Garagem de Subsolo em Prédio Residencial: Sistema de Combate A Incêncios Por Chuveiros Automáticos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Carlos Lange

SISTEMA DE COMBATE A INCÊNCIOS POR CHUVEIROS


AUTOMÁTICOS:
GARAGEM DE SUBSOLO EM PRÉDIO RESIDENCIAL

Porto Alegre
janeiro 2018
CARLOS LANGE

SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIOS POR CHUVEIROS


AUTOMÁTICOS: GARAGEM DE SUBSOLO EM PRÉDIO
RESIDENCIAL

Trabalho de Diplomação apresentado ao Departamento de


Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para obtenção do
título de Engenheiro Civil

Orientador: Juan Martin Bravo


Relatora: Daniela Guzzon Sanagiotto

Porto Alegre
janeiro 2018
CARLOS LANGE

SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIOS POR CHUVEIROS


AUTOMÁTICOS: GARAGEM DE SUBSOLO EM PRÉDIO
RESIDENCIAL

Este Trabalho de Diplomação foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção do
título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovada em sua forma final pelo Professor Orientador Dr.
Juan Martín Bravo e pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.

Porto Alegre, janeiro de 2018

Prof. Juan Martín Bravo


Dr. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Orientador

Profa. Daniela Guzzon Sanagiotto


Dra. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Relatora

BANCA EXAMINADORA

Profa. Daniela Guzzon Sanagiotto


Dra. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Prof. Fernando Mainardi Fan


Dr. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Prof. Juan Martín Bravo


Dr. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Dedico este trabalho às pessoas que se preocupam em
mostrar que o valor da vida não se mede apenas como uma
mera probabilidade.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Juan Martin Bravo, orientador, pelo auxilio na correção deste trabalho
através das horas desprendidas na leitura e releitura das diversas versões entregues, pelas
indicações de aporte teórico, pelas conversas enriquecedoras a respeito do tema.

Agradeço ao Prof. Telmo Brentano pelo suporte teórico que permeiam este trabalho.

Agradeço ao Sr. Luiz C. Maccarini da Macc Extintores pelo pronto atendimento para
orçamento da implantação dos chuveiros automáticos deste trabalho.

Agradeço ao hoje engenheiro Edison Viana Roque pelos préstimos do excelente trabalho de
conclusão de curso, “Redução de Custos de Redes de Sprinklers: Otimização por Cálculo
Hidráulico”, no qual este trabalho tem sua base.

Agradeço minha família, em especial Fifa e Freda, que são a motivação para todo meu
empenho profissional e pessoal.
Somos todos muito ignorantes, mas nem
todos ignoramos as mesmas coisas.
Albert Einstein
RESUMO

LANGE, C. Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: Garagem de


subsolo em prédio residencial.
2017. Trabalho de Diplomação (Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de
Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

Este trabalho trata da análise de custo do projeto de implantação de um sistema de sprinklers


de tubo molhado em aço galvanizado de rede aberta através de cálculos hidráulicos. Foi
analisado um projeto com área de 840 m2. Os cálculos estão baseados na Norma ABNT
10897 (ASSOCIAÇÃO DE NORMAS TECNICAS, 2014) onde estão definidas as
orientações técnicas para dimensionamento de sistemas de chuveiros automáticos. Foi feito o
dimensionamento do sistema utilizando o método hidráulico começando pela definição da
área de risco do projeto (área de aplicação) e pela escolha do chuveiro automático mais
desfavorável em termos de pressão, calculando as vazões e pressões em toda a área de
aplicação, considerando as perdas de cargas contínuas e localizadas no projeto, bem como o
acionamento simultâneo de todos os chuveiros automáticos nesta área. Após o projeto
dimensionado foi obtido o valor para a instalação de toda a rede através de orçamento com
empresa de instalação de chuveiros automáticos. Para comparação do custo de implantação de
chuveiros automáticos ao custo total de uma obra, em que o número de vagas na garagem
fosse compatível com o número de apartamentos ofertados, foi feito uma aproximação deste
custo utilizando-se os valores do CUB-RS para seis, oito, dez, doze e quatorze pavimentos
tipo, com os padrões de acabamento normal e alto. Os resultados mostraram o quanto as
empresas da área da construção gastariam, em relação ao custo total, para a colocação de
chuveiros automáticos numa garagem de subsolo em prédio residencial; representando, por
exemplo, para o padrão normal (R8-N) com seis pavimentos, a 0,92% do custo total da
construção e, para o padrão alto (R16-A) com quatorze pavimentos, a 0,5% do custo total da
construção. Outra análise feita foi em relação ao lucro obtido na comercialização das
unidades, utilizando-se os preços atualizados do mercado imobiliário para a região escolhida
(zona sul de Porto Alegre), representando, para o padrão normal com seis pavimentos (R8-N)
a 3,71% do lucro obtido e, para o padrão alto com quatorze pavimentos (R16-A), a 0,53% do
lucro obtido.

Palavras-chave: Sistema de Chuveiros Automáticos, Método Cálculo Hidráulico. Chuveiros


Automáticos em Garagem Residencial. Custos do Sistema de Chuveiros Automáticos.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma das etapas da pesquisa ................................................................ 23


Figura 2 – Tetraedro do fogo ............................................................................................ 34
Figura 3 – Modelo de sprinkler......................................................................................... 36
Figura 4 – Sprinkler tipo spray ........................................................................................ 37
Figura 5 – Sprinkler com ampola de vidro ....................................................................... 39
Figura 6 – Chuveiros automáticos (1-para cima; 2-para baixo; 3-de parede) .................. 41
Figura 7 – Sistema tipo anel fechado ............................................................................... 46
Figura 8 – Sistema tipo grelha .......................................................................................... 47
Figura 9 – Sistema de bombas .......................................................................................... 50
Figura 10 – Sistema de controle e alarme ........................................................................ 50
Figura 11 – Rede hidráulica de distribuição ..................................................................... 52
Figura 12 – Arquitetura simplificada: garagem em subsolo residencial........................... 57
Figura 13 – Esquema tridimensional genérico para chuveiros automáticos .................... 58
Figura 14 – Curva de densidade e área ............................................................................ 66
Figura 15 – Distribuição dos chuveiros e área de aplicação ............................................ 69
Figura 16 – Esvaziamento de reservatório através de orifício ......................................... 72
Figura 17 – Detalhe reservatórios e casa de bombas ........................................................ 84
Figura 18 – Distribuição dos chuveiros, área de aplicação e diâmetros das tubulações .. 87
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação quanto à altura .......................................................................... 25


Tabela 2 – Classificação quanto à carga de incêndio ....................................................... 25
Tabela 3 – Ocupações de uso e condições similares – risco leve ..................................... 29
Tabela 4 – Ocupações de uso e condições similares – risco ordinário grupo I ................ 30
Tabela 5 – Ocupações de uso e condições similares – risco ordinário – grupo II ............ 31
Tabela 6 – Ocupações de uso e condições similares – risco extra ou extraordinário –
32
grupo I ................................................................................................................
Tabela 7 – Ocupações de uso e condições similares – risco extra ou extraordinário –
33
grupo II ...............................................................................................................
Tabela 8 – Elemento sensível tipo ampola de vidro ......................................................... 38
Tabela 9 – Identificação das características de descargas dos chuveiros automáticos .... 42
Tabela 10 – Área máxima e mínima de cobertura de sprinklers ...................................... 53
Tabela 11 – Área de cobertura máxima por chuveiro automático e distância máxima
entre chuveiros automáticos tipo spray de cobertura padrão (pendente ou em 53
pé) .......................................................................................................................
Tabela 12 – Valores C de Hazen-Williams ...................................................................... 61
Tabela 13 – Comprimento equivalente para estimativa de perda de carga ...................... 62
Tabela 14 – Área máxima servida por uma coluna de alimentação por pavimento ......... 67
Tabela 15 – Fator de vazão K para diâmetros de orifícios de chuveiros automáticos ..... 74
Tabela 16 – Demanda de hidrantes e duração do abastecimento de água para sistemas
75
projetados por cálculo hidráulico .......................................................................
Tabela 17 – Diâmetros dos tubos de aço galvanizado ..................................................... 76
Tabela 18 – Resumo dos valores calculados .................................................................... 82
Tabela 19 – Diâmetro nominal mínimo das tubulações ................................................... 83
Tabela 20 – Lista dos materiais básicos ........................................................................... 88
Tabela 21 – Resumo de inspeções, ensaios e manutenção em sistemas de chuveiros
89
automáticos ........................................................................................................
Tabela 22 – Evolução do CUB-RS para 2017 .................................................................. 91
Tabela 23 – Área total construída para os padrões das edificações ................................. 94
Tabela 24 – Valor total dos projetos em função da área .................................................. 95
Tabela 25 – Valor de construção ...................................................................................... 96
Tabela 26 – Valor total da obra ........................................................................................ 97
Tabela 27 – Valor de venda do empreendimento ............................................................. 98
Tabela 28 – Lucro do empreendimento ............................................................................ 99
LISTA DE SIGLAS

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

CUB-RS – Custo Unitário Básico do Rio Grande do Sul

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

NBR − Norma Brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas

SINDUSCON-RS – Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do


Sul

CBMRS – Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul

CMAR – Controle de Materiais de Acabamento e Revestimento

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NFPA – National Fire Protection Association (EUA)


LISTA DE SÍMBOLOS

CO2 – dióxido de carbono

°C − grau Celsius (unidade de temperatura)

cal – caloria (unidade de medida de energia)

atm – atmosfera (unidade de medida de pressão)

kPa − quilo pascal (unidade de medida de pressão)

psi – libra por polegada quadrada (unidade de medida de pressão – sistema inglês)

gpm – galão por minuto (unidade de medida de vazão – sistema inglês)

ft – pé (unidade de medida de comprimento – sistema inglês)

K – fator de vazão K (l/min/bar1/2) ou (l/min/mca1/2)

Q − vazão (l/min) ou (m³/s)

P − pressão (kPa)

bar − unidade de pressão equivalente a 100 kPa

DN – diâmetro nominal

°F − grau Fahrenheit (unidade de temperatura - EUA)

J – perda de carga unitária por atrito (kPa/m)

C − coeficiente de rugosidade do fator de Hazen-Williams (adimensional)

m.c.a. − metro de coluna d'água

dm – diâmetro interno do tubo (mm)

hp − perda de carga unitária por atrito (mca)

e − espaçamento entre os chuveiros (m)


Lr – comprimento real (m)

Le – comprimento equivalente (m)

Pv – pressão de velocidade (kPa)

Pt – pressão total (kPa)

Pn – pressão normal (kPa)

Aa – área de aplicação da área mais desfavorável (m2)

Da – densidade de água (l/min/m2)

Nch – número de chuveiros automáticos na área de aplicação (unidade)

Ac – área de cobertura de cada chuveiro automático (m2)

Lm – lado maior da área de aplicação (m)

NLm – número de chuveiros no lado maior (unidade)

ec – espaçamento entre chuveiros (m)

Acr – área de cobertura real de cada chuveiro automático (m2)

Z – cota de nível vertical (m)

P – pressão atmosférica (mca)

γ – peso específico da água (N/m3)

g – aceleração da gravidade (m/s2)

h – altura manométrica (mca)

Cd – coeficiente de descarga (adimensional)

X − número de horas de funcionamento da bomba /24horas

De – diâmetro externo (mm)


e – espessura da parede do tubo (mm)

VRTC – volume da reserva técnica de incêndio (l) ou (m3)

N – potência da bomba

η – coeficiente de rendimento do sistema (adimensional)

hmt – altura manométrica total (mca)

v − velocidade do escoamento (m/s)

A − área (m²)

R 8 – projeto residencial multifamiliar até 8 pavimentos (CUB-RS)

R 8 - N – projeto residencial multifamiliar até 8 pavimentos padrão normal (CUB-RS)

R 8 - A – projeto residencial multifamiliar até 8 pavimentos padrão alto (CUB-RS)

R 16 – projeto residencial multifamiliar até 16 pavimentos (CUB-RS)

R 16 - N – projeto residencial multifamiliar até 16 pavimentos padrão normal (CUB-RS)

R 16 - A – projeto residencial multifamiliar até 16 pavimentos padrão alto (CUB-RS)


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 17
2 DIRETRIZES DA PESQUISA .................................................................................. 20
2.1 QUESTÃO DE PESQUISA ....................................................................................... 20
2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA .................................................................................... 20
2.2.1 Objetivo Principal ................................................................................................. 20
2.2.2 Objetivo Secundário .............................................................................................. 20
2.3 PRESSUPOSTO ......................................................................................................... 20
2.4 DELIMITAÇÕES ...................................................................................................... 21
2.5 LIMITAÇÕES ........................................................................................................... 21
2.6 DELINEAMENTO .................................................................................................... 21
3 MEDIDAS DE SEGURANÇA NO COMBATE A INCÊNDIOS ........................... 24
3.1 LEI COMPLEMENTAR nº 14.376 – ANEXO A ..................................................... 24
3.2 LEI COMPLEMENTAR nº 14.376 – ANEXO B ..................................................... 26
3.3 CLASSIFICAÇÃO DE OCUPAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES ................................... 28
3.3.1 Ocupação de Risco Leve ....................................................................................... 29
3.3.2 Ocupação de Risco Ordinário .............................................................................. 30
3.3.2.1 Ocupações de Risco Ordinário – Grupo I ............................................................ 30
3.3.2.2 Ocupações de Risco Ordinário – Grupo II ........................................................... 30
3.3.3 Ocupações de Risco Extra ou Extraordinário .................................................... 31
3.3.3.1 Ocupações de Risco Extra ou Extraordinário – Grupo I ...................................... 32
3.3.3.2 Ocupações de Risco Extra ou Extraordinário – Grupo II ..................................... 32
3.3.4 Ocupações de Risco Especial ................................................................................ 33
3.4 TRIÂNGULO DO FOGO .......................................................................................... 33
4 CHUVEIRO AUTOMÁTICO ................................................................................... 36
4.1 FUNCIONAMENTO DO SPRINKLER ..................................................................... 37
4.2 COMPONENTES DO SPRINKLER .......................................................................... 37
4.2.1 Corpo ..................................................................................................................... 37
4.2.2 Obturador ............................................................................................................. 38
4.2.3 Elemento Termossensível .................................................................................... 38
4.2.4 Difusor ou defletor ................................................................................................ 39
4.3 FORMAS DE OPERAÇÃO DOS CHUVEIROS AUTOMÁTICOS ........................ 39
4.4 ORIENTAÇÃO QUANTO A FORMA DE INSTALAÇÃO .................................... 40
4.5 VAZÃO DE DESCARGAS PARA CHUVEIROS AUTOMÁTICOS ..................... 42
5 SISTEMAS DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS ................................................... 43
5.1 TIPOS DE SISTEMAS .............................................................................................. 43
5.1.1 Sistema de Ação Prévia ......................................................................................... 44
5.1.2 Sistemas de Canalização Molhada ....................................................................... 44
5.1.3 Sistema de Dilúvio ................................................................................................. 45
5.1.4 Sistema de Tubo Seco ............................................................................................ 45
5.1.5 Sistema de Anel Fechado ...................................................................................... 46
5.1.6 Sistema Tipo Grelha .............................................................................................. 47
5.2 ELEMENTOS DE UM SISTEMA DE SPRINKLERS ............................................. 48
5.2.1 Abastecimento de Água ........................................................................................ 48
5.2.2 Sistema de Bombas ................................................................................................ 49
5.2.3 Sistema de Controle de Alarmes .......................................................................... 50
5.2.4 Rede Hidráulica de Distribuição .......................................................................... 51
5.3 ÁREA DE COBERTURA E DISTÂNCIA MÁXIMA ENTRE SPRINKLERS ........ 52
6 EDIFICAÇÃO PROPOSTA ...................................................................................... 55
7 SISTEMA PROJETADO POR CÁLCULO HIDRÁULICO ................................. 58
7.1 PERDA DE CARGA ................................................................................................. 59
7.2 CARGA DE VELOCIDADE E PRESSÃO DE ESCOAMENTO ............................ 64
7.3 DENSIDADE DE ÁGUA (Da) .................................................................................. 65
7.4 DIMENSIONAMENTO POR CÁLCULO HIDRÁULICO ...................................... 66
7.4.1 Escolha da área de aplicação (Aa) ....................................................................... 67
7.4.2 Número de sprinklers na área de aplicação (Nch) ............................................... 68
7.4.3 Dimensionamento da área de aplicação .............................................................. 69
7.4.4 Vazão no chuveiro mais desfavorável (nº 1) ....................................................... 71
7.4.5 Pressão no chuveiro mais desfavorável (nº 1) ..................................................... 71
7.4.6 Dimensionamento do trecho 2-1 ........................................................................... 75
7.4.7 Vazão e pressão no chuveiro (nº 2) ...................................................................... 77
7.4.8 Dimensionamento do trecho 2-3 ........................................................................... 77
7.4.9 Vazão e pressão no chuveiro (nº 3) ...................................................................... 78
7.4.10 Dimensionamento do trecho 3-4 ......................................................................... 78
7.4.11 Vazão e pressão no chuveiro (nº 4) .................................................................... 78
7.4.12 Vazão e pressão no chuveiro fictício A .............................................................. 79
7.4.13 Dimensionamento do trecho A-B ....................................................................... 80
7.4.14 Vazão e pressão no chuveiro fictício B .............................................................. 80
7.4.15 Dimensionamento do trecho B-CI ..................................................................... 81
7.4.16 Vazão e pressão no ponto CI .............................................................................. 81
7.4.17 Diâmetros das canalizações de recalque e sucção ............................................ 82
7.4.18 Volume de reserva técnica de incêndio (VRTI) .................................................. 84
7.4.19 Potência das bombas ........................................................................................... 85
8 APRESENTAÇÃO DOS CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO ..................................... 88
8.1 CUSTO DE IMPLANTAÇÃO .................................................................................. 88
9 ESTUDO DE CASO – ANÁLISE DE OBRA PADRÃO ......................................... 91
9.1 CUSTO DO EMPREENDIMENTO .......................................................................... 92
9.1.1 Valor de compra do terreno ................................................................................. 93
9.1.2 Preço dos projetos: arquitetônico, estrutural, elétrico e hidráulico ................. 93
9.1.3 Custo da construção .............................................................................................. 95
9.1.4 Valor total da obra ................................................................................................ 96
9.4 VALOR DE VENDA DO EMPREENDIMENTO .................................................... 97
9.5 LUCRO DO EMPREENDIMENTO ......................................................................... 98
9.6 COMPARATIVO DO CUSTO DE IMPLANTAÇÃO COM O VALOR DE
99
CONSTRUÇÃO E COM O LUCRO ..........................................................................
10 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 101
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 103
ANEXO A ........................................................................................................................ 107
17

1 INTRODUÇÃO

Evoluímos a partir da descoberta do fogo. Inicialmente, este era obtido diretamente da


natureza, por raios que incendiavam árvores. Usado principalmente para proteção e produção
de alimentos cozidos, foi a partir de técnicas rústicas de criação e controle do fogo que a
humanidade floresceu para chegar onde está hoje.

Esta evolução rápida permitiu que o homem, antes nômade, criasse raízes e se estabelecesse
em pequenos povoados e posteriormente, formando as grandes cidades. Os aglomerados
urbanos, hoje muito comuns, em sua grande maioria cresceram de uma forma desordenada e
fora de controle. Esta expansão descontrolada criou a situação ideal para grandes sinistros
com fogo da nossa história, tanto passada como recente.

A destruição de praticamente dois terços de Roma em 64 d.C. (SUETONIO, 1966), os


sucessivos incêndios em Londres culminando em uma grande catástrofe em setembro de 1666
(FERNANDES, 2017), grandes sinistros nos Estados Unidos como em Chicago em 1871
(TESCHKE, 2017), Boston em 1872 e São Francisco em 1906 (BUCKA, 2017) ampliaram os
estudos e pesquisas no combate a estes grandes eventos trágicos do passado.

No Brasil, a partir de 1945, inicia-se uma forte ampliação da capacidade industrial do país,
concentrada principalmente no estado de São Paulo. Esta rápida expansão desloca grandes
quantidades de pessoas do campo para as cidades. Com o crescimento desordenado destes
grandes centros ocorreram, a partir de 1970, vários incidentes com fogo contabilizando
centenas de mortos. Em São Paulo o Edifício Joelma em 1974 e o Edifício Grande Avenida
em 1981; no Rio de Janeiro o Edifício Andorinha em 1986 (EXAME, 2017); em Porto Alegre
o incêndio das Lojas Americanas em 1973, Lojas Renner em 1976 (CPOVO, 2017) e em
Santa Maria a tragédia da Boate Kiss em 2013 (GLOBO, 2013).

Estes trágicos acidentes motivaram uma ação em todo o Brasil de órgãos públicos,
engenheiros, arquitetos, corpo de bombeiros e outros, para o desenvolvimento de normas de
combate a incêndios mais efetivas e mais próximas da realidade das edificações brasileiras.
Apesar de todos os esforços, nossa legislação ainda não está suficientemente embasada para
evitar grandes tragédias.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
18

De acordo com o professor e Engenheiro Civil Telmo Brentano (2016, p.39):

..., as normas brasileiras sobre proteção contra incêndios são muito recentes, muitas
não apresentando unicidade nas suas recomendações, outras são incompletas e
algumas já desatualizadas. [...] A Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) luta permanentemente contra a falta de recursos financeiros para criar,
melhorar e modernizar as normas brasileiras. [...] Desta forma, como a maior parte
das nossas edificações não apresentam uma segurança adequada contra incêndios,
corre-se contra o tempo para que novas tragédias não aconteçam.

Partindo do contexto da prevenção para o combate inicial nas edificações, a norma apresenta
diversas classificações de risco as quais exigem determinados tipos de equipamentos de
controle. Têm-se além dos extintores manuais, os sistemas de hidrantes, sistemas de
mangotinhos e sistemas de chuveiros automáticos.

O INMETRO (INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E


TECNOLOGIA, 1997) define a importância da utilização do chuveiro automático como
primeiro combate a um princípio de incêndio:

O chuveiro automático de extinção de incêndio ou simplesmente sprinkler, que


geralmente passa despercebido pela maioria da população, é hoje em dia um
equipamento fundamental no primeiro combate ao fogo. A sua importância pode ser
demonstrada por dois fatos: (1) o tamanho que a cada dia os edifícios, comerciais e
residenciais, ganham, torna o trabalho do corpo de bombeiros de chegar ao foco do
incêndio, cada vez mais difícil; (2) muitas partes do edifício não são de passagem
frequente, podendo ficar despercebido um início de incêndio. Por estes motivos, é
fundamental o combate ao fogo desde o seu princípio e o sprinkler é o principal
equipamento no desempenho deste papel.

Ainda, segundo Creder (2010, ps.140-141):

O objetivo dessa instalação automática é reagir ao princípio de incêndio, atacando-o


antes que se propague. [...] constituído de reservatórios, colunas, ramais e sub-
ramais, em cuja extremidade existe, como obturador do líquido, uma ampola
contendo gás ou líquido altamente expansível e sensível ao calor; [...] Uma vez
iniciado o incêndio, a elevação de temperatura faz romper a ampola, e, em
consequência, inicia-se com rapidez o espargimento de água, como se fosse um
chuveiro, [...].

Conforme a classificação de risco das edificações é obrigatória a utilização de um destes


sistemas de prevenção. No contexto deste trabalho, foi utilizada uma rede de sprinkler em
uma garagem em um subsolo de uma edificação residencial. Com a definição do tipo de
chuveiro automático adotado e a classificação do risco da edificação, foi utilizado o cálculo
hidráulico para o dimensionamento de toda a rede. Posteriormente, o custo de implantação
deste sistema foi calculado. Entende-se, mesmo que o grau de risco da edificação não exija a
___________________________________________________________________________________
Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
19

utilização de chuveiros automáticos, a importância de utilizá-lo como um método mais eficaz


na proteção contra incêndios. Além disso, foi feita uma avaliação do custo de sua implantação
comparado com o custo total para a execução de uma edificação residencial padrão, definido
pelo CUB-RS (CUSTO UNITARIO BÁSICO NO RIO GRANDE DO SUL).

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
20

2 DIRETRIZES DA PESQUISA

As diretrizes para desenvolvimento do trabalho são descritas nos próximos itens.

2.1 QUESTÃO DE PESQUISA

O uso de sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers) em subsolos de prédios residenciais


representará um custo unitário muito elevado em relação ao custo total da obra? Quanto deste
custo adicional irá influenciar no preço de construção e no lucro deste empreendimento?

2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Os objetivos da pesquisa estão classificados em principal e secundário e são descritos a


seguir.

2.2.1 Objetivo principal

Verificar o acréscimo no custo total de obra pela instalação de uma rede de chuveiros
automáticos em uma garagem de subsolo em um prédio residencial.

2.2.2 Objetivo secundário

Estimar os custos de implantação e manutenção de todo o sistema e compará-lo: com o custo


para a construção de uma edificação com padrão a ser definido e com o lucro obtido na
comercialização desta edificação.

2.3 PRESSUPOSTO

O trabalho tem como pressuposto a validade da aplicação da NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO


BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014) como norma padrão deste trabalho e da Lei
Complementar nº 14.376 de dezembro de 2013, Lei Kiss. (SINDUSCON-RS, 2013)

___________________________________________________________________________________
Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
21

2.4 DELIMITAÇÕES

a) O trabalho delimita-se ao projeto de rede de sprinklers de sistema aberto.

b) a área considerada para os cálculos deste trabalho: área total do subsolo de 870m² e
área coberta pelos chuveiros de 840m²;
c) a rede considerada para cálculo foi em uma garagem em subsolo em prédio
residencial, conforme área proposta;
d) o pé direito da edificação proposta é de 2,8 m e não há entre forro, sendo a rede fixada
diretamente na estrutura (vigas e lajes), dispensando assim a utilização de sprinklers
up right;
e) foi utilizado o sistema de tubo molhado considerando canalizações e conexões de
aço galvanizado e o fluido a água;
f) as redes, para fins de cálculo, não sofrerão interferência de vigas ou pilares, pois a
edificação foi padronizada para prever chuveiros automáticos;
g) o sprinkler ou chuveiro automático é do tipo spray de ½ polegada;
h) a classificação adotada para a edificação proposta foi a ocupação de RISCO LEVE;

2.5 LIMITAÇÕES

São limitações do trabalho:

a) os custos de materiais necessários para a montagem da rede serão estimados


através de orçamentos de empresas conhecidas no mercado em Porto Alegre, e
incluirá custos dos materiais, instalação e manutenção anual;
b) os custos apresentados se referem à implantação de toda a rede.

2.6 DELINEAMENTO

O trabalho foi realizado através das etapas apresentadas a seguir (figura 1):

a) pesquisa bibliográfica: analisou-se a NBR 10897 e a Lei Complementar


nº14.376 de dezembro de 2013, “Lei Kiss”, utilizando-se os seus critérios para
classificar o grau de risco da garagem do subsolo residencial. Foram analisados
os trabalhos de conclusão de curso de: Edison Viana Roque, Redução de custos
de redes de sprinklers: otimização por cálculo hidráulico; Luiz Fernando C.
Damasceno, Sistema de proteção contra incêndios por chuveiros automáticos
de águas – estudo da tecnologia e aplicação; e Lauro Mario, Análise
comparativa de custos entre os sistemas de distribuição de chuveiros
automáticos de tubo molhado: Sistema aberto e sistema fechado.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
22

b) dos tipos de sistemas existentes de prevenção contra incêndios optou-se pela


utilização dos chuveiros automáticos, os quais foram dimensionados através do
cálculo hidráulico utilizando bibliografia específica;
c) dimensionamento do sistema de chuveiros automáticos: foi definido o projeto
de uma garagem em subsolo de um prédio residencial com o respectivo
desenho da rede, mensurados as quantidades de chuveiros necessárias e
calculados os respectivos diâmetros das canalizações;
d) especificada a quantidade dos materiais efetuou-se a verificação dos valores de
implantação. Obteve-se, através de empresa que realiza este tipo de obra, o
custo para instalação de todo o sistema de chuveiros automáticos;
e) análise dos custos: partindo do custo de instalação, comparou-se este com o
valor aproximado de uma obra com área de apartamentos, compatível com a
quantidade de vagas de garagens, juntamente com o valor aproximado de
venda de todo o empreendimento;
f) considerações finais: com o resultado comparativo, foi obtida uma visão parcial
do custo real de implantação de chuveiros automáticos em uma garagem em
um subsolo residencial.

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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Figura 1− Fluxograma das etapas da pesquisa

(fonte: elaborado pelo autor)

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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3 MEDIDAS DE SEGURANÇA NO COMBATE A INCÊNDIOS

As medidas de segurança relativas a um incêndio são regulamentadas por leis federais,


estaduais e municipais. Participam deste conjunto normas que se aplicam para cada
edificação, classificando-a para um grau de risco específico juntamente com as medidas
necessárias para o combate inicial de um incêndio. Portanto, para o grau de risco de uma
edificação, temos um tipo específico, definido em lei, de sistema para o combate inicial de um
sinistro.
Para o professor Telmo Brentano (2016, p.57), em sua análise da legislação do Estado de São
Paulo:

Para se determinar as medidas de proteção necessárias para uma edificação, ela deve
ser classificada segundo sua:
 Ocupação ou uso;
 Altura da edificação
 Área Construída;
 Carga de incêndio
 Capacidade de lotação;
 Riscos especiais

Para o Rio Grande do Sul, a Lei Complementar nº 14.376 de dezembro de 2013


(SINDUSCON-RS, p.10) define em seu artigo 28:
Art. 28. As edificações e áreas de risco de incêndio serão classificadas considerando
as seguintes características, conforme critérios constantes nas Tabelas dos Anexos A
(Classificação) e B (Exigências):
I - altura;
II - área total construída;
III - ocupação e uso;
IV - capacidade de lotação;
V - carga de incêndio.

Com esta premissa básica, dada pelo artigo 28, temos as características e critérios que irão
definir o tipo de prevenção necessária para uma edificação.

3.1 LEI COMPLEMENTAR nº 14.376 – ANEXO A

Neste anexo da lei complementar nº 14.376 (SINDUSCON-RS, p.17-18-19-20), tem-se a


classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação, apresentando uma tabela que
define:
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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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a) GRUPO – dado por letras de A até M;


b) OCUPAÇÃO/USO – residencial (A), serviço de hospedagem (B), comercial
(C), serviço profissional (D), educacional e cultura física (E), local de reunião
de público (F), serviço automotivo e assemelhados (G), serviço de saúde e
institucional (H), indústria (I), depósito (J), explosivo (L) e especial (M);
c) DIVISÃO/DESCRIÇÃO – dado pela letra da ocupação seguida por um
número: habitação unifamiliar (A-1), habitação multifamiliar (A-2), habitação
coletiva (A-3); hotel e assemelhado (B-1), hotel residencial (B-2), etc.;
d) EXEMPLOS – tipifica o tipo de edificação para classificação: para A-2 temos
edifícios de apartamentos em geral, para D-2 temos agências bancárias e
assemelhadas, etc..
A lei, em seu anexo A, apresenta tabela com a classificação das edificações quanto à altura,
que é reproduzida na tabela 1:

Tabela 1-Classificação quanto à altura


Classificação das edificações quanto à altura
Tipo Altura
I Térrea
II H ≤6,00m
III 6,00 m < H ≤ 12,00m
IV 12,00 m < H ≤ 23,00m
V 23,00 m < H ≤ 30,00 m
VI Acima de 30,00 m
(fonte: Lei Complementar nº 14.376, dezembro de 2013, p.20)

Neste mesmo anexo A, a lei apresenta a classificação das edificações e áreas de risco quanto à
carga de incêndio, que é reproduzida na tabela 2:

Tabela 2-Classificação quanto à carga de incêndio


Classificação das edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio
Risco Carga de incêndio MJ/m2
Baixo Até 300 MJ/m2
Médio Entre 300 e 1200 MJ/m2
Alto Acima de 1200 MJ/m2

(fonte: Lei Complementar nº 14.376, dezembro de 2013, p.20)

Segundo a Lei Complementar nº 14.376 (SINDUSCON-RS, p.3), a carga de incêndio é


definida como:
X – carga de incêndio é a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas
pela combustão completa de todos os materiais combustíveis contidos num
ambiente, pavimento ou edificação, inclusive o revestimento das paredes, divisórias,
pisos e tetos;

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
26

Em complemento quanto à carga de incêndio, a lei apresenta a Tabela 3.1: Classificação das
edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio específicas por ocupação
(SINDUSCON-RS, p.21-22-23-24-25-26), e também a Tabela 3.2: Classificação das
edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio relativa à altura de armazenamento
(depósitos) (SINDUSCON-RS, p.27-28).

3.2 LEI COMPLEMENTAR nº 14.376 – ANEXO B

Neste anexo da lei complementar nº 14.376, estão definidas as exigências em relação às


medidas de segurança contra incêndios, as quais são divididas por: área, altura e grupo de
ocupação e uso. O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) tem no seu
sítio da internet as instruções técnicas (em parte adotadas do Corpo de Bombeiros de São
Paulo) que definem os parâmetros necessários das edificações para o devido cumprimento da
lei (cbm.rs.gov.br). Para edificações com área maior a 750 metros e altura superior a 12
metros são obrigatórias as providências listadas abaixo:

a) Acesso de viatura na edificação: o CBMRS (Corpo de Bombeiros Militar do


Rio Grande do Sul) adota a instrução técnica nº 6/2011 que define que a
edificação deve estar projetada para as dimensões mínimas de acesso das
viaturas do corpo de bombeiros com 6 metros de largura em todas as fachadas
e altura no acesso de entrada com 4,5 metros. Exige ainda, que a pavimentação
suporte uma carga de 25 toneladas para dois eixos;
b) Segurança estrutural contra incêndio: o CBMRS adota a instrução técnica nº
8/2011 para este item de segurança juntamente com as normas brasileiras
referentes ao concreto e ao aço, que determinam o tempo requerido de
resistência ao fogo (TRRF). Estes itens estão presentes nos projetos do cálculo
estrutural da edificação, através de coeficientes de segurança, e na obra com a
verificação da resistência do aço e do concreto fornecidos pelos fabricantes,
através de ensaios específicos. No geral, as estruturas devem resistir no mínimo
60 minutos antes de entrarem em colapso, proporcionando tempo suficiente
para a evacuação da edificação. Os valores de tempo se alteram, para mais,
conforme a classificação de risco e altura da edificação.
c) Compartimentação horizontal e vertical: o CBMRS adota a instrução técnica nº
9/2011 para a compartimentação. A compartimentação horizontal é constituída
dos seguintes elementos construtivos – paredes corta-fogo de
compartimentação; portas, vedadores, registros e selos corta-fogo e
afastamento horizontal entre aberturas. A compartimentação vertical é
constituída dos seguintes elementos construtivos – entrepisos corta-fogo;
enclausuramento de escadas por meio de parede corta-fogo de
compartimentação; enclausuramento de elevadores e monta-carga por meio de
porta para-chama; selos, registros e vedadores corta-fogo; os elementos
construtivos corta-fogo e para-chama de separação vertical entre pavimentos
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27

consecutivos e selagem perimetral corta-fogo. O grau de risco da edificação e


sua utilização definem quais compartimentações serão necessárias para a
segurança da mesma.
d) Controle de materiais de acabamento e revestimento (CMAR): o CBMRS
adota a instrução técnica nº 10/2011 para o controle de materiais de
acabamento nas edificações. Destina-se a estabelecer padrões para o não
surgimento de condições propícias do crescimento e da propagação de
incêndios, bem como da geração de fumaça. O CMAR será exigido em razão
da ocupação e uso, e em função da posição dos materiais de acabamento,
materiais de revestimento e materiais termo acústicos, visando – pisos, paredes,
divisórias, tetos, forros e coberturas.
e) Saídas de emergência: o CBMRS adota a resolução técnica nº 11/2016 para
estabelecer os requisitos mínimos necessários para o dimensionamento das
saídas de emergência para que a população possa abandonar a edificação, em
caso de incêndio ou pânico, de forma segura e permitir o acesso dos bombeiros
para o combate ao fogo ou retirada de pessoas. A saída de emergência
compreende o seguinte: acessos ou rotas de saídas horizontais, escadas ou
rampas, elevadores de emergência e descarga. Para o dimensionamento das
saídas, a resolução classifica a edificação quanto à ocupação e à altura.
f) Brigada de incêndio: o CMBRS adota a resolução técnica nº 11/2014 que
estabelece os requisitos mínimos para a composição, formação, implantação e
reciclagem de brigadas de incêndio, preparando-as para atuar na prevenção e
no combate ao princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros,
visando, em caso de sinistro, proteger a vida e o patrimônio. O grupo formado
para a brigada de incêndio deve participar de treinamento específico, conforme
o tipo e uso da edificação, com carga horária mínima definida nesta resolução
técnica.
g) Iluminação de emergência: o CBMRS adota a resolução técnica nº 5/2016 e
tem como função básica iluminar as saídas de emergência e os ambientes,
reconhecendo possíveis obstáculos para evitar acidentes e garantir o abandono
seguro de todas as pessoas da edificação, assim como iluminar os locais onde
existam equipamentos de combate ao fogo de operação manual, na falta ou
corte da energia elétrica.
h) Alarme de incêndio: dado pela NBR ISO 7240-20/2016 e serve para aviso de
um incêndio, sonoro e/ou luminoso, originado por uma pessoa ou por um
sistema automático, destinado a alertar as pessoas sobre a existência de um
incêndio em determinada área da edificação. A classificação do grau de risco
da edificação determinará o tipo de sistema que deverá ser adotado, manual ou
automático.
i) Sinalização de emergência: o CBMRS adota a resolução técnica nº 5/2016 e a
sinalização de emergência tem como finalidade, alertar para os riscos
existentes, garantir que sejam adotadas ações adequadas à situação de risco,
orientar as ações de combate e facilitar a localização dos equipamentos e das
rotas de saída para abandono seguro da edificação em caso de incêndio e
pânico.
j) Extintores: o CBMRS adota a resolução técnica nº 5/2016 definindo extintores
como equipamentos de segurança que tem a finalidade de extinguir ou

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
28

controlar princípios de incêndios em casos de emergência. Dependem da área e


do tipo de uso da edificação. Os extintores são definidos por classes, de 1 até 4,
que especificam o líquido extintor adequado para o tipo de combustível a ser
extinto.
k) Hidrante e Mangotinho: são sistemas hidráulicos de operação manual, fixados
na estrutura do prédio, formados por uma rede de canalizações e caixas de
incêndio que contém os equipamentos necessários para levar a água da fonte de
suprimento até o local onde o fogo deve ser combatido em uma situação de
incêndio. Dependem da ação do homem, por isso são chamados de sistemas
sob comando. O Sistema de Mangotinho é constituído por tomadas de incêndio
distribuídas pela edificação, nas quais há uma saída de água contendo válvula
de abertura rápida com mangueira semirrígida de 25 mm acoplada a ela, é
utilizado em edificações de risco leve em virtude de este equipamento ser
simples, prático e fácil de ser utilizado pelos próprios ocupantes da edificação.
O Sistema de Hidrante é constituído por tomadas de incêndio distribuídas pela
edificação, nos quais pode haver uma ou duas saídas de água, de acordo com a
classe de risco da ocupação. As tomadas são formadas por válvulas angulares
de 40 mm ou 65 mm (diâmetro nominal), de acordo com o diâmetro da
mangueira de hidrante, que é flexível e achatada com os seus respectivos
adaptadores e tampões. Todo o sistema pode estar abrigado em caixas de
incêndio exclusivas. A NBR 13714/2011 define, em função da ocupação e
risco, qual tipo de sistema deve ser utilizado.
l) Chuveiros automáticos: será visto mais detalhadamente nos capítulos seguintes
deste trabalho.
m) Controle de fumaça: o CBMRS utiliza a Instrução Técnica nº 15/2011 do
estado de São Paulo e aplica-se ao controle de fumaça de átrios, malls,
subsolos, espaços amplos e rotas horizontais, visando à manutenção de um
ambiente seguro nas edificações, durante o tempo necessário para abandono do
local sinistrado, evitando os perigos de intoxicação e falta de visibilidade pela
fumaça; o controle e redução da propagação de gases quente e fumaça entre a
área incendiada e áreas adjacentes, baixando a temperatura interna e limitando
a propagação do incêndio; prever condições dentro e fora da área incendiada
que irão auxiliar nas operações de busca e resgate de pessoas, localização e
controle do incêndio. As tabelas no anexo A desta instrução técnica indicam,
por ocupação, as partes da edificação que devem possuir controle de fumaça.

Dos sistemas citados acima, o chuveiro automático será utilizado para o estudo de caso em
análise neste trabalho, sendo necessário um detalhamento mais aprofundado de seus
componentes, modos de instalação, equipamentos de apoio, maneiras de operação, etc., o que
será apresentado nos capítulos seguintes.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DE OCUPAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES

A lei complementar nº 14.376, de 26 de dezembro de 2013 (atualizada até a lei complementar


nº 14.924, de setembro de 2016) estabelece normas sobre segurança, prevenção e proteção
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contra incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul.
A lei classifica as edificações considerando sua altura, área construída, capacidade de lotação,
carga de incêndio, ocupação e uso. A classificação é realizada por meio de tabelas (inclusas
na lei) que definem as medidas de segurança contra incêndio que cada edificação deve
proceder. Dependendo da classificação da edificação, torna-se necessário a instalação de rede
de chuveiros automáticos.
Para o dimensionamento e execução de rede de chuveiros automáticos é fundamental levar em
consideração a classe de risco da edificação que será protegida, pois a quantidade de bicos
aspersores varia proporcionalmente ao risco e as características de combustibilidade dos
materiais e produtos armazenados. A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2014) revisada, classifica as edificações em classes de risco, segundo
as suas ocupações.

3.3.1 Ocupações de risco leve

Conforme a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014,


p.9) esta ocupação abrange:

[...] as ocupações ou parte das ocupações onde a quantidade e/ou a combustibilidade


do conteúdo (carga incêndio) é baixa, tendendo à moderada, e onde é esperada uma
taxa de liberação de calor de baixa a média.

Nesta classificação o Anexo A da NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.91) inclui exemplos de ocupações que tem uso e condições similares
para edificações de risco leve conforme tabela 3.

Tabela 3−Ocupações de uso e condições similares− risco leve

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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3.3.2 Ocupações de risco ordinário

Nesta classificação o risco é considerado moderado e a NBR 10897/2014 a subdivide em dois


grupos especificando, além da combustibilidade e taxa de liberação de calor, a altura máxima
para armazenamento.

3.3.2.1 Ocupações de risco ordinário – Grupo I

Conforme a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014,


p.9) esta ocupação abrange:

[...] as ocupações ou parte de ocupações onde a combustibilidade do conteúdo é


baixa e a quantidade de materiais combustíveis é moderada. A altura de
armazenamento não pode exceder a 2,4 m. São esperados incêndios com moderada
taxa de liberação de calor.

Nesta classificação o Anexo A da NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.91) inclui exemplos de ocupações que tem uso e condições similares
para edificações de risco ordinário grupo I, conforme tabela 4.

Tabela 4−Ocupações de uso e condições similares− risco ordinário grupo I

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

3.3.2.2 Ocupações de risco ordinário – Grupo II

Conforme a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014,


p.9) esta ocupação abrange:

[...] as ocupações ou parte de ocupações onde a quantidade e a combustibilidade do


conteúdo é de moderada a alta. A altura de armazenamento não pode exceder a
3,7m. São esperados incêndios com alta taxa de liberação de calor.

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Nesta classificação, o Anexo A da NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.92) inclui exemplos de ocupações que tem uso e condições
similares para edificações de risco ordinário grupo II, conforme tabela 5.

Tabela 5−Ocupações de uso e condições similares − risco ordinário grupo II

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

3.3.3 Ocupações de risco extra ou extraordinário

Nesta classificação a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.10), o risco é considerado alto e a norma subdivide em dois grupos
conforme o tipo e quantidade de material de alta combustibilidade.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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3.3.3.1 Ocupações de risco extra ou extraordinário – Grupo I

Conforme a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014,


p.10) esta ocupação abrange:

[...] as ocupações ou parte de ocupações onde a quantidade e a combustibilidade do


conteúdo são muito altas, podendo haver a presença de pós e outros materiais que
provocam incêndios de rápido desenvolvimento, produzindo alta taxa de liberação
de calor. Neste grupo as ocupações não podem possuir líquidos combustíveis e
inflamáveis.

Nesta classificação, o Anexo A da NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2006, p.92) inclui exemplos de ocupações que tem uso e condições
similares para edificações de risco extra ou extraordinário grupo I, conforme tabela 6.

Tabela 6−Ocupações de uso e condições similares − risco extra ou extraordinário


grupo I

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

3.3.3.2 Ocupações de risco extra ou extraordinário – Grupo II

Conforme a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014,


p.10) esta ocupação abrange: “[...] as ocupações com moderada ou substancial quantidade de
líquidos combustíveis ou inflamáveis”.
Nesta classificação, o Anexo A, da NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2014, p.93), inclui exemplos de ocupações que tem uso e condições similares para
edificações de risco extra ou extraordinário grupo II, conforme tabela 7.

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Tabela 7−Ocupações de uso e condições similares – risco extra ou extraordinário


grupo II

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

3.3.4 Ocupações de risco especial

Segundo Brentano (2016, p.219) as ocupações de risco especial são definidas como:

[...] são ocupações ou parte das ocupações de edificações, comerciais ou industriais,


onde se armazenam líquidos combustíveis e inflamáveis, e produtos de alta
combustibilidade, como borracha, papel e papelão, espumas celulares, etc., ou
materiais comuns em alturas superiores a 3,7 metros (12 ft), [...]

A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.93-94)


não classifica e não trata deste tipo de ocupação, apenas recomenda, em seu anexo A.2,
algumas normas internacionais, a saber: “NFPA 30, NFPA 30 B, NFPA 36, NFPA 40, NFPA
45, NFPA 75, NFPA 82, NFPA 96, NFPA 214, NFPA 232, NFPA 409, NFPA 415, NFPA
484.”

3.4 TRIÂNGULO DO FOGO

Para o início de uma combustão são necessários três elementos principais: o combustível
(qualquer elemento que possa pegar fogo à temperatura ambiente), o comburente (o oxigênio
que vai alimentar a chama) e a energia de ativação (elemento que pode ser representado por
uma fonte de calor). Temos o quarto elemento, que é a reação em cadeia e que, juntamente
com os três elementos anteriores, formam o tetraedro do fogo (figura 2). Este último é o
principal elemento para que o fogo se mantenha e se propague e, sem o qual, teremos apenas
um fogo localizado e de fácil controle.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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Figura 2−Tetraedro do fogo

(fonte: ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS, VOLUME VII, 2006, p.15)

A extinção da combustão corresponde à eliminação ou redução de pelo menos um dos


componentes do tetraedro do fogo através de quatro métodos teóricos de extinção:

a) o arrefecimento ou redução da temperatura consiste em eliminar a energia


provocando-se uma diminuição da temperatura do combustível;
b) carência ou dispersão do combustível (remoção do combustível);
c) limitação do comburente por asfixia ou abafamento;
d) inibição ou ruptura da reação em cadeia.
De acordo com Ferreira (1987, v. 5) o principal benefício na extinção de um incêndio com
aplicação de água é a absorção do calor (arrefecimento).

A água é o agente extintor que proporciona a melhor absorção de calor, sendo que o
efeito extintor pode ser aumentado ou diminuído, conforme o estado em que é
dirigida sobre o fogo. Pode agir quanto ao método de extinção por: resfriamento,
abafamento e emulsificação. Pode ser aplicada de três formas básicas: jato
compacto, neblina e vapor.

Em função dos vários tipos de combustíveis, temos uma classificação para os mesmos,
facilitando a utilização dos tipos de agentes extintores para os casos específicos de incêndio:

a) classe A – fogo de materiais combustíveis sólidos;


b) classe B – fogo envolvendo líquidos ou gases inflamáveis, plásticos e graxas
que se liquefazem pela ação do calor;
c) classe C – equipamentos e instalações elétricas energizadas;
d) classe D – metais combustíveis como magnésio, titânio, alumínio, zircônio,
sódio, potássio e lítio.

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Existem vários tipos de agentes extintores, e cada um com uma função específica no controle
de incêndios. Utiliza-se dióxido de carbono (CO2) para incêndios de classe B e C sendo mais
eficiente na C, espumas (química ou mecânica) para classes A e B sendo mais eficiente na B;
hidrocarbonetos hidrogenados (halon) e os pós-químicos, dependendo de sua formulação,
servem para todas as classes. Entretanto, a água pela sua facilidade de transporte,
armazenamento, aplicação, grande disponibilidade e baixo custo se torna o agente extintor
mais usado, sendo sua utilização específica para as classes A e B. Existem aditivos misturados
à água que basicamente melhoram sua eficiência no arrefecimento da temperatura do
combustível.

A água tem propriedades físicas que favorecem sua utilização na extinção de incêndios que
são essencialmente:

a) líquido estável à temperatura ambiente;


b) agente de alta capacidade calorífica e alto calor latente de vaporização que
pode absorver uma significativa quantidade de calor. Cada grama de água
absorve 540 calorias ao elevar a sua temperatura de 100ºC do estado líquido ao
estado de vapor;
c) compressibilidade – a água pode ser considerada como um líquido
incompressível, esta propriedade permite que se possa utilizá-la em altas
pressões sem considerável perda de volume. Para redução de 1% do volume
d’água são necessárias aproximadamente 200 atmosferas

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
36

4 CHUVEIRO AUTOMÁTICO

O primeiro chuveiro automático ou sprinkler funcional foi criado e patenteado nos Estados
Unidos por Henry Parmelee em 1872 (ROBINSON, 2011). Em 1874, Parmelee fez sua
primeira instalação comercial em sua fábrica de pianos e, apesar de todos os esforços, não
conseguiu difundir a ideia para instalação em outras fábricas. Em 1869, o projetista e
engenheiro Frederick Grinnell comprou a licença para produção dos sprinklers de Parmelee e,
após alguns anos de pesquisa, aperfeiçoou o invento e fez o registro do novo modelo em 1881.
O novo sistema aprimorado de Grinnell era mais barato, podia aguentar maiores pressões e
fazia uma distribuição melhor da água, obtendo um sucesso comercial imediato na Inglaterra e
posteriormente nos Estados Unidos (SÓ BIOGRAFIAS, 2017). Os chuveiros automáticos
utilizados hoje em dia (figura 3) são muito similares ao modelo utilizado por Grinnell.

Figura 3−Modelo de sprinkler

(fonte: FIRE PROTECTION 24, 2017)

A Associação Brasileira de Normas Técnicas define chuveiros automáticos (ABNT, 2017):

Os chuveiros automáticos são dispositivos com elementos termo sensíveis


projetados para serem acionados em temperaturas pré-determinadas, lançando
automaticamente água sob a forma de aspersão sobre determinada área, com vazão e
pressão especificadas, para controlar ou extinguir um foco de incêndio.

A partir do momento em que o sprinkler tornou-se comercialmente viável, várias pesquisas


posteriores aumentaram sua eficiência e amplitude de ação. Além da água, como agente
extintor, criaram-se alternativas para gases quando o uso da mesma seja desaconselhável,
como em museus e bibliotecas e também para casos em que a água possa criar uma reação
química indesejada ou congelar.
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4.1 FUNCIONAMENTO DO SPRINKLER

O chuveiro automático ou sprinkler é utilizado para o combate inicial ou extinção de um foco


de incêndio com baixa intensidade calorífica. Por ter acionamento automático, independe da
ação humana e, portanto, permite um maior controle de um sinistro que, por sua natureza,
poderia se tornar incontrolável. Consiste, basicamente, na aplicação de água sob a forma de
gotículas pulverizadas sobre as chamas e sobre a matéria em combustão geradora do incêndio,
evitando a sua propagação.

4.2 COMPONENTES DO SPRINKLER

A estrutura do chuveiro automático ou sprinkler é composta de quatro elementos básicos:


temos o corpo metálico, um obturador, um elemento termo sensível e um difusor (também
chamado de defletor), conforme figura 4. Após ser acionado, promove o lançamento de um
fluído (para este caso a água) a alta pressão, na forma de gotas d’água, sobre uma determinada
área promovendo o controle ou a extinção do foco de incêndio até a chegada da brigada de
incêndio ou do corpo de bombeiros.

Figura 4− Sprinkler tipo spray

(fonte: REVISTA CIENTIFICA APRENDER, 2012)

4.2.1 Corpo

É a estrutura que contém a rosca para sua fixação na canalização de água, braços e orifícios de
descarga, e serve como suporte dos demais componentes.

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4.2.2 Obturador

É um pequeno disco metálico destinado à vedação do orifício de descarga de água no


chuveiro automático na condição normal de temperatura do local de sua instalação, mantido
comprimido pelo elemento termossensível.

4.2.3 Elemento termossensível

É o componente destinado a liberar o obturador e permitir a passagem da água quando o local


atingir a faixa de temperatura de seu acionamento. Pode ser um fusível de liga metálica
especial de ponto de fusão muito baixo ou uma ampola de vidro, que possui um líquido
especial no seu interior altamente expansível com o calor. O elemento mais utilizado no
mercado é o de ampola de vidro.
A NBR 16400 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015, p. 2)
regulamenta o elemento sensível tipo ampola de vidro para chuveiros automáticos com a
coloração (figura 5) de acordo com a tabela 8.

Tabela 8−Elemento sensível tipo ampola de vidro

Temperatura nominal (°C) Coloração do Líquido

57 Laranja

68 Vermelha

79 Amarela

93 Verde

141 Azul

182 Lilás

183 a 260 Preta

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015)

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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Figura 5− Sprinkler com ampola de vidro

(fonte: BOMBEIROSWALDO, 2017)

4.2.4 Difusor ou defletor

É um disco metálico com ranhuras e diferentes formatos, preso à estrutura do chuveiro, sobre
o qual incide o jato líquido sob pressão, após a remoção do obturador. Serve para criar um
cone de aspersão do líquido sobre a área de proteção pretendida.

Brentano (216, p.221) nos informa sobre a forma de aspersão como segue:

O jato sólido pode ser ascendente, descendente ou horizontal para atingir o defletor e
formar o cone de aspersão, de acordo com o tipo de chuveiro adotado no projeto, em
pé, pendente ou lateral, respectivamente.

4.3 FORMAS DE OPERAÇÃO DOS CHUVEIROS AUTOMATICOS

Segundo Brentano (2016, p.230 a p.235), existem vários tipos de sprinklers, os principais são:

a) chuveiro automático de “Cobertura Padrão” (Spray Sprinkler - SS): O


chuveiro automático de Cobertura Padrão é do tipo Padrão [...] que pode ser
utilizado nas posições “pendente”, “em pé” ou “lateral”. [...] O chuveiro
automático pendente ou em pé tem toda a descarga de água projetada para baixo,
de forma esférica, abaixo do plano do defletor, dirigido totalmente sobre o foco
do incêndio, com pouca ou nenhuma água lançada sobre o teto. [...] É o chuveiro
automático que tem a maior utilização, pois pode ser usado em todas as classes
de riscos, em todos os tipos de construções e de sistemas de chuveiros
automáticos: Canalização Molhada, Canalização Seca e Ação Prévia ou Pré-
Ação, [...] O chuveiro automático lateral projeta a maior parte do jato de água
para frente para atingir o defletor e uma pequena parte para trás, [...];

b) chuveiro automático de “Cobertura Estendida ou Extensiva” (CE)


(Extended Coverage Sprinkler− EC): O chuveiro automático de Cobertura
Estendida (CE) ou Extensiva, ou ainda de Amplo Alcance (AA), é um chuveiro
automático do tipo Padrão que tem a capacidade de proteção sobre uma área
maior que as dos demais tipos de chuveiros automáticos devido ao formato
especial de seu defletor [...]. Comparando com os chuveiros automáticos de
Cobertura Padrão, sua área de cobertura é de até 70% maior. Podem ser usados
alternativamente quando se quer diminuir o número de chuveiros automáticos
sobre a área a ser protegida, [...] podem ser usados [...], de uma forma bem geral,

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
40

em ocupações de riscos Leve, Ordinário e Extraordinário, nesta última classe de


risco quando necessário e sob certas condições. [...]

c) chuveiro automático de Controle para Aplicações Específicas (CCAE): [...]


capazes de combater/controlar vários cenários de incêndios de alta intensidade. O
chuveiro automático de Gotas Grandes (GG), ou Large Drops (LD) em inglês,
[...] é o seu principal representante. Os chuveiros automáticos CCAE se
caracterizam por produzir gotas grandes e grande densidade (vazão sobre área)
de aplicação de água e com variações dos diâmetros dos orifícios de descarga de
água para o controle específico de incêndios de alta intensidade em alguns
cenários de fogo. Possui defletor grande com largos dentes espaçados para
facilitar a criação de grandes gotas de água, que tem a capacidade de penetrar de
forma mais rápida em altas correntes ascendentes de chamas e de calor geradas
por fogos de grande intensidade, sem possibilidades de rápida evaporação,
fazendo com que uma boa quantidade de água atinja o material em chamas;

d) chuveiro automático de “Orifício Extragrande” (ELO) (Extra Large Orifice


sprinkler - ELO): Os chuveiros automáticos de Orifício Extragrande são capazes
de produzir uma grande densidade de aplicação de água sobre o fogo com uma
necessidade de pressões mais baixas. [...] São indicados para controlar ou
extinguir focos de incêndio de altos riscos específicos, como depósitos com
empilhamentos altos, que exigem uma grande densidade de aplicação de água
com baixa pressão, a partir de 50 kPa ou 5 m.c.a (7,2 psi), podendo, com isso,
eliminar até a necessidade de bombas e seus acessórios dependendo da pressão
necessária, redução do diâmetro e o aumento dos espaçamentos entre os sub-
ramais, diminuindo o custo total da instalação;

e) chuveiro automático de Resposta e Extinção Rápidas (ESFR) (Early


Suppression and Fast Response sprinkler-ESFR): O chuveiro automático de
Resposta e Extinção Rápidas [...] tem uma ação combinada de tempo e
velocidade de resposta térmica extremamente rápida e a qualidade e
uniformidade da descarga de água. Eles são indicados para serem usados em
incêndios de alta intensidade de fogo e de calor. [...] Ele possui um orifício
extragrande que permite a aplicação de uma grande densidade de água na base do
incêndio quando ainda se encontra na sua fase inicial. [...] Caracterizam-se por
produzir um padrão de distribuição de água bem amplo, simétrico e hemisférico,
mantendo, ao mesmo tempo, um jato central de água com grande pressão, capaz
de penetrar e extinguir o fogo nas áreas mais baixas entre os empilhamentos
altos;

f) chuveiro automático “Residencial” (Residencial Sprinkler): chuveiro


automático residencial é um chuveiro automático de Resposta Rápida (RR)
usado nas instalações de proteção contra incêndios de edificações tipicamente
residenciais uni familiares, [...], além de possuir um sensor de acionamento de
resposta rápida, produz um padrão de descarga de aspersão de água superior aos
chuveiros automáticos do tipo padrão. Os chuveiros automáticos residenciais são
testados para permitir que nesses locais os níveis mínimos medidos de segurança
da vida sejam garantidos até a altura de 1,5 m (5ft) acima do piso, com o controle
da temperatura, do oxigênio e do monóxido de carbono do ambiente.

4.4 ORIENTAÇÃO QUANTO A FORMA DE INSTALAÇÃO

Segundo Brentano (2016, p.227) “os chuveiros automáticos podem ser instalados em várias
posições e para cada uma delas tem um formato de defletor apropriado.” Portanto, os
chuveiros são classificados como:

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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a) pendente (pendent = para baixo): é um sprinkler projetado para ser utilizado


em uma posição em que o jato d’água é dirigido para baixo em direção ao
defletor. Pode ser instalado no teto de forma aparente, embutido (com
invólucro), oculto (embutido com tampa decorativa) e tipo flush (somente
defletor aparente). Conforme a figura 5 (item 2) temos o tipo pendente
aparente;
b) em pé (upright = para cima): é um sprinkler projetado para ser instalado na
posição vertical onde o jato d’água é dirigido para cima para atingir o defletor
formando uma aspersão de água do tipo guarda chuva. Utilizado para quando
as canalizações de água são aparentes no teto, como em garagens, subsolos,
depósitos e todo o tipo de edificação onde a canalização aparente não seja um
fator arquitetônico importante, conforme a figura 5 (item 1);
c) lateral (sidewall = de parede): é um sprinkler para ser instalado em paredes
onde o jato d’água se projeta para frente para atingir o defletor, formando um
quarto de esfera, e uma parte mínima para trás em direção à parede. Indicados
para ambientes estreitos tipo corredores, áreas de serviço, saguões ou então,
salas de jantar, dormitórios de hotéis, e outros, onde oferecem uma proteção
mais eficiente, de acordo com a figura 6 (item 3).

Figura 6−Chuveiros automáticos (1-para cima; 2-para baixo; 3-de parede)

(fonte: PEREIRA; ARAÚJO, 2015)

Neste trabalho foi utilizado o chuveiro automático padrão tipo spray pendente devido à
escolha metodológica de utilização do sistema aberto com canalizações de tubo molhado e
também por ser o chuveiro automático mais utilizado comercialmente fazendo com que o
custo para instalação e manutenção de todo o sistema seja menor do que se fosse utilizado o
tipo em pé “upright”, que é o mais indicado para garagens onde as tubulações são aparentes.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
42

4.5 VAZÃO DE DESCARGAS PARA CHUVEIROS AUTOMÁTICOS

A vazão de água num chuveiro automático depende das características do mesmo e é


representada pelo seu fator de vazão “K” e da pressão d’água.

O fator K é uma constante que define a capacidade de descarga de água de um chuveiro


automático. Esta descarga representa uma constante de proporcionalidade entre a vazão e a
pressão nos orifícios de saída dos chuveiros, variando conforme o diâmetro dos orifícios e da
marca do sprinkler. Pode ser calculado pela fórmula 1:

(fórmula 1)
Onde:
Q = vazão (l/min)
K = Fator K (l/min/mca1/2)
P = Pressão (kPa)
A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 11)
regulamenta os valores do fator K conforme a tabela 9 abaixo:

Tabela 9−Identificação das características de descargas dos chuveiros automáticos

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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5 SISTEMAS DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS

Para a grande maioria dos dicionários, um sistema é definido como a combinação de


elementos que se interligam de modo a formar um todo organizado. Neste caso particular para
chuveiros automáticos, um sistema de chuveiros automáticos é a reunião de equipamentos
específicos que, funcionando em conjunto, atuam na prevenção automática do princípio de
um incêndio.
Segundo Brentano (2016, p.215) um sistema de chuveiros automáticos pode ser definido
como:

[...] é um sistema hidráulico de combate a incêndios rigidamente fixado na estrutura


da edificação, constituído por chuveiros automáticos (sprinklers) regularmente
distribuídos por uma ou mais redes de canalizações, de acordo com a área da
edificação, comandados por válvulas automáticas de controle exclusivas, que
também acionam um alarme simultaneamente. Esses chuveiros automáticos são
conectados nas canalizações que formam as redes hidráulicas, ativados pelo calor do
fogo de forma individual por sensores exclusivos, que descarregam água sobre a
área de incêndio, com vazões, pressões e áreas de cobertura determinadas por norma
de acordo com o grau de risco, a partir de um sistema de bombas de incêndio de
acionamento automático e de uma reserva de água exclusivos.

5.1 TIPOS DE SISTEMAS

Os sistemas de sprinklers, para Brentano (2016, p.340) e Macintyre (2010, p.270), podem ser
classificados em quatro categorias básicas, sendo que outras categorias são apenas variantes
destes sistemas; que são: sistema de pré-ação ou ação prévia, sistema de canalização molhada,
sistema de dilúvio e sistema de canalização seca.

Para a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014), os


sistemas de chuveiros automáticos não apresentam uma classificação específica como estava
em sua versão de 1990, recebendo agora, apenas uma definição: nomenclatura de sistemas de
chuveiros automáticos (item 3.20 da NBR 10897, 2014, p.5). São elas: ação prévia, anel
fechado, dilúvio, grelha, sistema calculado por tabela, sistema projetado por cálculo
hidráulico, tubo molhado e tubo seco. Nesta definição estão incluídas as quatro categorias
especificadas por Brentano e Macintyre, sendo que as outras apresentações referem-se na
maneira de distribuição da água no sistema e a escolha do tipo de cálculo, que pode ser por
tabela ou projetado.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
44

5.1.1 Sistema de ação prévia

Também chamado de pré-ação, é formado por uma malha de chuveiros conectados e


espaçados regularmente dentro da rede, contendo ar ou gás nitrogênio pressurizado no seu
interior em pequenas quantidades.
De acordo com a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2014, p.5) um sistema de ação-prévia é definido como:

[...] sistema que utiliza chuveiros automáticos, fixados a uma tubulação que contém
ar, que pode ou não estar sob pressão, conjugado a um sistema suplementar de
detecção instalado na mesma área dos chuveiros automáticos.

Macintyre (2010, p.270) esclarece e especifica a utilização de um sistema de ação prévia ou


de “pré–ação” como:

É o sistema que emprega sprinklers colocados em tubulações contendo ar


(comprimido ou não) e um sistema suplementar de detectores mais sensíveis que o
bulbo do sprinkler, colocados no mesmo local que os sprinklers. A pronta ação dos
detectores ao início de um incêndio abre uma válvula que permite o escoamento da
água pelo sistema, de modo que, ao romper o bulbo do sprinkler, ela se escoe
imediatamente. [...]

Somente após o sistema ser ativado, através dos sensores de detecção, e pelo menos um dos
chuveiros entrar em ativação, é que a água entra na tubulação para combate ao foco de
incêndio. Isto evita água indesejada em caso de rompimento acidental da tubulação ou de um
chuveiro automático.

5.1.2 Sistema de canalização molhada

É o sistema mais simples e comum dos quatro sistemas abordados. Por ser de fácil
dimensionamento e manutenção, é o mais utilizado pelos projetistas para o combate inicial de
um princípio de incêndio. Por estar com as tubulações com água, sua aplicação se restringe
aos ambientes com temperaturas acima de 4° C. Não sendo utilizado, portanto, em câmaras
frigoríficas ou refrigeradas.
De acordo com a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2014, p.6) um sistema de tubo molhado é definido como um:

[...] sistema de chuveiros automáticos fixados a uma tubulação que contenha água e
conectada a uma fonte de abastecimento, de maneira que a água seja descarregada

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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imediatamente pelos chuveiros automáticos quando abertos pelo calor de um


incêndio.

Macintyre (2010, p.270) esclarece e especifica a utilização de um sistema como:

[...] as tubulações permanecem sempre com água e ligadas a um reservatório, de


modo que a atuação da água se faz prontamente pelo sprinkler localizado onde
irrompeu o fogo. É o sistema mais usado [...].

5.1.3 Sistema de dilúvio

De acordo com a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2014, p.5) um sistema de dilúvio é definido como um:

[...] sistema automático de chuveiros que utiliza chuveiros abertos acoplados a uma
tubulação conectada a uma fonte de abastecimento de água por uma válvula de
dilúvio. Esta válvula é aberta pela operação de um sistema de detecção instalado na
mesma área dos chuveiros. Com a abertura da válvula ocorre entrada de água na
tubulação, sendo descarregada por todos os chuveiros simultaneamente.

Macintyre (2010, p.270) esclarece e especifica a utilização de um sistema de “inundação”:

Nesse sistema, os sprinklers estão sempre abertos, isto é, sem ampola, e conectados
a tubulações secas. Detectores de chama ou fumaça, uma vez acionados pelo agente
específico, fazem operar uma válvula de inundação ou dilúvio, que permite o
escoamento da água até os sprinklers, os quais atuarão simultaneamente. A válvula
deve também poder abrir e fechar manualmente. É preciso notar que somente em
casos especiais deve-se usar este sistema, pelas consequências que advêm da
inundação de uma área considerável.

Este sistema é recomendado para áreas de grande risco, onde o desenvolvimento e a


propagação das chamas ocorrem muito rapidamente, como em hangares, centrais elétricas,
instalações petroquímicas, etc. Pelo fato de todos os chuveiros funcionarem ao mesmo tempo,
existe a necessidade de um suprimento de água muito maior que os demais sistemas, sendo
obrigatório o dimensionamento por cálculo hidráulico.

5.1.4 Sistema de tubo seco

De acordo com a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2014, p.6) um sistema de tubulações secas é definido como um:

[...] sistema de chuveiros automáticos fixados a uma tubulação que contenha ar ou


nitrogênio sob pressão. A partir da abertura de um chuveiro, a pressão de água abre

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
46

uma válvula, conhecida como válvula para sistema seco deixando a água entrar na
tubulação para controle do incêndio, sendo descarregada pelos chuveiros abertos.

Macintyre (2010, p.270) define um sistema de tubo seco àquele utilizado em locais onde
possa ocorrer o congelamento da água nas canalizações:

As tubulações do sistema que contém os sprinklers possuem ar comprimido que, ao


ser liberado pela ruptura de uma ampola, permite à água, também sob pressão, abrir
uma válvula conhecida como válvula de tubo seco. A água escoa nas tubulações do
sistema até o sprinkler acionado. Este sistema é aplicado geralmente em locais de
clima que possa determinar o congelamento da água nos encanamentos,
principalmente em instalações exteriores.

O funcionamento eficiente do sistema depende de outros elementos, adicionados em conjunto


com todo o equipamento instalado, que aceleram a saída do gás da tubulação e permita a
passagem da água. Para grandes instalações, esta velocidade pode se tornar importante, pois
pode retardar o funcionamento do chuveiro em pontos distantes com consequente aumento
dos riscos e acionamento de mais chuveiros que o necessário.
Os quatro sistemas acima representam os tipos básicos de funcionamento para os chuveiros
automáticos, a seguir serão vistos duas possibilidades distintas de instalação dos mesmos. A
maneira de como se fornecerá a água ao sistema pode representar uma economia substancial
no que diz respeito aos diâmetros das canalizações, e na eficiência de todo o sistema durante a
ocorrência de um sinistro.

5.1.5 Sistema de anel fechado

De acordo com a norma NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.5) um sistema de anel fechado, figura 7, é definido como um:

[...] sistema de chuveiros automáticos no qual tubulações subgerais múltiplas são


conectadas de modo a permitir que a água siga mais do que uma rota de escoamento
até chegar a um chuveiro em operação. Neste sistema, os ramais não são conectados
entre si [...].

Figura 7 −Sistema tipo anel fechado

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)


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Brentrano (2016, p.254), classifica os tipos de distribuição das redes como disposições básicas
da rede hidráulica, definindo a de anel fechado como:

[...] são aquelas em que um ramal (cross main), que alimenta os sub-ramais, forma
um anel em torno desses sub-ramais, que estão ainda no formato de espinha de peixe
igual à rede hidráulica aberta. Nesta forma, a água pode seguir uma rota de
escoamento nos dois sentidos do anel para alimentar o sub-ramal do chuveiro
automático que entrou em operação. A vantagem do sistema em anel é que se pode
ter o controle por bloqueio de partes do anel ficando as outras ainda em operação,
quando houver uma manutenção ou outra necessidade de bloqueio.

5.1.6 Sistema tipo grelha

De acordo com a Norma NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.5) um sistema de grelha, figura 8, é definido como um:

[...] sistema de chuveiros automáticos no qual as tubulações subgerais são


conectadas a ramais múltiplos. Um chuveiro em operação recebe água pelas duas
extremidades do ramal, enquanto outros ramais auxiliam a transportar água entre as
tubulações sub gerais [...]

Figura 8− Sistema Tipo Grelha

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

Para Brentano (2016, p.256), a rede de distribuição do tipo grelha:

[...] são aquelas em que os sub-ramais estão conectados aos ramais (cross mains) ou
subgerais formando um reticulado, criando múltiplos caminhos de escoamento de
água. Nesta forma, os chuveiros automáticos conectados aos sub-ramais são
alimentados por seus dois lados, diminuindo consideravelmente os diâmetros dos
segmentos de canalização entre eles. A rede em grelha resulta numa instalação bem
mais econômica. [...] Devido à complexidade de alguns sistemas, os cálculos só
podem ser feitos por computador.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
48

5.2 ELEMENTOS DE UM SISTEMA DE SPRINKLERS

Segundo Brentano (2016, p.251) um sistema de chuveiros automáticos é constituído como um


sistema fixo integrado, compreendendo os seguintes elementos:

a) abastecimento de água: o sistema de chuveiros automáticos requer grande


reserva de água, obtida de fontes de abastecimento confiáveis, cujo volume mínimo
necessário deve ser constante e estar permanentemente à disposição.

b) sistema de bombas: o sistema de bombas é necessário quando o sistema de


chuveiros automáticos não pode ser abastecido por gravidade, por não atender às
condições mínimas de pressão requeridas por norma.[...] pode ser alimentado por
reservatório superior, mas, neste caso, sempre necessitando de reforço de pressão de
um sistema de bombas para completar a pressão mínima necessária nos chuveiros
automáticos mais desfavoráveis da instalação, [...].

c) sistema de controle de alarme: É o sistema que controla o escoamento de água


para a rede de distribuição através de válvulas especiais, chamadas de válvulas
automáticas de controle, que acionam o sistema de alarme simultaneamente, [...].

d) rede hidráulica de distribuição: É a rede formada por canalizações fixas


distribuídas por toda a edificação, que inicia após a válvula automática de controle e
que alimenta com água todos os chuveiros automáticos da instalação, [...].

e) hidrante de recalque ou de passeio: É a canalização que vai da parte frontal da


edificação e ligada à coluna de incêndio da edificação para alimentar o sistema de
chuveiros automáticos a partir da auto bomba-tanque do Corpo de Bombeiros, para a
continuidade do combate ao fogo quando a reserva de água da edificação estiver
esgotada. [...]

5.2.1 Abastecimento de água

A água é o principal meio de combate a incêndio utilizado no mundo, sendo escolhida pela
sua facilidade de utilização e armazenagem e em quantidades razoáveis nos próprios
reservatórios gerais dos prédios. Um sistema de chuveiros automáticos devem ter, pelo
menos, duas fontes de abastecimento de água, uma fonte interna própria e uma fonte externa.
A interna está representada pelos reservatórios das edificações, e a externa, a partir do
fornecimento do corpo de bombeiros. Para a fonte interna existe a opção, além dos
reservatórios, da utilização de um tanque de pressão, com água pressurizada de forma
permanente.
Os reservatórios podem ter seu uso exclusivo para os chuveiros automáticos ou compartilhar
os usos com o restante da edificação. Neste caso de compartilhamento, é necessário verificar a
vazão e pressão mínima necessária para o chuveiro automático mais desfavorável. De acordo
com a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.95)

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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em seu anexo B, todo sistema de chuveiros automáticos deve possuir ao menos um


abastecimento de água exclusivo e segundo uma das seguintes formas:

a) reservatório elevado;

b) reservatório com fundo elevado ou com fundo ao nível do solo, piscinas, açudes,
represas, rios, lagos e lagoas, com uma ou mais bombas de incêndio;

c) tanque de pressão.

O reservatório elevado deve ter, entre outros itens da norma: a capacidade de vazão e pressão
mínima necessária para alimentar o chuveiro automático mais desfavorável; seja totalmente
fechado a fim de não permitir a entrada de luz solar e elementos estranhos que possam
contaminar a água; sistema de alarme de nível baixo; a reposição da capacidade efetiva deve
ser dimensionada para enchimento do tanque em 8 horas.
Para o reservatório ao nível do solo, a norma estabelece diversos parâmetros para
dimensionamentos, como diâmetros de sucção e recalque, posicionamento da tubulação na
saída do reservatório; dimensionamento dos canais quando for alimentado por fontes naturais;
deve possuir, quando possível, poço de sucção, etc..
No tanque de pressão, deve-se levar em conta, entre outros itens: sistemas automáticos
capazes de manter a pressão interna e volumes de água constantes; providos de válvulas de
segurança; manutenções periódicas de todo o sistema e controle das condições do seu estado a
cada três anos.

5.2.2 Sistemas de bombas

As bombas serão necessárias quando a pressão de água não for suficiente para atingir o
chuveiro automático mais desfavorável, conforme a figura 9. As bombas podem ser a diesel
ou elétrica e, normalmente, o sistema consiste em uma bomba principal, uma bomba reserva
(quando necessário) e uma bomba jóquei, responsável pela manutenção da pressão em uma
faixa pré-estabelecida da rede geral de incêndio.
As bombas de incêndio são instaladas o mais próximo dos reservatórios, evitando perdas de
carga, em uma estrutura em alvenaria (casa de bombas). Este sistema tem por finalidade
efetuar a sucção da água do reservatório e manter a pressurização da rede geral, a qual irá
alimentar as redes de chuveiros automáticos.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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Figura 9− Sistema de bombas

(fonte: GMF MONTAGENS INDUSTRIAIS E MANUTENÇÕES, 2017)

5.2.3 Sistema de controle de alarmes

É o sistema composto por uma válvula de governo colocada em ação pelo próprio fluxo de água
criado quando se abre um ou mais bicos de sprinklers, e um alarme hidráulico sonoro que sinaliza
a operação, conforme figura 10.
Normalmente é instalada junto à válvula, uma chave de fluxo para a interligação com o
sistema de detecção e alarme de incêndio.

Figura 10− Sistema de controle e alarme

(fonte: RAMFEJ ENGENHARIA ESSENCIAL, 2017)


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5.2.4 Rede hidráulica de distribuição

Uma rede hidráulica de distribuição é composta por canalizações a partir das válvulas de
controle e alarme, dispostas geometricamente, com a finalidade de promover o escoamento da
água até os chuveiros automáticos, conforme figura 11.
A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.7) define
as canalizações como:

[...] coluna de alimentação: tubulações verticais de alimentação de chuveiros


automáticos.

[...] coluna principal de alimentação do sistema (riser): tubo não subterrâneo,


horizontal ou vertical, localizado entre a fonte de abastecimento de água e as
tubulações gerais e subgerais, contando com uma válvula de governo e alarme.

[...] ramais: tubos aos quais os chuveiros automáticos são fixados.

[...] tubulações gerais: tubos que alimentam as tubulações subgerais, diretamente


ou com conexões.

[...] tubulações subgerais: tubos que alimentam os ramais.

[...] válvula de governo e alarme: conjunto composto por válvula seccionadora,


válvula de retenção e sistema de alarme de fluxo, manômetros, drenos e acessórios,
instalado em cada coluna de alimentação (riser) de um sistema de chuveiros
automáticos.

Existem definições mais amplas na literatura que abrangem canalizações e suas posições
geométricas, como Brentano (2016, p.251-252), na qual a distribuição de água de uma rede
hidráulica de um sistema de chuveiros automáticos é formada “[...] por canalizações que
alimentam os chuveiros automáticos a partir das válvulas de controle e alarme, com diâmetros
apropriados [...] para que a água chegue aos chuveiros automáticos mais desfavoráveis da
instalação com a pressão e vazão mínimas requeridas pelas normas”. Essas canalizações são
classificadas por Brentano como:

a) sub−ramais (Branch lines): Os chuveiros automáticos estão conectados


diretamente nos sub-ramais (Branch lines). Os sub-ramais podem ter braços ou
segmentos horizontais de 60 cm (2 ft) de comprimento, no máximo, que podem
ter nas extremidades conectados chuveiros automáticos. [...];

b) ramais ou subgerais (Cross mains): [...] são as canalizações que alimentam os


sub-ramais (branch lines) e estão conectados a uma linha geral ou tronco (feed
main). [...];

c) gerais ou troncos (Feed mains): [...] canalização que alimenta os ramais ou


subgerais. [...];

d) subidas ou descidas: As canalizações verticais de subidas e descidas, de acordo


com o sentido de circulação da água, que fazem as ligações entre as redes de

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
52

chuveiros automáticos nos diversos níveis ou pavimentos e dos ramais aos sub-
ramais ou destes para chuveiros automáticos individuais, quando a subida ou
descida exceder de 30 cm (1 ft) de comprimento;

e) coluna de incêndio ou coluna principal de alimentação do sistema (riser):


[...] é canalização principal, subterrânea ou aérea, horizontal ou vertical, entre a
fonte de abastecimento de água e as canalizações gerais ou troncos (Feed mains),
ou até os ramais e subgerais (Cross mains) de acordo com a configuração da rede
de distribuição de água, que abastece todos os chuveiros automáticos da
instalação, sendo que na parte inferior ou inicial está localizada a válvula de
controle automática e os dispositivo de alarme de escoamento de água, que
controla e comanda todo o sistema. [...]

Figura 11− Rede hidráulica de distribuição

(fonte: RAMFEJ ENGENHARIA ESSENCIAL, 2017)

5.3 ÁREA DE COBERTURA E DISTÂNCIA MÁXIMA ENTRE


SPRINKLERS

A área de cobertura de um sprinkler depende não só do tipo de chuveiro automático que é


utilizado, mas também do tipo de teto a ser protegido e o risco onde está enquadrada a edificação
a proteger. No entanto, cada tipo de chuveiro automático possui uma área máxima de cobertura,
pois seus orifícios de descarga e design são diferenciados. Na tabela 10 verificam-se as áreas
máximas e mínimas de cobertura por tipo de chuveiro.

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Tabela 10−Área máxima e mínima de cobertura de sprinklers

(fonte: BRENTANO, 2016)

A distância entre chuveiros automáticos depende da intersecção formada pela área de


cobertura e pela altura no qual estão fixados os mesmos, pois na intersecção destas áreas não
poderá ocorrer o aparecimento de áreas cegas ou desprotegidas.
A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 35)
fornece tabelas que são utilizadas para a determinação da área de cobertura e das distâncias a
serem utilizadas por tipo de sprinkler e área de risco. Neste trabalho foi utilizado o sprinkler
tipo spray conforme tabela 11.

Tabela 11−Área cobertura máxima por chuveiro automático e distância máxima


entre chuveiros automáticos tipo spray de cobertura padrão (pendente ou em pé)

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

Os capítulos anteriores apresentaram a revisão bibliográfica sobre sistemas de combate a


incêndios através de sistemas de chuveiros automáticos. Um destaque foi dado ao elemento
principal do sistema, o chuveiro automático. A legislação vigente também foi apresentada

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
54

mostrando as diretrizes para o lançamento dos chuveiros e o dimensionamento destes sistemas


na qual são utilizados dois métodos, o método por tabela e o método hidráulico.

A seguir será visto a edificação proposta para este trabalho e o cálculo hidráulico do sistema
de chuveiros automáticos.

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6 EDIFICAÇÃO PROPOSTA

A edificação proposta neste trabalho é de uma garagem de subsolo em prédio residencial com
área livre, sem compartimentação (paredes divisórias). Este tipo de edificação foi escolhido
por não existir obrigação legal, em norma ou leis, de chuveiros automáticos em garagens
residenciais. A mesma possui pé direito de 2,8 metros, e com cobertura em laje de concreto
sem entre forro (piso do pavimento térreo), na qual as instalações ficam aparentes em sintonia
com a parte arquitetônica.

A distribuição da rede de chuveiros automáticos ocorre paralela à laje de concreto do


pavimento térreo, fixadas nas vigas de concreto (com altura de 0,4 m), e utilizando
chuveiros automáticos tipo pendente de cobertura padrão. Os chuveiros estarão a uma
altura, em relação ao piso pronto do subsolo, de 2,45 m e fixados a 30 cm do forro (laje de
concreto do térreo).

O subsolo tem 30,20 metros da largura por 28,60 metros de profundidade, com área total de
864m2. Internamente tem-se uma região relativa a elevadores e escada, com 24m2.
Descontando-se a área total pela área da circulação vertical, tem-se a área útil de 840m2,
que será a utilizada para este trabalho. O dimensionamento será executado por cálculo
hidráulico e a área da garagem foi classificada como de ocupação de RISCO LEVE.

O número de chuveiros automáticos necessários para efetuar a proteção desta edificação foi
calculado, dividindo-se a área da edificação, pela máxima área de cobertura de um chuveiro
automático tipo pendente de cobertura padrão (dado fornecido pela tabela 11).

Os níveis do subsolo e térreo são respectivamente -2,80 e 0,00, conforme a planta de


arquitetura simplificada, figura 12. O acesso à garagem será por rampa externa ao prédio
principal, junto à divisa esquerda. A casa de bombas e o reservatório, para suprir a demanda
dos chuveiros automáticos, estarão no pavimento térreo, nível 0,00.

A garagem tem 36 vagas para carros, com cada vaga de 2,50m por 5,00m e 5,00m para a
circulação dos veículos. A prefeitura municipal de Porto Alegre exige que toda edificação
possua ao menos uma vaga por habitação e, para este estudo, as demais vagas necessárias
estão distribuídas nos pavimentos térreo e segundo.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
56

Para o estudo de caso, o terreno está localizado na zona sul de Porto Alegre, no bairro
Ipanema. A escolha deve-se ao fato de que a construtora, que forneceu os preços dos terrenos
e os valores de construção, possuir empreendimentos neste bairro.

Foi feito, para o estudo de caso, uma análise de cinco tipos de edificações com dois padrões
construtivos diferentes, dados pelo CUB-RS. A edificação é composta de:
a) Um subsolo, com 864 m2.
b) Um pavimento térreo, com 1128 m2.
c) Um segundo pavimento, com 864 m2.
d) Um pavimento tipo, com 6, 8, 10, 12 e 14 pavimentos com 600 m2 por andar.
e) Uma cobertura, com 600 m2.
f) Uma casa de máquinas, com 240 m2.

O ramal principal dos chuveiros automáticos é paralelo à face oposta da rampa de entrada e;
no extremo oposto, junto à vaga 1, está a válvula para teste da rede com o chuveiro sem
defletor e sem ampola, como será visto no capítulo a seguir.

O tipo de estrutura escolhido foi em função de ser o mais próximo da realidade existente no
mercado atual. Com os diferentes pavimentos tipos, tem-se uma estrutura em consonância
com as estruturas comercializadas na zona sul de Porto Alegre.

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Figura 12−Arquitetura simplificada: garagem em subsolo residencial

(fonte: elaborado pelo autor)

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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7 SISTEMA PROJETADO POR CÁLCULO HIDRÁULICO

Um sistema projetado por cálculo hidráulico analisa o funcionamento simultâneo de uma


quantidade de chuveiros automáticos localizados na região mais desfavorável da rede traçada.
O dimensionamento é feito com a garantia de proteção desta área que será a mais crítica ou a
mais afastada do sistema de bombas, prevendo pressões, velocidades e vazões mínimas para
garantir a segurança de todas as demais áreas da edificação, pois a proteção destas áreas é
feita com a maior capacidade quando exigida.

Brentano (2016, p.584) comenta das bases de dimensionamento por cálculo hidráulico:

Para se fazer o dimensionamento a favor da segurança escolhe-se a área setorial da


área total do pavimento de uma edificação ou a área do recinto ou do ambiente de
maior carga térmica ou mais desfavorável entre todos da edificação, neste caso,
geralmente o que esta mais afastado do sistema de bombas, cujos chuveiros
automáticos são os hidraulicamente mais desfavoráveis da instalação e que devem
apresentar, por consequência, maior perda de carga para a água no seu trajeto, de tal
forma que possam comprometer a vazão e a pressão requeridas.

O sistema projetado para este trabalho segue o esquema tridimensional genérico, como mostra
a figura 13.

Figura 13–Esquema tridimensional genérico para chuveiros automáticos

(fonte: elaborado pelo autor)


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Vale ressaltar que o hidrante de recalque com a válvula de retenção não estão considerados no
detalhamento dos projetos. A válvula de testes (item 7) e o chuveiro sem defletor (item 8)
estarão representados, neste trabalho, junto ao chuveiro automático nº 1 e nomeados apenas
como dreno.

Os diâmetros das tubulações foram selecionados com base na perda de carga das linhas de
tubos de aço e conexões, calculando as pressões e velocidades de operação, de modo a
oferecer a densidade de descarga de água necessária para o controle de um possível sinistro.
Inicia-se o cálculo pelo chuveiro mais afastado, considerado o mais crítico, utilizando-se para
o cálculo da vazão, a curva de densidade de água e a área de cobertura deste chuveiro. Para o
cálculo da pressão, utiliza-se a equação da vazão da água em um reservatório através de um
orifício em conjunto com a equação da continuidade, o que será visto a seguir.

7.1 PERDA DE CARGA

Para efetuar o cálculo hidráulico é necessário estimar as perdas de carga, que são perdas de
energia hidráulica devido à viscosidade do fluido, ao seu atrito com as paredes internas das
tubulações e das singularidades. As singularidades consideram a perda de carga nas conexões
e nas mudanças de direção, e neste trabalho foi utilizado o método de comprimentos
equivalentes para sua quantificação.

De acordo com a norma NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.78) para o dimensionamento por cálculo hidráulico, a perda de carga em
tubos e singularidades deve ser calculada com a fórmula de Hazen-Williams:

(fórmula 2)

Sendo:
J = perda de carga unitária por atrito (kPa/m);
Qn = vazão (l/min);
C = fator de Hazen-Williams (adimensional);
dm = diâmetro interno do tubo (mm).

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
60

Neste trabalho foi utilizada a perda de carga com unidade em metros de coluna d’água
(m.c.a.) e está representada pelo símbolo hp (perda de carga unitária). Fazendo-se as
alterações de unidades necessárias, de kPa/m para mca, obtém-se uma nova equação, e a
fórmula de Hazen-Williams fica como indicado abaixo:

(fórmula 3)

Sendo:
J = perda de carga unitária (mca);
Qn = vazão (m3/s);
C = fator de Hazen-Williams (adimensional);
dm = diâmetro interno do tubo (m).

O Engenheiro Civil Jorcy Aguiar (JORCY AGUIAR, 2017) comenta sobre o coeficiente de
rugosidade C:

Com o passar dos anos as redes e adutoras têm sua condição de escoamento
diminuída devido a incrustações, principalmente as linhas de ferro fundido, amianto
ou aço. O grau de resistência ao escoamento é determinado pelo coeficiente “C” de
Hazen-Williams.
Quanto menor esse coeficiente, maior a perda de carga imposta ao escoamento e,
consequentemente mais energia é necessária para superar essa resistência. Isso se
reflete em vazões abaixo das esperadas, pressões reduzidas nos pontos mais
distantes e pressões elevadas nos pontos mais próximos, consumos elevados de
energia nos recalques e variações muito grandes de pressão ao longo do dia.

Diversas bibliografias que abordam o tema da perda de carga fornecem a tabela com o tipo de
material e o fator (C) de Hazen-Williams, apresentando, comparativamente, apenas algumas
pequenas variações entre seus valores. Estas pequenas variações são explicadas por diferenças
na constituição do material, que pode apresentar alterações físicas em função da região onde o
mesmo foi fabricado e também em razão dos experimentos não terem exatamente as mesmas
condições de realização uns dos outros.

A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.83)


fornece uma tabela para obtenção deste coeficiente (tabela 12), a qual foi utilizada para este
trabalho:

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Tabela 12−Valores C de Hazen-Williams

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

A escolha do material a ser usado nas tubulações é de suma importância, pois o coeficiente de
rugosidade (C) da fórmula de Hazen-Williams é em função do mesmo, pois quanto menor o
valor deste coeficiente maior será a perda de carga e, consequentemente, maior será o
diâmetro calculado a ser utilizado.

Para a obtenção do valor da perda de carga total de um sistema foi necessário calcular as
perdas de carga localizadas, devido às singularidades (conexões, válvulas, etc.) existentes no
projeto, e adicioná-las às perdas de carga contínuas devido ao atrito nos trechos retilíneos das
tubulações.

A perda de carga linear na tubulação é calculada pelo comprimento tomado no trecho reto da
tubulação (comprimento retilíneo real da instalação) multiplicado pela perda de carga unitária
calculada naquele trecho.

A perda de carga localizada é representada como um tubo reto, ou seja, as singularidades


foram ensaiadas em laboratórios, pelos fabricantes de cada marca existente no mercado,
obtendo-se estimativas de valores de sua perda de carga, e estes valores equivaleriam a um
determinado comprimento de uma tubulação reta (comprimento equivalente). Existem tabelas
de equivalência para as singularidades, com o objetivo de facilitar o trabalho do calculista.

Nessas tabelas já estão incluídas as estimativas de perdas de carga para diversos tipos de
singularidades. A tabela 13 apresenta as perdas de carga utilizadas em aço galvanizado para a
marca Tupy.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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Tabela 13−Comprimento equivalente para estimativa de perda de carga (m)

Continua

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continuação

(fonte: TUPY S.A, 2009)

A perda de carga total foi calculada multiplicando a perda de carga unitária (fórmula 3), pela
soma do comprimento real e equivalente de tubulação:

(fórmula 4)

Sendo:
hp = perda de carga total (mca);
Qn = vazão (m3/s);
C = fator de Hazen-Williams (adimensional);
dm = diâmetro interno do tubo (m);
Lr = comprimento real (m);
Le = comprimento equivalente (m).

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
64

Uma das principais vantagens deste método é a sua simplicidade quando comparado a outros
métodos presentes na literatura. Por outro lado, ele não considera os efeitos da variação da
temperatura e viscosidade do fluído. Como o fluido, utilizado em redes de sprinklers, na
maior parte das situações é a água, e a faixa de temperatura de aplicação é a ambiente, estas
variações são consideradas desprezíveis neste caso.

Segundo a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO DE NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRA, 2014,


p.83) não é necessário considerar as perdas de carga singulares (comprimento equivalente) de
“tês” e joelhos dos sub-ramais nos quais os chuveiros automáticos da área de aplicação estão
conectados.

7.2 CARGA DE VELOCIDADE E PRESSÃO DE ESCOAMENTO

Referente à carga de velocidade ou a pressão de velocidade, conceitua-se como a pressão que


atua paralelamente a parede da tubulação sem exercer pressão sobre ela e é dada pela NBR
10897 (ASSOCIAÇÃO DE NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRA, 2014, p.78), conforme a
equação abaixo:

(fórmula 5)

Sendo:
Pv = pressão de velocidade (kPa)
Q = vazão (l/min)
dm = diâmetro interno do tubo (mm)

A respeito da pressão total no escoamento em uma canalização a pressão total “Pt” é dada
pela soma da pressão normal “Pn” e da pressão de velocidade “Pv”:

(fórmula 6)

Sendo:
Pt = pressão total (kPa)
Pn = pressão normal (kPa)
Pv = pressão ou carga de velocidade (kPa)

A pressão normal é aquela exercida contra a parede da canalização independente da


velocidade. Sem escoamento na canalização (velocidade igual a zero) é chamada de “pressão
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estática”, e com escoamento, é chamada de “pressão residual ou dinâmica”. Esta pressão pode
ser expressa por:

(fórmula 7)

Sendo:
Pn = pressão normal (kPa)
Pt = pressão total (kPa)
Pv = pressão ou carga de velocidade (kPa)

Para se obter a pressão em cada chuveiro automático ou sprinkler pode-se considerar, no


cálculo, as duas pressões atuando simultaneamente. Caso a pressão de velocidade seja
desconsiderada, a pressão normal iguala-se a pressão total, por outro lado, considerando a
pressão de velocidade a pressão normal será obtida subtraindo-se da pressão total a pressão de
velocidade.

Segundo Brentano (2016, p.607), a pressão de velocidade pode ser desconsiderada:

A pressão de velocidade pode ser desconsiderada no cálculo porque seus valores


comparativamente com os da pressão normal são muito pequenos. Então, sem
considerar a pressão de velocidade se trabalhará com pressões um pouco maiores
nos chuveiros automáticos, o que é a favor da segurança.
A NFPA 132002 recomenda considerar a pressão de velocidade no cálculo somente
quando ela constituir mais de 5% da pressão total.
No chuveiro automático mais desfavorável da instalação ela nunca é considerada .

7.3 DENSIDADE DE ÁGUA (Da)

Para o cálculo hidráulico se faz necessário obter-se a vazão mínima por metro quadrado para
toda a área a ser definida (chamada de área de aplicação) em função da classe de risco que se
enquadra a edificação. A área de aplicação tem uma forma retangular e é onde pode ocorrer,
com maior probabilidade, a possibilidade de um incêndio; e também deve ser a zona mais
desfavorável hidraulicamente.

A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.68)


fornece curvas de densidade por área, para quando for usado o método de densidade e área ou
o método baseado no recinto, conforme a figura 14:

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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Figura 14− Curva de densidade e área

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

7.4 DIMENSIONAMENTO POR CÁLCULO HIDRÁULICO

O dimensionamento por cálculo hidráulico necessita que se classifique a edificação quanto à


ocupação (neste trabalho a edificação é classificada como de Risco Leve).

O chuveiro automático usado será o tipo pendente padrão e, utilizando a tabela 11 (área de
cobertura máxima por chuveiro automático e distância máxima entre chuveiros automáticos
tipo spray de cobertura padrão), obteve-se os dados para efetuar o lançamento dos chuveiros
automáticos e sua linha de tubulações, construindo o projeto a ser dimensionado. Da tabela
11 tem-se que a área de cobertura por chuveiro automático é de 20,9 metros quadrados e a
distância máxima entre chuveiros de 4,6 metros, para risco leve.

Com o limite de 20,9 m2 e a distância máxima entre chuveiros de 4,6 m, o projetista define
uma área retangular para gerar o traçado e o lançamento inicial dos chuveiros automáticos.
Para este projeto, obteve-se os valores para os espaçamentos horizontal e vertical entre
chuveiros, respectivamente, de 4,5 m por 4,3 m, com uma área de aplicação de 19,4 m2,
abaixo do limite estabelecido pela NBR 10897, de 20,9 m2, e respeitando a distância máxima
entre chuveiros, de 4,6m.

A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.31)

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define a área máxima a ser utilizada para a proteção de um pavimento por uma coluna
principal de alimentação (tabela 14):

Tabela 14 – Área máxima servida por uma coluna de alimentação por pavimento

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

Para o risco leve, a área máxima por coluna de alimentação é de 4800 metros e, sendo a
garagem com área de cobertura de 840 m2, foi utilizada apenas uma coluna principal para
abastecimento dos chuveiros.

Convém observar que os espaçamentos entre os chuveiros automáticos são arbitrados pelo
projetista, respeitando-se a distância máxima permitida entre eles. A otimização do
posicionamento dos chuveiros automáticos e da distribuição de ramais e sub-ramais vai
depender de vários fatores como: interferências existentes na edificação (vigas no teto,
aberturas, caminhos indicados pelo projeto arquitetônico, etc.), das orientações da norma, e da
competência e experiência do projetista. Como se trata de uma garagem residencial, as
interferências da área de circulação e dos pilares (estrutura), já estão dimensionadas para que
não afetem o projeto dos chuveiros.

7.4.1 Escolha da área de aplicação (Aa)

O dimensionamento por cálculo hidráulico baseia-se na premissa que apenas os chuveiros


automáticos de uma área de aplicação da região mais desfavorável definida na edificação, são
suficientes e devem ser acionados simultaneamente para controlar ou extinguir o foco de
incêndio.

Com a definição da classe de risco da qual se enquadra a edificação considerada utilizou-se a


curva de densidade de água (figura 14) correspondente, para a obtenção da área de aplicação e
sua respectiva densidade. Neste trabalho, a edificação se enquadra na classe de risco leve no
qual a curva correspondente inicia com uma densidade de área de 4,1 mm/min para uma área
de 140 m², e no outro extremo 3,2 mm/min para uma área de 280 m².

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
68

Após determinar a classe de risco e a reta área/densidade correspondente, a escolha do ponto


nesta reta é de muita importância, devendo o projetista verificar qual o melhor ponto a utilizar
para que se obtenha o melhor desempenho e segurança no controle de focos de incêndio.
Segundo Brentano (2016, p.587), a definição quanto à escolha do ponto da reta considerado
pode ser analisado tomando-se três pontos da curva:

◘ ponto superior da reta. Nesta situação tem-se uma área de aplicação grande com
uma densidade de água menor. Em alguns casos, onde o suprimento de água é
grande e fácil, a escolha de um ponto na parte superior da reta é vantajosa, porque
numa situação muito particular da localização do reservatório, pode ser eliminada
até a necessidade de um sistema de bombas de incêndio, por se ter uma vazão menor
em cada chuveiro automático e, consequentemente, uma pressão menor, embora a
vazão total sobre toda a área de aplicação seja bem maior.
◘ ponto médio da reta. [...] tem-se uma área de aplicação menor, uma densidade
de água maior e um número menor de chuveiros automáticos que na situação
anterior e, consequentemente, uma vazão maior nos chuveiros automáticos, mas um
volume final necessário de água menor. A escolha do ponto médio da reta é utilizada
por alguns projetistas.
◘ ponto inferior da reta. A escolha deste ponto resulta em alta densidade de água
em área de aplicação bem menor, necessitando maiores pressões e diâmetros para as
canalizações e menor volume final de água. Este ponto inferior da reta é o mais
escolhido pelos projetistas.

Seguindo as recomendações do autor foi escolhido o ponto inferior da reta, onde existe uma
maior eficiência de combate a incêndio em uma área menor e resultando em menores volumes
a serem reservados. Assim, a área de aplicação (Aa) considerada foi igual a 140 m², e a
densidade de água (Da) será respectivamente 4,1 l/min/m².

7.4.2 Número de sprinklers na área de aplicação (Nch)

O número de chuveiros automáticos na área de aplicação pode ser calculado pela fórmula 8:

(fórmula 8)

Sendo:
Nch = Número de chuveiros automáticos na área de aplicação
Aa = Área de aplicação da área mais desfavorável (m²)
Ac = Área de cobertura de cada chuveiro automático (m²)

Assim, com a área de aplicação (Aa) igual a 140 m² (figura 14) e a área de cobertura de um
chuveiro automático tipo pendente de cobertura padrão, apresentada anteriormente, de 20,9

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m2 (tabela 11), obteve-se o número de chuveiros automáticos igual a 7 unidades. Para o caso
específico deste projeto e facilitar o cálculo dos chuveiros automáticos, foram utilizados 8
unidades.

7.4.3 Dimensionamento da área de aplicação

Com os espaçamentos definidos para a distribuição dos chuveiros automáticos e sendo a


planta baixa da garagem com dimensões internas de 30,20m por 28,60m (figura 12), foi feita
a planta base com a distribuição dos chuveiros automáticos. A área de aplicação foi definida
de forma retangular e, no sistema projetado, se encontra na região indicada na figura 15.

Figura 15−Distribuição dos chuveiros e área de aplicação

(fonte: elaborado pelo autor)

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70

A área de aplicação deve ser retangular e seu lado maior paralelo aos sub-ramais, para
BRENTANO (2016, p.602) esta dimensão deve ser no mínimo 20% maior que o lado
perpendicular (menor), e é dado pela fórmula 9:

(fórmula 9)

Sendo:
Lm = Lado maior da área de aplicação (m)
Aa = Área de aplicação da área mais desfavorável (m²)

Desta forma com a área de aplicação (Aa) igual a 140 m² (figura 15) foi obtido o lado maior
da área de aplicação de 14,20 m e, consequentemente, o lado menor desta área retangular foi
de 9,86 m.

Convém observar que esta forma expedita de cálculo serve para auxiliar o projetista a definir
esta área retangular de aplicação, podendo ocorrer pequenas variações nas dimensões como
forma de melhor adequação no projeto.

O espaçamento entre chuveiros automáticos adequado fica entre 4,50 m a 4,60 m e o


espaçamento entre sub-ramais fica entre 4,30 m a 4,60 m. Com estes valores foi atingida uma
área de cobertura menor que 20,9 m² definido por norma para este tipo de ocupação de risco
(Risco Leve).

Assim, tomando um espaçamento entre chuveiros de 4,50 m foi calculado o número de


chuveiros no sub-ramal:

(fórmula 10)

Sendo:
NLm = Número de chuveiros no lado maior
Lm = Lado maior da área de aplicação (m)
ec = espaçamento entre os chuveiros (m)

Com valor do lado maior da área de aplicação de 14,20 m e o espaçamento de 4,50 m entre
chuveiros foi obtido o número de 4 (quatro) chuveiros que deverão ser alocados neste ramal.

E com o espaçamento entre ramais de 4,30 m foi definido o projeto de alocação dos
chuveiros automáticos na área de aplicação (figura 15).

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Assim, foi encontrada uma área de cobertura real de projeto de 19,35 m², que é menor que o
especificado em norma (20,90 m²) vindo ao encontro de uma maior segurança no cálculo.

7.4.4 Vazão no chuveiro mais desfavorável (nº1)

O chuveiro mais desfavorável da área de aplicação, anotado no projeto por chuveiro nº 1


(figura 14), tem sua vazão calculada pela fórmula abaixo:

(fórmula 11)

Sendo:
Q1 = Vazão no chuveiro nº1 (l/min)
Da = Densidade de água (l/min.m²)
Acr = Área de cobertura real de cada chuveiro automático (m²)

Neste caso, com a densidade de água de 4,1 l/min.m² (figura 13) e com a área real projetada
de cada chuveiro automático na área de aplicação de 19,35 m2, foi obtido Q1= 79,34 l/min ou
Q1= 0,00132 m3/s de vazão, a qual será a vazão mínima do sistema para o chuveiro mais
desfavorável do projeto.

7.4.5 Pressão no chuveiro mais desfavorável (nº1)

Para o cálculo da pressão, utiliza-se a premissa de um conduto forçado com a saída da água
através de um orifício. Para Brentano (2016, p.380):

“Orifícios são aberturas de forma geométrica simples, sendo circulares nas


instalações hidráulicas de incêndio, feitas nas paredes de reservatórios e existentes
em canalizações e dispositivos como esguichos e chuveiros automáticos, através
dos quais é descarregada a água diretamente para a atmosfera, em vazão e pressão
mínimas recomendadas.”

A quantidade de água que entra por um ponto A de uma canalização é igual à que sai num
ponto B desta canalização, e é representada pela equação:

(fórmula 12)

Sendo:
Q = Vazão da água (m3/s)
A = Área da seção de canalização (m2)

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72

v = Velocidade de escoamento (m/s)

Para a vazão da água em um reservatório através de um orifício, tem-se uma altura “h” da
superfície da água no reservatório (ponto A) até o orifício (ponto B), conforme a figura 16.
Aplicando-se a equação da conservação de energia entre A e B chega-se à expressão dada
pela fórmula 13:

(fórmula 13)

Sendo:

ZA e ZB = Cotas dos níveis A e B em relação ao plano de referência (mca)


pA e pB =Pressão atmosférica (mca)
VA = Velocidade de abaixamento da água no reservatório (m/s)
VB = Velocidade teórica do jato (m/s)
γ = Peso específico da água (N/m3)
g = Aceleração da gravidade (m/s2)
hpAB = Perda de carga entre os níveis A e B (mca)

Figura 16−Esvaziamento de reservatório através de orifício

(fonte: BRENTANO, 2016, p.382)

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Como pA = pB , VA aproximadamente zero, hpAB também zero por ser uma perda muito
pequena e ZA – ZB = h, obtém-se a fórmula da velocidade de escoamento através de um
orifício:

(fórmula 14)

Substituindo-se a fórmula 14 na fórmula 13, obtém-se a vazão dada pela fórmula 15:

(fórmula 15)

Considerando-se a área A para um orifício circular e aplicando-se um coeficiente de correção


da vazão, em função das perdas de carga decorrentes do atrito e da turbulência na passagem
da água pelo orifício (dado experimentalmente), chega-se a expressão geral simplificada da
vazão por um orifício circular:

(fórmula 16)

Sendo:
Q = vazão (l/min)
K = Fator de vazão K (l/min/bar½)
h = altura manométrica (mca)

O fator de vazão ou de descarga K depende do formato da saída do esguicho, para o caso dos
chuveiros automáticos, e pode ser calculado pela fórmula 17:

(fórmula 17)

Sendo:
d = diâmetro do orifício (saída do esguicho) (m)
Cd = coeficiente de descarga (adimensional)

Considerando-se que a altura na fórmula 16 representa uma pressão em mca e utilizando-se a


fórmula 1 (vista no capítulo 4), obtém-se a fórmula 18, que é a pressão no bico do chuveiro
automático nº 1:

(fórmula 18)

Brentano (2016, p.245) apresenta uma tabela com os valores do fator de vazão nominal K
para diversos diâmetros de orifícios de chuveiros automáticos. Neste estudo de caso, para

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
74

uma garagem em subsolo residencial, foi adotado um diâmetro de rosca de 12,7 mm, que é o
mais utilizado comercialmente para chuveiros automáticos do tipo pendente, tabela 15.

Tabela 15 – Fator de Vazão K para diâmetros de orifícios de chuveiros automáticos

(fonte: BRENTANO, 2016)

Estes valores estão de acordo com a tabela 4 da NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS), que tem como fator K de descarga para o chuveiro automático
de DN15 o valor de 8,0 l/min/kPa½ ou 25,3 l/min/mca1/2. Com este valor de K tabelado e a
vazão calculada anteriormente de 79,34 l/min, obtém-se um valor de pressão neste bico
(chuveiro nº 1) de P1= 98,3 kPa ou P1= 9,83 mca. Valor que está acima da pressão mínima de
um chuveiro automático que é P= 48 kPa ou P= 4,8 mca.

A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.84)


fornece, também, os limites de pressão que um chuveiro automático pode ser submetido:

A mínima pressão de operação de qualquer chuveiro automático deve ser de 48 kPa,


a menos que ensaios específicos recomendem uma pressão mínima de operação
mais alta para a aplicação em questão.

Poderia ser usado outro fator K para DN 15, conforme a norma (tabela 9) no valor de 11,2
l/min/kPa½ que proporcionaria uma pressão de 50,18 kPa que ainda assim estaria acima da
pressão mínima, porém de pressão inferior ao valor anterior.

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Optou-se pelo chuveiro automático de fator K de 8,0l/min/kPa½ que confere uma maior
pressão de trabalho. Logo, obtém-se P1= 98,3 kPa, ou P1= 9,83 mca e Q1= 79,34 l/min ou
Q1= 0,00132 m3/s no chuveiro automático nº 1.

7.4.6 Dimensionamento do trecho 2-1

Para obter-se o dimensionamento do trecho 2-1 (indica o trecho entre o chuveiro nº 1 e o


chuveiro nº 2) é necessário calcular a vazão do trecho que é a mesma do chuveiro nº 1 já
calculada, ou seja, a vazão no trecho será: Q21=Q1, logo Q21= 79,34 l/min ou Q21= 0,00132
m³/s.

A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.90)


estabelece que o diâmetro mínimo da tubulação para metais ferrosos é DN 25 mm. Para o
dimensionamento do trecho 2-1 utilizou-se a fórmula de Forchheimer, que faz uma estimativa
do diâmetro econômico para tubulações:

(fórmula 19)
Sendo:
D = Diâmetro da tubulação (m)
Q = Vazão (m³/s)
X = Número de horas de funcionamento da bomba /24horas.

Para o cálculo de X, a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2014, p.68) apresenta a tabela para a duração mínima de funcionamento das
bombas para cada tipo de ocupação (tabela 16).

Tabela 16-Demanda de hidrantes e duração do abastecimento de água para sistemas


projetados por cálculo hidráulico

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

Para o Risco Leve, a bomba trabalhará 30 min a cada 24 horas do dia (segundo a tabela 16),
sendo encontrado o valor de X= 0,0208, e tendo-se a vazão Q = 0,00132 m3/s, obteve-se o

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
76

valor D do diâmetro do trecho 2-1 em D21= 17,94 mm o que nos leva a um diâmetro
comercial de DN 25 mm.

A NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014) não


menciona ou faz qualquer exigência para o limite da velocidade máxima nos condutos, a
NFPA-13 (NORMA AMERICANA) limita a velocidade máxima em 20 feet/s, o que equivale
a 6 m/s, e que foi adotada neste trabalho.

A velocidade no trecho será calculada pela equação da continuidade descrita abaixo:

(fórmula 20)

Sendo:
v = Velocidade do escoamento (m/s)
Q = Vazão (m³/s)
A = Área interna da tubulação (m²)

Para o cálculo da área, foi utilizada a tabela da CONSTRUNORMAS (PINI), que indica o
diâmetro externo e a espessura das paredes da tubulação para o aço galvanizado.

Tabela 17-Diâmetros dos Tubos de Aço Galvanizado

(fonte: CONSTRUNORMAS,2017)

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Logo, A é dada por:

(fórmula 21)

Sendo:
De = Diâmetro externo (mm)
e = Espessura da parede (mm)
Com a vazão do trecho Q21= 0,00132 m³/s e a área interna da tubulação de aço galvanizado
de DN 25 cujo valor é de 5,57.10-3 m² foi obtido uma velocidade de v21= 2,37 m/s que fica
abaixo da velocidade limite que é de v= 6,0 m/s .

7.4.7 Vazão e pressão no chuveiro (nº2)

Para o cálculo da vazão no chuveiro automático nº 2 é necessário efetuar o cálculo da perda


de carga, através da equação de Hazen-Williams (fórmula 4), do trecho da tubulação 2-1
(hp21). Sendo: Q21= 0,00132 m3/s, C= 120, dn= 0,02664 m e Lr= 4,5 m; obteve-se um valor
para hp21=1,47 mca. A pressão no chuveiro nº 2 é a soma da pressão do chuveiro nº 1,
P1= 9,83 mca somado à perda de carga entre os chuveiros 1 e 2, hp21= 1,47mca, obtêm-se a
pressão no chuveiro automático P2= 11,3 mca ou P2= 113 kPa.

Com esta pressão, é calculada a vazão no chuveiro automático nº 2, pela fórmula 1, tendo
como fator K de descarga para o chuveiro automático de DN 15 (Tabela 15) o valor de
8,0l/min/kPa½ ou 25,3 l/min/mca1/2 e pressão P2= 11,3 mca ou P2= 113 kPa, obtendo-se um
valor de vazão neste chuveiro de Q2= 85,05 l/min ou Q2= 0,00142 m3/s.

7.4.8 Dimensionamento do trecho 2-3

A vazão no trecho 2-3, Q32 é a soma da vazão do trecho Q21= 79,34 l/min mais a vazão do
trecho 2, Q2= 85,04 l/min, resultando Q32= 164,38 l/min ou Q32= 0,00274 m3/s.

O diâmetro da tubulação é dado pela fórmula 19, para Q32= 0,00274 m3/s e X= 0,0208,
obtém-se o valor para D32= 25,6 mm. Adota-se o diâmetro comercial DN 32 mm.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
78

A velocidade é dada pela fórmula 20, onde Q32= 0,00274 m3/s, diâmetro externo para aço de
DN 32= 42,2 mm, espessura e= 3,56 mm, obtendo-se para v32= 2,83 m/s, menor que a
velocidade limite de 6 m/s.

7.4.9 Vazão e pressão no chuveiro (nº3)

Para o cálculo da vazão no chuveiro automático nº 3, calcula-se a perda de carga do trecho da


tubulação 3-2 (hp32) utilizando-se a fórmula 4. Sendo: Q32= 0,00274 m3/s, C= 120,
dn= 0,03508m e Lr= 4,5 m; obteve-se um valor para hp32= 1,48 mca.

A pressão no chuveiro nº 3 é a soma da pressão do chuveiro nº 2, P2= 11,3 mca somado à


perda de carga entre os chuveiros 2 e 3, hp32= 1,48 mca, obtêm-se a pressão no chuveiro
automático P3= 12,78 mca ou P3= 127,8 kPa.

Com esta pressão, é calculada a vazão no chuveiro automático nº 3, pela fórmula 1, tendo
como fator K de descarga para o chuveiro automático de DN 15 (Tabela 15) o valor de
8,0l/min/kPa½ ou 25,3 l/min/mca1/2 e pressão P3= 12,78 mca ou P3= 127,8 kPa, obtendo-se
um valor de vazão neste chuveiro de Q3= 90,45 l/min ou Q3= 0,00151 m3/s.

7.4.10 Dimensionamento do trecho 3-4

A vazão no trecho 3-4, Q43 é a soma da vazão do trecho Q32= 164,38 l/min mais a vazão do
trecho 3 Q3= 90,45 l/min, resultando Q43= 254,85 l/min ou Q43= 0,00425 m3/s.

O diâmetro da tubulação é dado pela fórmula 19, para Q43= 0,00425 m3/s e X= 0,0208,
obtém-se o valor para D43= 32,2 mm. Adota-se o diâmetro comercial DN 32 mm.

A velocidade é dada pela fórmula 20, onde Q43= 0,00425 m3/s, diâmetro externo para aço de
DN 32= 42,2 mm, espessura e= 3,56 mm, obtendo-se para v43= 4,40 m/s, menor que a
velocidade limite de 6 m/s.

7.4.11 Vazão e pressão no chuveiro (nº4)

Para o cálculo da vazão no chuveiro automático nº 4, calcula-se a perda de carga do trecho da


tubulação 4-3 (hp43) utilizando-se a fórmula 4. Sendo: Q43= 0,00425 m3/s, C= 120,
dn= 0,03508m e Lr= 4,5 m; obteve-se um valor para hp43= 3,35 mca.
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A pressão no chuveiro nº 4 é a soma da pressão do chuveiro nº 3, P3= 12,78 mca somado à


perda de carga entre os chuveiros 3 e 4, hp43= 3,35 mca, obtêm-se a pressão no chuveiro
automático P4= 16,13 mca ou P4= 161,3 kPa.

Com esta pressão, é calculada a vazão no chuveiro automático nº 4, pela fórmula 1, tendo
como fator K de descarga para o chuveiro automático de DN 15 (Tabela 15) o valor de
8,0l/min/kPa½ ou 25,3 l/min/mca1/2 e pressão P4= 16,13 mca ou P4= 161,3 kPa, obtendo-se
um valor de vazão neste chuveiro de Q4= 101,61 l/min ou Q4= 0,00169 m3/s.

7.4.12 Vazão e pressão no chuveiro fictício A

Neste ponto do projeto, foi efetuado um artifício de cálculo para simplificar e tornar mais
rápido o processo. Segundo Brentano (2016, p.609) o processo é definido como:

[...] a vazão acumulada “QA” no ponto A, [...], é a soma das vazões dos (4)
chuveiros automáticos do sub-ramal I que estão dentro da área de operação;
[...] Depois de calculado o somatório das vazões de todos os chuveiros automáticos
do sub-ramal I pertencentes à área de aplicação e a pressão no ponto “A”,
necessária para produzir essas vazões, o sub-ramal I inteiro pode ser considerado
como tendo as características de operação de um chuveiro automático. Logo, no
ponto “A” de conexão do sub-ramal com o ramal se considera que tenha um
chuveiro automático fictício instalado com a vazão dos quatro chuveiros
automáticos do sub-ramal I e com a pressão no ponto A. [...]

No ponto A, onde se encontra o chuveiro fictício, o trecho de A até o chuveiro automático nº


4 é considerado como trecho com tubulação reta, sem conexões ou bicos instalados.

A vazão no trecho A-4, QA é a soma da vazão do trecho Q43= 254,85 l/min mais a vazão do
trecho 4 Q4= 101,61 l/min, resultando QA= 356,45 l/min ou QA= 0,00594 m3/s.

O diâmetro da tubulação é dado pela fórmula 19, para QA= 0,00594 m3/s e X= 0,0208,
obtém-se o valor para DA4= 38,05 mm. Adota-se o diâmetro comercial DN 40 mm.

A velocidade é dada pela fórmula 20, onde QA= 0,00594 m3/s, diâmetro externo para aço de
DN 40= 48,3 mm, espessura e= 3,68 mm, obtendo-se para vA4= 4,37 m/s, menor que a
velocidade limite de 6 m/s.

Para o cálculo da vazão no chuveiro fictício A, calcula-se a perda de carga do trecho da


tubulação A-4 (hpA4) utilizando-se a fórmula 4. Sendo: QA= 0,00594 m3/s, C= 120,
dn= 0,0416 m, Lr= 15,1 m e Le= 2,28 m (considerando-se 3 tês de passagem direta de 40

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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mm, um joelho de rosca 40 mm e uma luva de redução 40/50); obteve-se um valor para
hpA4= 10,47 mca.

A pressão no chuveiro fictício A, é a soma da pressão do chuveiro nº 4, P4= 16,13 mca


somado à perda de carga entre os chuveiros 4 e A, hpA4= 10,47 mca, obtêm-se a pressão no
chuveiro fictício A, PA= 26,56 mca ou PA= 265,6 kPa.

Para este chuveiro fictício A, é necessário calcular o fator de descarga K (fórmula 1), tendo-
se QA= 356,45 l/min e PA= 26,56 mca, obtendo-se KA= 69,16 l/min/mca1/2.

7.4.13 Dimensionamento do trecho A-B

No ponto B, onde se encontra o segundo chuveiro fictício, o trecho do chuveiro fictício A até
o chuveiro fictício B é considerado como trecho com tubulação reta, sem conexões ou bicos
instalados.

A vazão no trecho B-A, QBA é igual a vazão do trecho QA, QBA = 356,43 l/min ou
QBA=0,00594m3/s.

O diâmetro da tubulação é dado pela fórmula 19 para QBA= 0,00594 m3/s e X= 0,0208,
obtém-se o valor para DBA= 38,05 mm. Adota-se o diâmetro comercial DN 40 mm.

A velocidade é dada pela fórmula 20, onde QA= 0,00594 m3/s, diâmetro externo para aço de
DN 40= 48,3 mm, espessura e= 3,68 mm, obtendo-se para vBA= 4,37 m/s, menor que a
velocidade limite de 6 m/s.

7.4.14 Vazão e pressão no chuveiro fictício B

Para o cálculo da vazão no chuveiro fictício B, calcula-se a perda de carga do trecho da


tubulação B-A (hpBA) utilizando-se a fórmula 4. Sendo: QBA= 0,00594 m3/s, C= 120,
dn= 0,0416m, Lr= 4,3 m e Le= 1,33 m (considerando-se um joelho de rosca 40 mm); obteve-
se um valor para hpBA= 3,39 mca.

A pressão no chuveiro fictício B, é a soma da pressão do chuveiro fictício A, PA= 26,56 mca
somado à perda de carga entre os chuveiros fictícios A e b, hpBA= 3,39 mca, obtêm-se a
pressão no chuveiro fictício B, PB= 29,95 mca ou PB= 299,5 kPa.

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Com esta pressão, é calculada a vazão no chuveiro fictício B, pela fórmula 1, tendo como
fator KA de descarga o valor de 22,1 l/min/kPa½ ou 69,74 l/min/mca1/2 e pressão PB= 29,95
mca ou PB= 299,5 kPa, obtendo-se um valor de vazão neste chuveiro de QB= 378,5 l/min ou
QB= 0,00631 m3/s.

7.4.15 Dimensionamento do trecho B-CI

No ponto CI, onde se encontra a coluna de abastecimento, o trecho do chuveiro fictício B até
CI é considerado como trecho com tubulação reta, sem conexões ou bicos instalados.

A vazão no trecho CI-B, QCI-B é igual à soma das vazões de QA= 356,45 l/min mais
QB= 378,5l/min, obtendo-se QCI-B= 734,95 l/min ou QCI-B= 0,01225 m3/s.

O diâmetro da tubulação é dado pela fórmula 19 para QCI-B= 0,01225 m3/s e X= 0,0208,
obtém-se o valor para DCI-B= 54,7 mm. Adota-se o diâmetro comercial DN 65 mm.

A velocidade é dada pela fórmula 20, onde QCI-B= 0,01225 m3/s, diâmetro externo para aço
de DN 65= 73,0 mm, espessura e= 5,16 mm, obtendo-se para vCI-B= 3,97 m/s, menor que a
velocidade limite de 6 m/s.

7.4.16 Vazão e pressão no ponto CI

Calcula-se a perda de carga do trecho da tubulação CI-B (hpCI-B) utilizando-se a fórmula 4.


Sendo: QCI-B= 0,01225 m3/s, C= 120, dn= 0,06268m, Lr= 22,9 m; obteve-se um valor para
hpCI-B= 7,16 mca.

A pressão no ponto CI, é a soma da pressão do chuveiro fictício B, PB = 29,95 mca somado à
perda de carga entre o chuveiro fictício B e o ponto CI, hpCI-B= 7,16 mca, obtêm-se a pressão
no ponto CI, PCI= 37,11 mca ou PCI=371,1 kPa.

Como não há mais nenhuma contribuição ao ramal principal, a vazão em CI será igual à
vazão de B para CI; logo QCI= 734,95 l/min ou QCI= 0,01225 m3/s ou QCI= 44,09 m3/h.

Na tabela 18 tem-se um resumo de todo o cálculo visto:

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Tabela 18 – Resumo dos valores calculados

Vazão Pressão Diâmetro Tubulação DN Velocidade


(m3/s) (kPa) (mm) (mm) (m/s)

Chuveiro 1 0,00132 98,3 ― ― ―


Trecho 2-1 0,00132 ― 17,94 25 2,37
Chuveiro 2 0,00142 113,0 ― ― ―
Trecho 2-3 0,00274 ― 25,6 32 2,83
Chuveiro 3 0,00151 127,8 ― ― ―
Trecho 3-4 0,00425 ― 32,2 32 4,40
Chuveiro 4 0,00169 161,3 ― ― ―
Ponto A 0,00594 265,6 38,05 40 4,37
Trecho A-B 0,00594 ― 38,05 40 4,37
Ponto B 0,00631 299,5 ― ― ―
Trecho B-CI 0,01225 ― 54,7 65 3,97
Ponto CI 0,01225 371,1 ― ― ―

(fonte: elaborado pelo autor)

7.4.17 Diâmetros das canalizações de Recalque e Sucção

Em seu anexo B a NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2014) define a capacidade da bomba em função da vazão (Tabela B.3 – Dimensões nominais,
p.106), dado pela tabela 19. Para uma vazão QCI=725,23l/min tem-se DN 80 mm.

O diâmetro de sucção é um diâmetro acima do diâmetro da canalização de recalque, logo


para a sucção tem-se DN 100 mm.

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Tabela 19- Diâmetro nominal mínimo das tubulações

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

A figura 17 mostra um detalhe esquemático da planta baixa na região do ponto CI,


reservatórios e casa de bombas. Os valores de cotas e níveis são apenas representativos e
servem para que se tenha uma ideia inicial para o cálculo da altura manométrica total (hmt)
de todo o sistema.

A planilha de cálculo com todos os valores apresentados acima está no Anexo A deste
trabalho.

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Figura 17- Detalhe reservatórios e casa de bombas

(fonte: elaborado pelo autor)

7.4.18 Volume da reserva técnica de incêndio (VRTI)

O reservatório é exclusivo para os chuveiros automáticos e foi posicionado no pavimento


térreo, nível 0,00, alinhado ao ponto CI que representa a coluna de alimentação. Para o
cálculo do volume total de água necessário utiliza-se a vazão calculada QCI= 734,95 l/min

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multiplicada pelo tempo de funcionamento definido para as bombas igual a t= 30 min.


Encontrando-se o valor para o volume total de VRTI= 22030 l. A norma exige que os
reservatórios sejam compartimentados, para permitir a limpeza e manutenção, e
hermeticamente fechados. Neste caso, para reservatórios existentes no mercado, define-se o
volume total em VRTI= 24000 l, ou VRTI= 24 m3, para dois reservatórios em plástico reforçado
em fibra de vidro de volume 12000 l ou 12 m3.

7.4.19 Potência das bombas

As bombas estão no nível 0,00, junto ao reservatório e serão consideradas como afogadas. A
diferença de nível entre bombas e o ponto CI é de 80 cm, ou 0,80 m. A potência da bomba
pode ser calculada pela fórmula 22, abaixo:

(fórmula 22)

Sendo:
N = Potência da bomba (cv)
γ = Peso específico da água (kgf/m3)
QCI = Vazão total do sistema (m3/s)
PT = Pressão total do sistema (mca)
η = Coeficiente de rendimento do sistema (adimensional)

A pressão total do sistema é dada pela altura manométrica total, que é o somatório da pressão
no ponto CI, o desnível entre a bomba e o ponto CI e as perdas de carga da canalização para
sucção e recalque, dado pela fórmula 23:

(fórmula 23)

Sendo:
hmt = Altura manométrica total (mca)
PCI = Pressão no ponto CI (mca)
hgRi-CI = Desnível geométrico entre nível d’água do reservatório e ponto CI (mca)
hpMB-CI = Perda de carga na canalização de recalque (mca)
hpRi-MB = Perda de carga na canalização de sucção (mca)

Para a altura manométrica total tem-se: PCI= 37,11 mca; desnível geométrico entre nível
d’água do reservatório e ponto CI hgRi-CI= -0,80 mca; a perda total na sucção dado pela

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
86

fórmula 4 , tendo-se QCI= 0,01225 m3/s, C= 120, dn= 0,1023 m, Lr= 3,50 m e Le= 24,50 m
(considerando-se 2 registros esfera de 100 mm, dois joelhos de rosca 100 mm, uma luva de
redução 100 mm e dois tês de passagem direta de 100 mm), obteve-se um valor para a perda
na sucção de hpRi-MB= 0,80 mca ou hpRi-MB= 8,0 kPa; a perda total no recalque dado pela
fórmula 4, tendo-se QCI= 0,01225 m3/s, C= 120, dn= 0,07792 m, Lr= 5,80 m e Le= 20,80 m
(considerando-se 2 registros esfera de 80 mm, quatro joelhos de rosca 80 mm, uma luva de
redução 80-65 mm e uma válvula de governo e alarme -VGA); obteve-se um valor para
hpMB-CI= 2,88 mca ou hpMB-CI= 28,2 kPa. Substituindo-se na fórmula 23, obtém-se para a
altura manométrica total, hmt= 39,99 mca ou hmt= 399,9 kPa.

Aproximando-se o peso específico da água para γ= 1000 kgf/m3, a vazão total do sistema
QCI= 0,01225 m3/s, hmt= 39,99 mca e rendimento da bomba em 75% (0,75) obtém-se para a
potência da bomba N= 8,7 cv. Brentano (p. 431) recomenda um acréscimo de 20% na
potência calculada, obtendo-se N= 10.5 cv. Define-se a potência nominal da bomba em
N= 10 cv, uma vazão QCI = 734,95 l/min e uma altura manométrica hmt = 39,99 mca.

A figura 18 apresenta a planta baixa com o dimensionamento das canalizações, calculados


anteriormente.

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Figura 18- Distribuição dos chuveiros, área de aplicação e diâmetros das tubulações

(fonte: elaborado pelo autor)

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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8 APRESENTAÇÃO DOS CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO

Os custos de implantação do sistema de chuveiros automáticos dimensionados neste trabalho


foram estimados a partir das informações fornecidas pela empresa Macc Extintores que
possui certificação do INMETRO (INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,
QUALIDADE E TECNOLOGIA) através do Registro N° 003460/2012 e CREA-RS
(CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO RIO GRANDE DO
SUL) através do N° 95.862.

8.1 CUSTO DE IMPLANTAÇÃO

Para o cálculo do custo de implantação, foi fornecida à empresa a planta baixa da figura 17
juntamente com uma lista dos materiais básicos necessários para a implantação dos chuveiros
automáticos, conforme a tabela 20:

Tabela 20- Lista dos materiais básicos

(fonte: elaborado pelo autor)

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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Não havendo necessidade de um orçamento mais detalhado, foi solicitado à empresa um


resumo com os valores totais para material, mão de obra e manutenção:

a) Material – R$ 75.000,00 reais.


b) Mão de obra – R$ 55.000,00 reais.
c) Manutenção mensal – R$ 600,00 reais.

Para a colocação dos chuveiros, o custo total resultou igual a R$ 130.000,00, e para este caso
foi considerado uma obra padrão, não havendo qualquer dificuldade para a instalação dos
equipamentos. A manutenção é mensal, não abrangendo a troca de materiais, e segue os
parâmetros da NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2014) em seu anexo C (Tabela C.3 – Resumo de inspeções, ensaios e manutenção em
sistemas de chuveiros automáticos, p.126), conforme a tabela 21 abaixo:

Tabela 21- Resumo de inspeções, ensaios e manutenção em sistemas de chuveiros


automáticos

(fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014)

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
90

Considerando-se a manutenção mensal de R$ 600,00, o valor anual da manutenção, sem


inclusão de troca de materiais, é de R$ 7.200,00 reais.

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9 Estudo de Caso – Análise de Obra Padrão

Em todo empreendimento imobiliário, parte-se do pressuposto da necessidade de uma


avaliação do empreendimento para a verificação da viabilidade financeira e mercadológica do
mesmo. Para isto são analisados vários fatores e índices de mercado que formatarão um valor
venal de venda da respectiva obra, definindo o preço final cobrado do consumidor.

Para a análise de uma obra padrão foram adotados alguns índices oficiais para que se possa
formatar um valor venal para o tipo específico de empreendimento que foi estudado. Alguns
valores foram coletados através do mercado imobiliário e outros perante as construtoras. Os
valores aqui especificados são apenas uma estimativa, muito próxima à realizada pelos
empreendedores para viabilidade técnica e financeira de um empreendimento.

Para o cálculo dos valores foi utilizado a tabela do CUB-RS (CUSTO UNITÁRIO BÁSICO
DO RIO GRANDE DO SUL) publicado pelo SINDUSCON-RS (SINDICATO DA
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL).

Abaixo a tabela 22 com o CUB-RS para o ano de 2017.

Tabela 22- Evolução do CUB-RS para 2017

(fonte: SINDUSCON-RS)

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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9.1 CUSTO DO EMPREENDIMENTO

Para o cálculo do valor total da obra foi feito a soma dos valores: de compra do terreno, dos
projetos estrutural, arquitetônico, hidráulico e elétrico, e o custo da construção.

Cada apartamento tem 80 m2 de área útil e no mínimo uma vaga na garagem. Na análise
deste trabalho, o subsolo tem 36 vagas, o segundo pavimento, em pilotis, com mais 36 vagas
e no térreo, caso necessário, as vagas para completar uma vaga mínima por habitação.

Foram considerados para a análise, cinco tipos de edificações com os respectivos padrões
construtivos dados pela tabela 22:

a) Seis pavimentos: seis apartamentos por andar e 80m2 de área por apartamento mais
120 m2 de área de circulação e área total do tipo de 3600 m2. Utilizando-se estes
valores para padrão normal e padrão alto do CUB-RS para R8-N e R8-A,
respectivamente.
b) Oito pavimentos: seis apartamentos por andar, com 80 m2 de área por apartamento
mais 120 m2 de área de circulação e área total do tipo de 4800 m2. Utilizando-se estes
valores para padrão normal e padrão alto do CUB-RS para R8-N e R8-A,
respectivamente.
c) Dez pavimentos: seis apartamentos por andar, com 80 m2 de área por apartamento
mais 120 m2 de área de circulação e área total do tipo de 6000 m2. Utilizando-se estes
valores para padrão normal e padrão alto do CUB-RS para R16-N e R16-A,
respectivamente.
d) Doze pavimentos: seis apartamentos por andar, com 80 m2 de área por apartamento
mais 120 m2 de área de circulação e área total do tipo de 7200 m2. Utilizando-se estes
valores para padrão normal e padrão alto do CUB-RS para R16-N e R16-A,
respectivamente.
e) Quatorze pavimentos: seis apartamentos por andar, com 80 m2 de área por
apartamento mais 120 m2 de área de circulação e área total do tipo de 8400 m2.
Utilizando-se os valores para padrão normal e padrão alto do CUB-RS para R16-N e
R16-A, respectivamente.

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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9.1.1 Valor de compra do terreno

Para se chegar a valores de compra de terrenos na zona sul de Porto Alegre, foi feito contato
com a Roncatto Engenharia, empresa da área da construção que possui empreendimentos na
zona sul da cidade e os valores dos terrenos estão cotados atualmente entre R$ 1.800,00
reais/m2 a R$ 2.300,00 reais/m2. O preço varia dependendo da região e do índice de
construção. Este índice é fornecido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre e indica a
altura máxima de um empreendimento, o tipo (residencial ou comercial) e a área máxima
construída em função das dimensões do terreno (basicamente). Para simplificação, não foi
adotada nenhuma diferença de índice para as edificações analisadas, mantendo-se fixas as
dimensões do terreno e seu valor venal, e, portanto, cumprindo os parâmetros legais de
ocupação exigidos pela prefeitura.

Neste trabalho, o terreno tem dimensões de 37 m de frente por 38 m de fundos, tendo uma
área total de At= 1406 m2. Foi utilizado um valor de R$ 1.900,00 reais/m2 para edificação
com padrão normal e de R$ 2.300,00 reais/m2 para edificação com padrão alto.

Tendo-se a metragem quadrada de terreno e o preço por metro quadrado, chega-se ao valor
total do terreno de R$ 2.680.000,00 reais para padrão normal e de R$ 3.240.000,00 reais para
padrão alto. Adicionando-se o ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis) de 3,0 %,
obtêm-se os valores totais do terreno de R$ 2.760.000,00 reais para padrão normal e de
R$ 3.340.000,00 reais para padrão alto.

9.1.2 Preço dos projetos: arquitetônico, estrutural, elétrico e hidráulico

Os preços cobrados dos projetos podem ter variações substanciais entre escritórios
concorrentes, e estas variações dependem de alguns fatores: nome no mercado, custo de
funcionamento do escritório, oferta de serviços, concorrência entre empresas, etc. Estes
preços geralmente estão em função da metragem quadrada construída de um empreendimento
e, para tanto, é necessário dimensionar-se a área total deste estudo de caso. Como se tem
cinco obras diferentes, com quantidades de pavimentos tipos distintas, foi calculado
inicialmente a metragem quadrada dos pavimentos que não tem variação de área e servem
como referência para todas as edificações analisadas:

a) SUBSOLO: tendo-se a área construída com dimensões de 28,6 m por 30,2 m,

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
94

obtendo-se a área A= 864,0 m2.


b) TÉRREO: tendo-se a área construída com dimensões de 32,0 m por 35,3 m, obtendo-
se a área A= 1128,0 m2.
c) SEGUNDO: tendo-se a área construída com dimensões de 28,6 m por 30,2 m,
obtendo-se a área A= 864,0 m2.

d) COBERTURA: tendo-se a área construída com dimensões de 20,0 m por 30,0 m,


obtendo-se a área A= 600,0 m2.
e) CASA DE MÁQUINAS = tendo-se a área construída de 15,0 m por 16,0 m, obtendo-
se a área de A= 240,0 m2.
A área parcial da edificação, sem considerar o pavimento tipo, é a soma de todos os itens
acima, e equivale a AP= 3.696,0 m2.

Para análise dos exemplos, foi feita a soma das áreas totais dos pavimentos tipo, listados em
9.1, com a área parcial da edificação, AP, obtendo-se a área total construída de cada
edificação, dado pela tabela 23.

Tabela 23- Área total construída para os padrões das edificações

Nº Pav.Tipos / Padrão Edificação ÁREA CONSTRUÍDA TOTAL

6 Pav. – R8-N e R8-A 7296,0 m2

8 Pav. – R8-N e R8-A 8496,0 m2

10 Pav. – R16-N e R16-A 9696,0 m2

12 Pav. – R16-N e R16-A 10896,0 m2

14 Pav. – R16-N e R16-A 12096,0 m2

(fonte: elaborado pelo autor)

Os preços médios dos projetos estão listados abaixo:

a) Projeto Estrutural – o preço varia entre R$ 10,00 a R$ 18,00 reais/m2 de área


construída total.
b) Projeto Arquitetônico – o preço varia entre R$ 30,00 a R$ 45,00 reais/m2 de área
construída total.
c) Projeto Elétrico – o preço varia entre R$ 8,00 a R$ 15,00 reais/m2 de área construída
total.
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d) Projeto Hidráulico – o preço varia entre R$ 8,00 a R$ 15,00 reais/m2 de área


construída total.

Como existem variações grandes nos valores apresentados, fez-se pesquisa de mercado
com a Fourcorp Engenharia, especializada nestes tipos de projeto, para se ter um valor
aproximado para este trabalho, obtendo-se os valores: Projeto Estrutural no valor de R$
15,00 reais/m2 de área construída, Projeto Arquitetônico no valor de R$ 40,00 reais/m2
de área construída, Projeto Elétrico no valor de 8,00 reais/m2 de área construída e Projeto
Hidráulico no valor de R$ 12,00/m2 de área construída. Para o custo total de todos os
projetos fez-se a soma dos valores, obtendo-se R$ 75,00 reais/m2 de área construída. Para
o custo total do projeto, foi multiplicado o valor total dos projetos e a área construída total
dada pela tabela 23, obtendo-se os valores dados na tabela 24.

Tabela 24- Valor total dos projetos em função da área

Nº Pav. - Padrão – Área Total VALOR TOTAL (R$)

6 Pav. - R8-N - R8-A – 7296,0 m2 R$ 547.000,00

8 Pav. - R8-N - R8-A – 8496,0 m2 R$ 637.000,00

10 Pav. – R16-N – R16-A – 9696,0 m2 R$ 727.000,00

12 Pav. – R16-N – R16-A – 10896,0 m2 R$ 817.000,00

14 Pav. – R16-N – R16-A – 12096,0 m2 R$ 907.000,00

(fonte: elaborado pelo autor)

9.1.3 Custo da construção

Para o preço da construção, foi utilizado o valor do CUB-RS, tabela 22, para um projeto de
residência multifamiliar. Para o padrão normal de acabamento com até oito pavimentos (R8-
N) tem-se o valor de R$ 1.443,46 reais/m2 construído, para o padrão alto de acabamento com
até oito pavimentos (R8-A) tem-se o valor de R$ 1.775,23 reais/m2 construído, para o padrão
normal de acabamento até dezesseis pavimentos (R16-N) tem-se o valor de R$ 1.403,66
reais/m2 construído e para padrão alto de acabamento até dezesseis pavimentos (R16-A) tem-
se o valor de R$ 1.807,90 reais/m2 construído. Desta forma, consegue-se uma estimativa de
custo para as condições de quantidades diferentes de pavimentos com diferentes padrões de

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
96

qualidade. Estes valores foram multiplicados pela área total da construção, e os resultados
estão na tabela 25.

Tabela 25- Valor de construção

Nº Pav. - Padrão – Área Total VALOR DE CONSTRUÇÃO (R$)

6 Pav. - R8-N – 7296,0 m2 R$ 10.600.000,00

6 Pav. - R8-A – 7296,0 m2 R$ 13.000.000,00

8 Pav. - R8-N – 8496,0 m2 R$ 12.300.000,00

8 Pav. - R8-A – 8496,0 m2 R$ 15.100.000,00

10 Pav. – R16-N – 9696,0 m2 R$ 13.700.000,00

10 Pav. – R16-A – 9696,0 m2 R$ 17.600.000,00

12 Pav. – R16-N – 10896,0 m2 R$ 15.300.000,00

12 Pav. – R16-A – 10896,0 m2 R$ 19.700.000,00

14 Pav. – R16-N – 12096,0 m2 R$ 17.000.000,00

14 Pav. – R16-A – 12096,0 m2 R$ 21.900.000,00

(fonte: elaborado pelo autor)

9.1.4 Valor total da obra

Para obter-se a o valor total para o empreendimento foi feita a soma dos valores encontrados
para o valor do terreno, item 9.1.1; dos preços totais dos projetos estrutural, arquitetônico,
elétrico e hidráulico, item 9.1.2; e o valor de construção, dado pelo item 9.1.3. Os resultados
foram separados conforme o número de pavimentos (6, 8, 10, 12 ou 14 pavimentos), o padrão
da edificação (normal ou alto) e a área total de cada edificação, o que está representado na
tabela 26.

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Tabela 26- Valor total da obra

Nº Pav. - Padrão VALOR TOTAL OBRA (R$)

6 Pav. - R8-N R$ 14.000.000,00

6 Pav. - R8-A R$ 17.000.000,00

8 Pav. - R8-N R$ 16.000.000,00

8 Pav. - R8-A R$ 19.000.000,00

10 Pav. – R16-N R$ 17.500.000,00

10 Pav. – R16-A R$ 22.000.000,00

12 Pav. – R16-N R$ 19.000.000,00

12 Pav. – R16-A R$ 24.000.000,00

14 Pav. – R16-N R$ 21.000.000,00

14 Pav. – R16-A R$ 26.000.000,00

(fonte: elaborado pelo autor)

9.4 VALOR DE VENDA DO EMPREENDIMENTO

Segundo a Roncatto Engenharia, no mercado atual a cotação para venda de apartamentos na


zona sul de Porto Alegre está entre R$ 5.000,00 a R$ 8.000,00 reais o metro quadrado de área
útil do apartamento, dependendo do padrão de qualidade da obra.

Considerando-se para o padrão normal o valor de R$ 6.500,00 reais/m2 de área útil, e para o
padrão alto o valor de R$ 8.000,00 reais/m2 de área útil, multiplica-se este valor pela
quantidade de apartamentos por pavimento e o número de pavimentos tipo de cada
edificação, respectivamente ao padrão construtivo, normal ou alto.

Fazendo-se uma verificação dos valores de venda do metro quadrado de área útil, através de
pesquisa no ZAP IMÓVEIS, para a zona sul de Porto Alegre, no bairro Ipanema, chega-se a
valores muito próximos ao indicado pela Roncatto Engenharia.

Destes valores encontrados, foi descontado 6% da taxa de corretagem, obtendo-se para os


valores totais de venda indicados na tabela 27.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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Tabela 27- Valor de venda do empreendimento

Nº Pav. - Padrão – Área - Qn VALOR DE VENDA (R$)

6 Pav. - R8-N – 80,0 m2 - 36 R$ 17.500.000,00

6 Pav. - R8-A – 80,0 m2 - 36 R$ 21.700.000,00

8 Pav. - R8-N – 80,0 m2 - 48 R$ 23.500.000,00

8 Pav. - R8-A – 80,0 m2 - 48 R$ 28.900.000,00

10 Pav. – R16-N – 80,0 m2 - 60 R$ 29.400.000,00

10 Pav. – R16-A – 80,0 m2 - 60 R$ 36.000.000,00

12 Pav. – R16-N – 80,0 m2 - 72 R$ 35.200.000,00

12 Pav. – R16-A – 80,0 m2 - 72 R$ 43.300.000,00

14 Pav. – R16-N – 80,0 m2 - 84 R$ 41.000.000,00

14 Pav. – R16-A – 80,0 m2 - 84 R$ 50.500.000,00

(fonte: elaborado pelo autor)

Sendo:
Qn = Quantidade total de apartamentos na edificação.

9.5 LUCRO DO EMPREENDIMENTO

Para o cálculo do lucro utiliza-se o valor total de venda obtido em 9.4 (tabela 27) menos o
valor total da obra obtido em 9.3.4 (tabela 26), seguindo os padrões dos projetos e a
quantidade de pavimentos para cada edificação. Os valores são apresentados na tabela 28,
lucro do empreendimento.

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Carlos Lange. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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Tabela 28- Lucro do empreendimento

Nº Pav. - Padrão LUCRO (R$)

6 Pav. - R8-N R$ 3.500.000,00

6 Pav. - R8-A R$ 4.700.000,00

8 Pav. - R8-N R$ 7.500.000,00

8 Pav. - R8-A R$ 9.900.000,00

10 Pav. – R16-N R$ 11.900.000,00

10 Pav. – R16-A R$ 14.000.000,00

12 Pav. – R16-N R$ 16.200.000,00

12 Pav. – R16-A R$ 19.300.000,00

14 Pav. – R16-N R$ 20.000.000,00

14 Pav. – R16-A R$ 24.500.000,00

(fonte: elaborado pelo autor)

9.6 COMPARATIVOS DO CUSTO DE IMPLANTAÇÃO COM O VALOR


DE CONSTRUÇÃO E COM O LUCRO

Comparando-se o valor total de construção com o custo da instalação de chuveiros


automáticos, chega-se a um valor percentual deste custo:

a) 6 Pav. – R8-N: equivalente a 0,92% do custo total da construção.


b) 6 Pav. – R8-A: equivalente a 0,76% do custo total da construção.
c) 8 Pav. – R8-N: equivalente a 0,81% do custo total da construção.
d) 8 Pav. – R8-A: equivalente a 0,68% do custo total da construção.
e) 10 Pav. – R16-N: equivalente a 0,74% do custo total da construção.
f) 10 Pav. – R16-A: equivalente a 0,59% do custo total da construção.
g) 12 Pav. – R16-N: equivalente a 0,68% do custo total da construção.
h) 12 Pav. – R16-A: equivalente a 0,54% do custo total da construção.
i) 14 Pav. – R16-N: equivalente a 0,62% do custo total da construção.
j) 14 Pav. – R16-A: equivalente a 0,50% do custo total da construção.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
100

Comparando-se o lucro obtido em cada empreendimento com o custo da instalação de


chuveiros automáticos, chega-se a um valor percentual deste custo:

a) 6 Pav. – R8-N: equivalente a 3,71% do lucro total.


b) 6 Pav. – R8-A: equivalente a 2,77% do lucro total.
c) 8 Pav. – R8-N: equivalente a 1,73% do lucro total.
d) 8 Pav. – R8-A: equivalente a 1,31% do lucro total.
e) 10 Pav. – R16-N: equivalente a 1,09% do lucro total.
f) 10 Pav. – R16-A: equivalente a 0,93% do lucro total.
g) 12 Pav. – R16-N: equivalente a 0,80% do lucro total.
h) 12 Pav. – R16-A: equivalente a 0,67% do lucro total.
i) 14 Pav. – R16-N: equivalente a 0,65% do lucro total.
j) 14 Pav. – R16-A: equivalente a 0,53% do lucro total.

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10 CONCLUSÃO

A questão a ser abordada é em relação à NBR 10897 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2014) a qual não faz qualquer tipo de menção à colocação de
sprinklers em garagens residenciais. Esta omissão faz com que o projetista tenha que decidir
qual padrão de risco a ser adotado, o que pode ser um fator importante na consideração deste
e do custo final da instalação.

O objetivo principal deste trabalho, cálculo de chuveiros automáticos para uma garagem de
subsolo em prédio residencial através do cálculo hidráulico, foi atingido plenamente. Como
não existem exigências na legislação quanto a isso, pode-se extrapolar em outros trabalhos
para RISCO ORDINÁRIO I, ampliando o arcabouço teórico para este tipo de situação.
Mesmo que as quantidades de material se modifiquem, e prevendo que houvesse um
acréscimo de 50% no custo da instalação, ainda assim, se ficaria com valores baixos em
relação ao custo total da obra para sua execução.

Comparando-se o custo total da obra com o valor de instalação de chuveiros automáticos,


para a edificação com seis pavimentos e padrão normal, tem-se o maior valor percentual
equivalente ao custo total da construção, de 0,92%, e em relação ao lucro total, tem-se um
valor percentual de 3,71%. No outro extremo, para uma edificação de quatorze pavimentos e
padrão alto, tem-se o menor valor percentual ao custo total de construção, de 0,5%, e em
relação ao lucro total, tem-se um valor percentual de 0,53%. Os dois extremos mostram que
existe viabilidade econômica de implantação dos chuveiros automáticos, apenas afetando
mais expressivamente os empreendimentos com menores quantidades de pavimentos.
Entendendo que os valores apresentados necessitariam de uma avaliação mais profunda, o
resultado mostra o impacto considerado baixo sobre o custo total da edificação.

A maneira como os cálculos foram apresentados, neste trabalho, auxiliaram no


dimensionamento de uma rede de chuveiros automáticos por cálculo hidráulico, e poderão
servir de base a profissionais para auxiliar no dimensionamento de projetos reais, apenas com
a ressalva de que o projeto foi calculado para risco leve.

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
102

Sugere-se uma pesquisa com o Corpo de Bombeiros de Porto Alegre para a verificação da
incidência de incêndios em garagens residenciais. Esta informação pode influenciar empresas
de construção a adotarem os chuveiros automáticos em garagens de subsolo em prédios
residenciais. Em outra pesquisa, podem-se verificar os casos ocorridos e as providências
exigidas pelo Corpo de Bombeiros em relação ao local do sinistro, como laudo de engenheiro
em relação à estrutura, custo de reformas, etc.. Outra sugestão seria aprofundar-se o cálculo
dos custos de construção de uma edificação para se ter um real valor do preço total de uma
edificação, obtendo-se um comparativo em relação ao custo de instalação de chuveiros
automáticos mais próximos da realidade.

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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16400 –chuveiros


automáticos para controle e supressão de incêndios. Rio de Janeiro, 2015.

_____. NBR10897 – proteção contra incêndio por chuveiro automático. Rio de Janeiro, 2014.

_____. NBRISO 7240-20 – sistemas de detecção e alarmes de incêndio. Rio de Janeiro,


2016.

_____. NBR13714 – sistemas de hidrantes e mangotinhos para combate a incêndios. Rio de


Janeiro, 2011.

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ANEXO A – Planilha de cálculo do dimensionamento por cálculo


hidráulico

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
108

Metodo hidraulico de dimensionamento de sistemas automaticos

1- Norma 10897

2-Classificação do risco
Risco Leve

3-Area máxima de cobertura por chuveiro automatico


Tabela 10 pag 35
Ac <= 20,9 m2

Chuveiro de cobertura padrão tipo spray

4- Espaçamento maximo entre chuveiros


Tabela 10 pag 35
Dmax 4,6 m

5- Area maxima de protecao por coluna de alimentação


Amx 4800 m2

6- Lançamento da rede de chuveiros automaticos

Espaçamentos adequados 4,50 x 4,30 19,35 m2


4,60 x 4,50 20,7 m2

Adotado 4,5 4,3 Ac 19,35 m2

7- Ecolha da area de aplicacao e densidade


PS PM PI
Area de aplicacao 280 220 140
densidade de agua 3,2 3,65 4,1
N de chuceiros na area 14 11 7
Vazao no chuveiro 66,88 76,285 85,69
Volumen de agua 28090 25174 17995
Tempo 30

Escolhido PI -- ponto inferior

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Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
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Perda de carga Caço 120 Lr 4,5 m


Caço 120

hp21= 1,471682

P2=P1+hp21 P2= 11,30 mca

Q2=K*(P2^.5) Q2= 85,06 l/min

14- Vazao e pressao no chuveiro 3

Q32 164,40 l/min Vazao no trecho 3-2


0,00274 m3/s
d32 = 1,3 * (Q32^.5) * (X^.25) Vazao em m3/s

X= 0,020833

d32= 0,025853 m
25,85284 mm

Adotado dn32 32 mm
di32 35,08 mm

V32 = Q32 / A32 2,83 m/s <6.0 ok

Perda de carga Caço 120 Lr 4,5 m


Caço 120

hp32= 1,48 mca

P3=P2+hp32 P3= 12,79 mca

Q3=K*(P3^.5) Q3= 90,48 l/min

15- Vazao e pressao no chuveiro 4

Q43 254,88 l/min Vazao no trecho 3-2


0,004248 m3/s
d43 = 1,3 * (Q43^.5) * (X^.25) Vazao em m3/s

X= 0,020833

d43= 0,03219 m
32,19024 mm

Adotado dn43 32 mm
di43 35,08 mm

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111

V43 = Q43 / A43 4,40 m/s <6.0 ok

Perda de carga Caço 120 Lr 4,5 m


Caço 120

hp43= 3,34 mca

P4=P3+hp43 P4= 16,13 mca

Q4=K*(P4^.5) Q4= 101,62 l/min

16- Vazao e pressao no ponto A

QA 356,50 l/min Vazao no trecho 3-2


0,005942 m3/s
dA4 = 1,3 * (QA4^.5) * (X^.25) Vazao em m3/s

X= 0,020833

dA4= 0,03807 m
38,07046 mm

Adotado dnA4 40 mm
diA4 41,6 mm

VA4 = QA4 / AA4 4,37 m/s <6.0 ok

Perda de carga Ccobre 120 Lr 15,1 m


Ccobre20anos 120 leq 2,28

hpA4= 10,48 mca

PA=P4+hpA4 PA= 26,62 mca

Fator de vazao em A KA= 69,10 l/min.mca1/2

17- Vazao e pressao no ponto B

QBA 356,50 l/min Vazao no trecho 3-2


0,005942 m3/s
dBA = 1,3 * (QBA^.5) * (X^.25) Vazao em m3/s

X= 0,020833

dBA= 0,03807 m
38,07046 mm

Adotado dnBA 40 mm
diBA 41,6 mm

Sistema de combate a incêndios por chuveiros automáticos: garagem de subsolo em prédio residencial
112

VBA = QBA / ABA 4,37 m/s <6.0 ok

Perda de carga Ccobre 120 Lr 4,3 m


Ccobre20anos 120 leq 1,33 m
Total 5,63 m
hpBA= 3,39 mca

PB=PA+hpBA PB= 30,00 mca

QB=KA * (PB^.5) QB= 378,54 l/min

18- Vazao e pressao no ponto C

QCI-B 735,02 l/min Vazao no trecho 3-2


0,01225 m3/s
dCB = 1,3 * (QCB^.5) * (X^.25) Vazao em m3/s

X= 0,020833

dCI-B= 0,054665 m
54,6647 mm

Adotado dnCI-B 65 mm
diCIB 62,68 mm

VCB = QCB / ACB 3,97 m/s <6.0 ok

Perda de carga Caço 120 Lr 22,9 m


Caço 120 leq

hpCI-B= 7,16 mca

PCI=PB+hpCI-B PC= 37,16 mca

QC=KA * (PC^.5) QC= 0,00 l/min

19- Vazao total do sistema de chuveiros automaticos

QCI=QA+QB QCI= 735,02 l/min


0,01225 m3/s
44,1 m3/h

20- Diametro da canalização de recalque NBR 80mm


Conferindo:
dCI = 1,3 * (QCI^.5) * (X^.25)

X= 0,020833 dCI= 0,054665 m


54,6647 mm

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113

Adotado dnCI 80 mm
diCI 76 mm

VCI = QCI / ACI 2,68 m/s <6.0 ok

21- Diametro da canalizacao de sucção

dS= 1 acima do adotado no recalque


Adotado
dnS 100 mm
diS 101 mm

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