Contos Defa Das

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Contos de fadas

na sala de aula
com Filipe Macedo
“Passava os dias ali, quieto, no meio
das coisas miúdas. E me encantei.”
Manoel de Barros
Recado do professor
Querida(o) aluna(o), seja bem-vinda(o)! Sou o professor
Filipe Macedo, minha especialização tem como tema “A
arte de contar histórias” e há mais de quinze anos trabalho
nesta área em projetos educacionais no terceiro setor e
nas redes públicas e privadas do país. Quero apresentar
este material de apoio que se constitui de algumas
reflexões e ferramentas desenvolvidas na formação
Contos de fadas na sala de aula.

Neste processo de aprendizagem, pautamos sugestões que


podem ser aplicadas em seu cotidiano em sala de aula para
propagar os contos maravilhosos de uma forma lúdica e
pensada pelo viés da educação.

Para seguirmos com os próximos passos, precisamos


elencar que conceitos, ferramentas e sugestões estão
abertos para adequação e adaptação das demandas
educacionais de vocês.

Preparada(o)? Então, vamos lá!


“O conto maravilhoso, que ainda hoje é o
primeiro conselheiro das crianças, porque foi
outrora o primeiro da humanidade, continua a
viver secretamente na narrativa. O primeiro e
verdadeiro narrador é e permanece sendo o
narrador de contos maravilhosos.”

O narrador, Walter Benjamin


O segredo por trás
do "Era uma vez"
Os contos tradicionais, popularmente conhecidos
como contos de fadas aqui no Brasil, têm origem
nas tradições orais que espalhavam conceitos de
fantasia e educação a milhares de crianças ao redor
do mundo, mesmo que em determinado período
de sua história, os conceitos de infância e criança
ainda não tivessem sido muito explorados.

A magia acontecia quando uma pessoa,


geralmente o adulto mais velho, contava causos e
histórias que ouvira de seus antepassados e, com
isso, de geração em geração, esses contos foram
propagados para várias culturas.
Autores como Charles Perrault, Jacob e Wilhelm
Grimm, Hans Christian Andersen e os mais
contemporâneos como Joseph Jacobs, Carlo
Collodi, e, inclusive, Monteiro Lobato, autor
responsável por traduções e adaptações de contos
de fadas para a língua portuguesa, que
posteriormente escreveu suas próprias histórias,
encaixam-se de certa forma no gênero; entre
tantos outros nomes que trouxeram para a escrita
contos por vezes recolhidos da sabedoria popular
de culturas diversas e propagaram dentro dos lares
o imaginário de uma infância repleta de fantasia,
superação e finais felizes (ou nem tanto).
Muito do que se ouve falar sobre os contos
tradicionais nos abre um leque de possibilidades
para trabalhar conteúdos em sala de aula, até
mesmo com os anos finais do Ensino Fundamental,
visto que, em sua integralidade, os contos possuem
temáticas que são relevantes para discussões em
rodas de conversas com adolescentes e jovens, não
devendo ser exclusivamente utilizados para a
Educação Infantil. Por essa amplitude, é inegável
que o termo “contos maravilhosos” caiba tão bem
para descrever esse gênero da literatura.
Vamos abordar algumas características
marcantes dentro desse universo dos
contos de fadas, aqui tratados por contos
maravilhosos:

O surgimento dos contos maravilhosos é


indefinido. Embora não seja uma opinião
unânime, estudiosos de literatura apontam
sua origem na cultura celta, por volta do
século II a.C., tornando-se assim uma das
tradições orais mais antigas do planeta, que,
apesar de toda tecnologia atual, persiste no
imaginário popular e é retransmitida de
geração para geração.

Criaturas fantásticas, como gigantes,


bruxas, duendes, fadas, entre outros, têm
capacidade de alterar o destino de pessoas
comuns.

São narrativas que cumprem uma


jornada relevante de desafios,
superações e conquistas, levando às
últimas consequências as histórias de
encantamento.

Os contos maravilhosos tornam-se uma


importante manifestação na representação
dos sonhos e desejos humanos mais
profundos.
Em muitos contos, os enredos
apontam matrizes do imaginário humano,
com uma linguagem repleta de metáforas
e significados simbólicos capazes de
interligar o consciente e o inconsciente.

Narradores profissionais herdavam essa


função dos antepassados, tradicionalmente
transmitida de pessoa para pessoa.

As narrações aconteciam em reuniões


sociais, nas salas de fiar, casas de chá,
campos de lavouras, aldeias ou nos espaços
em que pessoas adultas se encontravam.

Inicialmente, os contos maravilhosos


não eram destinados ao universo
infantil. Eles sofreram adaptações para
contemplarem as necessidades das
crianças, partes fortes ou pesadas foram
suprimidas das histórias originais.
Quem conta um conto
aumenta um ponto?
Especialistas analisam alguns pontos comuns na
cronologia e estrutura dos contos maravilhosos,
importantes para o desenrolar das histórias, que
fazem com que permaneçam presentes com o
passar das gerações, são eles:

a presença da fantasia;

herói ou heroína buscando a realização


pessoal;

os desafios e obstáculos a serem


enfrentados pelos heróis;

a jornada/travessia, viagem ao
mundo fantástico;

o embate do herói com o


personagem do mal ou o obstáculo
a ser vencido;

dificuldade a ser superada;


conquista (destruição do mal);
a recompensa, celebração das
conquistas.
Curiosidades
1 Os contos de fadas ou contos maravilhosos
nos trazem uma ideia indeterminada de
tempo, por exemplo: “Há muitos e muitos
anos...”, “Perto de uma grande floresta...”
ou o clássico “Era uma vez...”.

2 Os cenários são repletos de encantamento,


como reinos, castelos, bosques e florestas.

3 Os personagens são fantásticos. É bastante


comum encontrarmos no enredo dos contos
de fadas, reis, rainhas, príncipes e princesas,
camponeses, bruxas, animais falantes, etc.,
personificando o bem e o mal.

4 O vocabulário é repleto de norma culta e


tempos verbais em desuso.

5 Os contos de fadas trazem à tona o inverossímil,


e é essa magia que instiga a mente humana.
E viveram felizes
para sempre?
Como vimos no curso, nem todos os contos em sua
integralidade textual contemplam um final feliz.
Alguns autores, inclusive, optaram por histórias em
que os finais fossem diferentes, com o intuito de
instigar o interesse e a imaginação do leitor para as
problematizações da vida cotidiana. Como exemplo
temos Oscar Wilde, autor clássico que escolheu
escrever contos de fadas com finais trágicos,
atribuindo a eles beleza poética de extrema
importância para o movimento estético da escrita da
época. Seus contos encantam milhares de pessoas
até os dias de hoje.
Entendemos também que é possível extrair dos
contos maravilhosos repertório para lidar com
situações desafiadoras na sala de aula, como
inteligência emocional, bullying, inclusão, diversidade
e tantos outros temas latentes na educação de
crianças e adolescentes.

Os contos maravilhosos são ricos em conteúdos


simbólicos e nos possibilitam fazer uma ponte entre
nosso inconsciente (mundo interno) e o nosso
consciente (mundo externo), utilizando de mecanismos de
projeção e identificação, auxiliando-nos muitas vezes no
desenvolvimento de recursos internos para lidar com os
desafios do cotidiano.
Muitas histórias clássicas ampliam a possibilidade
de realização de desejos, proporcionando por vezes o
alívio emocional e a superação de conflitos, ou seja, a
catarse, principalmente quando ocorre pelo enredo
da história. O final feliz presente em algumas delas
pode sugerir uma visão positiva com relação à vida.
Jeitos fabulosos de
começar uma narração

Há muito tempo, na terra do sonho...

Que o meu conto seja belo e que se desenrole como


um longo fio...

A menos de mil milhas daqui, num tempo que não


era tempo...

Há muito tempo, antes que qualquer um de nós


tivesse nascido...

A história que vamos começar agora foi soprada por


um passarinho...

Era uma vez...


Formas incríveis de
encerrar uma narração

No fio do conto, como no fio da vida, cada um


tece a sua história.

E essa, meus amigos, é a história.

Essa é uma história real, se não fosse, tinha tudo


pra ser.

Entrou por uma porta, saiu pela outra, e quem


quiser que conte outra.

“Foronfonfon”, “firinfinfin” e a história chegou ao


fim.
Conhecendo os
autores clássicos
Os irmãos Grimm: nascidos em Hanau, no Condado
de Hesse-Darmstadt, na Alemanha, Jacob Ludwig
Carl Grimm (1785-1863) e Wilhelm Carl Grimm
(1786-1859) eram filhos do jurista Philip Grimm e
Dorothea Grimm e receberam formação religiosa na
Igreja Calvinista Reformada. Enquanto folcloristas,
filólogos e estudiosos da mitologia alemã,
pesquisaram e documentaram narrativas
maravilhosas ligadas diretamente à tradição oral
europeia, reunindo histórias que, dentro de poucas
décadas, ganharam o mundo e fazem sucesso até
hoje entre os mais diversos públicos e culturas.
Charles Perrault: Charles Perrault foi um escritor e
poeta francês do século XVII, que estabeleceu as
bases para um novo gênero literário: o conto de fadas.
Foi também o primeiro a dar acabamento literário a
esse tipo de literatura, o que lhe conferiu o título de
"Pai da Literatura Infantil".
Hans Christian Andersen: nasceu em 1805, na
Dinamarca. Filho único de um casal de baixa renda,
sempre fora apaixonado por teatro, tinha a ambição
de se tornar ator e escrevia peças e poemas. Em 1835,
ganhou reconhecimento internacional ao publicar o
romance O improvisador. Andersen é um dos
escritores mais famosos de histórias infantis e a
premiação mais importante de literatura
infantojuvenil foi batizada com seu nome. Faleceu em
1875, na Dinamarca.
Joseph Jacobs: nasceu em Sidnei, Austrália, em 1854.
Folclorista e historiador,
Charles Perrault: tornou-sefoi mundialmente
Charles Perrault um escritor e
conhecido
poeta francês do século XVII, que estabeleceusobre
por uma série de artigos a
as bases
perseguição aos judeus na Rússia e publicou
para um novo gênero literário: o conto de fadas. Foi diversos
livros
também sobre
oa história a
primeiro judaica. Em 1900, tornou-se
dar acabamento editor
literário a esse
da Jewish Encyclopedia. Mudou-se para Nova Iorque
tipo de literatura, o que lhe conferiu o título de "Pai da e
passou a trabalhar
Literatura Infantil". como professor de inglês no Jewish
Theological Seminary. Foi pesquisador e estudioso do
folclore inglês e das histórias de tradição oral, as quais
coletou e publicou como Contos de fadas ingleses, em
1890. Entre os contos estava “Os três porquinhos”, até
então pouco conhecido. Faleceu em janeiro de 1916, em
Yonkers, Estados Unidos.
Conheça os livros que utilizamos
em nossa formações
Clássicos de todos os tempos
– Charles Perrault

Contos de fadas dos irmãos Grimm


– Jacob e Wilhelm Grimm

Contos de fadas europeus


– Joseph Jacobs

Contos de fadas ingleses


– Joseph Jacobs

Contos de fadas indianos


– Joseph Jacobs

Contos de fadas celtas


– Joseph Jacobs

Mais contos de fadas ingleses


– Joseph Jacobs

Histórias para sonhar


– Oscar Wilde

Contos de fadas de Andersen (vol. I e II)


– Hans Christian Andersen
PARA UM MERGULHO MAIS PROFUNDO

BEDRAN, Beatriz Martini. Ancestralidade e contemporaneidade das


narrativas orais: A arte de cantar e contar histórias. 2010. Programa de
Pós-Graduação em Ciência Da Arte – PPGCA – Universidade Federal
Fluminense, Niterói, 2010.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São


Paulo: Editora Brasiliense, 1936.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz


e Terra, 1980.

BRENMAN, Ilan. A condenação de Emília: o politicamente correto na


literatura infantil. Belo Horizonte: Aletria, 2012.

CANTON, Katia. Os contos de fadas e a arte. São Paulo: Prumo, 2009.

MACHADO, Regina. A arte da palavra e da escuta. São Paulo: Editora


ReviraVolta, 2015.

MAGALHÃES, Ivani O. Era uma vez: Um breve histórico das histórias para
crianças. It. TIERNO, G. (org.). A arte de contar histórias – Abordagens
poética, literária e performática. São Paulo: Ícone, 2010.

TATAR, Maria. Contos de Fadas. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. 2. ed. Rio
de Janeiro: Zahar, 2013.

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