Aula Disc. Fundamentos Da TE UNIDADE 1 2024

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Fundamentos da Terapia do Esquema:

Técnicas cognitivo-comportamentais
inovadoras

Profa. Ma. Beatriz de Oliveira Meneguelo Lobo


Mestra em Psicologia/Cognição Humana (PUCRS)
Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais
Formação em Terapia do Esquema
Pesquisadora Lapicc/USP
[email protected]
“Na tentativa de passar pela vida sem
dor, negamos a oportunidade de
mudar o que nos dói.”
Jeffrey Young
Objetivos do módulo:
Compreender o modelo teórico da Terapia
do Esquema (TE) e suas bases teóricas,
conhecer e praticar as estratégias
comportamentais, cognitivas e vivenciais da
TE, a reparentalização limitada, confrontação
empática e a aplicabilidade clínica da TE.
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
Unidade 1: BASES TEÓRICAS E HISTÓRICAS DA
TERAPIA DO ESQUEMA

Unidade 2: O MODELO TEÓRICO DA TERAPIA DO


ESQUEMA

25K+ Unidade 3: TÉCNICAS COGNITIVAS,


COMPORTAMENTAIS E VIVENCIAIS NA TERAPIA DO
ESQUEMA

Unidade 4: RELAÇÃO TERAPÊUTICA,


REPARENTALIZAÇÃO LIMITADA E CONFRONTAÇÃO
EMPÁTICA
AVALIAÇÃO
1. Estudo de Caso em grupo Grupo 6,0

2. Atividade prévia Individual 3,0

3. Participação em aula e frequência em Individual 1,0


todos os períodos do módulo
01 Horários e intervalos

acordos e 02 Início e fim das aulas

CONTRATO Perguntas/casos/
DE AULA 03 discussões

04 Sigilo e ética
AGENDA
DA AULA PRESSUPOSTOS BÁSICOS
Unidadade 1
O MODELO DA TE

NECESSIDADES BÁSICAS

APEGO

ESTRESSE TÓXICO
Alexandre Milov – 2015, Nevada, EUA
TERAPIA DO
ESQUEMA
Atividade Online Prévia:
Quais são os elementos do modelo
teórico da Terapia do Esquema e como
eles contribuem para a
conceitualização de caso do paciente e
intervenção através de estratégias
cognitivas, comportamentais e
vivenciais?
questão
NORTEADORA
Qual é a importância da relação
terapêutica, da confrontação empática
e da reparentalização limitada no
trabalho com pessoas com transtornos
da personalidade, problemas refratários
e traços caracterológicos?
Grupos
TERAPIA DO
ESQUEMA
Integra elementos de escolas cognitivo-comportamentais, de
Apego, Gestalt, relações objetais, construtivistas e psicanalíticas
em modelo conceitual que foca:

Na investigação das
origens infantis dos Em técnicas
problemas emocionais
emocionais

Nos estilos de
No vínculo enfrentamento
terapêutico desadapatativos do
paciente

Tem por objetivo inicial ampliar os limites da terapia cognitiva


tradicional no manejo de casos caracterológicos, transtornos crônicos Jeffrey Young em Gramado - RS
arraigados e de difícil tratamento.
(Young, Klosko & Weishaar, 2003)
TERAPIA DO
ESQUEMA

A TE mapeia os Esquemas Iniciais


Desadaptativos, que quando
acionados, trazem sofrimento
A TE é para quem?

Evidências da Terapia do Esquema


• Transtorno da Personalidade Borderline
(assim como outras psicoterapias
especializadas; Oud et al., 2018)
• TPB: psicoterapias mais aceitas e mais
eficazes: DBT e TE (Setkowski et al.,
2023)
• TE mais eficaz no tratamento da
gravidade dos sintomas do TPB
(Setkowski et al., 2023)
A TE é para quem?

Evidências da Terapia do Esquema


• Transtornos de Ansiedade, TOC, TEPT (Peeters et. al.,
2021)
• Transtornos depressivos (Körük & Özabacı, 2018)
• Transtornos da Personalidade do Grupo C (Evitativa,
Dependente, Obsessiva-Compulsiva) (Videle et al., 2018)
• Transtornos alimentares (sintomas graves; Joshua et al.,
2022)
• Trauma na infância e Transtorno Depressivo Maior
(Kuzminskaite et al., 2022)
TERAPIA DO
ESQUEMA Esquemas e Esquemas
Iniciais Desadaptativos
Necessidades
Emocionais Básicas
(EIDs)

conceitos
CENTRAIS

Modos Esquemáticos Estratégias de


Enfrentamento
ESQUEMAS
● São estruturas cognitivas que servem como
base para classificar, categorizar e interpretar
as experiências;
● Consistem de percepções, emoções e ações,
bem como de significados que são atribuídos
às experiências;
● Funcionam como filtros através dos quais as
pessoas ordenam, interpretam e predizem o
mundo;
● Os esquemas influenciam as cognições,
emoções, memórias, percepções sociais,
interações e padrões de comportamento.

(Genderen et al., 2012; Pretzer & Beck, 2004)


NECESSIDADES EMOCIONAIS BÁSICAS E ESQUEMAS

O foco nas Necessidades Emocionais Básicas


Os Esquemas Iniciais Desadaptativos desempenha importante papel na
(EIDs) são desenvolvidos quando as psicoterapia
Necessidades Emocionais Básicas,
durante a infância, não são atendidas. Os esquemas, quando ativados fazem com
que as pessoas tenham dificuldade de
As Necessidades Emocionais Básicas são reconhecer, vivenciar e buscar o atendimento
das suas próprias Necessidades Emocionais
consideradas a raiz das dificuldades
Básicas.

E quais são as necessidades básicas?


Young et al. (2018), fundamentado na Teoria do 1
Apego (Bowlby, 1969, 1980) propõe que todos os
indivíduos apresentam necessidades emocionais, as Apego e vínculos
quais variam de acordo com a idade: seguros:
segurança, estabilidade,
carinho, aceitação
5 2

Expressão e validação Autonomia,


de emoções e competência e senso
necessidades Necessidades de identidade
emocionais
fundamentais
4
3

Lazer e Limites (com


espontaneidade afeto) realistas e
autocontrole

O terapeuta em TE auxilia os pacientes a entrarem em contato com suas próprias necessidades e a


serem capazes de reconhecê-las e satisfazê-las
1

Apego e vínculos
seguros:
segurança, estabilidade,
carinho, aceitação

Vínculos seguros, segurança, estabilidade e aceitação:

• A criança precisa ter ao menos um adulto em quem confiar.


• Necessidades que podem deixar de ser satisfeitas devido a
Necessidades diferentes experiências, como:
emocionais
fundamentais • Vivência de desastres naturais, famílias ou bairros muito
violentos, quando cuidadores são emocionalmente instáveis,
imprevisíveis, não são emocionalmente afetivos ou se tornam
indisponíveis, frente a dificuldades financeiras, doença ou
depressão.

(Franzin et al., 2019)


2

Autonomia,
competência e senso
de identidade

Autonomia, competência e senso de identidade

• Necessidade que depende do suporte dos cuidadores para


que a criança tenha a oportunidade de tentar sozinha e
Necessidades experimentar tanto o sucesso quanto o fracasso, além da
emocionais possibilidade de fazer escolhas
fundamentais
• Cuidadores superprotetores, ansiosos, que não acreditam na
capacidade da criança ou negligentes podem falhar no
atendimento dessa necessidade.

(Franzin et al., 2019)


3

Limites (com
afeto) realistas e
autocontrole

Limites (com afeto) realistas e autocontrole

• As crianças precisam de ajuda para compreender as regras


da sociedade, a fim de viverem em harmonia uns com os
Necessidades outros. Precisam também de apoio para desenvolver
emocionais estratégias para lidar com a frustração.
fundamentais • Pais indulgentes, que, mesmo amorosos e atenciosos e que
atendem prontamente às solicitações dos filhos, mas não
fornecem limites, não dizem “não”.
• Bem como pais negligentes, que não ofereceram afeto,
tampouco limites, falham em atender essa necessidade.

(Franzin et al., 2019)


4

Lazer e
espontaneidade

Lazer e espontaneidade

• Pais rígidos, exigentes, estressados, atribulados podem


conter a espontaneidade da criança, ridicularizando-a,
Necessidades punindo-a ou exigindo que se contenha.
emocionais • Tornam-se “mini-adultas”, abrindo mão de aspectos lúdicos
da vida.
fundamentais

(Franzin et al., 2019)


5

Expressão e validação
de emoções e
necessidades Expressão e validação de emoções e necessidades

• O atendimento dessa necessidade requer o reconhecimento


de que a criança ou adolescente é autônomo, tem seus
desejos, pensamentos e emoções próprios, que são
externalizados de maneira diferente por cada um e conforme
Necessidades cada fase do desenvolvimento.
emocionais • No entanto, nem sempre as expressões emocionais são bem
recebidas, em especial emoções aflitivas, e/ou associadas a
fundamentais
raiva.
• Quando a necessidade é expressa de forma agressiva ou
percebida pelo cuidador como uma crítica ou cobrança, pode
fazer com que os pais tentem suprimir a comunicação
emocional das necessidades por parte dos filhos

(Franzin et al., 2019)


ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDs)

• Um amplo tema ou padrão dominante


• Compreende memórias, emoções,
cognições, sensações corporais
Padrões • Em relação a si e ao relacionamento com
emocionais e os outros
cognitivos
autoderrotistas • Desenvolvido durante a infância ou
adolescência
• Elaborado ao longo de toda uma vida
• Disfuncional em grau significativo
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDs)

Consistem em percepções sensoriais, emoções e ações


vivenciadas e o significado que lhes é dado
→ as experiências da primeira infância são memorizadas de
forma não-verbal

São desenvolvidos em uma idade precoce como um


resultado das interações entre fatores como:
● o temperamento da criança,
● o estilo parental dos pais,
● experiências significativas de vida (incluindo
experiências traumáticas),
● atendimento ou frustração crônica das necessidades
emocionais básicas
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDs)

Os EIDs são agrupados em 5 domínios: categorias de necessidades emocionais


não satisfeitas em sua totalidade.

Os domínios esquemáticos dizem respeito à 5 tarefas evolutivas essenciais no


desenvolvimento da personalidade do ser humano, nas quais se estabelecem as
principais crenças e regras sobre aspectos cruciais da vida do sujeito.

Na versão original do Young Schema Questionnaire (YSQ) (Young e Brown,


1994), 16 esquemas foram definidos. Em Young et al (2005), 18 esquemas
foram descritos. A versão mais recente do YSQ-S3 abrange 18 esquemas.
DOMÍNIOS ESQUEMÁTICOS

Domínio I: Domínio II: Autonomia e


Desconexão e Rejeição Desempenho Prejudicados Domínio III:
• Abandono/Instabilidade • Dependência/Incompetência Limites Prejudicados
• Desconfiança/Abuso • Vulnerabilidade ao • Arrogo/Grandiosidade
• Privação Emocional dano/doença • Autocontrole/Autodisciplina
• Defectividade/Vergonha • Emaranhamento/Self insuficientes
• Isolamento social/Alienação subdesenvolvido
• Fracasso

Domínio IV: Domínio V:


Direcionamento/Orientação Supervigilância e Inibição
para o outro • Negativismo/Pessimismo
• Subjugação • Inibição Emocional
• Autossacrifício • Padrões Inflexíveis/Postura
• Busca de crítica exagerada
Aprovação/Reconhecimento • Postura Punitiva
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDs)

Domínio I: Desconexão e Rejeição


Privação Emocional Sensação e crenças de solidão,
desamparo e falta de compreensão
Abandono Crença de que perderá a pessoa amada e
não suportará ficar só
Desconfiança/Abuso Expectativa de que os outros lhe farão
algum mal intencional
Defectividade/Vergonha Crença de ser defeituoso, sem valor,
indigno de ser amado
Isolamento Social Sensação de não pertencimento e
diferença em relação aos outros
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDs)

Domínio II: Autonomia e Desempenho Prejudicados


Dependência/Incompetência Crenças de ser incapaz de resolver seus
problemas sozinho
Vulnerabilidade ao dano e doença Crenças de ser vulnerável a doenças e
possíveis catástrofes
Fracasso Crenças de que seu desempenho é
inferior ao de seus pares
Emaranhamento/self subdesenvolvido Sensação de não conseguir se
individualizar dos pais e dos outros
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDs)

Domínio III: Limites Prejudicados


Grandiosidade/Arrogo Crenças de ser superior às pessoas e
merecer privilégios
Autodisciplina/Autocontrole Ênfase no alívio do desconforto à custa
Insuficientes de realizações e cuidado
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDs)

Domínio IV: Direcionamento/Orientação para o outro


Autossacrifício Crença de que é preciso satisfazer os
outros sempre
Subjugação Preocupação em agradar para não ser
rejeitado ou retaliado
Busca de Aprovação Crença de que só terá valor se tiver a
aprovação dos outros
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDs)

Domínio V: Supervigilância e Inibição


Inibição Emocional Intensa inibição dos sentimentos, ação e
comunicação
Padrões Inflexíveis Crença de que é preciso sempre fazer e
ser o melhor
Negativismo/Pessimismo Foco extremo nos aspectos negativos da
vida
Bach et al., 2017
Nova proposta dos EIDs: Bach et al., 2017
EIDs – Young et al., 2008 EIDs – Bach et al., 2017
Domínio I: Desconexão e Rejeição Domínio I: Desconexão e Rejeição
Abandono/Instabilidade Privação Emocional
Desconfiança/Abuso Isolamento social/Alienação social
Privação Emocional Inibição Emocional
Defectividade/Vergonha Desconfiança/Abuso
Isolamento social/Alienação Defectividade/Vergonha
Negatividade/pessimismo
Domínio II: Autonomia e Desempenho Prejudicados Domínio II: Autonomia e Desempenho Prejudicados
Dependência/Incompetência Dependência/Incompetência
Vulnerabilidade ao dano/doença Fracasso
Emaranhamento/Self subdesenvolvido Subjugação/invalidação
Fracasso Abandono/Instabilidade
Emaranhamento/Self subdesenvolvido
Vulnerabilidade ao dano/doença
Domínio III: Limites Prejudicados Busca de aprovação/reconhecimento
Arrogo/Grandiosidade
Autocontrole/Autodisciplina insuficientes
Domínio III: Limites Prejudicados
Arrogo/ Grandiosidade
Autocontrole/ Autodisciplina insuficientes
Domínio IV: Direcionamento/ Orientação para o outro
Subjugação
Domínio IV: Padrões e responsabilidades excessivas
Autossacrifício Autossacrifício
Busca de Aprovação/Reconhecimento Padrões Inflexíveis/Postura crítica exagerada
Postura Punitiva
Domínio V: Supervigilância e Inibição
Negativismo/Pessimismo Fonte: Adaptada de Franzin et al., 2019.
Inibição Emocional Análises fatoriais da estrutura do modelo foram conduzidas
Padrões Inflexíveis/Postura crítica exagerada para compor novas propostas com base em dados empíricos.
Postura Punitiva
Os 3 esquemas em ----- não apresentam classificação
definida.
Estilos de Enfrentamento
Os EIDs se mantém, ou se perpetuam, através de 3 processos:

Hipercompensação Evitação

Resignação

Relacionam-se às respostas básicas frente à ameaça: luta, fuga, congelamento (freezing).


As “ameaças” do presente são as necessidades emocionais básicas não atendidas
Estilos de Enfrentamento
Comportamento:
repete padrões
Emoção: a dor comportamentais da
Resignação/ emocional associada infância. Se afilia a
Rendição ao esquema é sentida pessoas e se envolve
de forma direta. em situações que
confirmam o
esquema.
As pessoas consideram o esquema
verdadeiro e não lutam e não tentam
evitar o esquema. Adotam
comportamento submisso, passivo,
evitando conflitos e agradando as
Pensamento:
pessoas. Atenção seletiva a
eventos que
confirmam o
esquema.

(Franzin et al., 2019 van Genderen et al., 2012)


Estilos de Enfrentamento

Comportamento:
Emoção: ameniza a
evita de forma ativa
Evitação intensidade das
ou passiva situações
emoções e não sente
que podem disparar o
nada.
esquema.

As pessoas fogem da dor gerada


pela ativação do esquema ao se
esquivar de atividades, emoções e
pensamentos que podem ativá-lo.
Pensamento: Distrai-
se de pensamentos
ou memórias
relacionadas aos
EIDs. Pode usar
despersonalização ou
dissociação.

(Franzin et al., 2019 van Genderen et al., 2012)


Estilos de Enfrentamento
Retraimento social, Autonomia Excessiva:
O indivíduo opta pelo isolamento social ou pela desconexão ou deparar-se com
situações aflitivas.

Evitação Busca compulsiva por estimulação:


Busca de estímulo ou distração por meio de sexo compulsivo, jogos de azar,
comportamentos de risco, atividades físicas extenuantes.

Pode ocorrer das seguintes Autotranquilização aditiva:


maneiras: Evitação por uso de álcool, substâncias, comer compulsivo, masturbação
excessiva, etc.

Retraimento psicológico:
Ao entrar em contato com situações adversas, busca evitar a dor por meio da
dissociação, entorpecimento, negação, confabulações.

(Franzin et al., 2019 van Genderen et al., 2012)


Estilos de Enfrentamento
Emoção: sentimentos Comportamento:
desconfortáveis são mascarados contrário ao que é
por afetos opostos, ex.: orgulho temático ao esquema.
Hipercompensação pode encobrir um senso de Pode envolver
inferioridade. assertividade,
Porém, as emoções aflitivas agressividade ou
irrompem quando as estratégias autonomia em
As pessoas enfrentam o esquema de hipercompensação falham excesso.
pensando, sentindo, comportando-se
como se o oposto do esquema fosse
verdadeiro. Leva à sensação de que há
pouca ou nenhuma influência do
esquema.
Ex.: Se quando crianças se sentiram
inúteis, quando adultas, tentam ser Pensamento: Oposto
perfeitas. Se foram subjugadas quando ao conteúdo do
crianças, como adultas podem ser esquema;
desafiadoras ou rebeldes.

(Franzin et al., 2019 van Genderen et al., 2012)


Estilos de Enfrentamento
Agressão, hostilidade:
Adota o contra-ataque como tática para enfrentar o esquema, e para isso, desafia,
confronta, hostiliza, culpa ou critica os outros.

Dominação, autoafirmação excessiva:


Hipercompensação Busca exercer o controle e o domínio sobre as pessoas.

Manipulação, exploração:
O indivíduo busca atender as suas necessidades através de manipulações veladas,
Pode ocorrer das seguintes desonestidade ou trapaça.
maneiras: Comportamento passivo-agressivo, rebeldia:
Aparentemente o indivíduo apresenta-se como passivo, porém acaba punindo ou
revoltando-se contra as pessoas, procrastinando, criticando, atrasando-se para
compromissos, não cumprindo a sua parte em acordos ou responsabilidades.

Obsessão, excesso de ordem:


Comporta-se de modo inflexível, através de um autocontrole rígido ou planejamento
meticuloso, com implementação exagerada de rotinas, rituais e protocolos.

(Franzin et al., 2019 van Genderen et al., 2012)


Principais objetivos na Terapia do Esquema

Tornar os EIDs adaptativos cognitivamente e emocionalmente


Acolher a Criança Vulnerável e atender as Necessidades Emocionais
Básicas
Interromper a perpetuação dos EIDs para romper padrões
comportamentais
Construir um Modo Adulto Saudável
Modos de Esquemas
Ao trabalhar com pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline, Young identificou
mudanças bruscas no padrão de funcionamento
Dessa forma, propôs o conceito de Modos Esquemáticos (MEs):

Esquemas → correspondem a “traços” com temas unidimensionais

Modos → “Estado” em que uma constelação de esquemas e estilos de


enfrentamento estão ativos naquele momento

Pressuposto de que as pessoas, com transtornos da personalidade ou não, possuem “partes


em si mesmas”
(van Genderen et al., 2012)
Principais Modos

Modo Criança
Vulnerável Modo Adulto Saudável
A parte do self que sente a dor das
necessidades básicas não O modo que acolhe,
atendidas nutre e protege a
Experiência emocional de tristeza, criança vulnerável
temor, solidão. Acompanhado de
memórias da infância e sensações
físicas relacionadas

(Young et al., 2003)


Principais Modos
Modo Adulto Saudável

Acolher, nutrir e proteger a criança vulnerável

Funcionamento saudável de capacidade, força e integração

Envolve comportamentos e cognições importantes como assumir responsabilidades,


trabalhar, exercer a parentalidade, ter compromissos

Modo com Esquemas Positivos

Permite que os indivíduos usem estratégias adaptativas para atender às necessidades


emocionais
Temperamento

- Influências dos estilos Eventos repetidos

MODELO DA parentais
- Não satisfação das
nocivos e/ou
traumáticos

TERAPIA DO
necessidades
emocionais básicas

ESQUEMA Esquemas
desadaptativos
Sintomas e
Problemas
Estratégias de
enfrentamento
desadaptativas

Van Genderen, Rijkeboer, Arntz, 2012


MODELO DA TERAPIA DO ESQUEMA

Interação entre: Um indivíduo com uma personalidade


O temperamento biológico da criança + saudável é aquele que teve as
necessidades emocionais básicas
Ambientes tóxicos precoces (ex:
atendidas na infância, resultando no
negligência e abuso dos pais) = Resulta na desenvolvimento de um self funcional
frustração das necessidades básicas saudável em relação aos outros,
→ O que se supõe causar vulnerabilidade incluindo uma capacidade de
elevada e carência emocional na vida satisfação contínua das variantes
adulta adultas das necessidades centrais.

O objetivo da TE é ajudar os pacientes a encontrar formas adaptativas de


satisfazer suas necessidades emocionais.
Interação entre temperamento e estilos parentais

Temperamento
Estilos
parentais •Suscetibilidade
diferenciada

Algumas crianças são mais impactadas pelas experiências de


cuidado do que outras, o que também afeta o comportamento
dos cuidadores, gerando um ciclo de autoperpetuação.
Crianças com temperamentos mais sensíveis podem ser mais
afetadas por primeiras experiências adversas do que seus
pares menos sensíveis.
A Teoria da TE contribui para o
Dimensões do entendimento da formação da personalidade
normal e/ou patológica.
temperamento
Personalidade:
Multifatorial
Integra características herdadas
geneticamente e experiências ambientais,
afetivas, comportamentais e cognitivas ao
longo da infância e adolescência

Temperamento:
Diferentes tipos de temperamento expõem as
crianças a diferentes circustâncias.
Ex: Temperamento agressivo da criança pode
destacar abuso físico ou verbal dos pais.
Crianças obsessivas em ambientes de
negligência podem se organizar
BASES TEÓRICAS
APEGO & VÍNCULO

Estudos sobre vínculo:


Harlow, Bolwby, Ainsworth
BASES TEÓRICAS
APEGO & VÍNCULO

Harry Harlow (1958)


Estudos com macacos Rhesus
Demonstrou por meio do seu
experimento da mãe de arame/mãe
felpuda que os bebês queriam ficar perto
de suas mães não somente porque elas
eram suas fontes de alimento,
desmistificando o mito do amor materno
como dispensador de alimento como
pensavam os behavioristas da época.
BASES TEÓRICAS
APEGO & VÍNCULO

John Bowlby 1907-1990 Mary Ainsworth 1913-1999


TEORIA DO APEGO
John Bowlby e Mary Ainsworth
Comportamento de apego:
•É uma classe especial de comportamento com dinâmica
distinta do comportamento alimentar ou sexual.
APEGO •Conduta universal presente em mamíferos devido à
imaturidade de seus jovens.
•Vantagem: Aprendizado de adaptação ao meio.
•Desvantagem: Vulnerabilidade emocional

Sistema de apego:
• Ativado para manter o contato após o nascimento
por meio de comportamentos de protesto (chorar,
buscar, bater) quando a mãe se separa.
• Comportamentos de apego visam manter ou
estabelecer proximidade com a principal figura de
cuidado, geralmente a mãe.

Repertório comportamental do comportamento de


apego:
• Chorar, estabelecer contato visual, agarrar-se,
aconchegar-se e sorrir → comportamentos exibidos
pelo bebê para promover a proximidade com a
figura de cuidado principal.
Mary Ainsworth (1913-1999)

A Teoria do apego: como a infância afeta a vida


https://www.youtube.com/watch?v=WjOowWxOXCg

Experimento “A Situação Estranha”


https://www.youtube.com/watch?v=QTsewNrHUHU
APEGO

O apego presume:
- A capacidade de discriminar e responder de modo
diferenciado ao objeto de apego (o efeito da base
segura);
- A preferência pela figura do apego (proximidade,
busca e manutenção da proximidade
- A resposta da separação ou reunião da figura de
apego que é diferente das respostas a outros
indivíduos
Neurobiologia • Diferentes sistemas emocionais no cérebro
• Emoções relacionadas a funções vitais parecem
dos EIDs ser mediadas por sua própria rede cerebral
• Ênfase nas redes associada ao condicionamento
do medo e trauma
Hipóteses sobre mecanismos de
desenvolvimento e modificação de
esquemas
Sistemas cerebrais relacionados ao medo e ao trauma

Sistema hipocampo-cortical
Memórias explícitas/declarativas
Consciente

Sistema amigdaliano/límbico
Estabelecidas por condicionamento
clássico
Memórias implícitas
Inconsciente

Operam em
paralelo
Sistema hipocampo-cortical:
lembranças conscientes

Sistema amigdaliano/límbico:

a recuperação de memórias resulta


na expressão de respostas corporais
que preparam para o perigo

Quando os estímulos presentes durante o trauma são encontrados mais tarde e no presente,
cada sistema é potencialmente capaz de recuperar suas memórias.
Sistema Amigdaliano

É mais rápido. Sistema tálamo-amígdala. O sinal de perigo vai do


tálamo à amígdala, sem ser inicialmente processado pelo córtex

É automático. Emoções que antecedem as cognições

São memórias inconscientes que parecem ficar gravadas de forma


indelével no cérebro; provavelmente ficam conosco a vida toda

Faz generalizações; não faz discriminações minuciosas


AMÍGDALA
É anterior – em termos evolutivos – aos córtices superiores. O
hipocampo também integra evolutivamente a parte mais antiga do
cérebro, mas conecta-se ao neocórtex que contém os córtices
superiores de desenvolvimento mais tardio.
O efeito do estresse Estresse positivo
no desenvolvimento Lidar com frustrações é um aspecto importante do
desenvolvimento saudável quando se dá no
context de relações estáveis e sustentadoras que
facilitam as respostas adaptativas ao estresse

Estresse tolerável
Decorre de experiências difíceis como a perda de
um ente amado, doença grave, desastre natural.
Ocorre num período de tempo limitado no qual
relações protetivas ajudam a trazer os sistemas de
resposta ao estresse ao nível basal.

Estresse tóxico
Ativação forte, frequente e/ou prolongada dos
sistemas corporais de resposta ao estresse na
ausência da proteção de suporte de um adulto
Estresse tóxico O efeito do estresse no
Principais fatores de risco:
desenvolvimento
- Pobreza extrema
- Abuso físico e/ou emocional recorrentes
- Negligência crônica
- Depressão maternal grave
- Abuso de substâncias pelos pais
- Violência intrafamiliar

O estresse tóxico rompe a arquitetura cerebral;


afeta órgãos de outros sistemas, leva a níveis
mais baixos de responsividade dos sistemas de
controle do estresse.
Impacto negativo na cognição – mesmo em
adultos
Comparação da conectividade cerebral entre jovens adultos que sofreram maus-tratos
quando crianças e aqueles que não sofreram maus-tratos (Teicher et al. 2014)

Há menos conexões entre as nove regiões corticais nos jovens adultos que sofreram trauma (maus-
tratos). Essas diferenças podem comprometer as habilidades básicas de percepção social e a
capacidade de autorregulação das emoções e do comportamento
Comparação do volume cortical de pessoas que sofreram estresse tóxico e pessoas saudáveis
• Heath, G., & Startup, H. (2023). Métodos
Criativos na Terapia do Esquema: Avanços e
Inovação na Prática Clínica. Artmed Editora.
• Peeters, N., van Passel, B., & Krans, J. (2022).
The effectiveness of schema therapy for
patients with anxiety disorders, OCD, or PTSD:
A systematic review and research agenda.
British Journal of Clinical Psychology, 61(3),
Referências 579-597.
• Reis, A. H. (2019). Terapia do Esquema com
crianças e adolescentes (Org). Campo Grande:
Episteme Editora.
• Wainer, R., Paim, K., Erdos, R., Erdos, R., &
Andriola, R. (2015). Terapia cognitiva focada
em esquemas. Artmed Editora.
• Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E.
(2009). Terapia do esquema: guia de técnicas
cognitivo-comportamentais inovadoras.
Artmed Editora.

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