Ansiedade e Depresso

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Thiago Roberto Sarmento de Moraes
Médico Psiquiatra
CRM 5944 | RQE 3413
Roteiro da aula
• Normal x Patológico
• Epidemiologia
• Neurobiologia
• Comorbidades clínicas
• Classificação DSM V
• Depressão
• Comportamento suicida
• TAG
• Transtorno de Pânico
• Agorafobia
• Fobia social
Normal X patológico

Contextos social, ambiental, econômico e


O que é um cultural
transtorno
psiquiátrico?
Sofrimento
Prejuízo funcional
laboral, acadêmico, interpessoal
1 episódio – 50%
Depressão é também uma 

 2 episódios – 70%
doença recorrente!  3 episódios – 90%
Incapacidade funcional
e laboral
 Países desenvolvidos
 2ª causa de incapacidade

 Em 2020
 1ª causa de incapacidade nos países em

desenvolvimento.
• País com maior taxa de pessoas
com transtornos de ansiedade no
Epidemiologia - Brasil mundo
9,3% (18.657.943), OMS
Suicídio
 Acesso a meios mais eficazes de
letalidade
 Isolamento social
 Situação conjugal insatisfatória
 Precária situação empregatícia
 São mais exigentes consigo mesmo
 Têm pouca tolerância a falhas
 Dificuldade em assumir que está
doente
 Baixa adesão ao tratamento
"Estudos recentes têm apontado uma cifra
3X maior de suicídio entre médicos,
comparada à população em geral", diz
Alexandrina Meleiro

Só nos EUA, entre 300 e 400 tiram a própria vida


todos os anos, segundo a Fundação Americana para a
Prevenção do Suicídio. Praticamente uma morte por
dia.
https://tab.uol.com.br/medicos-suicidio
Depressão e ansiedade
entre nós

• N: 1350 estudantes
• Prevalência depressão: 41%
• Ansiedade estado: 81,7%
• Ansiedade traço: 85.6%
*Estudo em fase de análise dos resultados
A circuitaria por trás dos sintomas

Karine Martins e Thiago Moraes


neuroimagem
Hipofuncionamento e atrofia cortical
• Transtorno depressivo maior
• Comportamento suicida
• Ataque de pânico
Identificando e • Transtorno de pânico
tratando os • Fobia social
• Agorafobia
transtornos • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Diagnóstico
Pelo menos 5 sintomas, presentes por 2 semanas, na maioria dos dias:

Um sintoma deve obrigatoriamente ser:


• 1 - Humor deprimido ou 2 - Perda de interesse/prazer
Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta ; redução ou aumento do apetite

Insônia ou hipersonia

Agitação ou retardo psicomotor

Fadiga ou perda de energia

Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada

Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão

Pensamentos recorrentes de morte; ideação suicida recorrente; uma tentativa de suicídio


Tratamento

Psicoterapia Atividade física Medicamentos


Antidepressivos
Lítio
Antipsicóticos
Protocolo tratamento
A remissão completa de sintomas deve ser a meta de qualquer
tratamento antidepressivo

A resposta ao tratamento agudo com antidepressivo é observada entre 2 e


4 semanas após o início do uso

o risco de suicídio é mais alto antes do tratamento


A prescrição de antidepressivos está antidepressivo iniciar (mês anterior), muito menor na
associada com diminuição do risco de primeira semana de tratamento, diminuindo ainda mais nas
suicídio semanas seguintes

O tratamento antidepressivo de continuação por seis meses reduz em 50%


o risco de recaída

A dose efetiva do tratamento na fase de continuação é a mesma do


tratamento na fase aguda
Continue o tratamento antidepressivo por pelo menos seis meses após a remissão
dos sintomas do episódio depressivo

Nos pacientes que persistem com sintomas residuais, mantenha o tratamento por
tempo mais prolongado

O tratamento de manutenção está indicado nas seguintes situações:

a) três ou mais episódios depressivos nos últimos cinco anos;

b) mais que cinco episódios ao todo ao longo da vida;

c) risco persistente de recaída.

O tratamento de manutenção deve ser feito por pelo menos cinco anos e,
provavelmente, indefinidamente
As estratégias utilizadas quando um paciente não responde ao
tratamento com medicamento antidepressivo consistem em:

Resposta 1) aumento de dose


insatisfatória
2) Troca de classe

3) potencialização com lítio ou


antipsicótico atípico ou outro AD

4) Eletroconvulsoterapia (ECT)

Depressão refratária
• Tentativa com pelo menos 2 AD de classes diferentes em doses
adequadas e tempo apropriado (6 semanas)
Antidepressivos tricíclicos
Ef. Colaterais: boca seca; visão turva; retenção urinária; constipação; ganho de peso; arritmias

Tofranil
Imipramina
(75-300mg) Boa eficácia antidepressiva
Amytril
Amitriptilina Indutor de sono
(75-300mg) Quadros álgicos comórbidos
Pamelor
Nortriptilina
(50-150mg) Menos efeitos colaterais

Clomipramina Anafranil; Clo


(150-300mg) Preferível em quadros de TOC

Karine Martins e Thiago Moraes


Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS)
Ef. Colaterais: inquietação; náuseas e vômitos; diarreia; alteração de apetite; sudorese.

Prozac; Daforin; Fluxene


Fluoxetina
Ativador
(20-80mg)
Inibe apetite – redução de peso

Irritação TGI – Tomar após refeição

Pondera; Paxtrat
Paroxetina Boa ação ansiolítica
(20-60mg) Leve ação sedativa
Leve aumento de apetite/ganho de peso
O que mais interfere na função sexual – atraso na ejaculação

Karine Martins e Thiago Moraes


Sertralina Zoloft; Tolrest; Assert
Poucas interações medicamentosas
(50-200mg)
O mais seguro na gestação e lactação
Diarréia

Citalopram Maxapram; Denyl


Leve sedação
(20-60mg)
Poucas interações medicamentosas
Leve aumento no apetite

Inibidores Seletivos da Recaptação de


Serotonina (ISRS)
Karine Martins e Thiago Moraes
Comportamento suicida
Automutilação
Fatores de risco
Como identificar um paciente suicida?
Fatores de risco
1. Tentativa prévia
2. Doença mental
3. Desesperança
Como abordar o paciente?

Dados semiológicos e apoio emocional/estabelecimento de vínculo

O essencial é ouvir com atenção – estar do lado do paciente


• Não tentar mudar a todo custo seus sentimentos e ideias

Investigar fatores de risco


• Tentativa prévia - Doença mental - Desesperança

Tomar como foco o conteúdo expresso


• Frustrações – Conflitos - Necessidades
Caracterizar:

• A pessoa teve alguns pensamentos suicidas,


mas não fez nenhum plano.

Manejar:
Risco baixo
• Escuta acolhedora para compreensão e
amenização de sofrimento;
• Facilitar a vinculação do sujeito ao suporte e
ajuda possível ao seu redor – social e
institucional;
• Tratamento de possível transtorno psiquiátrico.
Caracterizar:

• A pessoa tem pensamentos e planos, mas não pretende


cometer suicídio imediatamente.

Manejar:
Risco médio
• Total cuidado com possíveis meios de cometer suicídio
que possam estar no próprio espaço de atendimento;
• Escuta terapêutica que o possibilite falar e clarificar
para si sua situação de crise e sofrimento;
• Realização de contrato terapêutico de não suicídio;
• Investimento nos possíveis fatores protetivos do
suicídio;
Risco médio

Encaminhar para o serviço de psiquiatria para avaliação


e conduta ou agendar uma consulta o mais breve
possível;

Peça autorização para entrar em contato com a família,


os amigos e/ou colegas

Oriente sobre medidas de prevenção, como: esconder


armas; facas; cordas; deixar medicamentos em local que
a pessoa não tenha acesso etc.
Manejo medicamentoso

1. Tratamento do transtorno mental de base

2. Uso de antipsicóticos em situações de crise


• Sedação
• Ação estabilizadora do humor
• Diminuição da angústia e ansiedade

3. Carbonato de lítio
• Ação específica antisuicida cientificamente
comprovada
• Requer experiência e cuidados de manejo
Ataque de
pânico
Pode estar presente em todos os transtornos de
ansiedade
• Estima-se que ataques de pânico ocorram em 20% das pessoas
• O transtorno de pânico tem uma prevalência ao longo da vida
muito mais baixa, entre 3 e 5%.

Outros transtornos mentais


Ataque de • transtornos depressivos
pânico • transtorno de estresse pós-traumático
• transtornos por uso de substâncias

Outras condições médicas

• Cardíaca
• Respiratória
• Vestibular
• Gastrintestinal

Karine Martins e Thiago Moraes


Um surto abrupto de medo ou de desconforto intenso que alcança um pico em minutos e
durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:
• 1. Palpitações, coração acelerado ou taquicardia.
• 2. Sudorese.
• 3. Tremores ou abalos.
• 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.
• 5. Sensações de asfixia.
• 6. Dor ou desconforto torácico.
• 7. Náusea ou desconforto abdominal.
• 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
• 9. Calafrios ou ondas de calor.
• 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
• 11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo).
• 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.
• 13. Medo de morrer.

Karine Martins e Thiago Moraes


Transtorno de
pânico

Karine Martins e Thiago Moraes


Transtorno de pânico – critérios
1. Ataques de pânico recorrentes e inesperados.

2. Seguido de um mês
• Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico
adicionais ou sobre suas consequências
• Mudança desadaptativa (esquiva; evitação)

3. Descartar uso de substâncias; outras causas orgânicas ou


psiquiátricas.

Karine Martins e Thiago Moraes


Agorafobia
Agorafobia | critérios
1. Medo/evitação de pelo menos 2 situações
• Uso de transporte público; Permanecer em espaços abertos; Sair de casa sozinho;
ficar em meio a uma multidão

2. Cognição: “se passar mal não vou conseguir escapar/ajuda!”

3. As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a presença


de uma companhia ou são suportadas com intenso medo ou ansiedade.

4. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de


seis meses.

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Agorafobia

Temem sintomas Outros sintomas


de ataques de incapacitantes ou
pânico constrangedores

Crianças:
Sintomas
Idosos: medo de sensação de
Vomitar inflamatórios
cair; tremores desorientação e
intestinais
de estar perdido.

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Transtorno de
ansiedade
social
(fobia social)
Fobia social | critérios
1. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais.
• Cognição envolvida: “serei avaliado negativamente”

• interações sociais (manter uma conversa, encontrar pessoas que não são
familiares)
• ser observado (comendo, bebendo ou escrevendo)
• situações de desempenho diante de outros (proferir palestras; apresentações).

2. Teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade


3. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade –
desproporcional
4. Sintomas persistentes por pelo menos 6 meses
5. Pode levar a extremo isolamento social

Karine Martins e Thiago Moraes


Transtorno de
Ansiedade
Generalizada
(TAG)
TAG – critérios
1. Ansiedade/preocupação com diversos eventos ou atividades

2. Maioria dos dias por pelo menos 6 meses

3. Apresenta 3/6 sintomas


1. Inquietação
2. Fatigabilidade RESPONSABILI SAÚDE FINANÇAS SAÚDE DOS DESGRAÇAS
3. Irritabilidade DADES NO MEMBROS COM SEUS
TRABALHO DA FAMÍLIA FILHOS
4. Concentração
5. Tensão muscular
6. Perturbação do sono

Karine Martins e Thiago Moraes


Tratamento medicamentoso dos transtornos
de ansiedade
• ISRS
• Em pacientes ansiosos ou somatizadores iniciar com a metade da
dose terapêutica recomendada:

• Fluoxetina – 10mg na 1º semana; passar para 20mg a partir da 2ª semana.

• Citalopram - 10mg na 1º semana; passar para 20mg a partir da 2ª semana.

• Associação com BZD no início do tratamento ajuda na tolerabilidade


inicial aos ISRS’s
Benzodiazepínicos

Karine Martins e Thiago Moraes


Benzodiazepínicos

AGUDO
• Atuam sobre receptores benzodiazepínicos

Tratamento
• Aumentam efeitos inibitórios do GABA
• Inibe a atividade neuronal nos circuitos do medo centrados na
amígdala para oferecer benefícios terapêuticos em transtornos de
ansiedade
Vai colocar benzo?
• Efeito sedativo/ansiolítico rápido

Então TIRE!!!
Karine Martins e Thiago Moraes
Diazepam (5-20mg)
• Valium
• Meia vida longa
• Utilizado em delirium tremens – doses mais elevadas

Clonazepam (0,25 – 4mg)


• Rivotril; Clopam
• Meia vida longa
• Formulação SL útil para abortar crises de pânico e manejo de
ansiedade de desempenho

Karine Martins e Thiago Moraes


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