Medicina Legal - Aula 18

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Tanatologia Médico-Legal����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Causas Jurídicas da Morte������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Perinecroscopia������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Lesões Produzidas Previamente à Morte (Intravitam)�������������������������������������������������������������������������������������������������4
Lesões Post Mortem����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4

Lei do Direito Autoral nº �9 16 0, de 19 de Fevereiro de 19:89 Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos�
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Tanatologia Médico-Legal
A Tanatologia Forense é a área da Medicina Legal que procura estabelecer o mecanismo da
morte, a causa da morte e o diagnóstico diferencial. Também se preocupa com os sinais dos quais a
morte ocorreu, como ocorreu, bem como as transformações cadavéricas. É um ramo da Medicina
Legal que visa ao estudo da morte, sua conceituação, causa jurídica e fenômenos cadavéricos.
Para fim de transplante de tecidos e órgãos humanos, não basta constatar morte cerebral, deve-se
ainda registrar morte ENCEFÁLICA. Genival Veloso França ainda cita alguns pontos notados por
universidades de todo o mundo, no entanto em nível de concursos públicos, saiba que o critério hoje
adotado pelas bancas e pela maioria doutrinária é a morte encefálica permanente irreversível.
O diagnóstico de morte encefálica não pode ser utilizado como único critério (devido à possibili-
dade de reversibilidade) em casos de:
→→ menores de 2 anos;
→→ morte por hipotermia;
→→ drogas depressoras do SNC;
→→ encefalites;
→→ distúrbios metabólicos ou endócrinos.
Logo, nesses casos citados, além da constatação da morte encefálica, é preciso realizar exames
complementares para se constatar o óbito. Hygino cita como exemplos de exames complementares a
avaliação de perfusão sanguínea, atividade elétrica e atividade metabólica cerebral.
ATENÇÃO! Definição de morte segundo a Resolução 1.480/97 do CFM  Parada total e irrever-
sível das funções encefálicas de causa conhecida e constatada de modo indiscutível, caracteriza-
da por coma aperceptivo, com ausência de resposta motora supraespinhal e apneia.
Mesmo nos casos em que restam poucas dúvidas, o diagnóstico da causa jurídica da morte tem
que ser feito, obrigatoriamente, por peritos oficiais, por determinação do CPP. Na falta do perito
oficial, o juiz poderá nomear um perito, o qual deverá realizar o exame, sob pena de multa. Contudo,
não é atribuição do médico-legista estabelecê-la. Tanto é, assim, que os quesitos oficiais do auto de
exame cadavérico não incluem tal indagação. O esclarecimento da causa jurídica de morte não in-
teressa apenas ao processo penal. No foro civil, é também importante, visto que os contratos de
seguro, em geral, não cobrem as mortes por suicídio.
O conceito de morte se desdobra em várias vertentes:
→→ MORTE NATURAL: opõe-se à morte violenta. Não só é a morte por velhice, mas todas aquelas
decorrentes de doenças, vícios congênitos ou outras patologias, e pelas quais, juridicamente,
ninguém poderá ser responsabilizado. Poderá ocorrer com ou sem assistência médica.
→→ MORTE VIOLENTA: é a morte decorrente de causa externa, ou seja, acidental, por ação ou
omissão de outra pessoa (homicídio ou indução ao suicídio) ou por ação própria (suicídio), cujas
circunstâncias apresentam indícios de criminalidade, em decorrência da qual será aberto um in-
quérito policial, para se determinar a causa jurídica da morte, nos casos estabelecidos no Código
Penal e apurar responsabilidades. Cabe, então, à Criminalística determinar a Causa Jurídica da
Morte e à Medicina Legal a causa mortis.
→→ MORTE APARENTE: corresponde aos primeiros sintomas da morte real, antes de ocorrer a
morte encefálica, com a perda da consciência, sensibilidade, tônus musculares, imobilidade do
corpo, parada respiratória, parada circulatória, ausência do pulso e batimentos cardíacos. A tec-
nologia presente permite que os sinais vitais possam ser restaurados ou mantidos artificialmente
e, cada vez que avança, cria uma nova necessidade de reavaliar o conceito da morte.
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→→ MORTE REAL: é o estado de morte que satisfaz a um conjunto de sintomas, verificados por
diversos procedimentos, técnica e cientificamente aceitos no âmbito da Medicina Legal, sendo
esta a cessação efetiva e definitiva da vida.
→→ MORTE AGÔNICA: tipo de morte que se opõe à morte súbita, processando-se em tempo pro-
longado. Ocorre de maneira esperada, devagar, significando a culminação de um estado mórbido,
isto é, de uma doença ou da evolução de um traumatismo.
→→ MORTE SÚBITA: tipo de morte assim chamada, desde que seja imprevista, processe-se rapida-
mente, seja clinicamente indeterminada e ocorra em estado de aparente saúde. Pela brevidade de
instalação do processo – desde segundos até horas – não possibilita que seja realizada uma pesquisa
profunda e uma observação acurada da sintomatologia clínica, hábil a ensejar um diagnóstico com
certeza e segurança, nem poder instituir um tratamento adequado e, muitas vezes, sequer elidir se
houve ou não violência. Contudo, do ponto de vista médico-legal, e persistindo dúvidas, o diagnós-
tico diferencial entre morte rápida e morte lenta se baseia em docimasias químicas ou histoquími-
cas, isto é, na pesquisa do glicogênio e da glicose no fígado, e na constatação da adrenalina ou do
pigmento feocrômico nas suprarrenais. É sempre suspeita e deve ser investigada.
ATENÇÃO! A morte agônica e a súbita podem estar relacionadas à morte natural ou violenta.
No entanto, na prática, morte súbita é praticamente sinônimo de morte natural, mas, de acordo
com França, ainda assim deve ser investigada.
→→ MORTE POR INIBIÇÃO: morte por síncope (perda dos sentidos) cardíaca reflexa, que segue a
uma ação traumática ou irritativa, exercida sobre determinadas áreas, particularmente sensíveis,
do organismo. Há necessidade que um conjunto de condições desfavoráveis esteja predisposto
para uma determinada pessoa, uma vez que a ação traumática ou irritativa não é compatível com
o resultado, não se podendo verificar em exame de necropsia.
ATENÇÃO! Alguns autores chamam a morte por inibição de morte instantânea fisiológica, por
admitirem que seu mecanismo seja estimulação nervosa periférica, desencadeando resposta
vagal com bloqueio cardíaco e/ou vasodilatação generalizada, com queda da pressão arterial,
isquemia cerebral e choque.
→→ MORTE SUSPEITA: é aquela decorrente de fatores desconhecidos, ou seja, de causa não natural
e não violenta. Em tese, deve sempre ser investigada para posterior análise criminal.

Causas Jurídicas da Morte


Um dos principais objetivos da Medicina Legal é determinar a causa mortis. Nesse aspecto, o
perito deverá colocar em prática toda a sua argúcia e observação em prol da resolução do crime. A
necropsia muitas vezes estabelece a causa mortis por lesões externas, como lesões de defesa, geral-
mente encontradas em mãos, antebraços, pés, ombros etc. A direção da ferida deve receber uma
atenção específica, pois explica a dinâmica do crime.
A multiplicidade de lesões é significativamente em favor de homicídio. O exame do indiciado
é fundamental para analisar a capacidade de lesionar e a forma de lesionar. A arma contundente é
muito mais utilizada em homicídios ou acidentes do que em suicídios. Instrumentos de corte são
comuns em homicídios enquanto armas de fogo são comuns em qualquer causa jurídica.

A mudança do local do crime é altamente indicativa de crime doloso. O diagnóstico é dado pelos vestígios
de arrastamento do corpo e pela presença de manchas hipostáticas vistas em regiões inversas ao decúbito.

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Perinecroscopia
O exame de local de morte violenta ou suspeita leva em conta diversos fatores para se analisar.
O perito criminal deve ter sensibilidade e instinto ao observar detalhes que nem todos são capazes
de detectar. Assim, marcas de arrastamento, jatos e respingos de sangue, direção de projéteis, entre
outros aspectos, são avaliados por peritos criminais, enquanto ao médico-legista incorre a avaliação
dos indícios intrínsecos ao cadáver.
O médico-legista deverá verificar ferimentos encontrados ao longo do corpo. Na abertura do
cadáver (necropsia), é comum serem encontrados alimentos ou substâncias químicas no estômago.
Sabe-se que o leite e seus derivados podem permanecer por cerca de 2 horas no estômago, enquanto
carnes, por 4 até 7 horas. Após sete horas já é possível constatar esvaziamento gástrico. Nas mulheres,
é interessante pesquisar a presença de espermatozoides, que podem ser encontrados ainda móveis
em secreção vaginal, em cerca de 10 horas depois do último coito, e imóveis, até cerca de 2 a 3 dias.

Lesões Produzidas Previamente à Morte (Intravitam)


Alguns elementos permitem afirmar com segurança que uma lesão foi feita em vida. São eles: reação
inflamatória, o processo de reparação e de regeneração, e a coagulação do sangue. Havendo sobrevida
suficiente, instala-se a reação inflamatória, que é um mecanismo de defesa pelo qual o organismo tenta
conter o agente agressor e limitar o dano causado. A reação inflamatória só ocorre em vida.
Nos primeiros minutos após a agressão, a região atingida aparece pálida por causa de uma va-
soconstrição, que dura tanto mais quanto maior tenha sido a intensidade de energia vulnerante.
Segue-se uma vasodilatação local causada pela abertura dos esfíncteres das arteríolas pré-capilares,
que faz com que se abram outros grupos de capilares na mesma região. Essa vasodilatação faz com
que a pele fique vermelha e quente. A circulação fica mais lenta, dando oportunidade a que maior
número de glóbulos brancos passe a ter contato direto com a parede dos capilares.
A marginação dos glóbulos brancos permite sua aderência no endotélio (célula de revestimento
dos capilares) e ulterior migração para fora dos vasos, em direção à área conflagrada. Mas esses fenô-
menos levam algumas horas para atingir proporções que os tornem perceptíveis. Assim, a infiltra-
ção por células inflamatórias só serve para diagnosticar como in vitam feridas que foram feitas pelo
menos algumas horas antes da morte. Sendo bem-sucedida a reação inflamatória, o agente agressor é
neutralizado, as células mortas durante o processo são removidas e se inicia a proliferação de células
próprias do tecido lesado para reparar o defeito causado pela agressão.
Outro elemento importante, que depende da circulação linfática é a presença de partículas estra-
nhas nas células dos linfonodos de drenagem da região lesada. Às vezes, os macrófagos (células que fa-
gocitam restos celulares) localizados nos linfonodos apresentam tais elementos dentro do seu citoplas-
ma (partículas fagocitadas), caracterizando o sinal de Kunekel. Isso indica que a lesão foi feita em vida.
ATENÇÃO! O maior valor da coagulação como sinal de reação vital é a aderência dos coágulos às
bordas das lesões. Sabe-se hoje que isso se deve à ação de uma glicoproteína chamada fibronectina.

Lesões Post Mortem


→→ Lesões por animais necrófagos: não apresentam qualquer infiltração hemorrágica visível. Sua
forma varia bastante, tendo contorno irregular e tamanho variado que dependem da confluên-
cia de lesões elementares. Quando situadas em regiões onde os livores cadavéricos são intensos,
podem assumir coloração avermelhada e sugerir escoriações produzidas em vida. As formigas
costumam arrancar pequenos pedaços da epiderme. Baratas já causam lesões mais profundas
e amplas. Roedores destroem grande parte do tecido, deixando margens crenadas pela ação dos
dentes, e pequenas escoriações ao redor. Nos afogados, é comum o atingimento de extremidades
dos dedos, lábios, orelha, nariz e pálpebras.
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→→ Lesões acidentais: a correnteza do mar ou dos rios pode provocar lesões de arrastamento seme-
lhantes a escoriações de raspão, mas de aspecto apergaminhado. Durante a realização da necrop-
sia, também pode ocorrer lesões acidentais.
→→ Lesões intencionais: podem resultar de ato médico (manobras de reanimação podem causar
fraturas costais) ou criminoso. O mais comum, no entanto, é que as lesões intencionais sejam de
origem criminosa.
ATENÇÃO! Cortes feitos em cadáver costumam ter as bordas menos afastadas devido à dimi-
nuição do tônus da pele.
Exercícios
01. O tipo de morte em que não se tem evidência de que tenha sido ocasionada por causas naturais
ou por causas violentas denomina-se
a) morte suspeita.
b) morte agônica.
c) morte clínica.
d) morte cerebral.
e) morte súbita.
02. Um homem de quarenta e cinco anos de idade morreu após se engasgar com um pedaço do
sanduíche que comia em uma lanchonete. Ele estava na companhia do seu cunhado, que não
conseguiu ajudá-lo a retomar o fôlego. Os empregados da lanchonete acionaram o socorro
médico, mas não houve êxito na tentativa de evitar a morte do homem.
Considerando essa situação hipotética e os diversos aspectos a ela relacionados, julgue o item a seguir.
O evento morte descrito será classificado, quanto à causa jurídica, como morte natural.
Certo ( ) Errado ( )
03. De modo geral, nos casos de morte de causa desconhecida, o cadáver deve ser encaminhado
para o IML (Instituto Médico Legal) ou para o SVO (Serviço de Verificação de Óbitos) respec-
tivamente, quando a morte for decorrente de
a) acidente de trânsito – suicídio.
b) causa natural sem assistência médica – acidente de trânsito.
c) homicídio – suicídio.
d) suicídio – morte natural ou suspeita sem assistência médica.
e) causa externa ou morte suspeita – morte natural sem assistência médica.
Gabarito
01 - A
02 - Errado
03 - E

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