos casos dos problemas
de Apolônio:
da posição dos três elementos envolvidos. Contudo, abordaremos o caso mais geral:
50
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
a ambas as circunferências.
circunferência D e a reta s;
o inverso de Q em relação a T;
0
A e de diâmetro rD − rC0 . Sejam R1 , R2 , R3 e R4 tais circunferências (Figura
3.19);
51
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
52
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
0
cujo raio é rD − rB . Veja Figura 3.20;
ao que zemos no caso RCC. Isto faz sentido, haja vista que a inversão de uma
circunferência que não passa pelo centro de inversão também é uma circunferência
que não passa pelo centro de inversão (Proposição 2.2.3). Logo, ao invertermos a
53
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
circunferência, cujos pontos mágicos não pertencem ao seu interior, obteremos uma
3.22). Além disso, também teremos oito soluções se as circunferências dadas forem
54
Capítulo 3. Os Problemas de Apolônio
55
Referências Bibliográcas
a
conceitos geométricos. 23 reunião anual da ANPED, 2000.
[2] Boyer, C. B., História da Matemática. Edgard Blucher, São Paulo, 1974.
[4] http://www.academia.edu/1068945/Solucao_do_problema_de_Apolonio_
utilizando_Geometria_Inversiva.
56
Referências Bibliográficas
[8] Spira, M., Como Transformar Retas em Círculos e Vice Versa: A inversão e
57