Manutenção - Aula 6 - Introdução Ao Estudo Da Confiabilidade
Manutenção - Aula 6 - Introdução Ao Estudo Da Confiabilidade
Manutenção - Aula 6 - Introdução Ao Estudo Da Confiabilidade
A operação prolongada e eficaz dos sistemas produtivos de bens e serviços é uma exigência vital em muitos
domínios. Nos serviços, como a Produção, Transporte e Distribuição de Energia, ou no serviço de transportes, as falhas
súbitas causadas por fatores aleatórios devem ser entendidas e contrabalançadas quando se pretende evitar os danos não só
econômicos mas especialmente sociais.
Também nas Indústrias, hoje caracterizadas por unidade de grande volume de produção e de alta complexidade,
dotadas de sistemas sofisticados de automação, impõe-se, com grande acuidade, a necessidade de conhecer e controlar as
possibilidades de falhas, parciais ou globais, que possam comprometer, para lá de certos limites, a missão produtiva. As
perdas operativas traduzem-se aqui por elevados prejuízos econômicos para a empresa e para o país.
Estas exigências impulsionaram a criação e desenvolvimento de uma nova ciência: A TEORIA DA
CONFIABILIDADE. Esta disciplina tem por escopo os métodos, os critérios e as estratégias que devem ser usados nas
fases de concepção, projeto, desenvolvimento, operação, manutenção e distribuição de modo a se garantir o máximo de
eficiência, segurança, economia e duração.
Em especial, busca o prolongamento da atividade do sistema a plena carga e de modo contínuo, sem que o sistema
seja afetado por defeitos nas suas partes integrantes.
Fundamentalmente, a teoria da Confiabilidade tem como objetivos principais:
• Estabelecer as leis estatísticas da ocorrência de falhas nos dispositivos e nos sistemas.
• Estabelecer os métodos que permitem melhorar os dispositivos e sistemas mediante a introdução de estratégias
capazes da alteração de índices quantitativos e qualitativos relativos às falhas.
A teoria da Confiabilidade (ou, apenas, Confiabilidade) usa como ferramentas principais:
• A Estatística Matemática
• A Teoria das Probabilidades
• O conhecimento experimental das causas das falhas e dos parâmetros que as caracterizam nos diversos tipos de
componentes e sistemas.
• As regras e estratégias para melhorar o desempenho dos sistemas de várias naturezas e as técnicas para o
desenvolvimentos dos sistemas.
Uma das finalidades da Confiabilidade é a elaboração de regras que permitam a concepção de sistemas muito
complexos (computadores, redes elétricas, usinas químicas, sistemas de geração elétrica, aviões, naves espaciais, sistema
de controle e proteção, etc) capazes de funcionar satisfatoriamente mesmo com a ocorrência de falhas em alguns dos seus
componentes mais críticos. Os princípios da Teoria da Redundância nasceram deste problema.
Um dos primeiros domínios onde, por força da necessidade foram usados estudos estatísticos para a determinação
da confiabilidade foi o da Produção e Distribuição de Energia Elétrica.
Mas foram, especialmente, o advento dos computadores de altíssima complexidade de circuito e com enorme
número de componentes, as missões espaciais e as necessidade militares que forçaram à maturação, em termos mais
elaborados, da Teoria da Confiabilidade.
Para citar alguns domínios onde a Teoria da Confiabilidade é de aplicação necessária, nomeamos os seguintes:
• Sistemas elétricos de potência, de geração, transmissão e distribuição.
• Concepção de sistemas eletrônicos analógicos e digitais.
• Redes de transporte, aéreas, marítimas e terrestres.
• Organização da Manutenção Corretiva e Preventiva dos processos e serviços.
• Cadeias de produção de peças.
• Estocagem de peças.
• Usinas nucleares.
• Missões Espaciais.
• Concepção de sistemas de controle e proteção.
• Planejamento da expansão dos Sistemas de Produção e Transporte de Energia Elétrica, etc.
Manutenção Industrial
TIPOS DE FALHAS
Entende-se por falhas a diminuição parcial ou total da eficácia, ou capacidade de desempenho, de um componente
ou sistema.
De acordo com o nível de diminuição da capacidade, pode se classificar as falhas em:
• Falhas Totais
• Falhas Parciais
Por exemplo, um rolamento de esferas defeituoso pode ainda operar durante algum tempo, apesar de ruidoso e
com sobreaquecimento (falha parcial) ao passo que a capacidade de desempenho de uma lâmpada fundida é nula, sem
qualquer meio termo.
Conforme o modo como a falha evolui no tempo, desde o seu início, podemos considerar duas possibilidades de
falhas:
• Falhas Catastróficas: Como falhas catastróficas, cita-se um curto-circuito numa linha de transporte de energia
elétrica ou um bloco motor de explosão quebrado.
Manutenção Industrial
Em alguns domínios da indústria e dos serviços podem ocorrer, quanto à duração da falha:
• Falhas Temporárias (curto-circuito linha terra ou entre fases, devido a uma causa passageira).
• Falhas Intermitentes (mau contato no borne de um relé)
• Falhas Permanentes (lâmpada fundida, bobina queimada)
As falhas de vários componentes podem, ou não, estar ligadas causalmente entre si. Se uma falha em um elemento
induz falhas em outros, diz-se que a falha é do tipo DEPENDENTE.
Por exemplo, um resistor aberto no circuito anódico de uma válvula, pode levar esta à destruição. Uma folga
excessiva no mancal de um motor elétrico, pode levar a um roçamento do rotor na massa estatórica e produzir a destruição
do motor. Se não houver inter-relação entre falhas, elas são do tipo INDEPENDENTE.
A curva da taxa de falhas de grande número de componentes e sistemas é caracterizada por uma curva, designada
por Curva em Banheira, na qual se distinguem 3 regiões:
• Região J, designada como Período de Taxa de Falhas Inicial (ou período Juvenil). Corresponde ao período de
partida da componente ou sistema e é caracterizado por uma taxa de falhas relativamente alta, a qual decresce com o
tempo tendendo para um valor mais baixo e constante.
Na população humana verifica-se uma curva deste tipo para a mortalidade dos indivíduos. A taxa de mortalidade é
mais alta nos primeiros meses de vida (mortalidade infantil); essa taxa cai rapidamente e, por exemplo, é muito menor
para crianças de 2 anos do que para recém nascidos. O mesmo acontece com circuitos eletrônicos, rolamentos, lâmpadas
elétricas, etc.
• Região A, designada como Período de Taxa de Falhas Constante (ou período adulto). Durante este período, que
normalmente abrange a maior parte da vida útil do componente ou sistema, a taxa de falhas é, aproximadamente,
constante. Corresponde à idade adulta nas populações humanas. Durante este período, a mortalidade, devida as causas
aleatórias, verifica-se a uma taxa constante.
• Região V, designada como Período de Falhas devidas à Deterioração (ou período Senil). É um período que se
segue ao de taxa de falhas constante e durante o qual a taxa de falhas sobe rapidamente, devido a processos de
deterioração (mecânica, elétrica, química, etc.). As avarias, se não forem tomadas precauções prévias (manutenção
preventiva), acabam por se suceder catastroficamente em toda a população.
Pretende-se que os equipamentos de responsabilidade funcionem dentro deste período, após ultrapassado o
período inicial de taxa alta. Com esta finalidade, exigem-se, em certos casos, tratamentos prévios designados por
Envelhecimento, com a finalidade de estabilizar as características de equipamentos ou componentes e identificar falhas
iniciais. Esta exigência é corrente em instrumentos, circuitos eletrônicos de comando, etc.