Animais Selvagens No Brasil, Vol 5 - Carlos Terrana
Animais Selvagens No Brasil, Vol 5 - Carlos Terrana
Animais Selvagens No Brasil, Vol 5 - Carlos Terrana
Volume 5
CARLOS TERRANA
fotógrafo de natureza
Copyright ©2013 Carlos Terrana
Quando resolvi iniciar esse projeto há quinze anos, a fotografia ainda era
analógica, a internet estava engatinhando, livro eletrônico nem pensar e o
nosso Cerrado (segundo maior bioma brasileiro), ainda era muito mais
preservado e desconhecido do que hoje. Naquela época, o destino me fez
testemunha ocular de um processo de destruição e transformação cabal, pela
qual o centro-oeste viria a passar e que persiste até os dias de hoje. A
eliminação quase que total da cobertura vegetal nativa dos campos cerrados,
a savana tropical brasileira, pelas imensas monoculturas, principalmente de
soja. Presenciar esse processo ao vivo e a cores, me transformou como
pessoa e como cidadão. Dizem que é com o sofrimento que nos
transformamos...
É incrível como a manipulação de políticos e articuladores inescrupulosos,
pode devastar um bioma quase que completamente em 20 anos, sob o manto
do progresso civilizatório.
A realidade atual do centro-oeste, sua vegetação nativa datada de milhões de
anos e a sua fauna é triste e lamentável. Muitas espécies já estão
aprisionadas em pequenas manchas de cerrado que ainda existem, nas
poucas áreas protegidas, mas que não chegam a 6% da área total do bioma.
Numa projeção para os próximos anos, mal dá para prever o futuro genético
dessas espécies. Muitas só ficarão nos registros e nos anais, como animais
que ali existiram.
Fotografar e disponibilizar uma relação organizada de uma pequena parte
desses animais, para que os jovens de hoje possam se conscientizar da
riqueza que esse país possui foi a principal intenção desse projeto. Espero ter
contribuído um pouco com meu trabalho e fico feliz de ter conseguido
realizá-lo sem patrocínio algum, pois assim me sinto na liberdade de tecer as
críticas que aqui faço. Espero sinceramente que as previsões dos biólogos,
geógrafos, cientistas e ambientalistas não se concretizem: aquela de que o
bioma Cerrado possa desaparecer nos próximos 20 anos. Mas para isso
muita coisa tem que mudar e por isso essa coleção é dedicada às crianças e
jovens de hoje, pois vocês serão os políticos de amanhã. Os de hoje só
querem ferrar o bioma e plantar mais e mais soja à qualquer custo. Crianças
e jovens de hoje, vocês irão herdar o cerrado que está nas mãos sujas dos
políticos atuais.
Conheçam mais sobre os nossos animais, sobre o nosso país. O bioma
Cerrado não foi protegido pela Constituição Brasileira de propósito, para
poder ser palco do agronegócio. Uma proposta de emenda à Constituição, a
PEC 115 tenta resgatar essa proteção para o bioma há 17 anos, mas não
consegue. Enquanto isso o bioma vai morrendo à cada dia.
Hoje a fotografia não é mais analógica e sim digital. Você já pode ler esse
livro num dispositivo eletrônico e baixar a coleção completa pela internet. A
realidade do mundo mudou, em alguns casos para melhor. Infelizmente a
realidade ambiental no bioma Cerrado mudou para pior. Salvar esse bioma é
uma tarefa quase impossível, mas nada é impossível nesse mundo...
Carlos Terrana -fotógrafo de natureza
PICA-PAU-VERDE-BARRADO Colaptes melanochlonos.
Classe: Aves
Ordem: Piciformes
Família: Picidae
Espécie: Colaptes melanochlonos (Gmelin, 1788).
Sinonímia: Chrysoptillus melanochlonos.
Classe: Mammalia
Ordem: Xenarthra
Família: Myrmecophagidae
Espécie: Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758).
Classe: Mammalia
Ordem: Xenarthra
Família: Dasypodidae
Espécie: Dasypus septemcinctus (Linnaeus, 1758).
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Família: Cervidae
Espécie: Ozotocerus bezoarticus
Minha mãe Aurea de Toledo Piza, Vera Lúcia Terrana, Alfredo Kalili,
Richard Hugh Fisk, Adonai Rocha, Fernando Oliveira Fonseca, Paulo Cesar
Magalhães, Judith Cortesão, o guarda-parque Miguel, Felipe Carvalho
Terrana, Gilvan (brigada de incêndios florestais), Jeanito Gentilini, Marcos
Piza Pimentel, Alex Amorim, André Alves, Fernando Noli, Fernando
Quadrado Leite, Raquel Milano, Leila Quinhões, Marilia, Anselmo Ferreira
Junior, Bárbara de Souza, Nazaré Avelar, Josimar de Barros ( Contra-
Mestre Baiano-Caxixi), Ícaro Avelar, Gerson Procópio dos Santos e família,
Marlene Maluf e família, Valéria Quinhões de Carvalho, Bruno Melo,
Lorena Moraes, Andréa Aiko, David Pennington, Celso de Toledo Piza,
Darlan Rosa e família, Ludmila Carvalho, Chico Lada (mecânico), Rubens
Matsushita, Márcio M. Batista, Epaminondas Toledo Piza, Weverson
Paulino, Liliane Guterrez Lima, Leiza Oliveira Santos, David Ayron, Victor
Anibal, Maria Cristina F. Mota, Dulcenéa Teodoro Rezende, Julie Coimbra,
Sonia Bonzi, Jacek e Ivania(KinoFotoarquivo), Inácio da Gloria, Maria
Conceição Q. de Carvalho, Elvio Gasparotto, José Cavalcante Souza,
Fabíola Assis de Abreu, Vera Sant, Uaira Serena, Melissa Nunes, Barbara
Nunes e família, Natalia Silva Nunes, José Maria Silva Rodrigues, , Juliana
Gonzaga Naíla Contreiras, Fernanda Azevedo, Célia Bernardes, Ingrid
Barth Freitas, Roberto Piza Pimentel, Zélia de Toledo Piza, Cleber
Medeiros, Marcelo Imperial e todos os clientes da Terrana Produções
Visuais que, indiretamente, participaram deste projeto.
Bibliogra ia-
Pesquisa Danielli Kutschenko.
ANFÍBIOS E RÉPTEIS
O cerrado apresenta uma fauna de répteis e anfíbios de grande diversidade,
sendo que muitas espécies novas foram descritas recentemente. Atualmente,
são registradas para o Cerrado 10 espécies de quelônios (cágados, jabutis e
tartarugas), 5 de jacarés, 47 de lagartos, 103 de serpentes e 113 de anfíbios.
Segundo especialistas, um dos fatores determinantes na diversidade da
herpetofauna do Cerrado, é a estratificação horizontal de habitats, ou seja,
existe um mosaico de diferentes tipos de vegetação justapostas, cada uma
contendo uma composição distinta de espécies. Entretanto, essa diversidade
vem sendo ameaçada por impactos causados pela atividade humana, tais
como: desmatamentos, queimadas e urbanização.
Fonte: Colli, G. R. 2007. Herpetofauna do Cerrado e Pantanal -
diversidade e conservação. In: Cerrado e Pantanal: Áreas e ações
prioritárias para conservação. Ministério do Meio Ambiente – Brasília:
MMA. Pp: 259-276.
Carvalho, C.M., J.C. Vilar & F.F. Oliveira 2005. Répteis e Anfíbios pp. 39-
61. In: Parque Nacional Serra de Itabaiana - Levantamento da Biota (C.M.
Carvalho & J.C. Vilar, Coord.). Aracaju, Ibama, Biologia Geral e
Experimental - UFS.
ARTRÓPODES
A fauna de invertebrados do cerrado é muito rica e inclui animais
pertencentes a aproximadamente 16 filos, no Brasil central. Dentre os
invertebrados existentes cerca de 1,5 milhões de espécies são de artrópodes,
mas acredita-se que esse número traduza somente uma pequena fração do
que deve existir. Os artrópodes desenvolvem grande função ecológica no
ecossistema, pois ocupa uma grande diversidade de micro-habitats e nichos,
desta forma desempenham atividades regulatória do ecossistema. Insetos e
aranhas são provavelmente os maiores reguladores de circulação de energia
e ciclo de nutrientes em ecossistemas tropicais. Artrópodes também são
bons bioindicadores sensíveis da interferência humana na qualidade do
habitat, devido à alta diversidade de espécies e alta ligação física e
biológica com os habitats. Estima-se que exista no Cerrado cerca de 13.000
espécies de lepidópteros (borboletas e mariposas), 820 de abelhas, 139 de
vespas, 350 de formigas, 116 de cupins, 49 de aranhas e 13 de louva-deus.
Apesar disso, a região Centro-Oeste é classificada como a que reúne menor
conhecimento sobre invertebrados terrestres. Isto reflete o principal
problema para a conservação de invertebrados.
Fonte: 1-Glauber O. Rocha, Morel C. B. Netto, Luciano R. P. Lozi.
Diversidade, riqueza e abundância da entomofauna edáfica em área de
cerrado do Brasil Central http://www.seb-
ecologia.org.br/viiceb/resumos/1036a.pdf
2-Dias, I & Morais, H. C. de. 2007. Invertebrados do Cerrado e Pantanal –
diversidade e conservação. In: Cerrado e Pantanal: Áreas e ações
prioritárias para conservação. Ministério do Meio Ambiente – Brasília:
MMA. Pp: 143 – 172.
AVES
Encontram-se registradas para o cerrado 837 espécies de aves distribuídas
em 64 famílias. Destas 759 (90,7%) se reproduzem nesta região, o restante
são espécies migratórias. A composição florística de uma área é um fator
determinante da riqueza e da distribuição das aves, já que diferentes
espécies de aves exibem diferentes formas de utilização do habitat. O
cerrado por possuir uma flora diversificada, distribuída em vários tipos de
formações, apresenta também um mosaico de hábitats bastante distintos
para a avifauna. Entretanto, a fragmentação desta vegetação por atividades
humanas tem transformado e diminuído estes habitats naturais pondo a
maioria das espécies de aves em risco.
Fonte: Silva, J. M. C. 2007. Avifauna do Cerrado e Pantanal – diversidade
e conservação. In: Cerrado e Pantanal: Áreas e ações prioritárias para
conservação. Ministério do Meio Ambiente – Brasília: MMA. Pp: 279-299.
MAMÍFEROS
No Cerrado os mamíferos totalizam em 195 espécies, sendo 18 endêmicas.
Os mamíferos são elementos essenciais para a manutenção do equilíbrio
dinâmico dos ecossistemas, presentes em vários níveis das cadeias tróficas,
além de contribuírem significativamente para a manutenção e reposição de
formações vegetais. A fragmentação de habitats é uma das principais
consequências da interferência de populações humanas sobre as espécies
nativas do Cerrado. As espécies mais vulneráveis aos processos de
degradação são as de topo de cadeias tróficas, como os carnívoros (onça-
pintada, por exemplo). Espécies como os veados e antas, tem sido alvo de
intensa caça, provocando assim, efeitos negativos sobre as densidades
populacionais destas espécies. Outros fatores são a conversão de áreas de
vegetação natural em lavouras e pastagens, urbanização, construção de
usinas hidrelétricas, garimpo e mineração.
Fonte: Marinho-Filho, J. 2007. Mastofauna do Cerrado e Pantanal –
diversidade e conservação. In: Cerrado e Pantanal: Áreas e ações
prioritárias para conservação. Ministério do Meio Ambiente – Brasília:
MMA. Pp: 303-320.