TCC 2
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CURSO DE BIOMEDICINA
INTRODUÇÃO
Doenças infecciosas representam cerca três milhões de mortes por ano no mundo, principalmente
nos países em desenvolvimento, devido a condições precárias de higiene e locais com aglomeração
intensa de pessoas que vivem em condições sanitárias inadequadas, favorecendo as altas taxas de
contaminação de água e alimentos consumidos e levando à transmissão de diversos microrganismos.
Neste contexto se enquadram as doenças parasitárias. O Parasitismo é uma associação entre seres
vivos, na qual existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, que
pode promover sérios danos. Dentre os parasitas, se destacam os enteroparasitas, que constituem um
sério problema de Saúde Pública no Brasil, apresentando maior prevalência em populações de nível
socioeconômico mais baixo e condições precárias de saneamento básico, resultando em altos índices de
morbidade. Em crianças, principalmente com idades entre 0 a 5 anos, devido a seus hábitos e/ou a
ausência de imunidade a reinfecções, o parasitismo torna-se mais frequente e relevante, inclusive pela
possibilidade de redução da absorção intestinal, podendo influenciar no crescimento e desenvolvimento.
Nessa revisão, visamos abordar o que são os parasitas intestinais e os impactos que estes causam na
Saúde Pública, com o objetivo de contribuir através desse conhecimento para a conscientização e Figura 2 - Água, saneamento e o ciclo da pobreza.
orientação da população, em especial no que tange a importância do acesso ao saneamento básico, bem Fonte: Razzolini PTM (2008).
como auxiliar a direcionar medidas governamentais que precisam ser tomadas para o controle das
infecções causadas por enteroparasitas encontrados em zonas urbanas.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura, conduzida mediante a análise de artigos científicos relacionados
à temática, selecionados a partir das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO),
PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico.
A revisão abrange publicações na língua portuguesa e inglesa, com um recorte temporal de até duas
décadas. Para a seleção dos artigos foram utilizados os descritores “parasitoses”, “educação”, “população Figura 3 - Prevalência de ovos de helmintos identificados em fezes de usuários de duas unidades básicas de
saúde da cidade de Parnaíba, Piauí, por meio do método de Hoffman, Pons e Janer - adaptado por Katagiri S
urbana”, “saneamento básico”, “prevenção” e “saúde pública”, empregados de forma isolada ou
e Oliveira-Sequeira TCG.
combinada como critérios de busca e obtidos a partir dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Fonte: Santos RK (2020).
O que se estima de prevalência decorre de estudos pontuais e de geo-helmintos associados aos estudos da
RESULTADOS E DISCUSSÃO esquistossomíase. Estima-se então uma prevalência de 2 a 36%, que pode chegar a 70% nos indivíduos em idade
escolar, o que revela um importante cenário de preocupação na saúde pública nacional.
As parasitoses intestinais constituem um tipo de endoparasitismo. Os parasitos que vivem no trato
Estudos de prevalência são necessários não só para se mensurar o problema das altas taxas de morbidade
gastrintestinal do homem pertencem aos filos Protozoa, Platelmintos, Nematoda, e Acantocephala. Alguns,
como Entamoeba histolytica, Giardia intestinalis, Hymenolepis nana, Taenia solium, Ascaris lumbricoides, associadas a essas parasitoses, bem como para gerar dados para o planejamento de ações governamentais. Isso
Trichuris trichiura e Enterobius vermicularis, são transmitidos pela água ou alimentos contaminados. Outros, demonstra que grande parte da população brasileira se encontra em condições facilitadoras para aquisição de
como Ancylostoma duodenale, Necator americanus e Strongyloides stercoralis, são adquiridos pela enteroparasitoses.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
penetração ativa de larvas presentes no solo.
A prevalência de parasitoses é alta em locais nos quais as condições de vida e de saneamento básico
são insatisfatórias ou inexistentes, o que observamos em zonas periféricas de cidades. O desconhecimento As pesquisas realizadas evidenciam as enteroparasitoses como um problema relevante de saúde pública,
de princípios de higiene pessoal e de cuidados no manejo e preparação dos alimentos facilita contaminações intrinsecamente ligado às deficiências de saneamento básico. Lamentavelmente, a obtenção de informações
e predispõe reinfecções em áreas endêmicas. No Brasil, as enteroparasitoses são frequentes, especialmente precisas sobre a prevalência das parasitoses intestinais no Brasil ainda se mostra desafiadora, dada a insuficiência
entre as crianças e as principais consequências são: diarréia crônica, má absorção, anemias (ferropriva e das notificações. Assim sendo, torna-se urgente a realização de pesquisas e estudos aprofundados sobre o tema.
megaloblástica), baixa capacidade de concentração e dificuldades no aprendizado. Essas iniciativas não apenas devem visar disseminar conhecimento, conscientizando a sociedade, mas também
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012), em 2010, cerca de 1.915.292 buscam estabelecer um monitoramento eficaz da incidência das infecções por enteroparasitas e uma análise
domicílios do País ainda não dispunham de abastecimento de água adequado, 1.514.992 domicílios não detalhada das áreas mais afetadas e seus respectivos grupos populacionais.
possuíam banheiros e 7.218.079 lançavam seus resíduos sólidos diretamente no ambiente de forma Além disso, é imprescindível promover medidas preventivas pautadas na educação. Atividades de orientação e
inadequada. conscientização realizadas nas instituições de ensino, tanto para estudantes quanto para pais e responsáveis que
residem em áreas socioeconomicamente vulneráveis, desempenham um papel essencial na difusão do
conhecimento sobre práticas profiláticas. A ênfase deve ser dada à lavagem das mãos, especialmente antes da
manipulação de alimentos ou refeições e após o contato com regiões suscetíveis à contaminação por geo-helmintos,
como o solo.
REFERÊNCIAS
Campos de Andrade E, Cristina Gonçalves Leite I, Oliveira Rodrigues V, Goldner Cesca M. Parasitoses Intestinais:
Uma revisão sobre seus aspectos sociais, epidemiológicos, clínicos e terapêuticos. Rev APS, Juiz de Fora.
2010;13(1):231-240.
Santos RK, Ciro RE, Miranda RSL, Lino MN, Junior SCS. Comparação entre três técnicas coproparasitológicas na
Figura 1 - Microscopia óptica realizada em matrizes ambientais (areias investigação de parasitos intestinais de seres humanos.Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2020;52(2):1-9.
naturalmente contaminadas por ovos e larvas de diferentes geo-helmintos.
Fonte: Martins SR (2018). Borja Campos P. Política pública de saneamento básico: uma análise da recente experiência brasileira. Saúde Soc.
São Paulo. 2014;23(2):432-447.