12 Biodiv 12 Caps3
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Organizadores
Resumo
1. Introdução geral
taxa raros e/ou endêmicos (GIULIETTI et al., 2002), o que pode incrementar
significativamente o número de espécies conhecidas para o bioma (RODAL;
SAMPAIO, 2002).
Deve-se destacar que as diferentes tipologias vegetacionais presentes
no semi-árido do Nordeste brasileiro ocorrem em função da maior ou menor
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aridez edafoclimática que, em geral, está associada à distancia do litoral, à
altitude, à geomorfologia, ao nível de dessecação do relevo, à declividade e
posição da vertente em relação à direção dos ventos (barlavento e sotavento)
e à profundidade e composição física e química do solo (ANDRADE-LIMA,
1981; SAMPAIO et al., 1981). Dados já disponíveis (MOURA; SAMPAIO, 2001;
FERRAZ et al., 2003) indicam que no semi-árido nordestino o aumento da
altitude leva a uma redução na temperatura e, em conseqüência, a um au-
mento na precipitação e disponibilidade de água no solo, principal fator limi-
tante da produtividade primária. Considerando-se, portanto, a importância
dos efeitos da topografia, da continentalidade e da morfopedologia na flora
e vegetação, espera-se que a fisionomia e a composição florística do bioma
Caatinga apresentem diferenças acentuadas, com as espécies organizadas
em comunidades discretas.
Para testar essa hipótese, foram realizados três estudos de caso por
equipes distintas, em três áreas consideradas prioritárias para conservação
da biodiversidade no bioma Caatinga (MMA, 2004): 1) Serra das Almas, no
Ceará; 2) Curimataú, na Paraíba; 3) Betânia, em Pernambuco.
A área Serra das Almas encontra-se a altitudes que variam de 200 a 700
m a.n.m. e abrange duas unidades morfopedológicas: 1) depressão sertaneja
do complexo cristalino e 2) borda oriental da bacia sedimentar do Meio Nor-
te, no planalto da Ibiapaba. Os pontos selecionados para estudo estão sobre
altitudes e unidades morfopedológicas distintas. A área de Curimataú com-
preende uma única unidade morfopedológica (complexo cristalino), mas, em
função da proximidade da costa, foi possível selecionar dois pontos: um mais
próximo do litoral, onde se espera que haja influência atlântica, e outro mais
distante, característico do clima semi-árido dominante na região. Em Betâ-
nia, os pontos selecionados estão sobre a mesma unidade morfopedológica,
a depressão sertaneja do complexo cristalino, e em altitudes similares.
Os resultados de cada área serão apresentados em separado, como
subcapítulos independentes, e, ao final, serão feitas considerações conjuntas
sobre a conservação e as perspectivas para novos estudos, geradas a partir
da experiência das equipes no projeto.
A confirmação desses padrões, especialmente com maior detalhe es-
trutural (sensu
sensu MARTINS, 1990), ajudará não só a conhecer o funcionamento
do ecossistema (MARTINS; SANTOS, 1999), mas poderá revelar-se como uma
importante ferramenta no planejamento regional de conservação e uso sus-
tentável dos recursos vegetais. Espera-se que o entendimento da estrutura
e funcionamento das comunidades biológicas seja considerado na definição
de áreas e políticas públicas para a conservação da diversidade biológica da
Caatinga e que, somados aos dados de espécies raras, endêmicas e ameaça-
das de extinção possa contribuir para a seleção de áreas prioritárias.
2. Revisão bibliográfica
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cultura e extrativismo têm dificultado a interpretação de tais variações (PE-
REIRA et al., 2003). Apesar disso, abordagens tentando relacionar variações
florísticas e fisionômicas a fatores bióticos e a diferentes níveis de uso não
têm sido comuns no bioma Caatinga.
Dos levantamentos realizados em áreas pontuais do bioma, nota-se
que diversos deles apresentam caracterizações florísticas e/ou fitossocioló-
gicas (TAVARES et al.,1969a,b; TAVARES et al., 1970; TAVARES et al., 1974a,b;
TAVARES et al., 1975; FIGUEIREDO, 1983, 1987; OLIVEIRA et al., 1988; ARAÚJO
et al., 1995; MEDEIROS, 1995; OLIVEIRA et al., 1997; ARAÚJO et al., 1998a,b;
LIMA; LIMA, 1998; RODAL, et al.,1998; ARAÚJO; MARTINS, 1999; ARAÚJO et
al., 1999; FIGUEIRÊDO et al., 2000; CAMACHO, 2001; LEMOS; RODAL,2002;
MOURA; SAMPAIO, 2001; OLIVEIRA, 2002; PEREIRA et al., 2002; SILVA, 2000;
COSTA, 2002; RODAL, 2002; RODAL; NASCIMENTO, 2002; ALCOFORADO-FI-
LHO et al., 2003). Porém, apenas 13 tentam associar direta ou indiretamente
variações fisionômicas e florísticas qualitativas e quantitativas às variações
abióticas ou de níveis de uso (GOMES, 1980; SANTOS, 1987; FONSECA, 1991;
RODAL, 1992; ARAÚJO, 1998; ARAÚJO et al., 1998b; FERRAZ et al., 1998; 2003;
ARAÚJO; MARTINS 1999; ARAÚJO et al., 1999; NASCIMENTO et al., 2003; PE-
REIRA et al., 2003; SILVA et al., 2003). Desses 13 autores, apenas seis associam,
através de testes estatísticos, as variáveis de vegetação (GOMES, 1980), solo
(SANTOS, 1987; RODAL, 1992; ARAÚJO et al.,1999), paisagem (SILVA et al.,
2003) e nível de uso (PEREIRA et al., 2003). É importante salientar que apenas
SANTOS (1987) incluiu o componente herbáceo nas suas análises. Os estudos
de Fonseca (1991) e Nascimento et al. (2003) apontaram fatores edáficos e o de
Ferraz et al. (2003) fatores topográficos (climáticos) como condicionantes das
diferenças encontradas na flora e vegetação estudadas.
Os levantamentos quantitativos empregaram uma grande variedade
de critérios de inclusão e de superfície amostral. A metodologia utilizada na
maioria dos trabalhos foi a do método de parcelas, com área amostral varian-
do de 400 m² (NASCIMENTO et al., 2003) a 10.000 m² (ARAÚJO et al., 1999).
Apenas cinco trabalhos utilizaram o método dos quadrantes (ALBUQUER-
QUE et al., 1982; FERREIRA, 1988; ARAÚJO et al., 1995; FIGUEIRÊDO et al.,
2000; MENDES, 2003). Houve grande variação quanto ao critério de inclusão,
desde perímetro do caule no nível do solo maior ou igual a 3 cm (ARAÚJO
et al., 1995) até diâmetro do caule maior ou igual a 3 cm a 50 cm de altura do
caule (TAVARES et al., 1970) (ver capítulo 1).
A partir do Programa Linhas de Ação em Botânica – Ecossistema Caa-
tinga/ CNPq (RODAL et al., 1992), começou a haver uma padronização quanto
ao critério de inclusão, isto é, diâmetro do caule no nível do solo maior ou
igual a 3 cm e altura total maior ou igual a 1 m (MEDEIROS, 1995; ARAÚJO et
al. 1999; ANDRADE, 2000; GADELHA-NETO; BARBOSA, 2000; FIGUEIRÊDO,
2000; FIGUEIRÊDO et al., 2000; CAMACHO, 2001; LEMOS; RODAL, 2002; PE-
REIRA et al., 2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003; MENDES, 2003; NASCI-
MENTO et al., 2003).
Os levantamentos botânicos na vegetação de caatinga stricto sensu to-
talizam no componente lenhoso (árvores e arbustos). Apesar da importância
das plantas herbáceas em formações vegetais sazonalmente secas (CRAWLEY,
Vegetação e flora
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Dos 16 levantamentos conhecidos englobando a flora herbácea da ca-
atinga stricto sensu, dez foram realizados em Pernambuco (RODAL, 1984;
SANTOS, 1987; RODAL et al., 1999; FIGUEIRÊDO et al., 2000; COSTA, 2001;
ARAÚJO et al., 2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003; SILVA, 2003; FEITO-
ZA, 2004; PESSOA et al. enviado; REIS, 2004), três no Ceará (MEDEIROS,
1995; COSTA, 2002; VASCONCELOS, 2003), um na Paraíba (GADELHA-NETO;
BARBOSA, 2000) e um em Sergipe (SOUZA, 1983). Cabe destacar que ape-
nas os trabalhos de Silva (2003), Vasconcelos (2003), Feitoza (2004) e Reis
(2004) tiveram foco exclusivo no componente herbáceo, assim como a lista
de espécies, compilada por Araújo et al. (2002), para diferentes municípios
de Pernambuco.
Os poucos trabalhos disponíveis indicam que a proporção de plantas
lenhosas/sublenhosas/herbáceas está na ordem de 1:2,5 (SANTOS, 1987;
COSTA, 2002). Dos 16 levantamentos mencionados, apenas os de Santos
(1987), Vasconcelos (2003), Feitoza (2004) e Reis (2004) são quantitativos de
ervas. O volume de dados existente ainda não permite fazer generalizações
consistentes sobre os efeitos dos fatores abióticos e humanos nas variações
florísticas e fisionômicas no domínio da Caatinga, entretanto, algumas ten-
dências podem ser observadas: 1) quanto maior a diferença nas característi-
cas físicas, químicas e profundidade do solo, menor a similaridade florística
entre as comunidades (SANTOS, 1987; FONSECA, 1991; RODAL, 1992; ARAÚ-
JO et al.,1999); 2) menor aridez climática em função da altitude proporciona
maior biomassa vegetal, plantas mais altas e mais grossas (GOMES, 1980;
FERRAZ et al., 2003) e menor densidade (GOMES, 1980); 3) diferentes uni-
dades de paisagem indicam diferenças na riqueza e diversidade de espécies
(SILVA et al., 2003) e 4) áreas degradadas apresentam menor densidade de
espécies arbóreas, altura, riqueza e diversidade, além de uma tendência a
um domínio quase que exclusivo de poucas espécies (PEREIRA et al., 2003).
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de tal situação, um modelo de conservação para a vegetação do semi-árido
brasileiro deverá pelo menos contemplar a criação de unidades de conserva-
ção representativas da heterogeneidade espacial dos fatores abióticos, com
foco nos tipos de solos, na topografia e na geomorfologia.
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Boletim de Recursos Naturais - SUDENE, v. 8, n. 1/2, p. 14, 1970.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. S.; LIMA, J. L. S. Inventário flo-
restal do Ceará - estudo preliminar das matas remanescentes do município
de Quixadá. Boletim de Recursos Naturais - SUDENE, v. 7, n. 1-4, p. 93-111,
1969b.
VASCONCELOS, S. F. Flora de um hectare da vegetação caducifólia espinho-
sa (Caatinga), densidade e aspectos fenológicos do estrato herbáceo, RPPN
Serra das Almas, Município de Crateús, CE. Fortaleza, 2003. Monografia (Ba-
charelado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Ceará.
VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegeta-
ção brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE. 1991.
Vegetação e flora
90
3.1
Vegetação e flora
fanerogâmica da área
Reserva Serra das Almas,
Ceará
Na área Reserva Serra das Almas, foram coletados 212 taxa específicos
(espécies/morfoespécies) de plantas, sendo 31,6% arbóreos, 25,9% arbustos,
32,9% ervas/subarbustos, 7,0% trepadeiras e 3,7% indeterminadas, distribu-
ídos em 50 famílias. Dos 212 taxa coletados, 152 (72%) foram determinados
até o nível de espécie, 44 até o nível de gênero, 13 apenas no nível de família
e 3 indeterminadas. Dos 152 taxa determinados até espécie, 83,6% (128 spp.)
são exclusivos da América do Sul e 37,2% (57 spp.), exclusivos do Brasil. Das
espécies com distribuição apenas no território brasileiro, 25 são exclusivas
da região Nordeste e, destas, 9 são endêmicas do bioma Caatinga. Dos 212
taxa registrados neste estudo, quatro estão nas listas do IBAMA e/ou IUCN
de espécies ameaçadas, são elas: Myracrodruon urundeuva Allem., Mimosa
caesalpinifolia Benth., Campomanesia aromatica Griseb. e Mimosa verru-
cosa Benth. Com este levantamento, foram acrescidos 28 novos registros
para a área Reserva Serra das Almas, que, adicionados aos levantamentos
anteriores, somam 419 espécies.
1. Introdução
92
(MEDINA, 1995), e a riqueza da flora está correlacionada positivamente com
o aumento da precipitação (GENTRY, 1982). Considerando que a vegetação
expressa as variações climáticas, Raunkiaer (1934) afirmou que as formas
de vida são meios de determinar as diferentes características biológicas
das plantas encontradas sob diferentes climas. Em regiões quentes com
secas sazonais, predominam as formas de vida que conferem boa proteção
às gemas de brotamento (hemicriptófitos, geófitos, caméfitos) ou os terófi-
tos, plantas que atravessam a estação desfavorável sob forma de semente
(RAUNKIAER, 1934).
Portanto, na cobertura vegetal decídua do Ceará, a forma de vida fa-
nerofítica deve apresentar maior riqueza nas fitofisonomias situadas em
serras e chapadas, enquanto a riqueza de terófitos deve ser maior nas de-
pressões intermontanas.
Para testar essa hipótese, foi selecionada a área Serra das Almas (CA
391 (6), MMA, 2004), localizada no centro-oeste do estado, abrangendo ter-
renos da depressão intermontana do complexo cristalino e da borda orien-
tal da bacia do Meio Norte, o planalto da Ibiapaba.
Três grandes unidades fisionômicas são dominantes na área: 1) a ca-
atinga stricto sensu ou savana estépica (VELOSO et al., 1991), na depressão
sertaneja setentrional; 2) a floresta estacional decídua submontana (mata
seca) na escarpa leste da Ibiapaba e 3) a arbustaria densa montana (carras-
co) nos topos planos da Ibiapaba.
Pesquisas sobre a composição biótica da flora e da fauna de verte-
brados naquela área tiveram início em 2000 por ocasião da Avaliação Eco-
lógica Rápida, realizada na área da RPPN Reserva Natural Serra das Almas
que abrange uma área de 5.646 ha. Neste subprojeto PROBIO, além de se
dar continuidade ao levantamento da flora dentro da Reserva, foram feitas
coletas em outros pontos fora da RPPN, tendo como principal objetivo co-
nhecer a heterogeneidade da cobertura vegetal e da flora.
2. Material e métodos
93
B. Localização geográfica das unidades de amostragem
a) Carrasco na localidade Croatá. (Foto: F.S. Araújo) b) Mata seca na localidade Melancias.
(Foto: R.C. Costa)
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
Figura 1 Fitofisionomias amostradas na área Reserva Serra das Almas, estado do Ceará
94
Tabela 1 – Localização dos sítios onde foram realizados os levantamentos florísticos e fitossociológicos na área Reserva Serra
das Almas, CE. * Sítios onde também foram realizados os levantamentos fitossociológicos.
Local Fitofisionomia Coordenadas (UTM), Geormorfologia Altitude Solos
fuso 24 (m)
Grajáu* Caatinga 0292508, 9434123 Depressão 368 PL,S,Re,P,L
interplanáltica
Estreito Caatinga 0278204, 9442288 Depressão 272 PL,S,Re,P,L
(vegetação ciliar) interplanáltica
Besouro Caatinga 0290000, 9439285 Depressão 280 PL,S,Re,P,L
(vegetação ciliar) interplanáltica
Boa nova Carrasco 0283991, 9424399 Planalto da Ibiapaba 620 LVd, AQ
Croatá* Carrasco 0286125, 9430763 Planalto da Ibiapaba 702 LVd, AQ
Melancias* Mata seca 0287909, 9431284 Planalto da Ibiapaba 632 LVd, AQ
Tucuns Mata seca 0288279, 9419929 Planalto da Ibiapaba 600 LVd, AQ
Sítio Mata seca 0289021, 9417400 Planalto da Ibiapaba 703 LVd, AQ
em três (Grajáu, Croatá e Melancias) dos oito sítios listados na Tabela 1, cada
um correspondendo a fragmentos mais conservados de cada fitofisionomia
(caatinga, mata seca e carrasco).
1. Flora
Foram realizadas expedições, predominantemente no período chuvoso
de 2003, para coleta de material botânico e classificação in loco das espécies
por formas de crescimento e formas de vida. Através de caminhadas ao longo
de trilhas, foram coletados ramos de arbustos e árvores da flora angiospér-
mica, preferencialmente com material reprodutivo (botões florais, flores e/ou
frutos). No caso das plantas de forma herbácea, foi coletada a planta comple-
ta. Para cada espécime coletado, foi preenchida uma ficha de campo com o
número da coleta neste subprojeto, nome dos coletores e número do coletor
principal, nome popular da espécie, forma de crescimento, forma de vida,
cor da flor e fruto, latitude e longitude. Foram coletadas, no mínimo, quatro
duplicatas de cada indivíduo não herbáceo/sublenhoso, sendo a quarta para
envio, quando necessário, a especialistas do grupo. Todo o material coletado
foi preparado de acordo com as técnicas usuais de coleta e incorporado ao
acervo do herbário EAC da Universidade Federal do Ceará (UFC). A identifi-
cação seguiu as etapas usuais, com utilização de chaves para gêneros e famí-
lias, comparações com material já existente e determinado por especialistas
no acervo do herbário EAC e, quando necessário, envio para especialistas.
Os dados florísticos foram organizados numa lista geral e por fitofisiono-
mia. Foram calculados a riqueza geral para a área e por famílias e o número
de espécies exclusivas de cada fitofisionomia e caracterizadas as formas de
crescimento e as formas de vida das espécies de cada fitofisionomia.
Visando definir quais formas de vida caracterizam a flora de cada fitofi-
sionomia, a classificação das espécies por formas de vida foi feita com base
nos critérios descritos por Raunkiaer (1934). Para caracterização fitoclimática
de cada fitofisionomia, as proporções de cada forma de vida em cada fito-
fisionomia (espectro biológico) foram comparadas ao espectro normal de
Raunkiaer (1934). As diferenças entre as proporções de formas de vida en-
contradas por fitofisionomia e o espectro normal (proporções esperadas) fo-
ram analisadas pelo teste qui-quadrado (MANN, 1998). Formas de vida com
95
valores siginificativamente maiores foram consideradas próprias da fitofi-
sionomia, ou seja, representam o fitoclima.
Para analisar a distribuição geográfica das espécies e a ocorrência de
endemismos, foram consultadas as bases de dados de 2004 do Missouri Bo-
tanical Garden (http://mobot.mobot.org), do Centro Nordestino de Informa-
ções sobre Plantas (http://www.cnip.org.br), da Base de Dados Tropical (http://
www.bdt.fat.org.br), e a lista de endêmicas apresentada por Giulietti et al.
(2002). Para análise do status das espécies, foram consultadas a lista verme-
lha de espécies ameaçadas 2003, da União Internacional para Conservação
da Natureza-IUCN (http://www.iucnredlist.org), e a lista de espécies da flora
brasileira ameaçada de extinção, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (http://www.ibama.gov.br). Novos regis-
tros para a área foram determinados com base na consulta a dados florís-
ticos disponíveis em estudos anteriores realizados na área (ARAÚJO et al.,
2000; LIMA, 2003; GIRÃO, 2003; VASCONCELOS, 2003).
2. Fitossociologia
Em cada uma das três fitofisionomias, como mencionado anteriormen-
te, foi realizado o levantamento fitossociológico por forma de crescimento
(adaptadas de WHITTAKER, 1975), como definido a seguir:
Árvores/arbustos – plantas lenhosas com no mínimo 9 cm de períme-
tro do caule no nível do solo e 1m de altura.
Subarbustos – indivíduos com caule principal lenhoso e com ramifica-
ções secundárias herbáceas, em geral, com altura inferior a 1 m.
Ervas – Indivíduos com caules totalmente herbáceos.
96
3. Resultados
A. Composição florística
A riqueza geral da área Reserva Serra das Almas amostrada nas ex-
cursões de campo foi de 212 espécies/morfoespécies, distribuídas em 50
famílias (Apêndice I). Destas, 152 (72%) foram determinadas até o nível de
espécie, 44 até o nível de gênero e 13 somente no nível de família e 3 indeter-
minadas. As famílias mais ricas foram: Fabaceae (21 spp.), Caesalpiniaceae
(17 spp.), Euphorbiaceae (17 spp.), Myrtaceae (16 spp.), Asteraceae (16 spp.)
e Mimosaceae (10 spp.). A forma de crescimento dominante foi a de árvores
(68 spp.), seguida por arbustos (59 spp.), ervas (47 spp.), subarbustos (23
spp.), trepadeiras lenhosas (8 spp.) e trepadeiras herbáceas (7 spp.). Cinco
espécies não foram caracterizadas quanto à forma de crescimento.
A riqueza de famílias e espécies foi maior na mata seca (37 e 126, res-
pectivamente), seguida pela caatinga (33 e 69), e menor no carrasco (27 e
59) (Tabela 2). Caesalpiniaceae e Euphorbiaceae foram as famílias de maior
riqueza em todas as três fitofisionomias. Quanto às formas de crescimento
(Tabela 3), no carrasco e na mata seca predominaram as espécies lenhosas:
arbustos no carrasco (40,4%) e árvores na mata seca (37,6%). Na caatinga, a
maior riqueza de espécies (46,3%) foi representada por herbáceas.
Tabela 2. Número de espécies coletadas por forma de crescimento nas três fitofisionomias
estudadas na área Serra das Almas, CE.
Total de
Forma de Crescimento Caatinga Carrasco Mata Seca
espécies
Árvore 68 17 17 49
Arbusto 59 11 26 35
Erva 47 35 8 11
Subarbusto 23 4 5 14
Trepadeira lenhosa 8 2 4 0
Trepadeira herbácea 7 2 2 5
Total geral de espécies 212 68 57 114
B. Espectro biológico
97
(x²=81), carrasco (x² =57,31) e mata seca (x² =40). As formas de vida que mais
se desviaram do espectro normal e, portanto, caracterizaram o fitoclima das
fitofisionomias estudadas foram: terófitos e hemicriptófitos na caatinga, fa-
nerófitos na mata seca e hemicriptófitos no carrasco.
Espectro biológico das três fitofisionomias estudadas na área Serra das Almas, Ceará, e espectro
Figura 2 normal de Raunkiaer (1934).
Tabela 3. Comparação das proporções de formas de vida das espécies coletadas em cada fitofisionomia estudada com o espectro
biológico normal de Raunkiaer através do teste qui-quadrado (p<0,05, gl=7). Th = terófito, HH= Helo + Hidrófitos, G= geófito, H=
hemicriptófito, Ch= caméfito, Ph= fanerófito, E= Epífitos e S= Suculentas, área Serra das Almas, Ceará.
Caatinga Carrasco Mata Seca
Forma de vida Normal (%) N° de esp. % X 2
N° de esp. % X 2
N° de esp. % X2
Th 13 25 36,2 56,1 5 8,7 1,1 15 12,0 0,0
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
C. Distribuição geográfica/Endemismos
Dos 152 taxa determinados até espécie, 83,6% (128 spp.) são exclu-
sivos da América do Sul e 37,2% (57 spp.) exclusivos do Brasil. Restritas
ao Nordeste foram Bauhinia dubia, Caesalpinia bracteosa, Chloroleucon
acacioides, Copaifera martii, Cordia leucomalloides, Cordia rufescens, Cro-
ton argyrophylloides, Croton grewioides, Erythroxylum laetevirens, He-
licteres heptandra, Helicteres muscosa, Hymenaea eriogyne, Hymenaea
velutina, Licania rigida, Lindackeria ovata, Lippia gracilis, Mimosa acutis-
tipula, Mimosa caesalpinifolia, Piptadenia moniliformis, Senna campestris
e Sesbania marginata. As herbáceas foram Cuphea campestris, Diodia cf.
barbeyana, Pithecoseris pacourinoides e Wedelia villosa. Com base na lis-
ta de Giulietti et al. (2002), 14 espécies, todas arbustivas e arbóreas, são
consideradas endêmicas do bioma Caatinga. Porém, dessas, apenas nove
são de fato endêmicas: Cordia leucomalloides, Croton argyrophylloides,
98
Hymenaea eriogyne, Licania rigida, Lippia gracilis, Mimosa caesalpinifolia,
Senna gardneri, Auxemma oncocalyx e Zanthoxylum stelligerum. As espé-
cies Cratylia mollis, Pseudobombax marginatum, Rollinia leptopetala, Wis-
sadula contracta e Aspidosperma pyrifolium, apesar de constarem na lista
elaborada por Giulietti et al. (2002) como endêmicas da Caatinga, ocorrem
em outras áreas fora do nordeste semi-árido brasileiro, de acordo com as
bases de dados consultadas.
Na área Serra das Almas, adicionando a lista coletada neste projeto a
outras elaboradas a partir de 2000 (VASCONCELOS, 2003; LIMA, 2003; GI-
RÃO, 2003), soma-se um total de 419 espécies/morfoespécies. Vale ressaltar
que este estudo contribuiu com 28 novas ocorrências para a área. Quatro es-
pécies estão incluídas nas listagens de espécies vulneráveis ou ameaçadas:
Myracrodruon urundeuva consta na lista do IBAMA, na categoria vulnerá-
vel; Campomanesia aromatica e Mimosa caesalpinifolia constam na lista da
IUCN como vulneráveis; e Mimosa verrucosa aparece na lista da IUCN, como
iminentemente ameaçada.
1. Estrato arbustivo/arbóreo
As fitofisionomias caatinga (Grajáu) e mata seca (Melancias) destacaram-
se do carrasco (Croatá) por apresentarem os maiores diâmetros e altura médios,
com 18,74 e 9,96 cm e 5,78 e 5,88 m respectivamente, contra 5,41 cm e 3,49 m
(Tabela 4). A maioria (85%) dos indivíduos no carrasco têm menos de 5 metros
de altura, enquanto na caatinga e mata seca, cerca de 60% dos indivíduos apre-
sentaram altura maior que 5 metros, com algumas árvores atingindo até 11 m
na caatinga e 14 m na mata seca (Figura 3). Quanto aos diâmetros, o carrasco
apresentou as plantas mais finas e a caatinga as mais grossas (Figura 4).
Tabela 4. Densidade total estimada (DT/ha), área basal total (G, m²), diâmetro médio (Diam.,
cm), altura média (Alt., m), número de espécies (N) e índice de diversidade de Shannon (H’) no
estrato arbustivo/arbóreo, nas três fitofisionomias estudadas da Serra das Almas, Ceará.
Fitofisionomia DT G Diam. Alt. N H’
Caatinga 1.307 3,39 18,7 5,78 12 1,81
Carrasco 4.435 0,22 5,41 3,49 14 2,05
Mata Seca 2.795 1,24 9,96 5,88 25 2,84
99
Grajáu
Grajáu
100
Tabela 5. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR) e
valor de importância (VI) das espécies arbustivas/arbóreas da caatinga, na localidade
Grajáu, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie DR(%) DoR(%) FR(%) VI
Mimosa caesalpinifolia 31,25 40,09 27,45 98,79
Auxemma oncocalyx 26,25 48,04 19,61 93,90
Croton adenocalyx 17,50 5,98 17,65 41,12
Caesalpinia bracteosa 3,75 1,44 5,88 11,07
Combretum leprosum 3,75 1,09 5,88 10,73
Pseudobombax marginatum 3,75 0,53 5,88 10,16
Justicia sp. 3,75 0,79 3,92 8,46
Aspidosperma pyrifolium 2,50 0,37 3,92 6,79
Myracrodruon urundeuva 2,50 0,12 3,92 6,54
Piptadenia stipulacea 2,50 1,48 1,96 5,94
Bauhinia cheilantha 1,25 0,03 1,96 3,24
Anadenanthera colubrina 1,25 0,03 1,96 3,24
Tabela 6. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR) e
valor de importância (VI) das espécies arbustivas/arbóreas do carrasco, na localidade
Croatá, área Serra das Almas, Ceará. * Trepadeira lenhosa
Espécie DR(%) DoR(%) FR(%) VI
Eugenia aff. dysenterica 30,00 39,27 26,23 95,50
Bauhinia acuruana 25,00 11,71 22,95 59,66
Acacia langsdorfii 11,25 21,11 9,84 42,19
Bignoniaceae A* 8,75 6,10 9,84 24,69
Hymenaea eriogyne 5,00 3,89 4,92 13,80
Eugenia sp.1 3,75 5,10 4,92 13,77
Byrsonima gardnerana 3,75 2,70 4,92 11,36
Mimosa acutistipula 3,75 1,57 4,92 10,24
Rollinia leptopetala 2,50 3,41 3,28 9,19
Piptadenia moniliformis 1,25 2,07 1,64 4,96
Swartzia flaemingii 1,25 1,30 1,64 4,19
Guapira graciliflora 1,25 0,71 1,64 3,60
Senna cearensis 1,25 0,71 1,64 3,60
Croton grewioides 1,25 0,36 1,64 3,25
2. Estrato subarbustivo
Na fitofisionomia caatinga, não foi observada a presença de subarbustos,
portanto, não foram amostrados. O carrasco apresentou densidade estimada
(10.093 ind/ha) maior que a mata seca (3.423 ind/ha), com proximadamente 1/3
da encontrada no carrasco (Tabela 8). Área basal total, diâmetro médio e altura
média dos subarbustos no carrasco (0,017 m² 1,22 cm e 0,73 m) também foram
maiores que na mata seca (0,002 m², 0,48 cm e 0,53 m) (Tabela 8). A estrutura
de abundância das espécies subarbustivas foi semelhante à encontrada nas
espécies arbustivas e arbóreas, ou seja, o VI concentra-se em poucas espécies,
sendo que na mata seca foi encontrada maior equabilidade que no carrasco.
As espécies/morfoespécies de maior VI no carrasco foram Justicia strobilacea
(225,79), Alternanthera brasiliana (31,73) e Indet. 3 (17,68), que somaram 91,73
% do VI total (Tabela 9). Na mata seca, as espécies de maior VI foram Pavonia
sp. (127,13), Evolvulus macroblepharis (91,05) e Lantana sp.3 (26,44), corres-
pondendo a 81,54 % do VI total (Tabela 10).
101
Tabela 7. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR) e
valor de importância (VI) das espécies arbustivas/arbóreas da mata seca, na localidade
Melancias, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie DR(%) DR(%) FR(%) VI
Pilocarpus spicatus 20,00 4,37 14,49 38,86
Eugenia piauhiensis 5,00 27,96 5,80 38,76
Hymenaea eriogyne 3,75 19,95 4,35 28,05
Piptadenia moniliformis 7,50 6,16 8,70 22,36
Maprounea sp. 8,75 2,20 10,14 21,10
Croton argyrophylloides 7,50 3,20 7,25 17,95
Xylosma ciliatifolium 7,50 1,13 7,25 15,88
Copaifera martii 6,25 4,61 4,35 15,20
Thiloa glaucocarpa 3,75 6,62 4,35 14,72
Buchenavia capitata 1,25 6,94 1,45 9,64
Eugenia sp.1 3,75 1,15 4,35 9,25
Bauhinia pulchella 3,75 1,02 4,35 9,12
Erythroxylum amplifolium 3,75 1,50 2,90 8,15
Swartzia flaemingii 2,50 2,40 2,90 7,80
Aspidosperma subincanum 1,25 3,24 1,45 5,94
Lindackeria ovata 1,25 3,15 1,45 5,84
Ephedranthus pisocarpus 2,50 0,23 2,90 5,62
Inga sp. 1,25 1,24 1,45 3,94
Brosimum gaudichaudii 1,25 0,93 1,45 3,63
Tocoyena formosa 1,25 0,62 1,45 3,32
Dalbegia sp. 1,25 0,58 1,45 3,28
Erythroxylum barbatum 1,25 0,37 1,45 3,07
Helicteres muscosa 1,25 0,32 1,45 3,02
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
Tabela 8. Densidade total estimada (DT/ha), área basal total (G, m2) unidade, diâmetro
médio (Diam., cm.), altura média (Alt., m.), número de espécies (N) e índice de diversidade
de Shannon (H’) das espécies subarbustivas do carrasco e mata seca, nas localidades
Croatá e Melancias, área Serra das Almas, Ceará.
Fitofisionomia DT G Diam. Alt. N H’
Carrasco 10.093 0,017 1,22 0,73 7 0,890
Mata seca 3.423 0,002 0,48 0,53 8 1,403
Tabela 9. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR) e
valor de importância (VI) das espécies subarbustivas do carrasco, na localidade Croatá,
área Serra das Almas, Ceará.
Espécie DR(%) DoR(%) FR(%) VI
Justicia strobilacea 76,25 93,99 55,56 225,8
Alternanthera brasiliana 11,25 3,81 16,67 31,73
Indet. 3 5,00 1,57 11,11 17,68
Diodia cf. barbeyana 3,75 0,28 8,33 12,37
Turneraceae 1,25 0,19 2,78 4,22
Wissadula contacta 1,25 0,11 2,78 4,13
Galactia sp. 1,25 0,05 2,78 4,08
102
Tabela 10. Densidade relativa (DR), dominância relativa (DoR), freqüência relativa (FR)
e valor de importância (VI) das espécies subarbustivas da mata seca na localidade
Melancias, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie DR(%) DoR(%) FR(%) VI
Pavonia sp. 48,75 41,2 37,21 127,13
Evolvulus macroblepharis 27,5 35,6 27,91 91,05
Lantana sp. 3 10,0 4,81 11,63 26,44
Cranocarpus gracilis 6,25 7,10 9,30 22,65
Justicia strobilacea 2,50 2,29 4,65 9,44
Desmodium sp. 3 2,50 0,92 4,65 8,07
Paullinia sp. 1,25 4,04 2,33 7,61
Justicia fragilis 1,25 4,04 2,33 7,61
103
3. Estrato herbáceo
As três espécies de maior freqüência absoluta (FA) na caatinga fo-
ram Delilia biflora (FA= 18,05), Commelina sp.1 (FA= 15,65) e Acanthaceae A
(FA=6,35), contribuindo com 48,9% da freqüência total (Tabela 11). Na mata
seca e carrasco, o estrato herbáceo foi representado predominantemen-
te por uma única espécie, Streptotachys cf. asperifolia, que corresponde a
94,8% e 92,2% da freqüência de ocorrência total (Tabelas 12 e 13).
1. Estrato arbustivo/arbóreo
A mata seca apresentou maior riqueza de árvores e arbustos (25 espécies)
seguida, em ordem descrescente, pelo carrasco e pela caatinga (14 e 12 espécies,
respectivamente). Na diversidade de Shannon, observou-se tendência similar:
mata seca foi a fitofisionomia de maior diversidade, seguida pela caatinga e car-
rasco (H’ = 2.844 nats/ind, 2.052 nats/ind e 1.898 nats/ind, respectivamente).
2. Estrato subarbustivo
Na mata seca e no carrasco foram amostradas oito e sete espécies,
respectivamente. Embora na mata seca tenha sido amostrada apenas uma
espécie a mais, a diversidade de Shannon foi quase o dobro da do carras-
co: 1,439 nats/ind e 0,89 nats/ind, indicando que na mata seca ocorre maior
equabilidade de indivíduos entre espécies.
3. Estrato herbáceo
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
Tabela 12. Freqüência absoluta e relativa das espécies (%) herbáceas do carrasco, na
localidade Croatá, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie FA(%) FR(%)
Streptostachys cf. asperifolia 10,65 92,2
Indet. 0,50 4,30
Panicum trichoides 0,40 3,50
Tabela 13. Freqüência absoluta e relativa das espécies (%) herbáceas da mata seca na
localidade Melancias, área Serra das Almas, Ceará.
Espécie FA(%) FR(%)
Streptostachys cf. asperifolia 9,05 94,8
Setaria rariflora 0,35 3,70
Spathicarpa cf. hastifolia 0,10 1,00
Scaphispatha cf. gracilis 0,05 0,50
104
4. Discussão
A. Flora
105
Tabela 14. Autores com os respectivos locais e estados (UF), critério de inclusão (diâmetro em centímetro no nível do solo=DNS),
esforço amostral (EA), número de espécies (N), altitude (m) e precipitação total média anual (mm) e temperatura média anual (°C),
em 29 levantamentos fitossociológicos realizados no bioma Caatinga (- = sem informação).
Altitude Prec. Temp.
Autores Local/Município UF DNS EA N
(m) (mm) (°C)
Alcoforado-Filho et al.
Caruaru PE 3 0,72 ha 23 530 694 19-23
(2003)
Araújo et al. (1999) Jaburuna, Ubajara CE 3 1 ha 48 830 1289 22-24
Araújo et al. (1995) Floresta PE PNS-5 0,1 ha 23 - 585 23-29
Araújo et al. (1995) Floresta PE PNS-5 0,1 ha 21 - 585 23-29
Araújo et al. (1995) Custódia PE PNS-5 0,1 ha 20 - 574 21-26
Araújo et al. (1998) Estrondo, Novo Oriente CE 3 0,25 ha 40 750-760 838 23,5
Araújo et al. (1998) Carrasco, Novo Oriente CE 3 0,25 ha 37 750-760 838 23,5
Araújo et al. (1998) Baixa Fria, Novo Oriente CE 3 0,25 ha 40 750-760 838 23,5
Estação Ecológica do
Camacho (2001) Seridó, Serra Negra do RN 3 0,09 ha 13 100-200 497 26
Norte
Estação Ecológica do
Camacho (2001) Seridó, Serra Negra do RN 3 0,09 ha 10 100-200 497 26
Norte
Estação Ecológica do
Camacho (2001) Seridó, Serra Negra do RN 3 0,08 ha 9 100-200 497 26
Norte
Estação Ecológica do
Camacho (2001) Seridó, Serra Negra do RN 3 0,05 ha 8 100-200 497 26
Norte
100
Correia (1996) Pesqueira PE 3 36 1082 681 22
pontos
100
Figueirêdo et al. (2000) Buíque PE 3 35 600 600 25
pontos
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
106
a situada na depressão interplanáltica. A maior disponibilidade hídrica (maior
precipitação e menor temperatura decorrentes da elevação) provavelmente
contribui para a maior riqueza florística observada. Entre carrasco e mata
seca, a última apresentou riqueza maior. Nesse caso, a umidade também
parece ser fator importante: a mata seca está situada na encosta e o carras-
co está situado nos topos planos, onde provavelmente o ar é mais seco e
a velocidade do vento maior. Além disso, a variável solo também parece ter
influência, pois os solos do carrasco são mais arenosos (ver ARAÚJO; MAR-
TINS, 1999; ARAÚJO et al., 1999). Apesar da maior riqueza geral encontrada
na vegetação do planalto da Ibiapaba, é importante salientar a contribuição
do componente não lenhoso / sublenhoso (ervas, subarbustos e trepadeiras
herbáceas) na riqueza geral em cada fitofisionomia. Na caatinga (depressão
sertaneja), plantas não lenhosas foram responsáveis pela maior parte da ri-
queza florística, tendo contribuído com 56% do total de espécies presentes.
Contrariamente, no carrasco e mata seca, essas percentagens foram, respec-
tivamente, 26% e 32%. Portanto, as lenhosas foram responsáveis por cerca
de 2/3 da riqueza. Essas diferenças são claras na análise do espectro biológi-
co entre as fitofisionomias. As plantas herbáceas/sublenhosas (ervas, subar-
bustos, trepadeiras) correspondem a formas de vida que apresentam maior
proteção de suas gemas de crescimento durante períodos desfavoráveis (te-
rófitos, criptófitos, hemicriptófitos) (RAUNKIAER, 1934). O espectro biológico
da caatinga estudada foi caracterizado por terófitos, tidos como a forma de
vida característica de regiões áridas e semi-áridas (RAUNKIAER, 1934; van
ROOYEN et al., 1990; KOVÁCS-LANG et al., 2000). De fato, dentre as três fi-
tofisionomias estudadas, a caatinga ocorre numa área de maior temperatura
e menor precipitação, resultando num ambiente com menor disponibilidade
hídrica, o que diminui as possibilidades para crescimento das plantas. Nas
fitofisionomias sobre o planalto da Ibiapaba (carrasco e mata seca), a maior
precipitação e a menor temperatura devem proporcionar menores restrições
hídricas, favorecendo a predominância de fanerófitos.
Além das diferenças numéricas na riqueza de espécies, diferenças mar-
cantes entre os conjuntos florísticos de cada fitofisionomia foram observadas
neste estudo. Os dois conjuntos principais (caatinga e carrasco + mata seca)
são coerentes com os tipos de solos que ocorrem na área, levando-se em con-
sideração o tipo de rocha de origem. Assim, carrasco e mata seca estão mais
próximos florísticamente por possuírem um conjunto de espécies típicas de
solos de origem sedimentar, enquanto a caatinga se distinguiria do grupo
florístico carrasco+mata seca pela presença de espécies típicas de solos de
origem do complexo cristalino da depressão interplanáltica. As floras dos rele-
vos cristalino e sedimentar do Nordeste brasileiro distinguem-se também em
uma escala mais ampla, como observado em análises de matrizes de dados
geradas a partir de levantamentos pontuais, realizados em diversas áreas no
domínio da Caatinga (ARAÚJO, 1998; ARAÚJO et al., 1998; LEMOS; RODAL,
2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003) (ver capítulo 1).
B. Estrutura e diversidade
107
As formas de crescimento arbustivo/arbóreo das três áreas contribuí-
ram de maneira diferente para caracterizar cada fitofisionomia. Na caatinga,
tal componente apresentou menor densidade, no entanto, com alturas e diâ-
metros maiores. A maior contribuição específica foi de Auxemma oncocalyx,
espécie de maior dominância na área e segunda em VI. A riqueza e diversi-
dade foram baixas. Tais fatos podem ser atribuídos ao efeito microclimático:
dentre as três áreas, a caatinga ocorre sob menor precipitação e maior tem-
peratura, o que limita as oportunidades de crescimento e estabelecimento
de maior número de espécies de árvores e arbustos. Além disso, a baixa di-
versidade pode ser também atribuída à baixa equabilidade entre as espécies
arbustivas/arbóreas. Duas espécies (Auxemma oncocalyx e Mimosa caesal-
pinifolia) concentraram 64,2% do VI. A mata seca, embora tenha apresentado
as maiores alturas individuais, possui altura média dos arbustos/árvores pró-
xima à da caatinga e maior densidade e se diferenciou, principalmente, pela
maior riqueza e diversidade. Em tal área, as condições de solo, temperatura
e precipitação são mais favoráveis ao crescimento de arbustos e árvores. No
carrasco, a forma de crescimento arbustivo/arbóreo foi representada por in-
divíduos finos (menor diâmetro individual e médio), baixos (menor altura in-
dividual e média) e adensados (maior densidade). A riqueza total foi próxima
à da caatinga, no entanto, a diversidade foi maior, em conseqüência da maior
equabilidade. Diferenças entre a composição de árvores e arbustos de áreas
sedimentares e cristalinas no domínio da Caatinga também têm sido eviden-
ciadas em estudos que utilizaram análises multivariadas de agrupamento e
ordenação (ver ARAÚJO, 1998; ARAÚJO et al., 1998; LEMOS; RODAL, 2002;
ALCOFORADO-FILHO et al., 2003).
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
108
5. Conclusões
Agradecimentos
6. Referências bibliográficas
109
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Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
112
Apêndice I
Lista das famílias e espécies encontradas nos sítios estudados em três fitofisionomias na área Serra
das Almas, Ceará, e depositadas no herbário EAC da Universidade Federal do Ceará. * = espécies amos-
tradas; x = presença das espécies nas fitofisionomias situadas nas localidades Grajáu (1), Estreito (2),
Besouro (3), Sítio (4), Melancias (5), Tucuns (6), Boa Nova (7) e Croatá (8). Distribuição geográfica: NE =
Nordeste do Brasil, BR = Brasil, AMc = América Central, AM = todas as Américas, AMs = América do Sul, Af
= África. Forma de crescimento (FC) = árvore (arv), arbusto (arb), subarbusto (sub), trepadeira lenhosa (tl),
trepadeira herbácea (th), erva (erv). Forma de vida (FV) = fanerófito (fan), caméfito (cam), hemicriptófito
(hem), terófito (ter), geófito (geo), suculenta (suc).
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Acanthaceae
Anisacanthus trilobus Lindau 170 BR sub cam x
Dicliptera ciliaris Juss.* 156 - erv ter x x
Justicia fragilis Wall.* 130 - sub cam x
Justicia strobilacea (Nees)
398 BR sub cam x x
Lindau*
Justicia sp. 106 - arb fan x x
Ruellia paniculata H.B.K. 323 AMc arb cam x x x x
Amaranthaceae
Alternanthera brasiliana
160 AMc erv ter x x x x
Kuntze*
Alternanthera dentata (Moench)
399 AMc erv ter x
Scheygrond
Annacardiaceae
Myracrodruon urundeuva
400 AMs arv fan x
Allem. *
Annonaceae
Duguetia riedeliana R. E. Fr. 214 BR arv fan x
Ephedranthus pisocarpus
401 BR arv fan x x x
R.E.Fr.*
Rollinia leptopetala R. E.Fr.* 36 AMs arv fan x x x
Apocynaceae
Aspidosperma discolor A. DC.* 402 AMs arv fan x
Aspidosperma pyrifolium
403 AMs arv fan x
Mart. *
Aspidosperma subincanum
350 AMs arv fan x x x
Mart.*
Aspidosperma sp. 404 - arv fan x x
Araceae
Scaphispatha cf. gracilis
96 AMs erv geo x x
Brongn. ex Schott *
Spathicarpa cf. hastifolia Hook.* 275 AMs erv geo x x
Taccarum peregrinum Engl. * 405 AMs erv ter x
Asteraceae
Bidens bipinnata L.* 190 AM/Af erv ter x
113
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Blainvillea lanceolata Baker* 180 BR erv ter x x
Blainvillea rhomboidea Cass.* 178 Af erv ter x
Delilia biflora (L.) Kuntze* 186 AMc erv ter x x
Harpalyce brasiliana Benth. 303 AMs arv fan x
Melanthera latifolia Cabrera 72 AMs erv ter x
Pithecoseris pacourinoides
207 NE erv ter x
Mart.
Trichogonia sp. 237 - erv ter x x
Vernonia obscura Less. 98 BR arb fan x
Wedelia villosa Gardn. 101 NE arb fan x
Bignoniaceae
Arrabidaea caudigera (S.Moore)
320 AMs tl fan x
A.H.Gentry
Bignoniaceae A* 247 - tl fan x
Jacaranda jasminoides (Thunb.)
95 BR arv fan x
Sandwith
Bombacaceae
Pseudobombax marginatum
(A.St.-Hil., Juss. & Cambess.) 406 AMs arv fan x
A.Robyns *
Boraginaceae
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
114
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Senna trachypus (Benth.) 165 AMs arb fan x x
H.S.Irwin & Barneby
Swartzia flaemingii R. S. 411 BR arv fan x x x
Cowan*
Capparaceae
Cleome microcarpa Ule 204 BR erv ter x
Crateva tapia L. 333 AMc arv fan x
Celastraceae
Maytenus sp. 69 - arv fan x x
Chrysobalanaceae
Licania rigida Benth. 327 NE arv fan x
Cochlospermaceae
Cochlospermum vitifolium 412 AMc arv fan x
Spreng.
Combretaceae
Buchenavia capitata Eichl.* 311 AMs arv fan x x
Combretum lanceolatum Eichl. 326 AMs arb fan x
Combretum leprosum Mart. * 413 AMs arb fan x
Combretum mellifluum Eichl. 147 AMs arb fan x x
Thiloa glaucocarpa Eichl.* 314 AMs arv fan x x
Commelinaceae
Commelina sp. 1* 179 - erv hem x
Commelina sp. 2* 164 - erv hem x
Commelina sp. 3* 168 - erv hem x
Convolvulaceae
Evolvulus filipes Mart. 230 AMc erv ter x
Evolvulus macroblepharis 54 BR sub cam x
Mart.*
Evolvulus sp. 217 - erv ter x
Ipomoea rosea Choisy 92 - th cam x
Ipomoea sp. 173 - th cam x
Cyperaceae
Cyperus sp. 91 - erv hem x
Rhincospora sp. 1 90 - erv hem x x
Rhincospora sp. 2* 199 - erv ter x
Dioscoreaceae
Dioscorea sp. 55 - th geo x
Erythroxylaceae
Erythroxylum amplifolium 88 BR arb fan x x
Baill.*
Erythroxylum barbatum 276 - arb fan x x
O.E.Schulz*
Erythroxylum laetevirens 85 NE arb fan x x x x
O.E.Schulz
Erythroxylum pelleterianum 86 BR arb fan x
A.St.Hil.
115
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Erythroxylum sp.1 226 - arb fan x
Euphorbiaceae
Actinostemon sp. 294 - arb fan x
Bernardia sidoides Müll.Arg. * 158 AMc erv ter x
Cnidoscolus vitifolius Pohl * 414 AMs arb fan x
Croton adenocalyx Baill.* 415 BR arb fan x
Croton argyrophylloides Müll. 21 NE arv fan x x x x
Arg.*
Croton glandulosus L. 208 AM arb fan x
Croton grewioides Baill.* 109 NE arb fan x x
Croton odontadenius Müll.Arg. 393 AMs arb fan x
Croton zehntneri Pax & K.Hoffm. 117 AMs arb fan x x
Euphorbia comosa Vell.* 197 AMs erv ter x x
Gymnanthes sp.* 127 - arb fan x
Maprounea sp.* 273 - arv fan x
Phyllanthus caroliniensis Walt.* 202 AM erv ter x
Sapium cf. argutum Huber 416 AMs arv fan x
Sapium lanceolatum (Müll. 14 - arv fan x
Arg.) Huber
Sebastiania brasiliensis Spreng. 42 AMs arb fan x
Sebastiania sp. 118 - arb fan x x
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
Fabaceae
Bowdichia virgilioides H. B. & K. 304 BR arv fan x
Cranocarpus gracilis Afr.Fern. &
265 AMs sub fan x x
P. Bezerra*
Cratylia mollis Mart.ex Benth. 257 AMs tl fan x
Crotalaria vitellina Ker Gawl. 146 AMs sub hem x
Lonchocarpus araripensis
253 - arv fan x
Gardn.
Dalbergia sp.* 24 - arv fan x
Desmodium sp. 1* 157 - erv hem x x
Desmodium sp. 2 172 - sub cam x
Desmodium sp. 3* 277 - sub cam x
Erythrina velutina Willd. 321 AMs arv fan x x
Fabaceae A 211 - sub cam x
Fabaceae B 181 - sub cam x
Fabaceae C 367 - sub cam x
Galactia sp.* 254 - sub hem x
Inga sp.* 428 - arv fan x
Luetzelburgia auriculata
307 BR arv fan x
(Allemao) Ducke
Machaerium acutifolium Benth. 137 - arv fan x
Macroptilium sp. 205 - tl fan x
Ormosia fastigiata Tul. 417 AMs arv fan x
Periandra coccinea (Schrad.)
141 AMs th cam x
Benth.
116
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Sesbania marginata Benth. 418 NE arb cam x
Flacourtiaceae
Lindackeria ovata Gilg* 150 NE arv fan x x
Xylosma ciliatifolium Eichl. * 419 BR arb fan x
Lamiaceae
Hyptis salzmanni Benth 23 - erv ter x
Hyptis suaveolens (L.) Poit.* 140 AMc/Af/As erv ter x
Loasaceae
Mentzelia fragilis Huber* 152 - erv ter x
Lythraceae
Cuphea campestris Koehne 39 NE erv ter x
Malpighiaceae
Banisteria montana A.Juss. 138 AMc arv fan x
Banisteriopsis stellaris (Griseb.)
309 AMc tl fan x
B.Gates
Byrsonima gardnerana A.Juss.* 10 AMs arv fan x x x x
Janusia janusioides (A.Juss.)
148 AMs tl fan x x
W.R.Anderson
Peixotoa jussieuana A.Juss. 256 AMs tl fan x
Malvaceae
Pavonia cancellata (L.) Cav.* 154 AMs sub cam x x
Pavonia sp.* 227 - sub cam x x
Wissadula contracta R.E.Fries* 159 AMs erv ter x x
Menispermaceae
Cissampelos sp. 15 - th cam x
Mimosaceae
Acacia langsdorfii Benth.* 248 BR arb fan x
Acacia paniculata Willd. 335 AMc arb fan x
Anadenanthera colubrina var.
332 BR arv fan x x
cebil (Griseb.) Altschul*
Chloroleucon acacioides
319 NE arv fan x
(Ducke) Barneby & J.W.Grimes
Mimosaceae A 77 - arv fan x
Mimosa acutistipula Benth.* 18 NE arb fan x
Mimosa caesalpinifolia Benth. 420 NE arv fan x
Mimosa ursina Mart. 174 AMs erv ter x
Mimosa verrucosa Benth. 281 AMc arb fan x
Parkia platycephala Benth. 286 - arv fan x x
Piptadenia moniliformis Benth.* 28 NE arv fan x x x x
Piptadenia stipulacea (Benth.)
171 NE arv fan x
Ducke*
Plathymenia reticulata Benth. 213 AM arv fan x
Moraceae
Brosimum gaudichaudii Tréc* 306 AMs arv fan x x
117
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Myrtaceae
Campomanesia aromatica
16 BR arb fan x
Griseb.
Eugenia aff. dysenterica DC.* 421 AMs arv fan x x
Eugenia flavescens DC. 124 BR arv fan x x
Eugenia piauhiensis O. Berg* 121 AMc arv fan x
Eugenia punicifolia DC. 120 BR arv fan x x x
Eugenia sp. 1 267 - arb fan x
Eugenia sp. 2 34 - arb fan x
Eugenia sp. 3 305 - arb fan x
Eugenia sp. 4* 422 - arv fan x
Myrcia acutiloba O.Berg 288 AMc arb fan x
Myrcia multiflora DC. 318 AMs arv fan x
Myrcia sp. 1 241 - arb fan x
Myrcia sp. 2 122 - arb fan x
Myrtaceae A 37 - arb fan x
Myrtaceae B 351 - arv fan x
Myrtaceae C 222 - arv fan x
Nyctaginaceae
Guapira graciliflora (Mart. ex
24 BR arv fan x
Vegetação e flora fanerogâmica da área Reserva da Serra das Almas, Ceará
Schmdt) Lundell*
Guapira sp. 169 - arv fan x
Ochnaceae
Ouratea sp. 65 - arv fan x
Olacaceae
Heisteria sp. 285 - arb fan x x
Schoepfia sp. 302 - arv fan x
Opiliaceae
Agonandra brasiliensis Benth.
423 AMs arv fan x
& Hook.
Poaceae
Lasiacis sp. 9 - erv ter x
Panicum trichoides Sw.* 60 AMs erv ter x x x x x
Pannicum sp.* 161 - erv ter x
Poaceae B* 64 - erv hem x
Poaceae C 61 - erv hem x
Setaria cf. rariflora J.C.Mikan
225 AMs erv ter x x
ex Spreng.*
Streptostamchys cf. asperifolia
25 AMs erv hem x x x x
Desv.*
Polygalaceae
Bredemeyera sp. 284 - tl fan x
Polygonaceae
Triplaris gardneriana Wedd. 334 AMs arv fan x
118
Fitofisionomia/
Sítio georreferenciado
Caatinga Mata seca Carrasco
Número da
coleta no Distribuição
Família/Espécie FC FV 1 2 3 4 5 6 7 8
subprojeto geográfica
PROBIO
Portulacaceae
Talinum sp.* 155 - erv hem x
Rhamnaceae
Colubrina cordifolia Reiss. 251 BR arb fan x
Rubiaceae
Chomelia cf. martiana Müll.Arg. 44 BR arb fan x
Diodia cf. barbeyana Huber* 231 NE erv ter x x
Faramea sp. 47 - x
Guettarda viburnoides Cham. &
128 AM arb fan x
Schltdl.
Pilocarpus spicatus A.St.Hil.* 6 BR arv fan x
Rubiaceae A* 133 - erv x
Spermaccoce sp. 201 - erv ter x
Tocoyena formosa K.Schum.* 130 BR arb fan x x x
Zanthoxylum stelligerum Turcz.* 41 - arb fan x x
Sapindaceae
Cardispermun corindum L. 385 - th cam x
Paullinia sp.* 268 - sub cam x x
Sterculiaceae
Guazuma ulmifolia Lam. 331 AMc arv fan x
Helicteres heptandra L.B.Sm. 67 NE arb fan x
Helicteres muscosa Mart.* 245 NE arb fan x x x
Tiliaceae
Chorcorus sp.* 200 - erv ter x
Luehea uniflora A.St.Hil. 424 BR arv fan x
Turneraceae
Piriqueta cf. sidifolia Urban 66 BR arb fan x
Turnera sp. 1 52 - arb fan x
Turnera sp. 2 425 - erv ter x
Turneraceae A 252 - sub cam x x
Verbaneceae
Aegiphila sp. 330 -
Lantana sp. 1 395 - arb fan x x x
Lantana sp. 2 56 - arb fan x
Lantana sp. 3 57 - sub cam x
Lippia gracilis Phil.* 293 NE arb fan x
Vitex schaueriana Moldenke 149 BR arv fan x
Vitaceae
Cissus sp. 22 - th ter x
Fleurya aestuans Gaudich. 348 AMs arb fan x
Indeterminadas
Indet. 1* 426 - erv ter x
Indet. 2* 427 - erv ter x
Indet 3* 187 - sub cam x
119
120
3.2
Vegetação e flora
fanerogâmica do
Curimataú, Paraíba
1. Introdução
122
Nessa região, inicialmente habitada por índios da nação Cariri, sobretudo
os Janduís e Caracarás (PINTO, 1973), a pecuária vem sendo praticada extensi-
vamente desde a colonização, ocupando grandes extensões de terras destina-
das à pastagem. Esse fato, associado à retirada de madeira para lenha e carvão,
contribuiu para que, ao longo dos anos, a vegetação nativa sofresse retração. A
pecuária utilizando a caatinga como pasto natural contribuiu para degradações
de difícil reversão, ocasionadas inclusive pela preferência alimentar do gado. As
plantas das espécies mais apreciadas na dieta dos animais sofrem interrupção
do rebrotamento. Além disso, as plântulas dessas espécies nem sempre conse-
guem desenvolver-se, dificultando a regeneração da caatinga. Logo, à medida
que o solo vai ficando descoberto, ocorre a expansão das espécies mais xerófi-
las, como marmeleiro e jurema, que vão dominando a paisagem.
As pesquisas no Curimataú tiveram início em 2002, de forma explora-
tória, com o Projeto Instituto do Milênio do Semi-árido (IMSEAR), e se inten-
sificaram neste subprojeto PROBIO, tendo como principal objetivo conhecer
a biodiversidade da região, bem como disponibilizar informações sobre o
seu atual estado de conservação.
A. Áreas de estudo
2. Material e métodos
A. Florística
123
Os dados florísticos foram organizados em uma lista geral (Tabela 1),
considerando-se as distintas fitofisionomias e a sazonalidade das coletas. Co-
letas realizadas anteriormente nas duas localidades, principalmente aquelas
relacionadas ao projeto IMSEAR, depositadas no JPB, foram também con-
sideradas para elaboração da lista florística. As famílias botânicas seguem
APG II (APG, 2003), exceto no caso da ordem Malvales, na qual, para melhor
compreensão, foram consideradas separadamente as famílias Bombacaceae,
Malvaceae, Sterculiaceae e Tiliaceae. As abreviações dos nomes dos autores
das espécies foram feitas segundo Brummitt e Powell (1992).
Para cada fitosionomia, foi calculada a riqueza de espécies por famílias e o
número de espécies exclusivas e de espécies comuns às duas fitofisionomias. Es-
tas últimas foram analisadas ainda de acordo com a forma de vida das espécies.
Para caracterizar os endemismos presentes, tomou-se por base o tra-
balho de Giulietti et al. (2002) e o conhecimento específico da equipe em
grupos de sua especialidade (Solanaceae, Rubiaceae e Rhamnaceae).
A presença de espécies ameaçadas foi verificada através de consultas
à lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para Conser-
vação da Natureza de 2003 (IUCN, 2004) e à lista de espécies da flora brasi-
leira ameaçada de extinção de 1992 (IBAMA, 2004).
B. Fitossociologia
124
3. Resultados
A. Florística
125
Do total de espécies, 173 ocorreram na mata seca e 76 na caatinga,
sendo 34 espécies comuns às duas fisionomias (Apêndice I). Dessas últimas,
17 espécies (50%) são herbáceas ou subarbustivas, três (8,9%) arbustivas,
cinco (14,7%) arbóreas, seis (17,6%) trepadeiras, uma (2,9%) suculenta e duas
(5,9%) epífitas. Dentre estas, apenas oito espécies comuns às duas fisiono-
mias, três árvores (Aspidosperma pyrifolium, Commiphora leptophloeos e
Jatropha mollissima), três ervas ou subarbustos (Herissantia crispa, H. tiubae
e Sida galheirensis), uma trepadeira (Allamanda blanchetii), e uma suculenta
(Opuntia inamoena) são consideradas endêmicas do bioma.
No total, foram verificadas 25 espécies endêmicas do bioma Caatinga
(Tabela 1) e apenas 1 ameaçada, Myracrodruon urundeuva, espécie vulne-
rável, de acordo com a lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas
de extinção (IBAMA, 2004). Dentre as endêmicas, predominam as espécies
das famílias Cactaceae, Euphorbiaceae, Malvaceae e Rhamnaceae.
B. Fitossociologia
1. Estrato arbóreo
A comunidade arbórea no Parque Estadual da Pedra da Boca foi ca-
racterizada por 30 espécies, distribuídas em 18 famílias, com um diâmetro
médio à altura do peito (DAP) de 10,47 cm, e altura média de 7,44 m.
Na caatinga, amostraram-se nove espécies pertencentes a cinco famí-
lias, com diâmetro médio na base (DAB) de 8,43 cm e altura média de 4,28
m. As principais famílias foram Burseraceae, Leguminosae e Rhamnaceae.
As espécies que se destacaram em todos os parâmetros fitossociológicos
estudados foram Commiphora leptophloeos, Caesalpinia gardneriana, Pip-
tadenia stipulacea e Ziziphus cotinifolia (Tabela 2). A espécie de maior área
basal foi Commiphora leptophloeos (0,6186 m²).
Na mata seca, houve uma maior diversidade no conjunto de espécies
características, das quais as dez que se destacaram com relação ao IVI fo-
ram Pseudobombax sp., Bauhinia sp., Manihot caricaefolia, Myracrodruon
urundeuva, Myrtaceae sp., Machaerium sp., Hymenaea courbaril
courbaril, Indet. 3,
Syagrus oleracea e Jatropha mollissima (Tabela 3). As maiores áreas basais
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba
126
deuva (0,1060 m² e 1,5027 m3). As principais famílias foram Leguminosae,
Bombacaceae e Euphorbiaceae.
2. Estrato arbustivo
Em Cacimba de Dentro, foram amostradadas 13 espécies arbustivas
(Tabela 4), com diâmetro médio de 3,15 cm e altura média de 2,17 m. Na Pe-
dra da Boca, foram registradas 21 espécies (Tabela 5), com diâmetro médio
de 0,76 cm e altura média de 0,94 m.
Na caatinga, quatro espécies arbustivas se destacaram em todos os parâ-
metros: Croton sp., Croton sonderianus, Mimosa sp. e Jatropha mollissima. Na
mata seca, as principais espécies arbustivas em ordem decrescente de IVI foram
Malvaceae, Capparis flexuosa, Ruellia asperula, Indet. 3 e Chiococca alba.
As famílias mais importantes na caatinga foram Euphorbiaceae e
Leguminosae. Na mata seca foram Malvaceae, Rubiaceae, Capparaceae e
Acanthaceae.
Os índices de diversidade de Shannon para as duas áreas foram 1.952
e 2.556 nats/ind para a caatinga e a mata seca, respectivamente (Tabela 8).
127
Tabela 4. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbustivas registradas no inventário
realizado em uma localidade de caatinga em Cacimba de Dentro, Curimataú paraibano.
No.Amo. = número de quadrantes em que a espécie ocorreu; Dens.Re = densidade relativa
(%); Dom.Rel = dominância relativa (%), Freq.Re = freqüência relativa (%) e IVI = índice
do valor de importância.
No. No. Dens. Dom. Freq.
Espécie IVI
Ind Amo Re Rel Re
Croton sp. 23 10 28,75 21,87 21,28 71,89
Croton sonderianus 17 8 21,25 30,00 17,02 68,27
Mimosa sp. 14 8 17,50 16,36 17,02 50,88
Jatropha mollissima 11 6 13,75 15,50 12,77 42,01
Indet. 3 5 5 6,25 2,12 10,64 19,01
Croton rhamnifolius 2 2 2,50 5,37 4,26 12,12
Oxalis sp. 2 2 2,50 1,69 4,26 8,44
Indet. 2 1 1 1,25 2,03 2,13 5,41
Rhamnidium molle 1 1 1,25 2,03 2,13 5,41
Tournefortia paniculata 1 1 1,25 1,75 2,13 5,12
Euphorbiaceae 1 1 1,25 1,03 2,13 4,41
Nyctaginaceae 1 1 1,25 0,18 2,13 3,56
Indet. 1 1 1 1,25 0,09 2,13 3,47
128
3. Estrato subarbustivo
Na mata seca não foi possível separar as espécies subarbustivas das
arbustivas. Na caatinga entretanto, foram identificadas 23 espécies (Tabela 6)
pertencentes a 13 famílias. A família Malvaceae, sozinha, foi responsável por
mais de 40% do IVI, seguida por Sterculiaceae, com cerca de 9%.
Dentre as espécies, destacaram-se Sida sp., Sida galheirensis, Alther-
nanthera brasiliana e Helicteres sp.
O índice de diversidade de Shannon (H’) foi da ordem de 2.469 nats/ind
e a equabilidade, 0.787 (Tabela 8).
4. Suculentas
Foram amostradas, na fisionomia de caatinga, 8 espécies de plantas
consideradas suculentas (Tabela 7), dentre as quais uma, Agave sisaliana, foi
introduzida na região por cultivo há muitos anos.
Estiveram presentes em mais de 50% das amostras três espécies,
Opuntia palmadora, Pilosocereus pachycladus e Agave sisaliana, as respon-
sáveis pela imagem característica da paisagem de caatinga no Curimataú.
129
Tabela 7. Parâmetros fitossociológicos das espécies suculentas registradas no inventário
realizado em uma localidade de caatinga em Cacimba de Dentro, Curimataú paraibano.
No.Amo. = número de quadrantes em que a espécie ocorreu; Dens.Re = densidade relativa
(%); Dom.Rel = dominância relativa (%), Freq.Re = freqüência relativa (%) e IVI = índice
do valor de importância.
No. No. Dens. Dom. Freq.
Espécie IVI
Ind Amo Re Rel Re
Agave sisalana 14 10 17,50 63,27 21,74 102,51
Opuntia palmadora 33 17 41,25 8,91 36,96 87,11
Pilosocereus pachycladus 20 11 25,00 23,59 23,91 72,50
Bromelia laciniosa 4 3 5,00 1,94 6,52 13,46
Cnidoscolus infestus 5 2 6,25 0,22 4,35 10,82
Aechmea stelligera 2 1 2,50 1,36 2,17 6,03
Pilosocereus gounellei 1 1 1,25 0,59 2,17 4,01
Opuntia inamoena 1 1 1,25 0,13 2,17 3,56
Tabela 8 - Número de espécies (Ns), índice de Shannon (H’) e equabilidade (J) nas
diferentes formas de vida estudadas em duas fitofisionomias do Curimataú parainano.
Forma de vida Fisionomia Ns H’ J
Arbórea Caatinga 09 1,671 0,760
Mata seca 30 3,000 0,882
Arbustiva Caatinga 13 1,952 0,761
Mata seca 21 2,556 0,840
Subarbustiva Caatinga 23 2,469 0,787
Suculenta Caatinga 08
Tabela 9. Espécies herbáceas registradas no inventário realizado em uma localidade de caatinga em Cacimba de Dentro, Curimataú
paraibano. Freq. = Freqüência relativa (%) e n. ind. = número de indivíduos.
No No Espécie Freq no
Espécie Freq Espécie Freq
ind. ind. ind.
Diodia apiculata 12 549 Poaceae 2 4 18 Chamaecrista sp 1 5
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba
130
5. Estrato herbáceo
O estrato herbáceo foi amostrado apenas na caatinga, sendo compu-
tadas também nesse estrato as plântulas e indivíduos jovens de subarbustos
e trepadeiras.
Foram identificadas 50 espécies ou morfoespécies, das quais sete (He-
liotropium, Euphorbiaceae 1, Fabaceae 1, Sida sp., Poaceae 8, Portulaca pilo-
sa e Diodia apiculata) estiveram presentes em pelo menos 50% das amostras
(Tabela 9). A espécie de maior densidade foi Diodia apiculata.
4. Discussão e conclusões
131
a acelerada degradação pelo uso inadequado dos recursos vegetais que
compõem esse bioma. Algumas espécies, inclusive as endêmicas, correm
o risco de serem inseridas na lista das já ameaçadas de extinção, entre elas
o jatobá.
5. Referências bibliográficas
34-43, 1985.
MARTINS, F. R. Estrutura de uma flora mesófila. Campinas: Editora da UNI-
CAMP. 1991.
MELO, A.S.T.; SILVA, N.J. Solos. In: Governo do Estado da Paraíba. Atlas Geo-
gráfico do Estado da Paraíba. Ed. Grafset, João Pessoa. p. 32-33, 1985.
MOREIRA, E.R. Mesorregiões e Microrregiões da Paraíba, delimitação e ca-
racterização. GAPLAN, João Pessoa. 1988.
PINTO, L.T.M. Fundamentos da História e do desenvolvimento da Paraíba. Rio
de Janeiro: Ed. Leitura. 1973.
RODAL, M.J.N.; SAMPAIO, E.V.S.B. A vegetação do bioma Caatinga. In: SAM-
PAIO, E.V.S.B.; GIULIETTI, A.M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA - ROJAS, C.F.L. Ve-
getação e flora da Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nordeste/ Centro
Nordestino de Informações sobre Plantas. 2002. p. 11-24.
SHEPHERD, G.J. FITOPAC 1. Manual do usuário. Campinas: Departamento de
Morfologia e Sistemática, UNICAMP. 1995.
132
Apêndice I
Lista florística para duas localidades do Curimataú paraibano, com indicação de período de realização
da coleta, durante a seca ou chuva. Localidade A: Parque Estadual da Pedra da Boca, Araruna ( 6º27’43’’S e
35º41’21’’W); Localidade B: Fazenda Cachoeira de Capivara, Cacimba de Dentro ( 6º40’37’’S e 35º45’14’’W).
133
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Pyrostegia venusta (Ker
Bignoniaceae x Rita Lima 1700
Gawl.) Miers
Bixaceae Cochlospermum sp. x M.C. Pessoa 106
Bombacaceae Pseudobombax sp. x M.F.Agra 6057
Boraginaceae Cordia globosa (Jacq.) Kunth x Rita Lima 1707
Boraginaceae Cordia multispicata Cham. x M.R.Barbosa 2843
Boraginaceae Heliotropium bahiense DC. x M. R. Barbosa 2848
Boraginaceae Heliotropium claussenii A. DC. x Rita Lima 1762
Heliotropium transalpinum
Boraginaceae x Rita Lima 1717
Vell.
Tournefortia paniculata
Boraginaceae x Rita Lima 1713
Cham.
Bromeliaceae Aechmea stelligera L.B.Sm. x Rita Lima 1722
Bromelia laciniosa Mart. ex
Bromeliaceae x Rita Lima 1721
Schult.f.
Encholirium spectabile Mart.
Bromeliaceae x M. F. Agra 6179
ex Schult. f.
Bromeliaceae Tillandsia recurvata (L.) L. x x M. R. Barbosa 2371
Bromeliaceae Tillandsia streptocarpa Baker x x M. R. Barbosa 2372
Commiphora leptophloeos
Burseraceae x x M.R.Barbosa
(Mart.) J.B.Gillett
Cactaceae Cereus jamacaru DC. x M.R.Barbosa
Cactaceae Melocactus sp. x M.C. Pessoa 59
Cactaceae Opuntia inamoena K. Schum. x x Rita Lima 1745
Opuntia palmadora Britton &
Cactaceae x M.R.Barbosa
Rose
Pilosocereus gounellei
Cactaceae (F.A.C.Weber) Byles & x M.R.Barbosa
G.D.Rowley
Pilosocereus pachycladus
Cactaceae x M.R.Barbosa
F.Ritter
Cactaceae Rhipsalis sp. x M.C. Pessoa 68
Capparaceae Capparis flexuosa (L.) L. x M.R.Barbosa
Capparis jacobinae Moric. ex
Capparaceae x Rita Lima 1739
Eichler
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba
134
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Merremia macrocalyx (Ruiz
Convolvulaceae x M. F. Agra 6248
& Pav.) O’Donell
Cyperaceae Bulbostylis sp. x Rita Lima 1743
Cyperus aggregatus (Willd.)
Cyperaceae x M. R. Barbosa 2417
Endl.
Cyperus cf. flavus J. Presl &
Cyperaceae x M.R.Barbosa 2256
C. Presl
Ebenaceae Diospyros sp. x M. R. Barbosa 2424
Erythroxylaceae Erythroxylum sp. x Rita Lima 1724
Cnidoscolus cf. infestus Pax
Euphorbiaceae x M.F.Agra 6060
& K. Hoffm.
Euphorbiaceae Cnidoscolus urens (L.) Arthur x M. R. Barbosa 2374
Euphorbiaceae Croton sp. x Rita Lima 1718
Euphorbiaceae Croton hirtus L´Hér. x M.R.Barbosa s/n
Euphorbiaceae Croton moritibensis Baill. X x Rita Lima 1720
Croton sonderianus Müll.
Euphorbiaceae x x M.R.Barbosa
Arg.
Euphorbiaceae Croton rhamnifolius Willd. x x M.R.Barbosa
Euphorbiaceae Dalechampia scandens L. x M. F. Agra. 5861
Euphorbiaceae Euphorbia sp. x x Rita Lima 1785
Jatropha mollissima (Pohl)
Euphorbiaceae X x M.F.Agra 6195
Baill.
Euphorbiaceae Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. x M. R. Barbosa 2380
Euphorbiaceae Manihot glaziovii Müll. Arg. x Rita Lima 1710
Euphorbiaceae Manihot caricaefolia Pohl x M. R. Barbosa 2420
Phyllanthus cf. orbiculatus
Euphorbiaceae x x M.R.Barbosa 2862
Rich.
Sapium glandulatum (Vell.)
Euphorbiaceae x M. R. Barbosa 2385
Pax
Euphorbiaceae Sapium sp. x M. R. Barbosa 2421
Flacourtiaceae Prockia crucis P. Browne ex L. x M.R.Barbosa 2859
Hydrophyllaceae Hydrolea spinosa L. X Rita Lima 1658
Hypenia salzmannii (Benth.)
Lamiaceae X Rita Lima 1680
Harley
Lamiaceae Hyptis pectinata (L.) Poit. x M.F.Agra 5872
Lamiaceae Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. x M. R. Barbosa 2426
Marsypianthes chamaedrys
Lamiaceae x M. F. Agra 6164
(Vahl) Kuntze
Leguminosae Bauhinia sp. x M.R.Barbosa
Caesalpinia gardneriana
Leguminosae x M. R. Barbosa 2378
Benth.
Leguminosae Chamaecrista sp. x M.R.Barbosa
Desmodium glabrum (Mill.)
Leguminosae X Rita Lima 1661
DC.
Dioclea grandiflora Mart. ex
Leguminosae X x M. R. Barbosa 2414
Benth.
Leguminosae Hymenaea sp. x M.R.Barbosa
Luetzelburgia auriculata
Leguminosae X Rita Lima 1683
(Allemão) Ducke
Leguminosae Machaerium sp. x M.R.Barbosa
Mimosa tenuiflora (Willd.)
Leguminosae x M.R.Barbosa
Poir.
Leguminosae Mimosa sp. 1 X Rita Lima 1653
Leguminosae Mimosa sp. 2 x Rita Lima 1787
135
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Leguminosae Parkinsonia aculeata L. x M.F.Agra 6182
Piptadenia stipulacea
Leguminosae x M.R.Barbosa
(Benth.) Ducke
Leguminosae Rhynchosia minima (L.) DC. X Rita Lima 1678
Senna macranthera (DC. ex
Leguminosae X x Rita Lima 1679
Collad.) H.S. Irwin & Barneby
Senna spectabilis (DC) H.C.
Leguminosae X x M. R. Barbosa 2397
Irwin e Barneby
Leguminosae Senna sp. x M.R.Barbosa
Leguminosae Tephrosia purpurea (L.) Pers. X x Rita Lima 1685
Loasaceae Loasa rupestris Gardner x M.F.Agra 6233
Loranthaceae Struthanthus sp. X M.C. Pessoa 52
Lythraceae Cuphea sp. X x M.C. Pessoa 17
Banisteriopsis lutea (Griseb.)
Malpighiaceae X Rita Lima 1670
Cuatrec.
Galphimia brasiliensis (L.) A.
Malpighiaceae x M. R. Barbosa 2376
Juss.
Malpighiaceae Heteropteris sp. x M.F.Agra 6274
Mascagnia rigida (A. Juss.)
x M.R.Barbosa 2407
Griseb.
Malpighiaceae Stigmaphyllon sp. x Rita Lima 1714
Malpighiaceae Tetrapterys sp. x Rita Lima 1763
Malvaceae Abutilon sp. x M. F. Agra 6236
Malvaceae Gaya sp. x M.R.Barbosa
Herissantia tiubae (K.Schum.)
Malvaceae X x x Rita Lima 1659
Brizicky
Herissantia crispa (L.)
Malvaceae X x M.F.Agra 5868
Brizicky
Malvaceae Pavonia cancellata (L.) Cav. X M.F.Agra 6205
Malvaceae Sida galheirensis Ulbr. x x M. R. Barbosa 2379
Malvaceae Sida spinosa L. x M. R. Barbosa 2411
Malvaceae Sida cordifolia L. x M. F. Agra 6168
Sidastrum paniculatum (L.)
Malvaceae x Rita Lima 1663
Fryxell
Marantaceae Calathea sp. x Rita Lima 1728
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba
136
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Passifloraceae Passiflora cf. cincinnata Mast. x M.R.Barbosa 2852
Phytolaccaceae Microtea paniculata Moq. x Rita Lima 1704
Phytolaccaceae Rivina humilis L. x Rita Lima 1765
Plumbaginaceae Plumbago scandens L. x x Rita Lima 1656
Poaceae Pappophorum sp. x Rita Lima 1738
Rhynchelytrum repens
Poaceae x M. R. Barbosa 2423
(Willd.) C. E. Hubb.
Poaceae Poaceae 1 x M.R.Barbosa 2861
Polygalaceae Polygala violaceae Aubl. x x Rita Lima 1760
Polygonaceae Triplaris sp. x M.R.Barbosa
Portulacaceae Portulaca sp. x Rita Lima 1742
Portulacaceae Portulaca pilosa L. x x M. R. Barbosa 2383
Portulacaceae Talinum patens (L.) Willd. x M.R.Barbosa 2869
Talinum cf. racemosum (L.)
Portulacaceae x M.R.Barbosa 2858
Rohrb.
Gouania colurnaefolia
Rhamnaceae x Rita Lima 1690
Reissek
Rhamnaceae Ziziphus cotinifolia Reissek x M.R.Barbosa
Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Mart. x M. R. Barbosa 2384
Rhamnaceae Ziziphus platyphylla Reissek x M.C.Pessoa 30
Rhamnaceae Rhamnidium molle Reissek x M.R.Barbosa
Rubiaceae Alibertia sp. x M.C.Pessoa 67
Borreria verticillata (L.) G.
Rubiaceae x Rita Lima 1790
Mey
Rubiaceae Chiococca alba (L.) Hitchc. x Rita Lima 1735
Diodia apiculata (Willd. ex
Rubiaceae x M.R.Barbosa
Roem. & Schult.) K.Schum.
Rubiaceae Guettarda platypoda DC. x x Rita Lima 1687
Rubiaceae Leptoscela ruelloides Hook. f. x x Rita Lima 1688
Rubiaceae Randia nitida (Kunth) DC. x M.R.Barbosa
Rubiaceae Richardia brasiliensis Gomes x M.R.Barbosa
Allophylus cf. laevigatus
Sapindaceae x M.R.Barbosa 2863
Radlk.
Sapindaceae Cardiospermum corindum L. x x x M.R.Barbosa 2386
Sapindaceae Serjania glabrata Kunth x Rita Lima 1675
Talisia esculenta (A. St.-Hil)
Sapindaceae x M.R.Barbosa 2847
Radlk.
Sapindaceae Urvillea sp. x M.F. Agra 6232
Schizaeaceae Anemia sp. x M.R.Barbosa 2848
Scrophulariaceae Scoparia dulcis L. x x M.F.Agra 5682
Scrophulariaceae Stemodia maritima L. x x Rita Lima 1657
Stemodia pratensis (Aubl.)
Scrophulariaceae x x Rita Lima 1792
C.P. Cowan
Simaroubaceae Simaba ferruginea A. St.-Hil. x M.R.Barbosa
Smilacaceae Smilax sp. x Rita Lima 1778
Solanaceae Nicotiana glauca Graham x Rita Lima 1695
Solanaceae Physalis angulata L. x M.F.Agra 6188
Solanaceae Solanum paniculatum L. x M.F.Agra 6153
Solanum rhytidoandrum
Solanaceae x x M. R. Barbosa 2404
Sendtn.
Solanaceae Solanum sp. x x M.F.Agra 6173
Sterculiaceae Helicteres baruensis Jacq. x M.C. Pessoa 82
Sterculiaceae Helicteres sp. x Rita Lima 1727
137
Local A Local B Amostra
Família Espécie
Seca Chuva Seca Chuva representativa
Sterculiaceae Melochia pyramidata L. x x R. Lima 1667
Sterculiaceae Sterculia sp. x M.R.Barbosa
Sterculiaceae Waltheria indica L. x Rita Lima 1668
Sterculiaceae Walteria americana L. x M.F.Agra 6162
Tiliaceae Triumfetta sp. x Rita Lima 1674
Turneraceae Turnera sp. x x Rita Lima 1696
Typhaceae Typha domingensis Pers. x Rita Lima 1686
Ulmaceae Celtis sp. x M.R.Barbosa 2422
Ulmaceae Trema micrantha (L.) Blume x Rita Lima 1784
Verbenaceae Lantana camara L. x Rita Lima 1665
Verbenaceae Lantana canescens Kunth x M.F.Agra 5854
Verbenaceae Lippia sp. x M. R. Barbosa 2390
Stachytarpheta elatior
Verbenaceae x M.F.Agra 6207
Schrad. ex Schult.
Verbenaceae Vitex gardneriana Schauer x M. R. Barbosa 2418
Viscaceae Phoradendron sp. x M.C. Pessoa 42
Cissus simsiana Schult. &
Vitaceae x x Rita Lima 1711
Schult. f.
Vegetação e flora fanerogâmica do Curimataú, Paraíba
138
3.3
Vegetação e flora
fanerogâmica da área de
Betânia, Pernambuco
1. Introdução
140
de sua heterogeneidade fisionômica (RIZZINI, 1997). Por outro lado, quanto
à classificação florística, diversos autores têm apontado a homogeneidade
florística da caatinga (RIZZINI, 1997). Em oposição a essa idéia, estudos mais
recentes têm mostrado que, apesar da baixa riqueza florística por unidade de
área, no seu conjunto, a flora da caatinga (stricto sensu) é bastante diversifi-
cada, em função da variação ambiental (RODAL, 1983; RODAL, 1992). Como
exemplo, podemos citar a caatinga de Pernambuco, onde Rodal (1992) defi-
niu três conjuntos florísticos bastante variados, explicados basicamente em
função da maior ou menor disponibilidade hídrica, substrato e proximidade
geográfica.
Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar as características fisio-
nômicas, florísticas e estruturais presentes em quatro pontos próximos de
uma mesma unidade morfopedológica, a depressão sertaneja do complexo
cristalino, e em altitudes e clima similares.
2. Material e métodos
Perfil das fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta
Figura 1.
(Estrada e Rio), Pernambuco. (Fotos M. J. N. Rodal)
141
O clima na área da RPPN Cantidiano Valgueiro apresenta-se durante 12
meses com deficiência hídrica, precipitação média anual de 460 mm e tempe-
ratura média anual de 26ºC (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2003). Os terre-
nos têm litologia predominantemente composta por rochas pré-cambrianas
e altitudes em torno de 350 m a.n.m. Os solos predominantes são formados
por uma associação de brunos não cálcicos, solos litólicos eutróficos, planos-
solos e solonetz solodizados (EMBRAPA, 2003).
B. Metodologia
2. Componente herbáceo
Para a coleta dos dados do componente herbáceo, foi instalada
uma parcela de 1x 1m em cada ponto utilizado no levantamento dos com-
ponentes lenhoso, sublenhoso, e suculento, sendo esta subdividida em
142
subparcelas de 10x10 cm, totalizando 100 subparcelas. No total, foram
implantadas 20 parcelas por fitofisionomia, onde foram amostradas plan-
tas herbáceas, isto é, indivíduos não lignificados ou apenas lignificados
de maneira que tenham consistência suave em todos os órgãos, tanto
subterrâneos como aéreos (FONT QUER, 1985). No campo, foi possível
distinguir plântulas de espécies lenhosas das espécies herbáceas. Em
cada subparcela, foram coletados dados de amostras botânicas e ocor-
rência de espécies, plântulas, rocha e solo desnudo, este definido pela
ausência de cobertura vegetal ou rocha por subparcela.
Foi calculada a freqüência absoluta (MATTEUCCI; COLMA, 1982)
para as espécies, plântulas, rocha e solo nas diferentes fitofisionomias e
por parcela.
A diversidade das herbáceas foi calculada em termos de índices de
diversidade como Simpson e Shannon, empregando como medida de
abundância da espécie sua presença em cada uma das 2000 subparce-
las por fitofisionomia, além dos ajustes aos modelos de distribuição de
abundância (MAGURRAN, 1989; MARTINS; SANTOS, 1999).
143
3. Resultados e discussão
Tabela 1. Número de famílias e espécies por fitofisionomia, situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo
Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco. NT = número de taxa e AA = área amostral em hectare.
Cavalo
Categoria Açudinho Estrada Rio Total
Hábito Morto
taxonômica
NT AA NT AA NT AA NT AA NT AA
Espécies 12 11 7 10 21
Arbóreo 0,058 0,069 0,053 0,147 0,312
Famílias 6 7 5 6 10
Espécies 7 8 6 4 12
Arbustivo 0,033 0,018 0,053 2,204 1,029
Famílias 5 6 4 4 6
Espécies 6 9 5 5 14
Subarbustivo 0,002 0,004 0,002 0,031 0,028
Famílias 5 6 4 4 9
Espécies 5 6 4 4 7
Suculento 0,065 0,123 0,263 0,157 0,572
Famílias 1 1 1 1 1
144
Tabela 2. Famílias com maior proporção de espécies (%) nos diferentes hábitos por fitofisionomia, situadas nos municípios de
Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Hábito Famílias Acudinho Cavalo Morto Estrada Rio Total
Arbóreo Mimosaceae 31 25 13 18 24
Euphorbiaceae 31 17 38 18 24
Caesalpiniaceae 08 17 13 27 19
Arbustivo Euphorbiaceae 43 38 33 25 31
Sterculiaceae - 13 33 25 23
Verbenaceae 14 13 17 25 15
Subarbustivo Malvaceae 33 30 40 40 21
Convolvulaceae - 20 - - 14
Euphorbiaceae - 10 20 20 14
Suculento Cactaceae 100 100 100 100 100
Euphorbiaceae 19 25 16 10 37
Herbáceo Poaceae 39 16 16 21 47
2. Componente herbáceo
A Tabela 3 mostra que em termos do número total de espécies por
fitofisionomia, não houve diferença entre as quatro áreas (29 - Rio a 32
- Cavalo Morto e Estrada). O mesmo ocorreu com o número de famílias,
que variou de 14 (Açudinho) a 19 (Estrada).
As famílias de maior riqueza de espécies no conjunto das quatro
fitofisionomias foram Poaceae e Euphorbiaceae, respondendo por cerca
de 83% do total de espécies. Euphorbiaceae apresentou maior número
de espécies no Açudinho e Cavalo Morto, enquanto Poaceae teve maior
riqueza no Açudinho e Rio (Tabela 3).
Araújo et al. (2002) citaram 354 espécies herbáceas em 18 municí-
pios situados na caatinga pernambucana e observam que Poaceae, Aste-
145
raceae, Fabaceae, Euphorbiaceae, Convolvulaceae e Malvaceae respondem
por 51% do total de espécies. Dentre os 15 trabalhos levantados, cinco cita-
ram Poaceae como a família de maior riqueza (RODAL, 1984; SANTOS, 1987;
FIGUEIRÊDO et al., 2000; ARAÚJO et al., 2002; PESSOA et al., enviado), três,
Euphorbiaceae (COSTA, 2001; COSTA, 2002; FEITOZA, 2004), três, Asteraceae
(MEDEIROS, 1995; GADELHA-NETO, 2000; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003)
e dois, Malvaceae (SILVA, 2003; REIS, 2004).
Merece destaque o fato de alguns autores listarem Malvaceae como
uma das mais importantes em riqueza de espécies no componente herbáceo
da caatinga. As observações de campo mostram que, em geral, os represen-
tantes dessa família apresentam até quase a metade do caule lignificado.
Segundo Font Quer (1985), essas características se enquadrariam melhor na
categoria de subarbusto do que na de erva, uma vez que a conceituação de
herbáceas inclui indivíduos pouco ou não lignificados.
Os resultados das áreas de estudo e das revisões dos levantamentos
em áreas de caatinga indicam que Leguminosae (sensu ENGLER) é a família
mais rica dentre as árvores. Todavia, nos diferentes hábitos, exceto suculen-
tas, Euphorbiaceae destaca-se como a família com maior diversidade de há-
bitos e riqueza de espécies.
146
GUILLEN et al., 2002). Apesar disso, essa lista é de grande importância, pois
pela primeira vez há uma síntese do conhecimento da distribuição de taxa do
bioma Caatinga.
A maioria das herbáceas (26) tem ampla distribuição, isto é, aparecem
desde a América do Norte, passando pela Central e do Sul até outros con-
tinentes. Três aparecem na mesoamérica e centro-norte da América do Sul
(México ao norte da América do Sul); cinco ocorrem no centro-sul da América
do Sul e cinco herbáceas são endêmicas: Angelonia cornigera (Scrophula-
riaceae), Oxalis glaucescens (Oxalidaceae), Paspalum scutatum (Poaceae),
Phyllanthus heteradenius (Euphorbiaceae) e Hyptis leucocephala (Lamiace-
ae). Dessas, apenas A. cornigera e H. leucocephala foram citadas por Giulietti
et al. (2002) na lista de espécies endêmicas da caatinga.
É possível que o reduzido número de endêmicas entre as ervas se deva
a duas questões. A primeira refere-se ao fato de que a flora herbácea, como
um todo, é composta de espécies de ampla distribuição, muitas das quais
ruderais, como Ageratum conyzoides e Centraterum puncutatum (Asterace-
ae), Croton lobatus e Chamaesyce hyssopifolia (Euphorbiaceae), Eragrostis
pilosa (Poaceae), entre outras (KISSMANN,1991; LORENZI, 1991; KISSMANN;
GROTH, 1992). A segunda diz respeito à falta de revisões taxonômicas de
grupos importantes da caatinga.
Tabela 4. Cobertura de copa em % de área de solo, altura média em metros, e densidade média de indivíduos por hectare, em
fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Fito = fitofisionomia; Arv = Árvore; Arb = Arbusto; Sub = Subarbusto; Suc = Suculenta; C. = Cavalo.
Fito. Cobertura Altura média Densidade média
Arv Arb Sub Arv Arb Sub Suc Arv Arb Sub Suc
Açudinho 142,9 43,02 13,84 4,00 1,33 0,52 0,61 1380 2437,50 34250 1240,0
C. Morto 93,97 67,13 9,32 3,59 1,10 0,40 0,84 1160 4480,67 22122 652,6
Estrada 85,77 6,93 25,72 2,65 1,07 0,59 0,67 1505 1514,11 32234 304,1
Rio 24,98 0,36 2,81 2,12 1,43 0,44 0,48 544 36,30 2545 510,2
147
nuiu, houve um aumento do grau de cobertura do arbustivo, basicamente
em função da densidade e não da área de copa dos arbustos. Em Estrada,
o grau de cobertura dos subarbustos foi superior ao dos arbustos. Esse
fato se deve muito mais à maior densidade dos subarbustos do que a sua
área de copa. Apesar de os arbustos, em geral, apresentarem maior área
de copa, na área Rio, os subarbustos tiveram maior grau de cobertura,
basicamente em função da baixíssima densidade dos arbustos. Das qua-
tro áreas, a fitofisionomia Rio foi a mais diferenciada, em função de seu
menor grau de cobertura e de sua baixa densidade nos diferentes hábi-
tos, exceto para suculentas (Tabela 4).
Os dados de fisionomia acima apresentados mostram dois padrões
definidos basicamente pela densidade, altura e grau de cobertura de árvo-
res e arbustos, evidenciando a importância desses hábitos na definição de
padrões fisionômicos na Caatinga. Um extremo seria representado pela área
do Açudinho e o outro pela área do Rio, sendo as outras áreas separadas pela
maior (Cavalo Morto) e menor (Estrada) densidade de arbustos.
Todas as fitofisionomias apresentaram altura média de árvores me-
nor ou igual a quatro metros, indicando o baixo porte da vegetação. Re-
sultados similares também foram observados por Figuêiredo et al. (2000)
e Lemos e Rodal (2002). De um modo geral, as áreas de caatinga apre-
sentam vegetação de baixo porte, especialmente quando comparadas às
formações florestais estacionais (FERRAZ et al., 2003) e ombrófilas (TA-
VARES et al., 2000) contíguas à caatinga. As diferenças entre as quatro
fitofisionomias também ocorrem em função das diferentes proporções
de cobertura de árvores.
De acordo com a revisão apresentada por Sampaio (1996), a porcenta-
gem de indivíduos mortos no Rio (2,5%) pode ser considerada baixa e alta
nas demais fitofisionomias, variando de 7,5% (Açudinho) a 15% (Estrada).
Das espécies arbóreas, Caesalpinia gardneriana (Caesalpiniaceae) este-
ve presente em todas as fitofisionomias, sendo também a espécie de maior va-
lor de importância (VI) (Tabela 5). Os indivíduos mortos também apresentaram
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco
148
Tabela 5. Espécies com maior valor de importância (VI) em fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho
e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
VI
Hábito Espécies Cavalo
Açudinho Estrada Rio Total
Morto
Caesalpinia gardneriana 83,1 101,0 132,1 124,2 105,6
Morta 45,4 53,9 54,7 11,8 43,6
Arbóreo Cnidoscolus bahianus 43,6 - - - 11,0
Commiphora leptophloeos - 41,8 - - 17,8
Aspidosperma pyrifolium 13,4 10,5 55,5 102,9 41,2
Croton rhamnifolioides 158,0 56,3 57,0 - 89,9
Ditaxis sp. 57,4 - 4,3 - 16,0
Croton sonderianus 42,4 5,3 - 5,7 17,3
Arbustivo Cordia leucocephala 9,2 155,0 193,0 32,4 82,4
Jatropha ribifolia - 56,1 - - 11,1
Lippia sp. 5,8 - 19,0 171,9 42,8
Melochia tomentosa - - 19,1 90,0 25,2
Neoglaziovia variegata 222,1 67,8 27,4 - 92,0
Herissantia tiubae 27,5 80,6 44,1 57,8 57,6
Sida galheirensis 21,5 57,5 155,6 26,5 32,2
Subarbustivo Jacquemontia sp.1 - 23,3 - - 10,5
Jacquemontia sp.2 - 22,5 - - 1,6
Croton rhamnifolius - 58,5 140,5 52,4
Waltheria sp. 4,4 - 14,5 71,3 24,4
Opuntia palmadora 119,8 69,6 157,7 - 74,9
Arrojadoa rhodantha 125,7 29,1 - - 31,7
Suculento Pilosocereus pachycladus - 131,0 - - 78,6
Melocactus oreas 4,8 - 134,0 11,7 36,4
Pilosocereus gounellei - 24,7 4,1 196,6 34,9
149
A – Árvores B – Arbustos
C – Subarbustos D – Suculentas
Dendrograma com base na presença-ausência de espécies de diferentes hábitos nas quatro fitofisionomias
Figura 2 situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco
A – Árvores B – Arbustos
Dendrograma com base na abundância (densidade) de espécies de diferentes hábitos nas quatro fitofisionomias
Figura 3 situadas nos municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
150
2. Componente herbáceo
Das 64 espécies amostradas, apenas duas ocorreram em mais de 50%
das parcelas, Bernardia sidoides (Euphorbiaceae) e Samolus sp. (Primulaca-
eae), 12 espécies foram encontradas em apenas uma parcela e 70% em no
máximo 10 parcelas.
A espécie mais freqüente no Açudinho foi Poaceae 6 (53%), seguida
por Aristida setifolia com 21,5%, Poaceae 4 com 19% e Paspalum fimbriatum
com 16%, todas da família Poaceae. O estrato herbáceo pode ser considerado
bastante esparso, pois solo desnudo, rocha e plântula ocorreram com 93%,
53% e 2% de frequência absoluta, respectivamente (Tabela 6).
No Cavalo Morto, destacou-se Diodia apiculata (Rubiaceae) com 32%
de freqüência absoluta, seguida por Poaceae 1 (28%), Mitracarpus scabrellus
(Rubiaceae), com 24%, Selaginella convoluta (Selaginellaceae), com 23%,
Portulaca oleracea, (Portulacaceae) com 21%, e Cyperus cuspidatus (Cypera-
ceae) com 20%. Solo desnudo, rocha e plântula ocorreram em 87%, 12,7% e
19% das parcelas, respectivamente (Tabela 6).
As espécies de maior freqüência absoluta na fitofisionomia Estrada
foram: Mitracarpus scabrellus (Rubiaceae), com 41%, seguida por Bernar-
dia sidoides (Euphorbiaceae), com 28%, Portulaca elatior (Portulacaceae),
com 22%, Cyperus cuspidatus (Cyperaceae), com 17%, e Cuscuta suaveolens
(Convolvulaceae), com 15%. Solo desnudo, rocha e plântula ocorreram em
64%, 96% e 3% das parcelas, respectivamente (Tabela 6).
Na área do Rio, Mitracarpus scabrellus (Rubiaceae) apresentou maior
freqüência, com 19%, seguida por Aristida adscensionis (Poaceae), com 18%,
Cyperus sp. (Cyperaceae) e Gomphrena demissa (Amaranthaceae), ambas
com 14%. Rocha, solo desnudo e plântula ocorreram em 82%, 76% e 9% das
parcelas, respectivamente (Tabela 6).
Tabela 6. Espécies herbáceas com maior freqüência absoluta (%) e dados de cobertura do
solo por fitofisionomia, situadas nos municípios de Betânia (Açudinho e Cavalo Morto) e
Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
Espécies Açudinho Cavalo Morto Estrada Rio
Poaceae 6 53,0 - - -
Aristidia setifolia 21,5 - - -
Poaceae 4 19,0 4,0 10,0 -
Paspalum fimbriatum 16,0 - - -
Poaceae 1 11,2 28,4 10,0 2,0
Diodia apiculata - 32,4 - -
Selaginella convoluta 7,0 24,4 - 5,7
Mitracarpus scabrellus - 24,2 40,8 19,7
Portulaca oleracea 20,8
Bernardia sidoides 6,8 9,0 28,4 4,8
Portulaca elatior - 2,0 22,5 6,8
Cyperus cuspidatus 6,0 20,5 17,2 -
Cuscuta suaveolens - - 15,0 -
Froelichia humboldtiana - - 12,3 8,1
Aristida adscensionis - - - 17,7
Cyperus sp. - - - 14,3
Gomphrena demissa - - - 14,3
Turnera pumilea 3,5 2,0 - 10,6
Rocha 53,5 12,7 96,4 78,8
Plântula 2,1 19,1 3,4 8,9
Solo desnudo 92,9 86,6 64,0 77,8
151
Com relação às formas de vida, as espécies com maior frequência ab-
soluta nas quatro fitofisionomias foram terófitos, hemicriptófitos e criptófitos
do tipo geófito.
Os dados indicam que não há grande variação no número de espécies
entre fitofisionomias. Ao contrário deste trabalho, o levantamento de Santos
(1987) registrou desde 21 espécies (vegetação no planossolo) a 69 (vegetação
no regossolo raso). Todavia, é interessante destacar que o número médio de
espécies por parcela variou de 5,8 (Açudinho) a 9,1 (Estrada). Tecer mais con-
siderações a respeito da influência de aspectos abióticos (solo) ainda é pre-
maturo, uma vez que o trabalho de Santos (1987) não foi explícito quanto ao
estádio sucessional das áreas, nem quanto ao intervalo de coleta de dados.
Tratam-se de observações importantes, pois a experiência de campo indica
que as herbáceas anuais apresentam um ciclo de vida bastante curto, mesmo
dentro do período chuvoso, e que áreas mais perturbadas têm maior riqueza
de herbáceas. Além disso, o fato de as áreas de Floresta apresentarem maior
recobrimento de rocha e menor proporção de solo desnudo talvez crie uma
maior disponibilidade de sítios, o que favoreceria a maior riqueza média de
espécies por parcela. Também é possível que os solos mais argilosos nas
áreas de Floresta, com maior retenção de água, influenciem o maior número
de espécies por parcela.
A análise de similaridade com base na presença-ausência de espécies
herbáceas nas quatro fitofisionomias (Figura 4) indica que as áreas de Betâ-
nia foram mais similares entre si (59%) do que as áreas de Floresta (49%) e
que a união entre esses dois grupos ocorre em um nível de similaridade de
43%. Tais valores podem ser considerados altos (MUELLER-DUMBOIS; EL-
LENBERG, 1974), indicando que, em termos do estrato herbáceo, as quatro
fitofisionomias podem ser consideradas uma mesma unidade florística.
Os resultados da análise de espécies indicadoras também apontam
para a existência de dois grupos, um englobando 85% das parcelas do Açu-
dinho e 90% do Cavalo Morto e outro englobando 100% das parcelas da área
da Estrada e 95% das parcelas do Rio.
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco
Dendrograma com base na presença-ausência de espécies herbáceas nas quatro fitofisionomias situadas nos
Figura 4 municípios de Betânia/Floresta (Açudinho e Cavalo Morto) e Floresta (Estrada e Rio), Pernambuco.
152
As análises de espécies indicadoras e de agrupamento mostram resul-
tados similares, separando as fitofisionomias de Açudinho/Cavalo Morto e
Estrada/Rio. Tais resultados reforçam os resultados das plantas não herbáce-
as, uma vez que o nível de similaridade florística entre as quatro fisionomias
é alto (43%), levando à conclusão de que as quatro áreas representam uma
única comunidade vegetal.
D. Diversidade
153
Tabela 9. Número de indivíduos (Nº Ind.), número de espécies (Nº esp.), precipitação (mm/ano), altitude (m) e índices de Shannon
(H`) por fitofisionomia dos municípios de Betânia e Floresta, Pernambuco, em 22 trabalhos realizados na caatinga. AA = área
amostral (ha); CI = critério de inclusão; DAP = diâmetro do caule à altura do peito; DAS = diâmetro do caule à altura do solo; AT =
altura total; 1= DAP (1,30m) > 5cm; 2= DAS (50cm) > 3cm; 3= DAS (1,30m) < 6cm e AT < 5m; 4= DAS < 6cm e AT < 3m; 5= DAS > 3cm;
6= DAS > 3cm e AT > 1m; 7= DAS > 5cm e AT > 1m; 8= DAS > 6cm e AT > 3m; 9= D > 4cm; 10=DAP (1,30m) > 6cm e AT > 5m; SC= sem
critério de inclusão. NA = número de áreas.
Nº Nº
Referência Localidade Altitude Precipitação NA AA CI Shannon
Ind. Esp.
Este trabalho Açudinho 513 511 1 0,06 6 80 18 2,387
Este trabalho Cavalo Morto 534 511 1 0,07 6 80 18 2,369
Este trabalho Estrada 370 460 1 0,05 6 80 12 1,957
Este trabalho Rio 357 460 1 0,15 6 80 13 1,872
Albuquerque
et al. (1982) Petrolina 376 420 1 1,48 8 1200 22 2,089
(arbóreo)
Albuquerque
et al. (1982) Petrolina 346 420 1 0,15 4 1200 9 1,786
(arbustivo)
Alcoforado-Filho
Caruaru 530 694 1 0,72 6 2743 53 3,034
et al. (2003)
Brejo da Madre
Andrade (2000) 646 553 1 1 6 2695 32 2,343
de Deus
Araújo et al. Floresta e 0,07- 370- 1,884-
475 632-651 3 7 22-27
(1995) Custódia 0,13 388 2,585
Serra Negra do 0,05- 206- 1,016-
Camacho (2001) 220-385 497 4 6 9-13
Norte 0,2 1403 1,781
Ferraz et al. 0,1- 333- 1,697-
Serra Talhada 500-700 679 2 6 22-34
(2003) 0,2 646 2,206
0,1- 1,675-
Ferreira (1988) Açú 30 704 2 1 86-100 14-19
0,14 2,176
Figueirêdo et al.
Buique 600 600 1 0,22 6 362 33 2,364
(2000)
Figueirêdo (2000) Sertânia 450 600 1 1 6 1143 32 2,323
Região 1,067-
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco
154
Tabela 9 (continuação)
Nº Nº
Referência Localidade Altitude Precipitação NA AA CI Shannon
Ind. Esp.
Tavares et al. 606- 1,195-
Quixadá 180 866 5 1 2 10-24
(1969b) 1128 1,926
Ouricurí/
Bodocó;
Tavares et al. 232- 1,158-
Petrolina e 376-452 420-591 15 1 2 17-28
(1970) 971 2,576
Santa Maria da
Boa Vista
E. Componente herbáceo
155
F. Espectro biológico
Espectro biológico médio das quatro fitofisionomias estudadas em Betânia/ Floresta, Pernambuco (PROBIO), e dos
Figura 5
propostos por Raunkiaer (1934) para caracterização dos fitoclimas camefítico, hemicriptofítico, terofítico e fanerofítico.
156
do empobrecimento do ambiente causado pela longa duração e severidade
da estação seca, similar ao registrado na caatinga.
Tais resultados mostram que são necessários mais estudos caracte-
rizando o espectro biológico dos diferentes tipos fisionômicos de caatinga
stricto sensu para que seja possível tecer conclusões mais concretas em um
contexto regional.
Tabela 10. Espectro biológico médio das áreas de Betânia e Floresta e de tipos vegetacionais ou fisionomias em áreas de climas
secos na região tropical. Fan = fanerófito; cam = caméfito; hem = hemicriptófito; cri = criptófito; ter = geófito.
Formas de vida %
Tipo vegetacional
Área Referência Total de
ou fisionomia fan cam hem cri ter
espécies
Betânia/Floresta,
Caatinga Pernambuco, Este estudo 35,0 12,7 15,9 3,2 33,4 63
Brasil.
Namaqualand, Rooyen et al.
Deserto 6,0 32,0 17,0 16,0 29,0 582
África do Sul. (1990)
Parque Nacional
Batalha e
Cerrado das Emas, Goiás, 66,3 11,5 18,58 0,9 1,8 601
Martins (2004)
Brasil.
Vegetação Ilha do Mar Christodoulakis
7,0 7,0 23,0 14,0 49,0 829
mediterrânea Egeu, Grécia. (1995)
Terra do Fogo, Mark et al.
Floresta decídua 4,0 38,0 59,0 - - 80
Argentina. (2001)
São José do
Caatinga arbórea Piauí, Piauí, Mendes (2003) 80,2 6,5 - 2,9 9,5 136
Brasil.
4. Considerações finais
157
riqueza entre as fitosionomias concentraram-se basicamente no componente
lenhoso (árvores e arbustos).
As fitofisionomias apresentam proporção de fanerófitos e caméfitos
próxima das vegetações secas de maior porte como florestas deciduais. To-
davia, o maior número de suculentas (fanerófitos) e terófitos as aproxima
do espectro dos desertos e vegetação mediterrânea. Para conclusões mais
concretas em um contexto regional, há necessidade de maior número de es-
tudos caracterizando o espectro biológico dos diferentes tipos fisionômicos
de caatinga stricto sensu.
Agradecimentos
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Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco
162
Apêndice I
Lista das espécies encontradas nas fitofisionomias das RPPNs Maurício Dantas (Açudinho e Cavalo Mor-
to), entre os municípios de Betânia e Floresta, e Cantidiano Valgueiro (Estrada e Rio), no município de Flores-
ta, Pernambuco. Essas espécies estão depositadas no herbário Professor Vasconcelos Sobrinho. * = espécies
endêmicas do bioma Caatinga; ** = espécies coletadas na área de estudo e não amostradas; x - presença das
espécies nas quatro fitofisionomias situadas nos municípios de Betânia (B) (Açudinho e Cavalo Morto) e Flo-
resta (F) (Estrada e Rio), Pernambuco. SUB = subarbusto; E = erva; ARV = árvore; S = suculenta; TH = trepadeira
herbácea; C = caméfito; T = terófito; MI = microfanerófito; NA = nanofanerófito; G = criptófito do tipo geófito; H
= hemicriptófito; FV - Forma de vida.
Fitofisionomias
Forma de vida
Nº coleta
Cavalo Morto
Coletor
Hábito
RPPN
Famílias/ Espécies
Açudinho
Estrada
Rio
Acanthaceae
Ruellia asperula (Mart. & Ness) Lindau SUB C A.D.C.Cavalcanti 96 MD x
Ruellia geminiflora Kunth SUB C A.D.C.Cavalcanti 95 MD x
Amaranthaceae
Froelichia humboldtiana Roem & Schult E T L. M. Pessoa 81 CV x x
Gomphrena angustifolia Mart.** E H L. M. Pessoa 92 CV x
Gomphrena demissa Mart E H L. M. Pessoa 74 CV x
Anacardiaceae
Myracrodruon urundeuva Allemão* ARV MI A.D.C.Cavalcanti 46 MD x x x
Apocynaceae
Aspidosperma pyrifolium Mart. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 09 MD x x x x
Boraginaceae
Cordia leucocephala Moric. * ARB NA A.D.C.Cavalcanti 04 MD x x x x
Heliotropium angiospermum Murray E T A.C.B.Lins e Silva 262 MD x
Bromeliaceae
Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez * SUB H A.D.C.Cavalcanti 42 MD x x x
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett ARV MI A.D.C.Cavalcanti 50 MD x
Cactaceae
Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose * S C A.D.C.Cavalcanti 16 MD x x
Cereus jamacaru DC. S MI A.D.C.Cavalcanti 59 MD x x x x
Melocactus oreas Miq. * S C A.D.C.Cavalcanti 20 MD x x x
Opuntia inamoena K. Schum. * S C A.D.C.Cavalcanti 17 MD x x x
Opuntia palmadora Britton & Rose* S C A.D.C.Cavalcanti 18 MD x x x
Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & S C A.D.C.Cavalcanti 58 MD x x x
G.D. Rowley *
Pilosocereus pachycladus F. Ritter * S MI A.D.C.Cavalcanti 19 MD x
Caesalpiniaceae
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. ARV NA A.D.C.Cavalcanti 03 MD x
Caesalpinia gardneriana Benth. * ARV MI L.M.Pessoa 61 CV x x x x
Caesalpinia microphylla Mart. ex G. Don * ARV MI L.M.Pessoa 62 CV x
Chamaecrista sp. E T L. M. Pessoa 99 CV x
Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby ARV MI A.D.C.Cavalcanti 67 CV x
163
Fitofisionomias
Forma de vida
Nº Coleta
Cavalo Morto
Coletor
Hábito
RPPN
Famílias/ Espécies
Açudinho
Estrada
Rio
Capparaceae
Cleome guianensis Aubl. E T L. M. Pessoa 65 CV x x
Cleome lanceolata (Mart. & Zucc.) H.H. Iltis E T L. M. Pessoa 55 CV x x
Cleome ternicifolia (Mart. & Zucc.) H.H. Iltis ** E T L. M. Pessoa 79 MD x
Combretaceae
Combretum duarteanum Cambess. ARB NA L.M.Pessoa 42 MD x x
Commelinaceae
Commelina obliqua Vahl E H A.C.B.Lins e Silva 274 MD x x
Convolvulaceae
Cuscuta suaveolens L. E T L. M. Pessoa 82 CV x
Evolvulus sp. 1 E H L. M. Pessoa 100 CV x x
Evolvulus sp. 2 E H L. M. Pessoa 64 MD x
Evolvulus sp. 3 E C L. M. Pessoa 101 CV x
Jacquemontia martii Meisn. SUB C A.D.C.Cavalcanti 97 MD x
Jacquemontia sp. 1 SUB C A.D.C.Cavalcanti 98 MD x
Jacquemontia sp. 2 SUB C A.D.C.Cavalcanti 99 MD x
Cyperaceae
Cyperus cuspidatus Kunth E G A.C.B.Lins e Silva 275 CV x x x
Cyperus sp. E T L. M. Pessoa 102 CV x
Erythroxylaceae
Erythroxylum pungens O.E.Schulz * ARB NA A.D.C.Cavalcanti 12 MD x x
Erythroxylum sp. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 66 CV x
Euphorbiaceae
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco
164
Fitofisionomias
Forma de vida
Nº Coleta
Cavalo Morto
Coletor
Hábito
RPPN
Famílias/ Espécies
Açudinho
Estrada
Rio
Fabaceae
Centrosema virginianus Griseb. E T L. M. Pessoa 109 MD x x
Stylosanthes sp. ** E T A.D.C.Cavalcanti 90 CV x
Zornia sp. E T A.D.C.Cavalcanti 91 CV x
Flacourtiaceae
Prockia crucis P. Browne ex L. ARV MI A.C.B.Lins e Silva 257 MD x
Laminaceae
Hyptis leucocephala Mart. ex Benth. * E C L. M. Pessoa 75 MD x x
Satureja sp. ** E T L. M. Pessoa 111 CV x
Lytraceae
Cuphea campestris (Mart.) Koehne E T L. M. Pessoa 87 CV x x
Malpighiaceae
Desconhecida ARV NA L. M. Pessoa 90 MD x
Malvaceae
Herissantia tiubae (K. Schum.) Brizicky SUB C A.D.C.Cavalcanti 40 MD x x x x
Sida galheirensis Ulbr. SUB C L. M. Pessoa 45 MD x x x x
Mimosaceae
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan ARV MI A.D.C.Cavalcanti 07 MD x
Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. * ARV MI A.D.C.Cavalcanti 11 MD x
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 08 MD x x
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke ARV MI L.M.Pessoa 96 MD x x x
Pithecellobium diversifolium Benth. ARV MI A.D.C.Cavalcanti 64 CV x x x
Molluginaceae
Mollugo verticilata L. E T A.C.B.Lins e Silva 264 MD x x x x
Oxalidaceae
Oxalis glaucescens Norlind. * E T A.C.B.Lins e Silva 273 MD x
Oxalis hedysarifolia Raddi E T A.C.B.Lins e Silva 271 MD x
Phytolacaceae
Microtea paniculata Mog. E T L. M. Pessoa 52 CV x x x
Poaceae
Aristida adscensionis L. E T L. M. Pessoa 110 CV x
Aristida setifolia Kunth E H L. M. Pessoa 66 CV x
Bouteloa aristidoides (Humb., Bonpl. & E H L. M. Pessoa 67 CV x
Kunth.) Griseb.
Eragrostis pilosa (L.) P. Beauv. E H A.D.C.Cavalcanti 80 MD x
Panicum trichoides Sw. E H A.D.C.Cavalcanti 82 MD x x x x
Paspalum fimbriatum Kunth E T A.D.C.Cavalcanti 81 MD x
Paspalum scutatum Nee ex Trin. * E H L. M. Pessoa 68 CV x
Tragus bertoronianus Schult. E H A.D.C.Cavalcanti 79 MD x x x x
Urochloa mollis (SW.) Marrone & Zuloaga E T L. M. Pessoa 44 MD x
Poaceae 0 E T A.D.C.Cavalcanti 88 CV x
Poaceae 1 E T A.D.C.Cavalcanti 83 MD x x x x
Poaceae 2 E G A.D.C.Cavalcanti 84 MD x x x
Poaceae 4 E H A.D.C.Cavalcanti 86 MD x x x
Poaceae 5 E H A.D.C.Cavalcanti 87 MD x
165
Fitofisionomias
Forma de vida
Nº Coleta
Cavalo Morto
Coletor
Hábito
RPPN
Famílias/ Espécies
Açudinho
Estrada
Rio
Poaceae 6 E H A.D.C. Cavalcanti 85 MD x
Polygalaceae
Polygala brasiliensis L. E T L. M. Pessoa 78 MD x x
Polygala brizoides A. St.- Hil. & Schal. E T L. M. Pessoa 60 CV x
Polygala sp. ** E T L. M. Pessoa 56 CV x
Portulacaceae
Portulaca elatior Mart. Ex Rohrb. E H L. M. Pessoa 49 CV x x x
Portulaca oleracea L. E H L. M. Pessoa 59 CV x x x
Primulaceae
Samolus sp. E T L. M. Pessoa 53 CV x
Desconhecida E T A.C.B.Lins e Silva 92 CV x x x x
Rubiaceae
Borreria scabizoides Cham. et Schal. E T L. M. Pessoa 95 CV x
Diodia apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.) E T L. M. Pessoa 57 CV x
K. Schum.
Mitracarpus scabrellus Benth. E T L. M. Pessoa 94 CV x x x
Scrophulariaceae
Angelonia cornigera Hook. * E T L. M. Pessoa 89 CV x x
Scoparia sp. SUB H A.D.C. Cavalcanti 65 CV x
Selaginellaceae
Selaginella convoluta (Arn.) Spring E T A.C.B. Lins e Silva 269 CV x x x
Solonaceae
Schwenckia sp. E T A.D.C. Cavalcanti 94 CV x
Sterculiaceae
Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco
166
3.4
Flora criptogâmica do
Curimataú, Paraíba
1. Introdução
168
2. Área de estudo
Tabela 1. Localização geográfica das estações e data das coletas nos períodos chuvoso e seco.
Data das coletas
Coordenadas
Estação Município Período
Chuvoso Seco UTM Latitude/longitude
16/07/03 0200903 06º31’15,6’’
1 Araruna (PB) 30/11/03
21/06/04 9278363 35º42’13,4’’
17/07/03 0205654 06º26’41’’
2 Araruna (PB) 29/11/03
20/06/04 9286828 35º39’37,5’’
Cacimba de Dentro/Solânea 16/07/03 0196531 06º40’35,9’’
3 30/11/03
(PB) 21/06/04 9261113 35º44’38,7’’
16/07/03 0192806 06º41’24,5”
4 Cacimba de Dentro (PB) 29/11/03
21/06/04 9259600 35º46’40,0”
16/07/03 0192533 06º39’40,8’’
5 Cacimba de Dentro (PB) 30/11/03
21/06/04 9262786 35º46’48,5’’
16/07/03 0208684 06º28’09,2’’
6 Campo de Santana (PB) 29/11/03
20/06/04 9284132 35º37’59,4’’
17/07/03 0207930 06º26’43,2’’
7 Campo de Santana (PB) 30/11/03
20/06/04 9286774 35º38’23,5’’
17/07/03 0232067 06º32’15,5’’
8 Logradouro (PB) 29/11/03
20/06/04 9276680 35º25’20’’
0231738 06º30’46’’
9 Logradouro (PB) 20/06/04 30/11/03
9279468 35º25’32’’
169
Uma das áreas de maior beleza cênica está localizada no leito do rio
Curimataú em uma várzea imediatamente após a barragem que forma o
açude do mesmo nome. Esse leito recebe influência direta do açude em vir-
tude da abertura freqüente das comportas para a perenização (Figura 5, A e
B). Todas as estações de coleta estão submetidas a fortes flutuações do nível
e fluxo da água durante o ano (Figuras 1, 2, 3, 5, 8 e 9). Em alguns casos, o
impacto de enxurradas, como a ocorrida no período chuvoso de 2004, pode
modificar significativamente a paisagem (Figuras 4 e 6 ).
Alguns reservatórios, apesar do pequeno tamanho, caracterizam-se
por não secarem, mesmo na estação seca (Estações 5 e 6 - Figura 7). Esses
corpos constituem muitas vezes a única fonte de água para o gado e, em am-
bos os casos, a água não é utilizada para o consumo humano.
Uma das mais drásticas modificações na paisagem, referente à pre-
sença/ausência de água, ocorreu em uma área alagada e paludosa localizada
no vale do rio Calabouço, próximo ao Parque da Pedra da Boca (Estação
7). Durante a estação chuvosa, apresentou uma extensa lâmina d’água com
aproximadamente 30 cm (Figura 8 A) e durante a seca, o ambiente ficou com-
pletamente árido, sem qualquer evidência de umidade (Figura 8 B).
Alguns reservatórios, apesar do pequeno tamanho, caracterizam-se
por não secarem, mesmo na estação seca (Estações 5 e 6 - Figura 7). Esses
corpos constituem muitas vezes a única fonte de água para o gado e, em am-
bos os casos, a água não é utilizada para o consumo humano.
Uma das mais drásticas modificações na paisagem, referente à pre-
sença/ausência de água, ocorreu em uma área alagada e paludosa localizada
no vale do rio Calabouço, próximo ao Parque da Pedra da Boca (Estação
7). Durante a estação chuvosa, apresentou uma extensa lâmina d’água com
aproximadamente 30 cm (Figura 8 A) e durante a seca, o ambiente ficou com-
pletamente árido, sem qualquer evidência de umidade (Figura 8 B).
A Estação 8 é similar à Estação 1 e localiza-se no município de Lo-
gradouro (Figura 9 A e B). Durante o período chuvoso de 2004, a enxurrada
destruiu a pequena parede de retenção das águas, modificando-a completa-
mente e transformando-a em um ambiente lótico (temporário).
A Estação 9 localiza-se no leito do rio Curimataú, no município de Lo-
gradouro. Esse rio é perenizado por dois grandes reservatórios no seu curso,
sendo a perenização executada de forma não regular, fazendo com que, em
alguns períodos, durante a estação seca, o fluxo seja descontinuado, embora
seja mantida uma relativa umidade em decorrência da presença de grandes
poças (“cacimbas”) em seu leito.
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba
A B
Estação 2 - município de Araruna (Depressão na rocha). A) Estação chuvosa: na superfície da água, observa-se Lemna
Figura 1
sp. e no fundo, Nitella sp.; B) Estação seca: ao fundo, gramíneas e talos secos de Nitella sp. (Fotos G. Miranda).
170
A B
Estação 2 - Rio Calabouço. Ao fundo, avista-se a Pedra da Boca. A) período chuvoso; B) período seco (Fotos G.
Figura 2
Miranda).
A B
Figura 3 Estação 3 - Rio Curimataú, município de Cacimba de Dentro. A) período chuvoso; B) período seco (Fotos G. Miranda).
Figura 5 Estação 4 - Várzea do açude da Várzea, município de Cacimba de Dentro. Período chuvoso (Fotos G. Miranda).
171
A B
Figura 6 Estação 4 - A) período seco. B) período chuvoso, após enxurrada (Fotos G. Miranda).
A B
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba
Estação 7 - Charco do rio Calabouço, município de Campo de Santana. A) período chuvoso; B) período seco. Ao fundo,
Figura 8
a Pedra da Boca (Fotos G. Miranda).
A B
Figura 9 Estação 8- Charco município de Logradouro. A) período chuvoso; B) período seco (Fotos G. Miranda).
172
3. Coleta e identificação da flora criptogâmica
4. Resultados e discussão
Algas
Cyanophyta
Cyanophyceae
Oscillatoriaceae
Oscillatoria sp.
Lyngbya sp.
Nostocaceae
Anabaena sp.
Chlorophyta
Chlorophyceae
Ulotrichaceae
Ulotrix sp.
Microsporaceae
Microspora sp.
173
Zygnemataceae
Spirogyra sp. 1
Spirogyra sp. 2
Spirogyra sp. 3
Ulvaceae
Enteromorpha flexuosa (Wulfen) J.Agardh
Enteromorpha cf. intestinalis (L.) Nees
Enteromorpha sp.
Cladophoraceae
Cladophora sp.
Characeae
Chara rusbyana Howe
Chara sp.
Nitella sp.
Chaetophoraceae
Draparnaldia sp.
Oedogoniaceae
Oedogonium sp.
Siphonocladaceae
Cladophoropsis sp.
Briófitas
Hepaticae
Ricciaceae
Riccia plano-biconvexa Steph.
Riccia stenophyla Spruce
Riccia sp. 1
Musci
Bryaceae
Bryum argenteum Hedw.
Fissidentaceae
Fissidens zollingeri Mont.
Fissidens angustifolius Sull
Fissidens sp.
Potiaceae
Tortula leiostoma Herz
Anthocerotae
Anthocerotaceae
Anthoceros punctatus L.
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba
Pteridófitas
Filicopsida
Polypodiales
Schizaeaceae
Lygodium venustum Sw.
Pteridaceae
Doryopteris concolor (Lgsd. et Fisch.) Kunhn
Doryopteris pedata (L.) Fée var. multipartita (Fée) Tryon
Acrostichum danaeifolium Lgsd. & Fisch.
Salviniaceae
Salvinia auriculata Aubl.
Azolla caroliniana Willd.
174
Marsileaceae
Marsilea deflexa A. Braum
175
Tabela 2 . Ocorrência das espécies por estações de coleta .
Coordenadas
Estação Período chuvoso Período seco
geográficas
Oscillatoria sp.
06º31’15,6” S Lyngbya sp.
*
1 35º42’13,4” W Ulotrix sp.
Microspora sp.
Anabaena sp. Oscillatoria sp.
Lyngbya sp. Microspora sp.
Microspora sp. Spirogyra sp. 2
Cladophora sp.
Spirogyra sp. 1
Spirogyra sp. 2
Draparnaldia sp.
Oedogonium sp
Enteromorpha sp.
Enteromorpha cf. intestinalis
2 06º26’41” S
Enteromorpha flexuosa
35º39’37,5” W
Nitella sp.
Riccia plano-biconvexa
Riccia sp.
Bryum argenteum
Tortula leiostoma
Fissidens zollingeri
Fissidens angustifolius
Fissidens sp.
Lygodium venustum
Azolla caroliniana
Lyngbya sp.
Anabaena sp
Ulotrix sp.
Enteromorpha flexuosa
3 06º41’18,7” S Enteromorpha intestinalis
*
35º46’42,4” W Cladophoropsis sp.
Chara sp.
Riccia plano-biconvexa
Riccia sp.
Bryum argentum
Anabaena sp. Oscillatoria sp.
Oscillatoria sp. Microspora sp.
Spirogyra sp. 1 Enteromorpha flexuosa
Spirogyra sp. 3 Acrostichum danaeifolium
Draparnaldia sp.
Enteromorpha flexuosa
Flora criptogâmica do Curimataú, Paraíba
Cladophora sp.
4 06º41’24,5” S
Chara rusbyana Cladophoropsis sp.
35º46’42,4” W
Nitella sp.
Riccia plano-biconvexa
Fissidens zollingeri
Bryum argenteum
Tortula leiostoma
Anthocerotaceae Acrostichum
danaeifolium
Doryopteris pedata var. multipartita
4 06º41’24,5” S
Doryopteris concolor
35º46’42,4” W
Lygodium venustum
Riccia stenophylla
06º39’40,8” S
5 Anthoceros punctatus *
35º46’48,5” W
Azolla caroliniana
176
Tabela 2 (continuação)
Coordenadas
Estação Período chuvoso Período seco
geográficas
Riccia plano-biconvexa Salvinia auriculata
06º28’09,2” S
6 Salvinia auriculata Azolla caroliniana
35º37’59,4” W
Azolla caroliniana
Anabaena sp.
Oscillatoria sp.
06º26’43,2” S Spirogyra sp. 2
7 *
35º38’23,5” W Chara sp.
Salvinia auriculata
Azolla caroliniana
Oscillatoria sp.
Spirogyra sp. 3
Riccia plano-biconvexa
06º32’15,5” S
8 Riccia sp. 1 *
35º25’20” W
Bryum argenteum
Salvinia auriculata
Marsilea deflexa
Spirogyra sp. 1 Spirogyra sp. 2
Spirogyra sp. 3 Anabaena sp.
06º30’46” S
9 Enteromorpha flexuosa Azolla caroliniana
35º25’32”
Riccia sp. 2
Anthocerotaceae
* Durante o período de estiagem, as estações indicadas apresentaram-se completamente secas, causando o
desaparecimento temporal das formas vegetativas.
177
à freqüência e quantidade de água liberada, esteja influenciando na dinâmi-
ca das populações aquáticas ou que vivem às margens, sendo necessário
investigar esses impactos, bem como regularizar, na medida do possível, a
perenização do rio Curimataú.
5. Considerações finais
Agradecimentos
À bióloga Alexandrina Maria Suassuna de Andrade; aos graduan-
dos Julyana Farias da Nóbrega e Gabriel Beltrão, pelo auxílio nos tra-
balhos de campo; À Dra. Denise Pinheiro da Costa, pela confirmação da
identificação de Riccia plano-biconvexa.
6. Referências bibliográficas
178
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