Entre Caminhos:: O Ensino Do Desenho - Que Tipologias de Aula?
Entre Caminhos:: O Ensino Do Desenho - Que Tipologias de Aula?
Entre Caminhos:: O Ensino Do Desenho - Que Tipologias de Aula?
2018
Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Relatório de Mestrado
2018
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Resumo
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Abstract
With the experience acquired in the past, the typology of the field class is
explored as one of the possibilities to develop while teaching and learning
Drawing. Different pedagogical methodologies, which are based in the
principles of the project Learning by Design, are explored. It is expected to find,
based on these different lecturing typologies, a way to reach all the students.
Thus, various paths that were followed are presented, not in the attempt
to create a general solution, but rather to question and reflect on the course of
Drawing and associated practices.
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Résumé
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Agradecimentos
Aos alunos com quem interagi, que permitiram entrar nas suas rotinas,
partilhar as suas vivências e conhecer um pouco mais dos seus mundos (ao 12º J
e 8º PD);
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Índice
Abstract ......................................................................................................................................... 6
Résumé .......................................................................................................................................... 7
Ponto de Partida.......................................................................................................................... 13
Parte I .......................................................................................................................................... 19
Parte II ......................................................................................................................................... 35
Anexo I .................................................................................................................. 81
Anexo II ................................................................................................................. 85
Anexo IV ...................................................................................................................................... 91
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Ponto de Partida
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PAM – nome artístico de Paulo Ansiães Monteiro
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Saguenail nesta conversa evoca inúmeras vezes o filósofo Descartes para justificar o erro.
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Lembro-me, e relato aqui, um pequeno episódio de uma aula de campo. Aconteceu no meu 10º ano
(2001), em contexto da então, unidade curricular de História das Artes. Durante dois dias fizemos um
roteiro sobre as pinturas rupestres em Foz Côa. Além das aprendizagens inerentes à disciplina, ver o
registo milenar das pinturas rupestres, o professor em questão, alertou sempre para o despertar do
olhar, o olhar em volta, questionar permanentemente. Ainda hoje me lembro do cheiro daquelas serras,
a cor das rochas e, sempre que vejo uma capela ou igreja, lembro-me das aprendizagens que este
professor transmitiu, de onde vêm os elementos de tal capela, ser curiosa em relação ao porquê da
existência de tal presença.
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Assim, começo este relatório com uma reflexão sobre a Escola, para logo
de seguida apresentar a escola particular em que realizei a experiência de
estágio, assim como a caraterização da turma em questão. Posteriormente,
abordo, ainda, o questionamento dos vários papéis do desenho e a pertinência do
exercício do desenho. Ao falar do desenho enquanto linguagem e gramática,
questiono ainda o que é, e o que pode ser o desenho. Além de procurar qual o
lugar que o desenho ocupa na formação e na aprendizagem do aluno, quer pelo
lado social e cultural, como pelo lado técnico, pretende-se também, explorar o
exercício do desenho e o que se encontra inerente às práticas do desenhar, como
o nomear e o treinar dos possíveis traços e linhas desenhadoras. No final do
relatório, reflito sobre a minha experiência da lecionação, a qual subtendeu
diferentes tempos e contextos letivos, bem como um dispositivo de planeamento
– Learning by Design – cujos procedimentos apoiaram a minha proposta de
intervenção didática. Nessa secção, apresentam-se assim os objetivos e o relato
das aulas, assim como as reflexões críticas aí implicadas. Por fim, com este
relatório, e à medida que reflito na minha experiencia de estágio, procuro
aprofundar, principalmente, duas questões: poderemos todos aprender a desenhar?
Como aprender a desenhar? Não deixo de frisar que por detrás destas questões, se
encontra camuflada a interrogação, como ensinar a desenhar?
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Parte I
Desenho na Escola
a. A Escola
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Com base nesta aliança, que de resto surge refletida nos programas da
disciplina de Desenho nos ensinos básico e secundário, a conceção de um
currículo considerado artístico aliou ainda um ideal de estética a uma
psicologização do desenvolvimento das aprendizagens do desenho, sujeitando o
sentido da formação escolar a categorias historicamente definidas pelo campo do
Belo e do Sensível. Nesta ordem de ideias, caberá então à Escola o papel de
afinar progressiva e esteticamente esta natureza considera intrinsecamente bela
do Desenho, e no âmbito da qual os mecanismos da manipulação, da seleção,
bem como da organização de materiais, cores e formas vieram estabelecer-se ao
serviço de uma autoconstrução do eu através da atividade produtiva do aluno.
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deixe de haver ilhas, que se perceba que o ensino não se constrói com pessoas isoladas.”
(idem).
“O desenho é uma escrita do corpo que revela o mais íntimo dele. A consciência do que
se aprende com o desenho passa pelo ato do próprio desenho, a relação
ensino/aprendizagem tem que ser centrada na individualidade de quem desenha e
aprende o desenho…embora tenhamos de colocar e ensinar as questões universais do
desenho, aquelas que possam definir a correspondente gramática e os conhecimentos
específicos, a utilização dos instrumentos e a construção das ideias é, de facto, pessoal e
passa necessariamente pela reflexão sobre a sua própria experiência de desenho.”
(Carneiro, 2001:34,35)
Um erro muito comum quando se fala do desenho é vê-lo como uma obra
acabada, assim como achar que este se pode realizar de uma forma imediata. O
desenho final identifica-se com o estilo4, com o conceito que define a tendência
do autor. Logo, é um erro considerar que para criar uma obra «concetual» só se
possam fazer «desenhos concetuais», e que para criar um desenho segundo um
estilo «barroco» só se desenhe barroco (Molina, 2005: 98). Enquanto docentes,
teremos que proporcionar qualidades muito diversas antes da planificação do
projeto através do qual o aluno (desenhador) vai desenrolando o seu
pensamento, saltando de um sistema para outro, segundo as necessidades de
visualização ou previsão que veja como necessárias. De facto, e como mais
adiante procurarei problematizar, a maior parte do que se nomeia no desenho
realiza-se por meio de projeções de outros conhecimentos analógicos, estruturas,
linhas de força, direções e modelos fictícios de luzes inexistentes, a partir e no
interior das quais «vemos o invisível» (Molina, 2005:121).
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Estilo refere-se à assinatura do artista, podemos falar de um estilo de artista quando este tem uma
linguagem visual própria, que o identifica enquanto único e referenciador.
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“É-lhes dada a palavra. Para que esta nos ajude a passar do nosso mundo para o deles”.
Charlot (2009:9)
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Citação retirada de um vídeo promocional da Escola Secundária de Ermesinde, realizado pelos alunos
de Artes do 12º ano, em 2017. https://www.youtube.com/watch?v=q2LZ7qGg1jE&t=24s
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Relato a partir de conversa com alunos do 12º ano, a 14 de junho de 2018.
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b. Os alunos
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c. O programa de Desenho
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Parte II
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a. Apeadeiros
“Eu: ‘De onde tiraste essa imagem?’ / Aluno: ‘Da net.’ /Eu: ‘E viste o autor?’ / Aluno:
‘Não’ /Eu: ‘Não tiraste nenhuma referência da imagem?’ De que época? Ano? Tipo de site?’
/Aluno: ‘Não, simplesmente gostei da imagem e das cores.’”
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que se espera que seja a mais aproximada da realidade a partir de uma imagem
que não é real? Que técnicas estão suprimidas? Acredito que a cópia pode ser
pertinente, contudo devendo existir um acompanhamento por parte do professor
ao longo do exercício de pesquisa e cópia de imagens, e que esse
acompanhamento se constitua num processo de mediação de saberes e formas de
explorar a realidade do desenho.
A tecnologia traz-nos imagens nunca antes vistas, mas não passa de algo
fugaz. Se, por um lado, temos acesso a milhões de imagens, por outro lado não
vemos a imagem com “olhos de ver”. Se, por um lado, questionar o aluno acerca
da imagem – quem é o autor, referências, movimentos, etc. –, é um acrescentar
de exercícios e matérias próximas aos exercícios da técnica, por outro, tal
questionamento pode não acrescentar em muito o pensar do desenho, embora,
dependendo dos casos, possa até levantar algumas questões, ou ser um ponto de
partida para a projeção e projetação de novos conceitos. Nesse processo, os
alunos poderão questionar-se por que desenham de determinada maneira ou por
que gostaram de determinado desenho, questionarem a origem das suas
inquietações, por deslumbrância e/ou relutância. Poderão até confrontar-se com
outros autores e movimentos, pode ser um começo de inquietações.
(Molina, 2005:17)
“a janela, a que toda a gente associa a ideia da janela renascentista, do espaço para além
do plano do desenho; o espelho, na aceção de uma autorrepresentação, uma reflexão do
artista sobre si próprio e sobre o seu processo de trabalhar; e o mapa, como um modelo
de realidade, uma construção de sinais que restituem o espaço e que permitem edificar
um caminho nesse complexo espaço até certo ponto sobreponível à própria realidade”.
(idem)
“o desenho tem uma presença muito importante como forma de pensar os elementos da
escultura, ou seja, o desenho de apoio, que é utilizado por todas as pessoas que
constroem qualquer coisa…esse pensar a forma tridimensional através do desenho, do
esboço, da pequena garatuja, tem um papel importante” (idem:33)
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#1. Rui Sanches, “X + Y III”, 1987. Tinta da china, barra de óleo e colagem sobre papel. 50 x 70 cm.
#2. Alberto Carneiro, os caminhos da agua do corpo sobre a terra, 2003 grafite sobre papel 15 x 100 cm
sentido, o desenho tem uma linguagem específica que muitas vezes se aproxima
da linguagem comum, sendo, portanto, necessário entender a linguagem
específica do desenho para nos aproximarmos da sua especificidade. Nomear é a
primeira ação na cadeia que irá desenrolar o desenho e é, por sua vez, uma forma
“radical de acalmar a ansiedade perante o desconhecido.” (Molina, 2005:21)
1. Nomes que definem a Dibujar (desenhar), disenar (projetar), trazar (traçar, riscar,
identidade e o sentido do planear), gráfico (esquema)
desenho:
3. Nomes das formas que Forma, desenho externo, ponto, linha, mancha, contorno, fundo,
estruturam os desenhos e silhueta, perfil, textura
as suas relações:
9. Nomes relacionados com Grafia, traço – linha ou risco que se escreve ou desenha, linear
os traços realizados e com (lineamento), marca, traço – linha, risco de divisão, incisão
as estruturas de onde se
desenrolam:
11. Nomes que descrevem a Execução, feitio, acabamento, mão livre, preciosismo, rigor,
fenomenologia da sua desembaraço, tocar, alterar, modificar, matizar, combinar cores,
ação: aplicar peso, compósito – cores que não combinam bem, relevo
(realce), apagar, contraste, suavizar, estilizado, rebuscado,
estereotipado, pormenorizado, idealização, precisão
13. Nomes vinculados aos Estilo, maneira, classicista, barroco, maneirista, expressionista,
estilos, épocas e géneros: neoclassista, desenho politécnico, cubista, hiper-realista, Género,
de figura, academia, pose, postura, atitude, contraposto, três
quartos, de retrato, de paisagem
14. Nomes de seus materiais, Técnica, procedimento, lápis, porta minas, carvão, tinta, pigmento,
técnicas e procedimentos: sanguínea, aguada, ponta metálica (aparo), fotografia, fotocopia,
desenho por computador - desenho digital
15. Nomes de instrumentos: Compasso, esquadro, esquadro, molde, régua, réguas, prancheta
16. Nomes de suportes: Papel, tela, caderno, quadro preto, ecrã, formato
# Inventário pessoal a partir de inventário extraído de José Molina, em "Los Nombres del Dibujo" (2005).7
7
Ver em anexo
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ver com os olhos.” (Nicolaides, 1941, cit in Edwards, 1994:19) 8. A forma de ver
de um artista é um “modo especial de ver”; muitos artistas declaram que, no ato
de desenhar ou criar, adotam um estado de “consciência alterado”. Neste sentido,
talvez seja necessário compreender que aprender a desenhar pressupõe, antes,
uma experiência subjetiva de si na relação com a linguagem e os seus múltiplos
significantes – esse estado alterado que nos permita “ver bem”; aí seremos
capazes de desenhar as nossas perceções.
Num contexto formal de sala de aula, tal como foi referido anteriormente,
embora os exercícios sejam, à partida, iguais para todos, os resultados serão
sempre diferentes. Assim como a nossa assinatura, que é própria e única de cada
um, o seu traço também o será. A linha expressa a individualidade e a
criatividade de cada sujeito, ao mesmo tempo que desenha o que o cada sujeito
interpreta da sua visão e das experiências pessoais e sociais que o constituem e a
sua história pessoal. Todavia, a ideia de "método de trabalho" subentendida no
ato do exercício parece levar os alunos a uma certa confiança técnica no “traço” e
na “linha”, generalizando não só diferentes possibilidades de resultado, bem
como diferentes interpretações sobre os processos de desenhar. Nos exercícios,
portanto, é importante que haja um reconhecimento crítico por parte do
professor e/ou dos colegas que compõem a turma, pensando que esta pode
constituir-se numa comunidade interpretativa. Para isso, acredito que comentar
os desenhos dos alunos ajuda à valorização dos diferentes processos de trabalho,
não necessariamente no interior de um método ou de uma abordagem que deva
servir a todos. Escutar, apoiar, comentar e explorar com os alunos os exercícios
do desenho, tais atos correspondem a processos pedagógicos através dos quais
se improvisam outros modos de ver a relação com o desenho, atendendo-se aos
modos pessoais de os alunos pensarem e falarem sobre os seus próprios
desenhos, não só no contexto das suas experiências de aprendizagem, como à luz
8
“Aprender a dibujar e sen realidade cuestión de aprender a ver, a ver correctamente, y eso significa
bastante más que limitarse a mirar com los ojos.” Kimon Nicolaides, in The natural way to Draw, cit in
“Aprender a dibujar con el lado derecho del cerebro”, Betty Edwards, 1994: 19)
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das suas memórias e curiosidades. De facto, tal como refere Molina (1999),
“Cualquier cosa que dibuje se grabará en su memoria”.
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Por sua vez, mas agora no âmbito daquilo que em LbD se designa por
objetivos analíticos da aprendizagem (Kalantzis, Cope, 2005), a ação do
professor e dos alunos passa por analisarem criticamente aquilo que se desenha,
segundo uma lógica em que analisar corresponde principalmente a um processo
de conhecimento que envolve o exame dos diferentes elementos constitutivos de
uma determinada experiência de aprendizagem. Trata-se de um processo de
análise integrada, inscrita nos diferentes objetivos de aprendizagem dos alunos,
através da qual o exercício de analisar criticamente um determinado desenho é,
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“Os dilemas educativos não se resolvem no espaço das disciplinas, nem no espaço da
pedagogia, mas antes nesse «imenso meio» - as vezes, uma ponte, outras vezes um
abismo- que une/separa estas duas realidades.” (Penim, 2003, p. 11)
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Parte III
A experiência que anda de boca em boca é a fonte onde todos os narradores vão
beber. «Quem faz uma viagem traz sempre alguma coisa para contar».
Walter Benjamim
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sensibilidades (riscar, ver, usar a mão, pensar, repetir, treinar, entre outras), bem
como o confronto pessoal com situações consideradas pouco habituais (desenhar
com o corpo em posições invulgares, desenhar alguém que não sabe que está a
ser desenhado, ou ainda, desenhar a ser-se observado,). Este trabalho assentou
na preocupação de enquadrar o ato de desenhar em noções relacionadas com o
tempo, o espaço e a destreza/rapidez da ideia para conceber e pensar o desenho,
tendo-se em conta que pelo ato os alunos concetualizariam igualmente uma ideia
e um pensamento próprios em tornos dos exercícios e das possibilidades de
aprendizagem daí resultantes.
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Gentrificação é um conceito que consiste num sistema de valorização imobiliária de uma determinada
zona urbana ou bairro típico. Com este processo, observa-se a deslocação dos residentes com menor
poder económico para um local periférico e a entrada de habitantes com maior poder económico para a
zona valorizada.
10
Turistificação consiste num fenómeno proveniente de uma transformação “socioeconómica, em
determinadas localidades ou zonas, geralmente urbanas, consideradas turísticas ou com potencialidades
para o turismo, em resposta à procura crescente de certos destinos turísticos, envolvendo a criação de
alojamentos temporários, a implementação de novas estruturas de apoio, a requalificação de
património imobiliário e, consequentemente, a alteração do perfil populacional residente.”, consultado
em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/turistifica%C3%A7%C3%A3o , a
29/06/2018.
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despertasse, imagens com que mais se identificassem e/ou que de alguma forma
suscitassem algum interesse para eles. Como objetivos técnicos, pretendi que
registassem um desenho rápido, captando as ideias base do que estivessem a
observar, olhando ao espaço, às distâncias, às proporções, às texturas e às luzes.
A minha principal finalidade prendeu-se com o desenho de rascunhos/estudos
para futuros desenhos. Pude observar que à medida que realizavam os estudos,
os alunos foram convocando o meu apoio, por iniciativa própria, e noutros casos
comunicando entre si. Deste modo, chamei a atenção para a possibilidade de
desenharem o movimento, a entrada e a saída de passageiros do comboio, o
contraste da tecnologia com a natureza de fundo, bem como a arquitetura do
edifício da Estação de S. Bento. Sabendo que grande parte dos alunos não teve
História da Cultura e das Artes nos três anos letivos do Ensino Secundário,
achei ainda pertinente referir o contexto de surgimento da Estação, as diferentes
imagens que podemos encontrar nos seus interiores e o papel desta estação de
caminhos-de-ferro na história social e cultural da cidade. Em anexo (anexo III)
pode ver-se o planeamento que tracei a nível deste domínio.
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Esta obra foi uma encomenda da Santa Casa da Misericórdia do Porto para oferecer à cidade do
Porto, integrante do Programa de Arte Pública criado pela Câmara Municipal do Porto em 2015.
Esta peça estabelece um arco com a obra Fons Vitae, que se encontra no interior do edifício, religando
tempos e espaços diferenciados, como se nos quisesse transmitir que se a pintura flamenga Fons Vitae
continuasse a sangrar e ganhasse vida fora do edifício.
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“mais tempo”, mas sobretudo num “outro tempo”. A intenção era passarmos pela
zona das Fontainhas, um lugar que do ponto de vista da relação entre desenho e
identidade cultural me interessava explorar com os alunos, dado que nesta zona
da cidade poderíamos refletir sobre o desenho da arquitetura, dos jardins e da
paisagem. Na sequência desta paragem, a minha proposta passava então por
terminar o percurso na Faculdade de Belas Artes do Porto, explorando pelo
caminho diferentes intervenções artísticas no espaço público e o sentido do
desenho nos lugares percorridos.
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Fonte: http://arteref.com/arte/as-etapas-do-touro-de-picasso-do-academico-ao-abstrato/
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estádio do Futebol Clube do Porto, este foi convidado pelo diretor de marketing
do clube a conceber o livro de apresentação da equipa, o que lhe deu coragem e
visualidade para envergar pelo percurso do desenho.
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Considerações finais
Não se pretende com este relatório chegar a uma fórmula sobre como
ensinar o desenho ou descobrir quais são os melhores métodos pedagógicos.
Pretende-se antes refletir sobre o ato de ensinar, e neste caso, questionar o
ensino do desenho e que lugar este ocupa no ensino artístico, e, por sua vez, qual
o lugar das Artes na Escola. Sabendo que, sem certezas, o desenho, e, por sua
vez, as Artes, podem revelar e formar o sujeito.
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Bibliografia
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Outras Fontes:
www.ruisanches.com/pt/trabalho/desenho1-07.html, consultada a
30/07/18, às 17:18.
http://www.porta33.com/exposicoes/content_exposicoes/exp_porta_20
03/exp_porta_2003_alberto_carneiro.html, consultada a 30/07/18, às 17:18.
http://newlearningonline.com/learning-by-design/glossary/learning-
activity, consultada a 31/01/2018, às 15:13.
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ANEXOS
Anexo I
3.a. Forma, diseno externo, punto, línea, mancha, contorno, dintorno, fondo,
silueta, perfil, textura, píxel.
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O inventário encontra-se escrito segundo o texto original.
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
vineta, trazado regulador, proporción, seccion áurea, divina proporción, numero de oro,
canon.
9. Nombres relacionados com los trazos realizados y con las estructuras en onde se
desarrollan:
9.a. Grafía, trazo, lineamento, marca, raya, incisión, esgrafiado, huella, vestigio,
rasgo.
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1. Nombres de soportes:
Plano, papel, papiro, pergamino, vitela, carta, lienzo, álbum, cuaderno, pizarra,
encerado, pantalla, lámina, formato, apaisado, recuadro, estampa, fotograma, paspartú
(passe-partout).
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Anexo II
Os exercícios são individuais, aos que eles são responsáveis pelo seu
ritmo de aprendizagem. Embora individuais, apela-se à troca de
observação de resultados, reforçando o sentido de crítica e bom senso.
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Foco da
Registo de traço, mancha e traço e mancha
aprendizagem
Estudo de formas (esboço, escala, artesanal e industrial, interior e
exterior, anatomia e cânones
Observar e analisar
Manipular e sintetizar
O que estamos a
Interpretar e comunicar
aprender
Representar e expressar
Colaborar e conviver
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Sensibilidade estética
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conhecimento contrastes
Objetivos de aplicação Traços rápidos, mancha, trama, claro-
escuro, volumetria
Pensando sobre Porquê desenhar isto e não aquilo –
opção de escolha
Descobrir
Fazendo coisas O aluno vai desenhar a ideia ou o
pormenor?
Conceptualizando por Dar nome às coisas
nomeação
Conceptualizando com a O que o aluno conhece
teoria
Analisando funcionalmente A escolha do que desenho
Processos de Analisando criticamente O porquê da escolha do que o aluno vai
conhecimento desenhar e como desenhar
Experienciando o conhecido Usando técnicas, suportes, materiais e
conceitos conhecidos
Experienciando o novo Observação do real na realidade
Conceptualizando com a Proporções, claro-escuro, volumetria,
teoria trama, linha, forma, mancha, contorno,
perfil, composição, harmonia, ritmo,
equilíbrio, tensão
Aplicar apropriadamente Observar e fazer
Analisando funcionalmente Observar, fazer, criticar, aprender
Conectando o mesmo tipo de Tentar o mesmo registo em
coisas observações diferentes e diferentes
registos na mesma observação
Conectando diferentes tipos O desenhar e o saber o que se está a
Sabendo coisas
de coisas desenhar
Pensando sobre algo que faz Tirar a ideia chave, base do desenho
Pensando sobre para que Pode aplicar-se a ideia em diferentes
serve algo contextos – ver no powerpoint
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Anexo III
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Anexo IV
Início: 14h45m
Conteúdos:
Diferentes Perspetivas
Desenhos em movimentos
Contrastes arquitetura – natureza – Humanos
Conteúdos/ objetivos:
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Entre Caminhos: O Ensino do Desenho
Objetivos:
desenhos em movimento
Diferenças culturais e sociais com a Rua das Flores
Captação de interesses pessoais dos alunos
Tema:
Esquiços rápidos
Treino cérebro/mão
Objetivos:
Estratégia:
Série 1
Exercício 1
Exercício 2
Exercício 3
Série 2
Exercício 4
Exercício 5
Exercício 6
Exercício 7
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Série 3
Exercício 8
Exercício 9
Série 4
Repetir exercício 1 – 1min
Repetir exercício 2 – 40 seg
Repetir exercício 3 – 20 seg
Série 5
Desenhar o mais realista possível – possível de usar grelha –
5 min
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50 min:
50 min:
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Anexo V
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