Guia Pratico - Agricultura de Conservacao
Guia Pratico - Agricultura de Conservacao
Guia Pratico - Agricultura de Conservacao
GUIA PRÁTICO
de
AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO
Financiado pela
República de Moçambique PROMOÇÃO ECONÓMICA DE Viena, Áustria
DPA SOFALA CAMPONESES - SOFALA
GUIA PRÁTICO
de
AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO
Autores
Esta obra foi financiada pela Cooperação Austríaca para o Desenvolvimento e baseia-se principalmente nas
experiências do IAPAR - Instituto Agronómico de Paraná, Londrina-Paraná-Brasil, e nos ensaios demonstrativos
realizados na Província de Sofala, Moçambique, nos anos 2002 até 2005,
no quadro dos projectos PROMEC, APROS, PACDIB (da Cooperação Austríaca) e PRODER (MINAG - GTZ).
Financiado pela
AGRADECIMENTOS DOS AUTORES
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3
1
Guía prático de Agricultura de Conservação
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 83
ANEXOS................................................................................................................... 86
Anexo 1: Manejo ambiental adequado evitando as queimadas .........................................87
Anexo 2: Plantas de cobertura comuns na Província de Sofala ........................................89
Anexo 3: Produção de massa vegetal de diferentes espécies de plantas de cobertura
e % de nutrientes na matéria seca ......................................................................92
Anexo 4: Características, comportamento e recomendações para o uso de plantas de
cobertura de primavera/verão .............................................................................93
Anexo 5: O sistema de Agricultura de Conservação no Brasil.........................................103
Anexo 6: Características de diferentes espécies de plantas melhoradas de solos..........105
2
INTRODUÇÃO
Nas mais diversas regiões do mundo onde se pratica a agricultura, um aspecto marcante e
comum à maioria dessas áreas é o uso intensivo e a má gestão dos recursos naturais, o que
tem ao longo dos anos contribuído para o agravamento dos processos de degradação dos
recursos, principalmente solo e água, comprometendo severamente a produção agrícola em
âmbitos compatíveis com as demandas populacionais. Os processos de erosão do solo
provocam alteração de algumas propriedades físicas, químicas e biológicas que, somados
ao processo de degradação da matéria orgânica, com consequente diminuição da
fertilidade, tem conduzido a uma diminuição crescente do potencial produtivo de diferentes
culturas nas mais diversas regiões agroecológicas. Essa situação aliada a outros aspectos
ligados ao clima (temperaturas extremas, ocorrência de secas prolongadas, inundações,
ataque severo e inesperado de pragas e/ou doenças), tem provocado em maior ou menor
grau, nas mais distintas regiões, sérios riscos de insegurança alimentar às populações.
A Província de Sofala, com seus diferentes tipos de solos, composta basicamente pela
agricultura familiar de subsistência, apresenta uma situação semelhante, onde o sistema
tradicional de manejo de solos baseia-se na retirada dos restolhos e capins da área ou
mesmo queima de todos esses resíduos no fim da estação seca, antes do preparo do solo
para a próxima campanha. O solo geralmente é preparado intensivamente com enxadas e,
em pequena escala por tracção animal e/ou tractorizada. A demanda de mão-de-obra é
muito alta e em geral na média uma família possui uma área cultivada em torno de 0.5 a 1.0
hectare. A monocultura predominante consiste na sequência de cereais: milho-milho ou
milho-mapira.
Após o plantio das culturas, normalmente são necessários 3 sachas até que se complete o
ciclo das culturas anuais (milho, mapira, feijão nhemba, etc.), na maioria dos casos árdua
tarefa incumbida às mulheres.
Resultados alcançados nos últimos 4 anos a nível de campo com o sistema de Agricultura
de Conservação em diferentes Distritos da Província, mostram que os rendimentos de
diferentes culturas, tais como milho, mapira, feijões, assim como algumas hortícolas (cebola,
tomate, repolho, couves, pimento, cenoura, alface, etc.), podem ser aumentados de 20 até
150%, além de outros benefícios, tais como, diminuição de mão-de-obra (não preparação do
solo, menor número de regas e sachas, entre outros), possibilidades reais de aumentar a
área da machamba e, ter assegurado rendimentos suficientes para garantir o sustento das
necessidades nutricionais da família e o excedente ser direccionado ao mercado local e
regional.
3
Guía prático de Agricultura de Conservação
4
As vantagens do sistema de Agricultura de Conservação podem ser resumidas a seguir:
• Promove a conservação e recuperação dos solos,
• Permite uma melhor distribuição do trabalho durante todo o ano, resultando em economia de
mão-de-obra e menor consumo de energia,
• Consegue uma diversificação com menores riscos de ataques de doenças e/ou pragas,
• Aproveita melhor a humidade com diminuição da frequência de regas,
• Melhora a redistribuição - aproveitamento e equilíbrio dos nutrientes,
• Melhora a capacidade produtiva do solo,
• Diminui os custos de produção,
• Contribui para uma maior estabilidade de produção,
• Contribui para um aumento dos rendimentos das diferentes culturas.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
6
1.3 Os benefícios do sistema de Agricultura de Conservação
Ao nível Global:
Maior captura (sequestro) de carbono orgânico no solo,
Menores riscos de poluição quer seja por poeira, fumo proveniente de queimadas, e
diminuição dos riscos do efeito estufa (causado principalmente pela emissão de CO2
para a atmosfera),
Menor uso de combustíveis (economia de 40-60%), no caso de tratores,
Menores perdas de nutrientes por lixiviação e consequente menos riscos de
contaminação das águas subterrâneas,
Praticamente um controle quase total do processo erosivo (água, ventos),
Menores perdas de água e, consequente maiores recargas dos aquíferos.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
Fertilidade: a fertilidade química natural dos solos também é variável, sendo extremamente
pobre nas áreas onde predominam areias quartzosas, aumentando conforme se aumenta
os teores de argila; também áreas que tem sido cultivada por maior tempo, além das
perdas de solos pela erosão e degradação da matéria orgânica pela queima dos restolhos e
pelo preparo contínuo do solo, aliados a não reposição de nutrientes, os solos se
apresentam mais pobres e com menor capacidade de produção.
8
2.2 O uso dos solos agrícolas (generalidades)
Além dos aspectos negativos, também o uso de mão-de-obra para a execução destas
práticas tradicionais é muito elevada, exaustiva e, por consumir um grande tempo para sua
execução, impede a possibilidade e/ou chances de aumento da área da machamba,
inviabilizando dessa forma, maiores possibilidades/oportunidades do aumento da entrada de
ingressos e, consequente aumento da renda liquida das famílias.
Numa avaliação generalizada da situação dos solos agricultáveis das diferentes regiões de
Sofala, é muito preocupante o nível de degradação das terras, comprovado pela observação
em diversas machambas, nos diferentes Distritos, a visível deficiência de nutrientes por
diferentes culturas (milho, mapira, feijão nhemba, etc.), assim como os baixos níveis de
nutrientes no solo, além da diminuição quase constante da matéria orgânica dos solos.
Numa área de solo areia quartzosa, com mais de 80% de areia, sem cultivo atual., os
resultados da análise de solos (Tabela 1) mostram o grau de degradação e baixo nível de
nutrientes.
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Pelos dados da análise química do solo, os níveis de matéria orgânica, cálcio, magnésio,
potássio, assim como a soma de bases e CTC (Capacidade de Troca de Cátions) , são
bastante baixos, sendo apenas o fósforo com um teor levemente maior (possivelmente
resíduos de queima de restolhos). Assim, solos semelhantes a este, que são grande parte
das áreas cultivadas na Província de Sofala, necessitam urgente interferência no manejo no
sentido de aumentar os níveis de matéria orgânica, aumentando assim a CTC, para então
promover uma adequada reposição dos nutrientes (aliado à adubarão química e/ou
orgânica) e recuperação da capacidade produtiva dessas terras. Caso contrário, com a
continuidade de degradação dos solos, não será possível caminhar em direcção à
sustentabilidade e garantia de segurança alimentar.
Prova disso, é a baixa produtividade das diferentes culturas (milho, mapira, arroz, gergelim,
nhemba, etc.) relatadas pela maioria dos produtores consultados dos distintos Distritos.
Por exemplo no Distrito do Búzi em reunião com técnicos e camponeses foi relatado a
produtividade média dos diferentes cultivos:
Arroz: 2,0 toneladas/hectare
Milho: 0,8 - 1,0 toneladas/hectare
Estas produtividade relatadas são muito baixas e, indubitavelmente pela alta demanda de
mão-de-obra envolvida, caso fossem efectuados estudos de balanço energético nos
distintos sistemas de produção, possivelmente na maioria dos casos o balanço energético
seria negativo, ou seja o montante total de energia consumida em todas as etapas da
produção é muito maior do que aquela obtida através dos valores energéticos de produção
das diferentes culturas (milho, mapira, arroz, etc.). Os rendimentos médios de diversas
culturas em Moçambique são muito baixos (Tabela 2), certamente representam os
rendimentos da grande maioria dos camponeses da Província de Sofala.
Média de rendimento em
Moçambique Rendimentos no Rendimentos em
Cultura
Rendimento Rendimento Zimbabwe África (geral)
actual potencial
Milho 0.1 - 2.3 1.0 - 3.0 1.4 1.2
Mapira 0.3 - 0.6 0.5 - 1.5 0.6 0.8
Arroz 0.5 - 1.8 1.0 - 2.5 2.8 1.6
Feijão 0.3 - 0.6 0.4 - 0.6 0.7 0.7
Mandioca 4.0 - 5.0 5.0 - 10.0 4.0 7.5
Castanha de
0.1 - 0.2 0.4 -- --
caju
Fonte: Taimo et al., 2005.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
3. Além da lavra, também a sacha (milho) e a monda (arroz), são práticas comuns nestes
sistemas de produção e, também consomem bastante tempo e trabalho árduo aos
camponeses; a prática da monocultura é a mais comum, ou seja normalmente os
camponeses plantam arroz sobre arroz ou ainda milho sobre milho nos anos
sequenciais.
4. A grande maioria dos camponeses não utilizam herbicidas e/ou fertilizantes químicos.
6. A actual área cultivada por cada família é bastante limitada, em geral ¼ a ½ hectare de
plantio, não suficiente para atender as necessidades da família. É necessário encontrar
uma forma URGENTE de poder aumentar a área de machamba, aumentar a produção/
produtividade e conseguir assim diminuir os riscos de intempéries às vezes imprevistas
(seca, excesso de chuvas), ou mesmo um forte e inesperado ataque de pragas/doenças
que possam comprometer o rendimento final das culturas e a garantia do suprimento de
alimentos durante todo o ano às famílias.
12
sejam seguidas as normas adequadas de manuseio e aplicação, assim como
produtos/dosagens menos tóxicos possíveis.
12. Alguns grupos de camponeses trabalham com tracção animal e, com uma possível
implementação/adaptação no uso adequado de equipamentos e máquinas (rolo-faca
para manejo de plantas de cobertura e resíduos, máquina de plantio directo), poderão
além de aumentar a área da machamba, também proporcionar aumento na
produtividade e produção final, com uma maior renda líquida na propriedade.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
construção de celeiros melhorados seria uma óptima alternativa e, caso não seja
possível pode-se empregar alguns tratamentos (agro-ecológicas) e sem riscos aos
camponeses:
Em um silo de armazenagem colocar uma camada de folhas de Eucalyptus sp. (30-40
cm) em cada camada em torno de 1 metro de altura (formada por grãos de milho,
mapira, ou mesmo em espigas, ou feijão. É importante também manter o fundo do local,
e também a parte superior (sobre os grãos) cobertos por esta camada de folhas de
eucalyptus.
Em caso da não disponibilidade de eucalyptus, pode também ser utilizado folhas e
ramos de mucuna (verde).
É também possível a utilização de cinzas obtida através da queima de madeira ou
queima de cascas de arroz, ou ainda o uso de areia que deverão ser misturadas com os
grãos dos cereais ou ainda de feijão: nhemba, bóer ou vulgar, a qual evitará o ataque de
gorgulhos, podendo assim permanecer armazenados por um longo tempo sem perda da
qualidade dos grãos.
16. Existem algumas pequenas experiências com o uso de controle biológico de pragas por
parte de alguns camponeses, utilizando-se de: cebola, alho, coentro plantados junto aos
canteiros das hortaliças em direcção ao vento para que o odor destas plantas possam
afugentar insectos e outras pragas; e também cinzas são aplicados sobre algumas
pragas; no controle de lesmas e caracóis também são aplicados cinzas ao redor dos
canteiros ou das plantas que irão impedir a passagem e ataque destes moluscos às
plantas. 1
1
Vide informações/recomendações no capitulo sobre Controle de pragas e doenças.
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Todos os anos os novos restolhos dos cultivos são incorporados ao solo,
mudando a localização do novo camalhão e, assim novamente o solo é revolvido
com perdas nas suas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo;
Além da penosidade do trabalho, ocorre um elevado emprego de mão-de-obra na
execução das operações de reconstrução total e manutenção dos camalhões a
cada ano;
Apesar dos resíduos serem amontoados nos camalhões e uma maior quantidade
de água armazenada, a constância anual no revolvimento do solo, provocará
uma degradação ao longo do tempo, principalmente da matéria orgânica e
fatalmente mostrando ser um sistema que poderá comprometer a
sustentabilidade ao longo dos anos.
Diante desses inconvenientes, é sugerido que em áreas muito declivosas sejam
construídos pequenos terraços/ cordões vegetados, onde poderão ser protegidos por
barreiras vivas com Vetiver, cana-de-açucar, ou também com a inclusão de
leguminosas: feijão bóer (arbustiva), ou mutica - arbustiva) ou outras espécies (*citadas
em práticas complementares de conservação), para que estas espécies ao serem
podadas os resíduos possam ser deixados sobre a superfície do terreno. Além disso, o
solo não deverá ser revolvido e tampouco queimado os resíduos. Após as colheitas, os
restolhos deverão ser distribuidos sobre o solo e, posteriormente a implantação das
novas culturas deverá ser através do plantio directo (tracção humana – matracas,
tracção animal ou tracção tractorizada), conforme a infra-estrutura local.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
Tendo em conta que os produtores vão apresentar solos com situações diferentes, a
entrada para o sistema de Agricultura de Conservação, deve ter em conta a situação real da
cada machamba.
Portanto, os diferentes sistemas de produção regional, nas mais variadas zonas agro-
ecológicas da Província de Sofala, quando da implementação do novo sistema deverão ser
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acompanhados de determinadas sequências de culturas, preferentemente que tenham sido
já testados e validados pelos camponeses da região e sofrido os ajustes necessários para a
consolidação dos diferentes componentes a fazerem parte do Sistema de Agricultura de
Conservação.
Os passos apresentados com as devidas etapas, constituem um guia geral para uma
adequada implantação do sistema principalmente nas pequenas propriedades.
5. Não queimar restolhos das culturas, capins, e outros resíduos de invasoras, mas
sim deixá-los sobre a superfície do solo
7. Eliminar totalmente a lavoura, isto é, não efetuar mais o preparo do solo, quer seja
com enxadas ou com charrua
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Guía prático de Agricultura de Conservação
9. Objetivando uma maior proteção e recuperação do solo, deve ser utilizado espécies
nativas e exóticas melhoradoras de solo (preferentemente leguminosas), visando a
cobertura da superfície do solo e melhoria das propriedades do solo
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13. Evitar o excessivo pastoreio e pisoteio de animais, que irá eliminar a presença
de mulch e consequentemente prejudicar o solo e os cultivos
A presença de animais nos campos deve ser evitada, devendo-se construir cercas
metálicas, ou cercas vivas, ou seja, arbustos e árvores locais preferentemente com
presença de espinhos, tais como: (Dovyalis abyssinica, Dovyalis caffra, Parkinsonia
acculeata, Ziziphus mucronata, Ziziphus spina-christi, Jatopha curcas (pinhão manso),
Agave sisalane (sisal), Haematoxylon brasileto, Bauhinia rufescen, Acacia polycantha,
Acacia melífera, Acacia tortuosis, etc.; usar de plantas de cobertura não comestíveis pelos
animais, tais como: Ricinus communis (ricinus), Tephrosia vogelli (mutica), Tephrosia
tunicata, Tephrosia candida, Senna spectabilis, etc.;
Selecionar pequenas áreas onde através de uso de fertilizantes orgânicos e/ou
compostagem poderá produzir elevadas quantidades de forragens, capins (capim elefante,
sudangrass, etc.) e leguminosas (feijão bóer, leucaena, etc.) que serão ministradas aos
animais, evitando a invasão dos mesmos às machambas.
a) Plantas de cobertura,
corte e distribuição do capim (ou dessecação através de herbicidas),
b) Manejo de invasoras,
c) Rotação de culturas,
d) Construção de terraços, etc. que podem variar de acordo com a localização de uma
determinada área, e alguns atributos:
- zona agro-ecológica
- altitude
- local que ocupa na toposequência da paisagem
- as propriedades do solo (químicas, físicas e biológicas)
- quantidade e distribuição de chuvas durante o ano
- sistema de produção
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Guía prático de Agricultura de Conservação
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Guía prático de Agricultura de Conservação
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4 A COBERTURA DO SOLO
1) Promover a formação de cobertura vegetal, além de evitar deixar o solo desprotegido irá
quebrar a energia cinética da chuva impedindo o impacto directo das gotas de chuva no
solo, impedindo com isso, o desencadeamento do processo de erosão.
3) Os resíduos vegetais, parte aérea e raízes, irão afofar o solo, abrindo também canais no
perfil que irá aumentar a infiltração de água no solo, diminuindo o escorrimento
superficial e as perdas de água, solo e nutrientes.
4) Buscar uma melhor estruturação do solo: melhor agregação das partículas, maior
aeração, maior porosidade, favorecendo o crescimento das raízes dos cultivos
posteriores.
7) Com a utilização das espécies, há uma tendência, ao longo dos anos, do aumento dos
teores de matéria orgânica no solo, que irá proporcionar significativas melhorias nas
propriedades químicas, físicas e biológicas do solo.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
As experiências práticas dos camponeses da Província de Sofala tem mostrado que o solo
devidamente coberto com restolhos e resíduos de plantas de cobertura (p. ex. mucuna,
feijão bóer, etc.), proporciona um aumento da infiltração de água no perfil, diminuindo o
escorrimento superficial e as perdas de água, solo e nutrientes. A continuidade desse
sistema, tende a aumentar gradualmente os teores de matéria orgânica e nutrientes no solo
ao longo dos anos e, além de promover um maior armazenamento de água no perfil, irá
trazer inúmeros benefícios às diferentes sequências de culturas.
Registros históricos mostram que a milenar prática do uso de plantas de cobertura, foi
desenvolvida com sucesso por antigas civilizações: romanos, gregos, chineses, e outros
povos na antiguidade e, graças ao intenso uso de insumos “modernos” esta prática foi
quase esquecida neste século. Felizmente nas últimas 3 décadas, estudos e experiências
de agricultores em várias partes do mundo fizeram com que esta eficiente prática
começasse a retomar o seu importante lugar nas diferentes condições agro-ecológicas e
sistemas de produção dos diferentes países, contribuindo para a manutenção e melhoria
das propriedades do solo (físicas, químicas e biológicas).
O estudo das plantas melhoradoras do solo tem demonstrado grande potencial na protecção
e recuperação da produtividade do solo. Apesar disso, um constante desafio é estabelecer
esquemas de uso compatível, das diferentes espécies com os sistemas de produção
específicos de cada região, e se possível nos limites de cada propriedade, levando em
consideração os aspectos ligados ao clima, solo, infra-estrutura da propriedade e condições
sócio-económicas do agricultor. As possibilidades do emprego dessas plantas, podem visar,
além da conservação e/ou melhoria da fertilidade, incremento na produtividade das culturas
comerciais, aproveitamento algumas espécies como fonte de alimentos, forragem aos
animais, ou ainda na produção de grãos para comercialização.
A temperatura exerce grandes efeitos sobre a fisiologia das plantas, além de influenciar
directamente na absorção de íons (nutrientes). A amplitude térmica muitas vezes é mais
importante que a temperatura média de uma determinada zona, ou seja as variações nas
temperaturas influem directamente no comportamento das plantas. Também a distribuição
anual das precipitações tem efeitos directos no estabelecimento e desenvolvimento das
diferentes espécies. Portanto, quando da escolha da(s) espécie(s) a fazer parte de
sequências de culturas, estes e outros aspectos deverão sempre ser levados em
consideração.
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As plantas de cobertura poderão ser implantadas em
cultivo singular ou em associações. Pode-se fazer uso
do consórcio de gramíneas + leguminosas, ou ainda
misturar 2-3 ou mais espécies, que além de
apresentarem um importante efeito melhorador das
características físicas do solo (agregação,
estruturação), produzem resíduos com relação C/N
intermediária, favorecendo a mineralização paulatina do
nitrogénio, além de promoverem ao longo dos anos um
maior equilíbrio e acúmulo de carbono no perfil do solo.
No caso de cultivos singulares, a decomposição
individual das leguminosas resultará em maiores riscos
de perdas de N (lixiviação, volatilização), quando
comparado às gramíneas. Quando os resíduos de
gramíneas são mesclados com resíduos de Consórcio de milho e feijão
leguminosas, normalmente não há problemas com nhemba no sistema de
imobilização do nitrogénio e a mineralização paulatina Agricultura de Conservação
favorecerá a disponibilidade e absorção dos nutrientes (Distrito do Dondo)
pelas plantas.
Manejo do solo: O solo ao ser revolvido por enxadas, charrua ou tractor irá misturar os
resíduos na camada superficial do solo acelerando o processo de decomposição dos
resíduos presentes;
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Guía prático de Agricultura de Conservação
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Rolo-faca e tração animal: usado no maneio de plantas de cobertura, invasoras (plantas daninhas) e
restolhos de plantas cultivadas (milho, mapira, girassol, etc.)
Nas áreas onde foram testados o rolo-faca construído pelo PROMEC, observou-se que
passado já 30-40 dias após o manejo do capim, já começa a surgir algumas invasoras,
sendo portanto recomendável que o intervalo entre o manejo com rolo-faca e o plantio direto
da cultura posterior seja em torno de 8-21 dias, obviamente variando conforme o tipo de
cobertura (leguminosas e outras com bastante nitrogênio e rápida decomposição 8-10 dias
e, caso seja gramíneas e outras bem lignificadas e fibrosas 2-3 semanas após o manejo),
podendo introduzir a nova cultura em plantio direto.
• Em campos onde há predominância de capins, o manejo com rolo-faca deverá ser
preferencialmente quando o capim esteja verde e, ainda não tenha completado o ciclo,
dessa forma o rolo-faca tem melhor efeito, além de impedir que as invasoras continuem
se multiplicando no campo.
• Caso ocorra pequena rebrota, o manejo poderá ser complementado com foices, catanas,
etc.
• Em muitas situações e áreas maiores, o rolo-faca poderá ser complementado com uso
de herbicidas específicos para dessecação das invasoras e/ou plantas de cobertura.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
Assim são conhecidos os efeitos das mucunas, feijão bóer, mexoeira, crotalaria juncea,
calopogônio, feijão de porco, da aveia preta, centeio, azevém, ervilhacas, nabo forrageiro,
etc. no controle de diferente espécies de plantas invasoras. Sendo importante o uso e
manejo dessas espécies em rotação quando se pretende diminuir populações de algumas
invasoras.
Com a utilização das diferentes plantas de cobertura é possível quantificar o montante de
um determinado nutriente reciclado e/ou fixado biologicamente pelas leguminosas,
considerando a biomassa produzida e os nutrientes contidos no tecido foliar.
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orgânico, ou seja a matéria orgânica, que será responsável, directa ou indirectamente pelas
interacções e reacções químicas, físicas e biológicas no sistema solo-água-planta.
Leguminosas N(kg/ha-1/ano)
Feijão bóer (Cajanus cajan) 41 - 280
Feijão nhemba (Vigna unguiculata sin. Vigna sinensis) 73 - 240
Mucuna preta (Mucuna pruriens) 157
Canavalia / Feijão de porco (Canavalia ensiformis) 49 - 190
Estilosantes (Stylosanthes sp.) 30 - 196
Amendoim (Arachis hypogaea) 33 - 297
Calopogônio (Calopogonium mucunoides) 64 - 450
Crotalaria (Crotalaria juncea L.) 150 - 165
Galáctia (Galactia striata) 181
Centrosema (Centrosema pubescens) 93 - 398
Leucaena (Leucena leucocephala) 400 - 600
Kudzu tropical (Pueraria phaseoloides) 30 - 100
Feijão mungo (Vigna radiata L.) 63 - 342
Desmódio (Desmodium sp.) 70
Siratro (Macroptilium atropurpureum) 70 - 181
Soja (Glycine max) 17 - 369
Soja perene (Glycine wightii Verdc.) 40 - 450
Guar (Cyamopsis psoraloides) 37 - 196
Lentilha (Lens culinaris) 35 - 77
Lespedeza (Lespedeza stipulacea) 193
Grão-de-bico (Cicer arietinum) 41 - 270
Ervilha (Pisum sativum) 81 - 148
Ervilhaca comum (Vicia sativa) 80 - 120
Ervilhaca peluda (Vicia villosa) 110 - 184
Trevo egípcio (Trifolium alexandrinum) 62 - 235
Trevo vermelho (Trifolium pratense) 17 - 191
Trevo subterrâneo (Trifolium subterraneum) 21 - 207
Feno grego (Trigonella fænum-græcum) 44
Feijão fava (Vicia faba) 88 - 157
Adaptado de: Nutman (1969); Buckman & Brady (1979); Malavolta et al. (1986); Boin (1986); Vernetti (1971),
citado por Scotti et al. (1986); Larve, T.A. & Patterson, T.G. (1981); Kluthcousky (1982); Burris & Hardy (1975);
Mello (1978); Rottar, P.P. & Joy, citado por Calegari et al., 1993.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
A matéria orgânica é uma mistura complexa das mais essenciais à manutenção e/ou
recuperação da capacidade produtiva dos solos agrícolas. Diante de tal importância, serão
tratados os principais aspectos a serem considerados num manejo adequado de solos
visando a recuperação e/ou manutenção da matéria orgânica dos solos agrícolas.
A matéria orgânica total de um solo inclui todos os organismos vivos do solo, assim como os
resíduos vegetais e animais em decomposição constante; apesar de que quando nos
referimos à matéria orgânica do solo, uma quantificação mais realística é quando nos
referirmos à porção já num estágio final de decomposição, com a predominância de lignina,
celuloses e hemiceluloses, portanto já num complexo de maior estabilidade e de coloração
escura, ou seja, portanto numa fase de húmus.
Os diferentes tipos de plantas, bem como as diferentes partes da planta, podem apresentar
diferenças quanto aos seus componentes e estruturas e, conforme a organização estrutural
de seus tecidos, influenciado pela época e forma de manejo dado a estas plantas ou
resíduos, poderão apresentar diferenças quanto ao tempo de decomposição. Os primeiros
componentes (listados abaixo), que são formado por cadeias de carbono mais simples, são
quebrados e decompostos muito rapidamente, quando alguns resíduos e/ou restolhos são
depositados no solo, enquanto os últimos (cadeias complexas) poderão demorar meses ou
até muitos anos:
Açucares, amidos e proteínas simples;
Complexos protéicos;
Hemicelulose
Celulose
Gorduras e graxas
Lignina
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Para que o processo seja revertido é fundamental tomar alguns procedimentos urgentes:
Imediatamente cessar com o preparo do solo, quer seja por enxadas, tracção animal,
tractor, etc.;
Não queimar mais os restolhos das culturas, restos de invasoras cortadas ou
capinadas, resíduos de plantas de cobertura, deixando todos os compostos de
carbono sobre a superfície do solo;
Manejar adequadamente todos os resíduos de forma que a adição anual de carbono
ao sistema, quer pela adição dos resíduos da parte aérea ou das raízes, seja
superior às perdas que ocorre principalmente pela ação dos microorganismos do
solo (balanço anual positivo);
Obviamente que em áreas de vegetação nativa os níveis de matéria orgânica do solo
dependerão diretamente das condições de clima (temperatura, precipitação), tipo de
vegetação, tipo de solo, drenagem, etc.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
A redução na taxa de decomposição dos MOF e húmus em cultivos anuais é obtida através
de redução do revolvimento do solo, quer pela decisão de um manejo através do sistema de
cultivo mínimo ou principalmente através do sistema de plantio directo.
Os principais aspectos auferidos pela manutenção e/ou adição da matéria orgânica do solo
são:
elevada capacidade de armazenamento de água;
contribui para uma melhoria do estado de agregação das partículas de solo através da
formação dos complexos organo-minerais;
proporciona um considerável incremento na vida biológica do solo;
promove uma acentuada redução das perdas de nutrientes, favorecendo
sensivelmente o seu suprimento às plantas;
tem a capacidade de formar complexos com o alumínio e manganês que encontram-se
em níveis tóxicos no solo;
contribui significativamente para o aumento da CTC (capacidade de troca de cátions)
efetiva do solo;
melhoria do desenvolvimento e rendimento final das culturas.
Além dos componentes dos tecidos das plantas, algumas enzimas necessárias à
decomposição das moléculas orgânicas estão presentes em um maior número de espécies
microbianas, outras são sintetizadas apenas por alguns microorganismos específicos. O
amido, proteínas, e celulose, por ex., fazem parte dos vegetais e são moléculas que
facilmente são degradas no solo pelos microorganismos, a maioria deles tem enzimas
necessárias para a degradação e posterior utilização como fonte de carbono e energia. No
caso da lignina e alguns compostos fenólicos (cadeias carbônicas maiores e mais
complexas), componentes comuns nos tecidos vegetais, são mais difíceis de sofrerem o
ataque microbiano, em função de sua estrutura e caminhos de decomposição
permanecendo assim por muito mais tempo no solo até a mineralização ou sofrerem
reacções químicas no solo (Fries & Aita, 1999).
32
Assim, Fries & Aita, 1999 apresentam um exercício de como avaliar este importante balanço
no solo.
• Caso o solo seja manejado ou não, parte do humus do solo é decomposto pelos micro-
organismos para sua manutenção durante o ano;
Resultados obtidos por Sidiras ,1984, citado por Derpsch et al., 1991 em um latossolo roxo
no Norte do Paraná, o preparo convencional do solo (1 aração com discos + 2 gradagens)
mostrou perdas de solos de 68,2 ton./ha/ano. Ainda no Brasil, Ponta Grossa, Paraná, Araújo
et all.1991, em 4 anos de estudos em Cambissolos álicos encontrou perdas médias de mais
de 113 toneladas de perdas de solos por hectare/ano. Por outro lado, resultados obtidos por
Venialgo, 1997 em Paraguai, mostraram perdas de 46,5 ton./ha/ano de solos (área de
convencional em pousio no inverno). Seguramente nas condições da Província de Sofala os
valores não devem ser muito diferentes, ou até em áreas mais declivosas e cultivados
tradicionalmente com perdas ainda maiores que as consideradas anteriormente.
• Assim, para fins de cálculos vamos considerar perdas anuais de solos no sistema
convencional de 40 toneladas por hectare/ano.
• Perdas de Solos = 40.000 kg/ha/ano X 2,5% = 1000 kg/ha/ano de humus perdido por
erosão.
• O solo perdido geralmente é mais rico em M.O., visto que a fração orgânica é mais leve
que outras partículas do solo e com mais facilidade será levado pela enxurrada;
• Análises realizadas mostram um valor aproximado de 1,5% vezes superior para a M.O.;
• Assim, os valores serão estimados em: 1000 kg de humus X 1,5 = 1500 kg/ha/ano de
humus perdidos por erosão (valor corrigido);
• Portanto, a Perda de Humus anual é de:
• 1147 + 1500 = 2647kgs. de Humus são perdidos por ha/ano.
33
Guía prático de Agricultura de Conservação
• Um cultivo de milho com um rendimento por ex. de 6000 kg/ha de grãos, normalmente
irá produzir uma quantidade semelhante de palha (restolhos). Além disso, estima-se
que a quantidade de biomassa radicular é em torno de 17% da parte aérea, e a
quantidade de exudatos produzidos pelas plantas durante seu ciclo é quase semelhante
à biomassa radicular.
• Estima-se que quanto aos restolhos de milho, 33% ficam como humus no solo depois de
1 ano, e em torno de 20% permanecem depois de 5 anos no solo.
• A conversão em humus para raízes e exudatos é em torno de 18%. O restante é liberado
como CO2 (dióxido de carbono), principal componente da de composição microbiana,
que irá utilizar a energia da palha para seu crescimento e manutenção de suas
populações no solo.
• Assim, temos: 6000kg x 33% = 1.980 kg de humus provenientes da palha;
• Quantos quilogramas de raízes: ⇐ A soma de 6000 kg de palha + 6000 kg de grãos
de milho =
12000 kg x 17% = 2040 kg. de resíduos de raízes.
A mesma quantidade para exudatos = 2040 kg. de exudatos radiculares.
• Total de Raízes + Exudados = 4080 kg somente em torno de 18% fica como humus
depois de 1 ano; portanto: 4080 kg. x 18% = 734 kg. de humus deverão ser
adicionados ao solo pelas raízes e exudatos radiculares.
• Assim, o ganho anual de HUMUS, com o cultivo de milho será:
1980 kg. (restolhos) + 734 kg. (raízes + exudatos) = 2714 kg. de HUMUS.
Obviamente que estes dados não estão considerando que as perdas de solos por erosão
ocorrem principalmente na superfície do solo, região em que existem maiores
concentrações de M.O. na superfície, portanto maiores serão as perdas, além do sistema
convencional (solo revolvido) acelerar a decomposição do húmus, conforme as condições
de solos, clima, tipo de solo, altitude, etc. e, seguramente nessas condições o BALANÇO
ANUAL REAL é negativo.
Quanto mais efetiva for a rotação de culturas maior quantidade de carbono orgânico será
adicionado ao solo.
Numa análise dos resultados apresentados se conclui que aumentar os níveis de matéria
orgânica do solo é um grande desafio, pela dificuldade de adicionar elevadas quantidades
de biomassa ao solo (como é o caso dos 2 cultivos apresentados). Visando maior adição de
carbono orgânico ao solo, é aconselhável seleccionar plantas, com qualidade de
compostos bioquímicos e, que sejam capazes de produzir elevadas quantidades de
restolhos, e que o carbono possa assim não ser perdido na atmosfera como CO2, mas sim
ser acumulado na forma de humus no solo. Assim, capins e outras gramíneas, além do uso
de misturas de leguminosas são recomendadas para acumular e aumentar o carbono
orgânico do solo.
34
4.3.2 Efeitos no armazenamento de água e diminuição das perdas no
sistema
Pela análise dos dados, observa-se que o solo descoberto (2 cm. de profundidade)
apresentou uma temperatura de 13°C superior a área coberta com palha; por outro lado na
profundidade 10-12 cm. a temperaturas observadas foram as mesmas (30°C) tanto para o
solo descoberto quanto para o solo com palhada e, também esta mesma temperatura foi
observada na área com palha a 2 cm. de profundidade. Numa avaliação dos dados obtidos
nesta região pode-se concluir que:
Sabendo-se que quando as temperaturas do solo atingem 32-35°C, as raízes das
plantas nessa condição praticamente cessam quase todo o seu metabolismo (não
absorvendo água e nem nutrientes do solo), portanto as raízes que ocupam a parte
superficial do perfil do solo (primeiros centímetros) da área descoberta está
comprometido o seu trabalho, prejudicando severamente o desenvolvimento e
rendimento final das plantas.
Na área onde o solo está protegido com palha, independente da profundidade (2cm. e
12cm.) a temperatura observada foi a mesma: 30°C e, portanto as plantas possuem
ótimas condições de terem seu metabolismo normal durante todo o dia, podendo as
raízes absorverem água e nutrientes.
Na área descoberta, além de riscos e perdas de solos, nutrientes e água, por enxurradas
e maior lavagem do perfil do solo, também os níveis de evaporação e perdas de água
para a atmosfera são muito elevados; por outro lado na área com mulch as perdas por
evaporação são quase inexistentes. Portanto, a proteção do solo com palhada e
manutenção constante dos resíduos na superfície, são procedimentos básicos e
fundamentais no manejo adequado dos solos agrícolas.
35
Guía prático de Agricultura de Conservação
A temperatura no solo sem resíduos ou totalmente sem cobertura do solo, o que representa
a grande maioria da situação dos solos cultivados em todo o distrito de Gorongosa, atingiu
52°C; enquanto a área que estava com o solo coberto com resíduos apresentou uma
temperatura de apenas 22°C, ou seja uma diferença de 30°C.
Isto é muito importante e tem repercussão no metabolismo das plantas e no processo de
crescimento. Dessa forma, mais uma vez, comprova-se que a cobertura do solo é
fundamental para manter o solo sombreado, impedindo a evaporação da água do solo e
também diminuindo o potencial de evapotranspiração das plantas, o que contribui para que
a planta sofra menor “stress” e assim tenha um maior tempo e possibilidades de absorver
água e nutrientes e realizar adequadamente a fotosíntese, e assim conseguir um melhor
crescimento e conseqüente maior produção.
36
4.3.4 Efeitos na composição florística do solo (efeitos alelopáticos e
físicos) na diminuição das populações de invasoras (plantas
daninhas)
Popularmente se considera uma planta daninha ou invasora, qualquer planta que cresce em
local indesejável no momento indesejável. Assim, é considerado que as invasoras ao
provocarem alta competição por nutrientes, água, luz com as culturas em crescimento,
podem provocar perdas de 5-40% no rendimento final das culturas. Na verdade, o controle
das invasoras não promove aumento na produtividade das culturas, mas sim impede que os
factores disponibilizados sejam insuficientes (nutrientes, água, luz), comprometendo um
melhor desempenho das espécies e por consequência levando a menores produtividades.
Diversas áreas de Sofala estão infestadas pela Imperata cylindrica que é uma invasora de
difícil controle. É uma gramínea perene muito agressiva, que cresce rapidamente se
proliferando por sementes e/ou rizomas. Geralmente muitos camponeses abandonam
algumas áreas de suas machambas quando estão tomadas por essa terrível invasora. A
Mucuna pruriens é uma leguminosa rústica, largamente utilizada nos países latino-
americanos e Oeste da África, quer como melhoradora dos atributos do solo, assim como
pelos seus efeitos alelopáticos e de sombreamento, muitas vezes empregada com sucesso
no controle do capim Imperata cylindrica.
Foi ainda relatado por vários camponeses e técnicos da região do Distrito do Dondo e Búzi
e, seguramente também em outros Distritos da Província de Sofala, que um dos grande
problemas no manejo das machambas é a alta infestação de invasoras (plantas daninhas),
principalmente Cyperus rotundus, Cynodon dactilum, etc., o que dificulta bastante os
cultivos, além de alta competição com as culturas. Resultados observados com o emprego
de Mucuna pruriens (preta, cinza), Calopogonium mucunoides, Crotalaria juncea, feijão de
porco (Canavalia ensiformis) e feijão bravo do Ceará (Canavalia brasiliensis), mostraram
que estas espécies foram eficientes no controle de Cynodon dactilon e Cyperus sp. na
região do Distrito do Búzi (Sofala- Moçambique), assim como em diversos outros trabalhos
de pesquisa e experiência de produtores no Brasil e outros países.
Uma das excelentes opções no controle, ou diminuição das populações dessas
invasoras é o uso de plantas de cobertura com características especiais (como é o caso
de Canavalia ensiformis – feijão de porco e Mucuna pruriens – mucuna que não causa
reação alérgica às pessoas.
O feijão macaco (Mucuna coriacea), planta
embora melhoradora dos solos agrícolas, é
indesejável pelos camponeses em função dos
efeitos desconfortantes causando irritação na pele
através dos efeitos dos pêlos expelidos pelas
vagens quando em maturação ou já secas.
Normalmente esta espécie cresce naturalmente
com outras invasoras e diferentes capins, sendo
recomendável o manejo com rolo-faca quando
esta leguminosa se encontrar na fase final de
florescimento/enchimento de vagens, momento
em que irá ocorrer a maior mortalidade das
plantas. Sendo recomendável substituir esta
espécie por Mucuna cultivada (Mucuna pruriens),
que além de proteger e melhorar os solos, não Mucuna em pleno desenvolvimento
causam os efeitos desconfortáveis às pessoas. (Província de Sofala)
37
Guía prático de Agricultura de Conservação
Das diferentes espécies de invasoras, também uma que tem causado problemas em Sofala,
é a striga (Striga asiatica), que é uma espécie semi-parasita que ao crescer as suas raízes
parasitam as raízes da cultura sugando a seiva de espécies gramíneas (mapira, milho,
mexoeira, arroz, etc.) provocando severas perdas nos rendimentos destas culturas.
Geralmente a proliferação dessa invasora está directamente relacionada com a degradação
dos solos: baixos níveis de matéria orgânica e nutrientes no solo e, também aliado à
monocultura: mapira - mapira, ou milho – milho. Os herbicidas geralmente são pouco
eficientes no seu controle, sendo a rotação com culturas que apresentam efeitos
alelopáticos o melhor caminho de diminuir e até eliminar essa espécie. Algumas espécies
são muito eficientes no controle dessa invasora, destacando-se: kudzu tropical, mucunas,
gergelim, feijões: bóer, nhemba, vulgar, girassol, Calopogonium mucunoides, etc. Na
verdade a grande maioria das leguminosas e outras espécies não gramíneas causam
efeitos favoráveis na diminuição da “Striga”
38
Número de invasoras/m2
600
Diminuição da infestação de 500
invasoras em plantio directo 400
não permitindo o ciclo 300
completo das espécies 200
100
0
88/89 89/90 90/91 91/92 92/93 93/94
Dessa forma, os trabalhos em áreas de plantio directo mostraram que as invasoras sendo
manejadas (cortadas ou dessecadas) antes que completem seu ciclo e, ao mesmo tempo
anualmente adicionados “mulch” sobre o solo, as populações decrescem ao longo dos anos;
enquanto outros trabalhos de pesquisa em áreas com o sistema convencional (solo
revolvido anualmente) mostraram que as invasoras tendem a aumentar as populações e os
custos de seu controle.
Algumas espécies que foram consideradas plantas daninhas durante muitos anos em alguns
países, são agora eficientemente utilizadas e manejadas adequadamente como plantas de
cobertura no sistema de plantio direto. Algumas dessas plantas são: Brachiaria plantaginea
no Brasil, Chromoloena odorata na Costa do Marfim, Desmodium intortum na Ilha de
Bourbon, e Tithonia diversifolia em Honduras, Uganda, Kenya (e outros países).
A Brachiaria plantaginea no sul do Brasil, embora sendo uma espécie invasora nas áreas de
lavoura (soja, milho, feijão, etc), antes de completar seu ciclo normalmente é dessecada
com herbicidas e/ou cortada produzindo boa cobertura protetora do solo no sistema de
plantio direto e, em algumas situações é cortada e utilizada como feno aos animais.
No caso específico da Tithonia, que pertence à família das compostas, caracteriza-se por
apresentar um forte e rápido crescimento, com efeitos alelopáticos e fisicos (sombreamento)
no controle de diferentes invasoras. Em diversas regiões montanhosas Ondurenhas o feijão
é semeado à lanço entre as plantas de Thitonia que se encontra no pleno desenvolvimento
e, imediatamente é utilizado a catana para cortar essas plantas que irão cobrir o solo e
permitir boa germinação e bom desenvolvimento do feijoeiro. Essa planta nativa possui uma
elevada quantidade de ácidos orgânicos em seus tecidos (parte aérea e raízes) os quais
contribuem paras uma maior soluibilização e disponibilidade de fósforo no sistema. Em
regiões de Uganda onde são aplicados fosfatos naturais é semeado Thitonia diversifolia com
a finalidade de acelerar a solubilização do fósforo no solo e, consequente aproveitamento
pelas culturas posteriores.
Normalmente, os camponeses utilizam intensamente uma determinada área por vários anos
consecutivos levando na maioria dos casos a um processo de degradação do solo e
diminuição da capacidade produtiva do mesmo. Geralmente mudam de área (nomadismo)
deixando por 2 ou mais anos em pousio para posteriormente retornarem a cultivar nestas
áreas. Este período deixado para crescimento expontâneo de invasoras rasteiras, e
arbustivas, na maioria das vezes não é suficiente para recompor a fertilidade (física, química
e biológica) do solo e, consequentemente a produtividade das culturas continuam assim
num processo continuo e decrescente.
39
Guía prático de Agricultura de Conservação
Diante desta comum pratica agrícola entre os diversos Distritos da Província de Sofala, é
sugerido um melhoramento do pousio. Obviamente deve ser iniciado com um estudo local
da área degradada e verificar quais espécies poderiam ser empregadas para promover um
melhoramento do pousio. Pode-se utilizar espécies de diferentes famílias, entretanto
normalmente as leguminosas são as mais empregadas pois estas condições degradadas
geralmente a predominância é de gramíneas expontâneas e, muitas delas com capacidade
lenta de promover uma recuperação das propriedades do solo.
Espécies anuais ou perenes podem ser empregadas, com preferência as que possuem
capacidade de crescer e desenvolver bem em solos degradados, que apresentem
resementeira natural, facilitando assim a persistência das plantas de cobertura, que além de
controlar algumas invasoras, irão agregando material orgânico e melhorando as
propriedades do solo.
Este melhoramento pode ser alcançado aos 2 ou mais anos, conforme o nível de
degradação, podendo então retornar com culturas (subsistência/mercado).
Para as condições gerais da Província, nos solos arenosos (mais pobres) e também os
demais, podem ser empregados algumas espécies, tais como: Stylosanthes sp., Feijão bóer,
Mucuna pruriens (mucuna preta, cinza) Canavalia ensiformis (feijão de porco) Canavalia
brasiliensis (feijão bravo do Ceará) , Clitoria ternatea, Calopogonio mucunoides,
Macroptilium atropurpureum (siratro); além dessas espécies pode e deve-se utilizar as
próprias leguminosas nativas (Crotalarias, Vignas, Estilosantes, Calopogonio, Sesbanias,
Tephrosias, etc.).
Pode ser utilizado também algumas espécies leguminosas arbóreas no melhoramento do
pousio, tais como: Glericidia sepium, Calliandra calythersus, Cassia Albida, etc., que irão
produzir grande biomassa e, após podadas as folhas e galhos serão distribuídos sobre o
solo protegendo e recuperando a capacidade produtiva ao longo dos anos.
Clitoria ternatea: leguminosa rústica tolerante à Feijão nhemba: opção alimentar, mercado e
seca e boa opção na rotação com milho, mapira, leguminosa protetora e melhoradora do solo
etc. (Sr. Fernando Chadiwa – Bandua, Distrito do (Grupo de Senhoras, Distrito do Búzi).
Búzi)
Dessa forma, a área em pousio ficará enriquecido pela presença das plantas de cobertura
e/ou espécies arbóreas, principalmente pela quantidade de fitomassa vegetal produzida,
como também pelo adição de nitrogênio ao sistema, além de outros efeitos das raízes no
perfil do solo, melhorando-o fisicamente, maior aporte de outros nutrientes (reciclagem e
maior solubilização), e também um incremento na biologia do solo pela constante adição de
material orgânico ao solo. Após determinado tempo, conforme vai ocorrendo a melhoria
gradativa de todas as propriedades do solo, esta área já estará apta a ser novamente
cultivada e, então conduzida num sistema sustentável de produção (sistema de Agricultura
de Conservação).
40
4.4 A produção de sementes de sementes de cobertura
Após a devida selecção das espécies de plantas de cobertura, quer sejam nativas ou
exóticas, a fazerem parte dos sistemas de produção local/regional, um outro importante
aspecto é o que diz respeito à tecnologia de produção de sementes dos referidos materiais.
Esta produção, deverá preferentemente ser efectuada pelo camponês na sua própria
machamba.
A produção de sementes de cobertura é uma importante actividade a ser realizada por parte
dos camponeses no sentido de ter a disponibilidade deste tão importante insumo a ser
utilizado nas suas próprias machambas. Normalmente, os diferentes materiais apresentam
alguns detalhes específicos sobre o processo de multiplicação e produção de sementes.
Geralmente as plantas ramadoras, como é o caso das mucunas preta e cinza, normalmente
produzem mais sementes quando possuem um tutoramento natural, que podem ser as
próprias plantas de milho, mapira, mandioca, ricinus, ou mesmo pequenos arbustos dentro
da machamba, etc. Neste caso, os ramos irão subir nos tutores e, consequentemente
obtendo maior luminosidade, aeração, irão produzir mais sementes.
As sementes depois de colhidas deverão ser trilhadas e com teores de umidade do grão em
torno de 12-14%, armazenadas em lugar seco, à sombra e ventilados, para que possam
manter o poder germinativo para futura utilização.
41
Guía prático de Agricultura de Conservação
42
A rotação de culturas apresenta várias vantagens quando comparada à monoculturas
tradicionais (Cook and Ellis,1987; Unger, 1994; Burton & Burd, 1994; Calegari, 2000, 2003):
1) Melhor distribuição de trabalho e economia de mão-de-obra;
2) Contribuição para um aumento no número e nas espécies de organismos do solo,
aumentando a biodiversidade e, promovendo um maior equilíbrio entre as espécies
benéficas e as prejudiciais, levando assim a um maior controle biológico de pragas e
doenças;
3) Mais eficiente controle de invasoras;
4) Promoção de uma melhoria geral e uniforme do solo através de seus efeitos favoráveis
(físicos, químicos e biológicos);
5) Melhora da estrutura e qualidade do solo, facilitando o desenvolvimento das diferentes
culturas;
6) Diferentes espécies de plantas usadas na rotação apresentam diferentes habilidades e
exploram diferentes profundidades do perfil, proporcionando assim uma distribuição mais
uniforme, um melhor equilíbrio e uma maior estabilidade nos nutrientes do solo;
7) Os diferentes tipos e comprimento de raízes alcançam diferentes zonas do perfil,
melhorando o solo em profundidade;
8) Uma adequada estratégia de rotação irá permitir uma quase permanente cobertura do
solo;
9) A adição anual de restolhos e compostos de carbono irá aumentar os teores de matéria
orgânica do solo;
10) Há uma tendência, ao longo dos anos, de diminuição dos custos de produção (menores
gastos com fertilizantes, herbicidas e pesticidas em geral), conseqüente maior renda
liquida na propriedade;
11) As diferentes espécies empregadas na seqüência ordenada irão causar efeitos
diferenciados no solo e nos cultivos posteriores;
12) Diminuição de riscos de toxicidade de várias substancias no solo, pela sua alta
capacidade de degradação de diferentes componentes;
13) Como efeito de médio/longo prazo contribui para uma maior estabilidade de produção e
aumento de produtividade de diferentes culturas.
43
Guía prático de Agricultura de Conservação
Normalmente nas áreas destinadas ao cultivo de arroz, nas diferentes regiões da Província
de Sofala, o sistema de manejo consiste em revolver o solo em profundidade todos os anos
para posterior transplante do arroz. O arroz geralmente é colhido em abril/maio, e a palha é
retirada ou queimada, permanecendo o solo descoberto e, em seguida totalmente revolvido
manualmente com enxadas ou através de tratores. Dessa forma, o solo permanece desde
Maio até Setembro sem nenhuma cobertura ou proteção, apenas as invasoras crescendo e
infestando cada vez mais o terreno. Este tipo de manejo, onde o solo permanece longo
tempo sem cobertura, o impacto direto das gotas de chuva tende a contribuir para que
ocorra um selamento superficial diminuindo a infiltração de água no perfil. Muitas vezes as
invasoras são controladas através de pulverização com herbicidas. O transplante de arroz é
efectuado normalmente em Novembro.
Nesta situação comum à uma grande maioria de produtores é sugerido que seja localmente
e regionalmente testado e validado pelos produtores, algumas das seguintes inovações
tecnológicas:
1. Após a colheita dos grãos de arroz, a palha deverá ser distribuída uniformemente sobre
a superfície do solo, contribuindo para uma maior rugosidade superficial; o não
revolvimento do solo e os efeitos das raízes em decomposição irão auxiliar no aumento
de infiltração de água no solo, maior controle da população de invasoras, menor
evaporação de água do perfil e consequente maior armazenamento de água no perfil do
solo.
2. Algumas plantas de cobertura poderão ser implantadas em Maio, sobre os resíduos da
colheita do arroz, sempre permanece alguma humidade no solo facilitando a
germinação e crescimento dessas plantas. Além de protegerem o solo por longo tempo e
efectuarem uma melhoria nas propriedades do solo, poderão ser manejadas com rolo-
faca e, caso haja necessidade complementar com dessecação, para novamente sobre
os resíduos vegetais (palhada de arroz e resíduos das coberturas verdes) na superfície
do solo, se implantar o arroz em plantio direto, ou o próprio transplante diretamente no
solo sem revolvimento.
3. Algumas plantas de cobertura são sugeridas,
tais como: mucunas, crotalarias, feijão
nhemba (já existem resultados favoráveis
tanto na colheita dos grãos de nhemba quanto
nos restolhos que aumentaram o rendimento
posterior de arroz), feijão bóer, e, também
algumas espécies de inverno devem ser
testadas: ervilhaca peluda (Vicia villosa), nabo
forrageiro (Raphanus sativus), tremoço branco
(Lupinus albus), ou mesmo algumas
gramíneas como moha (Setaria italica), sorgo
Arroz de sequeiro consorciado com
forrageiro, Murumbi (Eleusine coracana),
Calopogonio mucunoides (leguminosa
mexoeira, ou mesmo algumas mesclas de perene). Após a colheita do arroz, a
gramíneas + leguminosas (crotalaria juncea + leguminosa continua crescendo, cobrindo
mapira ou crotalaria juncea + mexoeira; feijão e produzindo elevada quantidade de
bóer + mapira ou feijão bóer + mexoeira, etc.). biomassa vegetal e melhoria das
Estas espécies poderão ser semeadas para propriedades do solo
protegerem e melhorarem as propriedades do
solo e posteriormente manejadas e/ou
44
colhidos os grãos para posterior implantação do arroz e assim viabilizar a Agricultura de
Conservação nos campos de arroz.
Sesbania + Arroz
Por ser o gergelim uma cultura de renda importante aos camponeses, é necessário ainda
testar e validar sequências adequadas que possam viabilizar o sistema de Agricultura de
Conservação onde esteja incluído esta espécie.
O gergelim é uma cultura que nas condições de Moçambique, geralmente tem sido cultivado
consorciado com milho ou mapira ou isoladamente, entretanto algumas opções de plantas
de cobertura poderão ser associados ou rotacionadas com este cultivo.
Uma rotação interessante é aquela de entrar com mucuna em Junho/Julho e depois em fins
de Outubro manejar com rolo-faca, podendo plantar milho em novembro e entrar com
gergelim entre as fileiras de milho (em fevereiro), o milho será colhido em março e os
restolhos do milho podem ser cortados e deixados sobre o solo (entre as fileiras de
gergelim). Em seguida pode se entrar com feijão nhemba ou feijão manteiga, ou crotalaria
spectabilis/crotalaria breviflora, crotalaria nativa ou mesmo feijão bóer anão em plantio
directo sobre os restolhos do milho. A seguir são apresentados esta e outras sugestões de
opções de sequência de cultivos:
Sistema 1:
Cultura Nova cultura Cultura
a ser Manejo a ser a ser Colheita
implantada implantada consorciada
Mucuna Rolo- Plantio directo Gergelim Milho em Marco; em Gergelim em Junho;
preta faca em de Milho em consorciado seguida entrar com Também em Junho /
plantada em fins de Novembro plantado em feijão manteiga, ou Julho pode ser
Junho/Julho Outubro fevereiro entre feijão de porco, ou colhido o feijão
crotalaria manteiga, ou ainda
as fileiras de spectabilis, ser manejada as
milho crotalaria breviflora, crotalarias, feijão de
crotalaria nativa porco, feijão bóer
e/ou feijão bóer anão para posterior
anão continuidade do
sistema
45
Guía prático de Agricultura de Conservação
Sistema 2:
Nova
Cultura
Cultura de cultura Manejo Nova
a ser Colheita
cobertura a ser ou colheita cultura
implantada
implantada
Gergelim Após 30-45 dias da Gergelim será colhido Em fins de Em fins de Em Novembro
em semeadura do em Junho; enquanto Julho se pode Outubro- pode-se entrar
Fevereiro gergelim, entrar com o feijão manteiga, entrar com Novembro: A com milho em
planta de cobertura nhemba, mung beans Mucuna preta mucuna plantio directo
entre as linhas de em julho; enquanto ou ainda com poderá ser e depois dar a
gergelim: feijão de as plantas de uma manejada com continuidade
porco, feijão bóer cobertura poderão gramínea: rolo-faca; as no sistema
anão, feijão ser manejadas com Murumbi, gramíneas (Como segue
manteiga, Crotalarias rolo-faca também em Eragrostis teff, poderão ser no Sistema
(spectabilis / Julho etc. colhidas 01)
breviflora ou nativa), também nesta
feijão mungo (mung época
beans)
46
5.1.3 Opções de rotação para algodão
Cultura
Cobertura Manejo
a ser Nova cultura Colheita
consorciada ou colheita
implantada
Algodão Caso houver Após a colheita do Novamente Após a colheita do milho
(Out./Nov.) necessidade algodão, a mucuna que nos meses ou mapira a cobertura
plantado executar sacha terá crescido de Outubro- verde poder continuar
diretamente (40-50 dias de consorciado ao Dezembro crescendo até o
sobre desenvolvimento) algodão irá promover poderá ser florescimento/enchimento
restolhos de e plantar 1 fileira uma proteção do solo e semado na de vagens para ser
culturas de mucuna entre evitar o crescimento de sequênia manejada (rolo-faca ou
anteriores as fileiras de invasoras. Poderá ser milho ou catana) ou ainda ser
(milho, algodão manejada no mapira que deixada para produção
nhemba, florescimento / deverá ser de sementes.
mapira, enchimento de vagens consorciado Posteriormente pod-se
etc.), sem com rolo-faca ou com novamente voltar com o
efetuar catana. Ou ser deixada nnhemba ou algodão sendo semeado
preparo do para colheita de feijão bóer ou directamente sobre os
solo sementes. Poderá ser mesmo residuos, sem preparo do
semeado/transplantado mucuna para solo
diferentes espécies depois no
horticolas (repolho, ano seguinte
couve, tomate, voltar com
pimento, etc.) algodão
No caso do algodão poderá ainda ser semeado feijão nhemba ou lablab entre as fileiras de
algodão (40-50 dias após a semeadura do algodão).
47
Guía prático de Agricultura de Conservação
O ananás (A) poderá ter um compasso de 1.5m. entre fileiras, e 1m. entre plantas na linha.
O feijão bóer (FB) será semeado 1 fileira a cada 3 fileiras de ananaseiras e, terá um
compasso de 0.5m. entre covachos (2-3 sementes/covacho).
A A A FB A A A FB A A A FB A A A FB
A A A FB A A A FB A A A FB A A A FB
A A A FB A A A FB A A A FB A A A FB
A A A FB A A A FB A A A FB A A A FB
Também se conseguem bons efeitos de cobertura plantando feijão nhemba entre as fileiras
dos ananaseiros.
O compasso da mandioca (M) será de 2m. entre fileiras e 1m. entre plantas;
O compasso do feijão nhemba (NH) será 2 fileiras intercalada entre cada fileira de mandioca
(0.5m. um covacho de nhemba do outro);
O feijão bóer (FB) será plantado a cada 3 fileiras de mandioca ou seja a cada 4m. será
plantado 1 fileira da outra, espaçados em 0.5m. entre covachos (2-3 sementes/covacho).
M NH NH M NH NH M FB NH M NH NH M FB
M NH NH M NH NH M FB NH M NH NH M FB
M NH NH M NH NH M FB NH M NH NH M FB
M NH NH M NH NH M FB NH M NH NH M FB
3. Mandioca + Mucuna
A mandioca (M) poderá ter o compasso de 2m. entre fileiras e 1m. entre plantas;
A mucuna (MUC) será intercalada 2 fileiras entre cada fileira de mandioca, espaçadas a
0.5m. entre fileiras e também entre covachos (2-3 sementes/covacho).
48
4. Feijão bóer para recuperação de solo extremamente degradado
O compasso do feijão bóer será de 1m. entre fileiras e 0.5m. entre covachos
(2-3 sementes/covacho).
O milho (MI) terá o compasso de 1m. entre fileiras e 0.20m. entre covachos
(2-3 sementes/covacho → efetuar desbaste e deixar com uma população final em torno de
50.000 plantas/hectare).
O feijão bóer (FB) será intercalado 1 fileira ente cada fileira de milho, espaçados em 0.5 –
0.6m. entre cada covacho (2-3 sementes/covacho).
O milho deverá ser semeado primeiro e 30-40 dias após plantar o feijão bóer.
MI FB MI FB MI FB MI FB MI FB MI FB
MI FB MI FB MI FB MI FB MI FB MI FB
MI FB MI FB MI FB MI FB MI FB MI FB
MI FB MI FB MI FB MI FB MI FB MI FB
6. Ricinus + Mucuna
(para áreas altamente infestadas com nematóides)
O Ricinus (Ricinus communis) terá um compasso de 2m. entre fileiras e 1m. entre covachos
(2 sementes/covacho).
A mucuna (MUC) será semeada 2 fileiras intercaladas entre cada fileira de Ricinus, e
espaçadas em 0.5m. entre cada covacho (2-3 sementes/covacho).
R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R
R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R
R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R
R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R MUC MUC R
49
Guía prático de Agricultura de Conservação
O feijão bóer (FB) terá um compasso de 2.4m. entre fileiras e 0.5m. entre covachos (2-3
sementes/covacho);
O milho (MI) terá um compasso de 0.8m. entre fileiras e, 0.30m. entre covachos (2-3
sementes/covacho); e será semeado no meio das fileiras de feijão bóer (* vide diagrama em
anexo);
O feijão nhemba (NH) será semeado 3 fileiras entre as fileiras de feijão bôer e milho,
espaçados em 0.8m. entre as fileiras e 0.5m. entre covachos (2-3 sementes/covacho).
O milho deverá ser semeado primeiro, 30-40 dias após deverá se plantar o feijão bóer e
feijão nhemba.
FB NH MI NH MI NH FB NH MI NH MI NH FB
FB NH MI NH MI NH FB NH MI NH MI NH FB
FB NH MI NH MI NH FB NH MI NH MI NH FB
FB NH MI NH MI NH FB NH MI NH MI NH FB
O feijão bóer (FB) terá o compasso de 1.5m. entre fileiras e 0.5m. entre covachos (2-3
sementes/covacho).
A mucuna (ou stylosanthes) será semeado 2 fileiras intercalada entre cada fileira de bóer;
sendo espaçado em 0.5m. entre fileiras e 0.5m. entre covachos (2-3 sementes/covacho
para a mucuna e 5-8 sementes para o stylosanthes).
FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC
FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC
FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC
FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC FB MUC MUC
O diagrama poderá ser também para o stylosanthes consorciado com o feijão bóer (FB).
50
Conforme vai se efetuando a colheita das diferentes espécies irá se procedendo a
seqüência abaixo indicada:
51
Guía prático de Agricultura de Conservação
Alho
Milho + Cebola Milho + Mapira
(Abril)
Feijão bóer Mucuna
Ervilha –
(regiões de Sugar beans
Milho + Mapira + Mexoeira
altitude, clima (Maio)
mais fresco)
Nhemba Feijão bóer
52
5.1.6 Sistemas de consorciação e rotação em diferentes sistemas de
produção
Banana em cultivo isolado: Poderá ser intercalada com mucunas, guandu, feijão de
porco, feijão bravo do Ceará, Indigofera sp., amendoim forrageiro perene (Arachis
pintoi).
Banana consorciada com milho e feijão (vulgar, nhemba): após a colheita do feijão,
diversas opções podem ocupar este espaço entre as fileiras de milho: mucuna preta ou
cinza, mucura anã, feijão bóer anão, crotalaria juncea, crotalaria grahamiana, crotalaria
spectabilis, clitoria ternatea, etc.
Feijão (vulgar ou nhemba) pode ser rotacionado com mexoeira, mapira, capim moha
(Setaria italica), marumbi (Eleusine corocana), e também com leguminosas (Crotalaria
juncea ou guandu em mistura com gramíneas: mexoeira, setaria, mapira, murumbi, etc.).
Mandioca (individual ou intercalada com milho, mapira, girassol, amendoim, mexoeira,
feijão (vulgar ou nhemba), feijão mungo, feijão bóer, etc.): após a colheita das culturas
de ciclo curto, a mandioca poderá ainda, caso haja disponibilidade de umidade, ser
consorciada com guandu anão, Crotalaria spectabilis, feijão de porco, etc. Portanto, no
plantio de mandioca sobre restolhos e/ou plantas de cobertura, não há necessidade de
confecção de camalhões. Resultados obtidos no Paraguai com mandioca sobre
restolhos de milho + mucuna alcançaram até 53 ton./ha de raízes de mandioca.
Milho ou mapira consorciado com feijão (vulgar, nhemba, mungo): após a colheita do
feijão, estes cereais poderão ainda ser intercalados com mucunas, feijão bóer, feijão de
porco, crotalaria juncea intercalada com gramíneas (mexoeira, Setaria italica, ou
murumbi). Camponeses que possuem áreas de milho, mexoeira ou mapira consorciado
com feijão bóer, é recomendado que após a colheita do cereal, espere-se o momento
adequado de colheita do feijão bóer, onde os grãos poderão ser usados na alimentação
humana e mercado e, após isso com catana se proceda a poda das plantas de bóer
(aos 40-60 cm. da superfície do solo). A poda nessa altura irá proporcionar melhores
índices de rebrote; e também oferecendo outras opções de cultivos intercalados ao feijão
bóer (feijão manteiga, mapira, nhemba, murumbi, etc.,) dessa forma promovendo a
rotação de culturas, ao invés da monocultura do milho.
Batata doce: poderá ser implantada sobre mulch de amendoim forrageiro perene
(Arachis pintoi), Centrosema pubescens, mucunas + restolhos de milho e/ou mapira,
Calopogonio mucunoides, soja perene ( Glycine wightii), Indigofera sp.. Portanto, não ha
necessidade de se efetuar camalhões para transplante de batata doce, principalmente
em solos arenosos e/ou francos, sendo a partir do 2o. ano os resultados bastante
favoráveis no aumento da produção da batata doce e, principalmente na facilidade e
diminuição do uso de mão-de-obra.
Algodão isolado ou consorciado com nhemba (variedades não ramadoras), poderá ser
rotacionado com:
1) Milho/mapira (intercalado com diferentes combinações de plantas de cobertura
listadas);
2) Leguminosas: feijão (nhemba, vulgar, mungo), mucunas;
3) Mandioca (solteira ou consorciada).
53
Guía prático de Agricultura de Conservação
54
5.1.7 Indicação de protocolo para produção de batata reno
Na seleção das áreas, procurar escolher as áreas que possuam maior fertilidade natural
e maiores teores de matéria orgânica do solo.
Manejo das plantas de cobertura: catana, foice, rolo-faca, herbicidas.
Efetuar sacha e/ou capina das invasoras (se necessário).
Abertura do sulco (enxada, tração animal, tração tractorizada).
Aplicar fertilizante orgânico (estrumes, compostagem) e/ou mineral dentro do sulco,
misturar com solo no fundo do sulco.
Seleção/Escolha de batatas uniformes de tamanho médio (preferentemente), ou caso
haja pouca disponibilidade de sementes, fraccionar/colocar cinzas de madeira/deixar em
camadas intercaladas por capim (0.10m.), para provocar/acelerar o brotamento:
Capim
Batatas
Capim
batatas
Quando em torno de 70% das batatas estiverem brotando, efetuar o plantio da batata
reno dentro do sulco.
Aos 35-50 dias (início das tuberização) proceder a sacha e amontoa com enxadas
(chegada de terra aos pés da batata, sem revolver excessivamente o solo).
Cortar capim e cobrir o solo próximo às plantas (sobre o solo adicionado aos pés da
batata).
Colheita manual através de enxadas ou tração animal (normalmente em
setembro/outubro).
Pós-colheita: proceder um nivelamento do terreno (enxadas).
Implantar milho ou mapira (Novembro/dezembro).
Em torno de 45 dias após consorciar com mucuna e/ou feijão nhemba.
Caso houver incidência de doenças proceder controle conforme recomendação
local/regional. Em caso de ataque de pragas → utilizar preferentemente medidas de
controle através de produtos biológicos com plantas insecticidas e outros (mutica,
siringa, tabaco, Nim, folhas e sementes de papaia, etc.).
55
Guía prático de Agricultura de Conservação
Na seleção das áreas, procurar escolher as áreas que possuam maior fertilidade natural
e maiores teores de matéria orgânica do solo.
Manejo dos restolhos: após a colheita de milho, mapira ou mexoeira, procurar distribuir
uniformemente os restolhos sobre o solo (sachar as invasoras e necessário).
Efetuar sacha e/ou capina das invasoras (se necessário).
Abertura do sulco (enxada, tração animal, tração tractorizada).
Aplicar fertilizante orgânico (estrumes, compostagem) e/ou mineral dentro do sulco,
misturar com solo no fundo do sulco.
Seleção/Escolha de batatas uniformes de tamanho médio (preferentemente), ou caso
haja pouca disponibilidade de sementes, fraccionar/colocar cinzas de madeira/deixar em
camadas intercaladas por capim (0.10m.), para provocar/acelerar o brotamento:
Capim
Batatas
Capim
Batatas
Quando em torno de 70% das batatas estiverem brotando, efetuar o plantio da batata
reno dentro do sulco.
Aos 35-50 dias (início das tuberização) proceder a sacha e amontoa com enxadas
(chegada de terra aos pés da batata, sem revolver excessivamente o solo).
Cortar capim e cobrir o solo próximo às plantas (sobre o solo adicionado aos pés da
batata).
Colheita manual através de enxadas ou tração animal (normalmente em
setembro/outubro).
Pós-colheita: proceder um nivelamento do terreno (enxadas).
Efetuar plantio de mucuna ou feijão nhemba ou faixas de 3 metros com mucuna (5-6
fileiras de mucuna espaçadas em 0.50m.) intercaladas com nhemba (5 fileiras de
nhemba espaçadas em 0.50m.) . Isto irá promover a possibilidade da colheita dos grãos
e, também auxiliar no aumento da cobertura, proteção e melhoria das propriedades do
solo, além de diminuir os riscos de proliferação de pragas e/ou doenças.
Caso seja optado por este cultivo em faixas (mucuna e feijão nhemba):
1º. Passo – colheita dos grãos de nhemba
2º. Passo – Mucuna deverá ser manejada com catana, foice, rolo-faca no
florescimento/enchimento de vagens.
Após este manejo, a área já estará apta para receber novas culturas (cereais, hortícolas
ou mesmo batata).
Caso houver incidência de doenças proceder controle conforme recomendação
local/regional. Em caso de ataque de pragas → utilizar preferentemente medidas de
controle através de produtos biológicos com plantas insecticidas e outros (mutica,
siringa, tabaco, Nim, folhas e sementes de papaia, etc.).
56
5.1.8 Rotação com espécies hortícolas
Num adequado cultivo de hortícolas, deve-se desde o inicio, ter como regra geral, quando
se efetuar o cultivo de uma espécie exigente em nutrientes, em seguida, seguir com uma
espécie menos exigente em nutrientes e que aproveite os resíduos da cultura anterior.
57
Guía prático de Agricultura de Conservação
Não é aconselhável o plantio sucessivo durante vários anos de plantas da mesma família,
como p. ex. as solanáceas (tomate, batata, berinjela, pimentão), o das cucurbitáceas
(pepino, melancia, abóbora, melão, etc.), isto, em razão de pertencer a mesma família e,
consequentemente poderem apresentar pragas e doenças comuns.
A cebola é uma cultura bastante comum na Província de Sofala, sendo bastante comum o
aparecimento de doenças, principalmente Alternaria spp. Grande parte da ocorrência de
doenças em hortícolas e outras culturas são devido à monocultura contínua por vários anos,
o que provoca a perpetuação dos inóculos no solo e nos resíduos culturais deixados na
área. O tratamento de sementes é uma medida de prevenção, que pode ser efetuada com
fungicidas (Captan, Thiran, Benomil, etc.) ou mesmo com o uso de água quente no
tratamento das sementes (*vide em anexo). E um outro importante aspecto, é a mudança do
viveiro de área, ou seja, quando o viveiro utiliza repetidamente o mesmo local para produção
das mudas, os inóculos também tendem a permanecer na área e contaminar as plantas.
58
Pode ser implantada em Abril/Maio sobre Milho + Mucuna ou mesmo
BATATA DOCE após mapira + mucuna, ou sobre resíduos de Indigofera sp., de Arachis
pintoi (amendoim forrageiro perene). Após a colheita do cereal, o uso de
catana e/ou rolo-faca serão importantes no manejo e, 8-10 dias após o
manejo pode-se efetuar o transplante da batata doce.
Não há necessidade da construção de camalhões para transplante da
batata doce. Decorridos 2-3 anos com uso adequado de rotação o solo
ficará cada vez mais macio e apto para um bom desenvolvimento e
produção da batata.
A colheita da batata doce deverá ser em Setembro/Outubro.
59
Guía prático de Agricultura de Conservação
Trabalhos realizados em Londrina, Paraná, Brasil por Kryzanowski & Calegari,1997 (dados
não publicados) tem mostrado que a moha (Setaria italica L.) é uma espécie que tem
demonstrado bons resultados no campo, não multiplicando nematóides (Meloydogine
incognita), constituindo uma opção importante a fazer parte de seqüência de culturas,
principalmente hortícolas, haja visto o seu ciclo precoce (aos 35-50 dias após a semeadura
já se pode manejar). Além disso, existe um grande número de nematóides (ovos e larvas)
nos tecidos de algumas espécies de plantas, sendo possível que estas, quando em
decomposição no solo liberem diferentes ácidos e substancias aleloquimicas, dos tecidos e
raízes que irão influenciar nas populações de nematóides. Assim, espécies como feijão
bóer (Cajanus cajan), amendoim cavalo (Arachis hypogaea), Leucaena leucocephala,
mexoeira, (Pennisetum americanum), capim elefante (Pennisetum atropurpureum), Ricinus
communis, amendoim forrageiro (Arachis pintoi), e também outras gramíneas usadas como
pastagens (diversas espécies de Brachiaria sp.) são bastante eficientes, quer pela alteração
do pH da rizosfera (área circundante das raízes) das plantas, contribuindo para a diminuição
das populações de nematóides no solo, além de outros fungos (Fusarium sp., Rhizoctonia
sp., Sclerotinia sp.), que podem causar danos às culturas. No caso de Sclerotinia sp., os
resíduos de brachiaria e outras gramíneas agem como barreira física à fecundação e
multiplicação do fungo no solo. O aumento da matéria orgânica do solo, principalmente pelo
acúmulo de restolhos e outros resíduos adicionados na superfície do solo, incrementam a
atividade biológica, aumentando o numero e espécies de organismos, o que conduz a um
maior equilíbrio natural, evitando que ocorra a predominância de determinada (s) espécie (s)
de organismo (s) sobre outra (s), e assim em algum momento resultar em prejuízo para
determinado cultivo.
Resultados obtidos por Santos & Ruano, 1987 comprovam a eficiência de: crotalárias,
mucunas , feijão bóer, alfafa, e gramíneas como aveia preta (Avena strigosa), centeio
(Secale cereale), azevem (Lollium multiflorum) e cevada (Hordeum vulgare) no controle de
populações de nematóides ( Meloydogine incognita raça 3 e Meloydogine javanica).
60
insectos e organismos benéficos. Dessa forma, as plantas oferecem habitat natural para os
insectos benéficos e, também o uso de faixas de vegetação natural próximo às áreas de
cultivo irá favorecer a reprodução dessas espécies e, aumentar as populações de
organismos antagônicos às pragas, contribuindo para uma maior biodiversidade e maior
controle biológico natural.
Diversas espécies hortícolas, como por exemplo: tomate, pimento, batata, pepino, abóbora,
repolho, couves, feijão, alface, melão, melancia, etc. podem sofrer ataque de nematóides,
principalmente do gênero Meloydogine. Além dessa espécie de nematóide, também outras
como Ditylenchus dipsaci, pode causar danos ao alho; Helycotylenchus sp. é normalmente
controlado pelo uso de Mucunas, crotalaria juncea, Ricinus communis; enquanto
Pratylenchus sp., pode ser suprimido pelo uso na rotação de leguminosas, tais como:
Stylosanthes guianensis, Kudzu (Pueraria phaseoloides), Centrosema pubescens,
Psophocarpus palustris e, algumas gramíneas, tais como: mexoeira, Eragrostis teff, Setaria
italica, sudangrás, aveia preta, etc.
Quando se cultiva por vários anos espécies que são susceptíveis a nematóides, há uma
tendência de aumento populacional dos mesmos, podendo causar danos econômicos às
culturas comerciais. Geralmente quando isto ocorre está associado à degradação do solo
(principalmente com a diminuição dos níveis de matéria orgânica do solo), sendo necessário
tomar medidas que procurem baixar as populações de nematóides fitoparasitas do solo e,
assim tornar viável o plantio de culturas comerciais/subsistência. Dessa forma, as plantas de
cobertura têm uma grande importância, dentro de estratégias que se associam a outras
medidas de controle (rotação com outras culturas de baixa susceptibilidade, variedades
resistentes, etc.).
61
Guía prático de Agricultura de Conservação
Com este tempo de imersão das sementes em água (poderão estar acondicionadas em
pequenos sacos de aniagem) os patógenos indicados são controlados, devendo as
sementes serem secas à sombra e, preferentemente semeadas o mais rápido possível.
62
2. Nim (Azadirachta indica):
Árvore em que podem ser utilizados os extratos das folhas ou de sementes que poderão ser
utilizados como inseticidas para controle de diversas pragas.
A Azadirachta indica é largamente usada nas regiões costeiras dos Países do Leste
Africano e nas terras áridas do Leste da Etiópia. Foi trazido da Ásia onde é comumente
utilizado pelas suas propriedades medicinais e repelentes de pragas.
As folhas podem ser confundida com as folhas de “Siringa”, que é uma espécie muito
próxima e de grande semelhança. Pode ser facilmente diferenciada através dos frutos: os
frutos de Nim caem ao solo quando maduros, enquanto os frutos de siringa ficam na árvore
mesmo depois de maduros ou até secos. A casca da árvore de Nim é grosseira, enquanto a
da siringa é bem lisa e de coloração escura.
Após a retirada do óleo das sementes de Nim (Azadirachta indica), esses resíduos podem
ser utilizados como fertilizantes orgânicos no solo, embora pela alta relação C:N, poderá
ocorrer imobilização do nitrogênio do solo e, também poderá interferir diretamente na
população de alguns fungos fitopatogênicos.
Os resíduos de Nim podem ser aplicados em viveiros para eliminar problemas de fungos de
solo em cebola, e outras hortícolas.
63
Guía prático de Agricultura de Conservação
Tabela 7: Efeitos dos resíduos das sementes (após extração do óleo) de Nim em
fungos patogênicos do solo
Modo de preparar
Adicionar folhas de siringa, folhas de tomateiro, folhas de pessegueiro, folhas de tabaco-
fumo (Nicotiana tabacum), folhas de Cassia tora, e ainda se disponível folhas de assa-
peixe (Vernonia sp.) numa proporção de 300-400 gramas de cada.
Tomar esta massa vegetal e esmagar ou quebrar em pedaços menores e colocar dentro
de um recipiente com álcool etílico, e deixar por 2 dias em imersão.
Caso não se tenha álcool pode-se também cozinhar em água estes ingredientes durante
3-4 horas. Este sumo concentrado poderá ser guardado por até 1 ano.
Modo de aplicação:
Usar 5 litros da solução acima misturado com 100 litros de água e pulverizar contra pulgões,
ácaros, pequenas lagartas e brocas de solo.
64
4. Tephrosia (Tephrosia vogelli):
5. Pyrethrum
Em 10 litros de água fervendo colocar 2 xícaras de flores de Piretro. Esperar esfriar, filtrar o
líquido e diluir em 2-5 partes de água. Adicionar 60 g de sabão macio em cada 10 litros,
posteriormente pulverizar as plantas.
6. Papaia
É possível o uso de sementes e folhas secas de papaia, as quais são moídas para tratar
sementes de hortaliças e outros grãos, e também pode controlar muitos insetos, pulgões,
trips, de diferentes culturas. Produto biológico que consta da coleta e repouso por 30 dias
num recipiente totalmente fechado (fermentação anaeróbica).
8. Urina de vaca
Pode-se misturar 3 litros do sumo de plantas + 5 litros da urina fermentada + 100 litros de
água e pulverizar em 1 hectare. Esta mistura irá controlar pragas (lagartas, ácaros,
gafanhotos, trips, brocas, cigarrinhas, vaquinhas e mesmo a lagarta do cartucho do milho
(Spodoptera frugiperda) e outras pragas, e também irá funcionar como fungicida e
65
Guía prático de Agricultura de Conservação
A urina após coletada dos animais é deixada em meio aeróbico, recipiente fechado sem a
presença de oxigênio, em torno de 20-30 dias. Após isso é retirada e utilizada na mistura
acima.
É recomendável a aplicação sobre milho, feijão e outras culturas logo após a germinação
destas plantas, e uma nova aplicação aos 20 dias da semeadura, o que irá favorecer o
controle das pragas e o rápido crescimento das plantas.
9. Repelentes
Em um pequeno container 2/3 é cheio com folhas e flores picadas (esmagadas) de cravo de
defunto (Tagetes taget ou Tagetes patula) - Mexican marigolds, Ocimum suave, ou
pimentas verdes ou vermelhas. O restante do container será cheio por água limpa e deixado
em descanso por 5-7 dias. Após isso, tomar o sumo (após ser filtrado) e adicionar 30 g de
sabão macio para cada 5 litros de água. Para plantas jovens, pode diluir 1 parte da solução
para cada 5 partes de água. Para plantas adultas e/ou velhas, diluir 1 parte da solução
para 1 parte de água.
Ferver uma xícara de restos de cigarros (após serem fumados) ou 250 g de tabaco em 4
litros de água. Esfriar, filtrar, e diluir em mesma quantidade de água limpa. Misturar com 30
g de sabão macio em cada 5 litros de líquido antes de pulverizar. Esta solução de tabaco é
muito tóxica e deve ser usada apenas em emergência. É efetiva contra lagarta do cartucho
do milho (Spodoptera frugiperda), lagartas, térmitas, e outros insetos e pragas do solo.
O pó de Nim pode ser usado para controlar nematóides nos viveiros de mudas. Misturar 2
kg de pó (8 mãos cheias) com 10 litros de água e deixe por 1 noite (não necessita adicionar
sabão na água). No próximo dia, tome a mistura e aplique diretamente no solo usando um
pequeno pulverizador. Esta quantidade é suficiente para uma área de 8m quadrados (2m X
4m). É recomendável aplicar 10-15 dias antes da semeadura ou transplante. Contra alguns
parasitas de animais, é possível controlar através das folhas de Nim que são comidas pelos
animais.
66
12. Controle de Ratos
Moer 100 gramas de sementes de Gliricidia sepium, misture com 100 gramas de milho
moído. É aconselhável adicionar um pouco de água, manteiga ou açúcar para melhorar o
cheiro e o sabor. Podem ser preparadas algumas pequenas bolas e deixados em locais
visitados pelos ratos, principalmente à tarde ou noite, e principalmente em épocas de menor
oferta de alimentos no campo. As sementes de G. sepium têm um forte efeito na
mortalidade de ratos.
Algumas formigas grandes (Atta capiguara e outras espécies) que podem causar danos às
culturas podem ser tomadas algumas medidas de controle:
Algumas culturas e árvores podem ser mais bem nutridas com molibdênio, que irá contribuir
para as plantas sintetizarem mais proteínas e diminuir a atratividade pelas formigas. Pode
ser aplicado 0,5% de molibdênio (uma única vez).
Utilizar um extrato de sisal (5 folhas em 5 litros de água). Moer as folhas e deixar por 2 dias
com água. Retirar o sumo e aplicar 2 litros no principal buraco das formigas e feche os
outros buracos.
2
Experiência de agricultores brasileiros
67
Guía prático de Agricultura de Conservação
muito fina e, aplique dentro do buraco das formigas (1 litro da mistura com 10 litros de água)
até que o buraco se encha totalmente.
Caso os produtos a serem aplicados sejam tóxicos aos pássaros, inimigos naturais e outros
animais deverá ser evitado, pois pode contribuir para o desequilíbrio no ambiente.
A presença de árvores ou quebra ventos, não apenas impede a formação de ventos, assim
como auxiliam na moderação de temperaturas, redução da evaporação, e cria um habitat
favorável para a proliferação de insetos benéficos; Alguns exemplos de árvores como:
Grevillea robusta, e espécies arbóreas de médio porte tais como, sesbania (Sesbania
sesban), Tephrosia tunicata, or Leucaena leucocephalla fornece um habitat favorável e
também ajuda na proteção contra ventos excessivos. Também espécies como Tephrosia
vogelli e Tithonia diversifolia além de agir como repelente de insetos, suas raízes e seus
resíduos quando cortados melhora as propriedades do solo.
Algumas faixas de plantas com espécies tais como: girassol, Crotalaria grantiana, Crotalaria
ochroleuca, Crotalaria spectabilis, finger millet, e também algumas espécies nativas, as
quais produzem inúmeras inflorescências, são muito atrativas a pássaros e insetos. Esta
diversificação de espécies ajudam a evitar o ataque das pragas nas culturas específicas.
68
7 RESULTADOS OBTIDOS POR PRODUTORES COM O
USO DE COBERTURA DO SOLO, ROTAÇÃO E PLANTIO
DIRECTO
A mão-de-obra requerida pelo Sr. Chadiwa em Bandua para cortar o capim, carregar e
distribuir sobre o solo para posterior transplante da cebola foi de apenas sete dias/hectare;
enquanto na área tradicional foram necessários 45 dias de trabalho. Dessa forma, o tempo
gasto no sistema tradicional foi seis vezes superior ao da Agricultura de Conservação.
Avaliando o rendimento de cebola no 1o. Ano (2002) pelo grupo de camponeses de Guara
Guara, no sistema tradicional, sobre solo preparado com enxadas e sem capim, apresentou
rendimentos de 1,5 kg/m2 (15ton./ha) e, 3,5 kg/m2 (35ton./ha) no solo sem preparo e coberto
com capim. Portanto, o sistema de Agricultura de Conservação apresentou um rendimento
superior ao tradicional de 20ton./ha de bulbos. Isto encorajou e incentivou os camponeses a
continuarem no desenvolvimento do sistema.
Já no segundo ano consecutivo (2003), a cebola no sistema tradicional rendeu 2,3 kg/m2 (23
ton./ha de bulbos);um outro sistema com sulcos irrigado rendeu 2,5kg/m2 (23 ton./ha) por
outro lado o sistema de Agricultura de Conservação rendeu em torno de 2,3 kg/m2 (23
ton./ha de bulbos); no sistema com sulcos irrigado produziu 2,5kg/m2 (25ton./ha de bulbos),
69
Guía prático de Agricultura de Conservação
23.000 32.500
Exemplo claro dessa realidade, é o Sr. Chadiwa que normalmente cultivava 0.5ha e,
atualmente está cultivando mais que 3 hectares, vem utilizando rolo-faca tração animal com
sucesso no manejo do capim e outras invasoras e, tem empregado temporariamente 3
outros camponeses.
70
Experiência 3: Cobertura com leguminosa nativa
71
Guía prático de Agricultura de Conservação
Conforme o relato do camponês, os resultados obtidos no solo coberto com capim foi bem
superior àqueles onde o solo estava descoberto; e os rendimentos de cebola no tratamento
com uréia foi quase semelhante àquele obtido com o solo coberto com capim. Foi ainda
marcante a diminuição de regas e monda, nos tratamentos com capim em relação à área
descoberta, mostrando assim as inúmeras vantagens do solo coberto, onde praticamente se
obteve alto rendimento de cebola mesmo sem a aplicação de nitrogênio (uréia).
72
Experiência 5: Produção de ananás no Distrito do Búzi
Numa área visitada do Sr. Pedro Chicaruge (Estaquinha), o campo apresentava-se com um
plantio de ananás, em fase de maturação, em excelente qualidade, 1.5 a 3.0kg. cada fruto.
A área possui um solo bastante arenoso que foi anteriormente preparado pelo sistema
tradicional, preparo de solo com enxadas, estando o mesmo bastante descoberto com riscos
de erosão e perda de matéria orgânica e nutrientes. Foi avaliado, discutido com o grupo de
camponeses e técnicos presentes e, recomendado o uso de cobertura do solo com algumas
das seguintes espécies: Arachis pintoi, Mucuna sp., Indigofera sp., Calopogonium
mucunoides, para proteger e melhorar a qualidade do solo durante o cultivo do ananás.
Foi verificado que os frutos de ananás recebem insolação direta quase constante,
provocando queima parcial do fruto, sendo nestas condições recomendado, num cultivo
posterior que a cada 2 linhas de ananás, sejam semeadas 1 fileira de feijão bóer, ou uma
outra espécie que possa fornecer um sombreamento parcial ao ananás (Crotalaria juncea,
Crotalaria paulina, Crotalaria grahamiana, ou ainda Crotalarias nativas da região e/ou
Sesbania sp. Nativa. Além dessas espécies, é possível optar pelo cultivo de milho ou mapira
(1 fileira), plantados numa época em que coincida o seu pleno desenvolvimento com o
desenvolvimento e maturação dos frutos de ananás.
Área Sr. Paulo Chicaruge mostrando ananás Ananás consorciado com feijão nhemba:
em solo coberto com capim – excelente cobertura do solo, controle de
zona de Begaja Distrito do Búzi invasoras, e maior humidade disponível
(Província de Sofala).
O ananás cultivado tinha uma densidade de 1 x 1m., sendo possível caso o solo tenha boa
fertilidade, utilizar uma maior densidade (0,6 x 0,6m.) e, assim aumentar o rendimento de
frutos por área.
O camponês efetuou plantio de feijão nhemba consorciado com ananás e obteve excelentes
resultados com a produção de nhemba e, também com ananás, ainda em fase final de
colheita. Foi recomendado ao camponês que além de adicionar capim e o feijão nhemba
entre as fileiras do ananaseiro, seja ainda intercalado covachos com murumbi (ruquesa)
73
Guía prático de Agricultura de Conservação
Crotalaria spectabilis, feijão bóer anão, amendoim forrageiro perene (Arachis pintoi), Njugo
beans (feijão jugo), Indigofera sp., etc. No caso do feijão bóer comum (porte alto), para que
o sombreamento excessivo não prejudique o desenvolvimento do ananás, é recomendado
que seja plantado 1 linha (10-15 plantas por metro linear) a cada 3 linhas de ananás.
Além dessas espécies, se faz necessário a introdução de alguma gramínea como por ex. a
ruquesa ou (Eleusine coracana) que pode produzir elevada quantidade de biomassa,
apenas o sistema radicular pode produzir ao redor de 6 ton./ha, que auxilia na diminuição de
algumas doenças do solo (Fusarium sp.) e também alguns nematóides. Uma outra espécie,
a Eragrostis teff (sin. Eragrostis abyssinica), que é uma gramínea muito resistente à seca
prolongada, além de cobrir bem o solo é uma alternativa de alimentação humana muito
comum na Eritrea e Etiópia (mais de 2,5 milhões de hectares). Outra espécie que poderia
ser testada é a Setaria itálica, gramínea anual de crescimento rápido, que contribui também
para melhoria das propriedades do solo.
Neste Distrito, com apoio da GTZ (Cooperação Alemã) e DDA, há quase uma década se
iniciou o uso de alguns componentes do sistema de Agricultura de Conservação.
Entretanto, o novo enfoque de se colocar juntos os diferentes componentes na Agricultura
de Conservação se iniciou há 4 anos pelo PRODER – GTZ e DDA de Gorongosa.
74
Tabela 10: Rendimento de grãos (t/ha) em Agricultura de Conservação em diferentes
áreas de Gorongosa
1o. ano 2o. ano
Culturas
(2002-03) (2003-04)
Milho + mucuna 2.6 ton. 3.1 ton.
Milho + nhemba 1.9 ton. 3.0 ton.
Milho + feijão bóer 1.8 ton. 2.9 ton.
Milho + feijão vulgar 1.7 ton. 3.1 ton.
Mapira + mucuna 0.9 ton. 2.3 ton.
Mapira + nhemba – 1.5 ton.
* Milho + feijão soroco – 4.5 ton.
Mapira + amendoim – 2.3 ton.
Fonte: DDA, Gorongosa
Estes dados foram coletados durante 2 anos nas machambas dos camponeses em
diferentes localidades de Gorongosa (em solos arenosos, argilosos e franco), em UTVs com
uma área de no mínimo 1000m2.
Na quase totalidade das áreas não foi aplicado nenhum fertilizante, e foi também
rotacionado os cultivos havendo uma tendência de aumento de rendimentos a cada ano no
sistema de Agricultura de Conservação.
Na parcela onde se utilizou fertilizante químico foi aplicado: 100 kg/ha (N-P-K) (12-24-12) +
uréia (100 kg/ha), e o milho + feijão soroco alcançou 4.5ton./ha. Os dados mostram que com
o uso de fertilizantes, nesta situação, foi possível rapidamente atingir altos rendimentos,
embora neste caso, o aumento alcançado foi praticamente para cobrir os custos com
fertilizantes. Certamente deve ter ficado algum resíduo de fertilizante para a próxima
campanha, embora seja fundamental a avaliação econômica e sustentável para todas as
tecnologias implementadas no processo.
75
Guía prático de Agricultura de Conservação
Para se iniciar o ideal seria com feijão bóer pela sua rusticidade, entretanto por interesse da
camponesa no feijão nhemba, foi iniciado com esta leguminosa + milho.
Esta área é um solo franco arenoso, que durante quase 4 anos, o solo não foi mais arado e
nem efetuado queima, e sempre recebendo culturas consorciadas (renda, subsistência e
recuperadora de solos), adicionando resíduos na superfície, reciclando nutrientes e, embora
não se tenha aplicado nenhum fertilizante, agora o solo já se encontra totalmente
recuperado e, com alta capacidade de produção.
80 cm 80 cm 80 cm
FB NH M NH M NH FB
FB NH M NH M NH FB
FB NH M NH M NH FB
FB NH M NH M NH FB
FB= feijão bóer, NH= feijão nhemba, M= milho
O feijão bóer será semeado simultâneo ao milho, enquanto o feijão nhemba, deverá ser
semeado quando o milho estiver com 6-8 pares de folhas (aos 30-40 dias depois).
O feijão bóer (FB) terá um compasso de 2.4m. entre as fileiras, com 0.40m entre covachos
(2-3 sementes cada); enquanto as demais fileiras internas de milho (M) serão distanciadas
em 0.80m. uma da outra, com 5 plantas por metro; enquanto feijão nhemba terá um
compasso de 0.40m distanciado da linha de feijão bóer e 0.40m da linha de milho, com
0.40m entre covachos (2-3 sementes cada).
Quando o feijão nhemba estiver amarelecendo ao lado destas se entra com mucuna
intercalar, ou seja as fileiras de mucuna irão substituir as de nhemba e após a colheita de
nhemba e milho, a mucuna continuará cobrindo e protegendo o solo, diminuindo as
invasoras e melhorando as propriedades do solo. No próximo ano em outubro/novembro, as
sementes da mucuna poderão ser colhidas e novamente mapira ou milho em combinações
poderá ser semeado.
Foi relatado que a mucuna no ano de 2004, produziu em torno de 200kg. e 50kgs. de feijão
bóer numa área de 1000 m2.
76
Dessa forma se recuperou esta área, podendo a mesma já estar sendo cultivada com bons
rendimentos, devendo-se sempre proceder a rotação com culturas melhoradora de solos e a
adição constante de material orgânico ao solo. Obviamente, com boas colheitas, poderá ser
disponibilizado alguns recursos para aquisição de fertilizantes e, consequentemente a
reposição dos nutrientes ao solo irá ainda aumentar mais os rendimentos das culturas,
promovendo a SUSTENTABILIDADE: técnica, social, ecológica e econômica.
Esta parcela já saiu da fase de UTV e agora está na fase de Unidade de Demonstração:
devendo entrar numa fase de difusão massal, ou massificação do sistema de Agricultura de
Conservação para essas condições. Assim, as informações aqui geradas deverão ser
repassadas aos demais camponeses do Distrito. Assim, para estas condições de clima e
solo degradado, este sistema deve entrar no processo de difusão e adoção por parte dos
camponeses de outras localidades.
Na Zona de Chipende, o produtor Sr. Zacarias, foi beneficiado por crédito através do
Consórcio Italiano (Cooperação Italiana da Província de Trento) para compra de uma junta
de bois. Na campanha de 2004-05 ele semeou 3 hectares de milho utilizando a semeadora
de plantio direto Fitarelli tração animal e, conseguiu uma produção média de 1,7 ton/ha de
grãos de milho. O produtor demonstrou estar muito contente com a Agricultura de
Conservação e pretende semear 6 hectares nesta nova campanha. Os vizinhos também
estão acompanhando atentamente os resultados e prometem também testar este sistema
em suas machambas.
Também experiências com mapira, milho, consorciados com feijão bóer, nhemba e mucuna
vem sendo testadas e validadas por vários camponeses em diferentes localidades.
77
Guía prático de Agricultura de Conservação
Inúmeros resultados favoráveis com o emprego da rotação de culturas têm sido relatados
em diferentes regiões do mundo.
78
culturas com leguminosas, retorno dos restolhos pós-colheita, e manutenção do solo coberto
com mulch na superfície.
Segundo dados do Banco Mundial, o avanço das áreas com plantio direto no Brasil
(Agricultura de Conservação), não são por acaso, mas sim frutos da dedicação e
persistência por parte dos agricultores e auxilio dos técnicos da pesquisa, extensão rural,
cooperativas e Universidades que juntos se aplicaram nos últimos 33 anos e o Brasil chega
atualmente (Setembro 2005) a ocupar uma área aproximada de 22-23 milhões de hectares
com este sistema. As diferenças favoráveis ao sistema de Agricultura de Conservação
quando comparado ao sistema convencional (preparo do solo) podem ser observados por
estes dados compilados no Sul do Brasil (Tabela 11).
Numa amostragem efetuada com 477 agricultores do estado do Paraná, Brasil, Bragagnolo
et al. (1997) verificou que a renda liquida média de todos estes agricultores que estão
adotando o sistema de Agricultura de Conservação há alguns anos, aumentou em 59%.
Este aumento da rentabilidade é refletido por vários indicadores, tais como: compras de
bens de uso para a casa, um aumento de 8% com gastos em produtos elétricos/eletrônicos,
10% mais em investimentos em equipamentos para uso na agricultura e, também no
aumento do número de bovinos e aves. Portanto, além de melhorar as condições ambientais
com a adoção deste sistema, também a qualidade de vida destes agricultores teve uma
melhoria substancial.
79
Guía prático de Agricultura de Conservação
2 propriedades com 7 anos de plantio direto (não preparo do solo e plantio sobre mulch);
2 propriedades com 10 anos de plantio direto (não preparo do solo e plantio sobre
mulch);
Os aumentos dos níveis de matéria orgânica do solo estão diretamente relacionados com os
anos de plantio direto e rotação, comparado com a área convencional (solo preparado a
cada ano). Assim, a adição anual de resíduos sobre a superfície do solo e o não preparo do
solo promoveu uma melhoria no sistema repercutindo num acumulo de crescente de matéria
orgânica e condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento das culturas (Tabela xx).
Os resultados alcançados pelos produtores de Obligado mostram bem que com o decorrer
dos anos, o sistema de plantio direto além de promover uma melhoria no sistema com
aumento dos teores de matéria orgânica do solo, ocorreu também um aumento na média
dos rendimentos de soja, levando a uma maior rentabilidade econômica quando comparada
ao convencional.
O convencional, provoca maiores perdas de solos por erosão, diminuição dos níveis de
matéria orgânica e nutrientes levando a uma necessidade de aplicação de fertilizantes
químicos e/ou orgânicos ao longo dos anos. Além de uma maior infestação com invasoras e
maior uso de herbicidas, e assim um aumento substancial nos custos de produção. Quando
comparado aos sistemas de plantio direto (4, 7 e 10 anos), os resultados obtidos pelos
produtores mostram que o plantio direto, em termo de rendimentos médios de soja, foi
superior em 44, 56 e 55% em relação ao sistema convencional (aração e gradagens).
Também nas savanas brasileiras (Região dos Cerrados), onde predominam solos de textura
franca ou arenosa em algumas regiões e, também com estação de chuvas definidas e
menor precipitação que no Sul do Brasil, o sistema de Agricultura de Conservação tem
demonstrado que a renda liquida da propriedade pode duplicar em poucos anos (Séguy et
al., 2001).
Estimativas mostram que o Brasil possui uma área superior a 22 milhões de hectares
ocupado pelo sistema de plantio directo (Agricultura de Conservação), enquanto que a nível
Mundial a área ocupada por este sistema é superior a 80 milhões de hectares ( III CA
World Congress, 2005). Isto demonstra claramente a importância e vantagens deste
sistema, bem como o crescente interesse dos mais diferentes países de diversas regiões do
mundo, que tem encontrado na Agricultura de Conservação um meio viável de desenvolver
uma agricultura sustentável.
80
8 COMO ASSEGURAR O AVANÇO E ESTABELECIMENTO
DO SISTEMA DE AGRICULTURA DE CONSERVAÇÃO
As vantagens do sistema de Agricultura de Conservação nos mais diversos países, mostram
a viabilidade técnica, econômica e social deste sistema quando adequadamente inserido
nos diferentes sistemas de produção regionais.
Para que haja uma constante sensibilização principalmente por parte dos camponeses e
técnicos, é necessário desenvolver estratégias técnicas e operacionais no sentido de atingir
e sensibilizar um maior numero de camponeses possível, e buscar meios efetivos de se
reproduzir as experiências já validadas em algumas regiões para outras regiões vizinhas.
Para tal, são sugeridas algumas alternativas:
Deverão ser buscadas estratégias para desenvolver uma melhor difusão do sistema de
Agricultura de Conservação, planificando dias-de-campo, visitas camponês/camponês,
documentários, jornais, folhetos, manuais, rádio, procurando envolver os diferentes atores
na divulgação das vantagens e benefícios deste Sistema.
Para que seja dado um salto em termos de aumento de áreas com o cultivo de grãos em
Agricultura de Conservação: milho, mapira, feijões, mexoeira, amendoim, etc., faz-se
necessário a viabilização dalgumas máquinas de plantio direto: plantio direto tração animal
de 2 linhas e, também tractorizadas sejam disponibilizadas aos camponeses;
Maior disponibilidade de matracas e rolo-faca para que mais camponeses possam ter
acesso à estas ferramentas da Agricultura de Conservação;
81
Guía prático de Agricultura de Conservação
Viabilização de animais de tração, como no caso de Gorongosa, para que possam ser
treinados e disponibilizados aos pequenos camponeses;
A possibilidade de acesso por parte dos camponeses irá certamente contribuir para que um
maior numero de camponeses possam conhecer o sistema de Agricultura de Conservação,
podendo abranger uma maior área no processo de teste/validação e, consequentemente
maior difusão e adoção do sistema de Agricultura de Conservação.
Os resultados obtidos ao longo dos anos com o sistema de plantio direto pelos produtores
brasileiros e outros países tropicais, tem mostrado:
aumento nos teores de carbono orgânico do solo
maior armazenamento e diminuição de perdas de água no solo
manutenção e melhoria da fertilidade do solo (propriedades químicas, físicas e
biológicas)
redução dos custos de produção: menos trabalho, menor infestação de invasoras,
diminuição da ocorrência de pragas e doenças
maior estabilidade de produção das culturas
aumento no rendimento das culturas
aumento na renda líquida da família através da redução da mão-de-obra, e diminuição
da necessidade de energia.
82
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85
Guía prático de Agricultura de Conservação
ANEXOS
86
Anexo 1: Manejo ambiental adequado evitando as queimadas
Muitas situações são relatadas por técnicos e mesmo camponeses: “a maioria utiliza o
fogo porque não possuem outro meio de limpar as machambas”; demonstrando assim
que os campos cultivados estão na maioria dos casos completamente tomados por
plantas invasoras, ou seja, a maior parte do tempo consumido pelos camponeses nas
machambas é para a limpeza e controle da alta infestação de plantas indesejáveis.
Nesse sentido é também fundamental desenvolver o sistema de Agricultura de
Conservação (SAC) onde o mulch (capins, restolhos dos cultivos, etc.) deve permanecer
cobrindo o solo quase que todo o ano, promovendo um controle bastante eficiente das
invasoras e, consequentemente o camponês terá um maior tempo disponível para outras
atividades e, inclusive para aumentar a área de cultivo de suas machambas. Portanto,
indirectamente o SAC também irá contribuir para diminuir os riscos de queimadas, e
maior protecção de todo o meio ambiente.
87
Guía prático de Agricultura de Conservação
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Anexo 2: Plantas de cobertura comuns na Província de Sofala
Ainda alguns materiais como: Setaria italica (ciclo curto: 50-75 dias), finger millet – Eleusine
coracana (marumbi ou ruquesa ou milho miúdo), Feijão arroz (Vigna umbelata), se faz
necessário continuar com as avaliações em razão do grande potencial que possuem estas
espécies (protecção do solo, alimentação humana e animal – excepto setaria).
Deve-se continuar com as colecções com outras espécies de plantas de cobertura, inclusive
algumas espécies nativas com potencial, no sentido de melhor avaliar e se ter mais opções
para incluir nas rotações dos diferentes sistemas de produção regional.
Um dos grande problemas comum à maioria dos camponeses dos diferentes Distritos é a
alta infestação de invasoras (plantas daninhas), principalmente Cyperus spp., Cynodon
dactilum (sp.), etc., o que dificulta bastante os cultivos, alta competição com as culturas, alta
utilização de mão-de-obra em razão da necessidade de várias operações de sacha e
monda.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
Numa nova visita, foi verificado que algumas coberturas ainda estavam na área:
• Mucuna cinza e preta
• Calopogonium mucunoides
• Feijão bravo do Ceará (Canavalia brasiliensis)
• Clitoria ternatea
Todas estas plantas de cobertura haviam produzido sementes e, embora tenham sido
colhidas, muitas sementes caíram no solo e ressemearam naturalmente. A quantidade de
biomassa de todos os materiais era muito boa, sendo que a mucuna cinza e Calopogonium
mucunoides controlaram totalmente o capim que vegetava na área (Cynodon dactilon).
Portanto, estas plantas mostraram-se muito eficientes no uso de melhoramento de pousio
(áreas degradadas).
Portanto, se tem experiências e bons resultados nos diferentes Distritos com algumas
espécies de cobertura, como é o caso das Mucunas, lablab, Crotalaria juncea e, também
algumas com múltiplos fins: alimentação humana e animal, proteção e recuperação de
solos: feijão bóer, feijão nhemba, mexoeira, murumbi, e outras; além das espécies
leguminosas nativas encontradas naturalmente vegetando as diferentes regiões da
Província de Sofala: Crotalarias, Sesbanias, Vignas, Indigoferas, Canavalias, Calopogonium
sp., Pueraria sp., Stylosanthes sp., Arachis sp., Centrosema sp., Macroptilium sp. e diversas
outras espécies com grande potencial de fazerem parte de sistemas de rotação de culturas
com outras culturas (subsistência e de renda). Necessitando regionalmente testar e validar
nas machambas estas espécies potenciais e importante componente do Sistema de
Agricultura de Conservação.
90
multiflorum), etc. Além da possibilidade de crescer algumas frutíferas perenes: videira,
pessegueiro, figueiras, nectarinas, etc.
91
Guía prático de Agricultura de Conservação
92
Anexo 5: O sistema de Agricultura de Conservação no Brasil
O sucesso do sistema de Agricultura de Conservação (plantio direto) no Brasil, não pode ser
atribuído à exclusiva adoção de parâmetros técnicos. Aliado aos aspectos técnicos, um
enfoque participativo em adaptar resultados da pesquisa e transferência de tecnologia foi
adotado buscando responder aos anseios dos produtores em seus diferentes sistemas de
produção. Um forte suporte das políticas governamentais foi concentrado em treinamentos
e educação das diferentes comunidades rurais com suas representações (grupos,
associações, cooperativas, etc.) no sentido de melhor capacitá-las e assim, levando em
consideração os diferentes componente do sistema (plantas de cobertura, rotação de
culturas, construção de terraços, etc.), as pessoas poderem adotar adequadamente a
Agricultura de Conservação.
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Guía prático de Agricultura de Conservação
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Anexo 6: Características de diferentes espécies de plantas
melhoradas de solos
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Guía prático de Agricultura de Conservação
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Características Tipo de leguminosa Nome Vulgar
Sesbania sp.
Leguminosas mais Lotononis bainesii
adaptadas a áreas com Phaseolus lathyroides
períodos de inundação Vigna luteola
Vigna umbelata L.
Pueraria phaseoloides
Leguminosas adaptadas às Glycine wightii Verdc. (sin.
condições de fogo (podem Neonotonia wightii Lackey)
rebrotar): Centrosema pubescens
- Desmodium adscendens
Macroptilium atropurpureum
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NOTAS
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NOTAS
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NOTAS
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NOTAS
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