Jacqueline Myanaki Diss
Jacqueline Myanaki Diss
Jacqueline Myanaki Diss
JACQUELINE MYANAKI
São Paulo
2003
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA FÍSICA
JACQUELINE MYANAKI
São Paulo
2003
Autor: Jacqueline Myanaki
Título: A PAISAGEM NO ENSINO DE GEOGRAFIA:
Uma Estratégia Didática a partir da Arte
Instituição: FFLCH-USP-Departamento de Geografia
Área de Concentração: Geografia Física
Orientadora: Profª Drª Regina Araújo de Almeida
Data: _____/____/________.
Banca:
________________________________________
________________________________________
________________________________________
AGRADECIMENTOS
Jacqueline Myanaki
RESUMO
This work proposes a means of attaining a synthesis between Geography and Art
in the field of Geography teaching at the primary and intermediate levels. It is
based on an experiment comprising of a group of activities focusing on the study of
basic conceptual notions and perception of geographic landscape, using paintings
by Brazilian artists as a reference.
The experiment was mostly carried out in two distinct, well-defined stages with
students studying in the 6th grade at different institutions. In the first stage, a series
of activities was developed with three groups from three different schools. The
groups’ teachers participated as observers and assistants during the completion of
the activities. In the second stage, the activities were developed independently by
seven teachers from five institutions that received the material and all the
necessary instructions beforehand, as well as long distance assistance, when
requested.
The results of the two stages show that it is possible to combine Art and
Geography in the study of geographic landscape in such a way as to increase
students’ ability to perceive and understand geographic landscape, as well as
artistic expression, and at the same time help to stir their enthusiasm and interest
toward the processes of knowledge building.
1 Introdução................................................................................................................................ 5
1.1 Objetivos do Trabalho e a Importância do Tema ............................................................ 6
1.2 Organização do Trabalho............................................................................................... 10
2 Paisagem e Geografia: Histórico e Novas Abordagens ....................................................... 13
3 Paisagem e Arte: Um Olhar Geográfico ............................................................................... 23
4 Geografia, Arte e Percepção no Ensino: Uma Proposta de Prática Didática ...................... 33
5 Roteiro de Atividades: A Realização do Experimento .......................................................... 40
5.1 Organização e Elaboração do Roteiro de Atividades.................................................... 41
5.1.1 Os Quadros: Olhares sobre São Paulo................................................................................ 42
5.1.2 O Material Utilizado: Instrumentos de Expressão ................................................................ 54
5.1.3 O Roteiro Final de Atividades............................................................................................... 56
Atividade A – Desenhando e pintando a vista da janela........................................................... 56
Atividade B – Diagnóstico de paisagem e seus elementos ...................................................... 58
Atividade C – O que é paisagem? ............................................................................................ 60
Atividade D – Paisagem e uso do solo: leitura gráfica.............................................................. 62
Atividade E – Paisagem e uso do solo: urbano e rural ............................................................. 62
Atividade F – Por que a paisagem muda? ................................................................................ 63
Atividade G – Novo olhar sobre o desenho e a pintura ............................................................ 65
Atividade H – Novo olhar sobre a paisagem............................................................................. 66
Atividade I – Avaliação Final ..................................................................................................... 68
Atividade Complementar 1 ........................................................................................................ 69
Atividade Complementar 2 ........................................................................................................ 70
5.2 Etapa 1 dos Experimentos: Caracterização das Escolas e Alunos .............................. 74
5.2.1 Escola 1: Supletivo de uma Escola Municipal...................................................................... 75
5.2.2 Escola 2: Uma Escola Particular ..........................................................................................77
5.2.3 Escola 3: Uma Turma Regular de Escola Pública ............................................................... 78
5.3 Etapa 2 dos Experimentos: Autonomia do Roteiro de Atividades................................. 79
5.3.1 Oficina: Paisagem, Arte e Geografia .................................................................................... 79
5.4 A Utilização de Recursos da Informática no Conjunto do Trabalho ............................. 82
6 Resultados: A Noção do Conceito de Paisagem a partir dos Experimentos ....................... 84
6.1 Diagnóstico: Desempenho Inicial dos Alunos................................................................ 85
6.2 Resultados das Atividades: Desempenho dos Alunos a Partir das Propostas
Realizadas ............................................................................................................................ 93
2
Lista de Figuras
Figura 1 – Antiga Ponte dos Marinheiros-RJ........................................................................... 14
Figura 2 – Floresta Brasileira ................................................................................................... 15
Figura 3 – Fundação da Cidade de São Paulo, 1913 ............................................................. 30
Figura 4 – Rampa do Porto do Bispo em Santos, 1900 .......................................................... 31
Figura 5 – Paisagem com Figuras, 1942 ................................................................................. 32
Figura 6 – Aspectos de São Paulo, 1942 ................................................................................ 44
Figura 7 – Teatro Municipal, 1985 .......................................................................................... 45
Figura 8 – Paisagem com Animais ......................................................................................... 47
Figura 9 – Vista de São Paulo, 1952 ....................................................................................... 48
Figura 10 – Tietê, 1940 ............................................................................................................ 48
Figura 11 – Operários, 1933 .................................................................................................... 49
Figura 12 – Viaduto à Noite, 1980 ........................................................................................... 49
Figura 13 – Banco Despertando a Cidade, 1988 .................................................................... 49
Figura 14 – Cantareira, 1988 ................................................................................................... 49
Figura 15 – Vista da Vila, s.d. .................................................................................................. 50
Figura 16 – Construção, 1979.................................................................................................. 50
Figura 17 – Os Retirantes ........................................................................................................ 50
Figura 18 – Praça da Sé, 1940 ................................................................................................ 50
Figura 19 – Ubatuba, 1968....................................................................................................... 52
Figura 20 – Nú, s.d ................................................................................................................... 52
Figura 21 – Abstrato, 1957....................................................................................................... 52
Figura 22 – Natureza-morta, 1930 ........................................................................................... 52
Figura 23 – Retrato de Carlos Drummond de Andrade, 1936................................................. 53
Figura 24 – Auto-retrato, 1930 ................................................................................................. 53
Figura 25 – Desenho de Diego da Escola 2 ............................................................................ 55
Figura 26 – Desenho de Ricardo da Escola 2 ......................................................................... 55
Figura 27 – Desenho da Aluna Vanessa, 20 anos, Escola 1 .................................................. 90
Figura 28 – Desenho do Aluno Jhonatan, 12 anos da Escola 3 ............................................ 91
Figura 29 – Desenho da Aluna Jéssica, 11 anos da Escola 6 ............................................... 91
4
Lista de Quadros
Quadro 1 – Síntese das Atividades do Roteiro Final............................................................... 42
Quadro 2 – Síntese das Atividades Distribuídas nos Experimentos....................................... 73
Quadro 3 – Síntese da 2ª Etapa dos Experimentos ................................................................ 81
Lista de Gráficos
Gráfico 1 – Conceito de Paisagem Anterior às Atividades...................................................... 86
Gráfico 2 – O que os Alunos Afirmam que Aprenderam ......................................................... 96
Gráfico 3 – Atividades mais Cansativas na Opinião dos Alunos ............................................ 98
Gráfico 4 – Atividades mais Interessantes na Opinião dos Alunos....................................... 100
5
1 Introdução
Lao Tsé
1
O ensino fundamental, no momento dessa pesquisa (2000-2003), está dividido em dois ciclos, sendo
que o 1º ciclo compreende as séries iniciais de 1ª a 4ª e o 2º ciclo corresponde ao período da 5ª até a
8ª série. O ensino médio compreende as três séries seguintes ao ensino fundamental, conhecido no
passado como colegial.
6
abrangendo arte, geografia, ensino e outros temas que orbitam em torno dessas
áreas de conhecimento e que estão nos limites do objeto da pesquisa, como, por
exemplo, psicologia e filosofia. O objetivo não foi ajustar a prática pedagógica aos
pressupostos teóricos, mas sim buscar nesses pressupostos subsídios para a
compreensão, adaptação e aperfeiçoamento da experiência em sala de aula.
O objetivo desse trabalho foi verificar como a prática didática com características
interdisciplinares ou multidisciplinares envolvendo arte e geografia pode proporcionar
mais dinamismo, despertar maior interesse, estímulo e envolvimento dos alunos para
a situação de ensino-aprendizagem, resultando em ganho de aprendizado. Além
disso, uma proposta didática alternativa na construção do conhecimento e ampliação
da percepção que, partindo da arte, desenvolva as habilidades como a de
observação, reflexão e interpretação em arte e geografia, ampliando e enriquecendo
o repertório e o sentido do conhecimento da paisagem, indo além da linguagem
verbal e conceitual.
Nelson Brissac Peixoto aponta o tempo como uma dimensão dessa mudança de
percepção sobre o espaço.
Porém, da teoria à realidade da sala de aula, o que ocorre são tentativas isoladas de
implementar práticas interdisciplinares e o uso de tecnologias como o computador,
que nem sempre correspondem ao idealizado já que ficam limitadas, seja pela falta
de recursos, seja pela própria dificuldade em traduzir conceitos em práticas
pedagógicas ou ainda outras razões, como falta de motivação de professores e
alunos.
2
Art 3º, item III do Título II - Dos Princípios e Fins da Educação Nacional da LEI nº 9.394/96, de 20 de
dezembro de 1996.
3
MACHADO, Nílson José. Informática nas Escolas: muito além do “sim e do não”. Revista São Paulo
em Perspectiva. São Paulo: Fundação SEADE, Vol 7, nº 1, p. 98-105, jan-mar, 1993. O texto discorre
sobre a informática educativa, a utilização de computadores na escola e o caráter interdisciplinar da
linguagem da informática. A importância da informática na realização dessa pesquisa e seu potencial
de uso estão descritos no capítulo 5 desta dissertação.
9
O quarto capítulo trata da articulação entre arte e geografia como uma proposta de
prática didática, traz algumas reflexões sobre o processo cognitivo, sobre percepção
da paisagem e o processo ensino-aprendizagem em arte e geografia.
Augustin Berque
Outro enfoque é dado por Clifford Geertz, que aponta a paisagem como um texto,
“uma configuração de símbolos e signos [...] a ser lido e interpretado como
documento social” (COSGROVE & JACKSON, 1987, p. 19. In: CORRÊA &
ROSENDAHL, 2000b).
Berque (1984, p. 88. In: CORRÊA & ROSENDAHL, 1998) propõe uma metodologia
de estudo da paisagem em geografia cultural, em cinco etapas interligadas e
intercambiáveis. Nessa metodologia o homem aparece sempre no coletivo
4
“Uma paisagem é uma imagem cultural, uma maneira pictórica de representar, estruturar ou
simbolizar o meio. Isso não quer dizer que as paisagens sejam imateriais. Elas podem ser
representadas numa variedade de materiais e em várias superfícies – em óleo sobre tela, em escritas
sobre papel, em barro, pedra, água e vegetação no solo.” (tradução nossa)
18
Essa pesquisa buscou aproximar a prática em sala de aula das três primeiras etapas
da metodologia proposta por Berque. Por se tratar de um trabalho de construção da
noção do conceito de paisagem, a abordagem da geografia cultural permite
estabelecer uma relação sujeito/sujeito tendo a paisagem como mediadora dessa
relação. Como afirma Berque, a paisagem tem uma marca que é ao mesmo tempo
matriz “porque participa dos esquemas de percepção, de concepção e de ação – ou
seja, da cultura – que canalizam, em um certo sentido, a relação de uma sociedade
com o espaço e com a natureza e, portanto, a paisagem do seu ecúmeno.”
(BERQUE, 1984, p 85. In: CORRÊA & ROSENDAHL, 1998).
5
Para mais detalhes sobre a representação do conceito de paisagem no ensino fundamental ver:
CARDOSO, Maria Eduarda Garcia. O Conceito de Paisagem no Livro Didático e suas Implicações
para o Ensino de Geografia. 1999. Dissertação (Mestrado em Geografia Física) – Departamento de
Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São
Paulo, 1999 e
CAVALCANTI, Lana de Souza. A Construção de Conceitos Geográficos no Ensino – Uma Análise de
Conhecimentos Geográficos em Alunos de 5ª e 6ª Série do Ensino Fundamental. 258 p. Tese
19
O que se nota, portanto, é que assim como o conceito de paisagem deixou o centro
das discussões e investigações científicas do objeto geográfico por algum tempo, ele
também ficou à margem da geografia das salas de aulas do ensino fundamental ou
não foi reorganizado, prevalecendo as metodologias reducionistas que propõem
somente a descrição e o enfoque estático da paisagem, suprimindo o aspecto
dinâmico e funcional da mesma.
Espera-se que ao olhar para a paisagem geográfica, um aluno de 6ª série possa ver
mais do que um conjunto de elementos desconexos, sem relação entre si e com ele
próprio.
8
“È necessário aprender a pesquisar as paisagens, é preciso aprender a desenhá-las para entender
sua arquitetura, mas também compreender porque tal paisagem é considerada bonita e porque foi
escolhida pela mídia, compreender ainda, à frente de um filme ou uma fotografia, como tal cineasta,
tal fotógrafo a enquadrou. É necessário saber pensar as paisagens. Tudo isso, é também a
argumentação de um geógrafo.
Entre os geógrafos, os escritores, os poetas e os pintores, há, na verdade, muita familiaridade e é por
isso que os geógrafos também tem o que dizer sobre a pintura, sobre o cinema como sobre a obra de
um grande escritor, sobretudo se ele fala de paisagens.” (tradução nossa)
9
“...nossa resposta à natureza é vazia quando está separada das considerações estéticas.” (tradução
nossa)
22
10
Definição de paisagem incluída no painel da exposição do acervo da Pinacoteca do Estado de São
Paulo.
24
Até fins do século XVII pintar paisagens era só um passatempo de poucos pintores.
Apesar da Reforma Religiosa ter, de certo modo, obrigado os pintores a se
ocuparem de outros gêneros que não a pintura religiosa, eles ainda não tinham
completa liberdade de escolha de gênero e quase sempre acabavam por vender
quadros de retratos.
Somente no século XVIII é que de fato há uma mudança. A pintura passa a ser uma
disciplina ensinada em academias e os pintores adquirem autonomia para pintar o
que sua imaginação quiser ou então, paisagens, agora não mais como pano de
fundo, mas imitações da natureza no plano principal.
Pode-se afirmar que até esse momento a finalidade da pintura foi oferecer o belo ou
a verdade ao prazer das pessoas. Ainda que o conceito de belo seja complexo, é
fácil compreender porque é comum associar natureza e beleza ao termo paisagem.
Entre 1850 et 1950, les paysages urbains occupent une place importante
dans les différents arts. La rue, le boulevard, le mouvement des hommes et
des choses, les réclames et les vitrines, les terrasses de café, le luxe et la
pauvreté s’y déclinent sous leurs nombreuses facettes diurnes et nocturnes.
(BÉGUIN, 1995, p.17)11
11
“Entre 1850 e 1950, as paisagens urbanas ocupam um lugar importante nas diferentes artes. A rua,
a avenida, o movimento dos homens e das coisas, os anúncios e as vitrines, os calçadões dos cafés,
o luxo e a pobreza são nas artes declinadas sobre suas numerosas facetas diurnas e noturnas.”
(tradução nossa)
29
corredores das ruas e construções se multiplicam. Essa nova relação entre o meio
natural e o urbano reflete-se nas representações plásticas das paisagens e
elementos como o céu e a luminosidade tomam importância.
Já os surrealistas queriam compor algo que fosse mais real que o real. Seguindo
essa tendência de rompimento com os padrões de representação surgem as pinturas
não-figurativas do século XX e outras expressões que acabaram por popularizar a
afirmação de F. Dagognet (apud RIOU, 1986) que a paisagem morreu. Mas como
afirma Alain Roger, a paisagem não morreu, apenas houve uma transformação, uma
adaptação. A tecnologia nos permite falar, hoje, em paisagens subterrâneas,
submarinas, aéreas, planetárias, sonoras, olfativas, cinestésicas, virtuais, etc.
(ROGER, 2000, p. 38)
30
No Brasil, a paisagem foi tema dos naturalistas e viajantes que, nos séculos XVIII e
XIX, pintavam as paisagens do Novo Mundo de forma descritiva e enumerativa a fim
de manter um registro dessas paisagens ainda desconhecidas para o europeu. Os
holandeses trouxeram os primeiros paisagistas ao Brasil, também a Missão
Francesa foi de grande importância ao retratar as paisagens brasileiras. George
Grimm, do Grupo Grimm, que introduziu a pintura de paisagem ao ar livre, também
fez tradição.
Antônio Parreiras, que foi aluno de George Grimm, pode ser considerado um dos
primeiros paisagistas brasileiros. Ele desenvolveu uma linguagem com influência
romântica, mas também realizou quadros com características mais modernas que
aprendeu com seu mestre Grimm. Alguns de seus quadros contam episódios da
história do Brasil (figura 3).
O tema das paisagens também se manteve nas obras dos pintores da chamada
Família Artística Paulista (FAP). Compunham a FAP, além de alguns nomes do
Grupo Santa Helena, pintores paulistas que, apesar de terem participado das
inovações da Semana de Arte Moderna, mantiveram as tradições academicistas da
arte de pintar.
A maior parte desses pintores é pouco conhecida do público em geral. Apesar dos
museus paulistas prestigiarem as obras de tais pintores, nas escolas a preferência
quase sempre recai sobre Tarsila do Amaral, Volpi, Portinari e alguns poucos nomes,
embora a pintura brasileira do século XX tenha muitos e excelentes representantes
em todos os gêneros.
33
Herbert Read
Como afirma Berque, do ponto de vista cultural, todas as disciplinas têm a ver com o
estudo da paisagem, pois importa
A história do ensino de artes no Brasil mostra que nos últimos anos houve um
avanço ideológico/filosófico refletido na prática pedagógica que, na maioria dos
estabelecimentos de ensino rompeu com os trabalhos manuais, com o desenho
geométrico e com canto orfeônico como sinônimos únicos de arte.
A proposta dos PCNs coincide, de certo modo, com a Proposta Triangular – fazer,
apreciar, contextualizar – que foi introduzida no Brasil pela profª Anna Mae Barbosa
e que também está explicitada no documento “Organizadores de Área – Educação
Artística” da Prefeitura do Município de São Paulo.
37
De acordo com FORGUS (1966, p. 3) “[...] a percepção pode ser definida como o
processo pelo qual um organismo recebe ou extrai certas informações acerca do
ambiente.” Extrair informações do ambiente é parte essencial do processo ensino-
aprendizagem. Se o objetivo é construir o conhecimento sobre a paisagem, as
informações obtidas diretamente do ambiente são parte da matéria essencial desse
conhecimento.
Quanto maior for a capacidade de extrair essas informações tanto maior o repertório
e portanto amplia-se também a potencialidade de capacidade de relacionar e pensar
criticamente sobre a paisagem. Segundo FORGUS (1966, p. 3), “[...] à medida que o
39
Pierre Lévy
12
As identidades das escolas foram preservadas de acordo com o que foi acordado entre todas as
partes durante os trabalhos de campo.
41
Esse roteiro final (Quadro 1) foi definido a partir da experiência na primeira etapa da
pesquisa de campo e é o roteiro que foi entregue ao grupo de professores que
participaram da Oficina que se constitui na segunda parte dos experimentos dessa
pesquisa.
42
Atividades Procedimentos
A – Desenhando e pintando a Desenho de observação da vista da janela.
vista da janela
B – Diagnóstico de paisagem e Alunos respondem individualmente a 5 questões sobre paisagem.
seus elementos
C – O que é paisagem? Discussão dirigida e apresentação de três reproduções de
paisagens, duas urbanas e uma rural.
D – Paisagem e uso do solo: Confecção de overlays sobre quadros 2 e 3.
leitura gráfica
E – Paisagem e uso do solo: Discussão dirigida e interpretação dos overlays, com ênfase na
urbano e rural diferença entre rural e urbano.
F – Por que a paisagem muda? Exercícios escritos em grupos com observação dos quadros 1 e
2.
G – Novo olhar sobre o desenho e Exposição sobre gêneros na pintura e procedimentos para o
a pintura desenho de paisagem.
H – Novo olhar sobre a paisagem Desenho de observação sobre a paisagem da janela.
I – Avaliação Final Alunos avaliam individualmente, por escrito, o conjunto de
atividades.
pintor. A princípio havia uma preferência por pintores mais conhecidos do público em
geral e cujos quadros fizessem parte do acervo de museus estabelecidos na capital
paulista. Porém, durante a pesquisa notou-se que nem sempre as paisagens
pintadas e mais adequadas ao trabalho proposto estavam disponíveis à visitação em
museus, mas sim faziam parte de acervos particulares ou não havia informação
sobre a localização da obra, o que tornou inviável esse critério de escolha.
Como o objetivo dessa pesquisa esteve mais voltado para os aspectos objetivos da
representação da paisagem em arte como ponto de partida para realizar a
exploração das representações e significados da paisagem geográfica, as pinturas
figurativas conservam as características estruturais das paisagens necessárias às
reflexões propostas.
Quanto aos materiais utilizados nas pinturas, houve uma tentativa de manter um
mínimo de homogeneidade na escolha dos quadros. Como não foi possível combinar
44
quadros com utilização de uma só técnica na seleção das pinturas, optou-se por
manter a menor variedade possível entre eles, a fim de que não houvesse um
excesso de informações a serem discutidas durante as atividades.
Esses dois quadros foram selecionados para serem a base do estudo de paisagem
urbana, pois representam a cidade de São Paulo em datas diferentes, a década de
40 e a década de 80, e permitem uma comparação das transformações da paisagem
da cidade, mudanças na forma, na estrutura e na função.
Do ponto de vista da forma em arte, são dois quadros com técnicas diferentes,
aquarela sobre papel em Aspectos de São Paulo e óleo sobre tela em Teatro
Municipal e que possibilitam um debate sobre a importância do material nos efeitos
das representações. Também a diferença na formação de cada pintor teve
relevância na escolha e permitiu durante as atividades com alunos uma discussão
em torno da importância da dedicação e do estudo da arte.
Contrapor a obra de dois pintores com formações tão diversas, trouxe à discussão a
questão do preconceito de que a arte é matéria restrita a quem aprende a desenhar
e pintar ou que “nasce sabendo”. Em todas as turmas houve a reação inicial de
alguns alunos que se diziam inibidos para desenhar e pintar pois não sabiam fazê-lo.
Mostrar a eles o quadro de um pintor que nunca havia freqüentado uma escola de
artes, fez com que se sentissem mais seguros para experimentar.
O quadro Paisagem com Animais é uma típica paisagem de área de pastagem com
pequenas manchas de mata e árvores isoladas pontuando extensos pastos, onde
aparecem apenas algumas cabeças de gado em primeiro plano e no centro à
esquerda duas pequenas construções isoladas. Ou seja, uma paisagem rural que
permite a identificação de uma atividade primária que a caracteriza e que colocada
ao lado do quadro 1 trouxe reflexões importantes sobre as funções das paisagens.
Além dos três quadros selecionados para a proposta de trabalho sobre a percepção
e conceito de paisagem, nas atividades desenvolvidas nas escolas 2 e 3 e no roteiro
final foram incluídos outros seis quadros, no intuito de ilustrar uma explanação sobre
gêneros na pintura. Esses quadros foram incluídos para exemplificar os seguintes
gêneros: marinha com o quadro Ubatuba de Francisco Rebolo (figura 19), abstrato
com o quadro Abstrato de Alfredo Volpi (figura 21), nu com o quadro Nu Feminino de
Antônio Gomide (figura 20), natureza-morta com o quadro Natureza-morta de
Cândido Portinari (figura 22), retrato com o quadro Retrato de Carlos Drummond de
Andrade de Cândido Portinari (figura 23) e auto-retrato com o quadro Auto-retrato de
Antônio Gomide (figura 24).
52
No caso dessas reproduções, elas foram utilizadas somente para observação dos
alunos e nenhuma outra proposta de leitura dessas obras foi realizada. Nem mesmo
houve a intenção de esgotar a discussão sobre gêneros na pintura. O intuito foi
somente de ilustrar a explicação, e ainda assim houve a preocupação em trazer
reproduções de pintores brasileiros e todas pinturas a óleo, a fim de não diversificar
e ampliar demais as possibilidades de discussão, já que o tempo era restrito.
Assim, o giz de cera não condiciona à representação de linhas da mesma forma que
um lápis e nem restringe o desenho em termos de massas como o pincel. O giz de
cera traz em si as duas possibilidades de representação de acordo com a forma de
preparação e manipulação do material (se apontado, quebrado em pedaços ou não).
Embora não tenha sido prevista nenhuma discussão aprofundada sobre a diferença
entre desenho e pintura junto com os alunos, a utilização do giz de cera possibilitou
pintar a paisagem e não só desenhá-la. A pintura amplia a capacidade de expressão
e pode ainda disfarçar as limitações técnicas do desenho. Segundo Nélson Brissac
Peixoto, a pintura apresenta vantagens sobre o desenho, pois “no desenho, a
paisagem nos escapa, como se estivéssemos sentados de costas num trem. Na tela
colorida a direção se inverte: a paisagem vem em nossa direção, revelada pela graça
da luz, que o corte abrupto do traço ignora” (1996, p. 29).
55
E o segundo aspecto é que o giz de cera combinado com o papel sulfite preenche o
requisito básico de acessibilidade do preço. É um material barato, facilmente
encontrado, o que possibilitou o fornecimento do material aos alunos em todas as
escolas, padronizando o experimento.
Utilizar giz de cera e papel sulfite foi uma maneira de manter uma homogeneidade
mínima na aplicação da atividade nas várias escolas a fim que os resultados
pudessem ser comparados. Em todas as escolas visitadas, na primeira etapa dos
trabalhos de campo, o material foi fornecido aos alunos como forma de eliminar
imprevistos com grupos que não tivessem ou não pudessem providenciá-lo.
56
Na atividade Paisagem e uso do solo: leitura gráfica (Quadro 1), foi utilizado papel
vegetal na construção do overlay. Nesse caso, o papel vegetal foi introduzido por
oferecer a transparência mínima necessária à leitura e visibilidade das figuras
representadas. O giz de cera foi mantido nessa atividade por proporcionar uma
cobertura de cores razoavelmente homogênea e com maior velocidade de aplicação.
da janela como uma paisagem e utilizar essa avaliação como introdução à discussão
na seqüência de atividades.
O exercício escrito nº 1 consta das seguintes questões: 1) Você acha que o que você
viu e pintou é uma paisagem? Por que?; 2) O que é uma paisagem para você?; 3)
Descreva o que você viu pela janela, fazendo uma lista com tudo que se lembrar; 4)
Que tipo de sentimento ou sensação você tem em relação ao que se vê da janela?;
5) Você acha que aquilo que você viu e pintou tem alguma coisa a ver com você?
Por que?; 6) Se você fosse um grande desenhista e pintor o que você faria de
diferente no seu desenho?
59
A pergunta 1 foi realizada com o intuito de avaliar se os alunos entendem que a vista
da janela da escola e o desenho realizado por eles é uma paisagem e o que os faz
pensar assim, já orientando-os para a resposta da questão 2, que também é uma
forma de avaliação. A descrição dos elementos da paisagem na questão 3 objetivou
subsidiar a etapa seguinte das atividades, quando os alunos deveriam refletir sobre
as funções das paisagens a partir de seus componentes.
Foi previsto um máximo de quinze minutos para a realização das respostas, sendo
que dos 8 grupos avaliados somente 3 necessitaram de uns minutos a mais. As
perguntas dessa atividade e também todas as atividades envolvendo questões
escritas foram entregues aos alunos em folhas com as questões já preparadas para
o aluno somente escrever suas respostas.
13
Principalmente CARDOSO, 1999 e CAVALCANTI, 1996.
14
Todas as frases de alunos e professores citadas nessa dissertação foram transcritas como estão
nos documentos originais, preservando-se as construções e pontuações dos autores.
61
Essa atividade C, no roteiro final, teve ainda a inclusão do quadro Paisagem com
Animais (figura 8 – identificado pelo nº 3 nos exercícios). A introdução desse quadro
objetivou identificar as paisagens rurais em suas formas, estruturas e funções em
comparação com as paisagens das áreas urbanas, dos quadros 1 (figura 6) e 2
(figura 7).
O quadro Teatro Municipal (figura 7), quando observado pelos alunos na escola 1,
não deixou dúvidas sobre ser uma paisagem urbana, uma vez que a representação
traduz exatamente a imagem contemporânea do urbano, é a cidade com altos
edifícios construídos muito próximos uns dos outros, extensas e largas vias de
circulação com muitos veículos passando e um céu sempre tomado por uma faixa
escura de fumaça. Todavia, o quadro Aspectos de São Paulo (figura 6) suscitou
dúvidas devido à presença de animais de carga, riacho com pessoas utilizando-se da
água e sugerindo ausência de poluição, presença de vegetação e árvores
espalhadas, dentre as construções somente casas e sobrados baixos sem edifícios
altos.
Utilizando papel vegetal e giz de cera os alunos construíram um overlay para cada
um desses dois quadros. Foi sugerida aos alunos uma legenda com as seguintes
cores: laranja para áreas de edificações (casas, edifícios comerciais e residenciais),
verde para áreas verdes (parques, plantações, árvores isoladas, jardins, pastos, etc),
marrom para as vias de circulação (ruas, avenidas, pontes, caminhos, etc), azul
escuro para as águas (lagos, rios e mar) embora nenhum dos quadros apresentasse
representação de água e azul claro para a área do céu (somente no intuito de
preencher todo o overlay com cores) .
A atividade seguinte, Paisagem e uso do solo: urbano e rural, também foi incluída a
partir dos trabalhos realizados na escola 2 e nela professor e alunos discutiram sobre
63
O objetivo da atividade F, Por que a paisagem muda?, é levar o aluno a atentar para
o arranjo da paisagem da cidade de São Paulo, sua elaboração, observar o
funcionamento dessa paisagem como resultado da ação dos interesses dos grupos
humanos e dos indivíduos.
Nem tudo o que foi solicitado aos alunos está explícito nas imagens, porém com a
orientação dos professores pôde ser resolvido e discutido nos grupos. Da letra a) à
letra h), as questões são pontuais e mais factuais. Porém, as questões i)Por que
muda a paisagem? e j)Quem constrói a paisagem? têm o objetivo de induzir os
alunos a identificarem o homem como indivíduo social, agente da paisagem, que
contribui para modelar permanentemente a mesma.
Ao refletir sobre a perspectiva como técnica para o desenho, o aluno estará também
refletindo sobre a escala da paisagem observada, os planos e os elementos
correspondentes a cada plano da paisagem e o ponto de vista a partir do qual ele
observa a paisagem.
Essa atividade também esteve dirigida para aspectos da arte e da estética e nesse
sentido, as discussões foram dirigidas para as curiosidades sobre os pintores,
estilos, gêneros e materiais. A partir das escolas 2 e 3, essa atividade incorporou
uma seleção de 6 quadros (figuras 19 a 24) de gêneros variados e uma discussão
sobre o significado das informações relativas à obra de arte: nome do pintor, título,
material, tamanho da pintura e acervo.
66
No caso das três escolas em que as atividades foram aplicadas, na primeira etapa
de experimentos, as janelas nas salas de aula não possuíam vistas para a rua. Na
escola 1, com autorização da direção, os alunos foram levados à passarela que
cruza a Rodovia que fica a 200m da escola. Na escola 2, os alunos foram à rua, na
frente da escola e na escola 3, todas as atividades foram desenvolvidas numa área
externa da escola, cercada e coberta, semelhante a um terraço, que ficava no alto do
prédio em relação à rua, com visão de 180° dos arredores.
A ausência de janelas com vistas para a rua nas três escolas, trouxe reflexões e
representou vantagens e desvantagens, discutidas no capítulo 6. Na primeira escola
foi previsto que ao final das atividades os alunos fariam novamente o mesmo
desenho e pintura, só que nesse momento receberiam orientação e levariam consigo
o reflexo das discussões realizadas ao longo de 4 ou 5 encontros.
67
Na última atividade, Avaliação final, os alunos fazem uma avaliação das impressões
que tiveram durante todas as atividades e algumas questões sobre o conceito e a
percepção sobre a paisagem são retomadas, agora com a palavra paisagem
aparecendo em lugar da palavra vista utilizada no exercício escrito 1.
Essa avaliação final contém as seguintes questões: 1) O que você achou mais
cansativo durante essas atividades?; 2) O que você achou mais interessante durante
essas atividades?; 3) O que é paisagem pra você?; 4) O que você acha da paisagem
que se vê da janela?; 5) O que você aprendeu com essas atividades?
Iniciar a avaliação pelos aspectos negativos e positivos foi uma tentativa de captar as
impressões mais imediatas dos alunos a respeito do que eles entenderam do
conjunto de atividades, se foi como um evento comum, diferente, bom ou ruim. O
intuito de perguntar novamente o que é paisagem foi verificar se as atividades
influenciaram de alguma forma a expressão escrita e a compreensão da noção do
conceito.
15
“A ausência de formação plástica dificulta a compreensão em dois níveis. Em primeiro lugar, ela
gera problemas de leitura de imagens, que dinamizam documentos ligados à fala do professor e que
são sustentações ilustrativas. De outra lado, ela dificulta a progressão do estudante colocando-o
numa situação de incapacidade, de submissão, sujeição ou de rejeição frente às artes plásticas.
Portanto, privando-o dos saberes operatórios que o permitiriam acessar às aproximações realmente
científicas.” (tradução nossa)
69
A quarta questão foi uma retomada da topofilia. Essa questão comparada com a
realizada no exercício 1 da atividade B, verificou se alguma mudança ocorreu,
mesmo num curto intervalo de tempo e reduzida vivência. E a pergunta final, número
5, foi acrescida a partir dos trabalhos de campo nas escolas 2 e 3, a fim de identificar
como os alunos apreenderam os objetivos do conjunto de atividades.
Atividade Complementar 1
Atividade Complementar 2
A inclusão dos dois textos objetiva aproximar os alunos das paisagens de São Paulo
rompendo com a visão de que paisagem é algo bonito, perfeito e repleto de
elementos da natureza. Os dois textos são uma oportunidade dos alunos se
defrontarem com percepções e representações diferenciadas da cidade, que
destacam os problemas, a poesia, a ironia e aspectos da cultura urbana de São
Paulo.
A dinâmica proposta para essa atividade é que cada grupo de alunos fique
responsável por um quadro e procure identificar nos textos, frases que
correspondam às imagens representadas nos quadros.
16
Letra de canção de Osvaldo, Biafra, Claus, Marcelo e Vandy, interpretada pelo grupo Premeditando
o Breque. É uma paródia da canção “New York New York”.
17
Fragmento de capítulo de mesmo nome do livro Um Olhar Francês sobre São Paulo, de Claude
Olievenstein e François Laplantine, Editora Brasiliense, São Paulo, 1993.
71
Concluiu-se que seria necessário dedicar muito mais tempo aos textos para que o
aproveitamento fosse próximo do ideal. Diante da dificuldade em ampliar o tempo do
experimento nas outras escolas e também por acreditar que a substituição dos textos
por outros mais simples não amenizaria a dificuldade de leitura dos alunos e mesmo
sabendo que os alunos teriam perfis diferentes nas escolas seguintes, a atividade foi
suprimida do roteiro de atividades aplicado nas escolas 2 e 3 e do roteiro final e
incluída como sugestão de atividade complementar 2, considerando-se que seria
mais produtivo testar outro conjunto de atividades mais de acordo com a proposta de
construção do conhecimento a partir de imagens e da arte.
O roteiro inclui ainda uma ficha de avaliação para o professor (Apêndice D), que foi
elaborada para ser respondida pelo professor de geografia, embora professores de
outras áreas tenham participado dos experimentos. Essa avaliação dos professores
juntamente com as observações realizadas permitiram verificar as adaptações
necessárias para o roteiro final que foi entregue aos professores da Oficina que
participaram da segunda etapa dos experimentos.
74
Nessa etapa seguinte, essa ficha de avaliação serviu de identificador da opinião dos
professores sobre o conjunto de atividades, o grau de valorização que cada um
atribui à multidisciplinaridade e à interdisciplinaridade, as dificuldades e identidades
que cada um possui com a linguagem plástica e relativas ao conceito de paisagem.
Essa primeira etapa dos experimentos foi marcada pela preocupação em evitar que
as intervenções fossem um problema para a escola ou um inconveniente para os
professores e alunos. A opção em realizar o experimento, prioritariamente, com
alunos de 6ª série e em escolas diferentes, também foi um fator limitante para a
realização dos trabalhos no momento do contato e acordo com as escolas.
Após conseguir reunir todas as condições mínimas, conjugando datas que não
coincidissem com atividades inadiáveis do calendário escolar, professores e escolas
que não se opusessem à intervenção de um professor de fora, foi conseguido o
consentimento de duas escolas municipais e uma escola privada para realizar a
intervenção. Participaram dessa primeira etapa um total de 62 alunos das três
escolas, sendo que nem todos os alunos estiveram presentes em todos as
atividades.
18
No momento da redação desse texto as turmas de Suplência da Rede Municipal de Ensino de São
Paulo passaram a ser denominadas “EJA – Educação de Jovens e Adultos”.
75
A escola possui serviço de transporte de alunos em dois períodos. Sendo que antes
da implantação do novo serviço de transporte da Prefeitura (a partir da gestão de
2001), a escola já possuía um ônibus próprio para fazer o transporte de alunos de
um bairro a outro. Em todos os períodos os alunos recebem alimentação na hora do
intervalo.
O segundo experimento foi realizado numa escola particular da zona sul da cidade
de São Paulo, no Brooklin Paulista. Uma escola relativamente pequena, que no
momento da pesquisa mantinha só o período da manhã em funcionamento com
turmas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio19, com um total
de, aproximadamente, 120 alunos. A média de alunos por sala de aula é de 10
alunos.
Trata-se de uma escola com 29 anos de idade (no ano de 2002), que possui toda
infra-estrutura básica e é bem servida de linhas de ônibus a uma quadra de
distância. O quadro de funcionários e professores estava completo no momento do
trabalho, contando inclusive com um professor de informática.
Nenhuma sala de aula possui janela com vista para rua, com exceção de duas salas
cujas janelas são bem altas e não permitem ao aluno observar através delas, a
menos que seja com ajuda de escadas ou cadeiras. Mesmo assim são salas bem
ventiladas e com boa claridade.
19
Educação Infantil compreende as salas com crianças em idade pré-escolar, ou seja do maternal à
pré-escola. Ensino Médio corresponde às três séries posteriores à 8ª série do Ensino Fundamental
(conf. nota número 1).
78
A maior parte dos alunos que freqüentam a escola 2 são moradores das imediações
do Brooklin e pertencem à classe média. Em torno de 20% dos alunos são bolsistas.
Quanto à participação de pais, a única forma é através das reuniões bimestrais ou
em eventos e festividades, pois a escola não possui um projeto pedagógico que
prevê outras formas de participação.
A terceira escola localiza-se na zona noroeste da cidade de São Paulo, no limite com
Pirituba e Osasco. Também é uma escola municipal, com aproximadamente 30 anos
e que mantém 3 períodos de funcionamento: das 6h45 às 10h45, das 11h às 15h e
das 15h às 19h. A escola atende somente alunos de 1ª a 8ª séries do ensino
regular, não há período noturno nem salas para Educação de Jovens e Adultos.
A escola tem, em torno de 1.000 alunos, distribuídos nos três períodos e a maioria,
pertencente às classes mais pobres, residentes do bairro e das imediações.
Segundo informação do professor de geografia, uma grande parcela dos alunos é
79
moradora das várias favelas existentes nas imediações do bairro, que é basicamente
residencial.
A escola não tem projetos com participação da comunidade externa e com exceção
das reuniões de pais, não há outras formas de participação.
A segunda parte dos experimentos foi planejada para ser desenvolvida de forma
autônoma e servir de objeto de avaliação sobre a clareza e compreensão da
proposta por parte de professores e alunos, a aplicabilidade das atividades e a
pertinência das mesmas no processo de formação dos alunos do ensino
fundamental.
Esse kit foi entregue aos professores participantes da Oficina: Paisagem, Arte e
Geografia, durante a qual, cada uma das atividades do roteiro, foi minuciosamente
apresentada e discutida, juntamente com alguns conceitos de paisagem do ponto de
vista da arte e da geografia.
20
A AVT-Br é parte do programa internacional Global Travel and Tourism Partnership-GTTP criado
pela American Express Foundation que está em vários países e no Brasil possui mais de 6000 alunos
(dados de 2003). Dentre os projetos realizados no Brasil está o Aprendiz de Turismo destinado a
jovens do ensino fundamental de escolas públicas.
81
desenvolvimento
Formação do
Instituições
Quantidade
Duração do
Atividades
realizadas
de alunos
do roteiro
Professor
Média de
idade
Série
alunos de 5ª e Profª de
escola 4 3 11 anos 1 dia A, B, C, F, I
6ª séries Geografia
alunos de Profª de A, B, C,D, E, F, G, H, I e
escola 5 10 13 anos 3 dias
6ª série Geografia complementar 1
alunos de Profª de Ciências, A, B, C, F, I e
escola 6 21 12 anos 2 dias
5ª série Artes e Geografia complementar 1
jovens de
diversas Estudante de
ONG 1 24 16 anos 1 dia A, B, C, F, I
escolas e Turismo
séries
jovens de
diversas A, B, C, D, E, F, G, I e
ONG 2 28 18 anos 3 dias Profª de Artes
escolas e complementar 1
séries
Não foi solicitado aos professores que enviassem relatório com a caracterização das
instituições e dos indivíduos que participaram das atividades. Porém, é possível
realizar uma aproximação, pois as duas ONGs realizam trabalhos voltados para
jovens carentes (com idades entre 15 e 20 anos), os mesmos com os quais as
atividades foram desenvolvidas. Quantos às escolas 4, 5 e 6, são todas instituições
82
Durante a pesquisa das reproduções dos quadros utilizados nas atividades foram
consultados livros, catálogos de exposições, revistas e principalmente imagens
disponíveis na Internet.
Outra vantagem do uso das tecnologias da informática é que todos os desenhos dos
alunos participantes da primeira etapa foram digitalizados com o uso de um scanner
e organizados numa apresentação multimídia juntamente com as fotografias do
registro das atividades e gravada num CD. Isso permitiu que os alunos ficassem com
um registro do trabalho realizado sem privar o experimento de permanecer com os
trabalhos dos mesmos.
Simon Schama
conceitos
variados
15%
Paisagem
é beleza Paisagem
e é tudo
natureza 19%
66%
Outros 19% dos alunos afirmam que paisagem é “tudo que a gente vê” (Josimar, 14
anos, escola 5). O conceito de paisagem desses alunos aproxima-se bastante da
definição presente nos dicionários: “extensão de território que se abrange num lance
de vista; panorama, vista.”21 Alguns acrescentam ao conceito o ponto de vista do
qual observam: “Uma paisagem e um lugar muito grande com que eu só possa ver
de um lugar alto” (Cléber, 17 anos, escola 1).
21
Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Nova Cultural,
1999.
87
Dentre esses 15%, alguns alunos ainda apresentaram uma tentativa de aproximar o
conceito à geografia, inserindo referências ao lugar, ao espaço, à região e à ação do
homem: “Conjunto de característica natural artificial que compõe determinado local”
(William Araújo, 18 anos, ONG 1), “Para mim uma paisagem é um retrato, uma
image que você faz por ver uma região ou um lugar.” (Kevin, 12 anos, escola 2).
Nota-se que, para esses alunos, paisagem é um conceito com sentido estético, mais
relacionado à arte, ao gênero da pintura do que à geografia. É raro identificar alunos
se referindo à paisagem geográfica. Como eles não conhecem a distinção
polissêmica do termo, o que se verifica é uma associação de paisagem e natureza,
que demonstra não só a fragilidade do conceito de paisagem desses alunos, mas
também a fragilidade (ou total desconhecimento) do conceito de natureza e da
diferença entre esses.
É comum a utilização de termos vagos, como tudo, uma coisa, um lugar, para definir
paisagem. É comum também a colocação de conceitos equivocados como “um lugar
que o homem não tocou, onde não tem nada feito pelo homem” (Guilherme, 11 anos,
escola 6), qualificações sem sentido como “paisagem modificada” ou ainda a visão
idealizada de paisagem, “a paisagem pra mim e uma visão de uma floresta, ou o rio
no meio dela com uma casa ou sem casa tanto faz” (Reginaldo, 19 anos, ONG 2).
88
A partir desse diagnóstico instalou-se um desafio que não pôde ser concluído
completamente com o conjunto das atividades desenvolvidas. Diante de um quadro
tão sedimentado de conceitos desordenados e equivocados, paralelamente à ação
para construção da noção de paisagem geográfica e ampliação da percepção sobre
a mesma a partir da arte, ampliou-se a necessidade de desconstruir e organizar
idéias pré-concebidas dos alunos que estabelece quais são, a organização e a
disposição dos elementos da paisagem.
Entretanto, a grande maioria dos alunos mantém uma relação de afetividade com a
paisagem e se identifica com ela mesmo com dificuldades, provavelmente porque
não associam à paisagem os problemas sociais e as dificuldades da qualidade de
vida. O conceito de paisagem é ideal e não cultural.
O inventário dos elementos da paisagem observada revelou que a maior parte dos
alunos não está preparada para observar a paisagem além da sua aparência mais
externa. Os elementos mais citados são as construções, edificações, árvores e
veículos. Em seguida vêm as pessoas, os postes, orelhões e as vias de circulação.
Raríssimas vezes houve referências ao relevo, ao solo, aos elementos do clima, aos
sons, ao céu ou aos problemas sociais e às relações que se estabelecem na
paisagem.
galhos secos e poucas folhas localizada em primeiro plano, que foi o elemento
principal de alguns desenhos (figura 28).
As questões da Atividade B permitiram avaliar também que uma parcela dos alunos
não entende o desenho e a pintura como expressão, mas sim como ferramenta para
reprodução da realidade. Como nem sempre possuem o domínio da técnica do
desenho, demonstram insatisfação com o resultado. Essa insatisfação com o próprio
desenho é freqüente e a palavra “tudo” aparece em torno de 17 vezes nas respostas
dos alunos para representar o que eles mudariam em seus desenhos. Alguns
afirmam que desenhariam uma paisagem ideal, com cachoeiras, rios, floresta, ainda
que esses elementos não fizessem parte da paisagem observada. Outros alunos
reafirmaram o desejo de imitar a paisagem observada nos detalhes. Pouquíssimos
alunos demonstraram satisfação com o próprio desenho.
Dos oito grupos de alunos (parte 1 e parte 2 dos experimentos) somente o grupo de
alunos da escola 2 (uma escola particular) demonstraram maior preparo e melhor
argumentação. Os alunos dessa escola apresentaram maior intimidade com a
linguagem dos quadros, já conheciam técnicas de perspectiva e também
evidenciaram ter estudado o tema da paisagem anteriormente. Entretanto, o
desempenho deles não se distanciou dos alunos das outras escolas, pois não se
lembraram de usar a perspectiva na hora de desenhar e suas respostas escritas
foram muito semelhantes às dos outros grupos.
No que diz respeito à faixa etária, os grupos de alunos mais velhos, das ONGs 7 e 8
se destacam dos demais somente no maior número de referências a problemas
sociais nas suas respostas, em diferentes momentos, embora não tenha sido um
número grande. Quanto aos adultos da escola 1, por se tratar de um grupo de
alunos de ensino supletivo, eles apresentaram muita dificuldade na expressão
93
Se por um lado essa experiência inicial mostrou que a necessidade de maior tempo
para trabalhar com conceitos como paisagem é fundamental, por outro lado, para
uma intervenção como a que foi realizada, com um professor de fora e que de certo
modo “invade” a sala de aula, um certo constrangimento e a preocupação do tempo
não se tornar um problema nas escolas seguintes, trouxeram a necessidade de
adaptar o roteiro de atividades para que menos tempo fosse necessário à sua
aplicação.
Considerando-se que a maior parte das atividades propostas aos alunos, solicitaram
desses, muito mais reflexões superficiais e estímulos sensoriais do que acúmulo de
informações objetivas, então é compreensível que, ao final de uma breve experiência
realizada num curto período de tempo, os alunos apresentem dificuldade em articular
coerentemente na linguagem escrita esse conjunto de experiências. Nas palavras de
Tuan, “[...] é difícil articular boa parte da experiência humana, e estamos longe de
encontrar artefatos que meçam satisfatoriamente a qualidade de um sentimento ou a
resposta estética.” (1977, p. 222)
Ao final das atividades, em torno de 61% dos alunos afirmaram categoricamente que
não mudaram de opinião quanto ao conceito de paisagem. Eles afirmam que
continuam acreditando no mesmo conceito do início das atividades e alguns repetem
as mesmas palavras do conceito dado anteriormente.
Os outros 39%, em parte, não afirmam nada, apenas dão um conceito vago
(algumas vezes repetição do anterior) ou, afirmam que a opinião mudou e apontam o
novo aspecto do conceito que apreenderam.
presença de elementos naturais como condições para se ter uma paisagem, alguns
incorporaram a idéia vaga de que paisagem é tudo. Eles passaram do conceito
restritivo para um conceito completamente aberto: “Tudo o que vemos. Sim, pois eu
pensava que paisagem era só florestas tipo uma paisagem natural.” (Tatiane, 18
anos, ONG 2); “Paisagem é tudo. Mudou, antes eu achava que paisagem eram só
aquilo que era bonito.” (Patrícia, 12 anos, escola 2); “Eu acho que uma visão que nos
temos de um lugar. minha opinião mudou, porque eu achava que era tudo.” (Isabela,
12 anos, escola 2).
Por outro lado, apesar de uma parcela menor admitir uma mudança no conceito de
paisagem, 98% dos alunos afirmam ter aprendido “coisas” com as atividades.
Desses, 40% relacionam o aprendizado à noção e ao sentido de paisagem, outros
se referem às questões relacionadas à natureza, à capacidade de observação e
olhar, à capacidade de expressão e o relacionamento com os colegas, à pintura, à
arte, sobre as transformações na cidade de São Paulo, ou ainda respostas vagas
como “muitas coisas” e “de tudo um pouco”.
Não
aprenderam
nada
2%
Aprenderam
sobre Aprenderam
natureza, arte, sobre
São Paulo, paisagem
"muitas 40%
coisas", etc.
58%
Questionados sobre o que acharam mais cansativo, uma parcela dos alunos
associou a palavra cansativo unicamente a esforço físico e por isso, 17% apontaram
as caminhadas que tiveram que fazer até o local de realização da observação e do
desenho/pintura da atividade A ou então o fato de terem que desenhar mal
acomodados na rua. Esses alunos estão concentrados nas escolas 1, 6 e ONG 1.
98
Desenhar e
observar
12%
Nada foi
interessante
2%
Quadros
20%
Tudo,
Desenhar
atividade
46%
fora da
escola,
aprender
sobre São
Paulo, etc
O fato das três primeiras escolas não possuírem janelas com vista para a rua, a
princípio pareceu uma dificuldade para a realização do trabalho de campo. Mas ao
final da primeira parte dos experimentos, as observações e as declarações dos
alunos demonstraram que as saídas até a rua, mesmo que fosse na porta da escola,
tinham se constituído em um dos momentos mais prazerosos do roteiro de
atividades.
Questionados sobre por quê a paisagem muda, as respostas são variadas, desde
uma suposta evolução que inclui a paisagem, passando pelo tempo e pela
tecnologia até chegar no homem. De fato, direta ou indiretamente, o homem é o
elemento mais citado como o responsável pelas mudanças na paisagem embora ele
não apareça como responsável pelas transformações nos meios de transportes,
habitação, fauna, flora, etc.
Essas respostas identificam a influência que alguns alunos sofrem dos chamados
slogans aprendidos nas aulas de geografia, da religião e até mesmo da mídia,
quando valoriza as paisagens de alguns lugares, dizendo que “Deus caprichou ali!”
O homem, Deus e a natureza são entendidos como entidades poderosas e distantes
dos alunos. Raramente, eles conseguiram estabelecer a relação entre homem,
natureza, paisagem e eles mesmos.
No que diz respeito aos resultados das Atividades D e E, apesar dessas atividades
terem sido apontadas como cansativas pelos alunos, as observações realizadas,
principalmente durante os debates da parte E, apontaram a atividade como
103
esclarecedora das dúvidas entre paisagem rural e urbana, identificando funções dos
elementos e as atividades características dessas áreas, além das relações de
interdependência. Na segunda etapa dos experimentos, essas atividades foram
realizadas somente na escola 5 e ONG 2 e o único registro são os overlays, pois não
há mais referências a essas atividades nas avaliações dos professores e dos alunos.
A foto a seguir foi tirada no local onde os alunos da escola 1 realizaram os dois
desenhos. Como se pode verificar, o trabalho de observação, desenho e pintura foi
todo realizado à noite. Esse detalhe que a princípio chamou a atenção do professor
e da Coordenadora Pedagógica da escola 1, não incomodou nenhum aluno, pois
não houve um só comentário verbal ou escrito e esse respeito, mas também, poucos
alunos tiveram a preocupação de representar a noite nos desenhos.
22
Herbert Read em seu trabalho A Educação pela Arte, classifica os desenhos infantis em oito
categorias relacionando-as aos tipos psicológicos. São as categorias: orgânica, empatética, modelo
rítmico, forma estrutural, enumerativa, háptica, decorativa e imaginativa.
108
A participação do professor das escolas 1 e 3 foi tão intensa que ele chegou a
realizar os desenhos junto com os alunos, espontaneamente, o que foi um gesto
muito positivo e serviu de estímulo aos alunos.
De forma geral, o projeto foi bem acolhido pelas 3 escolas da primeira etapa de
experimentos, principalmente nas escolas 1 e 2, onde o desenvolvimento do trabalho
se deu durante um período mais longo.
112
A idéia de realizar o overlay sobre o desenho dos alunos poderia ter sido uma
alternativa criativa e proveitosa se os alunos tivessem tido a oportunidade de realizar
também um desenho em área rural e pudessem compará-los, sem perder o objetivo
inicial da atividade proposta. Como um único desenho – em área urbana – foi
realizado pelos alunos, a atividade ficou restrita a um compromisso mecânico com a
pintura, sem reflexão nenhuma sobre o uso do solo.
Por outro lado, a professora da ONG 1 dispôs-se a sair com os alunos, levando-os
ao parque municipal para realizar a observação e o desenho da atividade A. O
conjunto da avaliação dos alunos demonstra que houve um debate sobre o conceito
de paisagem e a importância da observação: 63% apontaram ter aprendido sobre
paisagem, observação, atenção e respeito à mesma, o restante dos alunos referiu-se
a aspectos pessoais como, conhecer a si mesmo e outros.
Apesar das falhas apontadas, a professora da ONG 1 soube fazer uso do material
disponibilizado (ainda que parcialmente) e soube conduzir as discussões de forma a
construir sentidos, estimular a reflexão em arte e geografia, mesmo não tendo
formação nessas áreas.
A resposta do aluno Guilherme (11 anos, escola 6) à pergunta 5, Você acha que o
que você viu e pintou tem alguma coisa a ver com você? Por que?, do exercício da
atividade B é uma boa amostra da confusão que os alunos fizeram na hora de avaliar
os resultados, pois sem saber a qual paisagem tinha que se referir, o aluno explicou
sua relação com mais de uma: “Se for a natureza combina comigo, o ar limpo a água
limpa é ótimo, mas se for a cidade não tem nada a ver comigo a sujeira o ar poluído
é muito rui”.
Esse exercício deveria ter sido respondido logo a seguir à realização do primeiro
desenho (e não depois de três desenhos diferentes) e a questão queria saber do
aluno se ele entendia ter pintado ou não uma paisagem. Tudo isso muito antes dos
quadros serem mostrados aos alunos e essa deveria ser a primeira vez que o aluno
“ouviria” a palavra paisagem durante o desenvolvimento do roteiro. Porém a resposta
do aluno demonstra claramente que no momento em que ele refletiu e respondeu
essas questões, as reproduções já haviam sido mostradas e estudadas por ele, pois
as datas apontadas pelo aluno se referem às datas dos quadros 1 e 2.
116
Mais uma vez, a idéia de levar os alunos a uma excursão tão ampla como a
realizada só pode ser considerada como uma experiência riquíssima, porém o
desenvolvimento do roteiro ficou aquém da expectativa, pois a seqüência das
atividades tinha uma importância na construção dos sentidos e no desenvolvimento
das idéias, o que não foi respeitado pelas professoras.
Muita crítica tem sido realizada aos livros didáticos, inclusive nessa dissertação,
todavia diante do poder de decisão de um professor, um bom livro didático pode se
tornar uma ameaça ao aluno e o contrário também pode acontecer, um mal livro
didático pode se tornar um excelente aliado na construção do conhecimento crítico.
117
Ao contrário dos alunos, que afirmaram não gostar das atividades escritas, a seleção
de atividades feita pelos professores da segunda parte de experimentos, parece
demonstrar que eles preferem desenvolver com os alunos exatamente essas
atividades.
7 Considerações Finais
Essa busca na paisagem que pode se dar a partir dos mais diferentes estímulos,
nesse trabalho esteve concentrada na utilização de reproduções de quadros de
pintores brasileiros, porém, verificou-se que outras linguagens e estratégias podem
ser utilizadas com eficiência, como por exemplo, a música que foi bem recebida
pelos alunos da escola 1 ou a linguagem da informática que revelou-se bastante
versátil no conjunto da trabalho.
Apesar de nem sempre saber identificar com precisão o que aprenderam ou o que
modificou no modo de pensar, a maior parte dos alunos que participaram desses
experimentos acredita que houve um acréscimo na sua formação, que aprenderam
“coisas” sobre a paisagem e o que é melhor, todas as respostas vem associadas a
observações positivas como: “foi bom”, “importante”, “muito interessante” e ”legal”.
Outro aspecto a ressaltar foi o interesse dos alunos nas atividades de desenho em
oposição às atividades de leitura e escrita, o que demonstra o desgaste ou uso
pouco criativo do processo de construção do conhecimento através da palavra
escrita, o que nos faz acreditar no valor e na importância da pesquisa de estratégias
didáticas.
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8.4 Internet
Sites consultados no período de agosto de 1999 e maio de 2003:
CÂNDIDO Portinari. Site oficial do pintor brasileiro contendo acervo virtual de suas
obras, biografia e jogos didáticos. Disponível em: <http://www.portinari.org.br>.
Apêndices
139
pontes, viadutos, etc.) em marrom, águas (rios, lagos, mar) em azul escuro e o céu
em azul claro. Construir a legenda.
Tempo previsto: 35 min
Quadro 1
1. Qual é o título do quadro?
_______________________________________________________________________________
6. Que tipos de linhas predominam no quadro: horizontais, verticais, inclinadas, curvas ou não há
linhas claramente definidas?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
9. A paisagem do quadro é parecida com a paisagem que vocês pintaram? Por que?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
6. Que tipos de linhas predominam no quadro: horizontais, verticais, inclinadas, curvas ou não há
linhas claramente definidas?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
9. A paisagem do quadro é parecida com a paisagem que vocês pintaram? Por que?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Professor: ______________________________________________________________________
Escola: __________________________________________________________Data:___/___/___.
1.3. quanto à reação dos alunos em comparação ao dia-a-dia nas aulas de Geografia, houve
• mudança de comportamento?:____________________________________________________
• mudança no grau de assimilação?:_________________________________________________
• mudança no grau de interesse?:___________________________________________________
• outras?: _____________________________________________________________________
2. Você já havia combinado algum tipo de expressão artística com Geografia na sua prática didática?
Se sim, qual e como foi? ___________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Se não, por que? _________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
4. Qual o grau de dificuldade em realizar essa articulação sem a ajuda do Professor de Artes?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
5. Você já realizou alguma atividade em conjunto com professores de outras áreas de conhecimento?
Se sim, com professores de quais áreas?_______________________________________________
________________________________________________________________________________
Se não, por que? __________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
6. Você avalia que houve algum tipo de contribuição da Arte para o aprendizado em Geografia nessa
atividade?
Se sim, qual? ____________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Se não, por que?________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
7. Você avalia que houve algum tipo de contribuição da Geografia para o aprendizado em Arte nessa
atividade?
Se sim, qual? ____________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Se não, por que? ________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
9. Você avalia que houve uma mudança no entendimento dos alunos sobre o conceito de paisagem?
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
146
Anexos
TEXTO 2 - SÃO PAULO TEM MÁ REPUTAÇÃO
TEXTO 1 – SÃO PAULO SÃO PAULO São Paulo tem má reputação. A primeira metrópole da América Latina é, junto
Osvaldo, Biafra, Claus, Marcelo, Wandy com Tóquio, a cidade mais poluída do mundo. Nos horários de pico, o nível de
Arr: Nelson Ayres rarefação do oxigênio é anunciado no rádio e na televisão. É enorme o transtorno
causado pela fumaça dos canos de escapamento e pelo ruído contínuo das britadeiras
– não se pára de demolir e construir em São Paulo. O trânsito atinge proporções
s.
é sempre lindo andar difíceis de imaginar na Europa. São Paulo é uma cidade fervilhante, uma maré
na cidade de São Paulo humana que se apressa, se acotovela a avança num ritmo trepidante. É uma cidade
o clima engana, a vida é grana febril cujo motor nunca se detém. Tudo parece impedir que se tenha tempo para
em São Paulo respirar.
Enfim, São Paulo não é bonita. Arranha-céus arrogantes refletem construções
a japonesa loura disformes em tijolos vermelhos, em rosa desbotado, em cinza. Blocos de habitações
a nordestina moura de São Paulo populares aparentemente não obedecem a nenhuma organização precisa. É uma
gatinhas punks paisagem feita de superposições, cubos empilhados, ferro e cimento que foram
um jeito yankee de São Paulo dispostos ao longo dessas intermináveis avenidas que se enredam, se ramificam, se
sobrepõem. Em pleno coração da cidade, há cruzamentos múltiplos, viadutos e
na grande cidade me realizar pontes, vias que se entrecruzam e se duplicam, passarelas que atravessam ruas e
BIS morando num BNH, na periferia estradas.
a fábrica escurece o dia Nesse espaço desordenado e em contínua transformação, a temperatura não
é mais clemente que o resto. São Paulo freqüentemente permanece dias inteiros
não vá se incomodar imersa em nevoeiro, e os termômetros eletrônicos nas principais avenidas podem
muito bem indicar 17 graus centígrados num dia e 38 no dia seguinte. Enquanto a
trabalho está há muito completamente saturado. (...)
ou ver TV separar junta-se, o que consideramos contraditório casa-se. São Paulo é uma mistura
complexa de doçura e violência, de vida pública e privada, de razão e afetividade, de
pra quebrar a rotina individualismo e espírito de clã.
num fim de semana em São Paulo Há nessa cidade decididamente polimorfa uma ordem sutil da desordem, uma
lavar um carro intimidade do gigantismo, paisagens fantásticas que se desenham ao pôr-do-sol no ar
comendo um churro poluído. São Paulo pretensiosa, distante e ao mesmo tempo tão próxima. Cidade do
é bom pra burro superlativo (ão) e ao mesmo tempo do diminutivo (inho). Megalópole desconhecida e
ainda mais desconhecida que o Brasil inteiro. Cidade plural. cidade da pós-
um ponto de partida modernidade. América que se reinventa permanentemente em novas formas de
pra subir na vida em São Paulo exuberância barroca.
Terraço Itália
Jaraguá ou Viaduto do Chá in: OLIEVENSTEIN, Claude & LAPLANTINE, François.
São Paulo atrai todos os deserdados do Brasil, que chegam no momento em que o mercado de
dia e 38 no dia seguinte. Enquanto a poluição aumenta sem parar e a área verde – uma das menores
147
clemente que o resto. São Paulo freqüentemente permanece dias inteiros imersa em nevoeiro, e os
Nesse espaço desordenado e em contínua transformação, a temperatura não é mais
do mundo para uma grande cidade – diminui a cada dia, a população cresce em ritmo vertiginoso.
termômetros eletrônicos nas principais avenidas podem muito bem indicar 17 graus centígrados num
1993 Um Olhar Francês sobre São Paulo. São Paulo, Editora Brasiliense.
(Título original: São Paulo vu par deux françois)
Anexo B – Modelo de Reprodução de Quadro
Agostinho Batista de Freitas
Teatro Municipal, 1985 – Óleo sobre Tela – 80 x 140 cm
Fonte: http:www.itaucultural.org.br
149
Encarte
Configuração mínima:
- Windows 95
- Pentium
- drive CD-Rom 4x