Os Mapas Mentais Como Suporte para o Ensino Da Geografia
Os Mapas Mentais Como Suporte para o Ensino Da Geografia
Os Mapas Mentais Como Suporte para o Ensino Da Geografia
Resumo: Abstract:
A partir da preocupação com o ensino de geografia, o The research sought to understand how future educa-
presente artigo buscou compreender como futuros pe- tors represent the university space through the mind
dagogos representam o espaço universitário por meio map. Participants were 25 undergraduates of the se-
do mapa mental. A mesma referenciou-se teórica e me- venth period of Pedagogy course of a Public Universi-
todologicamente na cartografia no ambiente educativo ty. Referenced to theoretically and methodologically
e nos mapas mentais. Participaram do estudo 25 gra- authors concerned with mapping the educational en-
duandos do sétimo período do curso de Pedagogia de vironment and with that question the perspective of
uma universidade pública federal. Adotou-se o método mental maps. We adopted the method of qualitative
qualitativo do tipo pesquisa participante. Foram utili- research participant type. Were used as research tools
zados como instrumentos de pesquisa mapa mental, mental map, interview and field diary. The results sho-
entrevista e diário de campo. Os resultados apontaram wed that the university was represented as a place of
que a universidade foi representada como lugar de experience, in which the subjects showed familiarity
vivência, em que os sujeitos revelaram familiaridade e and belonging. Thus, the subjective perspective sco-
pertencimento. Assim, a perspectiva subjetiva marcou as red graphical representations, which reinforced the
representações gráficas, o que reforçou a necessidade de need to use other forms of representation that mobili-
se utilizar outras formas de representação que mobilizem ze the encounter / confrontation space.
o encontro/confronto espacial.
Palavras-chave: Ensino de geografia. Cartografia. Mapa Keywords: Teaching geography. Cartography. Mental
mental. Google Earth. map. Google Earth.
1
Licenciada em Geografia, Mestra em Educação pelo Programa de Pós
Graduação em Educação/ Universidade Federal de Alagoas - PPGE/
UFAL, professora de Geografia da rede estadual de Alagoas.
E-mail: [email protected].
2
Psicóloga, Doutora em Informática na Educação pelo Programa de Pós
Graduação em Informática na Educação/Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, orientadora de Mestrado pelo PPGE/UFAL, Docente da UFAL.
E-mail: [email protected].
66 OS MAPAS MENTAIS COMO SUPORTE À CARTOGRAFIA: UM ESTUDO COM FUTUROS PEDAGOGOS
Este artigo é fruto de uma dissertação que teve como Além disso, vivemos em uma era em que as inovações
foco o reconhecimento espacial de futuros pedagogos, tecnológicas têm ganhado espaço em vários contextos:
pois se entende que este público faz parte de um seg- fala-se da agricultura, das telecomunicações, da infor-
mento importante de atuação na Educação Básica, sen- mática, entre outros. Esses diferentes setores ganharam,
do a base inicial para a alfabetização cartográfica. Assim, com a introdução tecnológica, maiores possibilidades de
os pedagogos são os responsáveis pelas séries iniciais e acesso, difusão de informações e de produção (KENSKI,
possuem a relevante tarefa de estimular os alunos a de- 2004). A partir da difusão da tecnologia no meio escolar
senvolver as noções de espaço. Entende-se que o exercí- é interessante pensar como ela pode ser uma aliada para
cio de reconhecimento do espaço, da orientação e da re- o ensino da Cartografia. E, neste sentido, entender como
presentação é importante para o conhecimento daquele as noções espaciais e sua aplicabilidade ocorrem no con-
que irá se graduar em Pedagogia. Portanto, é interessan- texto professor e aluno. É importante que o professor es-
te que futuros pedagogos recebam em sua formação as teja preparado para estimular os alunos a desenvolver as
abordagens da Geografia que contemplem o estudo so- noções da Cartografia junto ao que a tecnologia oferece
bre a percepção espacial. como suporte ao aprendizado.
Dentre os desafios enfrentados na formação do pedago- A pesquisa norteou-se a partir da seguinte questão:
go, vê-se o pouco conhecimento que os mesmos pos- como os alunos de pedagogia realizam leituras do cam-
suem sobre noções da Cartografia e isso se evidencia atra- pus universitário a partir da representação gráfica, por
vés da formação que receberam ainda na Educação Básica meio do mapa mental? E, como objetivos da pesquisa,
(PASSINI, 2007). Nesse sentido, decidiu-se desenvolver elencou-se, primeiramente, como geral: compreender
uma pesquisa que contempla a discussão acerca da leitura como os alunos de Pedagogia constroem a noção de es-
que os graduandos de Pedagogia possuem e fazem sobre paço e representação a partir da percepção do espaço vi-
o campus universitário que é o espaço por eles vivido. vido: o campus universitário da Universidade Federal de
Alagoas (UFAL). Outro objetivo foi: diagnosticar por meio
Sendo o reconhecimento do lugar e a observação das de mapas mentais o conhecimento espacial dos alunos
diferentes paisagens um dos assuntos mais importantes do sétimo período do curso de pedagogia da UFAL.
da Geografia, analisa-se que a visualização desses seto-
res, avançando-os para noções de mapeamento, possui
sentido importante para o conhecimento discente. Ou 1.Formação Pedagógica e o Ensino da Cartografia
seja, o que se vê pode-se também mapear para dar for-
ma a um lugar por meio do mapa mental, àquilo que se
conhece através do contato visual. Para representar e demarcar espaços, o homem, desde
cedo, se apropriou da confecção de mapas para orientar-se
Observando uma turma de pedagogos do sétimo período no espaço. Segundo Timbó (2001), o homem primitivo já
de uma Universidade Pública Federal, vivenciou-se a rea- sentia necessidade de registrar o espaço a sua volta a fim de
lidade de futuros pedagogos frente ao desafio do estudo marcar os lugares mais importantes para sua sobrevivência.
sobre a alfabetização cartográfica. É interessante que os Desde então, a Cartografia veio evoluindo em relação a ins-
pedagogos conheçam a Cartografia para exercitar com trumentos e métodos utilizados para seu desenvolvimento.
seus alunos a leitura crítica dos diversos acontecimentos Conta-se hoje com as ferramentas tecnológicas que auxi-
do mundo globalizado. Essa preparação envolve, também, liam e produzem equipamentos cartográficos para diversas
a leitura dos mapas. Com o mundo em constante trans- finalidades e aplicações.
formação, torna-se necessário compreender a dimensão
de um espaço, o que ele representa em diferentes escalas A alfabetização cartográfica dá-se como importante para
para que se possa entender e visualizar as ocorrências que a formação do aluno, sendo que a orientação, a localiza-
se fazem presentes na superfície terrestre. ção e a representação são itens que devem ser explora-
Ana Luzia de Barros Andrade Marques 67
Deise Juliana Francisco
dos na Cartografia. Não se pensa em apenas levar o mapa tação espacial. Diferente da criança, “a organização es-
para a sala de aula e mostrá-lo aos alunos, mas também é pacial do adulto envolve perspectiva e coordenadas, de
interessante contextualizá-lo, demonstrando que espaço modo que é capaz de localizar-se e orientar-se usando
é aquele que está sendo estudado. Deve-se desenhar o referenciais abstratos, baseados em relações espaciais
mapa e não apenas decalcá-lo e, assim, estudar o mapa projetivas e euclidianas” (ALMEIDA e PASSINI, 2010, p.
dentro da realidade do aluno torna-se um exercício inte- 23). Quando o espaço se projeta, o aluno dá significados
ressante, pois o aluno demonstrará seus entendimentos e o compreende como um espaço que pode ser localiza-
e percepções visuais do espaço de vivência. De acordo do através de referenciais da simbologia como a legen-
com Archela e Pissinati (2007), os alunos já possuem no- da. Nesse sentido, observa-se que o aluno está passando
ções cartográficas que fazem parte de sua ação rotineira. de um nível elementar da compreensão do espaço para
É nesse sentido que estudar a área de vivência é um pas- um do campo mais requintado e composto de elemen-
so importante para a compreensão cartográfica, pois as tos que compõem significados.
ações rotineiras dos alunos em seu cotidiano podem ser
incorporadas em um saber formal a partir da inserção de Nas aulas de Geografia, quando o professor faz uso de ma-
conceitos mais elaborados. pas, entende-se que é importante apresentar os diferentes
elementos que compõem o espaço. Esses elementos estão
O pedagogo, responsável pelo ensino nas séries iniciais, baseados no uso de símbolos que estão distribuídos e que
possui um importante papel não só como alfabetizador, se aproximam da imagem real. De acordo com Castrogio-
mas também como formador humano e social. Os alu- vanni, Callai e Kaercher (2010, p. 51), “A representação do
nos, estimulados ao estudo cartográfico, podem pensar mundo necessita de simbolização cartográfica”. Esses sím-
sobre seu espaço que é um espaço humanizado, abrindo bolos são sinais gráficos que a partir de seu uso se confi-
a possibilidade de conhecer o espaço como produzido e guram como legenda. Os símbolos, signos e legendas re-
mutável. Isso favorece a formação do aluno como cida- presentam a leitura cartográfica e, sendo assim, devem ser
dão (CALLAI; CALLAI, 2003). construídos pelo aluno quando se trabalha com mapas.
Autoras como Castellar (2007), Almeida (2007) e Almeida Ao se mapear um determinado lugar, além de se preocupar
e Passini (2010), apresentam estudos que discutem a im- com a simbologia, caminhar e observar com interlocuções
portância da construção do mapa pela criança levando geográficas o espaço de vivência, medir e reduzir objetos
em consideração seu espaço de vivência diária (casa, es- para reproduzir em escala menor no papel é uma prática
cola, trajeto casa-escola). Os mapas mentais, de crianças necessária para auxiliar na construção dos conceitos carto-
ou de adultos, demonstram como estes veem o espaço e gráficos e geográficos. Segundo Romano (2007, p. 158), “O
como o percebem como lugar com o qual possuem inte- processo de alfabetização cartográfica envolve a compre-
ração e intimidade com a paisagem. ensão e construção dos seguintes conceitos: visão vertical
e oblíqua; lateralidade e orientação; proporção e noções de
O conhecimento, no que tange à compreensão sobre lo- escala e legenda”. A construção desses conceitos contribui-
calização, requer que o aluno aprecie conceitos geográ- rá para a compreensão e ajudará o aluno a entender de for-
ficos para que possa construir sua informação. Portanto, ma mais clara a leitura e interpretação do mapa.
entende-se a importância do estímulo ao estudo do que
significa uma fronteira, o espaço em torno, entre outros
fatores importantes à compreensão da espacialidade. 1.1OS MAPAS MENTAIS
necessidade de referenciar rotas, caminhos e territórios, englobando desde a fase de desenvolvimento do mapa
integrando o vivido e as práticas socioculturais, incorpo- mental do campus até a reescrita da trajetória mapa men-
rando ao longo dos tempos novos valores” (KOZEL, 2007, tal e oficina de Google Earth. Neste artigo será analisada
p. 25). Cosgrove (1998) entende que um mapa nunca apenas a parte referente aos mapas mentais.
deve ser visto como algo isolado, pois a ele se incorpo-
ra uma série de processos culturais complexos que dão Como instrumentos da pesquisa utilizaram-se a observa-
abertura a outros mapeamentos. ção e o diário de campo. A observação se deu em toda
a fase de coleta de dados, desde a elaboração do mapa
Autoras como Kozel e Nogueira (1999) salientam que mental à oficina. Nessas sessões, foram registradas as in-
os mapas mentais se constituem através de questões terações do grupo, bem como as falas consideradas im-
históricas reais, onde o sujeito se incorpora dando exis- portantes para a consecução desse trabalho.
tência a lugares vividos, produzidos e construídos. Nes-
se sentido, entende-se que a apreensão do real se dá
através da percepção e das lembranças conscientes e 4 Análise Dos Dados
inconscientes (KOZEL, 2006).
Partindo do pressuposto dos mapas mentais, cuja repre- A análise é resultado da vivência com a turma de futu-
sentação espacial se dá através da visão humanista, no ros pedagogos, no qual serviu de apoio para responder
qual são dados valores e marcas inerentes ao lugar vivido, o problema da pesquisa. Os alunos foram estimulados a
desenvolveu-se o tipo de visão pelo fato de entender que representar por meio do mapa mental o campus univer-
a um mapa mental são dados valores humanos, deixando sitário, buscando estabelecer os pontos e itens encontra-
de lado a visão técnica do mapa que servia antes, apenas, dos em todo espaço, em uma folha de papel A4 para que
como ponto de orientação no espaço. A concepção de pudessem, através de seu conhecimento e de sua expe-
mapa mental é remetida a Geografia das Representações. riência com o lugar, representar com detalhes o campus.
O termo representação se configura para Kozel (2005, p. Esta tarefa foi realizada no primeiro dia de observação
140-141) “como o processo pelo qual são produzidas for- na sala de aula de Geografia 1, sob autorização prévia da
mas concretas ou idealizadas, dotadas de particularidades professora responsável pela disciplina.
que podem também se referir a outro objeto, fenômeno
relevante ou realidade”. Então, entende-se que a Geogra- Para categorizar a análise dos mapas mentais realizados
fia das Representações possui significativa importância às pelos estudantes de pedagogia, foi utilizada a metodolo-
pesquisas ao que se refere aos mapas mentais. gia desenvolvida por Kozel (2001), que consiste em uma
apreciação no que tange à interpretação de representa-
ções gráficas que, no caso dessa pesquisa, tratou-se do
2. Metodologia mapa mental do campus.
Segundo a metodologia Kozel (2001), determinados as- Entende-se que conhecer o espaço vivido através da mo-
pectos são relevantes para análise sobre os mapas men- bilidade no espaço da Universidade, torna-se um exercí-
tais, pois delineiam pontos nos quais o aluno quis de- cio interessante, pois o aluno não se limita apenas ao seu
monstrar em seu mapa mental. Ao observar os alunos lugar diário das salas de aula (ALMEIDA, 2007). Destaca-
desenvolvendo o mapa mental, foi possível perceber que mos a fala do aluno 03:
grande parte possuía dificuldade em representar os pré-
Preocupei-me em fazer uma representação
dios que estavam mais distantes de seu percurso habitual,
nítida e coerente, portanto iniciei desenhan-
ou seja, desde a entrada até o final do campus. Outro as-
do as vias de trânsito e em seguida acrescen-
pecto observado foi a razoável resistência por parte dos tei os espaços que mais frequento: reitoria,
alunos para a realização do mapa mental, pois alegaram biblioteca, bloco de Pedagogia, fotocopiado-
não saber desenvolver um trabalho desse tipo. Como o ra, restaurante universitário, bancos e posto
bloco do curso de pedagogia fica mais ao centro do cam- de venda de passagem estudantil. Não con-
pus e as partes administrativas estão situadas no início, segui lembrar a distribuição dos blocos e
alguns alunos se restringiram apenas à representação até também o espaço do papel não Foi suficien-
o bloco e salas de aula do curso de pedagogia. Os alunos te, em virtude disso ao analisar o desenho
que representaram os blocos posteriores ao de Pedagogia identifica-se a ausência de muitos elementos.
possuíam dificuldade em representar os prédios em rela-
ção ao lado direito ou esquerdo, levando em consideração A materialização da representação do espaço por inter-
a entrada principal do campus. Sobre isso, o aluno ora inti- médio da produção de um mapa dá maior vivacidade
tulado 01 relata: “Mesmo não sabendo desenhar, aceitei o aos elementos que são perceptíveis à realidade do alu-
desafio e de certa forma consegui representar o campus. no, pois traduz um espaço cotidiano de interação con-
Não desenhei detalhes justamente pela dificuldade que tínua (KOZEL, 2007).
tenho, mas exercitei a memória e consegui representar a
via principal e a maioria dos blocos”. O aluno 02 afirma: A atividade foi realizada com 25 alunos e 3 deles solicitaram
mais uma folha para realizar o mapa mental, pois argumen-
Essa atividade pressupõe que o lugar a ser re-
taram não caber todos os itens que compõem a Universida-
presentado seja conhecido e vivenciado pelos
de. Quanto a isso, Martinelli (2008) propõe que a atividade
alunos. Ao começar o desenho é necessário
idealizar todo ambiente, pensar nas principais
de representação do espaço com o uso da escala, torna-se
partes, ou seja, fazer uma representação men- essencial para que o aluno estabeleça o conhecimento de
tal de como é essa realidade. Além disso, todo o que um espaço a ser representado pode ser ampliado ou
espaço deve ser limitado a uma folha de papel. reduzido, de acordo com a escala. Entende-se que a ativi-
dade de elaboração do mapa mental proporcionou a inter-
No que se refere à espacialização no papel, observou-se pretação de como os alunos veem e percebem o espaço em
que, pelo fato de não haver a preocupação na utilização que interagem há quase quatro anos.
da escala para a compreensão e delimitação dos espa-
ços, a representação do campus universitário não se deu Quanto aos espaços que os estudantes representaram,
de maneira mais abrangente. A redução ou ampliação observou-se que 80% dos alunos destacaram que aque-
feita com o uso da escala torna possível a representação les prédios em que mais eram solicitados a realizar al-
de forma mais completa. guma atividade de interesse de grupo ou pessoal foram
mais bem delineados e destacados como a reitoria, local
Quanto ao desconhecimento do campus universitário, de ida frequente dos alunos para a resolução de proble-
observou-se que este fator também se relaciona às ati- mas referentes à vida acadêmica; a praça onde se locali-
vidades docentes, ou seja, ao passo que a atividade do- zam os bancos e posto de venda de passagem de ônibus,
cente se restringe a apenas a um lugar (a sala de aula) e a biblioteca, ponto de encontro dos alunos para desen-
não há a interação com outros espaços da universidade. volvimento de atividades acadêmicas.
70 OS MAPAS MENTAIS COMO SUPORTE À CARTOGRAFIA: UM ESTUDO COM FUTUROS PEDAGOGOS
De acordo com a primeira categoria (Interpretação quan- numa visão de cima para baixo, tentando apresentar o
to à forma de representação dos elementos da imagem), que compõe o espaço em estudo. Quando encontradas
apresentou-se, um mapa mental que traz consigo repre- representações verticais nos mapas mentais, elas se mis-
sentações que permeiam o que foi ali definido. turam com as horizontais, ou seja, o aluno ao buscar dar
um formato mais parecido com o que se vê quando está
Mapa mental 1: Representação do aluno 01 na posição de pé, ele traz essa mesma visualização ao re-
alizar o mapa mental. No mapa mental a seguir, pode ser
observado os itens do espaço em diferentes posições:
Na representação encontrada no mapa mental 3, o aluno No mapa mental 4, a presença de elemento da natureza
03 utilizou o modo de distribuição de imagem horizon- constitui na visualização das árvores que compõem o es-
tal, ou seja, as posições obedecem a maneira como se paço universitário. O aluno 04 não representou nas áreas
vê a imagem real quando se está posicionado em solo. em branco o ambiente em que há densa vegetação. O
Há também a presença de letras que apresentam o local elemento árvore se restringiu apenas à pista de ligação
desenhado e de pessoas transitando no espaço dando o entre as faculdades. Tem-se a paisagem construída que
sentido de movimento ao lugar. foi apresentada por meio dos prédios que também estão
presentes nos demais mapas mentais realizados pelos
A categoria 3 (Interpretação quanto à especificação dos alunos de Pedagogia.
ícones) apresenta a especificação dos itens que com-
põem os mapas mentais. Essa categoria mostrou-se Mapa mental 5: Os elementos da paisagem
importante para análise, pois, a partir dela, foi possível
compreender que tipo de paisagem e elementos foram
encontrados: 20 manifestações de paisagem natural, 25
de paisagem construída, 12 de elementos móveis e 06 de
elementos humanos. Entende-se que esses elementos
fazem parte do espaço vivido e, por isso, configuraram-se
como importantes na análise dos mapas mentais. Esses
elementos dão vida a um lugar, pois se pode entendê-lo
como humanizado, isto é, com interferência humana e
com os traços culturais do povo.
Encontrou-se no mapa mental 6 maior visibilidade à pis- sua interação diária com o lugar. Afirma-se que esse tipo
ta de circulação de meios de transporte. Os elementos de representação do espaço através dos mapas mentais,
da natureza não aparecem na representação, dando a pelos alunos de Pedagogia, pode alterar a percepção do
impressão de imagem sem movimento. De acordo com espaço. Isso se configura a partir da etapa ao qual Del
a fala do aluno 05: “Não consegui desenhar o campus por Rio e Oliveira (1996), denominam como estruturas pro-
completo, pois não lembrei os nomes de cada faculdade jetivas e euclidianas. Essas estruturas demandam um co-
no qual representei nessas formas retangulares”. A par- nhecimento mais complexo no sentido de representar as
tir da escrita dos alunos sobre a experiência com mapa distâncias de forma proporcional em relação aos objetos
mental do espaço universitário, visualizou-se que grande apresentados no mapa mental.
parte indagou sobre não saber exatamente o que corres-
ponde cada prédio que há no campus. Entendeu-se que O espaço é uma construção contínua no qual Piaget e
por esse motivo foi encontrado, além do mapa mental Inhelder (1992) denominam como espaço represen-
do aluno 05, outros semelhantes, nos quais os alunos tativo. De acordo com os mapas mentais analisados,
apontam em sua escrita o mesmo ponto de vista. observou-se que as relações projetivas estavam sendo
construídas na esquematização mental apresentada nos
Em relação à categoria 4 (Apresentação de outros aspec- mapas mentais dos futuros pedagogos.
tos ou particularidades), observou-se, nos mapas men-
tais, representações que marcam limites fora do campus
universitário, ou seja, o acesso pela passarela ou pela pis- Referências
ta de ligação de outro lugar para dentro da Universidade.
Kozel (2001) chama atenção para a categoria que se con-
figura como outros aspectos ou outras particularidades ALMEIDA, Rosângela D. Cartografia escolar. São Paulo: Contexto, 2007.
na análise dos mapas mentais. Assim, a demarcação de ALMEIDA, Rosângela D; PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e
área fora do limite da Universidade demonstra a preocu- representação. 15. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
pação em situar o acesso a esse espaço, ou seja, através ARCHELA, R. S.; PISSINATI, M. C. A Alfabetização Cartográfica: simples
de ruas, avenidas, entre outros. Como outro exemplo e prática. In: ARCHELA R. S.; GRATÃO, L. H. B.; CALVENTE, M. del C. M. H.
tem-se o mapa mental do aluno 03, que apresenta a pra- (Org.). Múltiplas geografias: ensino – pesquisa – reflexão. Londrina:
ça e a organização da mesma, demonstrando um lugar Humanidades, 2007. p.109-127
de relacionamento entre pessoas. CALLAI, Helena C; CALLAI, Jaeme L. Grupo, espaço e tempo nas séries ini-
ciais. In: CASTROGIOVANNI, Antonio C. et. al. Geografia em sala de aula:
prática e reflexões. 4. ed. Porto Alegre: UFRGS editora, 2003. p. 65-75
Considerações finais CALLAI, Helena C. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: CAS-
TROGIOVANNI, Antonio C. (Org). Ensino de Geografia: práticas e tex-
De acordo com o problema da pesquisa, afirma-se que os tualizações no cotidiano. 7. ed. Porto Alegre: Mediação, 2009. p. 83-131.
alunos de Pedagogia compreendem seu espaço vivido CASTELLAR, Sônia. A Psicologia genética e a aprendizagem no ensino
(campus) como um espaço cotidiano, ao qual é dado valor de geografia. In: CASTELLAR, Sônia (Org). Educação Geográfica: Teo-
humano, com características que fazem parte desse lugar, rias e práticas docentes. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2007. p. 38-50.
ou seja, a partir da distribuição dos elementos da imagem. CASTELLAR, Sonia Maria Vanzella. Educação geográfica: a psicogené-
tica e o conhecimento escolar. São Paulo, 2005.
De acordo com a metodologia Kozel (2001), observou-se CASTROGIOVANNI, Antonio C; CALLAI, Helena C; KAERCHER, Nestor, A.
que a maioria dos mapas mentais possuíam informações Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 7. ed. Por-
que fazem parte das ações rotineiras dos estudantes, isto to Alegre: Mediação, 2009.
é, de atos costumeiros que se realizam em um lugar. Ao DEL RIO, O. V.; OLIVEIRA, L. Percepção Ambiental, A Experiência Brasi-
representar o campus universitário o aluno através de leira. São Paulo: Studio Nobel e UFSCAR, 1996.
sua mente buscou conceber o mapa mental a partir de
Ana Luzia de Barros Andrade Marques 73
Deise Juliana Francisco