Modelo Elétrico Da Impedância Do Transformador Baseado em Células RLC Passivas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ROGÉRIO COELHO GUIMARÃES

MODELO ELÉTRICO DA IMPEDÂNCIA DO TRANSFORMADOR


BASEADO EM CÉLULAS RLC PASSIVAS

Porto Alegre
2010
ROGÉRIO COELHO GUIMARÃES

MODELO ELÉTRICO DA IMPEDÂNCIA DO TRANSFORMADOR


BASEADO EM CÉLULAS RLC PASSIVAS

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para
a obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica.
Área de concentração: Sistemas de Energia

ORIENTADOR: Roberto Petry Homrich

Porto Alegre
2010
ROGÉRIO COELHO GUIMARÃES

MODELO ELÉTRICO DA IMPEDÂNCIA DO TRANSFORMADOR


BASEADO EM CÉLULAS RLC PASSIVAS

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do


título de Mestre em Engenharia Elétrica e aprovada em sua
forma final pelo Orientador e pela Banca Examinadora.

Orientador: _____________________________________________
Prof. Dr. Roberto Petry Homrich, UFRGS
Doutor pela Universidade Estadual de Campinas – Campinas, Brasil

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Ály Ferreira Flores Filho, UFRGS


PhD pela Cardiff University - Cardiff, País de Gales, GB

Prof. Dr. Lúcio Almeida Hecktheuer, IFSul


Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Brasil

Prof. Dr. Luiz Tiarajú dos Reis Loureiro, UFRGS


Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Brasil

Prof. Dr. Marcos Teló, PUC-RS


Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, Brasil

Coordenador do PPGEE: _______________________________

Prof. Dr. Alexandre Sanfelice Bazanella

Porto Alegre, julho de 2010.


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais e minha família, os quais sempre acreditaram na minha

capacidade e perseverança em todos os projetos que participei.


AGRADECIMENTOS

- A Deus, que sempre está do nosso lado.

- Ao Professor Dr. Roberto Petry Homrich, orientador do trabalho, pelo seu conhecimento

transmitido e sensibilidade, contribuindo com sugestões valiosas para o desenvolvimento

deste trabalho e pelo estímulo e apoio nos momentos em que mais necessitamos.

- Aos Professores Dr. Roger Hoefel, Dr. Alexandre Sanfelice Bazzanela, Dr. Adalberto

Schuck, Dr. Arturo Suman Bretas e Dra. Gladis Bordin pelos conhecimentos transmitidos e

pela oportunidade de aprendizado.

- Ao Engenheiro Eletricista Marcelo Paulino, da Adimarco Representações e Serviços Ltda.,

pelas informações técnicas fornecidas durante o trabalho de pesquisa.

- Ao Sr. Gilmar Genoin, da WEG Equipamentos Elétricos S.A., pelas informações técnicas

fornecidas para a realização do trabalho de pesquisa.

- Aos meus pais, Joaquim (in memoriam) e Daura, pelos exemplos de caráter e de dedicação,

sempre investindo na Educação como o maior “tesouro” a ser deixado às gerações futuras.

- A minha esposa Ester e aos meus filhos Mariana e Eduardo pela compreensão, pelo

companheirismo e pelo incentivo dado durante todo este período de desafios e de

aprendizado pelo qual passamos.

- À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e a

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação – SETEC por

promover este MINTER.


RESUMO

No novo contexto do setor elétrico brasileiro, as concessionárias passam a ter uma nova postura
quanto à gestão. A energia elétrica, como produto, como negócio, deve levar lucro às empresas
concessionárias. Começam a dar mais importância aos custos, entendendo que vários aspectos
técnicos devem ser analisados, visando reduzir perdas substanciais.
Assim sendo, o transformador de potência assume uma posição destacada, considerando sua
posição estratégica no sistema elétrico, fundamental no processo de transporte e entrega de energia
elétrica. Por este motivo vem despertando o interesse no desenvolvimento de estudos e pesquisas no
sentido de aumentar sua vida útil.
O método de Análise da Resposta em Frequência da impedância do transformador permite obter a
“assinatura” do mesmo, a fim de verificar futuras degradações. Este método é adotado por várias
empresas em todo o mundo, há mais de três décadas.
Embora sua ampla aplicação entre muitas técnicas utilizadas na monitoração e análise de falhas em
equipamentos, até agora não houve consenso na interpretação dos resultados obtidos por este
método. A dificuldade de correlacionar parâmetros com prováveis falhas tem suscitado pesquisas
para obtenção de resultados confiáveis e de interpretação fácil.
Este trabalho objetiva determinar um modelo elétrico que represente a característica da resposta em
frequência para fins de armazenamento de dados e simulações. A partir de dados reais do teste de
resposta em frequência da impedância inseridos no modelo proposto, através de um programa
computacional, foi verificada a confiabilidade nas respostas obtidas, comparadas com as reais. Os
resultados obtidos asseguram que o modelo proposto é viável de ser aplicado.

Palavras-chave: setor elétrico, transformadores de potência, análise de resposta em


frequência.
ABSTRACT

In the new context of the Brazilian electric industry, the electric power provider companies have
adopted a new administration posture. The electric power, as a product and business, should make
the companies profitable. They have been paying more attention to the costs, .learning that many
technical aspects should be analyzed in order to reduce substantial losses.
Therefore, the power transformer takes an outstanding position, considering its strategic position in
the electric system and being essential in the process of transport and delivery of the electric power.
For this reason, there has been an interest in the development of studies and research in order to
increase its useful life.
The method of Frequency Response Analysis of impedance of the power transformer permits to
obtain reference parameters of this one, in order to verify future degradations. This method has
been adopted by many companies throughout the world for over three decades.
Despite its wide application among several techniques used in the supervision and analysis of faults
of equipments, there has been no consensus in the interpretation of the results obtained by this
method so far. The difficulty of correlating the parameters with probable faults have increased
research in order to obtain reliable results and of easy interpretation.
This study aims to determine an electric model that represents the characteristic of the frequency
response in order to store data and simulations. Starting from the real data of the FRA test inserted
in the proposed model through a computer program, the reliability of the obtained responses were
verified and compared with the real data. The obtained results assure that the proposed model is
viable and can be applied.

Keywords: electric industry, power transformers, frequency response analysis.


SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................... 8


LISTA DE TABELAS...................................................................................... 10
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................ 11
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14
1.1 OBJETIVOS GERAIS .................................................................................... 16
1.2 METODOLOGIA ............................................................................................ 17
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................... 18
2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 19
3 TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA ......................................................... 23
3.1 ASPECTOS CONSTRUTIVOS ..................................................................... 24
3.2 FALHAS ........................................................................................................... 31
3.3 MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO .................................................................. 37
4 FUNDAMENTOS DO ENSAIO FRA ........................................................... 41
5 MODELO CLÁSSICO DO TRANSFORMADOR ...................................... 46
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................... 50
6.1 CIRCUITO RLC PARALELO ...................................................................... 50
6.2 ANÁLISE DE RESPOSTA EM FREQUÊNCIA .......................................... 52
7 MODELO PROPOSTO .................................................................................. 54
8 ESTUDO DE CASOS ...................................................................................... 68
8.1 CASOS ESTUDADOS ..................................................................................... 68
8.1.1 CASO 1 ............................................................................................................. 69
8.1.2 CASO 2 ............................................................................................................. 74
8.1.3 CASO 3 ............................................................................................................. 78
8.2 RESULTADOS OBTIDOS ............................................................................. 83
9 CONCLUSÕES ................................................................................................ 84
9.1 PROPOSTA PARA FUTURAS PESQUISAS .............................................. 85
10 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 87
11 Anexo I .............................................................................................................. 89
12 Anexo II ............................................................................................................ 91
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 Comportamento do módulo da impedância de um circuito RLC


paralelo em função da frequência ......................................................... 17
Figura 3.1 Subestação da Votorantin em Pecém-CE ............................................... 23
Figura 3.2 Núcleo de um transformador trifásico ................................................... 25
Figura 3.3 Montagem do enrolamento ................................................................... 26
Figura 3.4 Enrolamentos de AT com terminais para ligações no comutador ......... 27
Figura 3.5 Parte ativa de um transformador trifásico - comutador sob carga na 28
Figura 3.6 AT Estufa para o tratamento da parte ativa .......................................... 29
Figura 3.7 Colocação da parte ativa no tanque ...................................................... 30
Figura 3.8 Transformador trifásico ......................................................................... 31
Figura 3.9 Tipos e quantidade de falhas identificadas nos transformadores
inspecionados (Bechara, 2009) .............................................................. 36
Figura 3.10 Medição de relação de transformação .................................................. 38
Figura 3.11 Defeito constatado no enrolamento através do ensaio ........................ 40
Figura 4.1 Bobina experimental. (a) posição inicial (b) posição final ..................... 42
Figura 4.2 Curvas obtidas através do ensaio FRA (adaptado de MCGrail, 2005) .. 43
Figura 5.1 Modelo elétrico clássico para o transformador ..................................... 46
Figura 5.2 Comportamento do módulo da impedância de um transformador real 48
Figura 6.1 Circuito RLC paralelo .............................................................................. 50
Figura 7.1 Modelo proposto no domínio frequência consistituído por células RLC 54
Figura 7.2 Fluxograma do modelo proposto ........................................................... 55
Figura 7.3 Curva do módulo da impedância x frequência ...................................... 56
Figura 7.4 Curva de fase x frequência ..................................................................... 57
Figura 7.5 Frequências de ressonância significativas para o modelo ..................... 58
Figura 7.6 Curva do módulo da impedância x frequência para cada célula RLC . 65
Figura 7.7 Curva do módulo da impedância x frequência obtida através de
ensaio ..................................................................................................... 66
Figura 7.8 Curva do módulo da impedância x frequência obtida das células RLC .. 66
Figura 8.1 Resposta em frequência do módulo da impedância (caso 1) ................. 69
Figura 8.2 Resposta em frequência: ângulo de fase (caso 1) .................................. 70
Figura 8.3 Resposta em frequência do módulo da impedância de cada célula
(caso 1) ................................................................................................... 70
Figura 8.4 Ângulo de fase a partir das células identificadas (caso 1) ..................... 71
Figura 8.5 Resposta em frequência do módulo da impedância calculada (caso 1) . 71
Figura 8.6 Ângulos de fase calculados (caso 1) ....................................................... 72
Figura 8.7 Comparação da resposta em frequência: módulos das impedâncias
(caso 1) ................................................................................................... 72
Figura 8.8 Comparação da resposta em frequência: ângulos de fase (caso 1) ....... 73
Figura 8.9 Resposta em frequência do módulo da impedância (caso 2) ................ 74
Figura 8.10 Resposta em frequência: ângulo de fase (caso 2) .................................. 74
Figura 8.11 Resposta em frequência do módulo da impedância de cada célula
(caso 2) ................................................................................................... 75
Figura 8.12 Ângulos de fase a partir das células identificadas (caso 2) .................... 75
Figura 8.13 Resposta em frequência do módulo da impedância calculada (caso 2) . 76
Figura 8.14 Ângulo de fase calculado (caso 2) ......................................................... 76
Figura 8.15 Comparação da resposta em frequência: módulos das impedâncias
(caso 2) ................................................................................................... 77
Figura 8.16 Comparação da resposta em frequência: ângulos de fase (caso 2) ....... 77
Figura 8.17 Resposta em frequência do módulo da impedância (caso 3) ................. 78
Figura 8.18 Resposta em frequência: ângulo de fase (caso 3) .................................. 79
Figura 8.19 Resposta em frequência do módulo da impedância de cada célula
(caso 3) ................................................................................................... 79
Figura 8.20 Ângulo de fase a partir das células identificadas (caso 3) ..................... 80
Figura 8.21 Resposta em frequência do módulo da impedância calculada (caso 3) . 80
Figura 8.22 Ângulo de fase calculado (caso 3) .......................................................... 81
Figura 8.23 Comparação da resposta em frequência: módulos das impedâncias
(caso 3) ................................................................................................... 82
Figura 8.24 Comparação da resposta em frequência: ângulos de fase (caso 3) ....... 82
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Universo de transformadores de potência ................................................ 35


Tabela 3.2 Levantamento estatístico de falhas em transformadores de potência ...... 36
Tabela 4.1 Grau de deformação e fator de avaliação ................................................. 44
Tabela 4.2 Relação faixa de frequência e fator de avaliação ..................................... 44
Tabela 7.1 Conversão de unidade para frequências de .............................................. 59
Tabela 7.2 Valores das resistências para as respectivas frequências de ressonância 59
Tabela 7.3 Frequências de meia potência inferior e superior para cada frequência
de ressonância definida para o modelo (rad/s) ......................................... 60
Tabela 7.4 Largura de faixa para cada frequência de ressonância ............................ 61
Tabela 7.5 Valores dos fatores de qualidade ............................................................. 62
Tabela 7.6 Valores das indutâncias para as respectivas frequências de ressonância 63
Tabela 7.7 Valores das capacitâncias para as respectivas frequências de
ressonância ............................................................................................... 63
Tabela 7.8 Células RLC para o equipamento analisado ............................................ 64
Tabela 8.1 Valores de R, L e C para cada célula (caso 1) ......................................... 73
Tabela 8.2 Valores de R, L e C para cada célula (caso 2) ......................................... 78
Tabela 8.3 Valores de R, L e C para cada célula (caso 3) ......................................... 83
LISTA DE ABREVIATURAS

A: Ampère

a: Relação de transformação

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica

ANSI: American National Standards Institute

AT: Alta tensão

ATP: Alternative Transients Program

B: Largura de faixa

BT: Baixa tensão

C: Capacitância

F: Farad

f: Frequência

FRA: Frequency Response Analysis

H: Henry

Hz: Hertz

IEC: International Electrotechnical Commission

IEEE: Institute of Electrical and Electronics Engineers

Iin: Corrente imposta pela fonte do circuito

Ip: Corrente no enrolamento primário

Is: Corrente no enrolamento secundário

kHz: Quilo Hertz


kV: Quilo Volt

L: Indutância

Lm: Indutância de magnetização do transformador

Lp: Indutância de dispersão do enrolamento primário

LVI: Low Voltage Impulse

MHz: Mega Hertz

MME: Ministério de Minas e Energia

MVA: Mega Volt-Ampère

Q: Fator de qualidade

R: Resistência elétrica

rad/s: Radianos por segundo

Rc: Resistência de perdas no núcleo

RHF: Resistência de alta frequência

RLC: Conjunto Resistência-Indutância-Capacitância

RLF: Resistência de baixa frequência

Rm: Resistência de magnetização

RMF: Resistência de média frequência

Rp: Resistência elétrica do enrolamento primário

Rs: Resistência elétrica do enrolamento secundário

S: Siemens

V: Volt

VFT: Very Fast Transient

Vout: Tensão de saída

Vp: Tensão no enrolamento primário

Vs: Tensão no enrolamento secundário

Xm: Reatância de magnetização


Xp: Reatância de dispersão do enrolamento primário

Xs: Reatância de dispersão do enrolamento secundário

Y: Admitância

Z: Impedância

Zp: Impedância primária

Ω: Ohm

ω LO : Frequência angular de meia potência inferior

ω HI : Frequência angular de meia potência superior

ωo: Frequência angular de ressonância


14

1 INTRODUÇÃO

A modernização do setor elétrico brasileiro teve como marco a Lei de Concessões de

Serviços Públicos, Lei 8.987 de 13 de fevereiro de 1995 e a Lei 9.427/1996, que trata da

criação da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, autarquia em regime especial,

vinculada ao Ministério de Minas e Energia – MME.

A ANEEL estabeleceu, de forma atualizada e consolidada, as Condições Gerais de

Fornecimento de Energia Elétrica, através da Resolução nº 456, de 29 de novembro de 2000.

Dentro deste novo contexto, as concessionárias começaram a ter uma nova postura

quanto à gestão do setor elétrico, tendo em vista que o Estado deixou de ser o único

investidor.

Com a privatização do setor elétrico, as empresas tratam a energia elétrica como um

produto, um negócio, e como tal deve reverter em lucro. Com isso, os investimentos feitos

pelas empresas concessionárias foram significativos, buscando qualificar ainda mais o sistema

elétrico nacional e assim dar mais segurança e confiabilidade no atendimento ao consumidor

final.

O sistema elétrico é composto de um substancial número de equipamentos, materiais e

acessórios que levam a energia elétrica desde o ponto de geração até o ponto de consumo.

Dentre os equipamentos utilizados, destacamos o transformador de potência,

considerando sua importância estratégica no processo de transporte e entrega da energia

elétrica.
15

Nessa nova realidade, onde temos a competição instalada entre as operadoras, deixar de

atender o consumidor causa pesadas multas aplicadas pela ANEEL, significando perda de

receita das empresas. Portanto, elas começam a dar mais importância aos custos entendendo

que vários aspectos técnicos devem ser analisados, visando reduzir perdas significativas.

Passam a valorizar ainda mais a conservação e manutenção de seus equipamentos, sendo o

transformador um dos mais visados. A longevidade dos transformadores é fundamental, pois

são equipamentos caros e colocados em pontos estratégicos do sistema elétrico, não podendo

ocorrer danos frequentes.

Os fabricantes de transformadores de potência, por sua vez, estão sempre procurando

evoluir na tecnologia de seus produtos, proporcionando mais qualidade e custos compatíveis

com o mercado, agregando mais segurança e aumento da vida útil. Isto ocorre desde o projeto

do transformador, passando pela escolha de materiais a serem empregados na construção, pela

qualificação da mão-de-obra e pelo conjunto de testes realizados antes da entrega do produto.

Por outro lado, as concessionárias começam a dar mais atenção aos resultados dos

testes apresentados pelos fabricantes, compreendendo que vários aspectos técnicos podem ser

analisados e prováveis problemas futuros podem ser evitados ou minimizados.

O transformador de potência, por estar localizado em posição fundamental no sistema,

desperta o interesse no desenvolvimento de estudos e pesquisas no sentido de realizar a

modelagem de um transformador de potência, em especial a sua resposta em frequência,

caracterizando-a, objetivando a armazenagem de dados e simulações, confrontando com

dados originados pelos ensaios feitos por fabricantes.


16

No âmbito das pesquisas, muito tem sido feito quando se trata de ensaios em resposta

em frequência, considerando que há três décadas são aplicados testes de Análise em Resposta

em Frequência (FRA) e os diversos grupos de estudo ainda não entraram em consenso para

regulamentação dessa técnica. O problema principal em relação ao teste FRA é a

interpretação dos dados oriundos do método e a correspondente identificação de falhas ou

tendências de falhas no transformador de potência. A não definição de parâmetros

correlacionados às prováveis falhas tem suscitado pesquisas que levem a resultados confiáveis

e de fácil interpretação.

Esta realidade tem motivado o desenvolvimento de um modelo elétrico da impedância

do transformador com base em rede de células RLC passivas, sendo apresentado como uma

proposta para chegarmos à obtenção de parâmetros que satisfaçam as necessidades de

interpretação de dados a partir do teste FRA.

1.1- OBJETIVOS GERAIS:

Este trabalho visa desenvolver um modelo elétrico de um transformador com base em

rede de células compostas de circuitos RLC passivas obtendo-as a partir do comportamento

da impedância, no domínio frequência, do referido transformador.

Através do modelo proposto obteremos os parâmetros que serão simulados e

comparados com os dados resultantes de testes reais através do método de resposta em

frequência da impedância, objetivando uma interpretação que satisfaça as necessidades de

rapidez e confiabilidade.
17

1.2- METODOLOGIA:

O modelo proposto é baseado em medições obtidas em transformadores de potência

existentes em subestações ou que ainda estejam nos pátios dos fabricantes.

A técnica consiste em comparar dados originados pelo método da resposta em

frequência da impedância e os obtidos pelo modelo proposto. São avaliadas as impedâncias e

admitâncias em relação à frequência, sendo gerados pelo modelo um conjunto equivalente de

resistores, capacitores e indutores.

Um arranjo RLC paralelo produz um ponto máximo (Figura 1.1), ou seja, um ponto de

ressonância. No modelo proposto, serão dimensionadas células compostas de arranjos RLC

paralelo, de acordo com o número de pontos de ressonância encontrados.

Figura 1.1. Comportamento do módulo da impedância de um circuito RLC paralelo em


função da frequência.

Assim, na varredura de frequência, podemos dimensionar várias células com circuitos

RLC paralelo. Os dados obtidos permitirão verificar o ajustamento do modelo proposto em

relação aos valores reais medidos e assim viabilizar o armazenamento de dados e simulações.
18

1.3- ESTRUTURA DO TRABALHO:

Esta dissertação foi estruturada conforme descrito a seguir:

O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica referente à análise da resposta em

frequência. No Capítulo 3 é feita uma abordagem sobre o transformador de potência,

descrevendo aspectos construtivos e de manutenção. Como este equipamento é o principal

elemento da pesquisa, entendemos pertinente caracterizá-lo e assim servir de base de

conhecimento para a elaboração do modelo elétrico. No capítulo 4 é tratado o fundamento do

ensaio FRA. O modelo clássico do transformador é abordado no Capítulo 5. O Capítulo 6

descreve uma sucinta fundamentação teórica relativa aos circuitos RLC paralelo.

A apresentação de um modelo elétrico da impedância do transformador com base em

rede de células RLC passivas está descrita no Capítulo 7. Já o Capítulo 8 descreve estudos de

casos, onde o modelo proposto é experimentado. No Capítulo 9 são apresentadas as

conclusões deste trabalho e as perspectivas futuras de novas investigações referentes ao tema

central.
19

2 REVISÃO DA LITERATURA

Em 1978, Dick e Erven, foram os primeiros a propor o método de análise de resposta

em frequência (FRA) para medir externamente deformações nos enrolamentos de

transformadores de potência, sendo este método uma alternativa ao método de impulso de

baixa tensão (LVI), até então usado como ferramenta de manutenção.

Tony McGrail (2005), em seu artigo, relata que a Análise de Resposta em Frequência

(FRA) é uma técnica bem conhecida em testes elétricos. É a razão de uma entrada de tensão

ou corrente por uma saída de tensão ou corrente. Desde o trabalho pioneiro de Dick e Erven

para a Ontario Hydro nos últimos anos da década de 1970, o FRA tem sido aplicado para

investigar a integridade mecânica dos transformadores de potência. Experiências tem

mostrado o modo de executar as medições com sucesso no campo e o modo de interpretar os

resultados.

Em 2002, Pleite et ali, apresentaram uma proposta de modelagem de transformador em

resposta em frequência para desenvolver técnicas avançadas de manutenção. São

especialmente aplicadas para detectar deslocamentos nos enrolamentos dentro dos

transformadores. Segundo os autores, o principal problema sobre técnicas FRA é interpretar

os resultados obtidos em resposta em frequência, não só falhas detectadas como tendências a

falhas no transformador. Buscando uma solução deste problema, os autores apresentaram uma

proposta de ferramenta de modelagem usando a resposta em frequência medida no

transformador. Nesse artigo, os autores ressaltaram que o procedimento de modelagem do

transformador para resposta em frequência tivesse especial cuidado para garantir um

significado físico do transformador medido. Portanto, a modelagem é útil para o método FRA
20

em transformadores. Essas técnicas são baseadas na comparação entre a resposta em

frequência medida e os dados de referência do transformador. Se existem alterações

significativas, então algum dano ocorreu no interior do transformador. Alguns resultados

experimentais foram apresentados, os quais mostram que há um bom desempenho da

modelagem proposta.

O procedimento da modelagem apresentado no artigo referido no parágrafo acima pode

ser estendido a outras diferentes aplicações na Engenharia (sistema térmico, sistemas

mecânicos, etc.), sendo adaptados os modelos e algoritmos para o projeto particular ou

sistema no qual podemos estar interessado.

Larry Coffeen e Charles Sweetser (2002) analisando vários aspectos do método FRA

concluíram que este é uma valiosa ferramenta para verificação da integridade geométrica de

máquinas elétricas, especialmente os transformadores. A técnica FRA proporciona

informações de diagnóstico interno por procedimentos não-intrusivos.

Stefan Tenbohlen e Simon A. Ryder (2003) analisaram e fizeram uma comparação

entre dois métodos utilizados para diagnosticar possíveis defeitos nos transformadores.

Compararam os métodos de varredura de frequência e impulso de baixa tensão.

Concluíram que o método impulso de baixa tensão apresenta alguns pontos negativos,

tais como a resolução de frequência é limitada em até 2,5 MHz, e para baixas frequências é

insuficiente. Isto dificulta detectar as faltas elétricas e filtrar ruídos na saída. A quantidade de

potência injetada no teste é diferente para diferentes frequências. Isso leva a diferenças na

precisão sobre a frequência limite. Obtem, somente, as medições de transferência de tensões

(não mede impedância terminal). Muitos equipamentos são necessários para fazer as medidas.
21

Como aspectos positivos, o método LVI permite que algumas funções de transferência

possam ser medidas simultaneamente e o tempo de realizar cada medição é tipicamente em

torno de 1 minuto.

Já o método varredura de frequência apresenta algumas desvantagens em relação ao

outro método citado. Segundo os autores, apenas uma medição pode ser realizada por vez, ou

seja, não é possível a determinação simultânea de funções de transferência. O tempo de

realização de cada medição será tipicamente de alguns minutos, dependendo do número de

pontos e do grau de filtragem.

Nos pontos considerados vantajosos, destacam-se o alto sinal em proporção ao ruído.

Isto permite filtrar uma faixa de ruídos. Também, uma grande faixa de frequências pode ser

aplicada no teste (até 10 MHz). É possível usar uma resolução fina de frequência para baixas

frequências. Alternativamente, a resolução de frequência pode ser adaptada para a faixa de

frequência medida. Além das medições de tensão de transferência entre enrolamentos, é

possível a medição de impedância terminal. Adicionalmente, apenas um equipamento é

necessário para fazer as medidas.

S. Birlasekaran e Fred Fetherson (1999) investigaram a aplicabilidade de sua técnica de

manutenção preditiva para diagnosticar falhas no transformador de potência, caracterizar o

transformador numa frequência plana para operação segura, e desenvolver a técnica de

monitoramento on line. A efetividade dessa técnica foi demonstrada num transformador

abrigado de 2,5 MVA para a High Voltage Laboratory of Pacific Power International (PPI) e

também testado em três transformadores de campo. A técnica on line é verificada num

transformador monofásico, na alta tensão.


22

Nessa pesquisa os autores chegaram a conclusão de que a técnica proposta foi bem

desenvolvida. O método é muito sensível e pode detectar faltas maiores ou menores com

suficiente seletividade. Três configurações do método, Low Voltage Out (LVO), High Voltage

Out (HVO), e Transfer Voltage (TransfV), para uma faixa de frequência selecionada, são de

grande importância na identificação de faltas, com o máximo de sensibilidade e seletividade.

Outra vantagem é que a técnica proposta pode monitorar faltas on line, estimando elevação de

L ou carga de C, com mais sensibilidade quando o transformador está operando.


23

3 TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA

Os transformadores de potência são equipamentos elétricos estáticos compostos de dois

ou mais circuitos elétricos, os quais são acoplados magneticamente. Nos sistemas elétricos de

potência, são equipamentos importantes e de alto custo.

A principal função desse equipamento é a transferência de potência, por meio da

indução eletromagnética, transformando tensões e correntes alternadas entre dois ou mais

circuitos, sem alterar a frequência. Quando o equipamento está em operação, são detectadas

algumas falhas, as quais podem ser originadas durante o processo de construção do

transformador, no transporte, no seu funcionamento ou na sua manutenção (DEMARTINI,

2007). A Figura 3.1 ilustra uma aplicação do transformador de potência.

Figura 3.1. Subestação da Votorantin em Pecém-CE (WEG, 2008).


24

3.1-ASPECTOS CONSTRUTIVOS:

Os transformadores são construídos com as mais diversas características, as quais

dependem do tipo de carga que se deseja alimentar, bem como o ambiente onde estes

equipamentos deverão ser instalados. Cada transformador exige um projeto específico, que

depende de algumas características próprias, tais como: potência, tensão de trabalho, corrente

e frequência.

O processo de fabricação e a linha de produção das fábricas de transformadores são, de

maneira geral, semelhantes, porém apresentando sensíveis diferenças quanto aos recursos

técnicos disponíveis, o que muitas vezes implicam a qualidade final do equipamento

(MAMEDE, 2005).

O processo de fabricação de um transformador divide-se nas seguintes etapas:

- montagem do núcleo;

- bobinagem;

- montagem da parte ativa (núcleo e enrolamentos);

- tratamento térmico;

- montagem final;

-ensaios.

A) Núcleo:

O núcleo é constituído de uma grande quantidade de chapas de ferro-silício de grãos

orientados, montadas em superposição. A Figura 3.2 ilustra o núcleo de um transformador e

alguns elementos de fixação.


25

Figura 3.2. Núcleo de um transformador trifásico (Demartini, 2007).

As chapas de ferro-silício são ligas que contém em torno de 5% de silício, cuja função é

reduzir as perdas por histerese e aumentar a resistividade do núcleo a fim de reduzir as

correntes parasitas.

Com o núcleo completamente montado e prensado, são enroladas algumas espiras

provisórias sobre as colunas, aplicando-se uma tensão para produzir a indução nominal de

operação do núcleo. Desta forma, são verificadas as perdas, a corrente de excitação percentual

e eventuais zonas de aquecimento irregular.

B) Enrolamentos:

Os enrolamentos são os componentes mais complexos do transformador, exigindo

rigorosos requisitos de qualidade nesse setor, bem como profissionais experientes no processo

de bobinagem.
26

Eletricamente, devem possuir características de isolamento para sua classe de tensão e

temperatura de operação compatível com sua classe de temperatura. No aspecto mecânico, os

enrolamentos estão sujeitos a grandes esforços oriundos das forças mecânicas de origem

eletromagnética que atuam durante curtos-circuitos que ocorrem no sistema elétrico em que

estão inseridos.

A montagem dos enrolamentos (Figura 3.3), tanto primários como secundários, e

terciários em alguns casos, se processa paralelamente ao corte das chapas do núcleo.

Figura 3.3. Montagem do enrolamento (Demartini, 2007).

Como o material isolante absorve a umidade, as bobinas devem ser tratadas em estufa

antes de montadas sobre o núcleo. O referido tratamento é realizado por um período entre 24

a 36 horas, em temperaturas que variam de 90 a 100ºC.


27

As bobinas devem estar submetidas a uma tensão de prensagem constante à medida que

a bobina vai perdendo a umidade.

A Figura 3.4 mostra um enrolamento de alta tensão (AT) com terminais para ligações

no comutador.

Figura 3.4. Enrolamentos de AT com terminais para ligações no comutador


(Demartini, 2007).

C) Parte ativa:

A parte ativa do transformador é composta pelos enrolamentos (primário, secundário,

terciário e de regulação, se houver) e pelo núcleo, com seus dispositivos de prensagem e

calços. Mecanicamente, este conjunto deve ser rígido, a fim de suportar condições adversas de

funcionamento.
28

Após o processo de secagem, é feito o encolunamento. No caso dos transformadores de

potência, as bobinas de baixa tensão (BT), alta tensão (AT) e regulação são montadas umas

sobre as outras, de forma concêntrica. A bobina de BT ocupa normalmente a parte interna.

Realizado o processo de encolunamento, são montadas sobre o núcleo, concluindo-se

com a execução das conexões e colocação do comutador. A Figura 3.5 mostra uma parte ativa

de um transformador trifásico, indicando as derivações do enrolamento de AT (pontos

conectados ao comutador).

Figura 3.5. Parte ativa de um transformador trifásico - comutador sob carga na AT


(Demartini, 2007).

Após a sua montagem, a parte ativa do transformador é levada à estufa onde recebe

tratamento especial para a retirada de toda a água absorvida pelo material isolante, em

consequência da exposição ao meio ambiente.

O tempo de secagem depende do tamanho do transformador, podendo variar de 10

horas até cinco dias. A Figura 3.6 apresenta uma estufa onde é realizado o tratamento térmico.
29

Figura 3.6. Estufa para o tratamento da parte ativa (Demartini, 2007).

Concluído o tratamento térmico, são feitos os processos de prensagem e reaperto da

parte ativa, tendo em vista que o material isolante perde uma grande quantidade de água. É

importante que sejam realizados testes elétricos após esta etapa para verificar a integridade

dos enrolamentos e conferir a relação de tensão, a interligação das armaduras e a isolação

entre núcleo, armadura e tirante.

D) Montagem final:

Realizados os processos de secagem e reaperto, a parte ativa está em condições para ser

colocada no tanque, conforme ilustra a Figura 3.7.


30

Figura 3.7. Colocação da parte ativa no tanque (Demartini, 2007).

A parte ativa deve ser fixada no interior do tanque através de parafusos e, a seguir, o

tanque recebe o óleo isolante, sendo observado que a parte isolante deve estar isenta de gases

e que o óleo deve estar a uma temperatura elevada o suficiente para não absorver umidade,

preservando as características químico-físicas.

Montadas as buchas e os acessórios, o transformador está pronto e deve seguir para a

área do laboratório de ensaios, onde será submetido a ensaios elétricos e dielétricos,

atendendo as normas técnicas nacionais e internacionais e as especificações definidas pelo

cliente. A Figura 3.8 mostra um transformador de potência pronto.


31

Figura 3.8. Transformador trifásico (Demartini, 2007).

E) Ensaios:

Consiste na determinação das características do transformador e dos acessórios,

conforme os procedimentos especificados. Os ensaios são feitos com base nas normas ABNT-

NBR 5356, ABNT-NBR 5380, ABNT-NBR 10295, IEC 76, ANSI e IEEE.

3.2- FALHAS:

Durante o funcionamento dos transformadores de potência vários processos de desgaste

e de envelhecimento ocorrem no sistema de isolamento.

Os efeitos de fadiga térmica, química, elétrica e mecânica, tais como, pontos quentes,

sobreaquecimentos, sobretensões e vibração são responsáveis por alterações do sistema

isolante e devem ser monitorados para garantir a eficiência do equipamento, permitindo

intervenções de manutenção preditiva, a fim de evitar paradas do equipamento e,

consequentemente, aumento dos custos.


32

Dessa forma, a diminuição da vida útil dos transformadores está relacionada com a

qualidade dos materiais dielétricos utilizados durante o processo de fabricação. O

estabelecimento de um programa de supervisão e manutenção preditiva e preventiva, pelo

conhecimento dos materiais dielétricos envolvidos, proporcionará um aumento na vida útil do

equipamento em serviço (MORAIS, 1990).

Uma deformação de um ou mais enrolamentos do transformador, consequente de algum

impacto ou forças eletromagnéticas certamente reduz a vida útil do equipamento. Este tipo de

defeito é considerado como uma “falta mecânica”, que não é observado visualmente, tendo

em vista as características construtivas dos transformadores.

Transformadores de potência destacam-se entre os componentes de maior porte e valor

em subestações e usinas, como já comentado anteriormente. A ocorrência de uma falha nesse

tipo de equipamento resulta em transtornos operacionais e financeiros de grande monta, uma

vez que:

- nem sempre se dispõe de unidade reserva;

- o custo de aquisição/reparo é elevado;

- são equipamentos produzidos especificamente para uma determinada instalação;

- os prazos envolvidos nos serviços de reparo, fabricação e transporte são ordem de

meses.

Assim, no sentido de aumentar a confiabilidade dos transformadores, além de critérios

rigorosos de manutenção e operação, é muito importante entender o seu funcionamento, os

tipos e as causas dos principais modos de falhas que podem ocorrer.


33

Segundo (BECHARA, 2009), são oito os agentes causadores de falhas consideradas

mais significativas num transformador de potência. São eles: defeito de fabricação, curto-

circuito externo, envelhecimento, falhas de acessórios e componentes, sobretensões,

manutenção inexistente ou inadequada, ataque por enxofre corrosivo e defeito após reparo do

equipamento.

- Defeito de fabricação:

Podem ocorrer falhas desde o projeto, passando pela construção e transporte até a

instalação do equipamento no usuário final.

- Curto-circuito externo:

Quando o transformador de potência está operando normalmente, está submetido a

esforços mecânicos internos de origem eletromagnética.

Além disto, fica sujeito a curtos-circuitos que ocorrem no sistema em que está

conectado, originando grandes esforços eletrodinâmicos.

- Envelhecimento:

A degradação da isolação é outro fator de falhas do transformador de potência, pois

com o passar do tempo o papel utilizado como isolante torna-se quebradiço, diminuindo a

capacidade de suportar esforços mecânicos.

- Falhas de acessórios e componentes:

Dependendo da falha em acessórios e componentes do equipamento, podem causar

pequeno ou grande impacto.


34

As falhas de menor impacto financeiro e de prazos de manutenção do transformador de

potência, em geral são ocasionadas por procedimentos de manutenção simples, apenas com o

equipamento sem energia, não necessitando desmontagem ou remoção do mesmo.

Por outro lado, as falhas de grande impacto financeiro e de prazos de manutenção,

normalmente ocorrem devido a acidentes no sistema com significativas consequências. Isto

implica que o equipamento ficará indisponível por longo tempo até a manutenção ser

concluída, chegando eventualmente a ser inviabilizada sua manutenção.

- Sobretensões:

Estes fenômenos transitórios causam um acréscimo na solicitação dielétrica dos

materiais isolantes dos enrolamentos e ligações.

A sobretensão pode ser dividida em sobretensões de manobra, transitórias muito rápidas

(Very Fast Transient – VFT) e por descargas atmosféricas.

- Manutenção inexistente ou inadequada:

A manutenção de transformadores é tarefa importante, que depende do emprego de

técnicas de monitoração e acompanhamento das condições operacionais do equipamento pelo

usuário. Assim, devem ser realizadas análises periódicas das quantidades de gases dissolvidos

no óleo isolante e suas propriedades físico-químicas, além da verificação do estado de

conservação e funcionamento de acessórios (BECHARA, 2009).

- Ataque por enxofre corrosivo:

A reação do enxofre corrosivo, presente no óleo isolante, com o cobre, causa danos de

tal ordem que provocam a falha do transformador.


35

- Defeito após reparo:

De forma semelhante a defeitos de fabricação, a ocorrência de falhas em

transformadores após a execução de reparos ou manutenções nem sempre é detectada nas

etapas de ensaios em fábrica ou comissionamento em campo, trazendo grandes transtornos

operacionais e financeiros (BECHARA, 2009).

Um levantamento estatístico realizado a partir de perícias feitas para companhias

seguradoras, entre os anos 2000 e 2008, em cerca de cem transformadores com diferentes

tipos de aplicação, classes de tensão e níveis de potência, contribuiu para melhor entender as

causas de falhas e os tipos de transformadores mais suscetíveis a cada uma delas, segundo

(BECHARA, 2009).

As Tabelas 3.1 e 3.2, respectivamente, apresentam as principais características dos

equipamentos periciados e as falhas identificadas nos transformadores, conforme descrito

pelos autores.

Tabela 3.1. Universo de transformadores de potência inspecionados (Bechara, 2009).


Tipo Classe de tensão Potência Nº de unidades

Elevador 69, 138, 230, 345, 440 e 550 kV Até 418,5 MVA 23

Transmissão 230, 345, 440, 550 e 765 kV Até 550 MVA 22

Subtransmissão 69, 88 e 138 kV Até 60 MVA 47

TOTAL 92
36

Tabela 3.2. Levantamento estatístico de falhas em transformadores de potência


(Bechara, 2009).
Falha defeito de curto- componentes sobretensões manutenção defeito não

fabricação circuito envelhe- transitórias Inexistente/ enxofre após apurado

externo cimento comutador buchas manobra descarga inadequada corrosivo reparo

Tipos VFT atmosférica

elevadores 2 4 4 6 1 2 1 2

transmissão 4 6 3 4 2 3

subtransmissão 1 16 7 8 1 4 1 3 2 4

TOTAL 7 22 11 11 9 10 2 3 2 5 9

Os modos de falhas mais significativos, em termos de quantidade, por tipo de

transformador, são apresentados na Figura 3.9 a seguir.

Figura 3.9. Tipos e quantidade de falhas identificadas nos transformadores


inspecionados (Bechara, 2009).

Os trabalhos de diagnóstico foram desenvolvidos a partir da coleta e análise de dados

acerca dos registros operacionais dos equipamentos, condições circunstanciais das


37

ocorrências, análises de materiais em laboratórios especializados e inspeções realizadas em

campo e em fábrica durante o processo de desmontagem de cada um deles (BECHARA,

2009).

3.3 – MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO:

Muitas empresas mudaram a forma de ver a importância da manutenção e, por

conseguinte, a operação dos equipamentos.

O transformador de potência é um equipamento projetado para ter uma longa vida útil.

Para que isto aconteça, é fundamental que se tenha conhecimento de suas características

elétricas e magnéticas ao longo dos anos em que está em funcionamento, ou seja, que este

equipamento seja monitorado periodicamente.

Existem várias técnicas de diagnóstico do circuito elétrico / magnético que através de

ensaios de campo permitem verificar uma série de parâmetros do transformador de potência e

assim indicar a necessidade de uma manutenção ou até mesmo a substituição do equipamento.

Estas técnicas são ferramentas importantes para se detectar com agilidade possíveis avarias

existentes no equipamento e executar as ações de manutenção oportunas.

Dentre as diversas técnicas de diagnósticos adotadas pelas empresas, citamos os ensaios

a vazio, de tensão de curto-circuito, resistência de enrolamentos e análise de resposta em

frequência (FRA).

- Ensaio a vazio:

Este ensaio é feito aplicando uma tensão alternada nominal, preferencialmente no

enrolamento de baixa tensão do transformador em cada uma de suas fases estando o


38

enrolamento de alta tensão aberto. Através deste ensaio são obtidos parâmetros significativos

do transformador de potência tais como a relação de transformação, polaridade (grupo de

conexão) e corrente de excitação.

A relação de transformação é obtida pela razão tensão na alta pela tensão na baixa,

sendo que os valores encontrados devem corresponder com as características de placa do

equipamento.

A polaridade é confirmada através da relação de transformação e da constatação da

defasagem entre as tensões de alta e de baixa.

Figura 3.10. Medição de relação de transformação (Garcia, 2005).

Outro parâmetro obtido por meio do ensaio a vazio é a corrente de excitação, a qual é a

corrente que circula pelo enrolamento de baixa tensão com o enrolamento de alta tensão em
39

circuito aberto. Não deve existir uma diferença significativa entre os valores medidos entre

fases, sendo considerada normal uma pequena diferença devido à geometria entre fases

extremas e a central. Existindo significativas variações de valores, isto indica que pode estar

acontecendo problemas devido a pontos quentes, núcleo estar frouxo ou derivação magnética

solta, por exemplo.

- Ensaio de tensão de curto-circuito:

Este ensaio é baseado na aplicação de uma tensão no enrolamento de alta, por exemplo,

estando o enrolamento de baixa em curto-circuito. Neste ensaio é obtida a tensão de curto-

circuito, a qual é um parâmetro fornecido em valor percentual e está identificado na placa do

transformador.

Havendo diferença significativa entre os valores medidos no ensaio e os característicos

podem indicar falhas devido a defeitos no circuito magnético, deformações mecânicas e

curtos-circuitos, dentre outras possibilidades.

- Resistência de enrolamentos:

Neste ensaio é determinada a resistência ôhmica dos enrolamentos de cada fase, tanto

no enrolamento de alta tensão quanto no enrolamento de baixa tensão e de cada posição do

regulador, caso exista.

O resultado obtido no ensaio deve ser comparado com o protocolo do fabricante,

indicando o estado dos enrolamentos, do regulador e conexões.

- Análise de resposta em frequência (FRA):

Este ensaio determina a curva de resposta em frequência do conjunto equivalente

elétrico, dielétrico, magnético e mecânico do transformador de potência que está sendo


40

diagnosticado. O ensaio FRA é muito útil como complemento aos demais ensaios

tradicionais, servindo para comprovar se os enrolamentos ou o núcleo magnético não

sofreram deformações devido ao transporte, por exemplo.

A Figura 3.11 mostra um enrolamento danificado, o qual foi detectado através do

ensaio FRA (DEMARTINI, 2007).

Figura 3.11. Defeito constatado no enrolamento através do ensaio (Demartini, 2007).

O ensaio FRA será abordado com mais profundidade no próximo capítulo, tendo em

vista que o referido teste é um dos pontos que fundamenta este trabalho.
41

4 FUNDAMENTOS DO ENSAIO FRA

Para se detectar possíveis problemas na parte ativa dos transformadores (enrolamentos

e núcleo), em particular, algumas técnicas foram desenvolvidas. Na década de sessenta, foi

proposto o método de Impulso de Baixa Tensão (LVI) com a finalidade de detectar

deformações no enrolamento do transformador. Na década seguinte foram realizadas análises

no domínio frequência dos testes LVI em transformadores de potência, onde a empresa

canadense Ontário Hydro foi pioneira no desenvolvimento do método de Análise de Resposta

em Frequência (FRA). Neste método de diagnóstico é feita a comparação de dados de

referência, provenientes dos testes feitos normalmente pelo fabricante, com os dados

levantados no campo. Com isto, é possível verificar futuras degradações que o equipamento

pode sofrer e a equipe técnica fazer um planejamento de manutenção preditiva e/ou

preventiva.

O FRA consiste na medição da função transferência (corrente/tensão ou tensão

saída/tensão entrada) do arranjo dos elementos resistivos, capacitivos e indutivos dos

enrolamentos do transformador. A medição é feita sob larga faixa de frequência e os

resultados são comparados com uma referência conhecida como “impressão digital” ou

“assinatura” do enrolamento do transformador (MARTINS, 2007).

Este teste está baseado no princípio de que todo enrolamento apresenta uma

característica única de resposta em frequência, sendo sensíveis a alterações nos parâmetros

elétricos, quais sejam, resistência, indutância e capacitância. Por exemplo, se um enrolamento

sofre alguma deformação no seu formato devido a forças eletromagnéticas geradas por

correntes de curto-circuito, por consequência provocará alterações na sua resposta em


42

frequência. Portanto, se a curva obtida na aplicação do teste FRA apresentar diferenças com

relação à curva de referência, significa que o equipamento sofreu algum dano, sendo

necessária uma investigação com auxilio de outros testes ou através de uma inspeção interna.

Um exemplo prático desenvolvido para verificação dos fundamentos do teste FRA foi

apresentado por (McGRAIL, 2005). Um circuito simples, com duas bobinas, é mostrado na

Figura 4.1.

(a) (b)

Figura 4.1. Bobina experimental. (a) posição inicial (b) posição final (McGrail, 2005).

Para cada posição das bobinas foi realizado o teste de FRA e obtidas as respectivas

curvas, possibilitando a interpretação dos dados. A Figura 4.2 mostra as curvas obtidas antes e

depois do movimento das bobinas.


43

500000 1000000 1500000 2000000


0

-10

-20

-30

Amplitude, dB -40

-50

-60

-70

Frequencia, Hz

Figura 4.2. Curvas obtidas através do ensaio FRA (adaptado de McGrail, 2005).

Atualmente um grande número de empresas adota esta técnica de diagnósticos pelo

mundo todo, mas persiste a dificuldade de interpretação de resultados. Saber se diferenças

entre os dados de referência e os obtidos no ensaio FRA são significativos o suficiente para

caracterizar falhas ou tendências a falhas no transformador de potência ainda geram dúvidas.

A avaliação de transformadores de potência a partir da resposta em frequência carece

de um procedimento adotado internacionalmente, havendo normalmente interpretações

qualitativas tanto das curvas de resposta em frequência quanto das de impedância terminal

(MARTINS, 2007).

A empresa China Electric Power Publishing Co. publica em 2004, uma norma para

análise de resposta em frequência, sendo considerada o Padrão Chinês de Análise do FRA –

Norma DL/T911-2004.

Esta norma, adotada na República Popular da China, utiliza um algoritmo que avalia a

similaridade de duas respostas em frequência de enrolamentos de transformadores, ou seja,


44

duas assinaturas. Isto é feito através do cálculo dos fatores de avaliação RLF (resistência de

baixa frequência), RMF (resistência de média frequência) e RHF (resistência de alta

frequência), os quais definem as condições de deformação do enrolamento do transformador.

A norma apresenta uma relação do grau de deformação do enrolamento com os valores

calculados para os fatores RLF, RMF e RHF. Esta relação é mostrada na Tabela 4.1 a seguir.

Tabela 4.1. Grau de deformação e fator de avaliação.


Grau de deformação do enrolamento Fator de avaliação do enrolamento

Enrolamento normal (normal winding) RLF≥2,0 e RMF≥1,0 e RHF≥0,6

Deformação leve (slight deformation) 2,0> RLF ≥1,0 ou 0,6≤ RMF<1,0

Deformação óbvia (obvious deformation) 1,0> RLF ≥0,6 ou RMF<0,6

Deformação severa (severe deformation) RLF<0,6

A DL/T911-2004 define, também, as faixas de frequências relativas aos fatores a serem

calculados. A Tabela 4.2 apresenta estas faixas.

Tabela 4.2. Relação faixa de frequência e fator de avaliação.


Faixa de frequência Fator de avaliação do enrolamento

1 kHz – 100 kHz RLF

100 kHz – 600 kHz RMF

600 kHz – 1 MHz RHF

O FRA ainda não é um método normalizado, pois para algumas variáveis (interpretação

dos resultados, por exemplo) não existe consenso. O Padrão Chinês está passando por

avaliações em muitas empresas, mas as pesquisas sobre sua aplicabilidade e confiabilidade

continuam.
45

Diversas técnicas de modelagem já foram propostas a fim de verificar a eficácia do

FRA na detecção de degradações no equipamento. Neste contexto, modelar um transformador

é a melhor maneira de avaliar sua sensibilidade aos diversos tipos de degradações ou falhas.

Este trabalho está propondo um modelo do transformador, em especial a sua

impedância a partir de rede de células RLC passivas, a fim de permitir o emprego deste

modelo em rotinas computacionais para cálculo de transientes como o ATP, por exemplo.

Não é objetivo deste trabalho, vincular defeitos no transformador com a respectiva

resposta em frequência.

Relacionar o resultado da resposta em frequência com prováveis defeitos requer muito

mais tempo de pesquisa e análise de falhas. Nesse sentido, muitos trabalhos tem sido

divulgados no mundo inteiro e com eles surgem uma série de indagações. Isto mostra que

persiste a dificuldade de se chegar a um consenso numa relação confiável quanto a associar

uma alteração na resposta em frequência com uma determinada alteração interna no circuito

ativo do transformador.

A própria concepção do dispositivo, quanto ao seu projeto e condições construtivas,

difere entre os diferentes fabricantes, o que dificulta uma generalização do comportamento

em se tratando de faixas de potência ou de tensão para este tipo de equipamento.

Deve-se ter em mente que o ensaio de resposta em frequência é realizado com tensão

aplicada muito inferior à tensão nominal. Considerando este aspecto, é de se questionar se a

tentativa de obtenção dos parâmetros do circuito equivalente clássico do transformador, a

partir deste ensaio, leva a valores coerentes aos obtidos a partir do ensaio em vazio e de

tensão de curto-circuito que, em princípio, traduzem situações de operação nominal do

equipamento.
46

5 MODELO CLÁSSICO DO TRANSFORMADOR

O modelo elétrico clássico para o transformador é apresentado na Figura 5.1, em que Rp

e Rs representam as resistências elétricas dos enrolamentos primário e secundário,

respectivamente, Xp e Xs as reatâncias de dispersão dos enrolamentos primário e secundário,

respectivamente, Rc e Xm correspondem a resistência de perdas no núcleo e a reatância de

magnetização, respectivamente. A tensão e a corrente no enrolamento primário estão

representadas por Vp e Ip, assim como Vs e Is representam a tensão e a corrente no

enrolamento secundário. A relação de transformação a é definida em (5.1).

Vp
a= (5.1)
Vs

Este modelo é aplicado à baixa frequência, e representa muito bem o comportamento do

transformador nas condições de regime permanente e na frequência industrial (60 ou 50 Hz).

Rp jXp a2jXs a2Rs

Ip Is/a
Vp Rm jXm aVs

Figura 5.1. Modelo elétrico clássico para o transformador.

Os parâmetros presentes no modelo elétrico podem ser determinados por testes

normalizados denominados de ensaio em vazio e ensaio de tensão de curto-circuito.

Se no ensaio em vazio, mantem-se o enrolamento secundário em aberto, a impedância

Zp(ω), vista a partir dos terminais do enrolamento primário, será dada por (5.2) assumindo

que Rp e Rm não dependem da frequência e Lp e Lm representam a indutância de dispersão do

enrolamento primário e a indutância de magnetização do transformador respectivamente.


47

jRm ω Lm
Zp (ω ) = Rp + jω Lp + (5.2)
Rm + jω Lm

O comportamento da impedância Zp em função da frequência pode ser analisado como

segue. Primeiramente, pode ser verificado o comportamento da impedância quando a

frequência tende para zero.

 jRm ω Lm 
Zp (0) = lim  Rp + jω Lp +  (5.3)
ω →0
 Rm + jω Lm 

Zp (0) = Rp (5.4)

O comportamento da impedância quando a frequência tende para infinito é apresentado

em (5.5).

 jRm ω Lm 
Zp (∞) = lim  Rp + jω Lp +  (5.5)
ω →∞
 Rm + jω Lm 

Note-se que o ramo de excitação do transformador apresenta valores de resistência

elétrica e de reatância indutiva muito maiores do que os valores para a resistencia elétrica do

do enrolamento e sua respectiva reatância de dispersão. Em (5.5) é interessante notar que na

medida em que a frequência tende a valores altos a impedância equivalente do ramo de

excitação tende ao valor de Rm, conforme (5.6).

 jRm ω Lm 
lim   = Rm (5.6)
ω →∞
 Rm + jω Lm 

Entretanto, a impedância primária Zp(ω) tende a valores muito grandes já que depende

diretamente de ωLp. Assim, tem-se que para frequência elevada a impedância primária é

regida por Zp(ω)=jωLp, analisando à luz no modelo clássico proposto.


48

A Figura 5.2 apresenta o comportamento da impedância de um transformador real,

obtido a partir de um ensaio de resposta em frequência.

Pode-se observar que este comportamento não é coerente com o previsto pela análise

baseada no circuito elétrico clássico para o transformador.

Figura 5.2. Comportamento do módulo da impedância de um transformador real.

Conclui-se que para frequências elevadas outros efeitos passam a se manifestar de forma

a invalidar o modelo clássico. Mas inserir outros elementos passivos no modelo clássico não é

uma tarefa simples.

Pode-se considerar, por exemplo, a existência de capacitâncias entre os enrolamentos,

bem como entre espiras de cada enrolamento. Mensurar os valores destas capacitâncias e

como ocorrem suas distribuições, em toda a parte ativa do transformador, exige um trabalho

que provavelmente poderia ser executado com o emprego de um método computacional

dedicado como, por exemplo, o método baseado em elementos finitos.


49

Mesmo assim, há a necessidade de conhecer, e com muita exatidão, todos os detalhes

geométricos da parte ativa, incluindo os detalhes geométricos das ligações internas e

transposições existentes nos enrolamentos, entre outros. Mas, ainda não há garantia de que se

obtenha um modelo mais coerente, pois tem se observado que unidades, em princípio

idênticas, apresentam diferentes comportamentos quanto à resposta em frequência da

impedância. Provavelmente há pequenas diferenças construtivas entre estas unidades, mas

que não manifestam diferenças perceptíveis para condição de operação nominal.

Uma inspeção no comportamento apresentado na Figura 5.2 induz a refletir a respeito

de um modelo elétrico que apresente o comportamento apresentado, de forma que os vários

picos de impedâncias sejam reproduzidos em suas respectivas frequências.

É de conhecimento clássico da teoria de circuitos elétricos que circuitos passivos

constituídos por elementos resistivo, indutivo e capacitivo, conectados em paralelo,

apresentam um comportamento semelhante cada um dos picos presentes na curva da Figura

5.2.

A proposta deste trabalho consiste em determinar os valores dos elementos R, L e C,

conectados em paralelo, constituindo células RLC passivas, sintonizadas com a frequência de

cada um dos picos principais presentes na característica de resposta em frequência da

impedância do transformador.

Estas células, por sua vez, são conectadas em série de tal forma que sua manifestação

predomina sobre as outras, quando a frequência coincide com sua respectiva frequência de

ressonância.

A determinação dos valores dos elementos passivos das células é baseado no estudo

deste tipo de configuração apresentado no capítulo 6.


50

6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta o estudo da configuração RLC proposta a fim de poder-se

determinar os valores dos elementos passivos em cada célula. Os conceitos introdutórios aqui

apresentados são abordados nas literaturas tradicionais sobre análise de circuitos elétricos, e

constituem a base teórica para o desenvolvimento do modelo proposto.

6.1– CIRCUITO RLC PARALELO.

A análise conceitual é baseada no circuito RLC paralelo, conforme apresenta a Figura

6.1.

1
Iin R jω L Vout
jωC

Figura 6.1. Circuito RLC paralelo.

A tensão de saída Vout, em V, é definida em (6.1), onde Iin é a corrente imposta pela

fonte do circuito, em A e Y a admitância do circuito, em S.

I in
Vout = (6.1)
Y

A magnitude da característica da transferência pode ser escrita como sendo o módulo da

impedância de transferência do circuito e obtido em (6.2), onde R é a resistência elétrica, em

Ω, C a capacitância, em F, L a indutância, em H, e ω a frequência angular, em rad⋅s-1.


51

Vout 1
= (6.2)
I in (1 / R ) + (ωC − 1 / ωL) 2
2

A frequência de ressonância, ωo, ocorre quando (ωC – 1/ωL)=0 e é definida em (6.3).

1
ω0 = (6.3)
LC

onde a resistência R nessa frequência é expressa por

Vout
R= (6.4)
I in max

Conceitualmente, a frequência de meia potência corresponde a frequências nas quais a

potência na saída de um circuito elétrico é reduzida a metade da potência da faixa de

passagem. Portanto, nas frequências de meia potência a magnitude do módulo da impedância

corresponde a 1 do seu valor máximo, sendo expresso por


2

R 1
=
2 (1 / R 2 ) + (ωC − 1 / ωL) 2

Considerando-se apenas os valores positivos da frequência, obtem-se os valores

inferiores ω LO e superiores ω HI , respectivamente, através de

1 1
ω LO = − + (6.5)
2 RC (2 RC ) 2 + LC

e de

1 1
ω HI = + (6.6)
2 RC (2 RC ) 2 + LC

Outro dado importante é a largura de faixa, a qual pode ser escrita por
52

1
B = ωHI − ωLO = (6.7)
RC
Obtida a largura de faixa, é possível a determinação do fator de qualidade, expresso por

ωO RC C
Q= = =R (6.8)
B LC L

As equações (6.5) e (6.6), podem ser reescritas utilizando-se as expressões (6.3), (6.7) e

(6.8), resultando nas seguintes (6.9) e (6.10).

 −1 1 
ω LO = ω O  + 2
+ 1 (6.9)
 2Q (2Q) 

 1 1 
ω HI = ω O  + 2
+ 1 (6.10)
 2Q (2Q) 

Dentro do que foi exposto, é de relevante importância para a proposta de modelo do

transformador, as equações relativas à frequência de ressonância, largura de faixa e fator de

qualidade. São parâmetros fundamentais para o desenvolvimento do modelo elétrico da

impedância do transformador.

6.2- ANÁLISE DE RESPOSTA EM FREQUÊNCIA.

O método da resposta em frequência de um sistema é a resposta deste considerando

um sinal senoidal de entrada, variando-se a frequência dentro de uma faixa estabelecida.

A vantagem deste método é que se obtem experimentalmente uma resposta, sem

necessariamente ter o conhecimento prévio da função transferência.


53

Neste estudo em particular, o objetivo é o estudo da relação entre a tensão e a corrente

em um enrolamento do transformador, o que resulta em uma impedância de transferência.


54

7 MODELO PROPOSTO

No trabalho ora apresentado, o objetivo é disponibilizar uma ferramenta para

simulações e análise de parâmetros a partir do ensaio de resposta em frequência da

impedância do transformador, baseado em um modelo elétrico de rede de células RLC

passivas.

O desenvolvimento deste modelo visa à obtenção de uma resposta rápida e confiável

relativa ao comportamento da impedância no transformador de potência, onde foram

considerados conceitos abordados por Pleite (2002), bem como de circuitos RLC paralelo,

tendo em vista que os parâmetros e o comportamento apresentam resultados muito

semelhantes com os encontrados nos testes de resposta em frequência da impedância do

transformador.

O modelo proposto consiste na associação de células RLC em série. Tais células são

constituídas de um resistor Rk, um capacitor Ck e um indutor Lk em paralelo, onde k refere-se à

célula 1, 2, 3, ..., como ilustra a Figura 7.1, no domínio frequência.

R1 R2 R3 Rk

jωL1 jω L2 jω L3 jω Lk
...
−j −j −j −j
ωC1 ωC2 ωC3 ωCk
Z(ω)

Figura 7.1. Modelo proposto no domínio frequência constituído por células RLC.

Como ferramenta computacional foi utilizado o software MatLab®, sendo desenvolvido

um programa computacional que calcula os valores dos elementos passivos de cada célula e,

por conseguinte, permite a obtenção do modelo elétrico da impedância do equipamento, a


55

partir de seus terminais. O programa computacional desenvolvido está apresentado na íntegra

no Anexo II. Basicamente, o modelo proposto segue o fluxograma apresentado na Figura 7.2,

a seguir.

carrega dados do
ensaio FRA

localiza frequências de ressonância e


impedâncias máximas

verifica existência de meia


potência (inferior e superior)

SIM NÃO

calcula ω0 retorna ao início

identificar
Z0, ωLO e ωHI

calcula R, L e C

gera células RLC

plota gráfico plota gráfico


impedância x frequência ângulo de fase x frequência

Figura 7.2. Fluxograma do modelo proposto.

Inicialmente foram coletados dados reais de testes de resposta em frequência da

impedância, realizados em transformadores de potência. Estes serviram de referência para o


56

desenvolvimento do programa computacional e para as simulações necessárias com o intuito

de avaliar o modelo proposto.

Partindo de dados de ensaio realizado em um determinado equipamento, em especial os

dados referentes ao módulo da impedância e a fase em função da frequência, foi elaborado um

modelo elétrico constituído por um conjunto de células passivas RLC. Cada célula RLC foi

dimensionada a fim de que o conjunto destas possa representar o comportamento apresentado

pelo equipamento no ensaio obtido pela resposta em frequência da impedância do

transformador.

Com base nas curvas exemplificadas a seguir, Figuras 7.3 e 7.4, extraidas de um ensaio

FRA real, o modelo proposto será apresentado.

Figura 7.3. Curva do módulo da impedância x frequência.


57

Figura 7.4. Curva de fase x frequência.

Na curva da característica de resposta em frequência da impedância são identificados os

picos significativos da impedância. A cada um destes picos é associada uma célula RLC

correspondente e, na frequência em que estes picos ocorrem, é considerada a existência de

uma frequência de ressonância associada à célula. Assim, nestas supostas frequências de

ressonância a impedância é puramente resistiva.

Para o modelo, serão consideradas significativas apenas as frequências de ressonância

que apresentem valores de meia potência inferior e superior. A Figura 7.5 mostra as

frequências de ressonância significativas para o modelo.


58
1 2

3
5

6 8
4
7 9

Figura 7.5. Frequências de ressonância significativas para o modelo.

Analisando a curva de impedância, são verificados os pontos em que existem

frequências de ressonância e impedância, em meia potência. Neste primeiro momento são

descartados os pontos em que esta condição não é satisfeita.

Para a determinação da largura de faixas e outros parâmetros, as frequências de

ressonância que apresentem valores de meia potência anterior e posterior ao ponto de pico são

consideradas. O motivo é simplificar o cálculo da largura de faixas.

As curvas originais fornecem as frequências em Hertz, mas para a continuidade dos

cálculos torna-se necessário a conversão para frequência angular, expressa em radianos por

segundo. Portanto, para as frequências consideradas pelo modelo calcula-se as

correspondentes frequências angulares, obtidas através da expressão (7.1).

ω 0 = 2πf (7.1)

A Tabela 7.1, a seguir, apresenta a conversão de unidade para as frequências de

ressonância consideradas pelo modelo para o exemplo abordado.


59

Tabela 7.1. Conversão de unidade para frequências de ressonância.


Frequência de ressonância
kHz rad/s
138 866640

229 1438120

355 2229400

603 3786840

3715 23330200

7244 45492320

11481 72100680

15488 97264640

17378 109133840

Definidas as frequências de ressonância relevantes para o modelo, consequentemente

obtem-se as respectivas resistências elétricas R a partir dos valores de meia potência, para as

células RLC paralelo. A Tabela 7.2, a seguir, apresenta os valores obtidos.

Tabela 7.2. Valores das resistências para as respectivas frequências de ressonância.


Frequência de ressonância Resistência,
ωo, rad/s Ω
866640 660

1438120 630

2229400 390

3786840 128

23330200 260

45492320 160

72100680 128

97264640 95

109133840 100
60

Conhecendo as frequências angulares, o próximo passo é determinar as respectivas

frequências de meia potência inferior (ωLO) e superior (ωHI) para cada frequência relevante

para o modelo. Isto é realizado utilizando as seguintes equações (7.2) e (7.3):

Z (ω0 )
Z (ωLO ) = ωLO < ω0 (7.2)
2

Z (ω0 )
Z (ωHI ) = ωHI > ω0 (7.3)
2

Para o exemplo apresentado, obtem-se as frequências de meia potência inferior e

superior correspondentes a todas frequências de ressonância, resultante dos cálculos referidos

anteriormente. A Tabela 7.3 mostra os valores encontrados para as frequências de ressonância

relevantes para o modelo.

Tabela 7.3. Frequências de meia potência inferior e superior para cada frequência de
ressonância definida para o modelo (rad/s).
Frequência de Frequência de Frequência de
ressonância meia potência inferior meia potência superior
ωo ωLO ωHI
866640 847109,2 928874,8

1438120 1342601,2 1506446,4

2229400 2202710,0 2387593,2

3786840 3872248 4054996

23330200 22282256,4 25001119,6

45492320 43950077,6 48748311,6

72100680 69656127,2 76376480,8

97264640 95054333,6 99531280,4

109133840 107884647,5 110397602,1


61

A partir destes parâmetros conhecidos, segue-se uma sequência de cálculos baseados

nos conceitos dos circuitos RLC paralelo objetivando a determinação de indutâncias e

capacitâncias, e assim, concluir o dimensionamento das células RLC.

De posse destes dados, o próximo passo é a determinação da largura de faixa (B) para

cada frequência de ressonância. Para calcular B é feita a diferença entre as frequências de

meia potência inferior e superior associada a cada respectiva célula, como em (7.4).

B = ωHI − ωLO (7.4)

A Tabela 7.4 apresenta os resultados obtidos para o exemplo.

Tabela 7.4. Largura de faixa para cada frequência de ressonância, em rad/s.


Frequência de ressonância Largura de faixa
ωo B
866640 81765,6

1438120 163845,2

2229400 184883,2

3786840 182748

23330200 2718863,2

45492320 4798234

72100680 6720353,6

97264640 4476946,8

109133840 2512954,56

Outro parâmetro importante para a sequência de cálculos para determinar as células

RLC é o chamado fator de qualidade, Q, um adimensional dado pela relação entre a

frequência de ressonância e a respectiva largura de faixa como em (7.5).

ω0
Q= (7.5)
B
62

A Tabela 7.5, a seguir, apresenta os resultados do fator de qualidade para as frequências

de ressonância do exemplo abordado.

Para a determinação dos valores das indutâncias, L, e das capacitâncias, C, é necessário

o conhecimento do fator de qualidade, Q, das resistências elétricas, R, obtidas, as quais

correspondem a cada frequência de ressonância ωo.

Tabela 7.5. Valores dos fatores de qualidade.


Frequência de ressonância Fator de qualidade
ωo, rad/s Q
866640 10,6

1438120 8,78

2229400 12,06

3786840 20,72

23330200 8,58

45492320 9,48

72100680 10,73

97264640 21,73

109133840 43,43

1 ω
Da equação (6.7) temos que C= e da equação (6.8) temos que B = 0 .
BR Q

Substituindo (6.7) e (6.8) na equação (6.3) resulta na expressão (7.6).

R
L= (7.6)
ω0Q

Na obtenção dos valores das indutâncias, é aplicada a expressão (7.6), sendo que a

Tabela 7.6 mostra os resultados para o exemplo apresentado para desenvolver o modelo.
63

Tabela 7.6. Valores das indutâncias para as respectivas frequências de ressonância.


Frequência de ressonância Indutância
ωo, rad/s (Henry)
866640 71,845 x10-6

1438120 49,894 x10-6


-6
2229400 14,505 x10
-6
3786840 1,63 x10

23330200 1,299 x10-6

45492320 0,371 x10-6


-6
72100680 0,165 x10
-9
97264640 44,948 x10

109133840 21,098 x10-9

1 ω
Da equação (6.7) temos que C = e da equação (6.8) temos que B = 0 .
BR Q

Substituindo (6.8) em (6.7) resulta a expressão (7.7), a qual será utilizada para o cálculo das

capacitâncias do modelo. A Tabela 7.7 mostra os valores para o exemplo desenvolvido.

Q
C= (7.7)
ω0 R

Tabela 7.7. Valores das capacitâncias para as respectivas frequências de ressonância.

Frequência de ressonância Capacitância


ωo, rad/s (Farad)
866640 18,53 x10-9

1438120 9,69 x10-9


-9
2229400 13,87 x10
-9
3786840 42,75 x10

23330200 1,41 x10-9

45492320 1,30 x10-9


-9
72100680 1,16 x10
-9
97264640 2,35 x10

109133840 3,98 x10-9


64

Realizados estes cálculos e com os resultados obtidos para resistência elétrica, para a

indutância e para a capacitância, a formação das células RLC paralelo está viabilizada para o

equipamento analisado.

Para o exemplo estudado, o modelo proposto apresenta nove células RLC, conforme

mostra a Tabela 7.8.

Na sequência, a Figura 7.6 apresenta a resposta em frequência da impedância de cada

célula RLC paralelo, cujos parâmetros foram calculados e apresentados na Tabela 7.8.

Tabela 7.8. Células RLC para o equipamento analisado.


Células Resistência Indutância Capacitância
(Ohm) (Henry) (Farad)
-6 -9
1 660 71,845 x10 18,53 x10
-6 -9
2 630 49,894 x10 9,69 x10

3 390 14,505 x10-6 13,87 x10-9

4 128 1,63 x10-6 42,75 x10-9


-6 -9
5 260 1,299 x10 1,41 x10
-6 -9
6 160 0,371 x10 1,30 x10

7 128 0,165 x10-6 1,16 x10-9

8 95 44,948 x10-9 2,35 x10-9


-9 -9
9 100 21,098 x10 3,98 x10
65

Impedância de cada celula


700

600

500
Impedancia, Ohm

400

300

200

100

0
5 6 7
10 10 10
frequencia, Hz

Figura 7.6. Curva do módulo da impedância x frequência para cada célula RLC.

Neste capítulo foi apresentado o cálculo de forma manual a fim de detalhar o processo

de dimensionamento das células. É importante ter em conta que nem sempre poderão estar

disponíveis os dados obtidos do ensaio de resposta em frequência da impedância na forma de

arquivo de dados. Neste caso, o dimensionamento das células passa a ser de forma manual. Se

os dados estiverem na forma de arquivos de dados o programa computacional pode ser

empregado. No caso até aqui estudado pode-se verificar que o resultado obtido com o

emprego do modelo de células é satisfatório uma vez que se apresenta resultado muito

próximo ao comportamento obtido nos testes de resposta em frequência da impedância, como

pode ser observado na comparação entre a Figura 7.7 e a Figura 7.8.


66

Figura 7.7. Curva do módulo da impedância x frequência obtida através de ensaio.

Impedancia
700

600

500
Impedancia, Ohm

400

300

200

100

0 5 6 7
10 10 10
frequencia, Hz

Figura 7.8. Curva do módulo da impedância x frequência obtida das células RLC.

Melhorias ainda podem ser apontadas para melhor aproximação do modelo de células

RLC passivas.

É importante comentar que se houver ocorrência de frequências e resistências elétricas

de meia potência relativas à frequências de ressonância adjacentes, o resultado do

comportamento obtido pelo método proposto diverge do obtido através de ensaio. Isto se deve

ao fato de que quando há ocorrência de picos muito próximos ocorre um efeito residual de

uma célula RLC na outra vizinha.


67

Uma solução para reduzir este efeito residual é incluir no programa computacional uma

rotina que detecte este comportamento e, localmente, reduza a largura de banda das células

próximas até que ocorra uma convergência considerada satisfatória. Também pode ser

salientado que nem sempre ocorrem definidamente as frequências de meia potência.

Neste caso uma solução pode ser a de recorrer à curva de comportamento da fase da

impedância em função da frequência em conjunto com a curva da impedância.


68

8 ESTUDO DE CASOS

Neste capítulo são apresentados resultados obtidos com a aplicação do modelo proposto

tendo por base as medições realizadas em transformadores de potência. Os resultados são

armazenados e analisados para possibilitar uma melhor compreensão do modelo utilizado,

bem como o comportamento dos transformadores no domínio da frequência.

Na realização das simulações com o modelo proposto, foram utilizados resultados

obtidos em autotransformador submetido ao teste de resposta em frequência da impedância,

sendo que cada teste gerou 801 dados, na varredura de frequências.

O experimento foi realizado aplicando o algoritmo desenvolvido e utilizando as

planilhas de dados geradas pelo teste de resposta em frequência da impedância, estando os

casos descritos a seguir.

8.1- CASOS ESTUDADOS:

Para analisar o desempenho do modelo proposto, foram utilizados resultados oriundos

de testes realizados em um autotransformador monofásico de 100 MVA – 500 kV / 230 kV /

13,8 kV.

Como o objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um modelo elétrico da

impedância do transformador, baseado em rede de células RLC passivas, foram utilizados os

dados obtidos no teste de impedância terminal do autotransformador para a realização das

simulações do modelo proposto.

Com base nos resultados obtidos nestes ensaios, foi aplicado o algoritmo do modelo

proposto, sendo gerados os gráficos da impedância em função da frequência e ângulo de fase

em função da frequência apresentados na sequência.


69

São apresentados os resultados obtidos para a impedância e ângulo de fase a partir do

teste de resposta em frequência da impedância, das respostas em frequência de cada célula, do

cálculo realizado pelo algoritmo e a resposta em frequência (impedância e ângulo de fase)

comparativa entre os dados gerados no teste e os dados gerados pelo modelo proposto,

respectivamente.

A seguir são descritos os casos estudados para comprovação da aplicabilidade do

modelo proposto.

8.1.1- CASO 1:

Resultados obtidos nos testes feitos no mês de abril de 2008, no enrolamento H0-H1

(500 kV) do autotransformador caracterizado anteriormente.

As Figuras 8.1 e 8.2, a seguir, mostram os gráficos obtidos no ensaio de resposta em

frequência da impedância, realizado no campo, respectivamente da impedância e ângulo de

fase.

Resposta em Frequencia obtida do ensaio: MÓDULO DA IMPEDÂNCIA


600

500

400
Impedância, Ohm

300

200

100

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.1. Resposta em frequência do módulo da impedância (caso 1).


70

Resposta em Frequencia obtida do ensaio: ÂNGULO DE FASE


100

80

60

Ângulo de fase, em grau


40

20

-20

-40

-60

-80
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.2. Resposta em frequência: ângulo de fase (caso 1).

As influências da impedância em cada célula e respectivo ângulo de fase, obtidos

através do modelo proposto são mostradas nas Figuras 8.3 e 8.4. Observa-se que neste caso o

programa computacional reconhece nove frequências de ressonância, portanto, existem nove

células RLC que constituirão o modelo elétrico.

Resposta em Frequencia de cada Celula: MODULO DA IMPEDÂNCIA


600

500

400
Impedância, Ohm

300

200

100

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.3. Resposta em frequência do módulo da impedância de cada célula (caso 1).
71

Resposta em Frequencia: ÂNGULO DE FASE À PARTIR DAS CELULAS


100

80

60

Ângulo de fase, em grau 40

20

-20

-40

-60

-80

-100
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.4. Ângulos de fase a partir das células identificadas (caso 1).

Identificadas as células existentes, o modelo proposto realiza os cálculos das respectivas

impedâncias e ângulo de fase, sendo reproduzidos nos gráficos das Figuras 8.5 e 8.6.

Resposta em Frequencia: MODULO DA IMPEDÂNCIA À PARTIR DAS CELULAS


600

500

400
Impedância, Ohm

300

200

100

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.5 Resposta em frequência do módulo da impedância calculada (caso 1).


72

Resposta em Frequencia: ÂNGULO DE FASE À PARTIR DAS CELULAS


100

80

60

40
Ângulo de fase, em grau
20

-20

-40

-60

-80

-100
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.6. Ângulo de fase calculados (caso 1).

As Figuras 8.7 e 8.8 reproduzem a superposição dos gráficos das impedâncias e

respectivos ângulos de fase, obtidos através do ensaio de resposta em frequência da

impedância e dos calculados com o modelo proposto. Observa-se que os resultados obtidos

pelo modelo proposto são muito próximos dos obtidos no ensaio.

Resposta em Frequencia: CURVAS COMPARATIVAS


600
Módulo da Impedância: ensaio
Módulo da Impedância: modelo
500

400
Impedância, Ohm

300

200

100

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.7. Comparação da resposta em frequência: módulos das impedâncias (caso 1).
73

Resposta em Frequencia: CURVAS COMPARATIVAS


100
Ângulo de fase: ensaio
80 Ângulo de fase: modelo

60

40
Ângulo de fase, em grau
20

-20

-40

-60

-80

-100
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.8. Comparação da resposta em frequência: ângulos de fase (caso 1).

Além de gerar gráficos das impedâncias em função da frequência e dos ângulos de fase,

a ferramenta computacional desenvolvida, disponibiliza todos os valores de R, L e C relativos

a cada célula, bem como as respectivas frequências de ressonância. A tabela 8.1 apresenta

estes resultados.

Tabela 8.1. Valores de R, L e C para cada célula (caso 1).


Células R (Ω) L (H) C (F) f (Hz)

1 264,8874 209,7410 x10-6 12,0769 x10-9 100,0000 x103


2 26,0502 385,4102 x10-9 35,0872 x10-9 1,3686 x106
3 529,9102 2,4131 x10-6 1,5093 x10-9 2,6372 x106
4 103,5441 154,4924 x10-9 4,4137 x10-9 6,0949 x106
-9 -9 6
5 294,5201 251,2789 x10 1,5517 x10 8,0600 x10
-9 -9 6
6 126,3357 107,2763 x10 2,0258 x10 10,7963 x10
-9 -9 6
7 213,3248 83,6257 x10 1,6663 x10 13,4827 x10
8 148,6778 53,4126 x10-9 1,8710 x10-9 15,9205 x106
9 157,2433 38,3179 x10-9 1,8495 x10-9 18,9055 x106
74

8.1.2- CASO 2:

Neste segundo caso estudado, foram utilizados os resultados obtidos nos testes

realizados no mês de abril de 2008, no enrolamento Y1-Y2 (13,8 kV) do autotransformador

caracterizado anteriormente.

As Figuras 8.9 e 8.10 apresentam os gráficos relativos às impedâncias e os ângulos de

fase obtidos no ensaio de resposta em frequência da impedância, realizado em campo.

Resposta em Frequencia obtida do ensaio: MÓDULO DA IMPEDÂNCIA


1200

1000

800
Impedância, Ohm

600

400

200

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.9. Resposta em frequência do módulo da impedância (caso 2).

Resposta em Frequencia obtida do ensaio: ÂNGULO DE FASE


100

80

60

40
Ângulo de fase, emgrau

20

-20

-40

-60

-80

-100
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.10. Resposta em frequência: ângulo de fase (caso 2).


75

As influências da impedância em cada célula e respectivos ângulos de fase, obtidos para

o modelo proposto, são mostradas nas Figuras 8.11 e 8.12. Neste caso observa-se que o

programa computacional desenvolvido reconhece quatro frequências de ressonância, o que

implica em quatro células RLC.

Resposta em Frequencia de cada Celula: MODULO DA IMPEDÂNCIA


1200

1000

800
Impedância, Ohm

600

400

200

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.11. Resposta em frequência do módulo da impedância de cada célula (caso 2).

Resposta em Frequencia: ÂNGULO DE FASE À PARTIR DAS CELULAS


100

80

60

40
Ângulo de fase, em grau

20

-20

-40

-60

-80

-100
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.12. Ângulos de fase a partir das células identificadas (caso 2).
76

A partir da identificação das células existentes, o programa computacional apresenta o

comportamento das respectivas impedâncias e ângulos de fase, os quais estão reproduzidos

nos gráficos das Figuras 8.13 e 8.14.

Resposta em Frequencia: MODULO DA IMPEDÂNCIA À PARTIR DAS CELULAS


1200

1000

800
Impedância, Ohm

600

400

200

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.13. Resposta em frequência do módulo da impedância calculada (caso 2).

Resposta em Frequencia: ÂNGULO DE FASE À PARTIR DAS CELULAS


100

80

60

40
Ângulo de fase, em grau

20

-20

-40

-60

-80

-100
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.14. Ângulo de fase calculados (caso 2).


77

As Figuras 8.15 e 8.16, a seguir, reproduzem a superposição dos gráficos das

impedâncias e ângulos de fase obtidos através do ensaio de resposta em frequência da

impedância e dos calculados com o modelo proposto. Observa-se que os resultados do ensaio

e do modelo são muito próximos.

Resposta em Frequencia: CURVAS COMPARATIVAS


1200
Módulo da Impedância: ensaio
Módulo da Impedância: modelo
1000

800
Impedância, Ohm

600

400

200

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.15. Comparação da resposta em frequência: módulos das impedâncias (caso 2).
Resposta em Frequencia: CURVAS COMPARATIVAS
100
Ângulo de fase: ensaio
80 Ângulo de fase: modelo

60

40
Ângulo de fase, em grau

20

-20

-40

-60

-80

-100
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Frequencia, Hz 7
x 10

Figura 8.16. Comparação da resposta em frequência: ângulos de fase (caso 2).


78

Nestas simulações foram determinados, também, os valores de R, L e C para cada

célula, conforme mostra a tabela 8.2, a seguir.

Tabela 8.2. Valores de R, L e C para cada célula (caso 2).


Células R (Ω) L (H) C (F) f (Hz)

1 1,0632 x103 5,3452 x10-6 668,6765 x10-12 2,6621 x106


2 563,9382 506,0937 x10-9 756,3700 x10-12 8,1346 x106
3 414,5935 185,4837 x10-9 734,8781 x10-12 13,6320 x106
-9 -12 6
4 333,1561 93,7136 x10 738,6453 x10 19,1294 x10

8.1.3- CASO 3:

Neste estudo foram utilizados os resultados obtidos nos testes realizados no mês de

outubro de 2008, no enrolamento Y1-Y2 (13,8 kV) do autotransformador mencionado.

Os gráficos das impedâncias e ângulos de fase obtidos no ensaio de resposta em

frequência da impedância, realizado em campo, são reproduzidos nas Figuras 8.17 e 8.18.

Resposta em Frequencia obtida do ensaio: MÓDULO DA IMPEDÂNCIA


1000

900

800

700
Impedância, Ohm

600

500

400

300

200

100

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Frequencia, Hz 6
x 10

Figura 8.17. Resposta em frequência do módulo da impedância (caso 3).


79

Resposta em Frequencia obtida do ensaio: ÂNGULO DE FASE


100

80

60

40
Ângulo de fase, em grau

20

-20

-40

-60

-80

-100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Frequencia, Hz 6
x 10

Figura 8.18. Resposta em frequência: ângulo de fase (caso 3).

As Figuras 8.19 e 8.20 apresentam as influências da impedância em cada célula e

respectivos ângulos de fase, obtidas através do modelo proposto. Observa-se que neste caso

existem duas frequências de ressonância a serem consideradas, portanto, duas células RLC.

Resposta em Frequencia de cada Celula: MODULO DA IMPEDÂNCIA


1000

900

800

700
Impedância, Ohm

600

500

400

300

200

100

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Frequencia, Hz 6
x 10

Figura 8.19. Resposta em frequência do módulo da impedância de cada célula (caso 3).
80

Resposta em Frequencia: ÂNGULO DE FASE À PARTIR DAS CELULAS


100

80

60

40
Ângulo de fase, em grau
20

-20

-40

-60

-80

-100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Frequencia, Hz 6
x 10

Figura 8.20. Ângulos de fase a partir das células identificadas (caso 3).

Identificadas as células existentes, o programa computacional apresenta o

comportamento das respectivas impedâncias e ângulos de fase, reproduzidos nos gráficos das

Figuras 8.21 e 8.22.

Resposta em Frequencia: MODULO DA IMPEDÂNCIA À PARTIR DAS CELULAS


1000

900

800

700
Impedância, Ohm

600

500

400

300

200

100

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Frequencia, Hz 6
x 10

Figura 8.21. Resposta em freqüência do módulo da impedância calculada (caso 3).


81

Resposta em Frequencia: ÂNGULO DE FASE À PARTIR DAS CELULAS


100

80

60

Ângulo de fase, em grau 40

20

-20

-40

-60

-80

-100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Frequencia, Hz 6
x 10

Figura 8.22. Ângulo de fase calculado (caso 3).

A superposição dos gráficos das impedâncias e ângulos de fase obtidos através do

ensaio de resposta em frequência da impedância e dos calculados a partir do modelo proposto

é mostrada nas Figuras 8.23 e 8.24.

Observa-se que a diferença entre os resultados obtidos através do ensaio de resposta em

frequência da impedância e do modelo proposto são próximos, semelhante aos casos

apresentados anteriormente.
82

Resposta em Frequencia: CURVAS COMPARATIVAS


1000
Módulo da Impedância: ensaio
900 Módulo da Impedância: modelo

800

700
Impedância, Ohm
600

500

400

300

200

100

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Frequencia, Hz 6
x 10

Figura 8.23. Comparação da resposta em frequência: módulos das impedâncias (caso 3).

Resposta em Frequencia: CURVAS COMPARATIVAS


100
Ângulo de fase: ensaio
80 Ângulo de fase: modelo

60

40
Ângulo de fase, em grau

20

-20

-40

-60

-80

-100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Frequencia, Hz 6
x 10

Figura 8.24. Comparação da resposta em frequência: ângulos de fase (caso 3).

Resultantes destas simulações, a tabela 8.3, a seguir apresenta os valores de R, L e C

para cada célula do modelo proposto.


83

Tabela 8.3. Valores de R, L e C para cada célula (caso 3).


Células R (Ω) L (H) C (F) f (Hz)
-6 -12 6
1 977,7778 4,3495 x10 813,8646 x10 2,6750 x10
-9 -12 6
2 548,0343 459,5990 x10 829,7468 x10 8,1500 x10

8.2- RESULTADOS OBTIDOS:

Comparando as simulações dos dados reais do teste de resposta em frequência da

impedância, nos casos estudados, com a aplicação do modelo proposto, observa-se que os

resultados dos ensaios e dos valores calculados pelo modelo são muito próximos, quando se

considera as cusvas de magnitude da impedância. Entretanto, pode-se observar que com

relação aos ângulos de fases ocorre uma divergência mais significativa. Esta divergência pode

ser explicada se for conside4rado o efeito residual entre as células, conforme anteriormente

comentado.

A aplicabilidade do modelo proposto, ao mesmo tempo em que estimula o

prosseguimento dos trabalhos no sentido de desenvolver e aperfeiçoar o programa

computacional desenvolvido, também instiga a aplicação do modelo proposto em outros tipos

de ensaios como o de impulso de tensão aplicada, por exemplo, cuja forma de onda é

normalizada e de fácil tratamento no domínio da frequência complexa.


84

9 CONCLUSÕES

A partir do reconhecimento de um padrão muito semelhante ao comportamento da

resposta em frequência da impedância de um circuito RLC paralelo, foi proposto um modelo

elétrico para a impedância do transformador com base em rede de células RLC paralelas

passivas que obtivesse uma resposta rápida e confiável, objetivando facilitar a interpretação

dos resultados e aplicação deste modelo em programas computacionais que envolvam o

comportamento do transformador em situações transientes, nas quais o modelo elétrico

clássico não traduz fielmente a realidade da operação do equipamento.

Com dados reais obtidos por meio do teste de resposta em frequência da impedância, o

modelo proposto apresentou resultados aproximados com relação às simulações realizadas,

podendo ser melhorado. Comparando os dados reais do teste para a impedância, com os

resultados obtidos através do modelo proposto, este apresentou valores que apresentam

divergência com os valores obtidos a partir dos ensaios. A digergência é mais significativa

quando se compara os resultaso calculados e medidos com relação ao comportamento do

ângulo de fase. Em termos de amplitude, o comportamento é mais coerente, como se pode

observar nas figuras apresentadas.

O método proposto deve ser aperfeiçoado a fim de que possa sere reduzido o efeito

residual entre as células. Uma forma de abordar esta questão seria a de que o programa

computacional passe a executar rotinas iterativas, buscado ajustar os valores de R, L e C de

cada célula, até que uma diferença percentual (entre 1 e 5%, por exemplo) pré definida fosse

atingida. Não há dúvidas de que este procedimento incrementa o tempo de processamernto

computacional.

Contudo, identifica-se que há necessidade de mais investimento na programação da

ferramenta computacional desenvolvida.


85

Neste trabalho foi desenvolvido um método de células passivas que constituem um

modelo elétrico para o transformador. Trata-se de um método simplificado, entretanto de

rápida e fácil implementação. Outros métodos de síntese de redes podem ser empregados,

talvez com resultados mais próximos dos valores reais, mas este trabalho pode ser rotulado

como o início de um campo de investigação no mínimo interessante.

9.1- PROPOSTA PARA FUTURAS PESQUISAS

A proposta deste trabalho foi desenvolver um modelo elétrico da impedância do

transformador baseado em um conjunto de células com a topologia de elementos passivos R,

L e C conectados em paralelo.

Os parâmetros investigados, bem como os resultados obtidos pelo modelo proposto,

neste trabalho relatados podem servir de base para outras investigações, tal como, relacionar

ou determinar os parâmetros do modelo clássico do transformador a partir dos dados do

ensaio de resposta em frequência da impedância do mesmo. Note-se que talvez o ensaio de

resposta em frequência não seja adequado à determinação destes parâmetros, uma vez que

neste teste o transformador encontra-se em estado de sub-excitação, bem aquém das

condições operacionais de fluxo magnético e saturação magnética.

Na continuidade e melhoria do programa computacional, não menos importante é

intensificar a atenção quanto a ocorrência de frequências e resistências elétricas de meia

potência relativas à frequências de ressonância adjacentes já que foi possível observa que

método proposto diverge do obtido através de ensaio.

Também é importante verificar o potencial e a aplicabilidade deste modelo proposto

no intuito de verificar préviamente o comportamento da corrente esperada quando o

transformador for submetido a um ensaio de tensão impulsiva, bem como analisar o

comportamento do transformador para ondas com um importante conteúdo de harmônicas.


86

E, por fim, a mais complexa, vincular alterações geométricas na parte ativa do

dispositivo às alterações que possam ser observadas no ensaio de resposta em frequência da

impedância do transformador.
87

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Disponível em:


<http://www.aneel.gov.br>. Acesso em: 18 jul. 2009.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-5380:


transformador de potência: método de ensaio. Rio de Janeiro, 1993.

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WEG – MOTORES, ENERGIA, AUTOMAÇÃO. Disponível em: <http://www.weg.net>.


Acesso em: 14 jul. 2009.
89

ANEXO I
Placa de dados do Transformador referido no Capítulo 5
90
91

ANEXO II
Programa computacional desenvolvido
92

%PROGRAMA "CELULAS.M" CALCULA A RESPOSTA EM FREQUENCIA DA IMPEDANCIA A


%PARTIR DE DADOS DE ENSAIO CONTIDOS NOS ARQUIVOS IMP, IMP2 E IMP3.
clear all
close all
clc
clf
format short eng
%CARREGA O ARQUIVO DE DADOS

% load imp
% imp=imp;

% load imp2
% imp=imp2;

load imp3
imp=imp3;

%
%CONVERTE AS GRANDEZAS DAS COLUNAS 1 E 4 DO ARQUIVO "imp" PARA w E modZ
w=imp(:,1)*2*pi;
modZ=imp(:,4);

%CALCULA OS MAXIMOS E MINIMOS E AS RESPECTIVAS POSIÇOES


N=length(w);
p=1;
D=0;
for k=1:N-1
if D==0
if modZ(k)>modZ(k+1)
D=1;
Zmax(p)=modZ(k);
Wmax(p)=w(k);
pmax(p)=k;
p=p+1;
end
end
if D==1
if modZ(k)<modZ(k+1)
Zmin=modZ(k);
pmin(p)=k;
D=0;
end
end
end
pmin(length(pmin)+1)=length(modZ);

% Zmax
% Wmax
% pmax
% pmin

%ENCONTRA OS VALORES PROXIMOS DE 70% A ESQUESRDA E A DIREITA DE CADA VALOR


%MAXIMO, APRESENTANDO AS RESPECTIVAS FREQUENCIAS DE MEIA POTENCIA E
POSIÇOES

for p=1:length(Zmax);
D=0;
for k=pmax(p):-1:pmin(p)+1;
if D==0
93

if modZ(k)<=Zmax(p)/(2^0.5)
D=1;
Zmpi(p)=modZ(k);
Wmpi(p)=w(k);
pmpi(p)=k;
end
end
end
for k=pmax(p):1:pmin(p+1);
if D==1
if modZ(k)<=Zmax(p)/(2^0.5)
D=0;
Zmps(p)=modZ(k);
Wmps(p)=w(k);
pmps(p)=k;
end
end
end
end

% Zmpi
% Wmpi
% pmpi
% Zmps
% Wmps
% pmps

%PLOTA A RESPOSTA EM FREQUENCIA À PARTIR DOS DADOS DE ENSAIO


figure(1)
%loglog(w,modZ,'b',Wmpi,Zmpi,'*c',Wmps,Zmps,'*g',Wmax,Zmax,'*r')
%plot(w/2/pi,modZ,'b.',Wmpi/2/pi,Zmpi,'*c',Wmps/2/pi,Zmps,'*g',Wmax/2/pi,Zm
ax,'*r')
plot(w/2/pi,modZ,'r','LineWidth',2)

title('Resposta em Frequencia obtida do ensaio: MÓDULO DA IMPEDÂNCIA')


xlabel('Frequencia, Hz')
ylabel('Impedância, Ohm')
set(gcf,'color',[1 1 1]);
grid on

figure(11)
%loglog(w,modZ,'b',Wmpi,Zmpi,'*c',Wmps,Zmps,'*g',Wmax,Zmax,'*r')
%plot(w/2/pi,modZ,'b.',Wmpi/2/pi,Zmpi,'*c',Wmps/2/pi,Zmps,'*g',Wmax/2/pi,Zm
ax,'*r')
plot(w/2/pi,-atan(imp(:,3)./imp(:,2))*180/pi,'r','LineWidth',2)
title('Resposta em Frequencia obtida do ensaio: ÂNGULO DE FASE');
xlabel('Frequencia, Hz')
ylabel('Ângulo de fase, em grau')
set(gcf,'color',[1 1 1]);
grid on

%CALCULOS
%DETERMINACAO DA RESISTENCIA
R=Zmax;
%DETERMINACAO DAS FREQUENCIAS DE RESSONANCIA
Wo=Wmax;
%DETERMINACAO DAS IMPEDÂNCIAS DE MEIA POTENCIA
Zmp=[Zmpi;Zmps];
%DETERMINACAO DAS FREQUENCIAS DE MEIA POTENCIA
94

Wmp=[Wmpi;Wmps];
%DETERMINACAO DAS LARGURAS DE FAIXA
B=[Wmps-Wmpi];
%DETERMINACAO DOS FATORES DE QUALIDADE
Q=Wo./B;
%DETERMINACAO DAS INDUTANCIAS
L=R./(Wo.*Q);
%DETERMINACAO DAS CAPACITANCIAS
C=Q./(Wo.*R);

%RESULTADOS PROVISORIOS
RLCprovisorio=[R;L;C];
% L
% C
% RLCprovisorio

%ELIMINA RESULTADOS INCOERENTES


q=0;
for u=1:1:length(L)
if L(u)>0
q=q+1;
RLC(:,q)=RLCprovisorio(:,u);
W0(q)=Wmax(u);
end
end

%plota as respostas e frequencia de cada celula


[linha,coluna]=size(RLC);
for c=1:coluna
Celula(c)=c;
for F=1:length(w)
Y(F,c)=1./RLC(1,c)+1./(i*w(F)*RLC(2,c))+i*w(F)*RLC(3,c);
end
end
('R em Ohm, L em Henry e C em Farad')

RLC
('W0 em rad/s e f0 em Hz')

W0
f0=W0/(2*pi);
f0

figure(2)
%set(0,'DefaultAxesColorOrder',[1 0 0;0 1 0;0 0 1],...
% 'DefaultAxesLineStyleOrder','-o|-s|-*')

plot(w/2/pi,abs(1./Y),'r','LineWidth',2)
title('Resposta em Frequencia de cada Celula: MODULO DA IMPEDÂNCIA')
xlabel('Frequencia, Hz')
ylabel('Impedância, Ohm')
set(gcf,'color',[1 1 1]);
grid on

figure(22)
plot(w/2/pi,angle(1./Y)*180/pi,'LineWidth',2)
title('Resposta em Frequencia: ÂNGULO DE FASE À PARTIR DAS CELULAS')
xlabel('Frequencia, Hz')
95

ylabel('Ângulo de fase, em grau')


set(gcf,'color',[1 1 1]);
grid on

Zt=sum(1./Y');
figure(3)
plot(w/2/pi,abs(Zt),'LineWidth',2)
title('Resposta em Frequencia: MODULO DA IMPEDÂNCIA À PARTIR DAS CELULAS')
xlabel('Frequencia, Hz')
ylabel('Impedância, Ohm')
set(gcf,'color',[1 1 1]);
grid on

figure(33)
plot(w/2/pi,angle(Zt)*180/pi,'LineWidth',2)
title('Resposta em Frequencia: ÂNGULO DE FASE À PARTIR DAS CELULAS')
xlabel('Frequencia, Hz')
ylabel('Ângulo de fase, em grau')
set(gcf,'color',[1 1 1]);
grid on

figure(4)
plot(w/2/pi,modZ,'r',w/2/pi,abs(Zt),'b--','LineWidth',2)
title('Resposta em Frequencia: CURVAS COMPARATIVAS')
xlabel('Frequencia, Hz')
ylabel('Impedância, Ohm')
legend('Módulo da Impedância: ensaio','Módulo da Impedância: modelo',1)
set(gcf,'color',[1 1 1]);
grid on

figure(44)
plot(w/2/pi,-
atan(imp(:,3)./imp(:,2))*180/pi,'r',w/2/pi,angle(Zt)*180/pi,'b--
','LineWidth',2)
title('Resposta em Frequencia: CURVAS COMPARATIVAS')
xlabel('Frequencia, Hz')
ylabel('Ângulo de fase, em grau')
legend('Ângulo de fase: ensaio','Ângulo de fase: modelo',1)
set(gcf,'color',[1 1 1]);
grid on

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